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CONTRARRAZÕES MARIA THEREZZA (1)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO CAETANO DO SUL – SP.
Processo nº.1000718-41.2017.8.26.0565
 MARIA THEREZA ROSSI LORENZINI, já devidamente qualificada nos autos da ação em epígrafe, que move em face de AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A., também qualificada nos autos, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, ao recurso de fls. 255/270, interposto pela Amil.
Termos em que,
Pede deferimento.
Santo André/SP, 19 de outubro de 2017.
________________________ _____________________
 LEOMAR SARANTI DE NOVAIS ZENAIDE ALVES FERREIRA
 OAB/SP 290.279 OAB/SP 233.129
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE:AMIL ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL S/A
APELADO:MARIA THEREZA ROSSI LORENZINI
JUÍZO DE ORIGEM:6ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO CAETANO DO SUL – SP
AUTOS DE ORIGEM:1000718-41.2017.8.26.0565
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
NOBRES JULGADORES.
I-SÍNTESE DOS FATOS
 Como consta nos autos, a Apelada ingressou com a presente demanda em razão da abusividade dos aumentos do seu plano de saúde devido a mudança para 10ª faixa etária, aos 59 anos. Por fim requereu a tutela jurisdicional a fim de inibir a ré de reajustar os valores de seu plano de saúde, bem como a condenação da mesma na obrigação de restituir os valores pagos a maior.
 O D. Juízo de Primeira Instância entendeu por julgar a lide parcialmente procedente, sob o seguinte teor:
“(...)Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos constantes na exordial, extinguindo o feito com julgamento do mérito (art.487, I do CPC), a fim de condenar a ré na obrigação de fazer, consistente em limitar o reajuste debatido nos autos ao montante de 29%, bem como a restitui à autora, de forma simples, eventuais valores cobrados com o reajuste equivocado, com correção monetária pela Tabela Prática do TJ/SP, desde o desembolso, e juros de mora, no valor de 1% ao mês, desde o pagamento.”
 Em face de tal decisão, a Amil interpôs o presente recurso de apelação, pleiteando a reforma da r. sentença proferida, alegando: (I) legalidade do reajuste por mudança de faixa etária aos 59 anos; (II) que o contrato firmado entre as partes possui cláusula expressa com as faixas etárias e os percentuais de reajuste; (III) Improcedência do pedido de restituição dos valores pagos ao plano de saúde.
 Todavia, os argumentos da Apelante não se subsistem frente ao teor da r. sentença por ela fustigada, que definiu a lide e, portanto, deve ser integralmente mantida por esse E. Tribunal de Justiça.
II- PELO NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO
 Com efeito, o caso é de não conhecimento do presente recurso.
 Nos termos trazido pelo artigo 1010, incisos II e III do CPC, compete a parte que sentiu prejudicada com o provimento judicial, por meio do recurso de apelação, voltar-se contra os fatos e fundamentos que o embasaram.
 	Possível depreender das razões de recurso apresentada, que deixou a Apelante de apresentar argumentos que pudessem contraditar o julgado, apenas reiterando aqueles já expostos em sua contestação, sem atacar, de fato, os fundamentos da sentença.
 A mera repetição, no recurso de apelação, dos argumentos trazidos pela contestação, quando ainda nem existia a sentença, mesmo com pequenas variáveis de formatação e acréscimos mínimos, sem atacar de forma específica e objetiva a r. sentença proferida, não atende os requisitos de exigência trazidos pelo artigo 1010 do CPC, o que determina o não conhecimento do presente recurso.
 
 III- DA SENTENÇA PROFERIDA
 Em primeiro lugar, importante se faz destacar o brilhantismo da fundamentação esposada pelo D. Magistrado a quo ao proferir a sentença ora atacada, vez que absolutamente condizente com a realidade e coerente com a legislação e jurisprudência dominante.
 Isso porque, indiscutivelmente, após a análise de todos os argumentos levados ao seu conhecimento, o Douto Juiz de Primeiro Grau acertadamente proferiu a sentença como lídima medida de justiça.
IV- DAS RAZÕES PARA A MANUTENÇÃO DA R.SENTENÇA PROFERIDA
 A Apelante insurge em sustentar, agora em seu apelo, que a previsão contratual para o reajuste por mudança de faixa etária está em perfeita consonância com a legislação vigente.
