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Atlas Histórico - Brasil 500 Anos - IstoÉ

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BRdSIL 500 RNOS
Geopolítica das rebeliões de 1831-1848
Revoluções
C a b a n a g e m
G o v e rn o
c a b a n o
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P ra ie ira
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O exército em 1831
Rec
fITLfIS HISTÓRICO
A / ‘> f r .
J S S O Ë
BRASIL
5 0 0 A N O S
Atlm 
Histórico
E d ito re s
D om in go A lzuga ray 
C á tia A lzu g a ra y
C o n c e p ç ã o , T e x to , Im a g e n s 
B e rn a rd o Jo ff ily 
C o n s u lto r
P ro lesso r doutor István Jancsó, livre docente, 
pro fesso r d o D epartam ento de H istória da 
Facu ldade de Filosofia, Letras e C iências 
H um anas da U nivers idade de S ão Paulo 
R e v is ã o d o s M a p a s e C ro n o lo g ia 
Á u re a R eg in a K ana sh iro 
N a ir G a rc ia P etry 
P e s q u is a H is tó r ic a
A n d ré a P au la dos S an to s . A n d ré a S lem ian , 
B run o B on te m p i Jún io r, C a ro lin a M aria 
Ruy, D ébo ra R eg in a P upo , J o ã o P au lo 
G a rrid o P im en ta , Jo sé C a rlo s V ila rda ga , 
Jo sé de O live ira Jún io r, M a n o e la Lopes 
Lou ren ço , M a riana R ange l Joffily , O liv ia 
R ange l Jo ffily , S te lla M a ris S ca te n a F ranco 
V ila rda ga
I lu s tra ç õ e s d o P re fá c io 
Ja ym e Leão 
I lu s tra ç ã o d o A u to r
J ô F e ve re iro
P R O JE T O S E S P E C IA IS 
D ire to r d e R e d a ç ã o 
A rm a n d o G on ça lve s 
R e d a ç ã o
A na C ris tin a C oco lo 
A r te
M ô n ica B ias i, C ice ro C a s tilh o C u n h a e 
S and ro B eze rra d e C a m a rg o 
R e v is ã o
A le n c a r G e n til d e C as tro , É lv io S eve rgn in i, 
Iz ild in h a R osa d e S ousa 
e P rev iz R od rigue s Lopes
M a rk e tin g
D ire to r: C a rlo s A lzu g a ra y
G eren te ; Lu c ia na Z a ro n i B oave n tu ra
S upe rv iso ra : P au la P es tan a T. d e B arros
P u b lic id a d e
São Paulo - D iretor. Â nge lo de Sá Jr.
G erentes Executivos: Andréa M. Di Tomaso, 
João C láudio Abreu, M arcelo S ilve ira e Sandra 
Chaves.
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A lves. Assistente C om ercial: Ivonete M. 
Fernandes. C oordenadora: AkJa M. Reis. 
Coordenadora J ú n io r Rosimeiri M aria Dias
C irc u la ç ã o
D ire to r; G re g ó rio F rança 
G eren te : N e ide A. S. L im a
IS TO É B R A S IL , 500 A N O S é um a p u b li­
ca çã o d o G ru po de C o m u n ica çã o T rês S /A . 
R edação , A d m in is tra çã o e 
C o rre sp o n d ê n c ia : R ua W illia m S pee rs , n® 
1 .088, C E P 0 5 067 -900 , F one: (011) 835- 
84 33 , Fax: (011) 8 3 2 -1 6 0 6 , S ão P aulo , S P 
© C o p y rig h t 1998 pa ra a L ín gua P o rtu gue sa 
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P au lo - S P - B ras il.
Composição, fotolitos, impressão e acabam en­
to: Empresa d e C om unicação Três Editorial 
Ltda., Rodovia Anhangüena, km 32,5 - C ajam ar 
CEP 07750-000 - SP - Brasil.
Istof'. Bra.sil, 500 Anos é uma obra 
elaborada pelo jornalista Bernardo 
Joffily, depois de muitos anos de 
pesquisas e estudos. Bernardo Joffily é 
também tradutor de vários idiomas 
e ilustrador. Ele nasceu no Rio de 
Janeiro e tem 47 anos. Antigo 
apaixonado por mapas em geral 
e mapas históricos em particular, 
acalentava o projeto deste Atlas desde 
OS anos 70, quando lecionou História 
em cursos de pré-vestibtdar.
I S T O E B R A S I L ,
Atlas Histórico
A N O S
No dia 22 de abril do ano 2000 estaremos comemorando quinhentos 
anos da cliegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
E para festejar esse acontecimento, tão importante para todos nós, 
está sendo preparada uma série infindável de eventos oficiais, 
inclusive com a construção, em cçnjunto com os portugueses, 
de uma réplica da caravela de Pedro Álvares Cabral, que fará o mesmo
percurso seguido por ele.
A revista IstoÉ antecipa-se a esses eventos e sente-se honrada 
em poder oferecer aos seus leitores este Atlas Histórico, elaborado 
especialmente para comemorar essa data.
IstoÉ Brasil, 500 Anos traz os fatos mais importantes acontecidos 
em nossa terra, desde o dia em que o navegante português 
desembarcou em Porto Seguro, em 1500; e vai ajudá-lo, leitor, 
a entender melhor os fatos que fizeram 
a história do nosso País.
DOMINGO ALZUGARAY
Semana de Arte Moderna. Ela reuniu 
artistas e intelectuais, dos mais importantes, 
de diversas origens e projetos.
'stoÉ Brasil^ 5 0 0 A nos traz compactamente, 
no espaço e no tempo, o máximo de elementos 
sobre a trajetória brasileira.
Procuramos produzir uma obra de consulta, mas que 
também possa ser visitada por pura curiosidade ou 
prazer, além de torná-la 
acessível a um público diferenciado, 
de estudantes a estudiosos, ou simplesmente 
pessoas que desejam entender melhor o Brasil. 
Formatamos os fotos históricos em três 
dimensões, que se interligam e se apóiam entre si: 
imagens, textos e cronologia.
As imagens ocupam 50% da obra e são a razão 
de ser desta obra. Procuramos situar os processos 
históricos em mapas nas mais
diferentes escalas, gráficos, diagramas, organogramas, 
cronogramas, de forma visualmente 
compreensível e agradável, convidando o leitor 
o fazer sua própria investigação e o tirar suas próprias 
conclusões. Paro evitar uma excessiva poluição visual, 
representamos muitos dados apenas graficamente, 
mos o uso do computador permitiu apresentá-los 
com precisão de décimos de milímetro.
Também com propósito antipoluente, 
partimos do princípio de que o leitor saberá 
identificar os Estados do Federação sem 
a necessidade de legendas.
Os textos acompanham, explicam e complementam 
os imagens de cada capítulo.
A compactação do maior volume possível de informações 
por página obrigou-nos o usar um texto sintético 
e algumas abreviaturas.
As datas aparecem entre parênteses e o ano 
de nascimento e morte dos personagens, entre colchetes. 
Quando o mesmo tema consta em outro (s) capítulo (s), 
a referência aparece em azul, entre colchetes.
A cronologia, que ocupa a coluna externa das páginas 
de texto, permite situar no tempo quase sete mil 
acontecimentos. Paro permitir uma visão mais 
abrangente, incluímos também datas marcantes do 
história mundial e fotos dos mais diferentes tipos, muitos 
deles não mencionados nos textos (grandes 
desastres naturais, sucessos musicais, o fabrico do último
Revolução de 32. Getúlio Vargas acusa a Frente 
Ünica Paulista de ser separatista. Forte campanha 
de opinião, no entanto, a apóia em nome da 
liberdade, do direito e da lei.
Pai dos pobres? Ditado 
Populista? Mártir? A f i^ r a 
de Vargas marca fundo o Brasil 
do século 20.
fusca ou o nascimento do primeiro bebê de proveta). 
IstoÉ Brasil, 500 Anos abarca desde a chegada dos 
primeiros seres humanos às terras que formariam o Brasil 
- em época ainda incerta e discutida - até o afastamento 
de Fernando Collor em 29 de setembro de 1992. 
Deixamos de lado os episódios mais recentes, que não 
permitiram uma análise com o necessário 
distanciamento histórico. Eventualmente os 
registramos, seja nas imagens ou nos textos, quando 
ajudam a compreensão dos temas em exame.
Ao contrário do maior parte da obra 
historiográfica em nosso País, adotamos um 
sistema tipo "bola de neve": em princípio, quanto mais 
recente é o tema em exame, mais detalhada o sua 
exposição. Assim, o longo período até o Grito do 
Ipiranga mereceu apenas 18 capítulos.
Do Grifo ò Proclamação da República o "ritmo" 
médio cai para três anos por capítulo; da República a 
1964, para 21 meses e de 64 a 92 para pouco mais 
de seis meses por capítulo.
Procuramos abrir espaço também para temas 
esquecidos ou tongenciados por historiadores 
tradicionais,
do cangaço à emigração de brasileiros 
e dos movimentos feministas ò questão ecológica.
Várias imagens e textos dizem respeito o acontecimentos 
mundiais ou latino-americanos, ou suas relações com 
nosso País. São apenas menções, muito resumidas, das 
conexões de um processo que não é autárquico, 
fechado, mas um pedaço da História Universal.
Por isso, IstoÉ Brasih 500 Anos se propõe o ser 
um compêndio da história brasileira, e não do Brasil 
no sentido estrito, abordando somente o que 
aconteceu dentro do território nacional.
A parte final, batizada Panorâmica, liberta-se do 
padrão cronológico paro abordar alguns temas 
numa perspectiva mais ampla.
Bernardo Joffily
Conheça a História do Brasii!
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1 -PRELIMINARES 1.1 POVOS AMERICANOS / ERA PRE-COLOMBIANA Cronologia
■ 0 povoamento do Novo Mundo parte da Ásia. há 
50-80 milênios segundo a hipótese mais aceita. 0 perío­
do glacial rebaixa o nível do mar e une a Sibéria ao 
Alasca, pelo atual estreito de Bering. Sucessivas 
migrações terão cruzado essa ponte natural. Há ainda 
possíveis rotas marítimas: a das ilhas Aleútas (Pacífico 
Norte); e a da Polinésia (Pacífico Sul), (avorecida pelos 
ventos. 0 achado de indícios de presença humana 
(restos de fogueira) no sítio arqueológico de Pedra 
Furada, 8 . Raimundo Nonato, PI, se confirmado, deslo­
ca 0 povoamento para mais de 48 mil anos atrás. Ainda 
assim a América é o último continente pisado pelo 
homem, depois da África, berço da espécie humana, da 
Ásia, Europa e Oceania.
■ Contatos com outros continentes são fortuitos até o 
século 15. Os vikings noruegueses da Islândia chegam à 
Groenlândia (Erik, o Vemielho, 983 dC) e Canadá (s6u 
filho Leif Erikson, ano 1000), mas a colônia de Vinland 
não se consolida.
■ Os índios (nome genérico que Colombo usa por pen­
sar ter chegado à índia [1.2] ) fomiam de mil a 3 mil povos 
diferenciados: falam centenas de línguas e dialetos, agru­
pados em 133 famílias lingüísticas. Primitivamente vivem 
da caça e coleta, como, ainda hoje, as comunidades das 
extremidades geladas do Continente {Eskimó, no Norte, 
Fueguinos e Ona no Sul). Em longo aprendizado, domi­
nam a agricultura (milho, mandioca) e a cerâmica. No 
México e nos Andes, o plantio intensivo sobretudo do 
milho cria há mais de 2 mil anos a base para civilizações 
urbanas, cidades-estado e grandes impérios.
