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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO PRIVADO
RESPONSABILIDADE CIVIL
PROFESSOR MS EDSON MITSUO TIUJO 
5º ANO – TURMA 32 – NOTURNO
CONTATO
edsonmitsuo@yahoo.com.br 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Plano de ensino distribuído em sala. 
Justificativa da disciplina 
Importância da responsabilidade civil: toda conduta humana está sujeita a responsabilidade. 
O sistema de responsabilidade civil no Código é tratado de forma esparsa (arts. 186 e seguintes e 927 e seguintes), o que não é característico de ordenamentos com origem romano-germânica. 
A responsabilidade civil é aplicável no Direito Civil, mas também para além dele, como na área empresarial, consumerista, trabalhista, ambiental, etc. 
Objetivação: o fundamento da responsabilidade civil brasileira é a culpa. Não comprovada a culpa do agente, a vítima não recebe a devida reparação. A objetivação é a transmutação desse fundamento para o dano. 
Giselda Hironaka. Tese da Responsabilidade pressuposta. 
OBRAS RECOMENDADAS
TARTUCE, Flavio. Direito Civil – Direito das Obrigações e Responsabildiade Civil. V. 2. 12. Ed. Rio de Janeiro : Forense, 2016. 
Obra mais recomendada. É a mais moderna, temas novos. 
Álvaro Villaça Azevedo. 
Sergio Cavalieri Filho. 
Fabio Ulhoa Coelho. 
Pablo Stolze Gagliano. 
Paulo Nader. 
Silvio de Salvo Venosa. 
AVALIAÇÕES
Quatro avaliações, com misto de questões discursivas e objetivas. 
As datas estão previamente definidas, mas admitem alteração, acaso necessário. 
09 de junho de 2017. 25 de agosto de 2017. 
Prova objetiva 
01 de setembro de 2017. 
Prova subjetiva 
22 de setembro de 2017. 17 de novembro de 2017 ?
01 de dezembro de 2017. 
TRABALHOS
ANOTAÇÕES
1º e 2º BIMESTRES
07 de abril de 2017. 
Problema no horário das aulas. Ficou combinado que o Prof. Edson ficará com as aulas de sexta-feira, e o Prof. Villa Lobos (Direito Ambiental) com as aulas de segunda-feira. 
28 de abril de 2017. 
Greve geral 
05 de maio de 2017. 
Responsabilidade 
Responsabilidade (senso comum) x responsabilidade jurídica: “responsabilidade” denota “encargo, obrigação, dever”. 
Pelo senso comum, não necessariamente a responsabilidade é relacional, pois pode significar um “dever consigo mesmo”. 
A responsabilidade jurídica, por outro lado, é sempre relacional. Isso porque toda conduta humana está sujeita à responsabilização. Sempre envolve duas partes, numa relação de ofensor e vítima. 
Responsabilidade jurídica x responsabilidade moral: a diferença é a coercitividade. Aquele que causa dano a outrem tem a obrigação de indenizar. 
A regra moral não possui coercitividade, podendo no máximo gerar uma reprovação moral. 
Obrigação e responsabilidade: 
A obrigação é uma relação entre credor e devedor, com objeto e prestação, que deve ser cumprida espontaneamente. A doutrina a denomina de “dever jurídico originário”. Pode decorrer da lei ou do contrato. 
A responsabilidade, por sua vez, é a consequência do descumprimento da obrigação. Logo, a doutrina a denomina de “dever jurídico secundário ou sucessivo”. O descumprimento da lei ou do contrato gera responsabilidade. 
Culpa e responsabilidade: a culpa é um comportamento, quando este ultrapassa a previsibilidade ou normalidade do “homem médio”. É um dos elementos caracterizadores da responsabilidade. 
Imputabilidade e responsabilidade: 
A imputabilidade é condição para a responsabilização do autor do fato, e está relacionado a capacidade de discernimento. 
Quando o autor do fato é inimputável (civilmente), seus pais ou representante legal respondem, nesse caso objetivamente, perante a vítima. 
