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Economia Brasileira aula 05

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Aula 05
Economia Brasileira p/ SEFAZ-PI (Analista)
Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho
Economia Brasileira e Finanças Públicas para SEFAZ-PI 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
Profs. Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 124 
 
AULA 05 ± Equilíbrio da firma no curto prazo nas 
estruturas de Mercado: 
Concorrência Perfeita, Concorrência Monopolística, 
Oligopólio e Monopólio. 
 
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA 
Introdução e generalidades 02 
Maximização de lucros 03 
Concorrência perfeita 06 
Monopólio 26 
Concorrência Monopolística 47 
Oligopólio 51 
Questões comentadas 62 
Lista de questões apresentadas na aula 106 
Gabarito 124 
 
Olá caros(as) amigos(as), 
 
Na aula de hoje, nós estudaremos as estruturas de mercado. Na 
verdade, veremos apenas as 04 principais: concorrência perfeita, 
monopólio, concorrência monopolística e oligopólio. Nas provas da 
Área Fiscal, geralmente, são cobradas apenas as 02 primeiras estruturas 
(concorrência perfeita e monopólio). 
 
Nossa estratégia será a seguinte: estudaremos de modo mais 
detalhado as 02 principais estruturas (para fins de concurso), que são 
justamente aquelas que mais caem em provas da Área Fiscal. As outras 
02 estruturas (concorrência monopolística e oligopólio) serão estudadas 
de forma menos detalhada, mas que é o suficiente para matarmos as 
questões de prova já cobradas em concursos da Área Fiscal. 
 
A aula pode parecer um pouco complicada, mas, acredite, não é. 
Sugerimos que faça os exercícios umas 02 vezes, e estará bem treinado 
para a prova. Para facilitar o estudo de vocês, também colocamos ao final 
dos tópicos um resumo daquilo que é mais importante vocês 
memorizarem em relação a essas duas estruturas de mercado (por isso 
não teremos o resumão da aula). Memorizando esse resumo, e fazendo a 
lista de exercícios 02X (pelo menos aqueles mais importantes), é só partir 
pro abraço no dia da prova -. 
 
Nas duas últimas aulas, nós exploramos vários aspectos da 
produção e dos custos das empresas. A teoria que foi explanada nas aulas 
passadas se aplica para qualquer estrutura de mercado e será 
fundamental para entendermos várias passagens da aula de hoje, 
principalmente a parte de custos, que será bem importante. 
33766860330
Economia Brasileira e Finanças Públicas para SEFAZ-PI 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
Profs. Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 124 
 
 Nós estudaremos as diversas características das principais 
estruturas de mercado, diferenciando-as. Para isso, inicialmente, vamos 
defini-las para que vocês tenham uma ideia geral de cada uma. A partir 
daí, iremos aprofundar nas duas principais estruturas, abordando como é 
o equilíbrio, oferta da empresa, significado do lucro, nível de produção, 
etc. 
 
E aí, todos prontos? Então, aos estudos! 
 
 
ESTRUTURAS DE MERCADO 
 
1. INTRODUÇÃO E GENERALIDADES 
 
 Basicamente, são três as variáveis que diferenciam as estruturas de 
mercado: 
 
x Número de firmas produtoras no mercado; 
x Diferenciação do produto; 
x Existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas. 
 
 Alguns autores ainda colocam outras variáveis1, mas, para fins de 
concursos, estas três estão de bom tamanho. 
 
 Podemos classificar os mercados em: concorrência perfeita, 
monopólio, concorrência monopolística, oligopólio, oligopsônio e 
monopsônio. Vejamos, sucintamente, as características principais de cada 
um deles: 
 
i. Concorrência perfeita: número infinito de produtores e 
consumidores, produto transacionado é homogêneo, não há 
barreiras à entrada de firmas e consumidores, perfeita 
transparência de informações entre consumidores e vendedores, 
perfeita mobilidade de fatores de produção. Exemplo mais próximo: 
mercado agrícola. 
 
ii. Monopólio: é a antítese da concorrência perfeita. Há apenas uma 
empresa para inúmeros consumidores. O produto não possui 
substitutos próximos e há barreira à entrada de novas firmas. 
Exemplo: Companhias de energia elétrica dos municípios ou 
estados. 
 
 
1 Mobilidade dos fatores de produção e conhecimento de tecnologia. 
33766860330
Economia Brasileira e Finanças Públicas para SEFAZ-PI 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
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iii. Oligopólio: pequeno número de firmas que dominam todo o 
mercado, os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados, 
com barreiras à entrada de novas empresas. 
 
iv. Concorrência monopolística (ou imperfeita): muito semelhante 
à concorrência perfeita, com a diferença que o produto 
transacionado não é homogêneo2. Isto é, cada firma possui o 
monopólio do seu produto, que é diferenciado dos demais. 
Exemplo: lojas de roupas (muitas firmas, muitos compradores, 
porém o produto é diferenciado, cada loja possui o monopólio da 
sua marca). 
 
v. Monopsônio: é a antítese do monopólio. Neste, há apenas um 
vendedor, enquanto, no monopsônio, existe apenas um comprador. 
É o caso, por exemplo, de regiões em que há várias fazendas de 
gado e apenas um frigorífico. Naturalmente, este frigorífico será o 
único comprador (monopsonista) da carne das fazendas. 
 
vi. Oligopsônio: de forma inversa ao oligopólio, no oligopsônio, existe 
um grupo de compradores que dominam o mercado. Temos como 
exemplo o mercado de peças automotivas em que um pequeno 
grupo de compradores (Ford, GM, Fiat, etc) adquirem grande parte 
da produção. 
 
 Nesta aula, nós estudaremos em maiores detalhes apenas os quatro 
primeiros mercados, em especial os dois primeiros. O motivo, 
obviamente, é o fato de as bancas cobrarem somente isso nas provas. 
 
 
1.1. A hipótese da maximização de lucros 
 
 Em nossas análises, estaremos a todo instante supondo que o 
objetivo das firmas é a maximização de lucros e que o seu equilíbrio 
acontece neste momento. 
 
 Ressaltamos que existem várias teorias que procuram explicar o 
que realmente as firmas buscam ou o seu objetivo. Algumas dizem que 
elas buscam maximizar a participação no mercado; outras dizem que elas 
buscam maximizar a margem sobre os custos (maximizar o mark up). 
 
 A teoria que utilizaremos em nosso curso é a chamada teoria 
neoclássica ou marginalista, cujo pressuposto básico é o de que as firmas 
buscam maximizar os lucros (receitas MENOS despesas). Os modelos de 
teoria da firma que não levam em conta a teoria marginalista geralmente 
são estudados na matéria Economia Industrial. 
 
 
2 Apesar de não serem homogêneos, os produtos transacionados são substituíveis entre si. 
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
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1.2. Condição de maximização de lucros 
 
 Indo direto ao ponto: a empresa maximiza lucros quando o custo 
marginal se iguala à receita marginal. 
 
 Em primeiro lugar, gostaríamos de ressaltar que essa condição vale 
para qualquer estrutura ou tipo de mercado, independentemente se é 
curto ou longo prazo. Assim, qualquer empresa (estando inserido em um 
mercado monopolista, oligopolista, concorrência perfeita, etc), estando no 
curto ou no longo prazo, buscará produzir até o ponto em que o seu custo 
marginal de produção seja igual à receita marginal. Por isso, resolvemos 
FRORFDU�HVVH�VXELWHP�ORJR�QR�LQtFLR�GD�DXOD��GHQWUR�GR�LWHP�³,QWURGXomR�H�JHQHUDOLGDGHV´� 
 
 Existem variadas maneiras de provarmos este teorema da 
maximização de lucros dentro da nossa abordagem marginalista da teoria 
ILUPD�� &RPR� Mi� VRPRV� SUDWLFDPHQWH� ³GRXWRUHV´� HP� FiOFXOR� GLIHUHQFLDO��
vamos optar pela prova matemática, que também é a que nos consumirá 
menos papel. Antes, porém, vamos relembrar o que é lucro total, receita 
total, custo total, receita marginal e custo marginal: 
 
o Receita total (RT): é a produção (Q) multiplicada pelos preços dos 
produtos (P). Logo, RT=P.Q 
 
o Custo total (CT): é o custo total (rs?!). Podemos representar 
algebricamente como CT(Q) Æ custo total em função da produção 
Q. 
 
o Lucro total (LT): é a diferença entre a receita total e os custos 
totais. Logo, LT = RT ± CT 
 
o Receita marginal (Rmg): p� R� DFUpVFLPR�QD� UHFHLWD� WRWDO� �Ʃ57�� HP�
YLUWXGH� GR� DFUpVFLPR� GH� SURGXomR� �ƩQ). Logo, 5PJ� � Ʃ57�Ʃ4� �
dRT/dQ 
 
o Custo marginal (Cmg): p� R� DFUpVFLPR� QR� FXVWR� WRWDO� �Ʃ&7�� HP�
YLUWXGH� GR� DFUpVFLPR� GH� SURGXomR� �Ʃ4��� /RJR�� &PJ� � Ʃ&7�Ʃ4� �
dCT/dQ 
 
 Pois bem, feitas as definições, vamos escrever o lucro total: 
 
LT(Q) = RT(Q) ± CT(Q) 
 
 O objetivo da firma é produzir a quantidade (Q) que maximize o 
lucro total (LT). Todas as funções colocadas acima (LT, RT e CT) estão em 
função da produção ou quantidade produzida (Q). Nos nossos estudos 
33766860330
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Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
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sobre derivadas, nós vimos que, para maximizar uma função, nós 
devemos derivá-la e igualar o resultado a ZERO. Assim, teremos lucro 
total máximo quando a derivada de LT em relação a Q for igual a ZERO. 
Então, vamos derivar LT na variável Q: 
 
dLT/dQ = dRT/dQ ± dCT/dQ 
 
 Veja que, para isso, tivemos que derivar os dois termos da função 
LT, que são RT e CT. As derivadas de RT e CT são, respectivamente, 
dRT/dQ e dCT/dQ. Estes dois termos encontrados, entretanto, são a 
receita marginal e o custo marginal, respectivamente. Assim, podemos 
reescrever a derivada da função LT em função de Q: 
 
dLT/dQ = Rmg ± Cmg 
 
 Por outro lado, LT será máximo exatamente quando sua derivada 
for igual a ZERO, isto é, quando dLT/dQ=0. Assim, LTMÁX quando: 
 
Se dLT/dQ=0, então Æ 
0 = Rmg ± Cmg 
Rmg=Cmg ֜ Lucro máximo 
 
 Assim, fica claro, do ponto de vista matemático, que o lucro será 
maximizado exatamente quando o nível de produção é tal que a receita e 
o custo marginal se igualam. 
 