■ A cultura Mala de Yucatán tem seu auge em 300- 
900 dC. 0 Império Asteca expande-se no planalto mexi­
cano de 1300 até sua destruição pelo espanhol Hemán 
Cortez. Na mesma época o Império Inca (ou do 
Tawantisuyo) conquista, desde o Equador, terras altas 
do Peru e Bolívia, até o norte do Chile e noroeste da 
Argentina; começa a descer à Amazônia (vale do 
Mamoré) quando é aniquilado pelo espanhol Francisco 
Pizarro [1.2]. Estes povos usam canais de irrigação, 
aquedutos, cultivo em terraços, adubam a terra com 
esterco de aves, trabalham o ouro, prata, cobre. Fomiam 
sociedades estratificadas: a aristocracia militar e sacer­
dotal domina os comerciantes e artesãos, servos e 
escravos. Possuem escrita hieroglífica (exceto os Inca). 
Erguem templos, palácios, pirâmides, grandes cidades 
com intenso artesanato e comércio (embora desconhe­
çam a roda e a cunhagem de moedas). 0 aparelho 
estatal, despótico, sofistica-se e evolui para a forma 
imperial. Os Maia têm um calendário mais exato que os 
europeus da Renascença. Os Inca, uma rede de es­
tradas desconhecida na Europa. 0 Império Asteca conta
25 milhões de habitantes em 1519 (toda a Europa. 50 
milhões); sua capital, Tenochtitlán, 200 mil habitantes, é 
maior que Roma ou Constantinopla.
■ As terras do Brasil atual são povoadas há pelo 
menos 15 mil anos (ossos humanos em Lagoa Santa, 
cerâmica no baixo Amazonas). No litoral e nos rios, tribos 
de coletores acumulam os sambaquis (do tupi samba. 
marisco e W, monte), de até 30 m de altura. Entre 5 mil e 
2 mil anos atrás, outros povos, do noroeste, entram pela 
Amazônia e forniam o mosaico étnico que chegará até o 
século 16. Há milênios eles combinam a caça e a coleta 
com a agricultura, baseada na mandioca e/ou milho. 
Usam a cerâmica, ferramentas e armas (arco, flecha, 
tacape, zarabatana) de pedra polida, madeira, ossos. A 
sociedade, tribal, desconhece as classes sociais, o 
Estado e o comércio (inclusive o escambo). Na divisão 
de trabalho por gênero, a mulher planta, cozinha, faz 
cerâmica; o homem den-uba a mata. caça, pesca, guer­
reia. A ascendência do cacique e do conselho de anciãos 
baseia-se no consentimento e não na coação. Cons­
tituem dezenas de grupos tribais, falando línguas dos
troncos Tupi, Macro-Jê, Aruak, Karib, Pano, Tukano e 
outras. Em 1500 somam perlo de 5 milhões (Portugal. 
1,5 milhão).
■ Os povos Tupi saem da Amazônia penjana para o 
vale do Mamoré há 5 milênios. Em 500 aC Iniciam outra 
longa migração, impulsionada pela agricultura seminôma- 
de. apoiada na canoagem, na índole guerreira, e incitada 
pela crença na luy Maran Ei (Terra Sem Males, situada a 
leste). Um ramo desce o Madeira e ocupa a Amazônia. 
Outro sobe o Jipataná, passa à bacia do Prata, chega ao 
litoral, sobe por ele e é o 1' a enfrentar a colonização. É 
dele que os portugueses extraem o estereótipo simplifica- 
(to do índio. 0 choque com os europeus [2.1. 2.2] obriga 
os Tupi a seguirem seu êxodo, agora para oeste (invertem 
inclusive a localização da luy Maran Ei), até recontatarem, 
no século 17, seus parentes da Amazônia. A área lingüís- 
tico-cultural Tupi, que excede o Brasil atual e vai do Cari­
be ao Prata, é, com a árabe, a mais extensa da época. 
Lavradores, os Tupi plantam sobretudo mandioca (que 
tratam para tirar o veneno e comem assada, cozida, como 
farinha ou polvilho), batata-doce, cará, feijão, amendoim, 
pimenta, tabaco, legumes. Pratkam a coivara (até hoje 
usada no Brasil), queimando a mata antes do plantio; 
quando a terra se esgota deslocam suas roças. Povos 
aquáticos, exímios pescadores, canoeiros e nadadores, 
buscam os rios e o mar; legarão ao povo brasileiro a cul­
tura do banho diário. Possuem caminhos terrestres; o 
mais extenso e famoso, o Peabim [2.6], de Cananéia 
(litoral de SP) ao norte do atual Paraguai. A aldeia Tupi 
tem 300 a 2 mil e até 3 mil haí». A guerra constante cria 
0 hábito (hoje em desuso) de cercá-la com uma dupla pa­
liçada. Dentro, de 4 a 7 grandes habitações (ocas) com 
até 200 moradores, que escolhem um líder. Os Tupi plan­
tam e tecem algodão para fazer redes (e trançam cestos 
de cipó) mas andam nus. Cultuam os espíritos dos mor­
tos. 0 maracá, instromento musical feito de cabaça, ga­
nha poderes sobrenaturais ao ser consagrado pelo pajé 
(xamã). Guerreiros, pratk^m o canibalismo ritual, principal 
argumento português para justificar a escravização, a 
"guerra justa" e o genocídio [2.2].
■ Os povos Jê chegam ao sertão nordestino há 4 mil 
anos, vindos talvez da costa desértica do Pacífico. 
Espalham-se pelo Planalto Central, até a Serra Gaúcha e 
a borda da Amazônia; são povos do Cerrado. Trazem o 
milho e 0 feijão como cultivos principais e pescam com o 
timbó, cipó tóxico que entorpece os peixes. Usam pouca 
cerâmica e não tecem; dormem em estrados de madeira 
(jiraus). A atóeia Jê tem até mil moradores: divide-se em 
metades simétricas, que se revezam na chefia, uma na 
seca. outra nas chuvas. Muitos povos Jê adomam as 
orelhas e o lábio inferior com um batoque (rodela de 
madeira). Cultuam os mortos, a Lua (grande espírito do 
bem) e, entre os Xavante e Bororo, o milho. Fazem da 
pintura corporal uma veste e uma escrita, que exprime 
desde o estado civil até
o estado de espírito. Para os 
Tupi, os Jê são tapuia, nome ofensivo (significa “língua 
travada", “bárbaro”) que passa aos portugueses.
■ A cultura marajoara, ainda envolta em mistério, flo­
resce em 450 dC na ilha de Marajó, habitada desde 3000 
aC e cultivada (milho) desde 100 aC. É a sociedade mais 
avançada do Brasil pré-colombiano. Produz cerâmica so­
fisticada (figuras geométricas coloridas), cachimbos, 
estatuetas, tebentás para os lábios, fusos. Ergue enor­
mes atenos para moradia e cemitérios, alguns com 7 m 
de altura e 76.500 m3 de tera (iguais à carga de 15 mil 
caminhões). Sua cerâmica mostra parentesco com os 
povos do rio Napo (Equador).
■ A cultura Tapajó do baixo Amazonas (d. 1300 dC) 
alcança a conquista e impressiona os europeus pela 
compacta e populosa rede de aldeias, até ser dizimada 
no século 17. Cava grandes poços, alguns em uso até 
hoje. A cerâmica, requintada, reproduz animais.
■ A conquista dizima estes povos. A escravização 
[2.2), a desagregação da sociedade tribal e sobretudo as 
doenças européias (varíola, tuberculose) reduzem drasti­
camente a população indígena, para 100 mil habitantes 
em 1957 (12.12;. Centenas de povos são exterminados 
até 0 último homem.
46000 aC: indícios, contestados, de presença 
humana (restos de fogueira) em Pedra Furada,
S, Raimundo Nonato, PI
15300 aC: Presença humana na Lapa Vermelha, 
Lagoa Santa, I^G
11000 aC: Cerâmica em Mte. Alegre, PA 
11000 aC; Pontas de lança encontradas na 
caverna de Fort Rock, Oregon, EUA 
10000 aC: Pinturas em cavernas de Serranópolis, 
GO, e Pedra Furada, PI
9000 aC; Cultivo do trigo e cevada no Oriente Médio 
7083 aC (7): Sambaqui de Maratuá, SP, o mais 
antigo já encontrado no Brasil 
7000 aC: Cultivo da abóbora e da pimenta, México 
6000 aC: Civilização indígena na serra de 
Carajás (PA)
5000 aC: Cultivo da mandioca (vales da 
Colômbia), do milho e feijão (México)
3500 aC: Escrita piotográfica, Sumária (Iraque) 
3000 aC: Provável chegada a RO dos formadores 
do tronco TupI
3000 aC: Os sumérios (Iraque) inventam a roda,
desconhecida nas Américas antes de Colombo
2590 aC: Grande Pirâmide do Egito
2500 aC: Civilização de Huaca Prieta (Peru);
construção de casas, tecelagem
2000 aC: Povos Jê chegam ao Nordeste
2000 aC: Metalurgia no Peai
1500 aC; Cultura Olmeca (México) ergue as
1“ cidades das Américas
1300 aC: Formação da família Karib, entre
Venezuela e Guiana
1100 aC; A cultura Ananatuba introduz o milho na 
ilha de Marajó
1000 aC: Os Kaingang e Xokieng (PR, SC, RS)
se separam do tronco Jê
753 aC: Fundação de Roma
500 aC; Dispersão dos Tupi rumo ao médio
Amazonas e bacia do Paraguai
300 aC; Civilização Nazca (Peru): pirâmides,
ourivesaria, classes sociais
300 aC; Os povos Macro-Jê chegam à região
Centro-Oeste do Brasil
154 aC: Roma conquista a Lusitânia
1 dC: Ano 1 da Era Cristã
100 dC: Os Aruak chegam à Amazônia
400: A cultura Maia (Guatemala, México) Inventa
escrita hieroglífica
450: Cultura Marajoara (Marajó, PA)
467: Oueda do Império Romano
600: Teotlhuacán (México) é a maior cidade do
mundo: 100 mil habs.
700: Cultura de Tiwanaco (Bolívia)
711: Invasão árabe da Península Ibérica 
929: Califado de Córdoba: auge da cultura árabe 
na Península Ibérica
1000: o navegador vlking Lsif Erikson chega à 
América do Norte
1089: Fundada a Universidade de Salerno (Itália)
1094: O rei Atonso VI de Leão e Castela dá a
Henrique de Borgonha o Condado Portucalense,
núcleo de Portugal
1099: A 1* Cruzada toma Jenjsalém
1139; Afonso Henriques de Portucalis proclama-se
Afonso I. rei de Portugal
1147: Afonso I, com ajuda de cruzados Ingleses,
conquista Lisboa aos mouros
1150: Fundação da Universidade de Paris
1185: Sancho I, o Povoador, rei de Portugal
1189: Paio Soares de Taveirós escreve a Canção
da Ribeirinha, 1“ texto literário em português
1194: Intl Yupanqul funda o Império Inca (Peru)
1211: Afonso II, 0 Gordo, rei de Portugal
1223: Sancho II, o Capelo, rei de Portugal
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1.2 PORTUGAL / GRANDES NAVEGAÇÕES
■ A Idade Moderna. A conquista do Brasil é paite da 
grande mudança que encerra a Idade Média européia e 
afeta todo o planeta. As cidades se libertam do jugo feu­
dal. A burguesia mercantil cresce. Surgem Estados na­
cionais. monarquias absolutistas com base na aliança 
comércio-casas reais, em freqüente conflito com a 
nobreza e o clero. As Grandes Navegações criam pela 1* 
vez um mercado mundial: especiarias e sedas do 
Oriente, açúcar, ouro e prata da América, escravos da 
África. Difundem-se inovações; pólvora, armas de fogo, 
bússola, caravela, papel e imprensa de tipos móveis. A 
Renascença, o Humanismo e a Reforma subvertem o 
mundo das idéias.
