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O Tabernáculo em pormenores

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Prévia do material em texto

Projeto Gráfico e Editoração 
Márcio Bertachini 
 
 
Digitação 
Leontina Lobianco 
 
 
Composição – 2012 
Revisão – 2016 
Atibaia – São Paulo 
Categoria: Estudo Bíblico e Doutrinário 
 
 
 
Todos os direitos 
 
 
 
 
 
 
 
ministerioescrito@hotmail.com 
ministerioescrito.blogspot.com 
Referências 
 
 
As citações bíblicas foram extraídas da Edição Revista 
e Corrigida (ERC) da Sociedade Bíblica do Brasil de 1994, 
salvo menção específica: 
ERA (Edição Revista e Atualizada da SBB de 1997); 
NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje da 
SBB de 2000); 
SBTB (Edição Corrigida e Revisada Fiel ao Texto 
Original da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil de 1995). 
As citações bíblicas com “duplas” aspas são literais 
(como em “Persiste em ler” na ERC), enquanto as com aspas 
‘simples’ são uma adaptação do texto original (como em 
‘persistindo em ler’). 
Os textos demarcados por [colchetes] dentro das cita-
ções bíblicas são acréscimos do autor para uma melhor com-
preensão do texto. 
Os verbetes enfatizados foram consultados no Dicio-
nário Brasileiro Melhoramentos, 4ª Edição, de 1968. 
O texto grego do Novo Testamento examinado foi o 
da “Trinitarian Bible Society, England, 1987 – H KΑINH 
ΔIAΘHKH”. 
 
Imagens da capa 
 
Maquete do propiciatório da arca do concerto 
Tampo em madeira pintado em dourado 
Querubins em massa caseira de ‘biscuit’ pintado 
em dourado, modelados por Lourdes Bertachini. 
Brilho da glória do Senhor trabalhado digitalmente 
Tudo será medido 
pelo padrão 
do Santuário. 
Índice 
 
 
 
Prólogo 9 
 
 
A sequência da montagem do tabernáculo 10 
 Sua tripla divisão 15 
 
A Arca 18 
 As 4 argolas 20 
 As duas varas 21 
 O Véu – O 1º impedimento 22 
 O Propiciatório – O 2º impedimento 24 
 O Maná, a Lei e a Vara florescida 28 
 Os dois anjos do propiciatório 37 
 
A Mesa com os pães 39 
 
 
 
O Candelabro 44 
 Atai a vítima da festa... levai-a! 46 
 As prescrições da Páscoa 48 
 O endurecimento de Israel e seus ramos 54 
 A desconcertante escolha de Caifás 57 
 
O Altar do Incenso 60 
 O Sangue e a Nuvem 64 
 
O Altar do Holocausto 68 
 Cobre ou Bronze? 68 
 
O Dia da Expiação 72 
 9 
Prólogo 
 
 
O presente trabalho é parte do Livro “O Princípio da 
Substituição dos Mordomos desde a Esfera Celeste”, também 
exposto em ‘Clube de autores’. 
Agimos assim, pois sabemos do profundo interesse a 
respeito da mais impressionante simbologia usada por Deus, e 
apesar de tantos estudos já propagados por inúmeros autores 
pelos séculos de vivência cristã, o leitor e leitora verificarão 
que sempre ainda resta algo a aprender, tamanha força desta 
sombra. 
O estudo que fazemos tem um objetivo nobre. Anali-
sando o templo do Senhor nos seus pormenores, poderemos 
aquilatar a grandiosidade da Graça, do caráter e da sabedoria 
de nosso Deus, proposta em Cristo. 
No dia de nossa angústia, teremos onde nos esconder, 
no Templo, “como âncora da alma segura e firme, e que pene-
tra até ao interior do véu” (Hb 6.19), e onde descansar, na Ro-
cha: Cristo. 
 10 
A sequência da montagem do Tabernáculo 
 
 
Tenhamos uma visão panorâmica do templo em primei-
ro lugar, sob uma descrição do Novo Testamento, coisas es-
tas que ‘foram escritas para nosso proveito’. 
“Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, 
em que havia o candeeiro e a mesa, e os pães da proposição; 
ao que se chama o santuário. Mas depois do segundo véu es-
tava o tabernáculo que se chama o santo dos santos. Que ti-
nha o incensário de ouro, e a arca do concerto, coberta de ou-
ro toda em redor: em que estava um vaso de ouro, que conti-
nha o maná, e a vara de Aarão, que tinha florescido; e sobre a 
arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciató-
rio...” (Hb 9.2-5), das quais coisas falaremos agora pormeno-
rizadamente. 
Aqui, o escritor de Hebreus visa somente a parte cober-
ta do tabernáculo, que é dividida em duas partes pelo véu. A 
parte externa da tenda que ficava ao relento foi omitida pro-
positalmente, onde continha o altar do holocausto e a pia de 
cobre. Ele omite este detalhe, pois espera dos Hebreus, a 
quem se dirige, “coisas melhores, e coisas que acompanham 
a salvação” (Hb 6.9). Ele não quer ‘lançar de novo o funda-
mento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus’, 
mas que ‘deixem os rudimentos da doutrina de Cristo, e pros-
sigam até a perfeição’ (Hb 6.1). É isto também uma realidade 
para você, irmão e irmã em Cristo? 
Como tudo na Escritura, todos os utensílios têm uma 
finalidade, e a forma como foram dispostos não é aleatório. 
Já dissemos que a constituição deste tabernáculo é segundo 
um modelo visto por Moisés no Monte Sinai, como está es-
crito: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. 
 11 
Conforme a tudo a que eu te mostrar para modelo do taberná-
culo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o 
fareis” (Êx 25.8-9). 
Todos os componentes aqui descritos se encontram no 
santuário celestial, naquela antecipação de Deus, quando Ele 
já tinha por objetivo substituir os Ministros revoltosos por 
ministros de carne e que necessitariam de perdão e purifica-
ção no seu devido tempo para poderem adentrar com “ousadia 
no santuário, pelo sangue” (Hb 10.19). 
O Tabernáculo erigido tinha como função primordial 
intermediar o relacionamento entre Deus e o seu povo, através 
dos sacerdotes levíticos que apresentariam “dons e sacrifícios 
pelos pecados... a favor dos homens...” (Hb 5.1). 
Lembre-se de que vimos um tabernáculo celestial conta-
minado pelo pecado de Lúcifer, e que precisava ser purifica-
do, da mesma maneira que seriam purificados os ministros 
substitutos, que também foram contaminados pelo mesmo 
anjo caído. Para os anjos não houve perdão, por isto a Palavra 
de Deus diz: “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, 
mas tomou a descendência de Abraão. Pelo que convinha que 
em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso 
e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os 
pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tenta-
do, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.16-
18). 
Como aprouve a Deus socorrer ao homem em pecado, 
para que este fosse purificado e assim habilitado para a substi-
tuição prevista, alguém teria de oferecer aquilo que o homem 
tinha de mais nobre: a vida. “Pois o salário do pecado é a 
morte” (Rm 3.23). Por isto está escrito dele: “Pelo que, en-
trando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas 
corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não 
te agradaram. Então disse: Eis aqui venho... para fazer, ó 
Deus, a tua vontade” (Hb 10.5-7). 
 12 
Um corpo seria preparado ao Filho de Deus, para que 
pudesse experimentar a morte pelo homem, e com seu sacrifí-
cio purificasse todos os que nele viessem a crer. Pois o princí-
pio da substituição é: “vida por vida, olho por olho, dente por 
dente, mão por mão, pé por pé” (Dt 19.21). 
“Mas, antes que a fé viesse, estávamos [os judeus, pois 
Paulo se inclui] guardados debaixo da lei, e encerrados para 
aquela fé que se havia de manifestar. Mas a Escritura encer-
rou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em 
Jesus Cristo fosse dada aos crentes. De maneira que a lei nos 
serviu de aio [ou instrutor], para nos conduzir a Cristo, para 
que pela fé fôssemos justificados” (Gl 3.22-24). 
A lei e todas as “ordenanças de culto divino” dadas a 
Israel eram o meio instrutor, a preparação, a condução, a som-
bra que viria ser a luz, e que seria propagada não só para Isra-el, mas para o mundo todo, visto a rejeição de Israel. Tudo 
que há no tabernáculo, tanto utensílios inanimados como os 
ofertantes, representam a Cristo que viria. 
Analisemos então a sombra, a começar pela ordem Di-
vina na montagem do tabernáculo. 
“E aconteceu no mês primeiro, no ano segundo, ao pri-
meiro do mês, que o tabernáculo foi levantado; porque Moi-
sés levantou o tabernáculo, e pôs as suas bases, e armou as 
suas tábuas, e meteu nele os seus varais, e levantou as suas 
colunas; e estendeu a sua tenda sobre o tabernáculo, e pôs a 
coberta da tenda sobre ela, em cima, como o Senhor ordenara 
a Moisés. E tomou o testemunho e pô-lo na arca, e meteu os 
varais à arca; e pôs o propiciatório sobre a arca, em cima. E 
levou a arca ao tabernáculo, e pendurou o véu da cobertura, e 
cobriu a arca do testemunho, como o Senhor ordenara a Moi-
sés. Pôs também a mesa na tenda da congregação, ao lado do 
tabernáculo para o norte, fora do véu. E sobre ela pôs em or-
dem o pão perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moi-
sés. Pôs também na tenda da congregação o castiçal defronte 
 13 
da mesa ao lado do tabernáculo para o sul, e acendeu as lâm-
padas perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés. E 
pôs o altar de ouro na tenda da congregação, diante do véu. E 
acendeu sobre ele o incenso de especiarias aromáticas, como 
o Senhor ordenara a Moisés. Pendurou também a coberta da 
porta do tabernáculo, e pôs o altar do holocausto à porta do 
tabernáculo na tenda da congregação, e ofereceu sobre ele 
holocausto e oferta de manjares, como o Senhor ordenara a 
Moisés. Pôs também a pia entre a tenda da congregação e o 
altar, e derramou água nela, para lavar. E Moisés, e Aarão e 
seus filhos lavaram nela as suas mãos e seus pés. Quando en-
travam na tenda da congregação, e quando chegavam ao altar, 
lavavam-se, como o Senhor ordenara a Moisés. Levantou 
também o pátio ao redor do tabernáculo e do altar, e pendurou 
a coberta da porta do pátio. Assim Moisés acabou a obra” (Êx 
40.17-33). 
Todas as vezes que o tabernáculo era desmontado e 
montado nas suas constantes andanças pelo deserto, a sequên-
cia não podia ser alterada. Começa pela arca dentro do lugar 
Santíssimo, que representa a habitação celeste, e vai indo até 
chegar ao relento, lugar do homem, onde estava o altar do ho-
locausto e a pia de cobre. 
“Não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). 
“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro” (1 
Jo 4.19). 
A sequência de dentro para fora representa Deus vindo 
em nosso socorro, e Sua busca é segundo a Sua vontade e se-
gundo os Seus meios. 
O relento representa a situação do homem perante 
Deus: “um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e 
nu” (Ap 3.17). 
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes 
 14 
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com 
quem temos de tratar” (Hb 4.13). 
É aí que o cordeiro é sacrificado em favor dos homens. 
O altar do holocausto está dentro do pátio, porém descoberto, 
às intempéries da vida. O “Cordeiro de Deus que tira o peca-
do do mundo” (Jo 1.29), se quisesse participar da natureza 
humana, tinha de participar com todos os seus elementos: sol, 
chuva, frio, calor. 
“E, visto como os filhos participam da carne e do san-
gue, também ele participou das mesmas coisas” (Hb 2.14). 
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa 
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como 
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
Sua tripla divisão 
 
