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Artigo Fisioterapia Geri+ítrica 2003

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Augustus – Rio de Janeiro – Vol. 08 – N. 17 – Jul./Dez. – 2003 – Semestral 
 
61 
–––––––––– 
 
 
FISIOTERAPIA GERIÁTRICA 
 
 
 
Ricardo Ribeiro1
Bruno Durante de Medeiros2
Luís Cláudio Ferreira Pinto3
Eduardo Assaf Corrêa4
 
 
RESUMO: O presente artigo abordará as conseqüências mais notáveis do envelheci-
mento, sua repercussão na funcionalidade do ser humano, por ser a função, objeto de traba-
lho do fisioterapeuta. 
 
ABSTRACT: The present article will approach the consequences notables of the aging, 
its repercussion in the functionality of the human being, for being the function, object of 
work of the physiotherapist. 
 
Palavras-chave: Geriatria, velhice. 
Keywords: Geriatrics, age. 
 
É percentualmente muito marcante a predomi-
nância de idosos no cotidiano do Fisioterapeuta, 
seja pelo inexorável processo de desgaste dos sis-
temas orgânicos, seja pelo desconhecimento, que 
conduz os seres humanos a uma má utilização do 
corpo ao longo dos anos e mesmo pela falta de 
cultivo do hábito da prevenção. Segundo o Guide 
To Physical Therapist Pratice (1997), citado
por Godman, em seu livro, Diagnóstico Diferen-
cial em Fisioterapia, pacientes são “indivíduos 
que recebem cuidado da fisioterapia, enquanto 
clientes são aqueles que, embora não estejam 
doentes ou lesionados, podem se beneficiar de 
uma consulta para aconselhamento por parte do 
profissional”. 
 
 Considerado esses fatos, esse texto se propõe a 
fazer uma prospecção sucinta, acerca dos acome-
timentos mais corriqueiros nesta população enfo-
cando as causas e formas de prevenção. 
 
 
AÇÃO DO ENVELHECIMENTO 
SOBRE O INDIVÍDUO 
 
Pele – a mais notável característica do enve-
lhecimento é o enrugamento, devido à diminuição 
do fluxo sangüíneo, e da renovação da camada 
superficial (epiderme); ocorre também hipoeste-
sia (redução da capacidade de sentir) para dor, ta-
to, calor. 
1Fisioterapeuta. Pós-Graduado em Traumato-ortopedia; Professor da UNISUAM. 
2Fisioterapeuta. Pós-Graduado em Biomecânica. Professor da UNISUAM e do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. 
3Fisioterapeuta. Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior; Especialista em Acupuntura; Professor da UNISUAM e do IBMR. 
4Fisioterapeuta. Mestre em Psicologia Social. Professor do IBMR. Coordenador do Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de 
Almeida. 
Ricardo�
Ricardo.D.doc�
Augustus – Rio de Janeiro – Vol. 08 – N. 17 – Jul./Dez. – 2003 – Semestral 
 