■ Portugal participa da mudança. 0 pequeno reino 
(1,5 milhão de tiabs. em 1500) nasce guerreando os 
áraties. o que reforça a autoridade do rei. É um Estado 
nacional precoce, o 1 ® da Europa. A dinastia de Borgonha 
defende e expande seus poderes combatendo ora os 
mouros infiéis, ora o reino vizinho de Castela ou sua 
própria nobreza. A burguesia ganha influência, embora o 
país continue mral e feudal.
■ A Revolução de Avis impulsiona Portugal. Na
iminência de ser governado pela rainha de Castela, o 
país aclama rei (João I) o mestre de Avis, filho bastardo 
do último Borgonha. Castela, com apoio na nobreza lusa, 
cerca Lisboa por 7 meses. Uma mescla de revolta do 
povo miúdo, revolução burguesa, manobra dinástica e 
guerra de independência vence a batalha de Albujarrota. 
Comércio e cidades marítimas triunfam; nobreza e clero 
perdem espaço. Pelo padroado, o papa cede ao rei (tam­
bém Grão-Mestre da Ordem de Cristo) o poder de 
nomear bispos e aplicar excomunhões. 0 ideário medie­
val de combate ao Islã (com ajuda do lendário rei católico 
Preste João) mescla-se com interesses mercantis e a 
catequese dos gentios [2.5],
■ A expansão marítima dos séculos 15-16 vem de 
antiga familiaridade com o oceano; tradição de comércio 
(com Gênova, Países Baixos e sobretudo a Inglaterra) e 
pesca "de perto e de longo” (baleia, atum). Já no século 
14 0 rei manda plantar pinheiros para a construção naval, 
nomeia um almirante, contrata um piloto genovês. A 
dinastia de Avis faz deste esforço um plano estratégico 
metodicamente perseguido.
■ A tecnologia naval responde aos desalios do ocea­
no. As galeotas e galés movidas a vela e remos dão 
lugar à caravela (a 1® é a de Nuno Tristão, 1441): maior, 
mais larga, com proa alta. castelo de popa, mortíferos 
canhões e um revolucionário duplo velame, Invenção 
lusa: velas latinas (triangulares), próprias para qualquer 
vento; e velas quadradas para aproveitar ao máximo o 
vento de popa. Seguem-se a nau, o galeão e no século 
17 a catarra, que leva 2 mil pessoas. Avançam os instru­
mentos de navegação e a cartografia. Portugal cria a 
Escola de Sagres (1415), 1“ centro de estudos náuticos 
do mundo. Atrai os melhores cartógrafos, constnjtores 
de instrumentos navais e navegantes (o próprio Colom­
bo busca apoio para seu projeto em Lisboa antes de Ma­
dri). 0 infante D. Henrique [1394-1460], filho de João I, 
dirige a Escola.
■ Na costa d‘Áfrlca a tomada da cidade marroquina de 
Ceuta inicia a expansão colonial lusa. Gíl Eanes dobra o 
cabo Bojador. após 12 anos de tentativas, num barco de 
2 5 1, um mastro e 14 tripulantes. Ao avançar para o sul, 
Portugal ergue fortes e feitorias para comerciar pimenta, 
marfim, ouro, escravos [2.4]. A partir de uma delas (S. 
Jorge da Mina), Diogo Cão alcança a foz do rio Congo e 
Bartolomeu Dias o cabo das Tormentas (rebatizado da 
Boa Esperança), no extremo sul africano.
■ A conquista das ilhas do Atlântico inicia nos arqui­
pélagos desabitados da Madeira e de Açores. Seguem- 
se as ilhas Canárias (que mais tarde passam ã Espanha). 
Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, já no GoKo da Guiné. 
Nas
ilhas, a colonização precede o comércio. Portugal 
cria ali as 1“ capitanias hereditárias, plantações de cana 
e engenhos de açúcar baseados no braço escravo.
■ A meta maior é o caminho marítimo para as Indias. 
Vasco da Gama [1469-1524], com 3 naus, atinge (1498) 
a cidade Indiana de Calicute; volta com uma carga de 
especiarias que cobre várias vezes o custo da expe­
dição. 0 comércio Europa-Oriente, cortado desde a 
conquista turca de Constantinopla, renasce, com feito­
rias e intenso tráfico com a índia. China, Japão, ilhas 
Molucas, Malásia. Navegantes lusos também chegam ã 
América do Norte. Alcançam a Terra do Bacalhau (Terra 
Nova?) em 1474, mais tarde a Groenlândia, Labrador, 
Nova Inglaterra.
■ 0 Tratado de Tordesilhas. Por todo o século 15 
Portugal e Espanha disputam as novas terras. Roma 
intervém no conflito com dúzias de bulas papais, con­
fusas, contraditórias e até adulteradas, sempre excluindo 
outros países da partilha. Após a viagem de Colombo, a 
magnitude dos interesses em jogo leva à Capitulação da 
Partição do Mar Oceano ou Tratado de Tordesilhas 
(1494): 0 mundo é dividido “de pólo a pólo' por um meri­
diano a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde; as ten-as a 
leste ficam com Lisboa, a oeste, com Madri [2.1].
■ Precursores de Cabral. Já em 1325 lendas e mapas 
europeus falam da(s) ilha(s) Brasil, associados ao pau- 
brasil e a virtudes paradisíacas. Portugal pode ter chega­
do aqui no fim do s. 15, pois para guiar-se na disputa com 
a Espanha pratica expedições de arcano (sigilosas). 
Entre elas a de João Coelho da Porta da Cruz (1493) e a 
de Duarte Pacheco Pereira (1498). Em 1488 Jean 
Cousin, da Escola Naval de Dieppe, França, teria estado 
no Amazonas com Vicente Pinzón (capitão da Nifia na 
frota de Colombo). Mais documentada a viagem (1499) 
do espanhol Alonso de Ojeda e do florentino Américo 
Vespúcio [1441-1512]. que teriam estado no RN. E é 
certo que Pinzón, meses antes de Cabral, atinge algum 
ponto do Nordeste, onde can-ega pau-brasil, e a foz do 
Amazonas, o Mar Dulce.
■ A viagem de Cabral. Logo que Vasco da Gama volta 
da índia (julho de 1499), a Coroa prepara a mais possan­
te frota da história de Portugal (13 navios). 0 capitão-mor, 
Pedro Álvares Cabral (1460-1526), obscuro fidalgo de 
Belmonte, chefia Diogo e Nicolau Coelho (parceiros de 
Vasco da Gama), Bartolomeu Dias, o escrivão designado 
para Calicute, Pero Vaz de Caminha (autor da célebre 
Carta ao rei. 1' documento sobre o Brasil, de 27 págs., 
extraviada até o século 19); no total, 1.500 homens.
■ Há 2 séculos questiona-se a versão oficial de que 
Cabral chega ao Brasil por acaso, ao afastar-se da África 
fugindo às calmarias. A expedição deixa Lisboa 
(8/3/1500) via Canárias e Cabo Verde; avista sinais de 
terra (21/4) e o monte Pascoal (22/4); lança âncoras e 
tem 0 1' contato com os índios (23/4), amistoso. Veleja 
até Porto Seguro (h. Cabrália); frei Henrique de Coimbra 
celebra a 1* missa, no ilhéu de Coroa Vermelha (26/4); 
uma grande cruz de madeira com as amias do rei preside 
a 2* missa, que batiza a Terra de Vera Cruz (1/5). Cabral 
envia uma nau a Lisboa com a noticia, deixa em terra 2 
degredados, 2 desertores e parte (2/5) para a índia, onde 
tem duvidoso sucesso (só 5 navios retomam mas com 
muitas riquezas).
■ Por algum tempo Portugal domina os mares. Auge 
sob Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal e Algaive, se­
nhor da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, 
Arábia, Pérsia e índia (1495-1521). Prosperidade; apo­
geu cultural (convento de Belém, Gil Vicente, Camões). 
Mas a liderança passa ã Espanha (graças às riquezas do 
México e Peni) e daí à Holanda e Inglaterra (onde as 
transformações burguesas são mais sólidas). Portugal se 
despovoa e pouco ganha na aventura ultramarina; decai, 
sofre uma derrota histórica e perde seu jovem rei Sebas­
tião na batalha de Alcácer-Quibir Por fim (1580), Felipe II 
de Habsburgo, rei da Espanha, com apoio na nobreza 
lusa, vence 5 rivais e toma-se rei também de Portugal 
(como Felipe II). 0 domínio espanhol dura 60 anos (2.6J. 
0 povo refugia-se no Sebastianismo (crença no mila­
groso retorno do rei Sebastião).
Cronologia
1227; Morre Gengis Khan; seus 4 filhos partilham 
o Império Mongol, o mais extenso já criado 
1235: Fundado o grande Império Mail, Africa Odd. 
1241: O exército mongol chega às portas 
de Viena
1248: Afonso III, o Bolonhês, rei de Portugual 
1250; Portugal toma o Algarve aos árabes e 
adquire seu contorno atual 
1259; DInis, o Lavrador, rei de Portugal 
1267; Castela reconhece o Algarve como 
domínio de Portugal
1267; Tomás de Aquino começa a escrever a 
Súmula Teológica
1275; O italiano Marco Polo chega a Pequim, China 
1276: 0 português Pedro Julião torna-se papa 
João XXI
1300: Povos Tapajós chegam ao baixo Amazonas 
(cultura Santarém)
1307; Fundação do Estudo Geral, d. 1537 
Universidade de Coimbra 
1319: O papa João XXII cria em Portugal a 
Ordem de Cristo
1321: Dante conclui A Divina Comédia 
1325: Fundação da cidade de Cuzco (Pem);
Início da expansão Inca 
1325; Afonso IV. o Bravo, rei de Portugal 
1337: Inglaterra e França iniciam a Guerra 
dos 100 Anos
1348; A peste negra assola a Europa (pela Itália)
1353: Tratado de pesca Inicia cinco séculos de
aliança luso-britânica
1357: Pedro I. o Cmel, rei de Portugal
1358: Começam na França as jacqueries,
rebeliões camponesas
1367; Fernando I, o Formoso, rei de Portugal 
1367; Inicio da dinastia Ming na China 
1383: João I. de Avis, rei de Portugal 
1383-1385; Revolução de Avis; dinastia de Avis: 
Castela invade Portugal; cerco de Lisboa 
1385; Portugal vence Castela na batalha de 
Aljubarrota; vitória da revolução de Avis 
1411: Paz entre Portugal e Castela 
1415: Portugal cria a Escola de Sagres 
1415; Portugal toma a cidade africana de Ceuta 
1418; O papa Martlntio V confere caráter de 
cnjzada à expansão lusa na África 
1419: Portugal ocupa a Ilha da Madeira 
1426: Capitanias hereditárias na Madeira 
1431: Ocupação lusitana dos Açores 
1433: Duarte I, o Eloqüente, rei do Portugal 
1434: Gll Eanes dobra o catio Bojador 
1435: Afonso Baldala descobre o Rio do Ouro, 
Africa Ocid.
1436; Bula Rex Regum. do papa Eugênio IV,
favorece os interesses portugueses
1438: Afonso V, o Africano, rei de Portugal
1438: Oinastla de Pachacutec Yupanqul; grande
expansão do Império Inca
1441; Ctiega a Portugal a primeira carga de
escravos trazidos da África
1441: Portugal lança ao mar a 1‘ caravela
1444: Nuno Tristão chega à foz do rio Senegal
1446; Ordenações Afonslnas, 1* código de
leis português
9/5/1453: Turcos ocupam Constantinople: data 
convencional do Início da Idade Moderna 
1454: Portugal toma as Ilhas de Cabo Verde 
1456: Padroado: o papa Nicolau V dá ao rei de 
Portugal “jurisdição espiritual” sobre as terras 
descobertas
1460: 1* bolsa de comércio, em Antuérpia 
(Holanda)
1468: Gutenberg imprime o 1* livro, uma bíblia, 
em prensa de tipos móveis metálicos
13
Cronologia 2 - COLONIA 2.1 PRIMORDIOS DA CONQUISTA / PAU-BRASIL
1471: Ocupação lusa da Ilha de S. Tomé 
1474: Joâo Vaz Corte alcança a Terra do 
Bacalhau" (América do Norte?)