 Insta consignar, que após a defesa apresentada pela Apelante, o D. Juízo de primeiro grau, assim se manifestou a respeito das alegações da Operadora de Saúde (fls. 241/247):
“In casu, restou demonstrado que o reajuste aplicado extrapola os limites impostos pela Resolução 63/2003 da ANS, mormente o artigo 3º, II da referida Resolução.
A tabela prevista na cláusula 21 do contrato (fl.85) bem demonstra que a ré promoveu aumento total equivalente a 98% durante as sete primeiras faixas etárias e 139,36% nas quatro últimas. Dessa forma, para a faixa etária a partir dos 59 anos, o reajuste a ser aplicado é no equivalente a 29%, correspondente à subtração do percentual previsto no contrato para a última faixa etária (70,368%) e àquele que superou o limite previsto no artigo 3º, II, da Resolução (41,36%).
Assim, além do contrato ter violado a Resolução 63/2003 da ANS, resta evidente o abuso, em concreto, do reajuste praticado, sendo que, como bem decidido no REsp Repetitivo supracitado, a abusividade deve ser aferida de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto. Dessa forma, o aumento por faixa etária aos 59 anos deve se limitar ao percentual de 29%, como exposto acima.”
 Como se vê, a r. sentença ora recorrida, não mercê ser reformada, já que decidiu a lide acertada e fundamentadamente, de acordo com as alegações e provas documentais juntadas pelas partes.
 Nesses termos, o Apelado passa a reiterar as considerações que culminarão na condenação da Apelante em limitar o reajuste debatido nos autos ao montante de 29%, bem como a restituir à autora, de forma simples, eventuais valores cobrados com o reajuste equivocado, como reconhecido em r. sentença, que deve ser mantida em seus exatos termos.
DO REAJUSTE ABUSIVO
 Em sua peça recursal, o Apelante defende que o reajuste é devido, pois está previsto em sua cláusula contratual.
 Todavia, constituirá reajuste abusivo "o segurador ou administrador do plano aproveitar-se do advento da idade do segurado para aumentar lucros, e não simplesmente para cobrir despesas ou riscos maiores" (REsp nº 1.381.606/DF, Rel. p/ acórdão Ministro João Otávio de Noronha, DJe 31/10/2014).
 No caso dos autos é certo que houve expressivo aumento na contraprestação arcada pela apelada em razão do plano de saúde contratado.
 Alcançou-se percentual de 139,36% unicamente em razão da mudança de faixa etária.
 Nítida a abusividade, merecendo destaque a imposição de onerosidade excessiva à recorrida.
 Friso que a recorrida passou a suportar o valor de R$ 1.574,61, importe que quase totaliza no triplo da prestação que assumia, mais precisamente R$ 400,86.
 Desta feita, imperioso o reajuste, porém em percentuais que se mostrem adequados e que sejam calculados segundo as diretrizes matemáticas da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar.
 O entendimento jurisprudencial se mostra em igual sentido. Vejamos:
 
PLANO DE SAÚDE – REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA AOS 59 ANOS. Aumento das mensalidades por mudança de faixa etária. Possibilidade. Art. 15, da Lei 9.656/98. Reajuste etário, contudo, que não pode ser assaz oneroso e despropositado. Percentual aplicado que constitui afronta à boa-fé objetiva (89,07%). Redução para o patamar de 30%. Precedentes TJSP. REAJUSTE ANUAL. Majoraçãoexpressiva e injustificada, notadamente em razão do pouco tempo. Observância aos índices autorizados pela ANS. Reembolso dos valores pagos a maior, a fim de se evitar o enriquecimento sem causa da seguradora, desde a exasperação indevida. Sentença reformada – Recurso da ré parcialmente provido. Apelo da autora provido. (TJ-SP – APL: 10599318320158260100 SP 1059931-83.2015.8.26.0100, Relator: Fábio Podestá, Data de Julgamento: 22/03/2016, 5ª Câmara de Direito Privado, Data da Publicação: 22/03/2016).
PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE. PREVISÃO DE FAIXA ETÁRIAS. MAJORAÇÕES QUE DEVEM SER DISTRIBUÍDAS. A CONDUTA DA OPERADORA DO PLNAO DE SAÚDE, DE APLICAR DE UMA VEZ SÓ O REAJUSTE, NO ANIVERSÁRIO DE 59 ANOS DO USUÁRIO, É ABUSIVA. OFENSA AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. EMBARGOS ACOLHIDOS. Autorização da Lei nº. 9.656/98 para a implementação de reajustes por mudança de faixa etária em contrato de plano de saúde (art.15). Resoluções da ANS e do CONSU a respeito dos valores a serem cobrados. Valor da última faixa etária que não pode ser superior a seis vezes o valor da primeira. A embargada implementou elevado reajuste numa única faixa etária da embargante	. Majoração numa só vez, no aniversário de 59 anos do usuário, que é abusiva. Ofensa ao CDC. Reconhecimento. A pretensão da embargada, ao majorar excessivamente a mensalidade numa só faixa etária, no aniversário de 59 anos da usuária, é a de excluir do mercado o idoso. Má-fé. Conduta abusiva e ilegal. Não houve, pelo que verifica, distribuição das majorações por tempo e faixas etárias suficientes a evitar o elevado e concentrado reajuste. A conduta da operadora, ao aumentar de uma vez só a mensalidade do plano de saúde nos limites máximos autorizados pelos órgãos reguladores, evidencia típica manobra abusiva e ilícita, porque visa surpreender o consumidor com alto reajuste excluí-lo do contrato, agora que alcança faixa etária de maior sinistralidade. Abuso de direito. Quebra do dever de boa-fé. Ao autorizar que a operadora do plano de saúde possa reajustar a prestação do contrato até seis vezes o valor da primeira faixa de idade e desde que a variação acumulada das três últimas não seja superior 	à variação acumulada das sete primeiras, pretende o legislador e os atos normativos do setor que a operadora distribua o reajuste entre as faixas de idade dos usuários do plano, de modo a permitir que, progressivamente, possa o consumidor se adaptar aos novos valores. Reajustar excessivamente de uma única vez a prestação, depois de atrair o consumidor para o plano com valores reduzidos, é manifestação inequívoca da má-fé contratual. Basta ver a Tabela com os índices de reajuste para perceber que a operadora reservou o reajuste mais elevado para os 59 anos dos consumidores e não fizeram uso das últimas três faixas de idade para implementar o reajuste permitido pela Resolução da ANS, concentrando-o na última faixa. Reajuste por mudança de faixa etária. Abusividade caraterizada. Exclusão. Embargos infringentes acolhidos. (TJSP – EI: 10086812120148260011 SP 1008681-21.2014.8.26.0011, Relator: Carlos Alberto Garbi, Data de Julgamento: 16/02/2016, 10ª Câmara de Direito Privado, Data da Publicação: 18/02/2016).
 O Colendo STJ, em decisão proferida em 19/12/2016, sob o rito dos recursos repetitivos, fixou os parâmetros a serem observados sobre tema. Configura-se:
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CIVIL. PLANO DE SAÚDE. MODALIDADE INDIVIDUAL OU FAMILIAR. CLÁUSULA DE REAJUSTE DE MENSALIDADE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. LEGALIDADE. ÚLTIMO GRUPO DE RISCO. PERCENTUAL DE REAJUSTE. DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS. ABUSIVIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. EQUILIBRIO FINANCEIRO-ATURIAL DO CONTRATO. 1. A variação das contraprestações pecuniárias dos planos privados de assistência à saúde em razão da idade do usuário deverá estar prevista no contrato, de forma clara, bem como todos os grupos etários e os percentuais de reajuste correspondentes, sob pena de não ser aplicada (arts. 15, caput, e 16, IV, da Lei nº. 9.656/1998). 2. A cláusula de aumento de mensalidade de plano de saúde conforme mudança de faixa etária do beneficiário encontra fundamento no mutualismo (regime de repartição simples) e na solidariedade intergeracional, além de ser regra atuarial e asseguradora de riscos. 3. Os gastos de tratamento médico hospitalar de pessoas idosas são geralmente mais altos do que os de pessoas mais jovens, isto é, o risco assistencial varia consideravelmente em função da idade. Com vistas a obter maior equilíbrio financeiro ao plano de saúde, foram estabelecidos preços fracionados em grupos etários a fim de que tanto os jovens quanto os idade mais avançada paguem um valor compatível com os seus perfis de utilização dos serviços de atenção à saúde. 4. Para que as contraprestações financeiras dos idosos não ficassem extremamente dispendiosas, o ordenamento jurídico pátrio acolheu o princípio da solidariedade intergeracional, a forçar que os de mais tenra idade suportassem parte dos custos gerados pelos mais velhos, originando, assim, subsídios cruzados (mecanismo do community rating modificado). 