 Essa conclusão também pode ser deduzida intuitivamente. Pense 
conosco e tente responder às seguintes perguntas: o que acontece se a 
empresa está com um nível de produção tal em que a receita marginal 
seja superior ao custo marginal? E o que acontece se o custo marginal for 
superior à receita marginal? 
 
 No primeiro caso, a firma está estimulada a aumentar a produção, 
uma vez que o fazendo, estará aumentando os lucros. Isto ocorre 
justamente porque a receita adicional decorrente da produção adicional 
(receita marginal) é superior ao custo adicional (custo marginal). Ou seja, 
produzir mais significa ter mais lucro, uma vez que o acréscimo de receita 
será superior ao acréscimo de custo. 
 
 No segundo caso, a firma deve reduzir a produção, uma vez que o 
fazendo, estará aumentando os lucros. Isto ocorre porque se reduzir a 
produção, o decréscimo de custo (custo marginal) será superior ao 
decréscimo de receita (receita marginal). Ou seja, reduzindo a produção, 
o custo total será reduzido em montante maior que a redução na receita 
total, fazendo os lucros aumentarem. 
 
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Economia Brasileira e Finanças Públicas para SEFAZ-PI 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
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 Podemos resumir desta forma o que foi colocado nos dois 
parágrafos acima: 
 
Î Se Rmg > Cmg; aumenta-se a produção; 
Î Se Cmg > Rmg; reduz-se a produção; 
Î Se Cmg = Rmg; não se altera a produção. 
 
 Diante do exposto, percebe-se que, nos casos em que os valores da 
receita e custo marginal são diferentes, a firma estará sempre buscando 
aumentar ou reduzir a produção. O único ponto em que ela estará em 
equilíbrio (não sendo possível aumentar os lucros) é onde o custo 
marginal é igual à receita marginal. 
 
 Por fim, destacamos que esta condição de maximização de lucros 
reflete um dos princípios da racionalidade econômica, que explica que os 
DJHQWHV� HFRQ{PLFRV� SHQVDP� ³na margem´� Isto é, quando algum 
consumidor ou empresa toma uma decisão econômica, ele(a) pensará 
naquela decisão em uma perspectiva incremental, adicional�� ³na 
margem´�� RX� marginal; sendo este último o termo preferido dos 
economistas. Assim, uma empresa que está na dúvida se aumenta ou não 
a produção, se contrata ou não mais um empregado, pensará assim: 
quanto a mais eu vou ganhar3? Quanto a mais eu vou ter de gastar4? Se, 
por exemplo, o que ela ganhar a mais (marginalmente) superar o que vai 
ter de gastar a mais (marginalmente), a produção será aumentada; caso 
contrário, não. Se o ganho adicional for igual ao gasto adicional, nada 
será feito (a produção não se altera). 
 
 Passadas estas noções iniciais, podemos iniciar a análise mais 
pormenorizada das estruturas de mercado, a começar pela concorrência 
perfeita. 
 
 
2. CONCORRÊNCIA PERFEITA 
 
 A essência do modelo de concorrência perfeita é a de que o 
mercado é inteiramente impessoal, no sentido de que o mercado é tão 
diversificado, possui tantos produtores e tantos consumidores que não 
VREUD� HVSDoR� SDUD� ³ULYDOLGDGHV´� SHVVRDLV�� 2X� VHMD�� QmR� H[LVWH� DTXHOH�
negócio de a empresa X ser rival direta da empresa Y, que é rival direta 
da empresa W e assim por diante. 
 
 O fato de o mercado em concorrência perfeita (também chamado 
de mercado competitivo) ser inteiramente impessoal, nos leva, portanto, 
j� FRQFOXVmR� GD� QmR� H[LVWrQFLD� GH� ³ULYDOLGDGH´� HQWUH� RV� YHQGHGRUHV� QR�
mercado; ao mesmo tempo, os compradores não reconhecem a sua 
 
3 Em economês: qual será minha receita marginal? 
4 Em economês: qual será meu custo marginal? 
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Teoria e exercícios comentados 
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competitividade vis-à-vis5. Vale ressaltar que estamos falando da 
rivalidade no sentido de concorrência direta entre os agentes econômicos. 
 
 Quando vemos a concorrência entre as empresas produtoras de 
automóveis, por exemplo, há uma concorrência direta ou pessoal entre as 
firmas. É possível para os compradores reconhecer a competitividade vis-
à-vis; sabe-se que a Fiat é rival da Ford, e que essas duas são rivais da 
GM. Ou seja, os consumidores percebem uma competição de forma mais 
pessoal ou vis-à-vis entre as firmas. Este conceito de concorrência, 
entretanto, aplica-se ao mundo empresarial, mas não à teoria econômica. 
Para esta, a concorrência perfeita é aquela em que há total 
impessoalidade nas transações de mercado. 
 
 Assim, quando a Hyundai vai à televisão e diz que o Tucson é o 
melhor carro do mundo (?!) e, na propaganda seguinte, a Volkswagen diz 
que os seus carros são os mais confiáveis, temos um exemplo de 
concorrência, mas apenas para o mundo empresarial. Esta concorrência é 
feita de forma pessoal, vis-à-vis. Este mercado, portanto, para a teoria 
econômica, não configura uma concorrência perfeita. 
 
 Por outro lado, quando você vai à Rua 25 deMarço, em São Paulo, 
ou à Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, comprar DVDs pirateados a R$ 
2,00 a unidade, certamente, a concorrência entre os vendedores é feita 
de forma impessoal e os compradores não reconhecem a competitividade 
vis-à-vis, de forma pessoal ou personalizada, então, neste caso, temos 
um mercado que se assemelha ou poderia ser enquadrado como 
concorrência perfeita para a teoria econômica. 
 
 Basicamente, são quatro as condições que definem a concorrência 
perfeita. Juntas, estas condições garantem um mercado livre e impessoal, 
no qual as forças da demanda e da oferta determinam os preços e as 
quantidades transacionadas. Explicaremos agora essas quatro condições: 
 
 
1) Atomicidade (grande número de pequenos vendedores e 
compradores) 
 
 Todos os agentes econômicos devem ser pequenos em relação ao 
mercado, de forma a não exercer influência significativa sobre o todo. 
$VVLP�� FRPSUDGRUHV� H� YHQGHGRUHV� GHYHP� VHU� FRPR� ³iWRPRV´�� GH� WDO�
IRUPD�TXH�XP�³iWRPR´�LVRODGR�QmR�WHQKD�FRQGLo}HV�GH�DIHWDU�RV�SUHoRV�� 
 
 A principal consequência desta atomicidade (grande número de 
vendedores e compradores) é o fato de que as empresas e os 
consumidores simplesmente aceitarão o preço que o mercado impõe. 
Desta forma, o preço dos bens é decidido pelo mercado e os vendedores e 
 
5 Frente a frente. 
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Teoria e exercícios comentados 
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DEMANDA DE MERCADO E DEMANDA INDIVIDUAL 
(FIRMA ISOLADA) EM MERCADOS COMPETITIVOS 
Não haverá demanda 
para o produto, caso 
a firma adote preço 
acima do mercado 
Figura 1 
Demanda de 
mercado O O 
Preço
s 
PE2 
DFIRMA 
E1 
PE1 E1 PE1 
Demanda para a 
firma competitiva 
DMERCADO 
QE1 QE1 Quantidade de produtos 
a) MERCADO TOTAL b) FIRMA INDIVIDUAL 
consumidores apenas aceitam este preço. Podemos dizer, portanto, que, 
em concorrência perfeita, empresas e consumidores são tomadores (ou 
aceitadores) de preços6. 
 
 O fato de a empresa ser uma aceitadora de preços, bastante 
pequena em relação ao mercado, tem uma importante consequência para 
a curva de demanda com a qual a empresa se defronta. Por ser tomadora 
de preços, a empresa praticará exatamente o preço determinado pelo 
mercado. Se decidir vender o produto acima deste preço determinado 
pelo mercado, nenhum consumidor adquirirá o produto. Ao mesmo 
tempo, não venderá abaixo do preço de mercado, pois a firma não é 
boba! Deste modo, a curva de demanda com a qual a empresa se 
defronta será uma reta horizontal exatamente no nível do preço de 
mercado. Por isso, dizemos que a curva de demanda individual da 
empresa, em concorrência perfeita, é uma reta horizontal. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Veja, através da figura 1.b, que o preço que a firma isolada deve 
praticar é aquele mesmo preço de equilíbrio do mercado (PE1). Se a firma 
praticar um preço acima de PE1, simplesmente não haverá interseção 
entre este preço (PE2) e a curva de demanda, pois só há qualquer 
demanda quando o preço é PE1. Isto é, ela deve praticar exatamente o 
preço de equilíbrio decidido pelo mercado (PE1). Se praticar um preço 
acima do mercado, ninguém comprará o produto. De forma oposta, pela 
racionalidade econômica, ela não venderá o produto por um preço abaixo 
GR�SUHoR�GH�PHUFDGR��SRLV�HVWDUi�VHQGR�³EXUUD´�VH�R�IL]HU�� 
 
 
6 Também denominados de price-takers. 
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Teoria e exercícios comentados 
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 Por fim, o fato de a curva de demanda para a firma ser horizontal 
nos permite concluir que a demanda para a firma em concorrência 
perfeita é infinitamente elástica ou perfeitamente elástica, conforme 
aprendemos na aula 00, figura 22.a. 
 