1478: Construção do Grande Templo (México) 
1481; Joâo II. o Perfeito, rei de Portugal 
1481: Portugal cria alfândega especifica (Costa 
da Mina) para a Africa
1481 : Torquemada organiza a Inquisição espanhola
1482: Diogo Cão chega à foz do Congo
1483; Colombo procura (em vão) ajuda da Coroa
Portuguesa para sua viagem
1486: Bartolomeu Dias dobra o cabo das Tormentas
(d. da Boa Esperança)
12/10/1492; Colombo chega à América 
1492: Os reis católicos tomam Granada, último 
reino mouro na Península Ibérica 
1492-1S02; 2* a 4® viagens de Colombo 
1493: Bula Inter Coetera do papa Alexandre VI 
(espanhol) favorece interesses da Espanha 
na América
7/6/1494: Tratado de Tordesilhas refoirnula a 
divisão da bula de 1493, equilibrando interesses 
1495:
Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal.
1495; Pedro de Barcelos e João do Labrador, 
açorlanos, descobrem para a Inglaterra o 
Labrador (EUA)
1496: Dinastia dos Habsburgos na Espanha 
1497: Conversão forçada de judeus e muçulmanos 
(cristàos-novos) em Portugal 
1498: Vasco da Gama chega a Calicute, índia 
1499; O italiano G. Caboto, sob bandeira Inglesa, 
chega à Terra Nova
26/1/1500; O espanhol Vicente Pinzón alcança o 
Nordeste do Brasil
8/3/1500: A frota de Cabral deixa a praia do 
Restelo (Lisboa)
22/4/1500: Cabral chega à costa baiana
1501 : Américo Vespúcio percorre a costa 
brasileira (S. Francisco, Guanabara)
1501: Concessão real para Fernando de Noronha 
explorar pau-brasil
1502: Pinzón alcança a foz do Amazonas 
1S02:1" feitorias portuguesas no Brasil 
1502; Fernando de Noronha chega à ilha que 
hoje leva seu nome
1502: 2* viagem de Vasco da Gama ãs Indias 
1503: Gonçalo Coelho percorre a costa até a foz 
do rio da Prata
1504: Doação da 1* capitania, a Fernando de 
Noronha
1504: Binot Pauimier realiza a 1* incursão 
francesa no Brasil
1504: 1° bispado americano (ilha Espanhola) 
1506:1“ engenho de açúcar das Américas, 
nas Antllhas
1506; O papa Júlio II ratifica Tordesilhas e
reconhece o Brasil como domínio português
1507: Leonardo da Vinci conclui a tela A Gioconda
1509; Naufrágio de Caramuru na BA
1510: Naufrágio de portugueses (João Ramalho)
e espanhóis em São Vicente
1510: Portugal conquista Goa (índia)
1511 ; Chegam às Antilhas os 50 1 “ escravos
africanos das Américas
1511 ; Nau Bretoa leva da BA para Portugal os
l " 36 Indígenas escravos, pau-brasll e animais
1512: Ordenações Manuelinas
1512: Michelangelo começa a pintar a cúpula da
Capela Sislina, Roma
1513: Vasco Nunez de Balboa chega ao
oceano Pacífico
1513: N. Maquiavel escreve O Principe 
1514; 0 Brasil se subordina ao recém-criado
bispado de Funchal
14
■ Portugal só tem olhos para a índia. Até 1527 para lá 
vão 320 naus e 80 mil homens. A Terra de Vera Cruz fica 
semi-esquecida, tão freqüentada por portugueses [2.2.
2.6) como por franceses. Expedições guarda-costas 
(Cristóvão Jacques, 1516-1519 e 1526-1528), são raras 
e ineficazes. Algumas nem se sabe se existiram, como a 
2* de Américo Vespúcio, 1503, cujo relato inspira A 
Utopia, de Thomas More.
■ A divergência sobre Tordesilhas atesta o descaso. 
0 tratado fixa uma linha “de pólo a pólo*, dividindo tanto 
a América como a Ásia, do outro lado do globo. Mas é 
vago: situa a raia 370 léguas a leste das ilhas de Cabo 
Verde sem dizer qual. A cartografia da época é precária. 
E 0 interesse luso é puxar o limite para leste: perde terra 
no Brasil, mas ganha as ricas ilhas Molucas. A linha de 
Tordesilhas jamais é fixada no terreno. Peritos dos 2 
países propõem em Badajoz um meridiano à altura da 
foz do Guaipi (deixando S. Paulo do lado espanhol). 
Quando Portugal compra o direito sobre as Molucas. a 
tendência se inverte: Pedro Nunes, 1® cosmógrafo-mor 
luso, chega a propor (1537) uma linha do Oiapoque atual 
“até além da baía de S. Marcos", incluindo o Uruguai, 
Paraguai e metade da Argentina atuais. Já Cabeza de 
Vaca, governador do Paraguai, toma Cananéia em nome 
da Espanha (1541). 0 conflito esfria com a união ibérica 
(1580-1640) mas renasce nas guerras platinas dos 
séculos 17-18 [2.7].
■ 0 pau-brasil é o único atrativo da nova terra. 
Empresta-lhe até o nome. vencendo piedosas propostas 
de Cabral (Vera Cruz) e Manoel I (Santa Cruz); mau sinal 
segundo os 1® cronistas, em geral padres. 0 Caesal- 
pinia echinata, pau-de-tinta, em tupi ibirapitanga, vale 
pelo ceme, vermelho vivo, usado já no século 9 para tin­
gir panos. Dá em toda a costa do RJ a PE. A Coroa 
impôe seu monopólio sobre o produto (1502) e arrenda 
0 direito de extração a particulares (Fernando de 
Noronha é o 1'). Mas há a concorrência dos entrelopos 
(traficantes não autorizados), sobretudo franceses [2.2j. 
0 pau-brasil dá bom lucro: 1 quintal (581<) custa 0,5 du­
cado e rende 3. Dispensa instalações. Os índios o der­
rubam. serram, racham e carregam em troca de facas, 
machados, quinquilharias, em regime de escambo. 0 
monopólio da Coroa sobrevive à colônia (até 1859) mas 
a árvore escasseia; no século 19 é substituído pelas 
anilinas industriais.
■ A expedição colonizadora de Martim Afonso de 
Sousa (1530-1532) é a 1* a ir além do extrativismo. Seu 
chefe, fidalgo de sangue real, recebe poderes de vida e 
morte, inclusive de doar sesmarias a homens de quali­
dades (nobres) e de posses (negociantes enriquecidos) 
Traz 5 naves, 400 homens, sementes, mudas de cana 
Em PE envia Diogo Leite ao norte com 2 navios e se 
gue para o sul. Na BA encontra Diogo Álvares, o Cara 
muru, náufrago d. 1509. que vive com os Tupinambá. 
Na Guanabara. 4 homens fazem a 1* entrada pelo ser­
tão (760 km); a 2*. 80 homens: saí de Cananéia e não 
retorna. M. A. Sousa segue até a foz do Prata, onde nau­
fraga. Seu irmão Pero Lopes sobe o rio até a atual 
S. Pedro (Argentina) e toma posse da terra. Na volta, a 
frota aporta na ilha de S. Vicente (SP), já conhecida 
como Porto dos Escravos. Serra do Mar acima, vive ali 
(d. 1510) 0 náufrago Joáo Ramalho ;2.2], com os Goia- 
ná. M. A. Sousa funda na ilha a vila de S. Vicente, 1* do 
Brasil (22/1/1532), Cria o 1* engenho de açúcar (movido 
a água), distribui as 1“ sesmarias. nomeia os 1“ fun­
cionários. Ao voltar a Lisboa (1532), deixa um núcleo de 
povoamento que dura até hoje.
■ Com as capitanias hereditárias tenta-se a ocupação 
à base da iniciativa particular (como nas ilhas do 
Atlântico). João III entrega 14 delas a navegantes, sol­
dados do Oriente, fidalgos (1532-1534), com vastos 
poderes; doar sesmarias, condenar plebeus â morte e 
fidalgos ao degredo. 0 sistema é contido pela resistên­
cia indígena, a distância, o desinteresse. No MA, RN, 
CE, s. Tomé (hoje Campos, RJ), Sto. Amaro (SP),
Santana e Ilha de Trindade, a ocupação é desprezível ou 
nula. Em Itamaracá (PE), BA. Ilhéus, Porto Seguro, ES, 
é rarefeita. deficitária, vegetativa. Em contraste, PE e S. 
Vicente prosperam. Pernambuco (ou Nova Lusitânia) 
toma-se o centro da cultura canavieira [2.3]. 0 donatário, 
Duarte Coelho, traz a família, ergue torre de pedra e cal, 
expulsa os índios, contém e organiza os colonos, funda 
a vila de Olinda. Seu cunhado, Jerónimo de Albuquer­
que, conquista e povoa (com 24 filhos) boa parte do 
Norte. Nos anos 80 a capitania exporta 40-50 navios-ano 
de açúcar, pau-brasil, algodão, tabaco. Em S. Vicente a 
serra limita as terras para cana e o donatário, A. 
Sousa, fica nas índias. Há choques com espanhóis, fran­
ceses, ingleses e sobretudo índios [2.2]. Serra acima 
fonnna-se o 1- núcleo interiorano, a vila de Sto. André da 
Borda do Campo (João Ramalho), baseado na escra­
vidão indígena, gado, lavoura de subsistência, intensa 
catequese jesuíta d. 1553 [2,51, fundação do colégio de 
S. Paulo do Campo de Piratininga. núcleo da cidade de 
S. Paulo (25/V1554).
■ Ao criar o governo geral do Brasil, a Coroa admite 
0 fracasso da ocupação por particulares. Assume a ini­
ciativa nas capitanias reais do Rio Grande (d. RN), PB, 
BA e RJ. Elabora minucioso projeto colonizador (Re­
gimentos. 1548). 0 1^ governador, Tomé de Sousa, ex- 
combatente na África e índia, chega â BA (1549) com 
pedreiros, carpinteiros. 200 soldados. 300 colonos, 400 
degredados. Funda Salvador, 1* cidade e 1® capital bra­
sileira, murada com taipa e rodeada de fortes, com 
casas do governo, da Câmara, dos Contos, Alfândega, 
Matriz e a Sé do futuro bispado. Cria um pequeno 
estaleiro, manda vir gado de Cabo Verde (na caravela 
Galga, da Coroa), viaja em inspeçáo pelo Sul. Só a 
próspera PE escapa à autoridade de Salvador. 0 im­
pulso estatal e o açúcar impulsionam a colônia. A ocupa­
ção é “de caranguejo”, apenas na costa, por política de 
Lisboa (tal como na África e Ásia); Tomé de Sousa re­
jeita até a idéia
(padre Nóbrega) de criar um povoado 
em Piratininga.
■ A sociedade do Brasil quinhentista é bem distinta 
da européia. A imigração espontânea só virá no fim do 
século 17 [2.8!. Portugal, pouco populoso e fascinado 
pela índia, envia à colônia degredados (pena fartamente 
aplicada a dissidentes políticos e religiosos); e o degre­
do no Brasil é pior que na Guiné. Há muitos cristâos- 
novos (judeus forçados à conversão em 1497). Em 1583 
há no Brasil 25 mil brancos e mestiços. 18 mil índios 
mansos e 14 mil negros. Mulheres brancas são raríssi- 
mas. As 1“ chegam em 1551; 3 meninas órfãs enviadas 
pela Coroa; só no século 19 haverá imigração significa­
tiva de européias.
