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Direito Empresarial Resumo - TÍTULOS DE CRÉDITO

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Títulos de crédito*
Noções históricas
O título de crédito tem sua importância reconhecida por ter influenciado de forma direta na formação da economia moderna por ser um instrumento adequado para mobilização da riqueza e circulação do crédito.
O crédito é a troca de uma prestação atual por uma prestação futura.
O termo crédito deriva do latim ‘creditum’, que decorre de crédere (confiar, ter fé). Daí constituir-se elemento do crédito a confiança e o tempo.
O crédito surgiu da necessidade de se obter uma circulação mais rápida que a permitida pela moeda manual.
O direito romano, ainda antes de Cristo, chegou lentamente a ideia de cessão de crédito e mesmo assim através de procuração em causa própria, porque não se admitia a circulação de direitos de crédito.
Somente na idade média é que esse instituto se desenvolveu.
O período italiano marca a decisiva influência dos mercadores italianos no surgimento e evolução dos títulos de crédito, pois o centro das operações mercantis localizava-se nas cidades marítimas italianas, onde se realizavam feiras que atraía mercadores de toda Europa.
Nesta mesma época, cada cidade podia cunhar sua própria moeda, sendo essa diversidade cambial um obstáculo para as atividades comerciais, daí porque dentro das feiras surgiu a operação de cambio manual. Isso resolveu o problema da diversidade da moeda, mas não o risco de seu transporte de uma cidade para outra.
Com o objetivo de solucionar esses problemas, a operação de câmbio evoluiu para a operação de câmbio trajecticio, pela qual o banqueiro recebia, em sua cidade, moeda de certa espécie, e obrigava-se a entregar em outra cidade, pessoalmente ou por seu correspondente ao depositante a mesma soma em outra espécie de moeda. Para isso, o banqueiro emitia 2 documentos: ‘catio’ e ‘littera cambii’. A catio traduzia o reconhecia da dívida e a promessa de pagamento, enquanto a littera cambii era uma carta que dava a ordem para efetivação do pagamento.
Embora na idade média a igreja não admitisse o instituto do juro, ela aceitou essa operação quando observava a ‘distantia loci’ para a emissão do título por entender que a vantagem pecuniária pelo banqueiro se originava pelo serviço prestado.
O período francês se inicia com o aparecimento na França da ‘cláusula à ordem’ (cessão de crédito), que veio a facilitar a circulação dos títulos de crédito, porque não dependia da autorização do sacador (aquele que cria o título).
O costume deixou de exigir a distantia a loci como requisito para emissão da letra de câmbio, assim como a causa única (operação de câmbio) também deixou de ser exigida. Com isso, a letra de câmbio passou a admitir causas diversas assim como passou a ser usada por quem não era comerciante. Ainda nesse contexto, continuava sendo exigido prévio depósito.
Nesse mesmo período, surge o endosso, que decorre do surgimento na cláusula à ordem. Com ele o título pode circular protegido, aparecendo assim a operação de desconto, que foi definitivo para torná-lo efetivo instrumento de crédito
O período germânico é marcado pelo aparecimento da ordenação geral do direito cambiário, que codificou as normas disciplinadoras dos títulos de crédito separando do direito comum.
Com isso, surge também a preocupação de proteger o terceiro de boa fé, o que vai favorecer ainda mais a circulação dos títulos.
Por fim, o período uniforme (no qual ainda nos encontramos), corresponde ao período de uniformização da legislação, decorrente da aprovação em 1930 da Lei Uniforme de Genebra (LUG), que foram diretamente influenciadas pela ordenação alemã.
Fases do direito cambiário.
Período italiano.
Período francês.
Período germânico.
Período do direito uniforme.
Natureza jurídica
[PC = Título executivo extrajudicial].
[DC = Bem móvel (deriva da cartularidade)].
[DE = Ato de empresa por natureza].
Atributos dos títulos de crédito
Negociabilidade (ou circulabilidade): a negociabilidade, que é permitida justamente em razão do título de crédito ser um bem móvel e também por conta da cláusula à ordem e do endosso, permitem e facilitam a circulação dos títulos.
Executoriedade (adimplemento de obrigação): a executoriedade, que é permitida justamente em função do título de crédito ser o título executivo extrajudicial, permite o ajuizamento da ação cambial (processo de execução), que dispensa o processo de conhecimento e impede a alegação de exceções pessoais.
Conceito (887 CC)
O título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
Princípios dos títulos de crédito
Cartularidade/incorporação: os títulos são de natureza quesível e circulam, e para que isso ocorra informalmente a cartula representará a qualidade de credor mediante exibição do título. O direito cambiário se materializa no documento, não existindo o direito sem o documento. Segundo Luiz Emydgio existe uma interpenetração completa entre o direito e o documento (título de crédito), que o incorpora, daí a utilização por este autor da nomenclatura incorporação.
Literalidade: o título de crédito se enuncia em um escrito, e só o que está nele inserido deve ser levado em consideração.
O título de crédito corresponde a documento constitutivo de direito novo (relação cartular) e não probatória/declaratória da relação causal. Essa é a razão pela qual o devedor não pode invocar perante terceiro de boa fé a relação causal existente entre ele e o credor com quem se relaciona diretamente no título. É esse princípio em que se funda o rigorismo formal, que é característico dos títulos de crédito, objetivando assim a proteção do terceiro de boa fé.
Autonomia: surgiu a partir do século 19 quando o título deixou de ser considerado mero documento probatório da relação causal para ser entendido como documento constitutivo de um direito novo, autônomo originário e inteiramente desvinculado da relação causal.
O fundamento do princípio da autonomia reside na constatação de que a obrigação cambiária resulta da declaração unilateral de vontade por parte do subscritor do título, e não de contrato celebrado com o beneficiário.
As relações ‘causal’ e ‘cartular’ não se confundem, embora coexistam harmonicamente, porque a criação do título de crédito não implica em novação no que toca a relação causal, uma vez que esta não se extingue.
Assim, quando um único título de crédito documenta mais de uma obrigação, a eventualidade de qualquer delas não prejudica as demais.
Anotações: sub-princípios da autonomia.
Abstração: quando o título circula, ele se desvincula da relação individual a que ele deu origem, disso decorre a autonomia. A abstração faz com que não seja imposta a sua criação nenhuma causa específica, diferentemente dos títulos causais cuja causa de criação é imposta pela lei.
Por isso, pode-se afirmar que todos os títulos são autônomos, mas nem todos são abstratos.
Inoponibilidade das exceções pessoais: a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa fé visa proteger o terceiro adquirente, facilitando a circulação do título. O terceiro de má fé não recebe esta proteção
-----------------
Independência: por esse princípio, diz-se que o título basta em si mesmo sem a necessidade de outro documento para completá-lo, pois o título de crédito não surge de nenhum outro documento, inclusive para executá-lo basta o título de crédito como documento probatório.
Legalidade/tipicidade (controvérsia): criação de títulos que são previstos na lei.
Anotação: a controvérsia reside nas leis especiais e o CC, tendo em vista que o título atípico poderá ser criado desde que obedeça ao regramento do CC (não tem regime específico; a existência da possibilidade de título atípico põe esse princípio em cheque).
Lei Uniforme de Genebra (LUG) e suas reservas e o artigo 903 CC
O CC trata dos títulos de crédito no título 8 da parte especial com objetivo de “criar” uma teoria geral dos títulos de créditoe ao agasalhar essa teoria teve, segundo a doutrina, como objetivo restringir sua aplicação aos títulos atípicos, isto é, aqueles não regulados por lei específica. O CC adotou o princípio da liberdade de criação e emissão de títulos atípicos porque o Direito Empresarial sofre influência direta do direito consuetudinário (costume).
