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ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 
 
Costa, C. et al. Evolução das pastagens cultivadas e do efetivo bovino no Brasil. Vet. e Zootec. v.15, n.1, abr., p. 
8-17, 2008. 
8
EVOLUÇÃO DAS PASTAGENS CULTIVADAS E DO EFETIVO BOVINO NO 
BRASIL 
 
Ciniro Costa1 
Paulo Roberto de Lima Meirelles2 
 Janaina Januário da Silva3 
Marco Aurélio Factori4 
 
RESUMO 
 
Este trabalho objetivou revisar o estado de arte da evolução das pastagens cultivadas no Brasil 
e seu reflexo nos sistemas de produção de carne e leite. 
 
Palavras-chave: gramíneas forrageiras, leguminosas forrageiras, espécies, cultivares. 
 
 EVOLUTION OF THE CULTIVATED PASTURES AND CATTLE IN BRAZIL 
 
ABSTRACT 
 
This research work had the objective of reviewing the pasture evolution in Brazil and its 
reflex in the production systems of meat and milk. 
 
Key words: forage grasses, forage legumes, species, cultivars. 
 
EVOLUCIÓN DE LAS PASTURAS CULTIVADAS Y DEL EFECTIVO BOVINO EN 
EL BRASIL 
 
RESUMEN 
 
Este trabajo tuvo como objetivo revisar el estado del arte de la evolución de los pastos 
cultivados en Brasil y su reflejo en los sistemas de producción de carne y leche. 
 
Palabras–clave: gramíneas forrajeras, leguminosas forrajeras, especies, cultivares. 
 
INTRODUÇÃO 
 
No Brasil as Pastagens têm sido relegadas às áreas impróprias para a agricultura e, 
aliado à criação de raças não selecionadas para precocidade, têm refletido no alongamento do 
ciclo reprodutivo do rebanho, resultando em baixos índices de desfrute e pouca 
competitividade do setor. 
 Os animais mantidos em pastagens nativas ou cultivadas enfrentam o desafio de obter 
suprimento relativamente constante de nutrientes para satisfazer os requerimentos de 
 
1 Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ/UNESP, Botucatu - SP. E-mail: 
ciniro@fca.unesp.br 
2 Pesquisador da Embrapa, Pós-Graduando em Zootecnia - FMVZ/UNESP - Caixa Postal 560 - CEP 18618-000 
- Botucatu – SP. E-mail: prmeirelles@uol.com.br 
3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG. Caixa Postal 
567, CEP 30123-970. Belo Horizonte - MG. E-mail: janajanu@yahoo.com 
4 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - FMVZ/UNESP - Caixa Postal 560 - CEP 18618-
000 - Botucatu – SP. E-mail: mafactori@yahoo.com.br 
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 
 
Costa, C. et al. Evolução das pastagens cultivadas e do efetivo bovino no Brasil. Vet. e Zootec. v.15, n.1, abr., p. 
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metabolismo, crescimento e reprodução, num ambiente variável quanto à disponibilidade e 
qualidade de forragem. 
 Qualquer animal só expressa seu potencial genético quando adequadamente nutrido. 
Portanto, o manejo da pastagem envolve o uso adequado dos recursos forrageiros com o 
intuito de atender as exigências nutricionais do animal, de acordo com seu potencial genético, 
mantendo o sistema de produção estável. 
 