■ Nas 1“ gerações, os mazombos (descendentes de 
europeus nascidos no Brasil) são quase sempre ma- 
melucos (do árabe mamiuk, escravo), mestiços de por­
tuguês e índio. Os padres, que Nóbrega chama “escó­
ria', fecham os olhos aos amigamentos e à poligamia, 
quando não os praticam; o escritor holandês Gaspar 
Barlaeus Ilustra, citando um dito da época; "Ultram 
Equlnoctialem non peccari" ("Não há pecado além do 
Equador). A escravidão indígena [2.2), formalmente 
proibida, é comqueira. Na área do açúcar a escravidão 
negra [2.4] ganha terreno; prevalecerá em meados do 
século 17.
■ A base tecnológica, também mestiça, tem forte 
marca Tupi: agricultura da floresta tropical, estribada na 
mandioca, milho e coivara. em mescla com elementos 
europeus (armas e ferramentas de ferro, pólvora, monjo­
lo de pilar, animais domésticos, carro de boi, sal, sabão, 
couro curtido, aguardente, lamparina). Sofistica-se no 
engenho de açúcar, que usa tecnologia de ponta para a 
época ;2.3]. 0 contato intercapitanlas, desencorajado 
pela metrópole, é raro. S. Vicente liga-se mais fácil a 
Lisboa que à Bahia. 0 trajeto Salvador-S. Vicente leva
21 dias, a Lisboa 30-60 dias, a Luanda 40 dias: subir a 
serra, de S. Vicente a S. Paulo. 4 dias.
_________ > d 9 —
Anhembi 
(Tietê) ( I 5^ f
A barreira da Serra do Mar
Vicente „ 
(litoral) ® 
Piratininga _ 
(planalto) “
Mata atlântica ^
15
Cronologia
1514; Femão de Magalhães cria a feitoría de 
Todos os Santos, BA 
1514: Os portugueses chegam à China 
1516; Expedição guarda-costas de Cristóvão 
Jacques, até o rio da Prata, funda feitoria em PE 
1516: Thomas l^ore escreve A Utopia, inspirado 
no relato de viagem sul-americana de Américo 
Vespúcio
1519: O português Femão de Magalhães, a 
serviço da Espanha, inicia a 1 ‘ viagem de 
circunavegação
1519; M. Lutero rompe com a Igreja de Roma.
Início da Reforma Protestante
1519; Carlos I da Espanha toma-se Carlos V,
imperador do Sacro Império Romano-Germânico
1519: F. Cortez Inicia conquista do México
1521: João III, rei de Portugal
1521; Expedição lusitana (Aleixo Garcia), do porto
de Patos, pelo sertão, até Potosi
1524; A Comédia do Viúvo, de Gll Vicente
1524: O espanhol F. Pizarro invade o Império Inca
1524: Conferência luso-espanhola de Badajós
1525; Introdução da batata na Europa
1526; João III nomeia governador do Brasil C.
Jacques. Ele chefia 2° expedIçSo guarda-costas,
que aprisiona na BA e executa 300 franceses
1526: Feitoria na ilha de Itamaracá
1526; Entrada de Aleixo Garcia, partindo de
S. Vicente
1529; Espanha cede as Molucas a Portugal 
1530: Franceses destroem feitoria de PE 
1530: João III Institui no Brasil o sistema de 
capitanias hereditárias 
1530; 1“ inglês (W. Hawkins) no Brasil 
1531; Terremoto em Lisboa 
1531; Expedição de Martim Afonso de Sousa; 
expedição de Diogo Leite até o MA 
22/1/1532; M. A. de Sousa funda a vila de 
S. Vicente
1532:1“ engenhos em S, Vicente
1532; Pero Lopes de Sousa retoma dos franceses
a feitoria de Igaraçu
1533; 1* imprensa das Américas (religiosa), 
no México
1533: Pizarro toma Cuzco, capital do Império Inca 
1534; Introdução do gado, em S. Vicente 
1534: O espanhol Inácio de Loyola cria em Paris 
a Companhia de Jesus (jesuíta)
1534: Implantação do sistema das capitanias 
hereditárias
12/3/1535: Fundação da vila de Olinda, PE
1535: 1° engenho que produz em escala
comercial, em Olinda, PE
1535: Instituição do degredo no Brasil
1535: Fundados os povoados do Espirito Santo
(d. Vitória) e Vila Velha, ES, Igaraçu e Olinda, PE
1536: Bula papal cna a Inquisição em Lisboa
1536: Fundação da vila de Santos, SP
1536: P. de Mendonza funda Buenos Aires
1537: Fundação de Iguape, SP
1537: Bula papal repudia a escravidão dos índios,
"criaturas de Deus iguais a todos'
1538: 1 ' desembarque documentado de escravos
africanos no Brasil
1B38: Ataque dos Tupinlkim no ES
1538; Bula papal cria Universidade de S. Tomás,
em S. Domingo, a 1 “ das Américas
1539: Duarte Coelho, de PE, pede licença ao rei
para trazer escravos da Guiné
1539: Joâo III confia a catequese das colônias
de Portugal à recém-fundada Companhia
de Jesus
1540-1542: Francisco Orellana, oficial de Pizarro, 
desce a Amazonas 
16
■ 0 1° contato com o$ indígertas é amistoso, “São 
mais nossos amigos que nós seus', diz Caminha. Mas em 
1511 os 1=* 35 esaavos são levados na nau Bretoa. Com 
a ocupação, o cativeiro se alastra. Santos é o Porto dos 
Escravos, preados por Antônio Rodrigues (litoral) e Joâo 
Ramalho (sertão). A ima^m-padrão do gentío passa a ser 
de falso, covarde, preguiçoso, estiipido, sem lei, sem rei, 
sem Deus e sobretudo canibal. Duvida-se que tenha alma.
A escravização é associada à civilização e catequese, 
como ato cristão e meritório.
■ A preagem (captura) se apóia em tribos aliadas (em SP 
os (3oltacà do cacique Tfciriçá) e armas de fogo. Homens e 
mulheres são trazidos ‘como carneiros e ovelhas", em 
canoas ou por terra, atados pelo pescoço, às centenas, 
depois aos milhares. A oferta de escravos sotje brusca­
mente com os ataques paulistas às missões guaranis [2.6, 
2.7). Em 130 anos, 2 milhões sâo mortos ou escravizados.
■ Escravidão negra e vermelha convivem. Uma do­
mina as áreas ricas [2.4], outra o sertão potire (SP, MA, PA).
A abundância, o "vício' de recusar trabalho forçado, fugir e 
morrer à toa depreciam o “negro da tenra', face ao “da 
Guiné'. A lei em tese veda a escravidão indígena desde 
1570, mas abre sempre exceções: para os Aimoré, os cap­
turados em "guerra justa', os “íncSos de corda” (vencidos por 
outra tribo e amarrados â espera do sacrifido). Seu hábil 
manuseb penmite o cativeiro em ampla escala. 0 testamen­
to do bandeirante A. Pedroso de Barros (1652) indui 500 
cativos. A escravidão vermelha entra pelo século 19. Na 
Amazônia de 1866, compra-se um íncSo por um machado.
■ Os jesuítas condenam e combatem a escravidão ver­
melha (não a negra); são hostilizados e até expulsos por 
Isso. Mas sua posição é dtï)ia Nóbrega considera os índios 
trutos animais', 'cães’ , "porcos", feras bravas'; e apóia a 
posse de ‘escravos legítimos, tomados em guerra justa'.
■ Os indígenas resistem pela guerra à invasão e escra­
vidão. Vencidos, às vezes após gerações, seus sobrevi­
ventes caem no cativeiro ou se internam pelo sertão
■ Guerra (ou Confederação) dos Tamoios (1555- 
1567): conflagra o RJ e SP, de Cabo Frio a Itanhaém. Os 
Tupinambá se aliam aos Carijó (Guarulhos), Guayaná, 
parte dos Tupinikim e franceses. Tamoio em tupi é mais 
velho ; por extensão, nativo. A ngor não há confederação, 
mas unidade de ação Cunhambebe, cacique de Ubatuba 
(h. Angra dos Reis), pintado como um “monstro" de 
estatura e força, ‘hediondo antropófago" capaz de recu­
sar outro alimento afora carne humana, é o 1' a revidar à 
preagem. morre numa epidemia de sarampo fatal aos 
Tamoios; assume Aimberè, de Uruçumirim (hoje morro 
da Glória, Rio). Jaguanharo, Tupinikim e sobrinho de 
Tibiriçá, tenta em vão a adesão do lio. Os rebeldes, esti­
mados em 10 mil, reúnem até 180 canoas com guer­
reiros. Fracassam num assalto a Piratininga mas vencem 
um combate em que matam Tibiriçá, Caiubi e Femão, 
filho de Mem de Sá. Nóbrega e Anchieta
negociam em 
Iperoig (Ubatuba) um acordo de paz (1563), que inclui a 
libertação dos escravos. Um ano depois a preagem reco­
meça e com ela a guerra.
■ A França não acata a linha de Tordesilhas; o rei 
Francisco I diz (1517) que só a aceita após ver o testamen­
to de Adão. Os franceses carregam pau-brasil, em ótimas 
relações com os Tupi. (to RJ, fundam uma colônia que se 
imbtica com a Guerra dos Tamoios: é a França Antártida de 
Nicolas D. de Villegaignon, com patrocínio do aim. Coligny, 
simpatia do rei francês Henrique II, apok) de armadores e 
caMnistas, C^hegam ao RJ em 2 navios, 200 cokinos 
(10/11/1555). Erguem o forte Coligiy na ilha de Serigipe (h. 
Ville^ignon) e planejam uma cidade em terra limite, 
Hennville, Os índios apóiam os mair (franceses) contra os 
peró (portugueses); o govemo Duarte da Costa não reage.
A Europa calvinista envia mais 3 naus, 300 colonos, mu­
lheres, 2 teólogos. Envolvido em doutas doutrinárias, Ville­
gaignon passa a chefia a seu sobrinho B. Le Compte e volta 
à Ftança (1559). 0 novo govemadof-gerai Mem de Sá, com 
2 mil homens mais reforços de SP, destrói o forte e dispersa
os franceses. Os remanescentes so confundem com os
2.2 ín d io s /FRANCESES NO RIO<
Tamoios e alguns se integram com eles (Ernesto, ou 
Quaraciaba, genro de Aimberè morto em Uruçumirim).
■ Fundação do Rio de Janeiro. Lisboa envia tropas, tam­
bém a BA e ES (os Temiminó de Araribóia). No comando, 
Estácto de Sá (sobrinho de Mem de Sá) funda ao chegar 
(1»/3/l565) à cidade de 8. Sebastião do Rio de Janeiro, 
mero acampamento na enseada de Botafogo. Ataques 
tannoios fazem Anchieta pedir a volta de Mem de Sá. Na 
batalha decisiva de Unjçumlrim (12 mil combatentes), 
Estácio de Sá é ferido de morte por uma flecha, mas vence. 
As cabeças de Aimberè e outros são fincadas em estacas. 
Anchieta narra os “gestos heróicos”: “160 aldeias incen­
diadas, passado tudo ao fio da espada”. Mem de Sá muda 
a cidade para o atual Castelo, ergue baluartes, muros; 
doa uma sesmaria (h. Niterói) a Araribóia. 0 RJ toma-se 
Capitania Real, entregue a uma dinastia da família Sá; em 
1600 tem 750 europeus e 100 negros.
■ Guerra dos Aimoré (1555-1673); atinge Ilhéus, BA, 
Porto Seguro. Os Aimoré (botocudos), povo Jê (B/\, ES, 
MG) atacam até o Recôncavo. São sufocados 1 século 
depois (graças a guerreiros Tabajara trazidos da PB), mas 
em 1718-1780 assolam a área com guennlhas. Por seu valor 
militar, são comparados aos Araucano do Chile. Ainda em 
1808 0 regente declara "guerra justa’ aos botocudos.