5. As mensalidades dos mais jovens, apesar de proporcionalmente mais caras, não podem ser majoradas demasiadamente, sob pena de o negócio perder a atratividade para eles, o que colocaria em colapso todo o sistema de saúde suplementar em virtude do fenômeno da seleção adversa (ou antisseleção). 6. A norma do artigo 15, § 3º, da Lei nº. 10.741/2003, que veda “a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”, apenas inibe o reajuste que consubstanciar discriminação desproporcional ao idoso, ou seja, aquele sem pertinência alguma com o incremento do risco assistencial acobertado pelo contrato. 7. Para evitar abusividades (súmula nº. 469/STJ) nos reajustes das contraprestações pecuniárias dos planos de saúde, alguns parâmetros devem ser observados, tais como (I) a expressa previsão contratual, (II) não serem aplicados índices de reajuste desarrazoados ou aleatórios, que onerem em demasia o consumidor, em manifesto confronto com a equidade e as cláusulas gerais da boa-fé objetiva e da especial proteção ao idoso, dado que aumentos excessivamente elevados, sobretudo para esta última categoria, poderão, de forma discriminatória, impossibilitar a sua permanência no plano; e (III) respeito às normas expedidas pelos órgãos governamentais: a) No tocante aos contratos antigos e não adaptados, isto é, aos seguros e planos de saúde firmados antes da entrada em vigor da Lei nº. 9.656/1998, deve-se seguir o que consta no contrato, respeitadas, quanto à abusividade dos percentuais de aumento, as normas da legislação consumerista e, quanto à validade formal da cláusula, as diretrizes da súmula normativa nº. 3/2001 da ANS. b) Em se tratando de contrato (novo) firmado ou adaptado entre 2/1/1999 e 31/12/2003, deverão ser cumpridas as regras constantes na Resolução CONSU nº. 6/1998, a qual determina a observância de 7 (sete) faixas etárias e do limite de variação entre a primeira e a última (o reajuste dos maiores 70 anos não poderá ser superior a 6 (seis) vezes o previsto para os usuários entre 0 e 17 anos), não podendo também a variação de valor na contraprestação atingir o usuário idoso vinculado ao plano ou seguro saúde há mais de 10 (dez) anos. C) Para os contratos (novos) firmados a partir de 1/1/2004, incidem as regras da RN nº.63/2003 da ANS, que prescreve a observância (I) de 10 (dez) faixas etárias, a última aos 59 anos, (II) do valor fixado para a última faixa etária não podendo ser superior a 6(seis) vezes o previsto para a primeira; e (III) da variação acumulada entre a sétima e décima faixas não podendo ser superior à variação cumulada entre a primeira e sétima faixas. 8. A abusividade dos aumentos das mensalidades de plano de saúde por inserção do usuário em nova faixa de risco, sobretudo de participantes idosos, deverá ser aferida em cada caso concreto. Tal reajuste será adequado e razoável sempre queo percentual de majoração for justificado atuarialmente, a permitir a continuidade contratual tanto de jovens quanto de idosos, bem como a sobrevivência do próprio fundo mútuo e da operadora, que visa comumente o lucro, o qual não pode ser predatório, haja vista a natureza da atividade econômica explorada: serviço público impróprio ou atividade privada regulamentada, complementar, no caso, ao Serviço de Saúde (SUS), de responsabilidade do Estado. 9. Se for reconhecida a abusividade do aumento praticado pela operadora de plano de saúde em virtude da alteração de faixa etária do usuário, para não haver desequilíbrio contratual, faz-se necessária, nos termos do artigo 51, §2º, do CDC, a apuração de percentual adequado e razoável de majoração da mensalidade em virtude da inserção do consumidor na nova faixa de risco, o que deverá ser feito por meio de cálculos atuariais na fase de cumprimento de sentença. 10. TESE para os fins do artigo 1.040 do CPC/2015: O reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que (I) haja previsão contratual, (II) sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (III) não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso. 11. CASO CONCRETO: Não restou configurada nenhuma política de preços desmedidos ou tentativa de formação, pela operadora, de “cláusula de barreira” com o intuito de afastar a usuária quase idosa da relação contratual ou do plano de saúde por impossibilidade financeira. Longe disso, não ficou patente a onerosidade excessiva ou discriminatória, sendo, portanto, idôneos o percentual de reajuste e o aumento da mensalidade fundados na mudança de faixa etária da autora. 12. Recurso especial não provido. (REsp 1568244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 19/12/2016).