Logo, é incorreto afirmar que o incapaz não responde por seus atos. Sua responsabilidade é mitigada, relativizada e subsidiaria. 
Ou seja, praticado o fato pelo incapaz, respondem seus pais. Na falta destes, responde o próprio incapaz, com seu patrimônio, desde que isso não comprometa a sua subsistência. 
Responsabilidade civil e responsabilidade penal: são esferas independentes de responsabilização. O Código Civil estabelece que se o Juízo Criminal já apurar a indenização civil na sentença condenatória, esta tem plena validade para a responsabilidade civil. 
	Diferenças quanto à: 
	Responsabilidade Civil
	Responsabilidade Penal 
	Norma violada 
	De direito privado
	De direito público 
	Interesse violado
	Interesse particular 
	Interesse público 
	Sanção 
	Estritamente pecuniária, desde que entre particulares (exceção: relação de consumo) 
	Pode ser pecuniária, mas em regra incide sob a pessoa do ofensor. 
	Pessoalidade da sanção 
	Pode transcender a pessoa do ofensor, por exemplo, aos pais, ao patrão, ao sócio da PJ, os herdeiros do ofensor, etc. 
	A pena não pode transcender a pessoa do ofensor. 
	Tipicidade 
	Existe relativização, variabilidade à responsabilização, admitindo inclusive graus de culpa. 
	Exige a perfeita subsunção do fato à norma. 
	Inimputável 
	Tem responsabilidade mitigada, relativizada e subsidiária a dos pais. 
	O inimputável não é responsabilizado. A medida de segurança tem fundamento na periculosidade, e não na responsabilidade pelo ato. 
Anotações 
Responsabilidade extracontratual ou “aquiliana”: denominação doutrinária, oriunda da Lex Aquilia, que instituiu a responsabilidade civil, distinguindo-a da penal. 
12 de maio de 2017. 
Responsabilidade civil 
Fundamentos constitucionais da responsabilidade civil: a CF/88 tem uma função irradiante, quanto as normas, princípios e direitos fundamentais, para os demais ramos do direito. 
Constitucionalização do direito privado ou direito civil constitucional: a responsabilidade civil é um instituto substancialmente mais antigo que o constitucionalismo social, contudo, prevalece a recepção da responsabilidade civil à ordem constitucional. 
Dignidade da pessoa humana: personalização do direito privado e despatrimonialização: 
Significa a valorização da pessoa e a desvalorização do patrimônio. Apesar do Código Civil representar o “estatuto do patrimônio particular”, o enfoque constitucionalista volta-se à pessoa. 
Nisso se fundamenta o direito à reparação da vítima do dano. 
Solidariedade social: pode ser verificada a partir das funções da responsabilidade civil. 
Reparação do dano da pessoa ofendida: tenta-se recompor a pessoa ao estado anterior, ainda que por meio de ressarcimento patrimonial. 
Punição do ofensor: objetiva responsabilizar aquele que causou o dano por seus atos. 
Prevenção ou repreensão da conduta ilícita: a responsabilização imputada aos ofensores deve servir de exemplo para os demais. 
Isonomia e igualdade: fixação dos danos, em especial o dano moral. 
Enquanto critério para fixação de um dano moral é questão bastante discutível e interessante. 
Tabelamento: fundamentado na igualdade. Não existe qualquer regulamento, entretanto, nos Juizados Especiais Cíveis sabe-se que existe um tabelamento “mascarado”. Para os mesmos danos, as mesmas indenizações. 
Critica-se que haveria um afastamento do caso concreto. 
Análise de cada caso concreto: fundamentado na isonomia. É necessário levar em consideração uma série de fatores para fixação do dano, como condição econômica do ofensor e da vítima, a própria natureza da ofensa, grau de culpa, etc. 
Critica-se a possibilidade de criação de distorções, a aplicação de indenizações substancialmente diferentes em casos idênticos. 
Alocação da responsabilidade civil no Código Civil e sua natureza: 
Parte geral: ato ilícito, responsabilidade extracontratual, delitual ou aquiliana (art. 186 a 188). 