HISTÓRICO DAS PASTAGENS CULTIVADAS NO BRASIL 
 
A vegetação original no Brasil por ocasião de sua descoberta se caracterizava pelas 
formações florestais, que perfaziam 89% da área, representadas pelos tipos equatorial, 
tropical, subtropical, cerrado e caatingas e os restantes 11% eram formações campestres 
(MAGNANI, 1961; MIZUGUCHI et al., 1981). 
 A ocupação do território pelos colonizadores portugueses se deu inicialmente pelo 
extrativismo do pau-brasil na Zona da Mata, utilizando o trabalho indígena para a retirada da 
madeira e carregamento das caravelas. Dada a forma predatória pela qual o extrativismo do 
pau-brasil era realizado, as reservas se esgotaram em curto espaço de tempo. Além disso, a 
descoberta pelos alemães de técnicas mais vantajosas de tingimento de tecido determinou a 
decadência dessa primeira atividade econômica (LUCCI, 2000). 
Em substituição à atividade extrativa e devido à necessidade de ocupação de fato das 
terras Brasileiras, invadidas freqüentemente por navios holandeses e franceses, Portugal deu 
início ao processo de colonização, de maneira efetiva, com a plantação de cana-de-açúcar. 
 A escolha da cana-de-açúcar, cultura de origem tropical, foi a mais adequada para o 
projeto de colonização, uma vez que a necessidade de açúcar da Europa era grande e este 
produto não era produzido em larga escala no continente europeu. A cana-de-açúcar não se 
adapta ao clima temperado e o açúcar neste continente era e ainda é obtido de outras formas, 
dentre elas a partir da beterraba (LUCCI, 2000). 
 As plantações propagaram-se pela Zona da Mata nordestina, que apresentava 
condições favoráveis a esse cultivo, como clima e solo, além de ser mais próxima da Europa 
em relação à região sudeste do país. Outras atividades econômicas complementares à 
canavieira foram surgindo, como criação de gado no interior do Nordeste. Os animais criados 
na época tinham como principal objetivo a força de trabalho, para movimentar os engenhos, 
para o cultivo e transporte da cana-de-açúcar. 
 A criação dos animais no interior da região Nordeste deveu-se ao fato da formação 
vegetal caatinga possuir recurso forrageiro nativo, tanto rasteiro quanto arbustivo, além de 
evitar a competição com o cultivo da cana-de-açúcar nas terras férteis da Zona da Mata. 
Entretanto, as áreas de pastagens nativas de maior extensão encontram-se no sul do Brasil, 
com predominância de gramíneas, além dos campos de altitude, áreas limpas no cerrado e 
campos inundáveis, com destaque na Amazônia e Pantanal (ZIMMER & CORRÊA, 1993). 
O estabelecimento de pastagens em áreas florestais teve início praticamente no 
começo do século passado, intensificando-se a partir das décadas de 30 e 40. A derrubada da 
mata visava ao preparo da terra para cultivos anuais e perenes. Dentro desta agricultura o 
bovino seria o elemento desbravador nas fases iniciais de substituição de densas florestas por 
cultivo de consumo e exportação. Nestas condições, devido à falta de sementes as pastagens 
eram estabelecidas por via vegetativa (ROCHA, 1998). 
A implantação das pastagens era feita nas entrelinhas das culturas, como milho, arroz, 
feijão, ou em sucessão a essas culturas após alguns anos. As forrageiras que predominaram 
neste sistema foram o capim-gordura (Melinis minutiflora), nas áreas de cerrados e solos 
menos férteis, os capins colonião e o guiné (Panicum maximum) em solos mais férteis de 
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mata, o capim-jaraguá (Hyparrhenia rufa) em solos úmidos de boa fertilidade e o capim-
quicuio (Pennisetum clandestinum) restrito às áreas mais subtropicais. 
Estas gramíneas de origem africana introduzidas no Brasil acidentalmente, como 
“cama” no transporte dos primeiros escravos ao Brasil, foram de grande importância no 
desenvolvimento da pecuária nacional. Possibilitaram elevação na capacidade de suporte, no 
ganho por animal e conseqüentemente melhorando a produtividade dos rebanhos. 
Após alguns anos sob pastejo sem manejo adequado, estas forrageiras apresentavam 
declínio na produção e iniciava-se o processo de degradação. Com esta situação os produtores 
passavam a buscar outras alternativas, dando início à busca pela “forrageira milagrosa” que, 
segundo Rocha (1998), deveria ir bem em terras fracas e fornecer algum verde na seca. Dessa 
forma chegou-se ao que se denominou ciclo dos capins (Figura 1). Essa busca foi incessante e 
os pecuaristas utilizaram diversas forrageiras de forma indevida e com pouco ou nenhum 
estudo de adaptação e manejo. 
Segundo Zimmer e Corrêa (1993) na série de capins da moda destacaram-se o capim-
pangola (Digitaria decumbens), na década de 50-60, do século passado, que foi deixado de 
lado por não produzir sementes viáveis e sofrer sériosataques de cochonilhas e cigarrinhas. 
Seguido deste cultivar foi testado o cultivar transvala e, a D. swazilandenses. Também, a 
partir da década de 60 diversas gramíneas do gênero Cynodon passaram a ser cultivadas, 
sendo que algumas delas (Coast-cross e Estrela), ainda estão em uso principalmente para 
eqüinos, bovinos e ovinos. O maior inconveniente apresentado por esse gênero é a forma de 
propagação vegetativa (mudas). 
Dos capins para corte duas espécies tiveram importância, o capim-Guatemala 
(Tripsacum laxum) e o capim-elefante (Pennisetum purpureum). Desde a década de 80 do 
século passado, diversos acessos de capim-elefante vêm sendo testados e manejados com 
sucesso também sob pastejo, principalmente visando à produção de leite. Atualmente, os 
principais programas de melhoramento genético dessa espécie no Brasil estão sendo 
conduzidos pela Embrapa Gado de Leite e Instituto Pernambucano de Agropecuária. 
Nas décadas de 60 e 70 também foram utilizados diversos cultivares de Panicum 
maximum, como o Green-panic, Hamil, Makueni, Sempre verde, etc. Neste período iníciou-se 
a utilização da Setaria sphacelata com cultivares Kazungula, Narok e Nandi, seguidas pela 
utilização das braquiárias, como a Brachiaria decumbens cvs. Ipean e Basilisk, B. ruzziziensis 
e B. humidicola. Destas forrageiras tiveram grande destaque a B. humidicola principalmente 
na Amazônia e B. decumbens nas áreas de cerrados e outras regiões do Brasil. A gramínea B. 
decumbens provavelmente é a forrageira tropical com maior área cultivada no mundo, devido 
a sua grande expansão no Brasil. Esta espécie se adaptou às condições de solos ácidos e de 
baixa fertilidade do cerrado, proporcionando aumento da taxa de lotação de 5-10 vezes 
maiores que as pastagens nativas. O aumento da produção das pastagens e dos rebanhos foi 
expressivo, e possibilitou que os produtores passassem a integrar as atividades de cria, recria e 
engorda (ZIMMER & CORRÊA, 1993). 
Ao longo deste período nas áreas subtropicais do Sul do Brasil, foram introduzidas 
diversas espécies forrageiras, inclusive trazidas pelos imigrantes europeus e instituições de 
pesquisa. Tiveram expressão os gêneros Lolium, Festuca, Phalaris, Trifolium, Medicago, etc.. 
Também espécies como capim-quicuio (Pennisetum clandestinum) e Coast-cross passaram a 
ser utilizadas. A gramínea Pensacola Baía (Paspalum notatum), originária do Sul da América 
do Sul e melhorada nos EUA passou a ser utilizada, bem como outras espécies desse gênero. 
Também no sul do Brasil tiveram destaque as forrageiras de inverno, como a aveia, o centeio 
e as anuais de verão como o milheto e o sorgo (ZIMMER & CORRÊA, 1993). 
 