No entanto, as normas das leis especiais que regem os títulos de crédito típicos continuam vigentes e se aplicam quando dispuserem diferentemente do CC por força do artigo 903.
Com relação a esses dois sistemas, eles coexistem e acarretam certa dificuldade para o aplicador do direito quanto a solução de conflito entre regras em matéria cambial.
A LUG decorre da ratificação pelo Brasil da Convenção de Genebra, que possui 2 anexos: o anexo 1 traz a lei propriamente dita enquanto que o anexo 2 elenca o rol de reservas.
As reservas servem para que cada país signatário possa realizar adequações da lei internacional no seu contexto interno, permitindo o afastamento de regras contidas no anexo 1. São 23 as reservas possíveis, mas o Brasil adotou apenas 13, como está previsto no preambulo do decreto.
A aplicação, segundo Luiz E., faz-se da seguinte forma:
Se a LUG disciplina determinada matéria, mas a lei anterior (D2044/1908) silencia, aplica-se as regras da LUG.
Se a LUG silencia sobre determinada matéria e a lei anterior (D2044/1908) regula, esta deve ser aplicada.
Se a LUG e a lei anterior (D2044/1908) regulam a mesma matéria, de maneiras diferentes, prevalece a LUG, porque é lei posterior.
Ocorrendo divergência entre a LUG e a lei anterior (D2044/1908), mas a regra da LUG foi objeto de reserva adotada pelo Brasil, vigora a lei anterior (D2044/1908) se for no mesmo sentido da reserva, pois considera-se exercitada a faculdade nela contida, não obstante ser a lei anterior a vigência da LUG no Brasil.
Se a regra da LUG foi objeto de reserva adotada pelo Brasil, mas inexiste lei anterior ou posterior exercitando a faculdade nela contida, deve prevalecer a norma prevista na LUG até que o Brasil legisle no sentido da reserva, afastando, portanto, somente a partir da vigência dessa nova lei a regra da LUG.
Silentes a legislação anterior (D2044/1908) e a LUG, aplica-se como regra o artigo 4º da LINDB porque embora o CC possa ser aplicado subsidiariamente, na prática ele nada acrescenta.
Regimes jurídicos
Letra de câmbio e nota promissória: LUG e 2044/1908.
Duplicata: L5474/68 (artigo 25).
Cheque: L7357/85.
Classificações dos títulos de crédito*
Quanto ao modelo
Vinculados: duplicata e cheque.
Livres: letra de câmbio e nota promissória.
Quanto à estrutura
Ordem de pagamentos (indireta): cheque, duplicata, LC.
Anotação: envolve terceiro ou credor ordena.
Promessas de pagamento: NP.
Quanto à hipótese de emissão
Causais: duplicata.
Abstratos.
Quanto a circulação
Ao portador [é possível se for inferior a R$ 100,00].
Nominativos [à ordem e não à ordem].
Quanto ao conteúdo
Próprios: efetivamente documenta uma operação de crédito (duplicata, LC e NP).
Impróprios: não documenta uma operação de crédito (cheque).
Devedor direto e indireto
[DD = não precisa de protesto para ser cobrado].
[DI = precisa de protesto].
[Protesto = ato cartorário que tem por finalidade comprovar impontualidade; tem prazo decadencial].
Devedor principal e de regresso
[DP = aquele cujo pagamento extingue a dívida].
[DR = aquele que se pagar a dívida tem direito de regresso].
Solidariedade civil x Solidariedade cambial
[Cambial = o direito de regresso é integral]
[O direito de regresso é parcial na solidariedade civil].
[Avalista = garantia; entres os avalistas (co-aval) = responsabilidade civil, parcial].
Letra de câmbio*
É um título de crédito abstrato que corresponde a um documento formal, decorrente de relação ou relações de crédito, entre duas ou mais pessoas, pela qual o sacador dá ordem de pagamento pura e simples, a vista ou a prazo, ao outrem denominado sacado a seu favor ou de terceiro (tomador ou beneficiário) no valor e nas condições dela constantes.
Natureza jurídica
Declaração unilateral de vontade.
Estrutura
Sacador -------------> Sacado (se aceita: aceitante) -------------> Tomador.
Sacado só será obrigado a pagar se aceitar (assumir obrigação).
Independente do ‘sacado’ aceitar o título de crédito, o sacador é garantidor.
Sacador é devedor indireto (de regresso também ou principal se não houver ‘aceite’), enquanto o aceitante é devedor direto (principal também).
Partes
Sacador: é o criador da LC, quem saca/emite a LC.
Sacado: é a pessoa que recebe o a ordem de pagamento do sacador. Não é devedor cambiário, só depois do aceite, quando se tornará então aceitante.
Tomador ou beneficiário: pessoa que será beneficiada pela ordem de pagamento.
Avalistas e endossantes: [].
Requisitos
Essenciais (1º LUG): são aqueles considerados pela LUG como imprescindíveis para que o documento valha e produza efeitos como letra de câmbio, ou seja, será ineficaz cambiariamente, não sendo título de crédito.
Denominação letra de câmbio: a denominação corresponde a cláusula cambiária, porque tipifica o documento como letra de câmbio, permitindo sua circulação via endosso, ainda que dele não conste expressamente a cláusula à ordem, pois para doutrina a própria denominação já contém em si a referida cláusula.
Ordem incondicional de pagamento: a ordem deve ser pura e simples, ou seja, não pode ser condicional, eventual condição deve ser considerada não escrita.
A ordem deve ser dada em quantia determinada, expressa em dinheiro.
Nome do sacado: sua falta desnatura o título, exceto se o aceite for dado pela pessoa designada pelo sacador para efetuar o pagamento, em decorrência da relação causal que gerou sua criação e a S387 do STF. Só se torna devedor com o aceite, quando se tornará aceitante.
Pode o sacado ser o próprio sacador por força da autorização do artigo 3º, alínea 2.
Data de emissão/saque (artigo 1º, 7, primeira parte).
Nome do tomador ou beneficiário: é o favorecido originário pelo pagamento.
A cambial não pode ser emitida ao portador, mas o STF admite que se for completada pelo credor de boa fé não deixe de valer como título (S387).
Assinatura do sacador: é essencial sem possibilidade de exceções. O analfabeto não pode emitir letra de câmbio (1º, 8).
Não essenciais (2º LUG): são aqueles cuja não inclusão no título não afeta o documento como letra de câmbio, uma vez que a própria LUG supre a ausência de manifestação de vontade das partes.
Época do pagamento/vencimento (1º, 4 c/c 2º, 2): a ausência da época do pagamento gera a presunção legal de que seu vencimento é a vista, ou seja, vencendo contra apresentação.
A liberdade de estipulação do vencimento é limitada as 4 modalidades de vencimento previstas em lei.
Lugar do pagamento (1º, 5 c/c 2º, 3): sua falta implica em considerar o lugar do pagamento como sendo o domicílio do sacado.
Lugar do saque/emissão (1º, 7 c/c 2º, 4): a presunção legal é de que a ausência de indicação do lugar do saque (sem a indicação do lugar onde foi passada) considera-se o lugar ao lado do nome do sacador.
Saque
É o ato cambiário pelo qual o sacador cria e dá a ordem de pagamento ao sacado, e corresponde a uma declaração cambiária originária e necessária.
O sacador é devedor solidário e indireto (9º e 53, alínea 2 da LUG). O saque gera para o sacador uma obrigação indireta de pagamento em favor do portador do título (tomador ou 3º adquirente). Para cobrá-lo exige-se o protesto.
Se o sacado não firmar o aceite e o título circular via endosso, o sacador passa a ser devedor principal porque com o seu pagamento a cártula extinguir-se-á.