Parte especial: obrigações, responsabilidade contratual (art. 389). 
Parte especial: indenização e dever de indenizar (art. 927). Trata de critérios de fixação dos danos.
Natureza da responsabilidade civil: é secundária ou sucessiva. Existe em função do descumprimento de outra obrigação originária, contratual ou extracontratual (de “não causar danos a outrem”). 
Conceito de responsabilidade civil 
“A responsabilidade civil configura um deversucessivo, resultante da violação de um dever originário”. (San Tiago Dantas) 
Este conceito trabalha com a natureza da responsabilidade civil. 
“A responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que atuando ilicitamente viola uma norma jurídica preexistente subordinando-se as consequências de seu ato”. (Pablo Stolze) 
O dano pode decorrer não apenas de uma “atividade”, mas também de uma omissão. 
“de alguém”: natureza relacional. Toda conduta humana tangencia a responsabilidade. 
“atuando ilicitamente” = “viola uma norma jurídica”, que pode ser tanto a Lei, como um contrato. 
“consequências”: reparação do dano. No Direito Civil, a reparação é estritamente pecuniária. 
Previsão de responsabilidade de consumo no Código Civil (art. 931): nesse caso, não necessariamente a reparação será pecuniária, dada a possibilidade de substituição do produto. 
Fundamento da responsabilidade civil: é o ato ilícito, que por sua vez, fundamenta-se na culpa. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 Por exemplo, a responsabilidade por um acidente de trânsito com um veículo estacionado em local proibido, é necessário analisar a conduta do ofensor e da vítima. 
Se o veículo estava visível, ainda que estacionado em local proibido, a vítima não concorreu para a ocorrência do dano. 
Se o veículo estava estacionado em local com visibilidade prejudicada, por outro lado, é possível reconhecer que a vítima também agiu de forma imprudente, concorrendo para ocorrência do dano que sofreu. 
Fundamentos alternativos: critica-se atualmente se o dano não seria um fundamento melhor à responsabilidade civil, dado que, não comprovada a culpa do ofensor, a vítima fica desamparada. 
Responsabilidade objetiva: Na responsabilidade objetiva, tal qual a existente nas relações de consumo, a culpa não é elemento para a configuração da obrigação de indenizar. 
Ao ofensor cabe demonstrar a não ocorrência dos demais requisitos, por exemplo, que o dano não ocorreu, que não praticou o ato ilícito, ou que não há nexo causal. Para tanto, pode alegar fato exclusivo da vítima, caso fortuito e força maior, fato de terceiro, etc. 
Culpa presumida: trata-se de um estágio intermediário entre a teoria objetiva e a teoria subjetiva da responsabilidade civil. Há discussão de culpa, mas inverte-se o ônus da prova. 
Cabe a vitima comprovar apenas dano, autoria e nexo de causalidade. A culpa do ofensor seria presumida. 
Logo, cabe ao ofensor demonstrar que não agiu com negligencia, imprudência ou imperícia (culpa), eximindo-se de sua responsabilidade. 
Uma vez que a prova dos fatos cabe a quem os alega, retira-se da vítima o ônus de provar a culpa do ofensor. Já o ofensor, caso alegue que a própria vítima concorreu culposamente para o dano, deverá comprovar esta alegação. 
Problematização: atualmente existe uma tendência pela objetivação da responsabilidade, já consagradas em acidentes de trabalho e de consumo, e que vem permeando o direito civil. 
Objetivação exagerada: efetivamente, ocorre o atropelamento da análise de cada elemento da responsabilidade civil. 
Tipos de responsabilidade civil 
Quanto aos pressupostos
Subjetiva: cabe a vitima a demonstração de dano, autoria, nexo de causalidade e culpa do ofensor. 
Objetiva: cabe a vitima a demonstração de dano, autoria e nexo de causalidade, somente. 
Quanto à norma violada 
Contratual: decorre da violação ou descumprimento de uma causa contratual. Logo, a fonte da responsabilidade será o próprio negócio. 