 
2) Produto homogêneo 
 
 Uma segunda condição é que o produto de qualquer vendedor num 
mercado de concorrência perfeita deve ser homogêneo ao produto de 
qualquer outro vendedor. Esta homogeneidade pode ser encontrada 
quando os produtos de todas as empresas em um mercado são 
substitutos perfeitos entre si. 
 
 Neste caso, nenhuma empresa pode elevar o preço de seu produto 
acima do preço de mercado, porque todos os consumidores trocariam o 
consumo do seu produto pelo consumo dos produtos das outras 
empresas, que são substitutos perfeitos, em virtude da homogeneidade. 
 
 Um exemplo clássico de produtos homogêneos são os produtos 
primários (matérias-primas, produtos agrícolas, etc). Como a qualidade 
destes produtos primários é bastante similar entre os produtores, não faz 
diferença para os compradores de quem eles estão comprando o produto. 
Ou seja, temos uma impessoalidade nas transações. 
 
 Como exemplo destes produtos primários, temos os produtos 
agrícolas (feijão, milho, algodão), petróleo, gás, minérios, metais como o 
ferro, alumínio, cobre, ouro, etc. Esses produtos caracterizados pela sua 
homogeneidade são chamados de commodities. 
 
 Em contrapartida, quando os produtos não são homogêneos, cada 
empresa pode elevar seu preço acima do preço praticado pelo 
concorrente, desde que seu produto seja de qualidade superior, 
descaracterizando, portanto, a homogeneidade. 
 
 
3) Livre mobilidade de fatores de produção (recursos) ± livre entrada e 
saída 
 
 Esta pré-condição implica que cada fator de produção ou recurso 
pode imediatamente entrar e sair do mercado como resposta a mudanças 
em suas condições (alterações de preços, por exemplo). 
 
 Baseado neste pressuposto, temos outros dele decorrentes: 
 
x O fator de produção mão-de-obra é móvel, podendo mudar de uma 
empresa para outra; 
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x Os requisitos para exercer qualquer trabalho por parte da mão-de-
obra são poucos, simples e fáceis de aprender; 
 
x Os fatores de produção estão disponíveis para todas as empresas, 
ou seja, não existe insumo ou fator de produção que seja 
monopolizado por um proprietário ou produtor. 
 
x Novas empresas podem entrar e sair livremente, sem maiores 
dificuldades. Neste ponto, ressaltamos que se, grandes 
investimentos ou patentes/licenças iniciais são necessários, então, 
não temos livre entrada e saída, nem livre mobilidade de recursos. 
 
 
4) Perfeito conhecimento 
 
 Os consumidores devem ter perfeito conhecimento dos preços, caso 
contrário eles podem comprar a preços altos quando outros menores 
estão disponíveis. Os produtores, similarmente, devem conhecer seus 
custos tão bem quanto os preços, a fim de atingir o lucro máximo. 
Lembre-se de que supomos que as firmas sempre buscam maximizar os 
lucros e a existência de desinformações que afastem a firma desse seu 
objetivo não se coaduna com as características da concorrência perfeita. 
 
 Vendo estas quatro características acima, podemos ser levados à 
conclusão de que não existe nenhum mercado perfeitamente competitivo 
(concorrência perfeita). Essa é uma questão polêmica, mas várias bancas 
aceitam os mercados agrícolas como um exemplo clássico de concorrência 
perfeita. Mas a regra geral é que os mercados, na vida real, no cotidiano, 
não sejam organizados sob a forma de concorrência perfeita. A partirdaí, 
você pode se perguntar: por que é que estudamos algo que é 
extremamente difícil de ser verificado na realidade? 
 
 Existem várias respostas, mas, para os nosso objetivos, basta uma: 
devemos estudar porque cai no concurso. 
 
 
2.1. Curvas de receita da firma 
 
 Nós já vimos que a curva de demanda da firma, na concorrência 
perfeita, é uma reta horizontal, na mesma linha do preço de mercado P0. 
Definiremos agora qual será a curva da receita média (Rme) e da receita 
marginal (Rmg) da firma. 
 
 A receita média (Rme) é a receita por unidade de produto vendida. 
Algebricamente, Rme=RT/Q. como RT=P.Q; então: 
 
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P (R$) 
Fig. 2 
ȴRT=P 
P=Rme=Rmg P0 
A receita total (RT) é PxQ. Assim, a RT, 
para determinado nível de produção Q=2, é 
a área abaixo da curva de demanda da 
firma, representada pela área cinza. 
0 
Quantidade 
produzida (Q) 6 5 4 3 2 1 
ܴ݉݁ ൌ ܴܶܳ ൌ � ܲǤ ܳܳ ൌ ܲ 
 
 Ou seja, a receita média de uma firma, na concorrência perfeita, é o 
próprio preço unitário de mercado do bem. 
 
 $� UHFHLWD� PDUJLQDO� �5PJ�� p� R� DFUpVFLPR� QD� UHFHLWD� WRWDO� �Ʃ57��
GHFRUUHQWH�GD�YHQGD�DGLFLRQDO�GH����SURGXWR��Ʃ4���$FRPSDQKH�D�ILJXUD���
e raciocine conosco. Qual será a receita marginal se a empresa aumentar 
a produção de 1 para 2? NesWH�FDVR��R�DFUpVFLPR�GH�UHFHLWD��Ʃ57��VHUi�
LJXDO�D�3�H�R�Ʃ4�VHUi�LJXDO�D����$VVLP� 
 
 ܴ݉݃ ൌ ߂ܴܶ߂ܳ ൌ ܲ?ൌ ܲ 
 
 Note que a receita marginal da firma, na concorrência 
perfeita, também é igual ao preço de mercado do bem. Se fizermos 
o mesmo procedimento para qualquer nível de produção, a receita 
marginal será sempre igual a P. 
 
Importante: na concorrência perfeita (e somente nela), a receita 
marginal é igual ao preço. 
 
 A conclusão a que chegamos é que as curvas de demanda, da 
receita média e da receita marginal serão equivalentes, isto é, serão 
linhas retas horizontais ao nível do preço de equilíbrio do mercado. Na 
figura 2, este preço é P0. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Por fim, a receita total, dado um nível de produção (Q), será 
exatamente a área abaixo da curva de demanda limitada pela linha que 
passa por Q. Na figura 2, nós apontamos a receita total (área do 
ȴQ=1 
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Fig. 3 Custo 
em R$ 
Cmg 
Cme 
B 
A 
CVme 
 (Q) 
0 
retângulo cinza) para o nível de produção Q=2. A receita total (RT) é PxQ, 
ou seja, é a base do retângulo (Q) multiplicada pela altura do mesmo (P). 
 
 Dica��VHPSUH�TXDQGR�WHPRV�XPD�FXUYD�GH�DOJXPD�FRLVD�³PpGLD´��D�
iUHD� DEDL[R� GHVVD� FXUYD� LQGLFDUi� D� FRLVD� ³WRWDO´�� 3RU� H[HPSOR�� D� iUHD�
abaixo da curva de receita média indica o valor da receita total. A área 
abaixo da curva do custo médio indica o custo total, a área abaixo da 
curva do custo variável médio indica o custo variável, e assim por diante. 
 
 
2.2. Curvas de custo 
 
 As curvas de custos são as mesmas vistas na aula 04, onde 
estudamos os custos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3. Equilíbrio da firma no curto prazo 
 
 Conforme provado no item 1.2, a firma está em equilíbrio 
(maximização de lucros) quando a receita marginal é igual ao custo 
marginal. Na concorrência perfeita, a receita marginal é igual ao preço 
(Rmg=P), de forma que o equilíbrio é alcançado quando Cmg=P. 
Assim, teremos o equilíbrio quando a curva do custo marginal intercepta a 
linha do preço (que é igual à linha da Rmg). Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 4 Custo 
em R$ 
Cmg 
P 
B A 
P=Rme=Rmg 
QB 
 (Q) 
0 QA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Importante: como na concorrência perfeita, Rmg=P, e o equilíbrio 
(maximização de lucros) de qualquer firma é atingido quando Rmg=Cmg, 
então, na concorrência perfeita (somente nela), a firma se 
equilibra quando Cmg=P. Este nível de preço existente na concorrência 
perfeita, que é igual ao custo marginal, é chamado de preço 
socialmente ótimo. 
 
 A princípio, pode nos parecer que há dois equilíbrios (pontos A e B), 
pois há dois níveis de produção, QA e QB, em que o Cmg=P=Rmg. No 
entanto, apenas em um deles o lucro é maximizado. Observe que o ponto 
A não pode ser o ponto de maximização de lucros, uma vez que, se 
aumentarmos a produção além de QA, o lucro será aumentado. À direita 
de QA e à esquerda de QB, a receita marginal (acréscimo de receita) é 
maior que o custo marginal (acréscimo de custos), o que indica que os 
lucros serão aumentados se aumentarmos a produção além de QA até QB. 
 