■ Guerra dos Potiguara (1586-1599): detém a conquista 
da PB até o final do século. Os chefes Tejucupapo e Pena- 
cama levantam 50 aldeias, com apoio francês. São venci­
dos pela varíola e pelo auxílio dos Tabajara aos portugue­
ses. Seus descendentes vivem hoje na baía da Traição, 
assim chamada devido à violação da paz pelo governo.
■ Levante Tupinambá (PA, 1617-1621): começa em Cu- 
mã, onde todos os brancos são mortos. Ataca Belém 
(1619) sob comando do chefe Guaimiaba (Cabelo de Ve­
lha), morto em combate. A repressão é auxiliada por uma 
epidemia de varíola.
■ Guerra do Açu, dos Bárbaros ou Confederação 
Cariri (sertão da PB, RN, CE, PE, 1686-1692): causada 
pelo gado solto que os índios caçam, envolve os Janduim 
e outros povos Jè liderados por Canindé (preso em 1690) 
e Caracará. Ataques à fortaleza do Açu, ameaça à dos 
Reis Magos (h. Natal). 0 bandeirante D. Jorge Velho [2.4] 
ataca os Cariri com 600 homens, sem êxito. Um acordo 
de “paz perpétua" entre “D. Pedro I, rei de Portugal e 
Algarves, e Canindé, rei dos Janduim”, assinado na pre­
sença de 70 caciques, é violado 2 anos depois. Em 1993 
restam 29 Cariri no Nordeste.
■ Revolta de Manu Udino (PI, MA, CE, 1712-1719): o 
estopim é o fazendeiro A. C. Souto Maior (que violenta mu­
lheres e a seguir mata-as a machadadas), morto por seus 
índk». Estende-se (fazendas destmldas, portugueses mor­
tos) e projeta um líder, Manu Ladino, um Cariri educado por 
padres, por 7 anos o homem forte do Meio-Norte. Conflitos 
tribais dividem a revolta, afinal esmagada por uma expe­
dição punitiva dos fazendeiros.
■ Guen-a dos Manau (Afvl, 1723-1728): impede por 4 anos 
quak)uer barco luso de subir o rio Negro, densamente 
povoado. Seu líder, Ajuricaba, rompe com o pai^ cacique dos 
Manau, e lança o lema “Esta tena tem dono". E vencido por 
um navio que d. João V envia de Lisboa para bombardear 
as aldeias ribeirinhas. Ajuricaba, levado preso a Belém, 
segundo a lenda, atira-se no rio ao avistar a cidade.
■ A resistência Gualkuru (MT, 1725-1744) ataca várias 
vezes Cuiabá, V Bela, Assunção e as monções [2.7], Os 
exímios cavaleiros Mbayá-Gualkum aliam-se aos Payaguá- 
Guaikutu, canoeiros, que se sen/em dos remos como 
lanças. Chegam a r^tu rar e vender bandeirantes como 
escravos em Assunção.
■ Guerrilha Mura: dura 1 século nos vales do baixo Punis, 
Negro, Madeira. Grandes canoeiros, os Mura fustigam o inimi­
go e se refugiam em meandros fluviais onde ninguém ousa 
penetrar. Aldeados pelos carmeítas (1689), [)õem fim à re­
sistência e colaboram no massacre dos Mundurucu e Juma.
■ Guerra Guaranítica (RS, 1753-1756); [2.6],
17
IS
2.3 ECONOMIA/SOCIEDADES DA CANA E DO COURO
■ A cana-de-açúcar é plantada já na antigüidade (In­
dia, China, Java); os árabes levam-na à Europa. Na Ida­
de Média açúcar é artigo de luxo, vendido em boticas. 
No século 15 as ilhas portuguesas lideram a produção 
(7,5 mil t/ano). A conquista das Américas faz explodir a 
produção e consumo; o açúcar toma-se a 1* monocultu­
ra, totalmente voltada para o mercado; a 1* agroindústria, 
praticada em grande escala; e a 1* commodity, comercia­
lizada em nível mundial.
■ 0 Início do cultivo no Brasil tem data incerta. Mar­
tim Afonso de Sousa ergue (1532) o 1 ' engenho [2.1). A 
energia hidráulica, o massapé (solo argiloso, negro e rico 
do litoral-Nordeste) e a técnica das ilhas favorecem a pro­
dução, que em 1560 passa às Antilhas, torna-se a mais 
rentável do planeta e faz do Brasil o maior exportador 
mundial. Em 1573 PE tem 23 engenhos; a BA, 18; o Bra­
sil, 60. Em 1600 eles já são 124; Itamaracá, Porto Segu­
ro, ES, SP mais tarde PB, AL e SE moem cana. Em 1652 
0 açúcar nordestino atinge o pico. Mas d. 1641 a produ­
ção antilhana toma impulso: a oferta abundante derruba 
os preços a 50%. No século 18 o ouro das fainas [2.8] 
encarece o braço escravo e agrava a crise. Em 1749 PE 
tem 202 engenhos "moentes" (em uso) e 39 "de fogo mor­
to” (paralisados). A economia nordestina se atrofia (queda 
da renda per capita, lavoura de subsistência rudimentar).
■ 0 sistema produtivo é a plantation, inovação lusita­
na que tem no engenho de açúcar seu padrão: latifúndio, 
grande produção, escravagismo, monocultura, exporta­
ção, monopólio colonial. É um sistema contraditório. A 
ten'a farta gera relativo atraso na lavoura, itinerante, sem 
irrigação ou adubagem (ao contrário das ilhas); já o en­
genho é uma unidade produtiva sofisticada para a época: 
complexa divisão do trabalho, com 18 funções especiali­
zadas, 11 braçais, afora as de apoio. Mas a base lati- 
fundiário-escravista limita a formação de um mercado 
interno e a renovação tecnológica. 0 sistema não se 
altera por mais de 3 séculos.
■ 0 engenho tem fábrica e campo. 0 campo abarca uns 
mil ha: a cana não cobre 10%; o resto são pastos (o trans­
porte é em carro-de-boi), matas (as caldeiras queimam 
muita lenha), cultivos para consumo (mandioca, feijão, 
milho), áreas para deslocar a plantação quando a terra 
cansa. Os escravos de eilo (60% do total) plantam, limpam 
e cortam, vigiados por feitores. As escravas enfeixam a 
cana. A jornada de trabalho vai das 6 às 18 h. Na safra, de 
agosto a abril, há ainda um turno extra (kiningo) na fábrica.
■ A fábrica, 0 engenho propriamente, Inclui: 1)Amoen- 
da, movida a água (rasteira ou copeira segundo
a posi^o 
da roda) ou tração animal; nos Irapiches, 3 grossos cilin­
dros moem as canas. 2) A casa das caldeiras, onde se 
coze e bale o melado; trabalha dia e noite nos 7-8 meses 
da safra, sob as ordens do mestre de açúcar e do ban­
queiro; é 0 trabalho mais insalubre e perigoso (Vieira com­
para-o ao Infemo). 3) A casa de purgar, que decanta o 
açúcar por 40 dias em formas cônicas: 4) A caixaria, onde 
0 produto vai para caixas de madeira de 500-600 kg, ca- 
lafetadas com barro e forradas com folhas de bananeira. 
0 engenho inclui ainda oficinas, casa-grande, senzala, 
enfermaria, capela, quase sempre cais e alambique. Em­
prega barqueiros, calafates, carapinas, alfaiates, carreiros, 
oleiros, vaqueiros. Assalariados, e mais tarde escravos, 
realizam as funções especializadas (inclusive a de feitor- 
mor). Um engenho real (de bom porte) fabrica 150-2501 de 
açúcar (mil vezes menos que uma usina hoje) e tem 150- 
200 escravos. Um pequeno, 50 escravos. Abaixo deste 
piso está 0 lavrador, que mói sua cana na fábrica alheia.
■ A sociedade do açúcar tem no topo o senhor de en­
genho, que mesmo se for plebeu recebe privilégios de 
nobreza e impenhorabilidade. Seu poder mede-se pela 
escravaria e seu luxo rivaliza com o da corte (sedas, da­
mascos, vinhos, cavalos de raça). A sua roda circulam 
parentes, flâmulos, hóspedes, padres, agregados, escra­
vos domésticos (de 12 a 60, pajens, estribeiros, cozinhei­
ros, criados, amas, mutamas, crias fle estimação). Em 
sua terra vivem, de favor, moradores (agregados), com
paupérrima lavoura de subsistência. Quase não há pe­
quena propriedade. A reduzida população assalariada di­
minui, camadas métSas são escassas. A monocultura atro­
fia 0 cultivo de alimentos e, afora os mais abastados, a 
população cotonial uma subnutrição crônica. 0 campo do­
mina a cidade. Muitos comerciantes e funcionários são 
também senhores de engenho. 0 custeio, transporte e ven­
da do açúcar ficam a cargo de portugueses e holande­
ses. Nã base da pirâmide estão os escravos de eito [2.4],
■ Aguardente e rapadura são produzidas nos enge­
nhos ou em unidades escravistas menores (engenhocas, 
molinetes). Destinam-se ao consumo interno e também 
ao escambo para adquirir escravos na costa d'África,
■ 0 tabaco, nativo, fumado pelos índios, é cultivado 
desde o fim do século 16, sobretudo no Recôncavo Baia­
no (Cachoeira), por pequenos produtores (até 3 escra­
vos) brancos e até mulatos. É lavoura exigente e na safra 
todos trabalham, escravos ou não. Conquista a Europa e 
é muito usado no escambo de escravos entre a Costa da 
l/ina e BA.
■ 0 algodão é plantado para consumo, de SP ao PA, 
e para exportação, nas áreas não-canavieiras do NE 
(MA), em fazendolas de 10 escravos, lavouras familiares, 
mais tarde em grandes fazendas de até 300 escravos. 
Escravidão vermelha e negra. Técnica rudimentar, no iní­
cio totalmente manual; após o século 18 usa primitivos 
descaroçadores de 2 cilindros.
A cultura do couro
■ A expansão pecuária parte do engenho, que requer 
bois-de-carro em n® igual ao de escravos. Carta régia de 
1701 reserva à cana as melhores terras e proíbe a cria­
ção até 10 léguas da costa. 0 gado ganha o sertão mar­
geando os rios: desbrava, por dentro, o PI, MA, MG, GO. 
Garcia D'Ávila em 1552 possui 200 cabeças; sua Casa da 
Torre chega a ter dúzias de fazendas, ao longo de 1.650 
km do S. Francisco, o rio dos Currais. Após a Guerra do 
Açu [2.2], Jorge Velho e outros paulistas tomam ses­
marias no NE; Domingos Sertão funda 39 fazendas no Pl. 
Expulsão ou extinção dos índios, que caçam as reses.
■ A fazenda de gado dispensa o grande investimento 
do engenho. Pode começar com 25-30 cavalos, 200-300 
reses, e chegar a 20 mil. Suas células são os currais, 
cada um com 200-1.000 cabeças. É uma pecuária exten­
siva. seminômade, de baixíssima densidade econômica, 
quase autárquica, mas autopropulsada, capaz de expan­
são. No semi-árido a natureza reduz a estatura de bois e 
homens. 0 principal produto é o couro, fartamente con­
sumido na fazenda e exportado sob fomia de solas 
(feiras de gado). Também se toca boiadas de 100-300 
cabeças até Salvador e Olinda, em viagens de até 3 
meses (se não há seca) e com perda de metade das 
reses. A came de sol se difunde no século 18.