Caracterizado pela existência de uma relação jurídica anterior a responsabilidade civil. 
No descumprimento contratual, demonstrado o dano, a culpa é presumida. 
Extracontratual, aquiliana ou delitual: decorre de violação à Lei. 
Ex.: art. 186. Ninguém pode causar dano a outrem. 
Não existe uma relação jurídica anterior à responsabilidade. 
A culpa não é presumida. Cabe a vítima provar a culpa do ofensor na prática do dano. 
Quanto ao agente causador do dano 
Direto: quando as figuras do ofensor e do responsável se concentram numa mesma pessoa. 
Indireta: quando a pessoa do ofensor é diferente da do responsável. 
Ex.: dono da coisa/animal, ou responsável legal (pais e filhos). 
19 de maio de 2017. 
Responsabilidade extracontratual subjetiva
Divisão do estudo 
Como visto anteriormente, a responsabilidade civil é dividida em: 
Contratual, se decorre do descumprimento de um contrato; e
Extracontratual, se decorre do descumprimento da lei. 
Objetiva: dispensa a análise de culpa. 
Subjetiva: depende da demonstração de culpa. Este é o ponto de estudo inicial, pois é a mais abrangente em relação a seus elementos. A partir dela, a análise das demais modalidades fica mais cômoda. 
A depender da obra estudada, o estudo da responsabilidade civil pode ser estruturada de diferentes formas. Não há unanimidade metodológica neste aspecto. 
O ilícito civil não pode ser confundido com o ilícito penal. Ao passo que o ilícito civil se caracteriza em uma violação a um direito subjetivo privado, o ilícito penal têm normas de direito público e bens jurídicos específicos. 
Fundamento da responsabilidade civil extracontratual subjetiva 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligencia ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito a titular de um direito que, ao exerce-lo, excede manifestamente os limites impostos por seu fim econômico ou social, pela boa-fé, ou pelos bons costumes. 
O conceito legal de ato ilícito foi ampliado pelo Código Civil de 2002, incluindo o abuso de direito. 
Ato ilícito: possui duas perspectivas, significando: 
 Lesão a um direito: quando ocorre a violação de um direito, é possível cogitar a incidência da responsabilidade civil. Essa é a perspectiva do infrator da norma. 
Dano: pela lesão sofrida a um direito, é possível a configuração de um dano. Essa é a perspectiva da vítima da infração. 
Abuso de direito: nesse caso, o infrator é o próprio titular do direito subjetivo, que o exerce de maneira abusiva, causando dano a outrem. 
Conceito: “um ato lícito pelo conteúdo, ilícito pelas consequências, tendo natureza mista”. 
Por outro lado, o ato ilícito é uma ilicitude em sua integralidade. 
Cláusulas gerais do abuso de direito: o art. 187 previu algumas cláusulas gerais que exigem preenchimento pelo aplicador do direito. 
Fim econômico ou social: é a vedação a vantagens abusivas ou excessivas. 
Fim econômico: por exemplo, o direito de livre iniciativa encontra limites no direito do trabalho, direitos do consumidor, etc. 
Fim social: corresponde à função social do contrato, da propriedade, etc. 
 Boa-fé: 
Subjetiva: trata-se de um principio geral. Trata-se de uma negativa, uma conduta, um agir com ausência de má-fé, malícia ou engodo. Encontra-se na consciência de cada individuo, e não é este o conceito adotado pelo Código. 
Objetiva: adotada pelo Código, é uma conduta positiva. Envolve o cumprimento das obrigações contratuais, mas também outros anexos, como o agir transparente, não contraditório, etc. 
 Bons costumes: é um conceito indeterminado que varia conforme o local. 
Responsabilidade objetiva e subjetiva: a responsabilidade civil por abuso de direito é entendida majoritariamente como uma modalidade objetiva, não implicando em análise de culpa. 
Crítica: na visão do professor, o abuso deveria ser uma responsabilidade subjetiva com análise de culpa, não verificando como seria possível dissociar a conduta abusiva da comprovação de imprudência, imperícia ou negligencia. 