 Se é assim, o que temos então no ponto A, ao nível de produção 
QA? No ponto A, ao nível de produção QA, onde Rmg=Cmg=P, ocorre o 
ponto de prejuízo total máximo. O prejuízo (Prej) pode ser entendido 
como a diferença entre os custos totais (CT) e a receita total (RT). Assim, 
 
Prej = CT ± RT 
 
 Para maximizarmos o prejuízo, devemos derivar a função Prej e 
igualar a derivada a ZERO. Assim, 
 
3UHM¶� �&7¶�± 57¶ 
 
 &7¶� p� R� FXVWR�PDUJLQDO��57¶� p� D� UHFHLWD�PDUJLQDO�� H� D�GHULYDGD�GH�
Prej, 3UHM¶, deve ser igual a ZERO. Logo, 
 
0 = Cmg ± Rmg 
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Cmg = Rmg 
 
 Desta forma, percebe-se que, algebricamente, as condições de 
prejuízo e lucro máximos são idênticas. Ainda que as expressões 
matemáticas sejam iguais, existe uma diferença crucial entre as duas 
situações (prejuízo/lucro máximo): no lucro máximo, o custo marginal é 
crescente; no prejuízo máximo, o custo marginal é decrescente. 
 
 Vemos, então, que a igualdade entre o preço e o custo marginal é 
condição necessária para a maximização de lucro, mas, geralmente, não 
constitui condição suficiente. O fato de encontrarmos um ponto onde o 
preço é igual ao custo marginal não significa que encontramos o ponto de 
lucro máximo. Mas, por outro lado, se encontrarmos o ponto de lucro 
máximo, sabemos que, obrigatoriamente, o preço tem que igualar-se ao 
custo marginal. 
 
 Assim, podemos definir de forma mais precisa a situação de lucros 
máximos na concorrência perfeita: 
 
Rmg = P = Cmg Æ sendo Cmg crescente 
 
 Se Cmg é decrescente, e P=Cmg, temos prejuízo máximo. 
 
 
2.4. Áreas de lucro total, receita total e custo total 
 
 Acompanhe as explicações pela figura 5. 
 
 A receita total (RT), conforme visto na figura 2, será a área abaixo 
da curva de demanda da firma (não é a curva de demanda do mercado!) 
limitada pela linha do nível de produção (Q) no equilíbrio (quando 
Cmg=Rmg=P; isto ocorre no ponto A da figura 5). Na figura 5, a RT será 
a área representada pelo retângulo 0_QE_A_P. 
 
 O custo total (CT) pode ser encontrado através da curva de custo 
médio. O custo médio (Cme), por definição, é CT/Q. Observando a 
equação, vemos de modo claro que CT=CmexQ. Vejamos: 
 ܥ݉݁ ൌ ܥܶܳ ���� ֜ �����ܥܶ ൌ ܥ݉݁Ǥ ܳ 
 
 O custo total, então, será o custo médio (Cme) multiplicado por 
(Q). O valor de (Q) é a quantidadeproduzida no equilíbrio, QE (quando 
Cmg=P). O Cme será o preço (ou custo) encontrado quando a linha 
vertical que sai do nível de produção de equilíbrio (Q) encontra a curva do 
Cme (na figura 5, isso ocorre no ponto B). O custo total (CT) será a 
multiplicação de (Q) pelo (Cme). Na figura 5, o CT é a área do retângulo 
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Fig. 5 Custo 
em R$ 
Cmg 
P 
A 
Cme 
P=Rme=Rmg 
Cme 
B 
QE 
 (Q) 
0 
0_QE_B_Cme, que é a área abaixo da curva de custo médio para o nível 
de produção QE, onde a firma maximiza lucros (onde P=Cmg). 
 
 O lucro total (LT) será a diferença entre a receita total (RT) e o 
custo total (CT). Por conseguinte, a área representativa do lucro total 
será a área da receita total menos a área do custo total. Na figura 5, o LT 
será a área Cme_B_A_P. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5. Curva de oferta da firma no curto prazo 
 
 Em primeiro lugar, devemos relembrar o que é curva de oferta: é a 
curva que relaciona a produção da firma (oferta) de acordo com o nível de 
preços do mercado. Então, o ponto chave para determinar a curva de 
oferta da firma é traçar uma curva que mostre níveis de quantidades 
(níveis de produção ± Q) para cada nível de preço que o mercado 
imponha à firma. 
 
 Na figura 6, diagrama a, nós temos o trecho ascendente da curva 
de custo marginal de uma firma. Suponha que o nível de preço seja P1. A 
este nível de preço, a firma está em equilíbrio no ponto 1 (onde P=Cmg), 
e ofertará (produzirá) Q1 produtos. Se o preço aumentar para P2, a firma 
ofertará Q2. Se o preço aumentar para P3, a oferta será Q3 e assim por 
diante. No diagrama b, nós temos uma curva que representa as diversas 
quantidades ofertadas (quantidades produzidas) relacionadas a diversos 
níveis de preços. Ora, a curva que relaciona preços e quantidades 
ofertadas/produzidas é a nossa famosa curva de oferta. Então, pelo que 
se vê na figura 6, a curva de oferta da firma, no curto prazo e na 
concorrência perfeita, é derivada a partir do trecho ascendente da curva 
de custo marginal. 
 
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Figura 6 
Derivação da curva de oferta a curto prazo de um 
produtor em concorrência perfeita 
Curva de 
Cmg 
Curva de 
oferta 
Preço
s 
3 
O3 P3 
O2 2 
P2 
O1 1 
P1 
Q Q3 Q2 Q1 Q3 Q2 Q1 
a) Posições de equilíbrio a 
curto prazo para a firma. 
b) Quantidades ofertadas nos 
equilíbrios de curto prazo da firma. 
Figura 7 
Cmg Custo 
em R$ Cme 
P3 
3 
CVme 
CVme P2=Rmg2=Rme2=Cmg2 
P3=Rmg3=Rme3=Cmg3 2 A 
P2 
P1=Rmg1=Rme1=Cmg1 P1 
1 
Q2 Q1 
 (Q) 
0 Q3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Entretanto, isto (curva de oferta = curva de Cmg) é apenas a regra 
geral e necessitamos neste momento refinar nossa análise. 
 
 Pode haver situações em que, mesmo estando no trecho 
ascendente da curva de custo marginal, a firma optará por não produzir 
ou não ofertar produtos. Acompanhe o raciocínio pela figura 7. Imagine 
que o preço de mercado do produto seja P1. A este nível de preço, a Rmg 
será igual a P1 e o equilíbrio da firma acontecerá no ponto 1 quando 
P1=Rmg1=Cmg1. Neste equilíbrio, a produção/oferta seria Q1, mas se isto 
acontecer, a firma incorrerá em prejuízos. Vejamos por quê: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Se o preço for P1 e a firma produzir Q1 (equilíbrio no ponto 1), a 
receita total será a área do retângulo 0_Q1_1_P1. No entanto, neste ponto 
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1, o custo variável médio de Q1 é CVme (o total do custo variável será a 
área do retângulo 0_Q1_A_CVA). Observe que, produzindo Q1, a firma 
obtém menos receita do que deve pagar de custo variável, uma vez que a 
receita média (P1) é menor que o custo variável médio (CVme). Então, 
podemos concluir que, produzindo a este nível, a firma teria que pagar 
custos variáveis superiores à receita total. Pior: além de ter prejuízo no 
FRQIURQWR� ³UHFHLWD� [� FXVWRV� YDULiYHLV´�� D� ILUPD� DLQGD� WHULD� TXH� SDJDU� RV�
custos fixos, que são a diferença entre o custo total e o custo variável. 
Diante disto, perguntamos-lhe se é interessante produzir se o preço for 
P1? A resposta, obviamente, é não! A firma terá custos variáveis 
superiores à receita total e ainda terá que pagar os custos fixos. Ou seja, 
prejuízo certo! 
 
 Se o preço for P3, a firma produzirá Q3 (equilíbrio no ponto 3). 
Neste nível de produção, a receita média (P3) obtida será maior que os 
custos variáveis médios, uma vez que o ponto de equilíbrio 3 (onde 
P3=Rme3=Cmg3) está acima da intersecção da linha vertical que sai de Q3 
e intercepta a curva do CVme. Ou seja, ao preço P3 e ao nível de 
produção Q3, a receita total supera os custos variáveis. Diante disto, 
perguntamos-lhe: é interessante produzir? A resposta não é tão fácil, mas 
já lhe adiantamos que é positiva; sim, a firma deve produzir. 
 
Observe que, no ponto 3, a receita média supera os custos variáveis 
médios, mas não supera o custo total médio, uma vez que a curva do 
Cme está bem acima do nível de P3. Como o custo (total) médio é maior 
que a receita média, podemos concluir que o custo total também será 
maior que a receita total. Ainda que tenhamos a receita total superando 
os custos variáveis, o custo total supera a receita total em virtude do 
custo fixo, que é a diferença entre o custo total e o custo variável. Se a 
receita total superasse o custo total, o ponto de equilíbrio estaria acima 
da curva de Cme (custo total médio). Desta forma, no ponto 3, temos a 
seguinte situação: a receita total serve para pagar os custos variáveis e 
apenas uma parte dos custos fixos. 
 
Mesmo que os custos fixos superem a diferença entre a receita total 
e os custos variáveis, a empresa deve continuar a produzir. A justificativa 
para isso está na própria definição de custos fixos. Se a firma decidir 
parar de produzir, não haverá redução nos custos fixos, uma vez que eles 
não dependem do nível de produção. Em outras palavras, se a firma pára 
de produzir, não há redução de custos fixos. 
 
Então, ainda que os custos fixos superem o montante a maior da 
receita total sobre os custos variáveis, a firma deve continuar a produzir. 
Nesta situação a firma apresentará prejuízos7, mas ela não deve paralisar 
a produção, pois assim teria que pagar todos os custos fixos. Dessa 
 
7 Nesta situação em que os custos fixos superam a diferença entre a receita total e os custos 
variáveis, temos o seguinte: CF > RT ? CV => CF + CV > RT => CT > RT => PREJUÍZO. 
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forma, se pára, tem que pagar todo o custo fixo. Se produz, a receita 
total permite pagar todos os custos variáveis e ainda uma parte dos 
custos fixos, de tal forma que o prejuízo será menor. 
 