 A despeito das alegações trazidas, especialmente, sobre a afirmação de haver informado os índices de reajuste por alteração de faixa etária, o Código de Defesa do Consumidor prevê como direito básico do consumidor a “modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”, nos termos do artigo 6º, inciso V.”
 Não se pode perder de vista também, que o artigo 39 do mesmo código veda ao fornecedor de produtos e serviços a exigência de “vantagem manifestamente excessiva”, e, note é exatamente o que ocorre no presente caso.
 Ora, Excelência, a cláusula contratual que contém a previsão do reajuste por faixa etária “a partir dos 59 (cinquenta e nove) anos”, é nula de pleno direito, uma vez que viola diametralmente o disposto no Estatuto do Idoso.
 Aliás, a mera leitura da cláusula contratual combatida não deixa dúvidas com relação à incidência do Estatuto do Idoso no caso em tela.
 Ora, o que se deve compreender por “a partir dos 59 anos (cinquenta e nove) anos”?
 Fica evidente que a faixa etária abarca tanto os 59 (cinquenta e nove) anos de idade, quanto todo o período em que a Apelada estará protegida pelo Estatuto do Idoso, ou seja, a partir do 60 (sessenta) anos completos.
 Na verdade, o que a Apelante pretende com a cláusula em comento nada mais é que burlar a incidência do referido diploma a impingir, no aniversário de 59 (cinquenta e nove) anos, um absurdo reajuste que inviabilizará a sua continuidade no plano médico.
 E isso porque, o Estatuto do Idoso proíbe, em seu artigo 15, §3º, a aplicação de reajuste por faixa etária para os beneficiários idosos.
 Cumpre mencionar que até a entrada em vigor do Estatuto do Idoso era muito comum a previsão, nos contratos de plano de saúde e seguro saúde, a aplicação de sucessivos reajustes por faixa etária a partir dos 60 (sessenta) anos de idade, não rara vezes em percentuais absurdos, semelhantes ao que se verifica no caso em tela.
 Ora, as operadoras de planos de saúde compreenderam a permissão de aplicação de reajuste por faixa etária aos “59 (cinquenta e nove) anos ou mais” como um “cheque em branco” dado pela ANS para estipular os percentuais de reajuste da forma como bem entenderem.
 E, dessa forma, os absurdos percentuais de reajuste que antes eram aplicados após os 60 (sessenta) anos, passaram a ser previstos nos contratos posteriores ao Estatuto do Idoso e da Resolução Normativa 63/03 para a faixa etária “59 (cinquenta e nove) anos ou mais”.
 Com isso, Excelência, os reajustes aplicados aos 59 (cinquenta e nove) anos de idade ganharam “aparência de legalidade”, bem como “evitava-se” a incidência do disposto no artigo 15, §3º, do Estatuto do Idoso.
 Ocorre que, a partir da vigência do mencionado diploma, os consumidores passaram a questionar – e com sucesso – a validade do referido reajuste junto ao Poder Judiciário.
 Esta matéria multiplicou-se nos Tribunais Estatuais e, recentemente, houve até pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça. Firmou-se, assim, jurisprudência uníssona no sentido de ser proibida a aplicação de reajuste por faixa etária após os 60 (sessenta) anos de idade (nesse sentido, vide a Súmula 91, do TJ/SP, bem como, dentre outros, STJ, 3ª Turma Resp. 809329 – Rel. Min. NANCY ANDRIGHI – TERCEIRA TURMA).
 Utilizando-se essa linha de raciocínio para o encadeamento lógico decisório do caso em tela, faz-se necessário ter em mente a estrutura hierárquica das normas aplicáveis à lide para se apurar a invalidade da norma contratual que prevê o reajuste abusivo na mensalidade da Apelada.
 Ora, conforme dito, a cláusula vergastada do contrato firmado entre as partes foi elaborada de acordo com os parâmetros estabelecidos na Resolução Normativa 63/03 da ANS, norma esta que autoriza a aplicação de reajuste por faixa etária quando o beneficiário completa 59 (cinquenta e nove) anos de idade.