■ 0 vaqueiro com freqüência não é escravo (na pecuária 
0 escravismo se mesda com formas de servidão). Ajudado 
pela fábrica (aprendiz), amansa, ferra, cura bicheiras (duran­
te a vaquejada anual), queima o pasto, m \a cobras, mor­
cegos, onças, abre cacimbas (p o ^ ). A paga é 1 cria em 
cada 4. 0 dono em geral mora b n ^ , às vezes em seu 
en^nho litorâneo. A cultura do couro é menos européia, 
mais pobre e nistica que a da cana. 0 sertanejo sofre influên­
cia Jé, desde o uso do aboto até o fenótipo docabeça-chata...
■ 0 gado platino é o outro foco da expansão (em 
menor escala. S. Vicente, Marajó). As 1“ reses chegam a 
Assunção em 1556, “Vaca de Gaeta", se multiplicam 
soltas no pampa e atingem (1608) o atual RS [2.5^ 0 sis­
tema na estância também é extensivo: nas mangueiras o 
gado é manso; nas vacarias, bravo e sem dono. 0 gaú­
cho (tipo comum a todo o pampa platino) por bom tempo 
é mais um caçador que um criador Exporta-se o couro e, 
no século 18, reses e montarias para MQ (S.S). Após 
1733, indústria de came de charque (invento cearense): 
a charqueada escravista do Brasil concorre em desvan­
tagem com 0 saiadero argeniino ou uruguaio, que empre­
ga assalariados.
Cronologia
1540: Fuga de Indígenas para a Amazónia 
1540: Rebelião dos Tupinambá em Ilhéus 
1540: o papa Paulo III aprova a Companhia de 
Jesus: jesuítas chegam a Portugal 
1540: A Inquisição portuguesa estabelece a 
censura e um tribunal (Porto); o cardeal 
d. Henrique é o inquisidor-geral 
1541: Cabeza de Vaca toma Cananéia,
8. Francisco e Sta. Catarina para a Espanha 
1541: Fundação de Santiago (Chile)
1541: Michelangelo conclui o Juízo Final na 
capela Sistina, Roma 
1542: Navegadores portugueses chegam 
ao Japão
1543: Fundação da Sta. Casa de Misericórdia de 
Santos, a 1* do Brasil
1543: Copémico defende a teoria heliocêntrica em 
Das Revoluções dos Mundos Celestes 
1545-1564: Concílio de Trento adapta a Igreja 
Católica à era pós-Reforma 
1546: Campos Tourinho, donatário de Porto 
Seguro, é preso como herege e sacrílego 
1547; Ataque dos Tupinambá a Sto. Amaro 
1547: Ivan IV, oTerrível, proclama-se 1® tzar 
(césar) da Rússia
1548: A Coroa compra a capitania da BA 
7/1/1549: Tomé de Sousa, a mando de Joáo III, 
instala na BA o 1® governo geral do Brasil 
1V11/1549: Fundação de Salvador, 1* cidade 
do Brasil
1549: o jesuíta Francisco Xavier chega ao Japão 
1549: Chegada ao Brasil dos seis 1“ jesuítas 
(pe. Manoel da Nóbrega)
1550: Lote de negros da Guiné chega à BA 
1550: O pe. Nóbrega pede ao rei que envie 
mulheres, “até meretrizes", ao Brasil 
1550: Chegam à BA, de Cabo Verde, as 
1" cabeças de gado
1551: Construção da Casa da Torre, o castelo dos 
Garcia D'Avila na BA
1551: 1“ mulheres brancas (3 óriãs) no Brasil 
1551: Criada a Universidade de S. Marcos, Peru 
1552: João Ramalho, capitão-mor de SP 
1553: Duarte da Costa, governador-geral 
1553: Fundação de Sto. André da Borda do 
Campo, 1* vila brasileira longe da costa 
1553: Criada a Província Jesuíta do Brasil 
1553: Tomé de Sousa permite escravidão 
indígena em caso de “guerra justa"
1SS3: Executado Miguel Servet, médico e 
teólogo espanhol, descobridor da circulação 
sangüínea
1553: Anchieta chega ao Brasil
25/1/1554: Jesuítas fundam o colégio e povoado
de S. Paulo de Piratininga
1554: 1® livro escrito no Brasil, Diálogos Sobro a 
Conversão dos Gentios (Nóbrega)
1554: Jesuítas espanhóis fundam o povoado de 
Ontiveros (atual PR)
1554: Espanhóis fundam a Cidade Real do Guairá 
(h. Guaíra, PR)
1555: Villegaignon funda a França Antártida, na 
Guanabara, RJ
1556: Juan de Salazar
leva as 1“ cabeças de 
gado à bacia Platina ("Vaca do Gaeta")
1556: Naufraga a nau N. S* da Ajuda: os Caetés 
(AL) matam e devoram d. Fernando Sardinha,
1“ bispo do Brasil
1556: Filipe II, rei da Espanha
1557: Sebastião I, rei de Portugal (aos 3 anos):
Catarina da Áustria, regente
1557: o alemão Hans Staden publica llvro sobre
seu cativeiro pelos Tupinambá do RJ
1557; Mem de Sá, governador-geral 
1558: Nóbrega autoriza as 1“ reduções jesuítas
19
Cronologia 2.4 ESCRAVIDAO NEGRA / TRAFICO / QUILOMBOS
1558; Sâo Paulo ganha foro de vila 
1558; Fernão de Sá combate com 200 homens 
os indígenas do ES
1559: Carta régia facilita o tráfico de escravos 
para o Brasil
1559: Armada portuguesa combate a França
Antártida na Guanabara. RJ
1559; A Espanha vence a França e afirma sua
hegemonia
1559: Os espanhóis Pedro de Ursua e Lope de 
Aguirre descem o Amazonas 
1560: Fundação da Santa Casa de Olinda 
1560; Extinção do povoado de Sto. André 
1560; “Guerra justa" dizima os Caeté, PE 
1560: Mem de Sá extermina os Tupinikim 
de Ilhéus
1560: SP descobre ouro de lavagem 
1560: 1* vitória sobre os franceses no RJ 
1562: “Guerra justa" contra os Caeté, BA 
1562: Ataque Tupinikim a S. Paulo; início da 
Guerra dos Tamoios (SP, RJ)
1562; Início das guerras religiosas na França 
1562-1563; Epidemia de varíola na BA; 70 mil 
mortos, sobretudo entre os Caeté 
1562: Cardeal d. Henrique, regente de Portugal 
1563: 2’ ataque luso aos franceses no RJ 
1563; Paz de iperoig com os Tamoio 
1564: Alvará régio cria a redízima, que carreia 
grandes recursos para os jesuítas 
1V3/1565: Estácio de Sá funda a cidade do 
Rio de Janeiro
1566-1609; Guerra de Independência dos Países 
Baixos (Holanda) contra a Espanha 
20/1/1567; Batalha de Uruçumirim; derrota final 
dos Tamoio
1567: Criação da capitania real do RJ 
1568: Maioridade do rei Sebastião I (aos 14 anos) 
1569: Peste Grande mata 60 mil em Lisboa 
1569; Proibida a indústria têxtil na América 
espanhola
1570; 1 • lel portuguesa proibindo a escravidão 
indígena (exceto dos Aimoré)
1570: Anchieta encena 1“ teatro no Brasil 
1571: Delido o avanço furco-otomano na Europa 
1571; Decreto real proíbe o transporle para o 
Brasil por naus não portuguesas 
24/8/1572: Milhares de protestantes franceses 
massacrados na Noite de S. Bartolomeu 
1572-1577; Efêmera divisão do Brasil em
2 governos com sedes em Salvador e RJ 
1572: Camões conclui Os Lusíadas 
1573: Brito de Almeida, governador (BA)
1574; Sebastião I invade o Marrocos 
1574; Brás Cubas anuncia que achou ouro 
em SP
1574: Antonio Salerma. governador (RJ)
1575; Chacina de remanescentes franceses e 
Tamoio em Cabo Frio, RJ 
1575; Expedição contra os Potiguara, PB 
1575:1* engenho em AL (Porlo Calvo)
1576: Espanhóis fundam Vila Rica do Espirito 
Santo (atual Guairá, PR)
1576: Monopólio real sobre o sal
1576; Pero de Magalhães Gândavo publica em
Lisboa o Tratado da Terra do Brasil
1578: Lourenço da Veiga, governador-geral
1578; Derrota lusitana em Alcácer-Quibir;
desaparecimento de Sebastião I; o cardeal
d. Henrique, rei de Portugal
1578: O corsário inglês Francis Drake extrai
pau-brasil no MA
1578: O francês Jean de Léry escreve História de 
uma Viagem da Terra do Brasil 
20
■ 0 escravismo colonial das Américas tem no Brasil 
seu modelo. Na Europa, acumula capital para a revolução 
burguesa. Na África, trunca, pewerte o desenvolvimento e 
trava por 3 séculos o aumento demográfico. Distinto do 
escravismo antigo, patriarcal, é o único sistema produtivo 
incapaz de reproduzir a mão-de-obra; depende do tráfico. 
Sua marca é o trabalho forçado até a morte por estafa. 
Portugal escraviza mouros na Idade ti^édia: Gil Eanes [1.2] 
traz a 1* leva de cativos da Guiné (1441). Na África da 
época há esaavidão patriarcal e algum tráfico, com o 
mundo árabe: o desenvolvimento é desigual (sociedades 
primitivas, patriarcais e avançadas): supera a Europa em 
áreas da metalurgia; Timtxictu tem universidade (1450) 
antes de Coimbra.
■ 0 tráfico negreiro envolve recursos só superados 
pelo açúcar. Liderado por Portugal e, no século 18, In­
glaterra [4.6], utiliza asientos, grandes contratos, finan­
ciados por comerciantes, banqueiros, nobres, ordens 
religiosas, monarcas. 0 pumbeiro (traficante) penetra 
até 0 pumbo (mercado tocai) e troca sal, armas, ferro, 
panos e trigo, fumo, açúcar, cachaça e búzios por cati­
vos. No porto (Luanda, Benguela, Ajudá, Congo), o navio 
pumbeiro (negreiro) embarca 200-500 fôlegos vivos no 
porão. 15% a 20% morrem na viagem de pestes, escor­
buto, suicídio, banzo. No Recife. Salvador, Rio, os cati­
vos são vendidos: a unidade de venda é a peça da índia 
(= 1 negro sadio). 0 tráfico para o Brasil vai de data in­
certa (1532?) a 1850 (4.6). Traz no total 3-3,6 milhões 
(S. Buarque, R. Simonsen, A. Taunay), 4,8-8 milhões (R. 
Mendonça, C. Prado Jr., P Calmon), 12-15 milhões (Ca- 
lógeras, R. Pombo). Os cativos pertencem a 2 grandes 
gnjpos; bantos (sobretudo de Angola): e oeste-africanos 
(Costa da Mina).
■ 0 eito na lavoura é a sina da maioria: jornada de tra­
balho, 12-18 horas; expectativa de vida. 10-15 anos; aloja­
mento na senzala, dieta de farinha, feijão, aipim, às vezes 
melaço, peixe, charque. Um negro se paga em 2,5 anos no 
engenho. 1 ano no cafá. Nas minas [2.8], o tempo de vida 
cai para 7 anos. A escravidão doméstica tem traços patri­
arcais. No século 19 aumenta o n* de negros de aluguel e 
de ganho (que vão do artesão à prostituta e ao mendigo). 
Muita família modesta vive da renda de 1-2 escravos. 0 
sistema avilta lodo trabalho e atinge ofícios qualificados 
(marceneiro, pedreiro, calceteiro, impressor ourives, joa­
lheiro. lüógrafo, alfaiate, sapateiro, barbeiro, curtidor, fer­
reiro. pintor, escultor).