Endosso na letra de câmbio*
Conceito
O endosso corresponde a uma declaração unilateral de vontade consistente na transmissão da obrigação cambiária e só pode ser realizada no próprio título em função do princípio da literalidade.
Endossante:transmissor.
Endossatário: beneficiário.
Efeitos do endosso
Corresponde a transferência da titularidade do crédito.
Corresponde a vinculação do endossante ao pagamento do título como coobrigado conforme dispõe o artigo 15 da LUG [todos coobrigados anteriores a relação respondem].
É possível fazer inúmeros endossos sem limitação de seu número.
O endosso (como regra) deve ser lançado no verso do título por simples assinatura, podendo ser acrescido de expressões indicativas como: “pague-se à” “por endosso”, “em benefício de”. Podem também indicar quem é o beneficiário (endossatário).
É possível também que o endosso seja realizado no anverso (face anterior do título), mas nesse caso é imperioso mencionar expressamente as expressões inequívocas acima mencionadas para não confundir com o instituto do aval.
Cadeia de endosso
Corresponde a série ininterrupta de endossos em preto ou em branco que tenham sido lançados no título e que tem início com o endosso lançado pelo beneficiário inicial do título. Somente integra a cadeia regular de endosso quem tenha assinado o título ou identificado no título, razão pela qual a transferência do título endossado em branco e que tenha circulado por tradição sem que seu beneficiário tenha assinado ou se identificado no título não integra regular de endosso, não sendo, pois devedor cambiário.
O endosso tem um efeito purificador, que corresponde a um desdobramento do princípio da autonomia e seus subprincípios da abstração e da inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa fé, porque eventual nulidade não é transmitida por endosso ao endossatário.
É nulo o endosso parcial realizado em letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata tal qual regulam suas respectivas leis especiais (artigo 12, alínea 2 e artigo 77 da LUG; artigo 25 da L5474/68; artigo 18, §1º da L7357/85). Neste assunto, a previsão do CC coincide com as disposições da lei especial conforme dispõe o artigo 912, §ú do CC.
O endosso é também incondicional, conforme dispõe os artigos 12, alínea 1 e 77 da LUG; 25 da L5474/68; 18 caput da L7357/85, e no mesmo sentido, o artigo 912 caput do CC.
Espécies de endosso
Em branco: é aquele que não identifica o beneficiário (endossatário) caracterizando-se pela simples assinatura do endossante.
Em preto: é caracterizado pela assinatura acompanhada da identificação do endossatário, daí porque se afirma que o endosso em preto identifica o beneficiário.
Próprio: é aquele em que há a transferência da obrigação cambiária estabelecida no título.
Impróprio: é caracterizado pela não transferência da obrigação cambiária, não obstante haja a transferência do título.
Endosso (caução/pignoratício): no endosso caução o titular da obrigação cambiária transfere o título como garantia e a titularidade só se transferirá ao beneficiário dessa modalidade de endosso se ocorrer o evento inadimplemento.
Endosso (mandato/por procuração): o endosso mandato autoriza o endossatário a realizar a cobrança do título sem transferir a obrigação cambiária.
A doutrina e a jurisprudência discutem os limites e a extensão da responsabilidade do endossatário-mandatário inclinando-se no sentido da S476 do STJ e na orientação do recurso especial 1063474 do Rio Grande do Sul julgado em regime de recurso repetitivo.
Endosso póstumo/tardio: é o endosso realizado após o decurso do prazo para protesto ou após o protesto já realizado. Gera efeito de cessão civil de crédito, respondendo o endossatário pela existência, mas não pela solvência.
Cláusula proibitiva de novo endosso
Estabelece que o endossante não se responsabilize (se obriga) para com os endossatários posteriores, conforme dispõe o artigo 15, alínea 2 da LUG. Só produz efeito para quem a inseriu no título.
Essa regra se aplica também a nota promissória, a duplicata e ao cheque (77 da LUG; 25 da L6474/68; 21, §ú da L7357/85).
Cláusula proibitiva de endosso/não à ordem
Todos os títulos de crédito nascem com a cláusula à ordem, justamente porque podem ser transmitidas por endosso. A cláusula à ordem só é requisito essencial da duplicata, razão pela qual não é possível estipular cláusula não à ordem para ela, sob pena de desnaturá-la algum título de crédito.
É possível que no momento da criação do título, seja inserida cláusula não à ordem, que veda o endosso, mas permite a transmissão do título apenas com os efeitos de uma cessão civil de crédito.
Endosso x Cessão civil de crédito
Endosso:
Declaração unilateral de vontade (natureza jurídica).
Não pode ser parcial.
Incondicional.
Responde, como regra, pela solvência e existência.
Instituto exclusivo dos títulos de crédito.
Só pode ser lançado no próprio título.
Cessão civil de crédito:
Contratual (natureza jurídica).
Pode ser parcial.
Pode ser condicional.
Responde, como regra, só pela existência.
Pode ser utilizada para qualquer negócio jurídico.
Pode ser feita em documento separado.
Aceite na letra de câmbio*
É a declaração unilateral de vontade pela qual uma pessoa aceita uma obrigação cambiária comprometendo-se ao pagamento.
Somente a letra de câmbio e a duplicata dentre os títulos que serão estudados, tem esse instituto.
A apresentação é o ato pelo qual o portador exibe a letra de câmbio ao sacado para que este manifeste sua vontade de dar ou não o aceite, isto é, acatar ou não a ordem de pagamento dada pelo sacador.
O ato do aceite é FACULTATIVO, porque decorre exclusivamente da vontade do sacado, e nem mesmo o protesto realizado em razão da recusa do aceite tem o condão de tornar o sacado aceitante.
É possível que a apresentação para aceite seja facultativa, quando o seu vencimento for determinado (data certa ou certo termo de data), assim como é possível que seja obrigatória ou proibida, o que pode ser feito mediante cláusula especial inserida na cártula. O sacador também pode estipular que a apresentação ao aceite não poderá ser feita antes de determinada data, o que é denominado cláusula não aceitável ou cláusula proibitiva de aceite. O que foi dito acima tem referência legislativa nos artigos 21 e 22 da LUG.
A cláusula proibitiva do aceite só pode ser inserida pelo sacador, conforme artigo 22, alínea 2 da LUG.
O sacado quando aceita a letra de câmbio torna-se ACEITANTE, que é o devedor principal do título. Antes disso não há obrigação cambiária.
Aceite recusado (integral)
A recusa integral do aceite, que é ato facultativo, produz o vencimento antecipado da obrigação cambial, que impõe a realização de protesto por falta de aceite, para que o sacador possa ser cobrado já que é devedor indireto. Além disso, após o protesto, o sacador tornar-se-á devedor principal.
Aceite parcial ou recusa parcial
O aceite parcial ou recusa parcial está regulado no artigo 26 da LUG. Só é admitido o aceite parcial em sua modalidade limitativa, ou seja, que limita o valor do aceite. Em relação a parte aceita espera-se o prazo do vencimento, mas no que se refere a parte recusada opera-se o vencimento antecipado (43 da LUG), daí porque fala-se em recusa parcial.
Por outro lado, o aceite modificativo em que o sacado ao aceitar a letra modifica cláusulas diferentes no valor, equivale a recusa do aceite (integral), e, por conseguinte opera-se o vencimento antecipado.
O aceite riscado antes da devolução da letra de câmbio ao legítimo portador equivale, por presunção legal a um aceite recusado.
Forma do aceite
A forma do aceite está regulada no artigo 25 da LUG, e a lei não exige expressões determinadas, valendo qualquer vocábulo que demonstre de forma inequívoca que se trata de um aceite, tais como: “honrarei”, “pagarei”, “aceito”, “prometo pagar ao portador” e etc.