As três divisões do tabernáculo significam várias coisas 
simultaneamente. Ela tem relação com o próprio Deus, por 
abranger Ele três Pessoas distintas, porém idênticas. O Santo 
dos Santos, lugar da habitação da Glória do Senhor, tem a ver 
com a pessoa do Pai. 
“Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a Gló-
ria do Senhor encheu o tabernáculo: de maneira que Moisés 
não podia entrar na tenda da congregação porquanto a nuvem 
ficava sobre ele, e a glória do Senhor enchia o tabernácu-
lo” (Êx 40.34-35). 
Depois do lugar Santíssimo, separado pelo véu, o lugar 
Santo corresponde ao Filho, como veremos em breve. 
O pátio externo, em que qualquer homem podia se 
achegar, é o lugar de atuação do Espírito Santo, representando 
o mundo perdido. 
“... se eu não for, o Consolador não virá a vós... E, 
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça 
e do juízo” (Jo l6.7-8). 
A tripla divisão também revela o nome completo de Je-
sus. No Santo dos Santos Ele é o Senhor. A arca, que veremos 
a seguir, está rodeada da glória do Senhor. No lugar Santo, vê
-se o homem Jesus. “Eu sou a luz do mundo” e “Eu sou o pão 
da vida” (Jo 8.12; 6.14), simbolizados pelo candelabro e pelos 
pães da proposição. O altar do incenso fala da oração eficaz 
do homem Jesus, atendida pelo Pai, e também da sua ressur-
reição, comentada mais a frente. 
“E Jesus levantando os olhos para o céu, disse: Pai, gra-
ças te dou, por haveres me ouvido. Eu bem sei que sempre me 
 16 
ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em 
redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11.41-42). 
No pátio, Ele é o Cristo. A designação Cristo significa 
“o enviado, o messias, o ungido” para determinada tarefa. O 
objetivo final de Cristo é se oferecer na cruz. É o altar do ho-
locausto que representa o ofício maior de Cristo. 
“Expondo e demonstrando que convinha que o Cristo 
padecesse e ressuscitasse dos mortos. E este Jesus, que vos 
anuncio, dizia ele, é o Cristo” (At 17.3). 
“Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? 
Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora” (Jo 
12.27). 
Eis o nome completo do Filho de Deus, mostrando sua 
Divindade, sua Humanidade e seu Ofício: Senhor Jesus Cris-
to. “Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cris-
to” (Cl 1.3). 
A divisão tripla representa também o homem regenera-
do como templo cheio do Espírito Santo. 
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo 
o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conserva-
dos irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cris-
to” (1 Ts 5.23). 
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Es-
pírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16). 
A mesma divisão que representa o homem regenerado, 
representa o processo de salvação do homem durante o tempo 
de sua vida. No pátio, através do altar do holocausto e da pia 
de cobre, vemos a justificação do homem em Cristo. No San-
to, o processo de santificação pelo alimento do pão, pela ilu-
minação do candelabro e pela constante oração e advocacia 
 17 
simbolizadas pelo incenso. No Santíssimo, a redenção ou glo-
rificação, destino eterno dos redimidos pelo Senhor. 
“Mas vós sois Dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi 
feito sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1 Co 
1.30). 
Também podemos relacionar as três divisões com a 
obra consumada de Cristo, sua redenção, reconciliação e pro-
piciação. 
Passemos então para a mobília santa. Conforme a se-
quência na montagem do tabernáculo, começaremos pelo lu-
gar Santíssimo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
A Arca 
 
 
No Santíssimo encontramos a arca do testemunho, ou 
arca da aliança. 
“Também farão uma arca de madeira de cetim: o seu 
comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura 
dum côvado e meio, e dum côvado e meio a sua altura. E co-
bri-la-ás de ouro puro, por dentro e por fora a cobrirás: e farás 
sobre ela uma coroa de ouro ao redor; e fundirás para ela qua-
tro argolas de ouro, e as porás nos quatro cantos dela: du-
as argolas num lado dela, e duas argolas noutro lado dela. E 
farás varas de madeira de cetim, e as cobrirás com ouro, e me-
terás as varas nas argolas, aos lados da arca, para se levarcom 
elas a arca. As varas estarão nas argolas da arca, não se tirarão 
dela. Depois porás na arca o testemunho, que eu te da-
rei” (Êx 25.10-16). 
A arca feita em madeira e revestida em ouro fala clara-
mente da humanidade de Cristo e sua realeza. De Jesus se diz: 
“Porque foi subindo como renovo perante ele, e como 
raiz duma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, 
olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos para que o de-
sejássemos. Era desprezado, e o mais indigno entre os ho-
mens, homem de dores, e exper imentado nos traba-
lhos...” (Is 53.2-3). 
“O trabalho de sua alma ele verá, e ficará satisfeito... 
Pelo que lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos re-
partirá ele o despojo...” (Is 53.11-12). 
“E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei 
dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap 19.16). 
 19 
A arca, sendo do testemunho, lembra-nos do testemu-
nho maior de Deus. 
“Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho 
de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de 
seu Filho testificou: quem a Deus não crê mentiroso o fez; 
porquanto não creu no testemunho que Deus do seu Filho 
deu” (1 Jo 5.9-10). Leia também João 5.30-37. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
As quatro argolas 
 
A arca tinha também quatro argolas de ouro puro, que 
eram fundidas separadamente e depois fixadas nos cantos da 
mesma. Talvez mostre o testemunho quádruplo dos Evange-
lhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. São de ouro puro, pois 
elevam seu testemunho humano ao patamar divino, formando 
a Palavra de Deus. Somente a fé pode enxergar as argolas ce-
lestes. 
“As quais também falamos, não com palavras de sabe-
doria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina...” (1 
Co 2.13). 
“Pelo que também damos sem cessar graças a Deus, 
pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, 
a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, 
na verdade), como Palavra de Deus, a qual também opera 
em vós, os que crestes” (1 Ts 2.13). 
Também sabemos que “pela boca de duas testemunhas, 
ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o negó-
cio” (Dt l9.15). 
Deus fundiu quatro argolas que sustentam até hoje o 
testemunho da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. 
 
 
 
 
 
 21 
As duas varas 
 
Mas pelas quatro argolas passavam duas varas de ma-
deira revestidas de ouro que não poderiam ser retiradas das 
argolas. As duas varas representam um padrão, uma mesma 
medida, denotando a uniformidade, a canonicidade do teste-
munho. Aqui há a madeira representando a parte humana com 
sua cobertura de ouro, que é a parte celestial, imprescindível 
para um testemunho coerente entre os profetas. É interessante 
que só as quatro pontas destas duas varas poderiam ser vistas 
pelo povo comum quando a arca era transportada, no demais 
tudo estava coberto, como veremos logo mais. 
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da 
Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nun-
ca foi produzida por vontade de homem algum, mas os ho-
mens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito 
Santo” (2 Pe 1.21). 
As duas varas talvez simbolizem a verdade e o Espírito, 
pois “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e 
em verdade” (Jo 4.23). 
O testemunho, mesmo sendo verdadeiro, sem o Espírito 
que lhe confere vida, passa a ser palavra meramente humana, 
carecendo do caráter e sanção divinos. 
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita, 
as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63). 
 