■ Lei e sociedade tratam o escravo como coisa: ele 
pode ser vendido, alugado, emprestado, herdado, hipo­
tecado. Há 4 vezes mais escravos que escravas. É 
comum 0 senhor engravidar uma negra e escravizar ou 
vender o filho (5.7). Há uma hierarquia entre o cativo 
boçal (recém-vindo da África), ladino (já aclimatado, fa­
lando português) e crioulo (nascido no Brasil); entre ne­
gros e pardos ou mulatos (termo ofensivo derivado de 
mula, híbrido). Negros e mestiços forros (libertos) não 
lèm todos os direitos dos brancos.
■ A justificativa do sistema é religiosa: o negro des­
cenderia de Cã, filho maldito de Noé; o cativeiro seria a 
chance de expiar seu pecado, resgatar-se e alcançar a 
salvação. A Igreja endossa e pratica a escravidão negra. 
Seguem-se (século 19) a suposta teoria científica da 
superioridade racial européia (Gobineau) e a do escravis­
mo benevolente (apoiada nos traços patriarcais da es­
cravidão doméstica).
■ Os castigos indicam a carga conflituosa do escravis­
mo brasileiro. Usa-se correntes, algemas, gonilha ou gar­
galheira (coleira de metal); peia, viramundo (grilhão) e 
tronco (Imobiliza punhos e pés) para captura e con­
tenção. Máscara, anjinho (anel de ferro que mutila o 
dedo), palmatória, chibata (bacalhau) para suplício; a lei 
(1808) prevê até 300 chibatadas/dia (600 para o reinci­
dente). No eito, chibatadas gratuitas, para dissuasão. 
Marca com ferro em brasa (em geral as iniciais do se­
nhor) para aviltamento. A Coroa cria (1741) a pena de
marcar um F nas costas do fujão; o reincidente perde a 
orelha; o govemador de MG sugere (1718) a amputação 
de uma perna e a Câmara de Mariana (1755), o corte do 
tendão de Aquiles. A lei não pemiite ao senhor matar seu 
escravo, mas o direito consuetudinário sim,
■ A luta dos escravos marca o Brasil em nível só 
superado no Haiti. Forma principal: a quilombagem: fuga 
e formação de comunidades livres. 0 nome quimbundo 
quilombo, em uso no século 18 (antes, mocambo), desig­
na a união de 5 ou mais fugitivos. Há milhares deles, do 
AM ao RS (e na Colômbia, Cuba, Haiti, Jamaica, Peru, 
Guianas). Formam toda uma periferia
liberta da socie­
dade. Vivem da agricultura, às vezes garimpo, comércio, 
saques. SE tem 300 anos de guenilha quilombola en­
dêmica e invicta. Na BA. há mocambos até dentro da 
capital (Cabula, N. S* dos Mares, Buraco do Tatu). Com 
0 ouro e o afluxo de escravos, surgem em MG enormes 
redutos; o do Ambrósio tem 12 mil habitantes, cria gado, 
fabrica açúcar, cachaça, farinha, azeite. No RJ o quilom­
bo (destniído com ajuda de Caxias) de Manoel Congo 
(enforcado em 1839) se apóia numa sociedade secreta. 
Em Santos, SP surge o grande quilombo do Jabaquara 
[5.7], em conexão com os abolicionistas.
■ A ordem escravista declara guerra aos quilombos. 
Cria (século 17) a força annada especial dos capitães-de- 
mato, emprega tropas de índios e bandeirantes. Um deles, 
B. Bueno do Prado, traz do rio das Mortes (1751) 3.900 
pares de orelhas, como prova de seu feito.
■ Palmares, ou Angolajanga (pequena Angola) é o 
quilombo mais populoso, duradouro, presente no imagi­
nário popular. Fica entre Garanhuns (PE) e Viçosa (AL) 
atuais, em área acidentada, de mata, ten-a boa e caça. 
Nasce com 40 negros da Guiné fugidos de Porto Calvo 
em 1630 (ou no século 16?). Com a invasão holandesa, 
cresce rápido, em fugas coletivas; tem 6 mil negros em 
1643,20-30 mil em 1677 (Salvador, 15 mil habs.. Recife 
10 mil); inclui brancos e índios. A sociedade mescla 
tradições bantos, sincretismos brasileiros e exigências 
militares. Planta e irriga milho, feijão, mandioca, banana 
(pacova), cana: come melhor que a população colonial. 
A terra é coletiva mas cada casa tem uma gleba. 
Artesanato (tecelagem, cerâmica, metalurgia). Comér­
cio com mascates (compra armas e pólvora). Bando­
leirismo, rapto de mulheres, escravização dos negros 
trazidos à força. Confederação de 11 mocambos (al­
deias) maiores, capital Macaco (1.500 casas); área de 
27 mil km'. Esboço de Estado calcado no modelo 
africano: o conselho de chefes de mocambo, fórum má­
ximo, elege Ganga-Zumba rei, por mérito de guerra. 
Sincretismo na religião e no dialeto dos Palmares, mis­
tura de banto. português e tupi. Intensa formação guer­
reira; paliçadas, fossos com estrepes, fabrico de armas, 
força amiada permanente sob comando de Ganga 
Muiça, instrução militar. Enfrenta 16 (25?) expedições 
inimigas entre 1645-1695, sendo 2 holandesas. A de 
Femão Carrilho (1677) destrói mocambos, mata Ganga 
Muiça, filhos e netos de Ganga-Zumba. Este, ferido, 
aceita um ultimato português e envia a Recife 3 filhos. 
0 acordo de paz (1678) é recusado em Lisboa e em 
Macaco; Ganga-Zumba é executado.
■ Zumbi, “ negro de singular valor, grande ânimo e 
constância rara”, sobe à chefia; nascido quilombola, cria­
do pelo pe. A. Melo, com 15 anos foge para Palmares. Os 
paulistas de Jorge Velho [2.2] retomam a guerra (1687). 
0 último ataque (1694-1697) toma o Macaco após 22 
dias de cerco. Zumbi escapa, passa à guerrilha, mas é 
tocaiado, morto (20/11/1695) e mutilado (colocam seu 
pênis dentro da boca; a cabeça, salgada, é exibida no 
Recife). Adquire status de herói, sob pressão do movi­
mento negro em 95 [13.13].
■ Outras formas de resistência: levantes organizados 
(BA, 1807-1835 [4.3]); participação em movimentos liber­
tários como a Revolta dos Alfaiates [2.11], Balaiada [4.2). 
Campanha Abolicionista [5.7].
Q uilom b<^ insertsições Desembarque de escravos no Brasil (média anual, em milhares)
21
Cronologia
1579: 1“ beneditinos chegam a Salvador 
1580: União das coroas ibéricas sob a dinastia de 
Castela; o Brasil passa a ser domínio espanhol 
1580: Filipe I (II de Espanha), rei de Portugal 
1580: Inicio do ciclo bandeirante paulista 
1580: 0 espanhol Melgarejo funda Santiago de 
Xerez. MS
1581: Junta interina no govemo geral
1581: Jerônlmo Leitão retorna do Guairá com
índios escravizados
1581:1“ convento dos beneditinos, BA
1582: Esquadra espanhola de Flores Valdez no RJ
1582; O papa Gregório XIII reforma o calendário
1583: Manuel Telles Barreto, governador-gerai
1583: S. Cori-eia de Sá, gov. do RJ, assina com
J. G. Valério 1« assento de compra de cativos negros
1B84:1= convento carmelita, Olinda, PE
1585-1591; 1® grande bandeira de caça ao índio; 
Jerônlmo Leitão destrói 300 aldeias no sertão 
dos Carijó
1585; Fundação da cidade de Fllipéla (hoje João 
Pessoa) e da Capitania Real da PB, tomada aos 
índios e franceses
1585: 1 ' convento franciscano em Olinda, PE
1586-1588: Viagem de circunavegação do 
corsário inglês Thomas Cavendish 
1587; Junta interina no governo geral
1587; Nova lei reafinna que escravidão indígena 
só om caso de “guerra justa"
1587; Gabriel Soares de Sousa narra no Tratado 
Descritivo do Brasil sua viagem pelo S. Fremcisco 
28/7/1588: Ingleses e temporal liquidam a 
“Invencível Annada” espanhola 
1588: Cristóvão de Barros toma dos índios a 
costa ao sul do r. S. Francisco 
1589; Capitania régia de Sergipe dei Rei; fundação 
da vila do S. Cristóvão
1590: 1° achado (e modesto) de ouro, nas serras 
de Jaraguá e Jaguamlmbaba, ao norte de SP 
1591: O corsário inglês Cavendish saqueia 
Santos e Incendela engenhos em S. Vicente 
1591: Francisco de Sousa, governador-geral 
1591-1595; 1* visitação da Inquisição, na BA 
1592; Bandeira de Sebastião Marinho, GO 
1592: Bandeira de A. Sardinha caça índios no 
r. Grande, SP
1592: Entrada de Gabriel Soares de Sousa sobe
0 rio Paraguaçu, BA
1593; Expulsão dos jesuítas da PB
1594; Bandeira de Jorge Correia ataca índios em
Mogi, SP
1594: Começa a colonização francesa no MA 
1594:1“ frades capuchinhos, MA, e beneditinos, 
RJ, BA, PE
1595; Shakespeare escreve Romeu e Juliela 
1595; O inglês J. Lancaster ocupa Recife 
1595: Nova lel reafirma que escravidão Indígena 
só em caso de "guerra justa”
1595; Entrada de Belchior Dias Moréia sobe o rio 
Itapicuru, SE
1595; Bandeira de Sebastião de Freitas percorre 
0 interior de S. Vicente 
1595: Anchiota oscrovo gramática tupi 
1595: 1" notícias de mocambos (quilombos) na 
região de Palmares
1596: Expulsão dos franciscanos da PB 
1596: 1“ feitorias inglesas e holandesas na 
Amazônia
1596: Entrada de J. Botafogo pelo rio Paraíba 
1596; Entrada capixaba de Diogo Martins Cão 
pelos rios Jequitinhonha e Doce
1596: Bandeiras paulistas chegam a MG
1596; Bandeira de Dominaos Rodríques pelo rio 
s. Francisco até GO
22
■ Portugal sob os Habsburgos (1580-1640 '1.2|). 0 
império espanhol, que agora indui Portugal, é o malor do 
mtjndo, mas atrasado e frágil. Com o desastre da Inven­
cível Armada (1588), decai. Listioa resiste à política cen­
tralista de Madri (‘anos de cativeiro'). Motins populares 
(Porto 1628-1634, Santarém 1629, Évora 1637) preparam 
a Restauração de 1640.
■ A Holanda (Países Baixos) lidera, com a Inglaterra, 
a mutação burguesa que deixa a Espanha para trás: é 
urbana, manufatureira, livre de travas feudais, rica (me­
tade do comércio mundial), culta, protestante. Domi­
nada pela Espanha (1551), declara-se república inde­
pendente (1581) e combate Madri até 1648 (com uma 
trégua em 1609-1621). A Invasão do Brasil é parte da 
sua Guerra de Independência, travada também na 
Europa, Ásia e África.
■ No nível econômico essa Guerra do Açiícar visa 
dominar o item n® 1 do comércio mundial. A Holanda 
comercia açúcar do Brasil desde 1540. Quando este 
toma-se domínio do inimigo Habsburgo, ela passa a 
ataques corsários. Finda a trégua de 1609, nasce a Cia. 
das indias Ocidentais (West Indische Compagnie, WIC), 
com poder para criar colônias, erguer fortes, nomear 
autoridades, assinar tratados.
■ A expedição a Salvador (1624-1625) penetra com 26 
naus, 509 canhões. 1.600 marujos e 1.700 soldados pela 
larga boca (9 km) da bala de Todos os Santos, que os ca­
nhões de Sto. /^tonlo e Itapagipe não cobrem. Só há luta 
na casa do govemador, preso. A população foge para além 
do r. Vemtelho, indea govemador o bispo Marcos Teixeira, 
mobiliza 2 mil guerrilheiros e cerca o

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