 
 
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Pangola comum (Digitaria decumbens)
Pangola de Taiwan (D. decumbens cv. Taiwan) 
Estrela (Cynodon plectostachyus) 
 
Jaraguá (Hyparrhenia rufa) - Terras argilosas 
Gordura (Melinis minutiflora) - Terras fracas 
Angola (Brachiaria mutica) – Terras alagadas 
Colonião (Panicum maximum) – Terras férteis 
Braquiária (Brachiaria decumbens) cv. IPEAN; B. ruziziensis; 
B. Brizantha;B. humidicola e B. dictyoneura 
Austrália 
P. maximum cv. Hamil; Green panic; Gatton panic 
Setaria sphacelata cv. Nandi e Kazungula 
Cenchus ciliaris (Buffel); Cloris gayana (Rhodes) 
B. decumbens cv. Basilisk (Australiana) 
África – Embrapa (Convênios internacionais) 
P. maximum cv Mombaça (1993) 
P. maximum cv. Tanzânia (1990) 
B. brizantha cv Marandú (1984) 
África 
2000 
 
 
 
 
 
1990 
 
 
 
 
 
 
 
1980 
 
 
 
 
 
 
 
 
1970 
 
 
 
1965 
 
 
 
Após 
1960 
 
Antes 
1960 
B. brizantha cv. Xaraés (2003)
P. maximum cv. Massai (2001) 
 Figura 1 – Linha do tempo das gramíneas forrageiras tropicais no Brasil. 
 