 
 
 22 
O Véu – O 1º Impedimento 
 
Estes elementos, no entanto, somam apenas a parte ex-
terna da arca. Seu volume e forma poderiam ser aquilatados 
pelo povo simples nos seus muitos momentos de viagem. 
Quando o tabernáculo era transportado pelo deserto, observe 
o cuidado do Senhor para com o símbolo de seu Filho. 
“Quando partir o arraial, Aarão e seus filhos virão, e 
tirarão o véu da coberta, e com ele cobrirão a arca do testemu-
nho... Havendo pois Aarão e seus filhos, ao partir do arraial, 
acabado de cobrir o santuário, e todos os instrumentos do 
santuário, então os filhos de Coate virão para levá-lo; mas no 
santuário não tocarão para que não morram... Porém não en-
trarão a ver, quando cobrirem o santuário, para que não 
morram” (Nm 4.5,15,20). 
Comentaremos depois a distinção entre Aarão e seus 
filhos dos levitas. 
Observemos que os levitas que carregavam os utensílios 
do santuário não podiam tocar ou mesmo vê-los. Aarão e seus 
filhos cobriam os instrumentos santos primeiro, para depois 
os levitas os transportarem. 
Ninguém conhecia “por vista” a arca do testemunho a 
não ser o sumo sacerdote Aarão. 
É extremamente simbólico que o mesmo “véu de azul e 
púrpura, e carmesim, e de linho fino retorcido; com querubins 
de obra prima” (Êx 26.33), além de fazer “separação entre o 
santuário e o lugar santíssimo” (v.34), cobrisse também a arca 
quando transportada pelos levitas. O que impedia o acesso 
dos sacerdotes comuns à arca e ao seu conteúdo era o véu, 
“isto é, sua carne”. Conforme descrição de Hebreus 10.l9-20, 
o véu assim disposto representa a carne de Jesus sendo ofere-
 23 
cida por holocausto de cheiro suave ao Senhor. Se o véu fala 
de sua carne, a arca coberta falava de sua alma e espírito, sua 
essência Divina. 
“Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o 
caminho do santuário não estava descoberto [ou manifestado, 
do grego] enquanto se conservava em pé o primeiro taberná-
culo” (Hb 9.8). 
Apesar de ser uma ordenança de culto Divino, não pas-
sava da sombra. 
A primeira divisão do santuário era livre para todos os 
sacerdotes, mas na segunda parte só o sumo sacerdote Aarão. 
O que impedia era a lei, visto que estava enferma pela car -
ne que a não podia cumprir (Rm 7.14), e os “sacrifícios que 
quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o 
serviço; consistindo somente em manjares, e bebidas, e várias 
abluções e justificação da carne, impostas até ao tempo da 
correção” (Hb 9.9-10). 
“Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bo-
des tire os pecados” (Hb 10.4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
O Propiciatório – O 2º Impedimento 
 
Mas além deste véu que impedia que os sacerdotes en-
xergassem a arca, havia um outro empecilho para o próprio 
sumo sacerdote avistar seu conteúdo mais íntimo. Os três ob-
jetos ali depositados para testemunho, embora fossem conhe-
cidos do povo, jamais foram vistos novamente – pelo povo, 
pelos levitas, pelos sacerdotes, nem pelo sumo sacerdote Aa-
rão e nem por Moisés – depois que o peso do propiciatório de 
ouro puro selou a arca. Estes três símbolos escondidos na arca 
no Santíssimo lugar, que representava a habitação de Deus, 
denotam “o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso 
Senhor” (Ef 3.11). O propósito eterno de Deus estava guarda-
do em seu coração, esperando somente o momento oportuno 
para sua manifestação. 
Vimos que, antes mesmo de Lúcifer pecar, ele já sacrifi-
cava no altar celeste a sombra do ‘sangue conhecido ainda 
antes da fundação do mundo’. O contexto do Provérbio 8 que 
fala da sabedoria, explica a par tir do versículo 22: 
“O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos, e 
antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui 
ungida, desde o pr incípio, antes do começo da ter ra. Antes 
de haver abismo fui gerada...”; e ainda: 
“A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as sua 
sete colunas. Já sacrificou as suas vítimas, misturou o seu 
vinho: e já preparou a sua mesa” (Pv 9.1-2). 
O Espírito Santo nos apresenta a personificação desta 
sabedoria. 
“Mas falamos a sabedoria de Deus oculta em mistério, a 
qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual 
nenhum dos príncipes deste mundo conheceu,porque se a 
 25 
conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Gló-
ria” (1 Co 2.7-8). 
“Mas para os que são chamados, tanto judeus como gre-
gos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de 
Deus” (1 Co 1.24). 
“E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em gra-
ça para com Deus e os homens” (Lc 2.52). 
E quais são as sete colunas lavradas em sua casa? 
Não seriam porventura a arca do testemunho, o propici-
atório, o altar do incenso, o candelabro, a mesa dos pães da 
proposição, a bacia de cobre e o altar do holocausto? 
Assim como o tabernáculo terrestre se fundamentava 
nestes sete instrumentos, também o celestial, visto que é o 
modelo. Por isto o autor é convicto na sua explanação de que 
a substituição dos ministrantes celestiais é o “dedo de Deus” 
desde a eternidade passada. Tudo foi meticulosamente prepa-
rado, arquitetado, desenvolvido, manifestado e prestes a ser 
concluído. 
E quais as vítimas sacrificadas pela Sabedoria Eterna? 
Não seriam a sombra do seu sangue “conhecido ainda antes 
da fundação do mundo” pelo sacerdote angélico? 
E assim como era oculto aos sacerdotes levíticos que 
faziam parte da sombra, também era oculto aos anjos sacerdo-
tes o conteúdo da arca. Este conteúdo é a personificação da 
misericórdia e da graça de Deus, que tanto os anjos, santos e 
rebeldes, como os sacerdotes humanos desconheciam. 
Ouça mais o que se diz daqueles que receberam a lei, e 
de seu pai, Moisés: 
“Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em 
fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido 
 26 
da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram 
pediram que se lhes não falasse mais; porque não podiam su-
portar o que se lhes mandava: se até um animal tocar o monte, 
será apedrejado. E tão terrível era a visão que Moisés disse: 
Estou todo assombrado e tremendo” (Hb 12.18-21). 
Onde está a manifestação da misericórdia e da graça na 
lei? 
Até se um animal tocasse no monte em que se recebia a 
lei morreria impiedosamente apedrejado. 
“Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem mi-
sericórdia, só pela palavra de duas ou três testemu-
nhas” (Hb 10.28). 
“Todos aqueles pois que são das obras da lei estão de-
baixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele 
que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no 
livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10). 
Tanto a lei se torna em maldição para o homem corrom-
pido pelo pecado, que Jesus foi crucificado injustamente para 
se cumprir a lei, diante de inúmeros testemunhos falsos em 
seu julgamento. 
“Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e de con-
formidade com a lei, ele deve mor rer , porque a si mesmo 
se fez Filho de Deus” (Jo 19.7). 
A lei só podia julgar segundo a aparência externa, e não 
no segredo do coração. Vê-se então que a sombra em que Is-
rael descansava era mui sombria. Tinham uma lei que desven-
dava “o pleno conhecimento do pecado”, e pelo pecado “a 
morte”, e um sacerdócio levítico que, ‘quanto à consciência, 
não pode aperfeiçoar aquele que faz o serviço’. 
Não estamos, em absoluto, dizendo que Israel não tinha 
 27 
salvação. A palavra de Deus é clara quanto a isto. Israel saiu 
do Egito como povo salvo do Senhor, mas não pela lei, mas 
debaixo do sangue do cordeiro colocado nas portas em sinal 
de fé. 
“E quem há como o teu povo Israel, única gente na ter-
ra, a quem Deus foi remir para seu povo...?” (1 Cr 17.21). 
“Crede no Senhor nosso Deus, e estareis seguros; crede 
nos seus profetas, e sereis prosperados” (2 Cr 20.20). 
“Deixe o ímpio o seu caminho... e se converta ao Se-
nhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, por-
que é grande em perdoar” (Is 55.7). 
O que sempre salvou, e salvará o homem, judeu ou gre-
go, é a fé na Palavra de Deus, “sem as obras da lei”. 
“Mas o justo viverá da fé” (Hb 2.4 e Rm 1.17). 
Abramos então a arca, levantando respeitosamente o 
propiciatório de ouro puro, e com os olhos espirituais abertos 
pela fé vejamos o corpo, alma e espírito de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
O Maná, a Lei e a Vara Florescida 
 