Exemplos 
 Praticas abusivas na relação de consumo (art. 39, CDC): são direitos do fornecedor: 
A venda de seus produtos, vedada a venda casada. 
Promover ofertas e publicidade, vedado as enganosas, e negar a venda ofertada tendo em estoque.
Fornecer amostras grátis, vedada a cobrar por elas. 
 Direito dotrabalho: são direitos do patrão: 
Propor e cobrar metas do empregado, o que encontra limite na incolumidade física, psíquica e moral do trabalhador. 
Parte da jurisprudência admite a revista de empregado, não configurando abuso de direito, desde que a forma que seja realizada não seja vexatória. 
Processual: é um direito de qualquer pessoa: 
Interpor recurso, vedado o meramente protelatório. 
Ajuizar ação, vedado o proposito temerário ou faltar com a verdade no processo. 
 Elementos da responsabilidade extracontratual subjetiva 
Ato ilícito é composto por 
 Conduta humana
 Culpa 
 Dano 
 Nexo causal 
Conduta humana: “ação ou omissão voluntária”. 
Noções: 
“voluntária”: não se trata de configuração do dolo. Refere-se ao discernimento do ofensor, a capacidade e imputabilidade. 
Classificação: 
“ação”: corresponde à responsabilidade direta, considerada “por ato próprio”. É tratada em forma de teoria geral pelo Código Civil, em razão da impossibilidade de prever absolutamente todas as condutas que são humanamente possíveis. Ainda assim, existe legislação a respeito de algumas condutas (lesão, homicídio, etc.). 
“omissão”: também voluntária, corresponde à responsabilidade indireta, considerada “por ato de terceiro ou por fato da coisa/animal”. Caracteriza-se por um dever objetivo de cuidado. 
Conduta e ilicitude: majoritariamente, a ilicitude deve ser inerente à conduta humana que ocasiona o dano. 
Minoritariamente, sustenta-se uma responsabilidade civil sem o elemento ilícito. Cita-se como exemplos: 
Art. 1.313, §3º, CC. Direito de adentrar na propriedade vizinha para efetivar reparos em seu próprio imóvel. Se o vizinho que adentra na propriedade vizinha causa danos a ela, tem o dever de reparar. Sustentando-se que não haveria ilícito nesse caso. 
Ocorre que a causação do dano corresponde à uma violação de direito. Logo, trata-se de ato ilícito. 
Art. 1.285, CC: servidão de passagem e correspondente indenização. Sustenta-se que existe aqui um dever de reparação sem um ilícito. 
Ocorre que, se houver acordo quanto à indenização, trata-se de um contrato. 
Por outro lado, se houve o arbitramento judicial da indenização, houve uma violação à lei. Logo, nesse caso, trata-se de ato ilícito. 
Responsabilidade direta e responsabilidade indireta 
26 de maio de 2017. 
Aulas dispensadas OAB 
02 de junho de 2017. 
Elementos da responsabilidade civil subjetiva 
Conduta humana: ação ou omissão voluntaria (intencionalidade). 
Por ato próprio: o CC prevê algumas condutas passiveis de responsabilização, contudo o rol não é exaustivo pela pura impossibilidade de tratar todas as situações. Ademais, não incide o principio da tipicidade na responsabilidade civil. 
Por ato de terceiro: uma pessoa responde pelos atos praticados por outra pessoa (art. 932, CC). 
Ex.: pais e filhos, curador e curatelado, tutor e tutelado, empregador e empregado, donos de hotéis e escolas em relação aos hospedes e estudantes. 
Responsabilidade pelo fato da coisa ou do animal: é a responsabilidade in custodiendo. Decorre do dever de cuidado/cautela quanto à guarda sob a coisa ou o animal. 
Culpa 
Considerações: a culpa é um elemento próprio ou específico da responsabilidade subjetiva, assim como o risco é um elemento especifico da responsabilidade objetiva. 
Envolve discussão sob o comportamento humano, é a sua valoração. 