A lei não especifica o local onde deva ser lançado, sendo o usual fazê-lo no anverso, todavia, seja no verso ou anverso, somente a assinatura não é o suficiente, tendo em vista a presunção legal de endosso e aval respectivamente.
Efeitos do aceite
O aceite para o sacado torna-o aceitante,ou seja, devedor direto e principal.
Para os devedores indiretos exonera-os do risco de vencimento antecipado. Já a recusa ou a falta do aceite torna o sacador devedor principal, após o protesto por falta de aceite, em decorrência do vencimento antecipado.
Aval na letra de câmbio*
É a declaração cambiária sucessiva e eventual decorrente de uma manifestação de vontade pela qual uma pessoa assume obrigação cambiária autônoma e incondicionada de garantia total ou parcial do pagamento do título nas condições estabelecidas.
Natureza jurídica
De garantia fidejussória (pessoal).
Responsabilidade do avalista
O avalista se responsabiliza da mesma maneira que o avalizado, ou seja, a natureza da obrigação do avalista é a mesma do avalizado. O grau de responsabilidade do avalista depende do grau de responsabilidade do avalizado, ocupando no título a mesma posição do avalizado (DD ou DI). É sempre devedor de regresso.
CUIDADO! A obrigação não é a mesma, porque o aval é obrigação autônoma é independente da obrigação avalizada, tanto que a obrigação do avalista subsiste ainda que nula a obrigação avalizada, com exceção de vício de forma (32 da LUG).
O avalista é devedor solidário, e pode ser demandado individual ou conjuntamente com os demais obrigados (47 da LUG).
Diferença entre aval e fiança
O aval é um instituto exclusivo do direito cambial, não se avaliza contrato, mas título de crédito.
A obrigação do aval é autônoma enquanto a fiança acessória.
A garantia no aval é solidária, enquanto na fiança, como regra geral, é subsidiária.
O aval parcial só é possível para os títulos de crédito regulados por lei especial, já que o CC não autoriza (897, §ú do CC). A fiança pode ser parcial.
No aval, como regra, não é possível opor exceções pessoais, diferentemente da fiança.
O aval só pode ser dado no título de crédito.
Forma
O aval deve ser lançado, preferencialmente, no anverso do título (frente), e nesse caso bastará uma simples assinatura. No entanto, é possível a sua realização no verso, desde que especifique inequivocamente que se trata de aval, como por exemplo: “por aval”, “bom para aval” e etc.
Aval
Em preto: identifica o avalizado.
Em branco: não identifica, e por isso há uma presunção legal de benefício ao emitente do título (31, alínea 4; 77, alínea 3 da LUG).
Aval parcial
É admitido o aval parcial por força do artigo 30 da LUG, 29 da L7357/85, e a duplicata por força do artigo 25 da L5474/68.
No momento de exercer o direito de regresso, pode cobrar a integralidade de todos, menos do avalista “parcial” (cobra o valor parcial que ele garante).
Aval condicional
Apesar da LUG não se manifestar expressamente, é vedado o aval condicional, sob pena de violação do princípio da literalidade e da independência.
Espécies de aval
Simples.
Plural.
Alternado (pessoas diferentes).
Simultâneos ou co-aval.
Sucessivos (de aval do aval).
Aval dado por pessoa casada (artigo 1647, III do CC)
[Outorga marital, vênia conjugal].
Extinção do aval
[Outorga uxória].
Extinção do aval
Hipóteses:
Pagamento.
Nulidade.
Decadência (não pagou e não protestou).
Prescrição.
Cancelamento de assinatura do avalista (44, §1º do D2044/08).
Modalidade de vencimento e pagamento, protesto, ação cambial*
Vencimento da LC
O saque, aceite, endosso, aval, são atos de constituição do crédito cambiário. Por ele criam-se vínculos jurídicos, e o crédito uma vez constituído será exigível quando atendidos determinados pressupostos, sendo o primeiro deles o vencimento. Portanto, o vencimento é o fato jurídico que torna exigível o crédito cambiário.
O vencimento da letra de câmbio é regulado pelos artigos 33-37 da LUG, que também é aplicável a nota promissória conforme artigos 77 e 78, alínea 2 da LUG.
O vencimento da cambial confere ao portador o direito de exigir a soma cambiária dos devedores diretos (aceitante, emitente e seus avalistas) mediante simples apresentação, mas em relação aos devedores indiretos (sacador, endossantes e seus avalistas), o portador para não decair de seus direitos cambiários quanto aos seus mencionados devedores, deverá protestá-los (53 da LUG).
Ordinário: é aquele que assinala a expiração de um prazo normal e previsto por quem cria a letra, já que a LUG faculta a escolha entre 4 modalidades. O vencimento ordinário se verifica pelo decurso do tempo, mas excepcionalmente pode ocorrer pela simples apresentação quanto do seu vencimento quando se tratar de uma letra de câmbio a vista.
Extraordinário: se dá pela ocorrência de fatos jurídicos previstos em lei como suficientes para tornar o título exigível antes do seu vencimento ordinário.
Modalidades de vencimento ordinário
À vista: é aquele que se caracteriza por se implementar mediante sua apresentação (contra apresentação) pelo portador ao sacado da letra. No seu texto não precisa conter essa expressão “a vista”, porque a ausência de especificação do vencimento presume-se como sendo essa modalidade por força do artigo 2º, 2 da LUG. A sua apresentação é feita para o pagamento e não para aceite, mas ao sacado não é vedado aceitar se quiser.
A sua apresentação não pode se prolongar indefinidamente, razão pela qual a lei estabelece o prazo máximo de 1 ano a contar da data do saque.
A certo termo (emissão) de vista: ocorre quando o vencimento é determinado pela data do aceite/data do protesto por falta de aceite realizado, razão pela qual a apresentação para aceite é condição sine qua non (indispensável) para caracterização do vencimento. A apresentação para aceite deve ser feita no prazo de 1 ano a contar da data do saque.
A certo termo de data: é aquele que vence pelo transcurso do tempo fixado pelo sacador que começa a fluir da data do saque da letra.
Com data certa: o seu vencimento é determinado e o mais comum, porque o sacador quando cria o título individualiza o dia, mês e ano do seu vencimento.
Modalidades de vencimento extraordinário
O artigo 43 da LUG menciona 4 hipóteses de vencimento antecipado ou extraordinário, mas as hipóteses de suspensão de pagamentos, execução frustrada e falência do sacador, foram objeto de reserva pelo Brasil, conforme artigo 10 do anexo 2, e por isso, não são aplicáveis.
Recusa total ou parcial: depende da realização do protesto para que o título torne-se exigível, não obstante o fato de que o título já esteja vencido a partir da recusa.
Nos casos de recusa de aceite ocorre o vencimento antecipado da letra de câmbio, situação em que ela se torna imediatamente exigível contra o seu sacador.
Falência do aceitante: permanece vigente a hipótese de vencimento extraordinário em decorrência da falência do aceitante, com fundamento na reserva contida no artigo 10 do anexo 2 da LUG e artigo 19, II do D2044/08.
Pagamento da LC
O pagamento está disciplinado nos artigos 38-42 da LUG. Ele corresponde ao meio direto e normal de extinção da obrigação cambiária, e deve ser efetuado em dinheiro (pagamento direto). No entanto, admite-se também no direito cambiário a extinção da obrigação através das hipóteses de pagamento indireto previstos pelo direito comum, como por exemplo, compensação (partes que são, ao mesmo tempo, credor e devedor), confusão (parte que é credor e devedor), novação (novo contrato) e etc.
O pagamento do título de crédito extingue uma, algumas ou todas as obrigações nele mencionadas dependendo de quem o realiza, se devedor principal ou devedor de regresso. O pagamento pelo DP é extintivo e não permite o regresso, enquanto o pagamento pelo DR é recuperatório, e lhe permite cobrar o valor pago dos demais coobrigados que lhe antecedem na cadeia regular de endosso.