Se a arca, como bem se sabe, é a Pessoa de Cristo, en-
tão seus ingredientes muito mais. 
1. Primeiramente o maná. 
“Disseram-lhe, pois: Que sinal pois fazes tu, para que o 
vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais come-
ram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o 
pão do céu. Disse-lhes pois Jesus: Na verdade, na verdade vos 
digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu Pai vos dá o 
verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é o que desce 
do céu e dá a vida ao mundo... Eu sou o pão da vida; aquele 
que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá 
sede... Eu sou o pão da vida... Eu sou o pão vivo que desceu 
do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e 
o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida 
do mundo... Porque a minha carne verdadeiramente é comi-
da...” (Jo 6.30-58). 
O pão aqui representado é o corpo que seria preparado 
para o Filho de Deus a fim de alimentar toda a humanidade, 
embora primeiramente oferecido para a casa de Israel. 
2. Depois vemos a Lei, em suas duas tábuas de pedra 
gravadas. A lei, que mostra o que o homem deveria ser, é 
cumprida literalmente por Jesus. 
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não 
vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, 
até que o céu e a terra passem, nenhum jota ou til se omitirá 
da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mt 5:17-18). 
Se Jesus veio para cumprir a lei, e Ele veio para buscar 
o homem jurado de morte pela lei, só lhe restava a morte co-
 29 
mo cumprimento cabal da lei. 
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele 
Jesus... para que, pela graça de Deus, provasse a morte por 
todos” (Hb 2.9). 
O Senhor Jesus provou a morte que nos era devida pe-
los nossos pecados. A lei, portanto, ao pecador, fala de morte. 
Ou do próprio pecador, ou de um substituto. Louvado seja 
nosso Senhor Jesus, Ele escolheu ser o nosso substituto. 
3. E a vara de Aarão que florescera? Se o leitor se lem-
bra de Números 16 e 17, quando alguns levitas e rubenitas 
(16.1) intentaram “ocupar o sacerdócio” que era restrito aos 
filhos de Aarão (16.9-10), após o castigo dos rebeldes, Deus 
ordena que cada tribo coloque uma vara “perante o testemu-
nho” (17.1-4), para demonstrar que “a vara do homem que eu 
tiver escolhido florescerá” (17:5). 
A vara, em toda a Escritura, reflete um símbolo de im-
portância incomensurável, terno e poderoso. Foi com ela que 
Jacó multiplicou seu rebanho (Gn 30). Foi com ela que Moi-
sés fez os sinais mais claros da autoridade e do poder de Deus 
ao devastar econômica e moralmente o maior império da épo-
ca, o Egito. Foi com ela que este servo santo retirou água para 
o povo rebelde, porém sedento, pelas suas jornadas no deser-
to. Foi por ela que Josué venceu os amalequitas quando Moi-
sés “levantava a mão”, numa figura estupenda de que aquela 
vara não era fruto da capacidade humana, mas era “a vara de 
Deus” (Êx 17.8-13). 
Mas neste caso que estamos a analisar, a vara de Aarão 
que fora arrancada de algum arbusto vivo, estando agora mor-
ta, já que foi cortada da seiva da árvore que a alimentava, res-
suscitou milagrosamente ante o testemunho do Senhor. Ela 
veio de um ambiente físico, como Cristo que nasceu da se-
mente de Davi, relacionado àquilo que era humano e natural. 
Mas o seu florescimento fala de algo totalmente sobrenatural 
 30 
e Divino, pois a nova seiva da vida veio de algo novo e sur-
preendente. 
“Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência 
de Davi, ressuscitou dos mortos” (2 Tm 2.8). 
“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós 
matastes, suspendendo-o no madeiro. Deus com a sua destra o 
elevou a Príncipe e Salvador, paradar a Israel o arrependi-
mento e remissão dos pecados” (At 5.30-31). 
O sacerdócio corrompido pela descendência de Aarão 
será restabelecido definitivamente, e mais, universalmente, 
tendo como base eficaz a morte do substituto “pelos pecados 
do povo” e a sua ressurreição, esta representada na aceitação 
do Pai ao aspirar “a oferta de cheiro suave”. 
“... e o sacerdote tudo oferecerá, e o queimará sobre o 
altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Se-
nhor” (Lv 1.13). 
“Todavia, ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o en-
fermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado 
[morte], verá a sua posteridade, prolongará os dias 
[ressurreição]; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua 
mão” (Is 53.10). 
Por causa desta vitoriosa ressurreição, a Igreja compra-
da com o sangue de Deus pode aguardar segura, ansiosa, po-
rém pacientemente, a maior e inigualável bem-aventurança. 
“Ora o Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos 
ressuscitará a nós pelo seu poder” (1 Co 6.14). 
Assim, nestes três símbolos vemos o corpo preparado 
por Deus descendo do céu (o maná), sua morte representada 
pela lei, ao cumpri-la cabalmente, e sua ressurreição bendita 
na vara florescida de Aarão. 
 31 
“Porque primeiramente vos entreguei o que também 
recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Es-
crituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, 
segundo as Escrituras” (1 Co 15.3-4). 
Mas perceba a simbologia. Estes três elementos que da-
vam testemunho da vida, morte e ressurreição do Filho Eter-
no, estavam escondidos dentro da arca, selada pelo propicia-
tório de ouro, e que ninguém mais poderia vê-los. Isto des-
venda, como dissemos, o “eterno propósito que fez em Cristo 
Jesus nosso Senhor” e a “dispensação do mistério, que desde 
os séculos esteve oculto em Deus” (Ef 3.9,11). 
E se estava oculto ao povo de Israel e aos seus sacerdo-
tes, muitíssimo mais oculto estava aos olhos de Lúcifer e seus 
companheiros sacerdotes que sacrificavam no altar celeste a 
sombra daquilo que lhes não pertencia e de que jamais partici-
pariam. 
E o que separava – vamos revisar – este testemunho da 
vista dos sacerdotes e do povo, e de Lúcifer e dos demais an-
jos por analogia? Primeiramente o propiciatório que cobria a 
arca. E depois o véu que fazia “separação entre o santuário e 
o lugar santíssimo”. 
O propiciatório, como insinua a palavra, é a propiciação 
de Cristo, ou seja, dele querer ser propício ou a favor de nós, 
pecadores. A propiciação resolve o problema do Deus santo 
que foi ofendido pelo pecado, quando Cristo se oferece no 
lugar do pecador. Essa propiciação depende de sua misericór-
dia e de sua graça em nosso favor. 
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris-
to, que, segundo sua grande misericórdia, nos gerou de novo 
para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo, 
dentre os mortos” (1 Pe 1.3). 
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu 
 32 
muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em 
nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela 
graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com 
ele” (Ef 2.4-6). 
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não 
pequeis: e se alguém pecar, temos um Advogado para com o 
Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos 
pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de 
todo o mundo” (1 Jo 2.1-2). 
Mas o Filho de Deus poderia querer ser propício a nós, 
sem, contudo, ter os meios necessários para tal. Ou poderia 
ter condições de realizá-lo, sem, no entanto, querer. O propi-
ciatório fala de sua vontade a nosso favor. O “véu, isto é, pela 
sua carne” (Hb 10.20), fala do meio necessário para tal propi-
ciação, pois “corpo me preparaste”. 
Estes dois componentes, vontade e humilhação, são co-
mentados em Filipenses 2.6-8. 
“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação 
ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo...” Até aqui 
vemos sua vontade, pois, existindo em forma Divina, não se 
envergonhou de descer à esfera humana por amor de nós, pe-
cadores. 
“... tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante 
aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si 
mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. E aqui 
vemos a necessidade do corpo para que “em tudo fosse seme-
lhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacer-
dote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do po-
vo” (Hb 2.17). 
“A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse 
eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). 
 33 
“Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de 
mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.7). 
Eis o maior dos milagres de Deus, “o amor de Cristo 
que excede todo o entendimento” (Ef 3.19). 
O Filho Eterno, sendo Deus, e habitando nos “lugares 
celestiais” na “forma de Deus”, “pelo seu muito amor com 
que nos amou” e “riquíssimo em misericórdia” (Ef 2:4), 
“humilhou-se” ao abandonar o seu lugar legítimo de habita-
ção com toda honra e louvor devidos, “e o verbo se fez carne, 
e habitou entre nós” (Jo 1.14). 
Com a condescendência do Filho Eterno até nós, ou se-
ja, sua manifestação humana entre nós, sua morte e ressurrei-
ção representadas por todos os elementos do tabernáculo ter-
restre e celestial em sombra, “o mistério que esteve oculto 
desde todos os séculos, desde todas as gerações... agora foi 
manifesto aos seus santos” (Cl 1.26). 
Este mistério vai muito além de “que os gentios são co-
herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa 
em Cristo pelo evangelho” (Ef 3.5-6) de que Paulo fala. 
“A mim, o mínimo de todos os santos [Paulo], me foi 
dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do 
evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo. E de-
monstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que des-
de os séculos esteve oculto em Deus, que tudo cr iou; para 
que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus, seja 
conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo 
o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor” (Ef 
3.8-11). 
Observe, caro leitor, a força de tais palavras. As rique-
zas incompreensíveis de Cristo, oculta desde os séculos, antes 
de tudo ser criado, já que se trata de um eterno propósito em 
Cristo, que consiste da salvação perfeita, única e suficiente 
 34 
pelo cordeiro imaculado oferecido na cruz do calvário para 
gentios e judeus, é para que “a multiforme sabedoria de Deus 
seja conhecida dos principados e potestades nos céus”, ou se-
ja, dos anjos. Já vimos que Lúcifer e sua quadrilha celeste, ao 
pecar, foram banidos irremediavelmente de seu posto. Não 
viram a misericórdia e a graça demonstradas, embora partici-
passem no altar celeste dos sacrifícios que representavam o 
“eterno propósito em Cristo”. 
Por isto se diz dos anjos quando da morte e ressurreição 
de Cristo: 
“E, quando vós [gentios] estáveis mortos nos pecados, e 
na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente 
com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a 
cédula que era contra nós [judeus] nas suas ordenanças [a 
Lei], a qual de alguma maneira nos era contraria, e a tirou do 
meio de nós [judeus], cravando-a na cruz. E, despojando os 
principados e potestades, os expôs publicamente e deles 
triunfou em si mesmo” (Cl 2.13-15). 
A derrota cabal de Satanás, embora seja ainda futura, 
parte deste ponto, em que, pela morte de Cristo, “aniquilasse 
o que tinha o império da morte, isto é, o diabo: e livrasse to-
dos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida su-
jeitos à servidão” (Hb 2.14-15). 
Nisto se vê a humilhação de Satanás. Estando em posi-
ção muito mais elevada em relação ao homem, não houve lu-
gar de arrependimento para ele. Mas, para os pequenos seres 
que ele mesmo corrompera com suaprópria doença, houve 
não só perdão (misericórdia), mas ainda somos colocados, 
falando agora da Igreja, na mesma posição de Jesus como co-
herdeiros e irmãos (graça). 
“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 
Mas, a todos quantos o receberam [Jesus, como Senhor e Sal-
vador], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos 
 35 
que creem no seu nome... e, se nós somos filhos, somos logo 
herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de 
Cristo... Porque convinha que aquele, para quem são to-
das as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos 
filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salva-
ção deles. Porque assim o que santifica, como os que são 
santificados, são todos de um; por cuja causa não se en-
vergonha de lhes chamar irmãos” (Jo 1.12 / Rm 8.17 / Hb 
2.10-11). 
E o que herdaremos? 
“Sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos her-
deiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.7). 
E mais ainda. 
“Seja Paulo, seja Apolos, seja Cefas, seja o mundo, seja 
a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vos-
so. E vós de Cr isto, e Cr isto de Deus” (1 Co 3.22-23). 
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu 
Deus, e dele nunca sairá: e escreverei sobre ele o nome do 
meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusa-
lém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo 
nome” (Ap 3.12). 
“Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu 
Deus, e ele será meu filho” (Ap 21.7). 
“Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que 
Jesus é o filho de Deus?” (1 Jo 5.5). 
“Portanto convém-nos atentar com mais diligência 
para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum 
nos desviemos delas... Como escaparemos nós, se não aten-
tarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando 
a ser anunciada pelo Senhor [Jesus], foi-nos depois confirma-
 36 
da pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, 
por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito 
Santo, distribuídos por sua vontade? Porque não foi aos anjos 
que sujeitou o mundo futuro [e graças a Deus por isto!], 
de que falamos. Mas em certo lugar testificou alguém, dizen-
do: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do 
homem, para que o visites?” (Hb 2.1-6). 
“Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, 
sejam dadas ações de graça, e honra, e glória, e poder para 
todo o sempre”, por ter escolhido “as coisas loucas deste 
mundo para confundir as sábias”, e as “coisas fracas deste 
mundo para confundir as fortes”, e as “coisas vis deste mun-
do, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que 
são” (1 Co 1.27-28). 
Voltemos ao tabernáculo, interrompido momentanea-
mente pela empolgação do autor. 
Portanto, o propiciatório fala da vontade do Filho em 
nos ser propício, e o véu mostra a humanidade de Cristo, o 
instrumento eficaz da propiciação, para que, através dos três 
testemunhos escondidos dentro da arca – vida, morte e ressur-
reição – pudesse “mostrar nos séculos vindouros as abundan-
tes riquezas da sua graça... que desde os séculos esteve oculto 
em Deus” (Ef 2.7; 3.9). 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
Os dois anjos do Propiciatório 
 