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Gordura – o ser humano perde percentualmen-
te massa muscular, ganhando em massa gorduro-
sa, a mesma tende a dobrar de percentual ao lon-
go dos anos. 
Regulação da temperatura corpórea – há maior 
susceptibilidade às variações térmicas, podendo 
ocorrer pouca resposta térmica às infecções. 
Coração e pulmões – há redução da capacida-
de volumétrica dos pulmões, da função contrátil e 
disritmia cardíaca ante a atividade física. 
Sistema urinário – ocorre diminuição na per-
cepção da sede, o que pode mesmo conduzir à de-
sidratação e conseqüente constipação (pelo resse-
camento do bolo fecal). Existe uma reduzida ca-
pacidade de contenção de urina e presença de 
maior volume residual pós-esvaziamento na be-
xiga, fato esse agravado nos homens devido à hi-
pertrofia prostática, esta se falando de decréscimo 
de função renal, portanto fármacos que estejam 
sendo eventualmente utilizados e que sejam de ex-
creção renal, serão mais tóxicos às essas pessoas. 
Ossatura – o percentual mineral declina após 
os 30 anos em média. 
Musculatura – ocorre redução da massa total, 
incluindo o volume e número de fibras. Há uma 
fatigabilidade mais precoce ante atividades coti-
dianas. Especialmente na cintura pélvica acontece 
diminuição de força, tornando o ato de levantar-
se mais difícil. Há retração das fibras colágenas, 
favorecendo o encurtamento muscular. 
Sistema neurológico – devido ao encurtamen-
to muscular citado, aumenta a curva da postura 
em ortostatismo, o que altera a distribuição da li-
nha de gravidade. Vai se reduzindo a velocidade 
de transito pelas fibras nervosas, com conseqüen-
te prejuízo da velocidade dos atos volitivo e 
reflexos. 
Audição e visão – entre 25 a 50%, de pessoas 
com mais de 65 anos, existe perda de audição 
considerável, principalmente para as altas fre-
qüências. Esse sentido prejudicado é um orien-
tador a menos, para a realização dos atos mo-
tores. A visão está ligada ao equilíbrio; sendo as-
sim, a perda normal pelo advento da idade colo-
ca o idoso em risco potencial de quedas e a um 
temor que culminará com a redução de ativida-
des motoras. 
Marcha – devido à desmineralização, os qua-
dris apresentam valgismo, que faz com que a 
marcha seja adernante, principalmente em mulhe-
res; os baroreceptores dos pés podem não mais 
prover adequadamente reflexos de peso, diminu-
indo a eficiência da marcha no aspecto automáti-
co; pelo encurtamento muscular, ocorre retração de 
músculos dos membros inferiores, com maior ou 
menor presença de genu recurvatum, passos curtos 
e pequena base de bipedestação. Há um aumento 
no tempo de contato com os dois pés no solo. Pela 
menor eficácia do conjunto, nota-se que ocorre 
maior gasto energético com menor conforto mecâ-
nico, estando o indivíduo menos apto a percorrer 
longas distâncias; assim sendo, evitará fazê-lo. 
Nota-se que todos esses fatores, predisporão o 
indivíduo idoso a estar, então, se sujeitando a vi-
ver menor quantidade de experiências motoras, 
com menor uso das estruturas responsáveis pelo 
equilíbrio, força e resistência aeróbica. 
Compreensível e evidente é imaginar que a as-
sociação de todos esses decréscimos, a patologias 
e/ou traumatismos, freqüentes na população gerôn-
tica, torne muito intensa a perda de função, levan-
do esse indivíduo a um provável isolamento social, 
que apenas retroalimentaria as perdas aqui citadas. 
Diante disso uma pergunta clama por resposta: “É 
possível fazer algo para reverter esse quadro?” 
A melhor resposta é que: prevenir seria melhor 
do que tratar os distúrbios já instalados, no entan-
to, considerando que a cultura da prevenção ainda 
não faz parte do dia a dia para a maior parte dos 
seres humanos, esse texto irá realizar uma breve 
exposição das mais comuns queixas em idosos 
sob a óptica do fisioterapeuta. 
Inicialmente pode-se testar o equilíbrio estáti-
co e em marcha do indivíduo, para amostra da 
funcionalidade e futura comparação; orientação 
com relação a quedas, que é um problema comum 
entre idosos e quase tão temido quanto à perda de 
independência, também deve fazer parte do aten-
dimento, deve-se estudar o ambiente domiciliar 
para ajuste do mesmo visando impedir quedas pe-
la presença de tapetes, pisos irregulares e/ou es-
corregadios, má iluminação, obstáculos; ou pode-
se dever a outros fatores como calçado desajusta-
do uso de fármacos, má nutrição, ou presença de 
enfermidades concomitantes.Uma vez tendo so-
frido queda, esta gera medo de novo episódio, o 
Augustus – Rio de Janeiro – Vol. 08 – N. 17 – Jul./Dez. – 2003 – Semestral 
 
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que leva a uma atitude de menos contato com a 
atividade funcional e conseqüentemente enfraque-
cimento muscular, que aumenta as chances de no-
va queda. Um agravamento adicional é a incidên-
cia de osteoporose em idosos, que por sua carac-
terística de enfraquecimento ósseo, pode trans-
formar uma queda de própria altura sem conse-
qüência alguma para um jovem, em um transtor-
no grave num idoso. 
Um problema comum é a queixa de dor, sendo 
que a dor de origem músculo esquelética é fre-
qüente, podendo ser aqui relacionadas a espondi-
lose, a degeneração de discos vertebrais, a este-
nose de canal vertebral, artrites, periartrites como 
tendinites e bursites, encarceramento de nervos, 
esporão de calcâneo, radiculopatias. Patologias 
sobejamente conhecidas, cujasdescrições fogem 
ao propósito deste texto. 
 