Se o preço for P2, no ponto de mínimo do CVme, em que temoso 
equilíbrio P2=Cmg, a receita média (P2) será exatamente igual aos custos 
variáveis médios; por conseguinte, a receita total será igual aos custos 
variáveis. Neste caso, será indiferente para a firma produzir ou não, pois, 
produzindo ou não, o prejuízo será exatamente igual ao valor dos custos 
fixos8. 
 
Diante do exposto, resumimos assim as possíveis situações em que 
pode se encontrar o preço do produto em relação ao nível de custos 
variáveis médios da firma: 
 
Situação Decisão da firma 
P < CVme 
A firma não produz (não há oferta), uma vez que a receita 
total não cobre nem os custos variáveis. 
P > CVme 
A firma produz (há oferta), mesmo que o nível de custos 
fixos faça com que o custo total supere a receita total. 
Neste caso, a empresa deve produzir, pois a receita total 
pagará os custos variáveis e uma parte dos custos fixos, 
reduzindo o prejuízo. 
P = CVme 
A firma é indiferente entre produzir ou não produzir. Em 
qualquer uma destas duas situações, o prejuízo será igual 
ao valor dos custos fixos. 
 
 Vale ressaltar que se tivermos um nível de preço que esteja acima 
da curva do Cme (P > Cme), então, neste caso, a receita média (que é o 
próprio preço) será superior ao custo (total) médio. Por conseguinte, a 
receita total será superior ao custo total (custos variáveis + custos fixos). 
Conforme vimos no início da aula passada, isto caracteriza uma situação 
de lucros extraordinários ou lucro econômico puro, em que a receita total 
é mais que suficiente para pagar os custos dos fatores de produção (ver 
aula 04, página 04). 
 
Diante de tudo o que foi exposto nas últimas duas páginas, 
podemos afirmar com precisão que a firma só ofertará/produzirá se o 
preço do bem estiver acima do custo variável médio. Assim, nossa 
conclusão inicial, em que verificamos que a curva de oferta da firma era o 
trecho ascendente da curva de custo marginal, deve ser reformulada: a 
curva de oferta da firma, em curto prazo e em concorrência perfeita, será 
o trecho ascendente da curva de custo marginal que estiver acima da 
curva do custo variável médio. 
 
 
8 Lucro/prejuízo=RT ?CT => Lucro/prejuízo=RT ? CF ?CV => Se RT=CV, então, Lucro/prejuízo= ?CF. 
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Figura 8 
Oferta Cmg 
Preço
s 
P=Cmg P=Cmg 
P1 
D1 
Q1 100Q1 Quantidade 
de produtos 
Como a curva de custo marginal intercepta a curva do custo 
variável médio em seu ponto de mínimo, podemos finalmente escrever a 
proposição que define a derivação da curva de oferta da firma: 
 
A curva de oferta de curto prazo de uma firma em 
concorrência perfeita é, precisamente, a curva de custo marginal 
para todos os níveis de produção iguais ou maiores que o nível de 
produção associado ao custo variável médio mínimo. Para os 
preços de mercado menores que o custo variável médio mínimo, a 
quantidade ofertada de equilíbrio é zero. 
 
 
2.6. Curva de oferta da indústria9 no curto prazo 
 
A curva de oferta da indústria será o somatório das curvas de oferta 
das firmas. Veja a figura 8 e considere a indústria/setor sendo composto 
por 100 firmas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A curva de custo marginal de cada empresa nos diz a quantidade 
que a empresa fornecerá a cada preço. Dessa maneira, a curva de oferta 
da indústria/setor (diagrama à direita) pode ser deduzida diretamente a 
partir das curvas de custo marginal das empresas no mercado. Ao preço 
P1, uma firma produz Q1. Ao mesmo preço, a indústria/setor produzirá 
100Q1, considerando que o setor contém 100 firmas. Desta forma, 
podemos entender que a curva de oferta do mercado é a soma 
horizontal das curvas de ofertas individuais. 
 
 
 
9 Entende-se por indústria um conjunto de firmas produzindo um produto homogêneo. Em muitas 
obras, usa-se o termo curva de oferta do mercado ou oferta do setor em vez de oferta da indústria. 
Assim, podemos entender como sinônimas as expressões: oferta da indústria, do setor, ou do 
mercado. 
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2.7. Equilibrando a função de oferta da firma individual com a 
demanda de mercado 
 
Em questões de prova, pode ser que seja necessário derivar 
algebricamente a função de oferta da firma individual e, além disso, 
³WUDQVIRUPDU´�D�RIHUWD� individual da firma na oferta de mercado. Vamos 
utilizar como exemplo numérico uma questão de prova: 
 
(FCC ± ICMS/SP ± 2006) ± Num mercado de concorrência 
perfeita, a curva de demanda por um bem X é dada pela função 
linear: 
Qd=500 ± 10P 
Onde: 
Qd=quantidade demandada do mercado; 
P=preço do bem; 
Nesse mercado, há 50 empresas cuja função custo total é igual 
para todas e expressa pela função: 
CT = 20 + 2q + 0,5q2 
Onde q=quantidade ofertada por cada empresa. 
O preço de equilíbrio desse mercado corresponderá a: 
a) 13 
b) 12 
c) 11 
d) 10 
e) 9 
 
Resolução: 
 
Foi dada pela questão a curva de demanda do mercado e a função custo 
total da firma individual e nos foi pedido o preço de equilíbrio do mercado. 
Para acharmos o valor do preço de equilíbrio do mercado, deveremos 
descobrir a função oferta de mercado e igualá-la à função de demanda do 
mercado, que foi dada. E como acharemos a curva de oferta do mercado? 
Nós encontraremos a curva de oferta individual e depois multiplicaremos 
por 50, uma vez que o mercado possui 50 empresas. E como acharemos 
a curva de oferta individual? A partir da função do custo total, nós 
acharemos a curva do Cmg. Vejamos então: 
 
Nosso primeiro passo é achar o Cmg da firma individual, pois é a curva do 
Cmg que nos dá a curva da oferta da firma. Então, calculemos o Cmg: 
 
CT = 20 + 2q + 0,5q2 (q minúsculo é a quantidade ofertada da firma) 
Cmg = dCT/dq = 2q1-1 + 2.0,5.q2-1 
Cmg = 2 + q 
 
Este custo marginal que encontramos é o custo marginal da firma. O 
equilíbrio, conforme já vimos, é encontrado quando o preço é igual ao 
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custo marginal (P=Cmg). Assim, basta substituirmos o Cmg por P e 
teremos a função de oferta da firma: 
 
P = 2 + q 
q = P ± 2 (oferta da firma) 
 
Agora, transformaremos essa função oferta da firma em função oferta do 
mercado. Para isso, basta multiplicarmos tudo por 50, uma vez que o 
mercado possui 50 firmas: 
 
50.P = 2.50 + 50.q 
50q = 50.P ± 100 (oferta do mercado) 
 
Apesar de termos chegado à função oferta do mercado, ainda não 
podemos igualar esta função à função demanda de mercado e, assim, 
encontrar o preço de equilíbrio. Isso porque na função oferta de mercado 
(acima) temos q (letra minúscula - quantidade ofertada da firma), 
enquanto na função demanda de mercado temos Qd (letra maiúscula - 
quantidade demandada do mercado), ou seja, temos variáveis diferentes. 
Para conseguirmos resolver o problema, faremos 50q=Qo, onde Qo é a 
quantidade ofertada do mercado. Assim, nossa função oferta de mercado 
ficará assim: 
 
50q = 50.P ± 100 Æ 50q=Qo 
Qo = 50P ± 100 (oferta de mercado) 
 
Agora, basta igualarmos as quantidades ofertadas e demandadas demercado (Qd=Qo) para acharmos finalmente o preço de equilíbrio: 
 
Qd=Qo 
500 ± 10P = 50P ± 100 
P = 10 
 
GABARITO: D 
 
Nota Æ se a questão nos pedisse o preço de equilíbrio da firma em vez do 
preço de equilíbrio do mercado, o procedimento seria o mesmo, uma vez 
que, na concorrência perfeita, a empresa é aceitadora de preços e o seu 
preço de equilíbrio, que será igualado ao custo marginal, é também o 
preço de equilíbrio do mercado. 
 
 
2.8. Equilíbrio da firma no longo prazo 
 
Antes de tudo, é importante que saibamos que, no longo prazo, as 
firmas competitivas também buscam o nível de produção em que a 
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receita marginal se iguala ao custo marginal, conforme comentado logo 
no início do item 1.2 desta aula. 
 
A diferença do longo para o curto prazo é a possibilidade de a firma 
variar todos os fatores de produção. Como custo significa remuneração ou 
preço de fator de produção, podemos considerar que no longo prazo 
todos os custos são variáveis, uma vez que podemos variar todos os 
fatores de produção. 
 
Assim, em longo prazo, CT=CV e Cme=CVme. Como o equilíbrio 
também é alcançado quando Rmg=Cmg, o nosso equilíbrio será bastante 
semelhante à situação vista no curto prazo, com a existência de apenas 
uma diferença que será crucial para a nossa análise. Vejamos essa 
diferença: 
 
 No longo prazo, o mercado só estará em equilíbrio se a receita total 
das firmas for exatamente igual aos custos totais. Em outras palavras, no 
equilíbrio de longo prazo da concorrência perfeita, só possuímos lucro 
econômico igual a zero, ou lucro normal, que é a situação em que a 
receita é o valor exato utilizado para remunerar ou pagar os fatores de 
produção (dentre estes fatores de produção, está o lucro do empresário e 
todos os custos de oportunidade implícitos). Maiores detalhes, releia a 
aula 04, páginas 03 e 04. 
 