Mas sobre o propiciatório, feito também de ouro puro e 
fundido juntamente com ele, dois anjos estendiam suas asas 
num olhar inquiridor para a tampa da arca. Parece óbvio que 
os dois anjos cabisbaixos representem Miguel e Gabriel 
olhando para o anjo do Senhor que substituíra Lúcifer e esta-
va ali representado pelo propiciatório, como que “indagando 
que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo indi-
cava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo 
haviam de vir... para as quais coisas os anjos desejam bem 
atentar” (1 Pe 1.11-12). 
E se no Santíssimo, a habitação de Deus, encontramos 
escondidos em simbologia aquilo que era o eterno propósito 
de Deus em Cristo – a vida santa, a morte sacrificial e a res-
surreição gloriosa de Cristo –, passando Ele pelo véu, isto é, 
em se fazendo o Verbo “carne”, deveremos encontrar os mes-
mos testemunhos no Lugar Santo, pois que este representava 
o mundo judaico sob a lei, onde Jesus atuou. 
Perceba, leitor! No Santíssimo habitava a Glória do Se-
nhor: esta mesma Glória ofuscada pelo espesso véu representa 
a Glória de Deus ‘presa’ no invólucro humano do corpo de 
Jesus. 
“E o verbo se fez carne, e habitou entre nós [judeus], e 
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” (Jo 
1.14). 
Só Pedro, Tiago e João tiveram o bendito privilégio de 
testemunhar o homem Jesus transfigurar-se em Glória, ainda 
que parcialmente. 
“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da 
divindade” (Cl 2.9). 
 38 
“... olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para 
que o desejássemos” (Is 53.2). 
Quando da descida do Filho de Deus em carne, este 
“veio para o que era seu”, ou seja, para a nação de Israel, pois 
como bem disse Paulo: 
“São israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a gló-
ria, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas, dos quais 
são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é so-
bre todos, Deus bendito eternamente: Amém” (Rm 9.4-5). 
Se Jesus veio para cumprir o eterno propósito que esta-
va em Deus oculto em mistério desde as gerações, o mesmo 
testemunho que estava na arca deve ser encontrado no Lugar 
Santo, onde os sacerdotes ministravam continuamente. Se 
não, vejamos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
A Mesa com os Pães 
 
 
Entrando no Santo, à direita da porta, notaríamos a me-
sa com os doze pães da proposição. Sua descrição se encontra 
em Êxodo 25.23-30. Quanto à disposição dos pães na mesa, 
assim lemos em Levítico 24.5-9. 
“Também tomarás da flor de farinha, e dela cozerás do-
ze bolos: cada bolo será de duas dízimas. E os porás em 
duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, pe-
rante o Senhor. E sobre cada fileira porás incenso puro 
que será para o pão por oferta memorial; oferta queimada é ao 
Senhor. Em cada dia de sábado, isto se porá em ordem peran-
te o Senhor continuamente, pelos filhos de Israel, por concer-
to perpétuo. E será de Aarão e de seus filhos, os quais o 
comerão no lugar Santo, porque uma cousa santíssima é para 
ele das ofertas queimadas ao Senhor, por estatuto perpétuo”. 
Devemos observar em que o concerto é “perpétuo” 
“pelos filhos de Israel”, embora a nação passe por dificulda-
des com seus vizinhos, não possua Templo algum e a própria 
Igreja de Cristo despreze Israel, desejando substituí-la. Já dis-
semos. Mas repetiremos. “Não me aborreço de escrever-vos 
as mesmas coisas, e é segurança para vós”. 
“... o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que 
a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11.25). 
“De Sião virá o Libertador... e assim todo o Israel será 
salvo... e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26). 
A mesa trata desta fidelidade do Senhor que desposou 
sua amada, Israel, para sempre. 
 40 
“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um con-
certo novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não 
conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os 
tomei pela mão, para tirá-los do Egito; porquanto eles invali-
daram o meu concerto apesar de Eu os haver desposado, diz o 
Senhor” (Jr 31.32). 
A fidelidade do Senhor não lhe permite dar carta de di-
vórcio a Israel, ou nossa segurança em Cristo também é men-
tirosa e arrogante. 
“Porque o Senhor Deus de Israel diz que aborrece o re-
púdio” (Ml 2.16). 
Israel está “perante o Senhor” para sempre, ainda que o 
mundo os odeie. O incenso puro fala deste velar constante no 
zelo de Deus por seu povo. 
“E será que como velei sobre eles para arrancar, e para 
derribar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, as-sim velarei sobre eles, para edificar e para plantar diz o 
Senhor” (Jr 31.28). 
Se o coração outrora cicatrizado de ódio e homicídio de 
Paulo pôde se derramar desta maneira: “... tenho grande triste-
za e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia 
ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são 
meus parentes segundo a carne” (Rm 9.2-3), quanto mais o 
Senhor que os formou desde o ventre! “Porque aquele que 
tocar em vós toca na menina do seu olho” (Zc 2.8). 
Os doze pães estavam continuamente perante a face do 
Senhor; e a cada sábado, símbolo áureo do pacto de Deus com 
Israel, este pão era renovado. 
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos 
[nós, judeus] consumidos; porque as suas misericórdias não 
têm fim. Novas são a cada manhã; grande é a tua fidelida-
 41 
de” (Lm 3.22-23). 
Mas devemos lembrar também que o tabernáculo fala a 
nosso respeito, aos que já se agregaram a Cristo dentre os 
gentios “Hoje”. 
Pois quando Paulo fala aos cristãos fiéis: “Não sabeis 
vós que sois o Templo de Deus, e que o espírito de Deus ha-
bita em vós?”; e, “ou não sabeis que o vosso corpo é o Tem-
plo do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de 
Deus?” (1 Co 3.16; 6.19), a que templo ele se refere? 
Além dos doze pães representarem as doze tribos de 
Israel apresentadas ao Senhor, este tipo fica mais claro ainda 
para a Igreja, já que somos uma “nova massa”, sem fermen-
to, para sermos apresentados ao Senhor cheios da justiça 
de Deus, e cujo fundamento são os doze apóstolos do Cor-
deiro. 
“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, 
mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados 
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus 
Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício 
bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual 
também vós juntamente sois edificados para morada de Deus 
em espírito” (Ef 2.19-22). 
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que 
apresenteis os vossos corpos em sacr ifício vivo, santo e 
agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). 
“Alimpai-vos pois do fermento velho, para que sejais 
uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque 
Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que faça-
mos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da 
maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da 
verdade” (1 Co 5.7-8). 
 42 
E por que cada bolo era de duas dízimas de farinha? 
Pode-se ver um sentido imediato e outro mediato (mais à 
frente). 
Apesar da lei e do culto divino terem sido dados a Isra-
el, o estrangeiro que se achegasse ao Senhor teria os mesmos 
direitos dos naturais. 
“Uma mesma lei tereis: assim será o estrangeiro como o 
natural; pois eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 24.22). 
“Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e 
para o estrangeiro que peregrina convosco” (Nm 15.16). 
Este tipo é límpido em sentido mediato para a Igreja. 
Mostra a junção dos naturais (judeus) e gentios numa mesma 
massa. Já mostramos a questão do enxerto em Romanos 11. 
“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis 
gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne 
se chamam circuncisão [judeus] feita pelas mãos dos homens; 
que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comuni-
dade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não 
tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo 
Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo 
chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os 
povos fez um [uma só Igreja, não denominacional, for -
mando o corpo único dos crentes]; e, derribando a parede de 
separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimiza-
de, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenan-
ças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazen-
do a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um cor-
po, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou 
a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; por-
que por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espíri-
to” (Ef 2.11-18). 
Assim, os doze pães da proposição relacionam-se em 
 43 
seu caráter com o maná dentro da arca, simbolizando Cristo 
como alimento para todo aquele que se achega a Ele. 
“Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é 
a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é 
porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sen-
do muitos, somos um só pão e um só corpo: porque todos par-
ticipamos do mesmo pão” (1 Co 10.16-17). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 44 
O Candelabro 
 