 Na década de 80, em decorrência do processo de intensificação da produção pecuária, 
foram iniciados os primeiros programas de melhoramento, tendo por base um trabalho 
planejado de coleta, introdução de germoplasma e cruzamentos, visando ao desenvolvimento 
de cultivares mais produtivos e com melhor qualidade. 
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Vários convênios internacionais permitiram a introdução de diversos acessos de 
germoplasma de forrageiras tropicais. Em 1984, em cooperação com o ORSTM/França, a 
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) promoveu a introdução de 426 
acessos de P. maximum. Em cooperação com o CIAT/Colômbia foram introduzidos no ano de 
1987, 347 acessos de germoplasma de 11 espécies de Brachiaria. 
Nessa mesma época, duas novas forrageiras a B. brizantha cv. Marandu e o 
Andropogon gayanus cv. Planaltina, lançadas pela EMBRAPA, tiveram grande aceitação 
pelos produtores, especialmente o capim-Marandu, devido a sua resistência à cigarrinha das 
pastagens. Depois destas forrageiras, foram lançados diversos cultivares de P. maximum, 
como o Tobiatã, Tanzânia - 1, Mombaça, Centenário, Vencedor, Aruana e outros (ZIMMER 
& CORRÊA, 1993). 
 Na década de 90, do século passado, houve euforia com o lançamento de novos 
cultivares do gênero Cynodon, especialmente o Tifton 85 e Tifton 69, além dos cultivares 
Florakirk, Florico e Florona. 
 Com leguminosas foram feitas várias tentativas de introdução no sistema de produção 
deste grande potencial forrageiro fixador de nitrogênio. Diversas tentativas falharam devido 
ao desconhecimento das necessidades de fertilizantes e ao mau manejo em consorciações, 
sendo este ainda um grande desafio a ser enfrentado e resolvido pelos pesquisadores. 
Atualmente existe algum uso restrito da Pueraria phaseoloides e Calopogonio (VALENTIM 
& CARNEIRO, 2000), de Stylosanthes, Arachis e Leucaena (BARCELLOS et al., 2000), 
além do Guandu (Cajanus cajans) 
 O insucesso no estabelecimento, utilização e persistência de forrageiras no passado e 
na atualidade, se deve basicamente à forma extrativista e imediatista como foi e é explorada a 
grande maioria das nossas pastagens, especialmente por não respeitar a fisiologia da planta 
(Tabela 1) e a não reposição criteriosa dos nutrientes (CORSI, 1994b). 
 
Tabela 1. Altura de manejo (cm) de algumas gramíneas forrageiras. 
Espécies ou variedades Altura (cm) das forrageiras quando os animais 
Entram na pastagem Saem da pastagem 
Capim-elefante 160-180 35-40 
Tobiatã 160-180 50-80 
Colonião, Tanzânia 100-120 30-40 
Mombaça 120-130 40-60 
Capim-Andropogon 50-60 20-30 
Brachiara brizantha 40-50 20-25 
Capim-pangola, Coast-cross, 
Estrela, B.decumbens 
 
25-30 
 
10-15 
Brachiaria humidicola 15-20 5-8 
Modificado de Rodrigues (1986); citado por Corrêa (1997). 
 
 Apesar das pastagens serem a base da produção pecuária em todas as regiões do 
Brasil, as pastagens nativas ainda são uma das mais importantes fontes de alimentos para os 
rebanhos de bovinos, ovinos, caprinos e eqüídeos (Tabela 2). Por outro lado, as pastagens 
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cultivadas vêm ocupando espaço cada vez maior passando de 29,5 milhões de hectares em 
1970 para 99,7 milhões em 1996. 
A expansão das pastagens cultivadas ocorreu devido principalmente à valorização da 
terra, aos créditos especiais na década de 70 e à necessidade de aumentar a produtividade da 
pecuária brasileira. Parte deste aumento na área de pastagens cultivadas também se deve à 
introdução de espécies e cultivares mais adaptados como a B. decumbens, B. humidicola, A. 
gayanus, B. brizantha, etc.e ao desenvolvimento de novas técnicas de plantio, favorecendo a 
recuperação das áreas de pastagens. 
 