 Se as firmas estiverem obtendo receita total superior ao custo total, 
haverá lucro econômico positivo, ou lucros extraordinários. Nesta 
situação, a firma recebe mais dinheiro do que o necessário para bancar o 
custo dos fatores de produção. Quando isto acontece, há estímulos para a 
entrada de novas empresas nesse mercado. Com a atração de novas 
firmas, a curva de oferta do mercado será deslocada para baixo e para a 
direita. Se você relembrar as interações entre oferta e demanda que 
estudamos na aula 00, verá que este deslocamento da curva de oferta 
provocado pela entrada de novas firmas fará reduzir o preço de equilíbrio 
do mercado. Esta redução de preço fará diminuir o lucro econômico da 
firma até o ponto em que tivermos lucro econômico zero ou lucro normal. 
 
 Se as firmas estiverem obtendo receita total inferior ao custo total, 
haverá prejuízo econômico. Nesta situação, há estímulos para a saída de 
empresas, o que faz com que a curva de oferta do mercado seja 
deslocada para a esquerda e para cima. Este deslocamento fará aumentar 
o preço de equilíbrio de mercado, reduzindo o prejuízo econômico até o 
ponto em que tivermos novamente lucro econômico zero ou lucro normal. 
 
 Assim, vê-se que o equilíbrio competitivo de longo prazo é a 
situação em que há lucro econômico zero (RT = CT). Como, nesta 
situação, temos RT=CT, então, obrigatoriamente, temos também 
Rme=Cme. Em concorrência perfeita, nós já vimos que a Rme é igual ao 
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Custo, 
Preço Fig. 09 
P = Rme = Rmg = Cmg = Cme 
CmgLP 
C 
Po 
Equilíbrio de longo prazo 
acontece quando temos 
CmeLP mínimo. 
O 
0 
Quantidade 
produzida (Q) Qo 
preço, que é igual à Rmg. Então, no equilíbrio competitivo10 de longo 
prazo, temos: 
 
1) RT = CT (lucro econômico zero ou lucro normal) 
 
2) Rmg = Rme = P = Cme = Cmg 
 
Graficamente, o equilíbrio de longo prazo será o ponto em que a 
curva de custo marginal de longo prazo intercepta a curva de custo (total) 
médio de longo prazo, ressaltando que esta intersecção representa o 
ponto de mínimo da curva de custo total médio. Vejamos a figura 09: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No ponto O, a receita total será a área do retângulo 0_Qo_O_Po. O 
custo total terá a mesma área. Assim, o ponto O é o único ponto em que 
haverá equilíbrio no longo prazo. Para preços maiores que Po, haverá 
estímulos à entrada de mais empresas para o mercado, pois teremos RT 
> CT, ou seja, lucro econômico positivo (=lucros extraordinários). Para 
preços menores que Po, haverá estímulos à saída de empresas, pois 
teremos RT < CT, ou seja, prejuízo econômico. 
 
 Por fim, é interessante lembrar que, no ponto O, os custos 
marginais e médios de curto e de longo prazo também são iguais (ver 
item 2.2.2.3, figura 13, da aula 04). Neste mesmo ponto, ainda, temos 
retornos constantes de escala (ver item 2.2.2.1, figura 10, da aula 04). 
 
 
2.9. O caso da curva de oferta negativamente inclinada 
 
 
10 Quando falamos em equilíbrio competitivo, estamos querendo falar em equilíbrio na concorrência 
perfeita. 
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 Até o presente momento, nós falamos que a curva de oferta é 
sempre positivamente inclinada, indicando que preços maiores indicam 
maiores quantidades ofertadas. No entanto, existe um caso singular em 
que a curva pode ser negativamente inclinada, isto é, preços maiores 
indicam menores quantidades ofertadas. 
 
 Trata-se da curva de oferta de mercado (ou setor, ou indústria) no 
longo prazo quando este setor possui economias de escala (ou 
rendimentos crescentes de escala). Neste caso específico, a existência de 
economias de escala no longo prazo faz com que o setor possa tirar 
proveito da redução de custos (ou custos decrescentes) a partir do 
aumento de produção. 
 
 Assim, ao aumentar a produção, o setor reduz o custo médio e os 
preços. Isso pode alavancar as vendas e acaba fazendo com que o setor 
acabe por aumentar as quantidades ofertadas e reduzir os preços. Ou 
seja, a curva de oferta será negativamente inclinada nesta situação. 
 
 Mas veja que isso é uma situação em que temos a curva de oferta 
do setor, indústria ou mercado. Note que não se aplica para a análise da 
curva de oferta de uma firma individual. Nós podemos ter curvas de 
oferta positivamente inclinadas para cada firma, mas se o setor, como um 
todo, possuir custos decrescentes (economias de escala, ou rendimentos 
crescentes), a curva de oferta do setor será negativamente inclinada, 
ainda que as curvas individuais possuam inclinação ascendente. 
 
Outra observação importante é que estamos falando de longo 
prazo. Afinal, toda a análise envolvendo rendimentos ou economias de 
escala só tem sentido no longo prazo, que é o prazo no qual podemos 
variar todos os fatores de produção. Se estivermos no curto prazo, não 
podemos variar todos os fatores de produção, logo, não há meios de se 
verificar, por exemplo, se a produção possui rendimentos crescentes11 de 
escala, nem se há economias de escala12. 
 
Assim, se tivermos concomitantemente os seguintes fatores: 
 
i. Curva de oferta do setor, indústria ou mercado; e 
ii. Longo prazo(se a questão falar em economias ou rendimentos de 
escala, então, já está implícito que se trata do longo prazo); e 
 
11 Para verificarmos se uma produção possui rendimentos crescentes de escala, nós devemos 
multiplicar todos os fatores de produção por um número qualquer e verificar se a produção 
resultante crescente em uma proporção maior. Ou seja, se multiplicamos todos os fatores de 
produção por um número, significa que estamos variando todos os fatores de produção. Isto indica 
que estamos no longo prazo. 
12 A conclusão sobre a existência de economias de escala é extraída da curva de custo médio de 
longo prazo. Logo, sua verificação e ocorrência são estritamente ligadas ao longo prazo. 
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iii. Custos decrescentes (economias de escala, ou rendimentos 
crescentes de escala); 
 
(...) teremos também uma curva de oferta com inclinação 
descendente. 
 
 
2.10. O caso da curva de oferta horizontal 
 
 A análise deste caso é bastante semelhante àquela que fizemos no 
item passado. No item 2.9, nós vimos que a existência de economias de 
escala (custos decrescentes) no longo prazo faz com que a curva de 
oferta do setor seja negativamente inclinada. 
 
 Pois bem, quando temos retornos constantes de escala (= custos 
constantes) no longo prazo, isso faz com que a curva de oferta do setor 
seja uma reta horizontal. Ou seja, como o custo é constante, ele não 
muda de acordo com o nível de produção. Neste caso, não importa se a 
produção é baixa ou alta, o custo será o mesmo, o que implica dizer que 
o setor cobrará o mesmo preço pelo produto, não importando o nível de 
produção. 
 
 Neste caso, então, em que temos custos constantes (ou 
rendimentos constantes de escala) a curva de oferta do setor em 
longo prazo será uma reta horizontal. 
 
 
Resumo da concorrência perfeita: 
 
x Todos os agentes são tomadores de preço; 
 
x Curva de demanda da firma é perfeitamente elástica 
(horizontal); 
 
x Única estrutura de mercado em que o preço é igual à receita 
marginal. Consequentemente, o ponto de maximização de 
lucros da firma (equilíbrio) é atingido quando o preço é igual 
ao custo marginal (P=Cmg); 
 
x A curva de oferta é a curva do custo marginal acima do custo 
variável médio; 
 
x No curto prazo, a firma pode obter prejuízo, lucro zero 
(normal) ou lucro econômico. No longo prazo, ela obterá 
obrigatoriamente lucro normal (zero), onde lucro total é igual 
ao prejuízo total (ou Rme=Cme); 
 
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x Em longo prazo, no equilíbrio (ponto de mínimo da curva de 
custo médio): Rmg=Cmg=P=Rme=Cme. 
 
x Em longo prazo, se tivermos custos decrescentes (economias 
de escala), a curva de oferta do setor será negativamente 
inclinada. Se tivermos custos constantes (retornos constantes 
de escala), a curva de oferta do setor será horizontal. 
 
 
 
3. MONOPÓLIO 
 
O monopólio é a antítese da concorrência perfeita, representando a 
inexistência de competição, o suprassumo da anticoncorrência, uma vez 
que temos apenas uma firma que domina todo o mercado. 
 
Na posição de único produtor de determinado produto, o 
monopolista está na situação onde toda empresa sonha estar, ele está em 
uma posição singular, única. Se decidir elevar o preço do produto, não 
precisa se preocupar com a concorrência, simplesmente porque ela não 
existe. Isto acontece porque o monopolista é o próprio mercado e 
controla a quantidade ofertada de produto que será posto à venda. 
 
No entanto, isso não significa que o monopolista possa, a seu bel-
prazer, cobrar o preço que quiser caso seu objetivo seja a maximização 
de lucros. Este curso é um exemplo. O Estratégia Concursos, proprietário, 
é o produtor monopolista deste curso completo de Economia e Finanças 
Públicas, que é o único curso escrito abordando em um só material Micro, 
Macro e Finanças Públicas. Então, por que motivo o Estratégia não o 
vende por R$ 5.000,00? A resposta é óbvia: poucas pessoas iriam 
adquiri-lo, de forma que o lucro do site seria menor, apesar de ele ser 
monopolista do produto. 
 
 As características básicas do monopólio são as seguintes: 
 
1) Uma única empresa produtora do bem ou serviço; 
2) Não há produtos substitutos próximos; 
3) Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. 
 
O motivo 1 significa a própria essência do monopólio. 
 