 
Diametralmente oposto à mesa ficava o “candelabro de 
ouro puro batido” com suas sete pontas iluminadas. Leia Êxo-
do 25.31-40. 
A única luz que havia no Santo era esta luz que emana-
va de Cristo: “enquanto estou no mundo, sou a luz do mun-
do” (Jo 9.5). 
O azeite que corria por suas veias (Lv 24.1-4) era a ple-
nitude do Espírito que habitava em Cristo em obediência à 
vontade soberana de seu Pai. E as sete lâmpadas eram os sete 
espíritos que repousavam sobre Ele: “o espírito do Senhor, o 
espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho 
e fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor ao Senhor. 
E deleitar-se-á no temor do Senhor” (Is 11.2-3). 
É só por este motivo que a luz natural é constituída em 
seu espectro por sete cores, vistas no arco-íris quando decom-
posta pelos infinitos cristais de chuva. 
Mas o candelabro diz algo mais profundo. A luz que 
emanava de Cristo vinha daquilo que o preenchia naturalmen-
te: a Palavra de Deus. 
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz para o 
meu caminho... Maravilhosos são os seus testemunhos: por 
isso a minha alma os guarda. A exposição das tuas palavras 
dá luz, dá entendimento aos símplices” (Sl 119.105,129-
130). 
“Manifestei o teu nome aos homens... Porque lhes dei 
as palavras que tu me deste... a tua palavra é a verdade” (Jo 
 45 
17.6,8,17). 
“E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salva-
dor Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e 
a incorrupção pelo evangelho...” (2 Tm 1.10). 
A luz do candeeiro, portanto, está em harmonia com as 
tábuas da lei na arca, pois “a boca fala do que está cheio o 
coração”. A essência perfeita da Lei de Deus era emanada em 
todo o seu vigor na vida exemplar, idônea e celestial do Mes-
tre. E se a lei termina com a morte, a luz que a manifesta tam-
bém. 
“E a condenação é esta: que a luz veio ao mundo, e os 
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas 
obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a 
luz, e não vem para a luz para que as suas obras não sejam 
reprovadas” (Jo 3.19-20). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46 
Atai a vítima da festa... levai-a aos ângulos do altar! 
 
Notemos agora uma passagem intrigante no Salmo 
118.22-27, em conexão com a pedra principal de esquina e o 
clamor de Israel por seu Messias – “a luz verdadeira”. 
“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se 
cabeça de esquina. Foi o Senhor que fez isto, e é cousa mara-
vilhosa aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor: rego-
zijemo-nos, e alegremo-nos nele. Oh! Salva, Senhor, nós te 
pedimos; ó Senhor, nós te pedimos, prospera. Bendito aquele 
que vem em nome do Senhor: nós vos bem dizemos desde a 
casa do Senhor. Deus é o Senhor que nos deu a luz: atai a víti-
ma da festa com cordas, e levai-a até aos ângulos do altar”. 
Glorioso será determo-nos um pouco mais neste pon-
to. Achado um rico veio, tolice seria desprezá-lo. 
“Folgo com a tua palavra, como aquele que acha um 
grande despojo” (Sl 119.162). 
A versão que acabamos de ler vem da Edição Revista 
e Corrigida. Da outra versão,a Edição Revista e Atualizada, 
extraímos na sua última parte. 
“O Senhor é Deus, ele é nossa luz; adornai a festa 
com ramos até as pontas do altar”. 
Há uma diferença gritante entre as interpretações. 
Uma fala de uma vítima amarrada nos ângulos do altar e outra 
de ramos nesta mesma ponta. Desnecessário dizer que uma 
não representa o que o Espírito da Escritura queria ensinar. E 
não é necessário o conhecimento da língua original para se 
resolver a questão. Temos todo um contexto bíblico a nosso 
favor. Pergunto: nos ângulos de um altar para holocaustos 
caberiam sangue ou ramos? Procure alguma outra passagem 
 47 
na Escritura em que se relacionam ramos com os ângulos do 
altar. Nem perca seu tempo. O altar do holocausto fala invari-
avelmente de sangue, em toda a sua extensão bíblica; não há 
lugar para ramos. Vejamos somente uma demonstração. 
“E degolarás o novilho perante o Senhor à porta da 
tenda da congregação. Depois tomarás o sangue do novilho, e 
o porás com o teu dedo sobre as pontas do altar, e todo o san-
gue restante derramarás à base do altar” (Êx 29.11-12). 
No entanto, não devemos desprezar a outra versão, 
pois seu erro representa o mesmo erro de Israel diante do Cor-
deiro, conforme veremos a frente. Creio que foi proposital da 
parte do Espírito Santo duas interpretações diferentes. A pri-
meira, sua Vontade santa, a segunda, sua Permissão santa. 
Devemos notar que ambas falam de uma festa. Qual 
será? É só observarmos o contexto. Qual a única ocasião em 
que os judeus declararam: “Bendito Aquele que vem em no-
me do Senhor”? 
“Foi pois Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia... 
No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à 
festa, que Jesus vinha a Jerusalém, tomaram ramos de palmei-
ras, e saíram-lhe ao encontro, e clamaram: Hosana: Bendito o 
Rei d’Israel que vem em nome do Senhor...” (Jo 12.1,12-13). 
 
 
 
 
 