Protesto
O protesto é o ato solene e formal pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originária de um título de crédito ou outros documentos de dívida. É regulado na L9492/97 e na lei que regula o título de crédito que se pretende protestar, não devendo ser confundido com oprotesto marítimo nem com a antiga cautelar denominada protesto judicial, uma vez que estas são medidas judiciais, enquanto que o protesto de títulos ora em estudo é ato extrajudicialmente realizado.
Características:
É ato extrajudicial e cartorial.
É ato solene e formal.
Prova a impontualidade, mas não apenas ela.
Tem como função viabilizar a execução contra os coobrigados.
Procedimento: 
Protocolo (nº de série).
Intimação: pode ser pessoal, correio, edital.
De acordo com a S361 do STJ, é essencial a identificação da pessoa que recebeu a intimação, afirmando que a gravidade de tal protesto exige uma certeza maior de que a intimação foi efetivamente realizada.
Opção (3 dias úteis): pode pagar ou justificar.
Lavratura do protesto: se dentro do prazo da intimação houver o pagamento, a aceitação, a devolução do título ou a datação (indicação) do aceite, não haverá protesto, isto é, o procedimento não será concluído. 
Todavia, transcorrido o prazo sem que essas medidas sejam tomadas, o tabelião irá lavrar o protesto, atestando o fato que se queria provar, o que será registrado em um livro, bem como no instrumento do protesto a ser entregue ao apresentante.
Modalidades:
Por falta de pagamento.
Por falta de aceite.
Por falta de devolução (do título remetido a aceite) ou por indicações.
Protesto especial para fins falimentares.
Hipóteses de dispensa do protesto:
Devedor direto.
Cheque (desde que haja a comprovação do banco; artigo 47, I e II da L7357/85).
Possibilidade de inserção da cláusula sem protesto.
Se quem cria/emite o título inserir a cláusula sem protesto, este se torna desnecessário para autorizar a cobrança dos devedores indiretos, tal como autoriza o artigo 46 da LUG, aplicável às letras de câmbio, notas promissórias e duplicata por força do artigo 25 da L5474/68 e também ao cheque, conforme o artigo 50 da L7357/85.
Efeitos do protesto:
Comprova a apresentação e impontualidade do DD (para cobrar DI).
Interrompe a prescrição (prazo reinicia; artigo 202, II do CC).
Não constitui o devedor em mora (mora automática, independente de provocação; ex ré).
Sustação do protesto: medida judicial de natureza cautelar que só é possível se realizada imediatamente após a lavratura do protesto (artigo 17, §2º e §3º da L9492/97).
Cancelamento do protesto (extrajudicialmente ou não).
Tal cancelamento poderá ocorrer se não mais subsistir o fato provado pelo protesto, isto é, o pagamento do título enseja o cancelamento do protesto. Nesse caso, deve-se apresentar ao cartório a prova desse pagamento, o que, em regra, se dá pela apresentação do próprio título.
O cancelamento por outro motivo que não seja o pagamento deve ser por ordem judicial. Nesse caso, contudo, o normal é que o cancelamento só se dê com o trânsito em julgado da decisão.
Prazos do protesto.
NP e LC: primeiro dia útil após vencimento (artigo 28 do D2044/08).
Duplicata: até 30 dias após o vencimento (artigo 13, §4º da L5474/68).
Cheque: até o fim do prazo de apresentação (artigo 48 da L7357/85).
Artigo 48 – O protesto ou as declarações do artigo anterior devem fazer-se no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte.
Ação cambial
Caso o título não seja pago no vencimento, poderá ser realizado o protesto, o qual, contudo, é apenas um meio de prova. Dentre os caminhos oferecidos (Judiciário), o meio normal de buscar a satisfação desse crédito é a chamada ação cambial, pela qual se exerce o direito literal e autônomo incorporado no título de crédito.
Ação de cobrança do direito creditício mencionado em um título contra os devedores diretos e/ou indiretos que pula a fase de cognição (processo de conhecimento), indo direto pra execução (processo de execução), e sendo assim, a resposta do réu será nos embargos de execução.
A doutrina costuma distinguir dois tipos de ação cambial: ação direta e ação de regresso.
Prazos prescricionais.
NP e LC (artigo 70 da LUG):
Aceitante e avalistas: 3 anos.
Endossante, sacador e seus avalistas: 1 ano.
Regresso: 6 meses.
Duplicata (artigo 18 da L5474/68):
Sacado e avalistas: 3 anos.
Endossante e avalistas: 1 ano.
Regresso: 1 ano.
Cheque (artigo 59 da L7357/85):
Ação direta: 6 meses contados da data de expiração do prazo de apresentação (30 ou 60 dias; STJ).
Ação de regresso: 6 meses.
Ação de locupletamento: a ação de locupletamento busca a condenação do devedor a restituir a soma com a qual se locupletou à sua custa. Seu rito processual é o comum, tendo como pressuposto a consumação da prescrição da ação cambial.
Ação monitória: ação de cobrança.
S503 e S504 do STJ
Abre mão da ação de locupletamento, pois prescrições diferentes.
Nota promissória*
É o título de crédito abstrato, formal, pelo qual uma pessoa (denominada emitente) faz a outra (designada beneficiário) uma promessa pura e simples de pagamento a vista ou a prazo em seu favor ou a outrem a sua ordem nas condições nela constantes.
Natureza jurídica
Declaração unilateral de vontade.
Partes
Emitente (DD e DP).
Beneficiário (credor originário; DI).
Endossantes e avalistas.
Regime jurídico
Artigo 75 em diante da LUG, anexo I (artigo 1º a 74 no que couber por força do artigo 76 da LUG).
D2044/08.
Características
É um título abstrato, e por isso pode ser emitido por qualquer negócio jurídico subjacente.
É regida pela LUG, inclusive por dispositivos referentes a LC.
Não existe aceite.
Possui a cláusula a ordem como regra geral, mas pode ser inserida a cláusula não a ordem.
Tem como regra geral natureza pro solvendo, só podendo ser pro soluto por cláusula expressa em sentido contrário.
Requisitos essenciais e não essenciais (75 e 76 da LUG)
Essenciais (75):
A denominação nota promissória.
A promessa de pagar determinada quantia.
O nome do beneficiário.
A data de emissão.
A assinatura do emitente.
Não essenciais (76):
Local de emissão.
Local de pagamento.
Época do pagamento (NP será considerada à vista).
Modalidades de vencimento
Extraordinário (única hipótese): falência do emitente, conforme o artigo 19, II do D2044/08, aplicável em razão da reserva do artigo 10 do anexo II e artigo 78, alínea primeira da LUG.
Ordinário:
A vista.
A certo termo de data.
Com data certa.
Com relação a modalidade de vencimento a certo termo de vista, que depende do aceite para o início da contagem do prazo do vencimento, apesar da redação da alínea 2, do artigo 78 da LUG, há 2 orientações.
- A primeira no sentido de que essa modalidade de vencimento não se aplica a nota promissória por não sofrer aceite.
- A segunda no sentido da literalidade do artigo 78 da LUG, que determina a interpretação do aceite como visto, que deverá ser dado pelo devedor no prazo de até 1 ano.
Diferenças entre os regimes da NP e da LC
À NP não se aplicam as regras da LC, pois incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento das NPs, já que a LC é uma ordem de pagamento. É claro, como dito anteriormente, que as NPs se aplicam as regras de LC, ressalvado os seguintes pontos:
Aceite.
Cláusula não aceitável.
Em caso de aval em branco, a presunção legal é de beneficiar o emissor (promitente; 77, alínea 3 da LUG).