O motivo 2 é decorrência do motivo 1, pois se o bem produzido pelo 
monopolista possuísse substitutos próximos ou produtos que fossem 
equivalentes, não teríamos um monopólio, mas sim uma estrutura de 
mercado que se aproximaria da concorrência monopolística. 
 
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O motivo 3 é o mais interessante e é ele que explica por que os 
monopólios existem. A causa fundamental de um monopólio existir está 
nas barreiras à entrada. Isto é, um monopolista se mantém como único 
vendedor de seu mercado porque as outras empresas são impossibilitadas 
de entrar no mercado e competir com ele. 
 
Basicamente, as barreiras à entrada têm quatro origens 
principais: 
 
- Recursos de monopólio: 
Uma empresa possui os recursos chave para a produção de 
determinado produto. Por exemplo, a Aluminium Company of 
America (Alcoa) deteve o monopólio no mercado de alumínio por 
mais de 50 anos. Isto aconteceu porque ela controlava todas as 
fontes de fornecimento de bauxita, que é a matéria-prima do 
alumínio. 
 
- Regulamentações do governo: 
Às vezes, os monopólios surgem porque o governo concede a 
uma só empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou 
serviço. As leis que regulam as patentes e os direitos autorais 
configuram um exemplo desta situação e o objetivo de tais normas 
é estimular e recompensar aquela empresa que investiu em 
inovações que trazem benefícios à coletividade. Por exemplo, por 
alguns anos, foi garantido à empresa farmacêutica Pfizer o direito 
exclusivo de vender o famoso Viagra13. Estas situações em que uma 
empresa detém o monopólio de um produto por força de lei são 
chamadas de monopólio legal. Vale ressaltar que o monopólio 
legal não ocorre somente no caso das patentes. Por exemplo, por 
mais de 40 anos (1954 a 1997), o governo concedeu à Petrobrás o 
direito exclusivo de explorar o petróleo localizado em terras 
brasileiras, mesmo sem ter sido ela a inventora do processo de 
extração de petróleo. 
 
- Processo de produção: 
A produção de determinados bens apresentam economias de 
escala para os níveis de produção relevantes. Nesse caso, quanto 
maior for a produção, menor o custo médio, uma vez que a curva 
de custo médio de longo prazo é decrescente quando temos 
economias de escala. Em outras palavras, uma só empresa pode 
produzir a um custo médio menor do que se houvesse um número 
maior de empresas. Quando esta situação ocorre, temos um 
monopólio natural ou puro. 
 
13 Apenas a partir do ano de 2013, outras empresas farmacêuticas puderam produzir o remédio; o 
que fez seu preço cair pela metade, com os genéricos desenvolvidos. 
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Importante: a principal característica do monopólio natural é a 
existência de economias de escala no processo de produção. 
Esse é o caso das empresas que têm uma parcela muito alta 
de custo fixo e custos variáveis baixos, quando comparados com o 
custo fixo. Aqui, será menos custoso um número menor de firmas 
produzir, ou até mesmo uma só firma. Como exemplo de 
monopólios naturais, temos as companhias de energia elétrica, 
telefonia, abastecimento de água e saneamento básico das cidades. 
A tecnologia de produção destes serviços é de tal ordem que uma 
vez incorridos os altos custos das instalações, a expansão da 
produção por uma só firma (monopolista) irá reduzir os custos 
médios. Consequentemente, para essas firmas caracterizadas como 
³PRQRSyOLR� QDWXUDO´�� D� HVWUXWXUD� GH� FXVWRV� médios é decrescente 
para toda a faixa relevante de produção14. Ou seja, à medida que se 
aumenta a produção, os custos médios irão decrescer cada vez 
mais, e isso só acontece nestas empresas inseridas neste caso 
específico do monopólio natural. 
Quando temos uma tecnologia de produção com a existência de 
economias de escala, as empresas de fora do mercado sabem que 
não poderão atingir os mesmos baixos custos de que desfruta o 
monopolista porque, depois de entrar, cada uma teria uma fatia 
menor do mercado e ainda teria que arcar com altíssimos custos 
iniciais de implantação da firma. 
Por fim, ressaltamos que, em algumas obras, a ocorrência de 
economias de escopo, quando os custos totais de uma só empresa 
são menores que os custos totais de várias empresas, também 
representa barreiras à entrada e pode provocar o surgimento de 
monopólios naturais. 
 
- Tradição no mercado: 
A tradição que algumas firmas possuem muitas vezes funciona 
como barreira à entrada. Por exemplo, demorou bastante tempo e 
demandou muitos investimentos até que os japoneses pudessem 
concorrer com a tradição dos relógios suíços e com a tradição dos 
automóveis alemães e americanos. 
 
 Agora que já temos uma visão geral do monopólio, podemos 
estudar os aspectos econômicos do funcionamento desta estrutura de 
mercado. 
 
 
 
14 No caso do monopólio natural ?�Ă�ĐƵƌǀĂ�ĚĞ�ĐƵƐƚŽ�ŵĠĚŝŽ�ŶĆŽ�Ġ�Ğŵ�ĨŽƌŵĂƚŽ�ĚĞ�Ƶŵ� ?h ? ?�ĐŽŵŽ�ĂƐ�ƋƵĞ�
foram apresentadas nas figuras 09 e 10, da aula 4, por exemplo. Para o monopólio natural, a curva 
de custo médio será decrescente, indicando que o aumento de produção irá sempre reduzir o custo 
médio. 
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Figura 10 
DEMANDA DE MERCADO E DEMANDA INDIVIDUAL 
(FIRMA ISOLADA) NO MONOPÓLIO 
A firma é o próprio 
mercado Demanda de 
mercado 
Preço
s 
Demanda para a 
firma monopolista 
E1 F 
PE1 E1 PE1 
E2 PE2 
DFIRMA DMERCADO 
QE2 QE1 QE1 Quantidade 
de produtos 
a) MERCADO TOTAL b) FIRMA INDIVIDUAL 
3.1. As curvas de demanda, receita média e receita marginal 
da firma monopolista 
 
No mercado concorrencial, nós vimos que a curva de demanda 
individual da firma era uma reta horizontal passando pelo nível de preço 
que, ao mesmo tempo, representava o nível da receita marginal e da 
receita média (ver figuras 01 e 02). 
 
No monopólio, entretanto, a curva de demanda da firma será igual 
à curva de demanda do mercado e a explicação é simples: a firma 
monopolista é o próprio mercado. A produção da firma será a própria 
produção do mercado. A demanda enfrentada pela firma será a própria 
demanda do mercado. Logicamente, sua curva de demanda será igual à 
curva do mercado. 
 
A consequência mais importante desse fato é que, diferentemente 
do que ocorre na concorrência perfeita, a receita marginal não será igual 
ao preço. No monopólio, a receita marginal será menor que o preço que 
ela cobra pelo seu produto. Isso pode ser constatado graficamente; veja a 
figura 10: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe, no gráfico 10.b, que se o monopolista aumentar a sua 
produção (de QE1 para QE2) e mantiver o mesmo preço inicial (PE1), 
simplesmente não haverá demanda para o produto. Veja que a interseção 
de QE2 com PE1 é o ponto F, fora da curva de demanda. Ou seja, não 
haverá demanda para aquele nível de quantidades produzidas (QE2) ao 
preço PE1, de modo que a firma não aumentará sua receita se decidir 
aumentar a produção e manter os preços. 
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 Para aumentar a produção e conseguir vendê-la, a firma 
monopolista deve reduzir os preços. Isto acontece porque a curva de 
demanda da firma é a própria curva de demanda do mercado, que é 
negativamente inclinada, indicando que quanto maiores forem as 
quantidades demandadas, menores devem ser os preços. É o que 
acontece no gráfico: para aumentar a produção de QE1 para QE2, e se 
manter na curva de demanda, a firma deve reduzir os preços de PE1 para 
PE2 para que ainda haja demanda do produto. 
 
 Desta forma, cada produto adicional que a firma queira produzir 
deve estar em um preço abaixo do que era praticado no nível de produção 
imediatamente anterior. A conclusão a que chegamos é a seguinte: a 
receita marginal no monopólio será sempre menor que o preço do 
produto. 
 
Vemos então que, no monopólio, para se vender um produto 
adicional, a firma terá que fazê-lo a um preço menor que aquele praticado 
anteriormente. Desta forma, a receita, na margem, será sempre menor 
que o preço que era praticado no nível de produção imediatamente 
anterior. Em outras palavras, no monopólio: Rmg<P. 
 
Pelo fato da Rmg ser menor que o preço, a curva da Rmg deverá 
ser tal que, para cada nível de produção, a Rmg encontrada seja menor 
que P. Suponha uma curva de demanda linear, que seja representada 
pela função de demanda inversa P=a±bQ. A receita total será RT=P.Q, ou 
seja, RT=aQ±bQ2. A receita marginal será dRT/dQ=a±2bQ. Seguem as 
expressões da demanda e da receita marginal: 
 
Função demanda: P = a ± bQ 
 
Função receita marginal: Rmg = a ± 2bQ 
 
Dica: se você tiver uma expressão de demanda inversa, a 
expressão da receita marginal serão igual à expressão da demanda 
inversa, com a única diferença que você deverá multiplicar por 2 o termo 
TXH�FRQWpP�4��D�YDULiYHO�³TXDQWLGDGHV´�� 
 
Se montarmos um gráfico típico, com os valores de R/Rmg no eixo 
vertical e os valores de Q no eixo horizontal, veremos que a curva de 
receita marginal possui o mesmo intercepto vertical da curva de demanda 
e inclinação duas vezes maior. 
 