 48 
As prescrições da Páscoa 
 
Neste pequeno trecho podemos retirar grandes e pre-
ciosas pedras. A primeira, que nos diga que se trate da Pás-
coa. É a única ocasião em que se associa o clamor pelo Rei a 
uma festa. Mas se Jesus se apresenta para a Páscoa, devemos 
entender o que realmente estava em jogo. Percebe-se a impor-
tância de tal acontecimento ao analisarmos as forças das pala-
vras usadas para esta ocasião. 
“E aconteceu que, ao se completarem os dias em que 
devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a in-
trépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc 9.51 – ERA) 
Observe que diante da necessidade dele ser recebido 
ao céu, deveria passar pela morte em Jerusalém. Disto, Ele 
mesmo sofre e antecipa. 
“E Jesus lhes respondeu dizendo: É chegada a hora 
em que o Filho do homem há de ser glorificado. Na verdade, 
na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo na terra, 
não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto... Agora 
a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me 
desta hora; mas para isto vim a esta hora” (Jo 12.23-24,27). 
E o tipo de morte pela qual Ele passaria já estava 
profetizado também. 
“Bem sabeis que daqui a dois dias é a Páscoa: e o 
Filho do homem será entregue para ser crucificado” (Mt 
26.2). 
Agora peço a atenção e a compreensão redobradas do 
leitor. 
“A minha boca falará da sabedoria; e a meditação do 
 49 
meu coração será de entendimento. Inclinarei os meus ouvi-
dos a uma parábola: decifrarei o meu enigma na harpa” (Sl 
49.3-4). 
Analisemos em primeiro lugar a festa. Para tanto, deve-
mos retornar à primeira festa na qual são dadas as ordens rela-
tivas a ela para as eternas gerações seguintes. 
“E falou o Senhor a Moisés e a Aarão na terra do Egito, 
dizendo: Este mês vos será o princípio dos meses: este vos 
será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação 
de Israel: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordei-
ro, segundo as casas dos pais um cordeiro para cada casa... O 
cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, 
o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até 
ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento de Isra-
el o sacrificará à tarde” (Êx 12.1-6). 
Observe que o coração da Páscoa é o cordeiro. Eis “a 
vítima” de que nos falava o Salmo 118. Sem cordeiro, sem 
Páscoa. 
Perceba também que esta festa marca o início dos me-
ses, significando que todas as demais festas prescritas, e que 
podem ser lidas em Levítico 23, têm por base a Páscoa. O di-
reito à entrada no descanso, tanto no caso de Israel, que entra-
ria numa terra física, quanto à Igreja, que entra num verdadei-
ro descanso espiritual, depende do sacrifício de um cordeiro, 
na Páscoa, sem mácula. 
Observe ainda mais que este cordeiro deveria ser toma-
do no dia dez e vistoriado até o dia treze; comprovado que 
nele não havia defeito algum, era sacrificado no dia quatorze. 
Portanto, são quatro dias de vistoria (dias dez, onze, doze e 
treze), e no quinto dia (dia quatorze), o sacrifício do cordeiro. 
Se Jesus era o “Cordeiro de Deus” anunciado por João Batis-
ta, então ele deveria cumprir a lei a respeito da Páscoa. Retor-
nemos então a João 12 um pouco acima, em que o apóstolo 
 50 
coloca que “seis dias antes da Páscoa” Jesus estava em Betâ-
nia. “No dia seguinte” significa que Ele chega em Jerusalém 
faltando cinco dias para a festa propriamente. Portanto aquele 
dia, em que Jesus entra “triunfantemente” em Jerusalém mon-
tado num jumentinho, conforme a profecia de Zacarias 9.9, 
debaixo das “hosanas” da “multidão de discípulos”, aquele 
dia era o dia dez correspondente ao início da vistoria do 
“nosso Cordeiro pascal”. E realmente assim foi. Ele andou 
por Jerusalém e pelo templo por quatro dias, conforme a lei, 
esperando que fosse reconhecido como Messias de Israel, 
bem como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. 
Jesus cumpriu seu papel como cordeiro apresentando-se aos 
sacerdotes e ao povo de Israel. Mas o que era devido à Na-
ção? Qual sua obrigação diante de seu Cordeiro Messiânico? 
Se a Lei dava ordens quanto ao Cordeiro, também dava or-
dens “a todo o ajuntamento de Israel”. Devemos voltar nova-
mente à Lei. 
“Guarda o mês de Abibe, e celebra a Páscoa ao Senhor 
teu Deus: porque no mês de Abibe o Senhor teu Deus te tirou 
do Egito, de noite. Então sacrificarás a Páscoa ao Senhor teu 
Deus, ovelhas e vacas, no lugar que o Senhor escolher para ali 
fazer habitar o seu nome... Não poderás sacrificar a Páscoa 
em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus. Se-
não no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para habitar o 
seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde” (Dt 16.1-2,5-6). 
Deste lugar, Deus responde a Salomão: 
“E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração, e a tua súplica 
que suplicando fizeste perante mim; santifiquei a casa que 
edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre: e os 
meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias” (1 Re 
9.3). 
“Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à 
porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos 
encontrarei para falar contigo ali. E ali virei aos filhos de Isra-
 51 
el, para que por minha glória sejam santificados. E santifica-
rei a tenda da congregação e o altar; também santificarei a 
Aarão e seus filhos, para que me administrem o sacerdócio. E 
habitarei no meio dos filhos de Israel, e lhes serei por 
Deus” (Êx 29.42-45). 
“Porei o meu tabernáculo no meio de vós...” (Lv 26.11). 
Este era o lugar para sacrificar a Páscoa. No templo do 
Senhor. Quando Israel saiu do Egito, sacrificou às suas por-
tas, pois ainda seu templo seria construído. Mas instalada a 
ordem sacerdotal e o templo, os sacrifícios só poderiam ser 
realizados pelos sacerdotes, no lugar Santo. Este era o seu 
ofício sagrado, inconfundível e bem-aventurado. 
E como sacrificá-lo? Retornemos à lei. Temos alguns 
aspectosimportantes neste ponto. Na Páscoa comemorativa, 
tanto no deserto, quanto depois já em Canaã, um cordeiro era 
suficiente para cada família. 
“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez 
deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as ca-
sas dos pais, um cordeiro para cada casa. Mas se a família for 
pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho 
perto de sua casa, conforme ao número das almas: conforme o 
comer de cada um, fareis a conta para o cordeiro” (Êx 12.3-
4). 
Não há lugar para desperdício ou miséria no Reino de 
Deus. No caso do Cordeiro Divino-Humano, seu único sacri-
fício seria suficiente não só para Israel, mas pelo mundo todo, 
e ainda o resto do Universo e do Reino de Deus. 
Mas acontece que aquela festa era exclusivamente ju-
daica. Os incircuncisos romanos, bem como qualquer outra 
nação debaixo do céu, por mais influente, poderosa e civiliza-
da que fosse, não tinham direito a ela. 
 52 
“Disse mais o Senhor a Moisés e a Aarão: Esta é a orde-
nança da Páscoa; nenhum filho de estrangeiro comerá dela. 
Porém todo o servo de qualquer, comprado por dinheiro, de-
pois que o houverdes circuncidado então comerá dela. O es-
trangeiro e o assalariado não comerão dela. Numa casa se co-
merá; não levarás daquela carne fora da casa, nem dela que-
brareis osso. Toda a congregação de Israel o fará. Porém se 
algum estrangeiro se hospedar contigo, e quiser celebrar a 
Páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo o macho, e en-
tão chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas 
nenhum incircunciso comerá dela” (Êx 12.43-48). 
O sacrifício completo assim consistia. 
“... e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sa-
crificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas 
as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o come-
rem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com 
pães asmos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis 
dele nada cru, nem cozido em água, senão assado ao fogo: a 
cabeça com os pés e com a fressura. E nada dele deixareis até 
amanhã: mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fo-
go” (Êx 12.6-10). 
Apreciemos um memorial da Páscoa realizado pelo rei 
Josias, há pelo menos 600 anos antes de Cristo e pelo menos 
800 após sua instituição por Moisés. 
“Então Josias celebrou a Páscoa ao Senhor em Jerusa-
lém; e mataram o cordeiro da Páscoa no décimo quarto dia do 
mês primeiro. E estabeleceu os sacerdotes nos seus cargos, e 
os animou ao ministério da casa do Senhor. E disse... E imolai 
a Páscoa: e santificai-vos, e preparai-a para vossos irmãos, 
fazendo conforme a palavra do Senhor, dada pela mão de 
Moisés... Assim se preparou o serviço; e puseram-se os sacer-
dotes nos seus postos, e os levitas nas suas turmas, conforme 
ao mandado do rei. Então imolaram a páscoa; e os sacerdotes 
espargiam o sangue recebido nas suas mãos, e os levitas esfo-
 53 
lavam as reses. E puseram de parte os holocaustos para os 
darem aos filhos do povo, segundo as divisões das casas pa-
ternas, para o oferecerem ao Senhor, como está escrito no li-
vro de Moisés; e assim fizeram com os bois. E assaram a Pás-
coa no fogo, segundo o rito...” (2 Cr 35.1-2,6,10-13). 
Quando Jesus entra em Jerusalém para ser vistoriado, o 
povo cumpre a primeira parte do Salmo 118 clamando: 
“Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 54 
O endurecimento de Israel e seus ramos de palmas 
 
Mas “o endurecimento veio em parte sobre Israel” (Rm 
11.25) para não cumprir a maior das honras: “atai a vítima da 
festa com cordas, e levai-a até aos ângulos do altar”. 
O próprio Messias, ao olhar Jerusalém do Monte das 
Oliveiras, já profetizara esta negligência. 
“E, quando já chegava perto da descida do monte das 
Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, co-
meçou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as mara-
vilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em 
nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas. E disseram-
lhe dentre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende 
os teus discípulos. E respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos 
que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão. E, 
quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizen-
do: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o 
que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus 
olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te 
cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas 
as bandas; e te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti 
estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que 
não conheceste o tempo da sua visitação” (Lc 19.37-44). 
Israel cometeu um erro crasso, abominável e inigualá-
vel. Aquela festa a que Jesus se submetia era a Páscoa, e co-
mo bom Cordeiro celeste que era, deveria ser vistoriado por 
todos eles e ser conduzido aos “ângulos do altar” do holo-
causto para ser imolado pelo sumo sacerdote Caifás, “que era 
o sumo sacerdote daquele ano” (Jo 18.13). 
Ao invés disto, como já lemos, estendem ramos de pal-
meiras para sua entrada, numa clara alusão à festa dos taber-
náculos. Esta festa pode ser vista em Levítico 23.34-43. Va-
 55 
mos transpor somente a parte de interesse. 
“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias des-
te mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao Senhor Deus 
por sete dias... E ao primeiro dia tomareis para vós ramos de 
formosas árvores, ramos de palmas, ramos de árvores espes-
sas e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor 
vosso Deus por sete dias...” 
A festa dos tabernáculos é a última das festas do calen-
dário judaico, representando o reinado do Messias sobre Isra-
el. Esqueceram-se de que esta festa prometida no futuro esta-
va ligada e dependia do cumprimento literal da primeira festa: 
a Páscoa. 
A morte do Cordeiro, atado e sacrificado no altar do 
holocausto, deveria estar em conformidade com o sacrifício, 
como um tipo a ser confirmado, de Isaque por seu pai, Abra-
ão. O que Deus exigia de Israel na ocasião era o mesmo 
exemplo de fé e obediência de Abraão ao oferecer o que ele 
tinha de mais precioso. A única diferença era que Isaque tinha 
um substituto “travado pelas suas pontas num mato” (Gn 
22.13); mas Jesus era o próprio substituto. Ele estaria sozi-
nho, como dele está escrito: 
“E viu que ninguém havia, e maravilhou-se de que não 
houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe 
trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve” (Is 59.16). 
Assim como Abraão “considerou que Deus era podero-
so para até dos mortos o ressuscitar” (Hb 11.18), Israel tinha a 
obrigação moral e exemplar da mesma fé. Consumida a carne 
do Cordeiro no fogo, como prescreve a lei, e já insinuava a 
lenha carregada pelo próprio Isaque (Gn 22.6), Jesus ressusci-
taria ao terceiro dia das cinzas como dele estava profetizado, 
e aí sim, poderia restaurar o reino a Israel, conforme os discí-
pulos o interrogaram em Atos 1.6: “Senhor, restaurarás tu 
neste tempo o reino a Israel?”. 
 56 
Talvez a única porção no ritual Pascal que não pudesse 
ser concretizado fosse o comer da carne do cordeiro como 
vimos em Êxodo 12. Porque além de Jesus ser o cordeiro Pas-
cal, era também ele a expiação da culpa e do pecado. E destes 
sacrifícios se diz: 
“Porém nenhuma expiação do pecado, cujo sangue se 
traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se co-
merá: no fogo será queimado” (Lv 6.30). 
E no livro de Hebreus encontramos mais claramente: 
“Temos um altar, de que não têm direito de comer os que ser-
vem ao tabernáculo. Porque os corpos dos animais, cujo san-
gue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santu-
ário, são queimados fora do arraial” (Hb 13.10-11). 
Como Jesus adentrariaao santuário celeste para purifi-
car as coisas celestiais, como veremos à frente, sua carne não 
poderia ser comida, mas somente queimada no fogo. Embora 
vejamos este comer da sua carne e o beber do seu sangue sim-
bolicamente na ceia instituída pelo próprio Senhor aos discí-
pulos. 
“Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cáli-
ce, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; por-
que isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é 
derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26.26
-28). 
 