A LUG, no seu artigo 78, determina que se apliquem ao emitente da nota promissória as regras aplicáveis ao aceitante, que é o devedor cambiário que já assumiu a obrigação da LC como DP.
Nota promissória vinculada a contrato
[Recebe direito derivado; leitura do Luiz E. no SIA].
Duplicata*
É o título de crédito formal, impróprio, causal, à ordem, extraído por vendedor ou prestador de serviço que visa documentar o saque fundado sobre o crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, assemelhada aos títulos cambiários por força de lei e que tem como pressuposto a extraçãode uma fatura.
É emitida pelo credor contra o devedor.
Exclusivamente brasileiro.
Regime jurídico
L5474/68.
D57663/66 (LUG).
Artigos aplicáveis = 2º, alínea 2; 5º; 7º; 8º; 11, alínea 2; 12; 13, alínea 1; 14-19; 30-34; 39; 40; 42; 43; 46-50; 54; 71-74.
D2044/1908.
14; 19; 28, parte final; 36; 48.
Natureza jurídica
Título de crédito cambiariforme (ou impróprio).
Causalidade
A duplicata é um título causal porque só pode ser sacada com base em um de dois fatos jurídicos eleitos pelo legislador como suficientes: a compra e venda mercantil ou a prestação de serviços (artigo 2º e 20 da lei 5474/68), tanto que quando a duplicata mercantil é emitida, dela deve constar o nº da fatura, o que também é exigido na duplicata de serviço (artigo 2º, §1º, II e 20, §3º da lei 5474/68).
Em razão desta causalidade a duplicata pressupõe e exige: a fatura e a nota fiscal, que pode ser substituída pela nota fiscal fatura (fatura + nota fiscal) e que hoje é emitida em sua forma eletrônica.
Esses documentos são necessários para fins comerciais e tributários, sobretudo para permitir a circulação dessa mercadoria.
A fatura descreve a mercadoria e a forma da compra, e isso será espelhado na duplicata, que conterá o nº de ordem desta fatura (artigo 2º, §1º, II da lei 5474/68).
A duplicata fria é emitida sem que seja feita a entrega de qualquer mercadoria ou prestação de serviço, enquanto que a duplicata simulada fundamenta um negócio jurídico, mas não entre aqueles autorizados pela norma. Essa prática constitui crime (172 do CP).
Aceite na duplicata
A fatura (ou a nota fiscal fatura) é assinada pela pessoa que recebe a mercadoria ou a prestação de serviços e corresponde ao comprovante de entrega da mercadoria. A partir daí, o credor tem o prazo de 30 dias (como regra) para entregar a duplicata ao devedor, que deve ser aceita no prazo de 10 dias (artigo 6º e 7º da L5474/68).
Quando a duplicata não for a vista deve ser devolvida ao apresentante no prazo também de 10 dias, podendo ou não ser aceita.
O aceite se dá por simples assinatura, e a princípio, o aceite na duplicata é obrigatório.
É possível que o sacado não aceite a duplicata, desde que o faça com base em uma das hipóteses legais previstas no artigo 8º e 21 da L5474/68.
A partir do aceite a duplicata deve ser devolvida ao credor, todavia excepcionalmente, admite-se a sua retenção por força do artigo 7º, §1º da L5474/68.
Caso ocorra a falta de devolução do título (retenção ilegítima), com ou sem o aceite, mas fora da hipótese do artigo 7º, §1º da L5474/68, deve ser feito o protesto por falta de devolução (também chamado de protesto por indicação), ocasião em que deve ser juntado o comprovante de entrega de mercadoria, para com isso se evitar que a posse do título pelo devedor dê a falsa ideia que ele encontra-se quitado.
Modalidades de vencimento
À vista: a duplicata com vencimento a vista vence contra apresentação, que deverá ser feita no prazo de 1 ano, por força do artigo 2º, §1º, III da L5474/68 c/c o artigo 34, alínea 1 da LUG. 
Data certa: o vencimento com data certa também está previsto no artigo 2º, §1º, III da L5474/68, em que é escolhida uma data específica para apresentação do título para pagamento.
Requisitos da duplicata
Todos os requisitos são essenciais, inclusive a cláusula à ordem (artigo 2º, §3º da L5474/68).
Observação sobre a recusa motivada
Conforme dispõe o artigo 7º, a duplicata deve ser devolvida do aceite em até 10 dias, contados da apresentação, e nesse prazo poderá ser feita uma recusa motivada, nas hipóteses legais do artigo 8º ou 21 da L5474/68.
Embora a recusa motivada esteja prevista para ser realizada neste momento, é possível que ressalvas (serviço prestado com resultado diverso do combinado) já tenham sido feitas na fatura ou na nota fiscal fatura, assim como é possível recusar a própria entrega da mercadoria ou da prestação do serviço (impede o acontecimento referido).
Os dois casos (ressalva e recusa) visam impedir a [execução da duplicata sem aceite].
Endosso na duplicata
Endosso póstumo:
Para Luiz E., na duplicata o efeito do endosso póstumo é o mesmo do endosso comum, por força de uma interpretação literal do artigo 12, §ú da L5474/68, que fala em “mesmos efeitos” com relação ao instituto do aval e isso afastaria a aplicação do artigo 20 da LUG.
Já Willie da Costa defende o oposto, de que o efeito será o mesmo de uma cessão civil de crédito, tal como estabelece o artigo 20 da LUG (majoritária).
Aval na duplicata
Em branco: [].
[12 da L5474/68; aval realizado após vencimento possui os mesmos efeitos].
Em preto: [].
Protesto na duplicata
O artigo 13, §1º, parte final, exige que o portador indique os elementos que identifiquem a duplicata nas mãos do sacado a partir dos dados escriturados no livro de registro de duplicatas.
O protesto por indicação também pode ser realizado para documentar o não pagamento de uma duplicata cuja existência seja exclusivamente escritural, por força do artigo 13, §2º da L5474/68.
Triplicata (23 da L5474/68)
Não corresponde a uma “terceira via” da fatura, e a sua extração é facultativa, porque o portador pode realizar o protesto por indicação.
Pela literalidade do artigo 23, a sua extração pode ser feita em caso de perda ou extravio, mas a doutrina e a jurisprudência admitem uma interpretação ampla desse dispositivo. As regras da triplicata aplicam-se também a duplicata de serviço.
A triplicata não pode ser expedida se a duplicata tiver sido expressamente aceita, porque constitui um título autônomo, que deve ter os mesmo requisitos do artigo 2º, §1º.
[cópia; novo título de crédito].
Execução da duplicata sem aceite
É possível a execução de duplicata ou triplicata sem aceite por força do disposto no artigo 15, II da L5474/68, que exige além do título, que ele seja protestado, que haja comprovação da entrega das mercadorias, e que não tenha havido recusa na forma do artigo 7º e 8º da lei.
Cheque*
É o título de crédito abstrato, formal, resultante de declaração unilateral de vontade, pelo qual uma pessoa designada emitente ou sacador, com base em prévia e disponível provisão de fundo em poder do banco ou instituição financeira a ele assemelhada por lei, denominado sacado, dá contra o banco em decorrência de convenção expressa ou tácita, uma ordem incondicional de pagamento a vista, em seu próprio benefício ou de terceiro, intitulado tomador ou beneficiário nas condições estabelecidas em lei.
Sacador = DD.
Sacado (banco) = não é devedor cambiário.
Beneficiário/tomador = DI (se endossar).
Avalista do sacador = DR.
Não possui aceite (assinatura do emitente = aceite implícito).
Regime jurídico
L7357/85.
Natureza jurídica
É um título de crédito impróprio ou cambiariforme (não instrumentaliza uma operação de crédito).
Pressupostos para emissão de cheque (artigo 3º e 4º)
Manutenção de conta corrente bancária.