Os interceptos das curvas de demanda e de receita marginal podem 
ser encontrados fazendo Q=0 nas duas funções. Nos dois casos, veremos 
3�H�5PJ�VHUmR�LJXDLV�D�³D´��SRQWR�$�GD�ILJXUD���). A inclinação da curva 
de demanda será a sua derivada (dP/dQ), que é igual a ±b. A inclinação 
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P, Rmg 
Fig. 11 
Intercepto 
vertical = a 
Curva de demanda: P = a - bQ 
Inclinação da demanda: -b 
ACurva de Rmg: Rmg = a - 2bQ 
Inclinação da Rmg: -2b 
O C B 
OB = a/2b Q 
OC = a/b 
da curva da receita marginal também será a sua derivada (dRmg/dQ), 
que é igual a -2b. Logo, percebe-se que a curva da receita marginal é 
negativamente inclinada assim como a curva de demanda. Isto é 
verificado pelo sinal negativo do termo que define a inclinação. Nota-se 
também que a inclinação da Rmg será exatamente o dobro da inclinação 
da curva de demanda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como decorrência do fato de a curva de Rmg ter o dobro da 
inclinação da curva de demanda, o intercepto horizontal da demanda será 
o dobro do valor do intercepto horizontal da Rmg. Para calcularmos o 
intercepto horizontal da demanda, basta fazer P=0, daí, veremos que o 
LQWHUFHSWR� VHUi� LJXDO� D� ³D�E´. O intercepto horizontal da Rmg será 
encontrado se fizermos Rmg=0, daí, veremos que o intercepto será igual 
D�³D��E´��2X�VHMD��R�VHJPHQWR�2%�p�H[DWDPHQWH�D�PHWDGH�GR�VHJPHQWR�
OC. 
 
 Bem, já sabemos que Rmg<P e que a curva da Rmg estará abaixo e 
à esquerda da curva de demanda; mas, e quanto à receita média? Será 
que ela é igual ao preço, assim como acontece na concorrência perfeita? 
A resposta é sim. Algebricamente, isso é demonstrado sem maiores 
dificuldades: 
 ܴ݉݁ ൌ ܴ݁ܿ݁݅ݐܽ�ݐ݋ݐ݈ܽܳݑܽ݊ݐ݅݀ܽ݀݁ ൌ ܴܶܳ ൌ ܲǤ ܳܳ ൌ ܲ 
 
 Ou seja, a Rme é o próprio preço que o consumidor paga em cada 
unidade do produto. Então, a curva da Rme é a própria curva de demanda 
do mercado. Na figura 11, a curva da Rme será o segmento AC, de modo 
que a curva de demanda é igual à curva da Rme. 
 
 
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3.2. A receita marginal e a elasticidade preço da demanda no 
monopólio 
 
Para explicar essa parte da matéria, precisaremos explicar uma 
nova regra para cálculo de derivadas. É a regra do produto. Quando 
temos a derivada de um produto de duas funções em relação a uma 
mesma variável, multiplicamos o primeiro termo do produto pela derivada 
do segundo e somamos isto com a multiplicação do segundo termo do 
produto pela derivada do primeiro. Entendeu...rsrs?! Segue um exemplo 
para visualizar: 
 ݀ሺݕǤ ݓሻ݀ݔ ൌ ݕǤ ݀ݓ݀ݔ ൅ �ݓǤ ݀ݕ݀ݔ 
 
Vamos aplicar esta regra na expressão da receita marginal, tendo 
em vista que, neste caso, temos uma derivada de um produto (PxQ) em 
relação a uma mesma variável (Q): 
 ܴ݉݃ ൌ � ܴ݀ܶ݀ܳ ൌ ݀ሺܲǤ ܳሻ݀ܳ ൌ ܳǤ ݀ܲ݀ܳ ൅ �ܲǤ ݀ܳ݀ܳ ൌ E?ǤE?E?E?E?൅ E? 
 
Podemos manipular algebricamente o termo final encontrado (em 
negrito) de forma que: 
 ܴ݉݃ ൌ ܲ ൬ܳܲ Ǥ ݀ܲ݀ܳ ൅ ?൰ 
 
 Nós colocamos o P em evidência (fora dos parênteses). Para isso, 
dividimos o primeiro termo por P e o segundo termo ficou igual a 1. Note 
que, após colocarmos o P em evidência, o primeiro termo que ficou 
dentro dos parênteses é exatamente o inverso da expressão da EPD ቀܧ݌݀ ൌ ௉ொ Ǥ ௗொௗ௉ቁǤ Logo, podemos substituir o primeiro termo do interior dos 
parênteses por ଵா௣ௗ. Assim: 
 ܴ݉݃ ൌ ܲ ൬ ?ܧ݌݀ ൅ ?൰ 
 
 O valor de EPD que está ali dentro dos parênteses, regra geral, é 
negativo. Desta forma, para evitar confusão, podemos reescrever a 
expressão trocando o sinal de + (positivo) por ± (negativo), utilizando, 
para isso, o módulo (valor absoluto) de EPD: 
 E?E?E?ൌ � ઢE?E?ઢE? ൌ E? ൬૚ െ ૚ȁE?E?E?ȁ൰ 
 
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 É interessante que você saiba esta expressão, pois ela ajuda em 
muitas questões, inclusive se elas forem teóricas. 
 
 A expressão mostra o que, lá no fundo, já sabemos. Quando a 
elasticidade é unitária (EPD=1), a receita marginal será ZERO e a receita 
total é máxima, isto é, a receita total do produtor não varia quando 
aumenta a produção. Se a demanda for inelástica (EPD<1, o que significa 
que ૚ȁE?E?E?ȁ�será maior que 1 e, portanto ૚ െ ૚ȁE?E?E?ȁ será negativo), a receita 
marginal é negativa, indicando que o aumento de produção provocará 
redução na receita. Se a demanda for elástica (EPD>1), a receita marginal 
é positiva, indicando que a receita aumentará quando aumentar a 
produção. 
 
 Podemos raciocinar da seguinte forma: se a demanda não reagir 
muito ao preço (demanda inelástica ± EPD<1), será preciso diminuir muito 
o preço para aumentar a produção, o que provoca queda na receita. Por 
outro lado, se a demanda reage muito ao preço (demanda elástica), será 
preciso diminuir pouco o preço para aumentar a produção, fazendo a 
receita aumentar (proporcionalmente, a redução no preço é menor que o 
aumento de produção). 
 
 Então, em suma, temos o seguinte sobre as relações entre a receita 
marginal, receita total e elasticidades. Como a Rmg é o acréscimo na 
receita total em virtude do aumento da produção, então, se Rmg é 
positiva, necessariamente, RT cresce. Ao mesmo tempo, para Rmg ser 
positiva, necessariamente, o valor absoluto da elasticidade deve ser maior 
que 1. Por outro lado, se Rmg é negativa, RT decresce em virtude do 
aumento de produção, ao mesmo tempo, EPD é menor que 1. Por último, 
se Rmg=0 (RT não varia), RT é máxima e EPD=1. Segue um quadro-
resumo: 
 
Situação da Rmg Elasticidade-preço Variação da RT 
Rmg < 0 EPD < 1 RT cai 
Rmg > 0 EPD > 1 RT cresce 
Rmg = 0 EPD = 1 RT não varia 
 
Nota 1Æ observe que se você decorar a fórmula E?E?E?ൌ ઢE?E?ઢE? ൌ E? ቀ૚ െ ૚ȁE?E?E?ȁቁ, 
já estará automaticamente decorando as conclusões do quadro acima, 
pois estas são observadas matematicamente na expressão. 
 
Nota 2 Æ note que a expressão reafirma aquilo que aprendemos sobre a 
concorrência perfeita, no ponto em que afirmamos que Rmg=P. Em 
mercados competitivos, a curva de demanda da firma é uma reta 
horizontal, indicando que a demanda enfrentada pela firma individual é 
infinitamente elástica (EPD ’��� /RJR�� ଵா௣ௗ ൌ ?ǡ�de tal maneira que 
Rmg=P(1±0) => Rmg=P. 
33766860330
Economia Brasileira e Finanças Públicas para SEFAZ-PI 
Teoria e exercícios comentados 
Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 05 
 
 
Profs. Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 124 
Figura 12 P, Rmg 
A 
EPD > 1 
B 
EPD < 1 
Rmg 
Q O C 
 
Nós sabemos que os lucros serão maximizados quando Rmg=Cmg. 
Assim, podemos reescrever a expressão substituindo a Rmg por Cmg, de 
modo que a maximização de lucros aconteceria quando: 
 E?E?E?ൌ E? ൬૚ െ ૚ȁE?E?E?ȁ൰ 
 
Do ponto de vista matemático, podemos perceber que o 
monopolista nunca irá atuar quando ȁE?E?E?ȁ<1. Se ȁܧ݌݀ȁ<1, então ૚ȁE?E?E?ȁ>1 e a receita marginal será um valor negativo, de maneira que não 
se poderá igualar ao custo marginal, pois não existe custo marginal 
negativo! Para que o monopolista consiga maximizar os lucros, sua 
receita marginal deve ser igual ao custo marginal, e como este último é 
sempre maior ou igual a zero, então, a receita marginal também deve ser 
igual ou maior que zero; e para a receita marginal ser igual ou maior que 
zero, a Epd deve ser maior ou igual a 1. 
 
 Intuitivamente, podemos entender dessa maneira o significado da 
proposição de que o monopolista não operará onde a curva de 
demanda é inelástica: se ȁܧ݌݀ȁ<1, uma redução na produção 
aumentará a receita15 e reduzirá o custo total, fazendo com que os lucros 
aumentem. Assim, qualquer ponto em que ȁܧ݌݀ȁ<1 é um ponto onde a 
empresa pode aumentar os lucros. Ora, se é possível aumentar os 
lucros, então, onde ȁܧ݌݀ȁ<1, obrigatoriamente, não pode ser um ponto de 
lucro máximo para o monopolista. 
 
Se, quando ȁܧ݌݀ȁ<1, não temos

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