 Por sua vez, a Resolução Normativa 63/03, retira o seu “fundamento de validade” de pelo menos três leis ordinárias que incidem na relação jurídica estabelecida entre o beneficiário e o plano de saúde, quais sejam: a Lei nº. 9.656/98, o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso. Essas três normas, portanto, disciplinam o conteúdo de validade da Resolução Normativa 63/03 e, por conseguinte, também servem de fundamento de validade para o contrato firmado entre as partes.
 Nesse sentido, tem-se que a cláusula contratual em comento deve-se adequar tanto à Resolução Normativa 63/03, quanto à lei nº.9.656/98, ao Código de Defesa do Consumidor e ao Estatuto do Idoso. E exatamente por este motivo foi dito acima que esta cláusula possui apenas uma “aparência de legalidade”, uma vez que, embora atenda à Resolução Normativa 63/03, esta norma burla o artigo 15, §3º, do Estatuto do Idoso, do que decorre a sua nulidade de pleno direito.
 Ora, Excelência, seria ilógico considerar válida uma cláusula contratual que fere uma lei ordinária (no caso, o Estatuto do Idoso), sob o fundamento de que ela obedece aos ditames de uma Resolução Normativa da ANS. Em outras palavras, de nada adianta a cláusula contratual atender aos parâmetros de uma Resolução Normativa se o faz de forma a burlar a aplicação de uma lei ordinária a qual, diga-se, constitui NORMA DE ORDEM PÚBLICA.
 Para que fosse válido, o reajuste por faixa etária deveria atender tanto os parâmetros da Resolução Normativa 63/03, da ANS, quanto evitar o cunho discriminatório aos beneficiários idosos, o que não ocorre no caso em tela.
 Sem embargo, ao aplicar reajuste no aniversário de 59 (cinquenta e nove) anos da Apelada, com extrema má fé a Apelante “aproveita-se“da oportunidade de que eles ainda não estão diretamente protegidos pelo Estatuto do Idoso e impõe este absurdo reajuste para evitar a continuidade da relação contratual. O intuito de fraudar a proteção do Estatuto do Idoso é patente, o que impõe a nulidade de pleno direito desta cláusula contratual, nos termos do artigo 166, inciso VI, do Código Civil.
 Além da ofensa ao Estatuto do Idoso, que restou exaustivamente demonstrada, mister se faz ressaltar que o reajuste aplicado é censurado também pelas normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor, notadamente pelo artigo 151, inciso IV, o qual considera nula de pleno direito as cláusulas contratuais que “estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”.
 Ora, não há dúvidas de que ao elevar a contraprestação devida pela Apelada, utilizando única e exclusivamente o critério etário, a cláusula em comento mostra-se desproporcional e acarreta a eles desvantagem exagerada.
 Além da violação ao inciso IV do artigo 51, a cláusula contratual vergastada ofende o disposto nos incisos X do referido artigo.
 Diante do exposto, mostra-se imperativo o afastamento da aplicabilidade da cláusula do contrato firmado entre as partes, especificamente no que tange à 	previsão da aplicação do reajuste em razão do ingresso da Apelada na faixa etária “a partir dos 59 (cinquenta e nove) anos de idade”, nos termos do artigo 15, §3º, do Estatuto do Idoso, artigo 166, VI, do Código Civil, bem como dos incisos IV e X do artigo 51, do Código de Defesa do Consumidor.
CONCLUSÃO
 Verifica-se, portanto, que o reajuste imposto é ilegal e abusivo, constitui ofensa reflexa à legislação, não podendo apoiar-se nos frágeis argumentos que aludem em sua apelação, qua seja, a licitude do reajuste e a ciência da Apelada no ato da contratação da operadora de plano de saúde, com objetivo de tentar justificar o aumento exorbitante da mensalidade pelo simples fato de a mesma ter tomado ciência de cada um deles no ato de sua contratação.
 Por todo o exposto, requer que seja NEGADO SEGUIMENTO ao recurso ora contrarrazoado, nos termos das preliminares arguidas e, caso não seja este o entendimento desta Colenda Câmara, o que se admite apenas em hipótese, requer-se seja NEGADO PROVIMENTO ao recurso da Apelante, confirmando-se a r. sentença.
 
 Termos em que,
 Pede deferimento.
 Santo André/SP, 23 de outubro de 2017.
___________________________ ______________________________
LEOMAR SARANTI DE NOVAIS ZENAIDE ALVES FERREIRA
 OAB/SP 290.279 OAB/SP 233.129

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