 
 
 
 57 
A desconcertante escolha de Caifás 
 
Pareceria duro demais imaginar Caifás, sumo sacerdote, 
imolando o Deus-Homem no altar do holocausto e queimando 
suas carnes? Não era isto que ele mesmo fazia todos os anos 
como sombra nas comemorações sucessivas da Páscoa? Não 
era ele o representante máximo da “adoção de filhos, e a gló-
ria, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas” (Rm 
9.4)? Não conhecia ele o exemplo santo da maior figura de 
um holocausto humano, o submisso Isaque? Ele mesmo não 
havia profetizado um pouco antes que ‘convinha que um ho-
mem morresse pelo povo, e que não perecesse toda a na-
ção’ (Jo 11.50)? 
“Mas disse eu [o Senhor]: Ouvi agora vós, chefes de 
Jacó, e vós, príncipes da casa de Israel: não é a vós que per-
tence saber o direito? A vós que aborreceis o bem, e amais o 
mal... que abominais o juízo e perverteis tudo o que é direito. 
Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça. 
Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sa-
cerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham 
por dinheiro; e ainda se encostam no Senhor, dizendo: Não 
está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá. 
Portanto, por causa de vós, Sião será lavrado como um cam-
po, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte 
desta casa em lugares altos de um bosque” (Mq 3.1-2,9-12). 
“Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os 
anciãos do povo reuniram-se na sala do sumo sacerdote, o 
qual se chamava Caifás, e consultaram-se mutuamente para 
prenderem Jesus com dolo e o matarem. Mas dizia: Não du-
rante a festa para que não haja alvoroço entre o povo” (Mt 
26.3-5). 
A intenção dos sacerdotes era incriminar injustamente a 
Jesus, visto que “testemunho contra Jesus... não acha-
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vam” (Mc 14.55), para o matarem depois da festa da Páscoa, 
sem a participação de “toda a congregação de Israel”. 
Ao invés de um sacrifício pacífico proposto por Deus, 
temos um homicídio hediondo perpetrado por homens ímpios. 
E em vez de uma morte rápida e honrosa num lugar santo, 
temos uma agonia vergonhosa de seis horas na maldição da 
cruz, visto ser “maldito todo aquele que for pendurado no ma-
deiro” (Dt 21.23 / Gl 3.13). 
Desta morte pagã na cruz, Pedro declara: 
“A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre nós 
com maravilhas, prodígios e sinais... A este que vos foi entre-
gue pelo determinado conselho e presciência de Deus, toman-
do-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injus-
tos” (At 2.22-23). 
Sob o ponto de vista de interesse de Israel, o Cordeiro 
de Deus não poderia morrer daquela forma pelas mãos dos 
gentios, fora de sua casa, embora assim fosse profetizado. Is-
rael desdenhou o privilégio bendito de cumprir os desígnios 
santos do Eterno ao desprezar o seu Cordeiro Messiânico, pa-
ra nossa alegria e bênção, o privilégio aos gentios. Daí que 
também o Senhor passou todas as bem aventuranças do evan-
gelho à Igreja e momentaneamente escondeu a sua face do 
seu povo. 
Podemos também enxergar esta necessidade da morte 
do cordeiro no altar do holocausto no tabernáculo santo terre-
no, partindo da premissa que, se “o cordeiro foi morto desde a 
fundação do mundo” e seu sangue já era conhecido “ainda 
antes da fundação”, onde, como já refletimos, poderia ter sido 
Ele sacrificado simbolicamente nos céus? É mais que óbvio e 
natural tudo ter ocorrido no altar verdadeiro, no santuário da 
presença de Deus. Daí que também, na sombra, o único lugar 
plausível para o seu sacrifício seria no “lugar que o Senhor 
escolher para habitar seu nome”. 
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Mas não foi assim. Israel encheu o cálice de sua negli-
gência, rebeldia e depravação. O Senhor “padeceu fora da 
porta; saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu vitupé-
rio” (Hb 13.12-13). No entanto, mostraremos a frente, que seu 
sacrifício na cruz pagã foi tão aceito quanto seria se houvesse 
ocorrido no altar santo. 
Completamos assim a questão de que o candelabro com 
suas sete lâmpadas relaciona-se com a lei das duas tábuas na 
arca, cumpridas na morte de Jesus. Há talvez uma única dife-
rença crucial entre estas figuras, e isto em relação aos seus 
beneficiários. A Lei era implacável em suas ordenanças, ge-
rando inevitavelmente morte para aqueles que a ouviam, en-
quanto a luz do candelabro só podia gerar vida, pois sua per-
sonificação, o Filho de Deus em carne, só Ele cumpriu literal 
e cabalmente a mesma Lei, cumprindo-a em vida e na sua 
morte substitutiva. 
“Deus é o Senhor que nos deu a luz: atai a vítima da 
festa com cordas, e levai-a até aos ângulos do altar” (Sl 
118.27). 
E “o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). 
O clímax absoluto desta intensidade de luz amorosa está 
em que, o Filho, “sendo em forma de Deus, aniquilou-se a si 
mesmo, tomando a forma de servo, e achado na forma de ho-
mem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e 
morte de cruz” (Fp 2.6-9). 
“Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo 
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). 
“Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas 
ovelhas” (Jo 10.11). 
Em verdade, em verdade podemos dizer, profundamente 
agradecidos e vergonhosamente sem meios de retribuir, que 
“o amor de Cristo excede a todo o entendimento” (Ef 3.19). 
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O Altar do Incenso 
 
 
Toda e qualquer peça que se encontrava no tabernáculo 
era celeste em sua concepção. Mas este, o altar do incenso, 
falava de algo totalmente novo, inusitado e solene. Inicial-
mente por sua posição. Ficava em frente ao véu. 
“E farás um altar para queimar o incenso: de madeira de 
cetim o farás... E com ouro puro o forrarás... E o porás diante 
do véu que está diante da arca do testemunho, diante do 
propiciatório, que está sobre o testemunho, onde me ajuntarei 
contigo. E Aarão sobre ele queimará o incenso das especiari-
as; cada manhã, quando põe em ordem as lâmpadas, o quei-
mará” (Êx 30.1-7). 
Não havia meio de Aarão entrar no lugar Santíssimo 
sem passar por ele. E todas as vezes que os sacerdotes, filhos 
de Aarão, que não poderiam jamais entrar no Santo dos San-
tos, mirassem em direção do véu, o incensário ali colocado já 
os avisava de que algo ainda faltava e os impedia de lá entrar. 
Mas devemos notar algo bem peculiar. Este altar de ou-
ro estava no lugar Santo juntamente com o candelabro e a me-
sa com os pães, mas não era considerado como mobília deste 
recinto. Preste atenção agora o que diz o escritor de Hebreus, 
em seu capítulo 9.2-4, a este respeito. 
“Um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que 
havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que 
se chama o santuário”. Onde está a descrição do altar confor-
me vimos acima, em Êxodo 30? 
“Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que 
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se chama o Santo dos Santos, que tinha o incensário de ouro, 
e a arca do concerto...” 
O incensário estava no Santo, mas não era do Santo. É 
contado juntamente com a arca que estava debaixo da glória 
de Deus, no Lugar Santíssimo. 
Alguns, por não terem ainda se aprofundado nesta ques-
tão, simplificam a interpretação destas coisas, alegando que o 
escritor de Hebreus se referia ao altar do incenso depois de 
Jesus morto, com o véu rasgado, fazendo-nos crer que o cami-
nho para o Santo

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