Provisão de fundos (lato).
Requisitos (artigo 1º e 2º)
Essenciais.
A denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido.
A ordem incondicional de pagar quantia determinada.
O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado).
Data de emissão.
A assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
Não essenciais.
Lugar do pagamento.
Lugar da emissão.
Formalidades do cheque = não é qualquer papel; título de crédito de forma vinculada.
Chancela mecânica (“carimbo”).
Conta bancária conjunta
A conta conjunta é aquela que pode ser movimentada e encerrada em conjunto ou isoladamente, por qualquer de seus titulares, que podem ou não ser solidários. Essa solidariedade se refere exclusivamente ao contrato com um banco e não perante terceiros por ausência de previsão legal de modo que eventual cobrança e execução de cheque sem fundos só pode ser proposta contra quem emitiu o cheque (excluindo o outro).
Momento da aferição dosfundos
A apresentação do cheque para pagamento pelo sacado é o momento em que este fará a aferição de fundos, conforme dispõe o artigo 4º, §1º da L7357/85.
Quando o banco paga o cheque, extinguem-se todas as relações jurídicas nele envolvidas.
Prazos legais
Apresentação:
Artigo 33 – O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
Prescrição (59): 6 meses, contados da expiração do prazo de apresentação.
Espécies
Cheque administrativo: corresponde aquele em que o sacado e o sacador são a mesma pessoa: o banco ou instituição financeira a ele assemelhado por lei, e não pode ser emitido ao portador (artigo 9º).
Cheque visado: nessa modalidade, o banco sacado lança e assina no verso do título, declarando a existência de fundos suficientes, no valor do título, os quais ficarão reservados para a liquidação do cheque, pelo prazo para apresentação do título.
Não se confunde com aceite.
Não torna o sacado devedor cambiário.
Cheque cruzado: impede que o cheque seja sacado na boca do caixa, sendo necessário depósito em conta (44 e 45).
Geral: 2 barras.
Especial: 2 barras com o nome (carimbo) do banco.
Endosso no cheque
A transmissão do cheque é tratada nos artigos 17 a 28 e refletem uma tradução de melhor qualidade do que a LUG.
Diferenças:
O cheque circula por endosso em função da cláusula à ordem, representada nele pela expressão “ou a sua ordem”.
É vedado o endosso pelo sacado (18, §1º), e se o fizer vale apenas como quitação do título, razão pela qual se denomina endosso-quitação (18, §2º).
O endosso póstumo do cheque ocorre após o protesto ou após a declaração equivalente ou após a expiração do prazo de sua apresentação, gerando efeitos apenas de cessão civil de crédito. O artigo 27 não exige a datação do endosso, razão pela qual, caso isso ocorra, a lei presume como dado antes dos fatos que caracterizam o endosso como póstumo.
Aval no cheque (29-31)
É possível o aval parcial (29).
O aval pode ser dado por qualquer pessoa, inclusive o signatário do cheque, excluindo apenas o sacado (29).
Se o avalista que tem o mesmo grau de responsabilidade daquele a quem avaliza for DI, a manutenção de sua obrigação depende da apresentação de cheque ao banco.
Aval em branco presumidamente beneficia o emitente (30, §ú).
Câmara de compensação
Uma central/mecanismo de processamento central [PJ formada pelos bancos] por meio do qual as instituições financeiras acordam trocar instruções de pagamento ou outras obrigações financeiras.
Pagamento do cheque pelo banco
Para efetuar o pagamento, compete ao banco analisar a regularidade do título, a provisão de fundos, a ausência de impedimento ao pagamento e a legitimidade de quem o apresenta.
Compete ao sacado, nos cheques ao portador (limite de R$ 100,00), apenas verificar a legitimação real do detentor (apresentação do cheque original).
Nos cheques nominais que não circularam, basta verificar a identidade do portador com o nome do beneficiário ali consignado.
O banco na hora de efetuar o pagamento de um cheque endossados deve verificar a cadeia regular de endosso e a assinatura do emitente, tendo responsabilidade por isso.
O banco pode pagar o cheque após o prazo de apresentação e antes do fim do prazo de prescrição (35, §ú).
Caso o emitente possua fundos junto ao sacado, mas esses fundos não sejam suficientes para atender ao valor do cheque, o sacado poderá efetuar o pagamento parcial do cheque (não é obrigação do banco). Exercendo essa faculdade, o banco devolverá o título ao beneficiário, com a menção expressa no documento de um pagamento parcial, para que ele tome as medidas cabíveis para recebimento do saldo não pago.
Ressalte-se que o beneficiário não pode recusar o pagamento parcial, sendo compelido a receber apenas parte do pagamento. 
O banco só não pagará o cheque no curso do prazo prescricional se houver contraordem ou revogação.
Contraordem ou revogação do cheque e sustação do cheque
A contraordem ou revogação (35) é uma ordem dada pelo emitente ao sacado para que ele não pague o cheque, mas a sua eficácia só existirá após a expiração do prazo de apresentação. A ordem deve ser escrita e não cabe ao banco avaliar seus fundamentos.
A sustação (36) é uma ordem de não pagamento que tem eficácia imediata. O banco tem que acatar a ordem, que também deve ser escrita, mas que só pode ser baseada em razões jurídicas (furto; dolo, coação, descumprimento).
Cheque pós-datado
O cheque é pagável à vista sem exceção (32).
O cheque pós-datado, chamado popularmente de cheque pré-datado, na verdade, busca transformá-lo em promessa de pagamento. A doutrina e a jurisprudência são firmes em afirmar que esse cheque deve ser pago no prazo da sua apresentação, ainda que ocorra antes da data lançada para sua emissão, não obstante o credor do cheque possa responder civilmente pela quebra da avença pactuada, conforme S370 do STJ.
S370 STJ – Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
Contratos empresariais*
O contrato por excelência é o acordo de 2 ou mais vontades na conformidade da ordem jurídica destinado a estabelecer uma regulamentação de interesse as partes com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.
Com o contrato empresarial não é diferente, mas do conceito geral se difere por ser celebrado entre empresários. A regulamentação geral do CC, pela unificação do direito obrigacional operada pelo CC/02, destina-se a reger tantos contratos civis quanto os empresariais, mas os contratos empresariais receberão de certo modo disciplina diversa, porque possuem peculiaridades que não permitem a aplicação ampla e genérica do regime jurídico civil.
Celebrado no exercício de sua atividade (relacionado a sua atividade).
Princípios
Autonomia da vontade: significa o poder que a pessoa tem de suscitar, mediante declaração de vontade, efeitos reconhecidos e tutelados pela ordem jurídica. Essa autonomia tem 2 faces: a primeira significa a liberdade de contratar ou não (não ocorre na hipótese do DPVAT); a segunda a livre manifestação de vontade (não ocorre na coação).
Esse princípio sofre limitações da própria ordem jurídica, sobretudo de outros princípios, o que se denomina pela doutrina de dirigismo contratual (impõe limites a elaboração do contrato).
Função social do contrato: é uma limitação a liberdade de contratar que encontra reconhecimento no artigo 421 do CC, e que corresponde a uma nova função limitadora a ser observada pelos contratantes que se somam a função econômica perseguida. É um princípio de ordem pública, também denominado de cláusula geral (que se aplica a todo e qualquer contrato, possui conteúdo aberto e plástico, e pode ser graduado pelo Judiciário quanto da sua aplicação).
Boa-fé objetiva: está previsto no artigo 422 do CC e também consiste numa cláusula geral. Sua definição objetiva serve para distinguir o que se espera especificamente de uma pessoa (boa-fé subjetiva) das condutas esperadas que contratam de um modo amplo e geral (boa-fé objetiva).