Diante do exposto, este texto pode provocar o 
leitor às seguintes considerações: 
● As articulações envelhecidas encontram-se 
com seus movimentos comumente limita-
dos, devido à perda de elasticidade de ten-
dões músculos e ligamentos, deve-se, por-
tanto, iniciar exercícios para ganho de am-
plitude, mas de forma suave, obtendo ganho 
de poucos graus a cada atendimento. Nos 
idosos artríticos recursos antálgicos devem 
preceder tais exercícios com usos de alon-
gamento sustentado passivo e técnicas de 
desbloqueio articular, bem como deve ser 
recomendado o uso de órtese, visando eli-
minar o estigma social que acompanha es-
tas, que é o da deficiência. 
● Em casos de osteoporose, devem ser bani-
dos os exercícios de flexão, pelo risco de 
fraturas em cunha. 
● No processo de recuperação de AVE em 
idosos, deve ser considerado que pode exis-
tir concomitantemente, doença cardiovas-
cular, alterações na visão e audição, stress 
social, má nutrição, interações farmacológi-
cas pelo uso de diversos medicamentos si-
multaneamente e quadro demencial, fatores 
que comprometem o bom andamento do 
processo fisioterápico e deveriam ser avali-
ados transdisciplinarmente. 
● Freqüentemente se encontra no idoso a con-
dição de neuropatia periférica, com redução 
dos reflexos de estiramento e da palestesia, 
bem como hipotrofia muscular. Exercícios 
isotônicos para fortalecimento têm aplicabi-
lidade eficaz nesses casos. 
● Além dos déficits devidos ao envelhecimen-
to de nervos motores, hipotrofia generaliza-
da e diminuição de reservas pulmonares e 
cardíacas, é normal encontrar-se pacientes 
que são portadores de esclerose múltipla 
(EM). Nessa situação é importante a ativi-
dade que busque o condicionamento geral. 
Idosos portadores de EM convivem com re-
dução dos sentidos, problemas gastrintesti-
nais, geniturinários e cognitivos, que inter-
ferem na vida afetiva especialmente em 
pessoas mais velhas. 
● Uma situação comum é encontrar idosos 
que tem queixas de incômodos nos pés, 
com dor e perdas funcionais, fato que nor-
malmente é devido a artrite, síndromes de 
encarceramento de nervos, deformidades 
ósseas, problemas musculares e cutâneos 
e a neuropatia diabética. Nessas situações 
faz-se necessário o aconselhamento do pa-
ciente, para que inspecione regularmente a 
pele dos pés e o estado das órteses e calça-
dos, verificando se há algum objeto perfu-
rante fixado nas solas, que possa atingir os 
pés a qualquer momento, úlceras cutâneas, 
mais que em qualquer pessoa, precisam ser 
fortemente cuidadas. 
● Mostre aos idosos em tratamento, que as 
metas são funcionalmente significativas e, 
portanto motivantes, pois será muito mais 
recompensador ter empenho num tratamen-
to cuja proposta é levantar e ir ao banheiro, 
do que adquirir estabilidade em ortostatis-
mo e marcha. 
 
Concluindo, o individuo idoso que se encontre 
acometido por déficits funcionais de maior ou 
menor monta, será beneficiado por um atendi-
mento de Fisioterapia que, se valha dos conheci-
mentos disponíveis no atual estágio de desenvol-
vimento da profissão, empregados com proficiên-
cia, dedicação, empenho e ética. 
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EXEMPLOS DE ATIVIDADES ÓRGÃOS PREDOMINANTEMENTE TRABALHADOS 
Caminhadas em superfícies planas Sistema cardiorrespiratório 
Caminhadas em ladeiras Sistema cardiorrespiratório 
Bicicleta estacionária Sistema cardiorrespiratório 
Subir escadas Sistema cardiorrespiratório 
Flexão anterior de tronco Músculos abdominais 
Agachamentos Músculos crurais e pélvicos 
Flexão de articulação tíbia társica Gastrocnemio e sóleo 
Adução de articulação coxa femoral Adutores longo, curto e magno. 
Abdução de articulação coxa femoral Glúteo médio e mínimo 
Extensão de articulação coxa femoral Glúteo máximo 
Flexão de braços sobre o solo Peitoral > e <, deltóide, tríceps braquial. 
Flexão de braço com halter ou polia baixa Deltóide anterior, porção clavicular do peitoral> 
Extensão de braço com halter ou polia baixa Deltóide posterior 
Adução de braço na polia alta Peitoral > e <, coraco braquial. 
Abdução de braços com halter ou polia baixa Deltóide 
Flexão horiz. de braço com halter ou polia baixa Peitoral > e <, coraco braquial Extensão horizontal.
de braço com halter ou polia alta Deltóide posterior 
Flexão de cotovelo com halter ou polia baixa Bíceps braquial, braquio radial, coraco braquial 
Extensão de cotovelo com halter ou polia baixa Tríceps braquial, ancôneo 
Flexão de punho Flexores ulnar e radial do carpo 
Extensão de punho Extensores ulnar e radial do carpo 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ASTRAND, P. O., RODAHL, K. Tratado de Fisiologia do 
Exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 
CAMPION, M. R. Hidroterapia Princípios e Prática. São 
Paulo: Manole, 2000. 
GOODMAN, C. C. Diagnóstico Diferencial em Fisiote-
rapia. Rio de janeiro: Guanabara, 2002. 
GUYTON, A. C.; JOHN E. H. Tratado de Fisiologia Mé-
dica, 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. 
 
KOTTKE, F., STILLWELL, G. K., LEHMANN, J. F. Kru-
sen: Tratado de Medicina Física e Reabilitação. São Pau-
lo: Manole, 1998.

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