Tabela 2. Área de pastagens nativas (N) e cultivadas (C) nas deferentes regiões do Brasil (em 
milhões de hectares). 
Regiões 1970 1985 1996 
 N C Total N C Total N C Total 
Norte 3,7 0,6 4,4 1,8 9,1 20,9 9,6 14,8 24,4 
Nordeste 22,1 5,7 27,9 23,2 11,9 35,1 20,0 12,1 32,1 
Sudeste 34,1 10,6 44,7 16,7 16,7 42,5 17,3 20,5 37,8 
Sul 17,9 3,6 21,6 6,1 6,1 21,4 13,7 7 20,7 
Centro-Oeste 46,4 9,0 55,5 30,3 30,3 59,2 17,4 45,3 62,7 
Total 124,2 29,5 154,1 105,1 74,1 179,1 77,9 99,7 177,7 
IBGE (1970, 1985 e 1996) 
 
O aumento nas áreas de pastagens implicou no crescimento do efetivo bovino das 
diferentes regiões do Brasil (Tabela 3), de forma mais expressiva em regiões com maior 
crescimento da área de pastagens cultivadas, especialmente na região Centro-oeste, onde estão 
localizadas as áreas de cerrado (Tabela 4). Paralelamente foram introduzidos bovinos de 
raças selecionadas para precocidade, além do melhoramento genético e cruzamento, o que 
refletiu no aumento da taxa de abate, passando de 12% na década de 70 para cerca de 20% na 
atualidade. 
Segundo Corrêa (1997) e Matos (2002), embora as gramíneas tropicais não sejam de 
excelente qualidade proporcionando ganho de peso vivo diário de 0,6 a 0,8 kg/animal e 
produções de leite de até 12 kg/animal, a produtividade pode ser elevada pelo seu grande 
potencial de produção de matéria seca no período das águas. A lotação pode passar de 0,1 a 
0,5 UA (unidade animal = 450 de peso vivo), nos campos nativos e/ou degradados, para 1,0 a 
1,5 UA nos solos de baixa fertilidade, 2,0 a 2,5 UA nos solos mais férteis e mais do que 10,0 
UA, sob adubação intensiva. 
Apesar de possuir o maior rebanho comercial do planeta, e da maior parte do leite e 
carne produzidos basearem-se na utilização de pastagens, os índices de produtividade na 
maioria das propriedades são considerados baixos. Diversos fatores contribuem para essa 
situação: baixa produtividade e qualidade da forragem, inexistência de práticas de manejo, 
degradação de grandes áreas de pastagens e animais de baixo potencial produtivo. 
Corsi e Santos (1995) afirmam que os pecuaristas precisam planejar sistemas de 
exploração de pastagens cada vez mais intensivos, sugerindo a possibilidade de 
estabelecimento de metas para taxa de lotação entre 12 e 15 UA/ha durante o verão e 3 a 4 
UA/ha no inverno produzindo por ano de 1.600 a 2.000 kg de PV/ha e de até 30.000 kg de 
leite/ha. 
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O Brasil possui também atualmente, tecnologia que possibilita o abate de bovinos com 
1 ano de idade e peso médio de 16 arrobas (SILVEIRA et al., 1999), bem como de ovinos 
com 12 a 13 kg em torno de 60 dias (NERES, 2000). Considerando-se a produção de leite, 
trabalhos mostram que os pastos tropicais podem suportar produções de leite de cerca de 
12kg/vaca/dia, sem suplementação (STOBBS, 1971 e DESRESZ et al., 1994). 
 
Tabela 3. Efetivo bovino segundo as regiões do Brasil. 
Regiões Efetivo Bovino 
 1985 1996 2004 
Norte 8.965.609 17.276.000 39.787.138 
Nordeste 22.341.193 22.841.728 25.966.460 
Sudeste 35.741.876 35.953.897 39.379.011 
Sul 24.826.784 26.219.533 28.211.275 
Centro-Oeste 36.116.293 50.766.496 71.168.853 
Brasil 128.041.757 153.058.275 204.512.737 
 IBGE (1985, 1996, 2004) 
 