Este princípio exerce uma tripla função: interpretativa, supletiva e corretiva, devendo ser observada antes, durante e depois da celebração do contrato.
Consensualismo: embora existam contratos formais e solenes, em regra os contratos modernos são consensuais, isto é, a simples concordância das partes é suficiente para aperfeiçoá-los. No entanto, sejam contratos formais ou consensuais, o consentimento sempre deverá estar presente, e é disso que decorre o princípio, ou seja, esse elemento deve estar presente em todos os contratos e não somente nos consensuais.
Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda):
Significa que o contrato faz lei entre as partes, obrigando as mutuamente. Seu principal fundamento éa segurança jurídica, e por ele defende-se a intangibilidade do seu conteúdo, que uma vez aperfeiçoado, não possibilitaria (a princípio) a alteração de suas cláusulas ou a resilição (anulação) por uma das partes sem consentimento da outra. Sofre muitas mitigações (abrandar) por força do que já foi dito sobre os demais princípios e também por regras baseadas na teoria da imprevisão (exceções), tais como: revisão por onerosidade excessiva, resolução por onerosidade excessiva e cláusula rec sic standibus.
Relatividade dos contratos: só geram efeitos entre as partes.
Contrato de franquia (franchising)
É o contrato pelo qual o empresário, denominado franqueador, licencia (autoriza) o uso de sua marca e/ou patente consolidada no mercado e presta serviços de origem empresarial a outro empresário, denominado franqueado, sem tradição ou marca conhecida pelos consumidores, no qual eventualmente o franqueador fornecerá com exclusividade os produtos negociados pelo franqueado.
Vinculação ao fornecimento do produto e suas especificidades = horti fruit.
Regime jurídico (L8955/94).
Elementos básicos.
Licenciamento de marca e/ou patente.
Prestação de serviço de organização empresarial (modelo de negócio).
Classificação.
Complexo.
Bilateral.
Oneroso.
Comutativo (partes tem conhecimento da situação em que se obrigam).
De prestação continuada.
Intuito persona (celebrado em razão da pessoa).
Tipos de franquia.
Produção.
Distribuição.
Serviço.
Obrigações do franqueado.
Pagar a taxa de franquia (também chamada de adesão).
Pode ser parcelada, não sendo o único valor que ele paga.
Pode ser exigida uma caução para aquisição de produtos.
Pode ser cobrado um percentual do faturamento.
Tem que pagar royalties
Só oferecer produtos/serviços exclusivamente autorizados pela franquia (com exclusividade ou determinados por ele).
Obrigações do franqueador.
Apresentar COF (Circular de Oferta de Franquia).
Prestar os serviços de organização empresarial.
Artigo 6º da referida lei = contrato deve ser realizado de forma escrita.
Licenciamento da marca (autorizar o serviço).
Cláusulas comuns.
Licenciamento de marca/patente.
Assistência técnica.
Limitação territorial (concorrência).
Tecnologia do negócio.
Extinção do contrato.
Prazo determinado.
Distrato.
Justa causa (resolução com culpa).
Resilição unilateral (sem culpa).
Contrato de arrendamento mercantil (leasing)
Está previsto no artigo 1º da L6099/74 e considera-se arrendamento mercantil o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora e pessoa natural ou jurídica na qualidade de arrendatária e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora segundo especificações da arrendatária e para uso desta.
Ao contratar, o arrendatário dispõe do direito de usar a coisa arrendada e nesse aspecto, seu ato assemelha-se ao do locatário que recebe temporariamente o direito de gozo sobre a coisa locada. No entanto, essa modalidade de contrato não se limita a essa faculdade, pois permite ao contratante valer-se do direito de prosseguir com uso mediante retribuição, comprar a coisa ou simplesmente resilir devolvendo a coisa e dando por terminado o contrato.
Nessa modalidade de contrato, a coisa está em poder do arrendatário apenas para seu uso e contratualmente pertence ao arrendador. O risco desse contrato é diferente da locação, pois nesta, se o bem sofrer perda total ou parcial, o dono da coisa deverá cumprir o disposto no artigo 597 do CC, ou seja, reduzir proporcionalmente o aluguel ou resolver o contrato se o bem não servir mais ao que se destina (o que não ocorre no arrendamento negativo).
Por força da resolução BACEN 2309/06 as sociedades arrendadoras serão sempre sociedades anônimas e deverão ostentar na sua denominação social a expressão “arrendamento mercantil”. Segundo a S293 do STJ, a antecipação do valor residual garantido não descaracteriza o leasing para compra e venda.
A mora do arrendante é ex persona, mesmo que o contrato tenha cláusula resolutiva expressa (S369 do STJ).
Regime jurídico
L6099/74.
L11649/08 (veículo automotor).
Resolução BACEN nº 2309/96.
Classificação quanto a finalidade.
Arrendamento operacional: é celebrado pelo prazo mínimo de 90 dias e se caracteriza pela ênfase no caráter locatício da operação (xerox; maquinários), tanto que o arrendatário pode rescindir o contrato antecipadamente sem obriga-lo ao pagamento das operações vincendas e permite que a assistência técnica seja da arrendadora.
Arrendamento financeiro: é celebrado pelo prazo mínimo de 2 ou 3 anos e consiste na operação feita por instituição financeira que na qualidade de arrendadora adquire o bem do fabricante e o entrega mediante pagamento das parcelas previamente ajustadas, para o uso do arrendatário por prazo determinado sendo que ao final ele terá o direito uma entre as 3 escolhas possíveis.
Arrendamento de retorno (lease back): está previsto na resolução do BACEN (artigo 13 e 14) e consiste no fato de uma sociedade empresária ser proprietária de um bem móvel ou imóvel e o vende para outra e adquirindo imediatamente a renda a vendedora com ele permite-se ao final do contrato a tríplice opção entre elas a compra do bem de volta.
Obrigações do arrendatário
Manter o bem em bom estado.
Suportar os riscos e eventuais prejuízos sofridos.
Pagar os encargos e tributos sobre ele incidentes.
Restituir o bem ao final do contrato em caso de não opção pela compra.
Valor residual garantido (VGR).
É a diferença entre o valor do alugueis pagos e o valor do bem, que deve ser pago ao final no caso de opção pela compra. Somente pode ser pago ao final do contrato ou ser amortizado ao longo do contrato mediante rubrica acrescida ao valor do contrato que se denomina valor residual garantido.
Contrato de alienação fiduciária em garantia
É o contrato através do qual há a transferência ao credor do domínio e posse indireta da coisa independentemente de sua tradição efetiva em garantia do pagamento da obrigação, resolvendo-se o direito do adquirente com a solução da dívida garantida, ou seja, é o negócio jurídico pelo qual o devedor para garantir o pagamento da dívida transmite ao credor a propriedade de um bem normalmente retendo-lhe a posse direta sob a condição resolutiva de salda-la.
Logo, o devedor recebe um financiamento do credor utilizando-se o bem adquirido como garantia, ou seja, há a transferência de propriedade sob condição resolutiva (propriedade resolúvel).
Espécies.
Imóvel (L9514/97): não é privativo do sistema financeiro nacional (SFN).
Comum (artigo 1361 CC): infungível e concedida por pessoa não integrante do sistema financeiro nacional.
No âmbito financeiro ou de capitais (artigo 66-B L4728/65): se destina a coisa fungível e infungível.
Registro do contrato
O registro relacionado a bem móvel se fará o mediante contrato em cartório de títulos e documentos. Quanto a bem imóvel se fará no registro de imóveis (tudo para a eficácia erga omnes).
Elementos do contrato
Forma escrita por instrumento público/particular.
Valor total da dívida.
Prazo, época de pagamento.
Descrição pormenorizada do bem.
A necessidade de transferência da propriedade do bem e o seu registro para que gere eficácia erga omnes.

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