 
Tabela 4 – Área de cerrado e efetivo bovino no planalto central brasileiro. 
 Cerrados* Bovinos** 
Milhões de ha % Milhões de cabeças % 
1970 1970 2004 1970 2004 
BRASIL 182,9 --- 78,5 204,5 --- --- 
Minas Gerais 30,8 17,0 15,1 21.6 19,3 10,6 
Mato G. do Sul --- 
47,9 
--- 
--- 
26,2 
--- 
--- 
9,4 
--- 
24,7 
-- 
25,9 
--- 
12,0 
--- 
12,1 
--- 
12,7 Mato Grosso 
Goiás --- --- --- 20,4 9,9 10,0 
 55,5 30,3 7,8 --- --- --- 
Tocantins --- --- --- 7,9 --- 3,9 
Total --- 73,3 --- --- 41,1 49,3 
*FERRI (1997) 
** IBGE (1970 e 2004) 
 
O pecuarista que escolhe uma nova forrageira, sem fazer os ajustes necessários 
(manejo dos pastos e dos animais, qualidade dos animais, adubação, práticas de conservação 
de forragem, etc.) para sua utilização, provavelmente desfrutaria de tão poucas vantagens, que 
não justificariam a mudança efetuada (CORSI, 1994a). Tal afirmação tem por base o fato de 
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que a qualidade da forragem produzida pelas gramíneas tropicais no ponto ótimo de corte ou 
pastejo (ponto de equilíbrio entre produção e valor nutritivo), apresenta pequena variação 
(Tabela 5). 
 
Tabela 5. Teor de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente 
ácido (FDA), digestibilidade “IN VITRO” da matéria seca (DIVMS) e energia líquida para 
ganho e mantença (Elgm) de gramíneas forrageiras tropicais. 
EEssppéécciiee 
PPBB FFDDNN FFDDAA DDIIVVMMSS EEllggmm 
%% MMccaall 
BBrraacchhiiaarriiaa ddeeccuummbbeennss ((111166)) 88,,33 6644,,77 3355,,99 6600,,99 11,,1188 
BBrraacchhiiaarriiaa hhuummiiddiiccoollaa ((3366)) 88,,44 6699,,99 3377,,33 5599,,77 11,,1166 
BBrraacchhiiaarriiaa mmuuttiiccaa ((1188)) 88,,11 6688,,33 3377,,11 5544,,11 11,,0055 
CCeenncchhrruuss cciilliiaarriiss ((110044)) 99,,33 3377,,66 3399,,88 5566,,77 11,,0099 
CChhlloorriiss ggaayyaannaa ((7722)) 88,,44 7744,,22 4400,,66 5511,,88 11,,0011 
CCyynnooddoonn ddaaccttyylloonn ((4455)) 99,,88 7700,,99 3355,,33 5500,,22 11,,0022 
CCyynnooddoonn nnlleemmfflluueennssiiss ((111133)) 99,,88 7711,,44 3388,,44 5544,,44 11,,1100 
DDiiggiittaarriiaa ddeeccuummbbeennss ((112211)) 1100,,55 6699,,33 3377,,66 5566,,11 11,,1111 
DDiiggiittaarriiaa sswwaazziillaannddeennssiiss ((2299)) 99,,88 6655,,99 3333,,99 6611,,99 11,,2222 
PPaanniiccuumm mmaaxxiimmuumm ((119900)) 88,,66 6677,,77 3388,,55 5533,,77 11,,0022 
PPaassppaalluumm pplliiccaattuumm ((225500)) 88,,66 7700,,77 4400,,00 4444,,66 00,,8888 
PPeennnniisseettuumm ppuurrppuurreeuumm ((220066)) 99,,22 6666,,22 3377,,00 6600,,99 11,,1133 
PP.. ppuurrppuurreeuumm xx PP.. ttyypphhooiiddeess ((8833)) 99,,77 -- 3399,,00 5588,,55 11,,1122 
MMééddiiaa 99,,11 6688,,99 3377,,77 5555,,77 11,,0088 
 AAddaappttaaddoo ddee AAuummoonntt eett aall.. ((11999955)) 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A pecuária no Brasil, com raras exceções, é considerada uma atividade de segundo 
plano em relação à agricultura, quer pelas áreas destinadas às pastagens e manejo das 
mesmas, quer pela criação de animais, normalmente de baixo potencial genético, sem um 
manejo nutricional e sanitário adequado. Apesar disso, existem diversas técnicas de manejo 
das pastagens e dos animais, desenvolvidas nos últimos anos que permitem ao pecuarista 
tornar a atividade competitiva. 
 
 
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Recebido em: 19/02/2007 
Aceito em: 04/07/2007

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