Conceito: “a culpa deriva da inobservância de um dever de conduta, previamente imposto pela ordem jurídica em atenção a paz social; se esta violação é proposital, atuou o agente com dolo, se decorreu de negligencia, imprudência ou imperícia, a sua atuação é culposa”. 
Em suma, a culpa é a inobservância de um dever jurídico de cuidado. 
Culpa “lato senso” (art. 186): refere-se a formas de manifestação da culpa. Não se coloca como uma técnica de constatar a responsabilidade civil, mas talvez a fixação da indenização. 
Dolo: violação intencional + vontade do resultado. 
Culpa em sentido estrito: corresponde à mera violação do dever jurídico, isto é, sem a vontade do resultado. 
Elementos da culpa: “ao viver em sociedade, todos tem um dever preexistente. Ao realizar uma conduta conscientemente, ainda que não pretendam o resultado, todos devem medir suas consequências”. 
Dever de cuidado e cautela que todos devem ter. Não é um critério subjetivo, mas sim objetivo, àquele comum, mediano. 
Formas de manifestação: 
Imprudência: é uma conduta comissiva, em que se age precipitadamente, imprudentemente. 
Ex.: transitar acima do limite de velocidade, furar o sinal vermelho, etc. 
Negligencia: falta de dever de cautela por omissão. 
Ex.: não fazer manutenções periódicas em veículo automotor. 
Imperícia: é a falha técnica ou de habilidade. É melhor vinculada à profissional. 
Espécies de culpa 
Quanto a origem: decorre das modalidades de responsabilidade. 
Contratual: violação de negócio. 
Extracontratual: falta de dever de cuidado e cautela, por negligencia, imprudência ou imperícia. 
Quanto ao grau: 
Grave: é a que se equipara ao dolo. É a violação intencional e a vontade de obter o resultado. 
Leve (art. 944, p. único, CC): 
Princípio da reparação integral: a indenização mede-se pela extensão do dano. 
Excessiva desproporção entre culpa e dano: o Juiz pode reduzir a indenização. 
Majoritariamente, a doutrina entende que o parágrafo único aplica-se a culpa concorrente. A culpa do ofensor pode ser amenizada pela concorrência de um terceiro à causação do dano. 
Levíssima: é aquela que desvia do padrão de previsibilidade. É impossível, por critérios objetivos medianos, à qualquer pessoa em prever tal resultado. 
A responsabilidade existe independentemente da gradação da culpa, mas o que poderá ser modulado é o valor da indenização. 
A hipótese do parágrafo único do art. 944 é melhor aplicável a fixação do dano moral, uma vez que o dano material não pode ficar sem reparação. 
Quanto ao critério de aferição: é ligada ao grau de culpa. 
In concreto: é um critério que toma como parâmetro as circunstancias do caso concreto. 
In abstrato: adota como parâmetro a conduta exigível de um pessoa mediana. 
Quanto a presunção de culpa: 
In vigilando: aplica-se a pessoa que tem dever de cuidado e vigilância em relação a pessoa. 
In eligendo: decorre da má escolha da pessoa do subordinado. Este causando danos, seu “superior” é responsabilizado. 
Doutrinariamente, não se admite a responsabilidade do proprietário ao emprestar seu veículo a um amigo. Contudo, jurisprudencialmente, aplica-se a responsabilidade solidária de ambos. 
In custodiendo: aplica-se a pessoa que tem em seu poder a coisa ou animal. 
Trata-se de uma sistemática do Código de 1916, o qual não previa a responsabilidade por ato de terceiro de forma objetiva e taxativa. Era necessário, à época, comprovar a culpa do responsável na concorrência do dano. 
Culpa presumida e inversão do ônus da prova: 
A culpa presumida pode decorrer de lei ou decisão judicial. 
Legal: A inversão do ônus da prova é a consequência lógica natural da culpa presumida. Quem deve comprovar que não agiu com culpa é o infrator. 
Judicial: decorre da tese de objetivação da responsabilidade civil. É uma forma de ameniza-la. 
A presunção é iuris tantum, relativa. 
09 de junho e 2017. 
Responsabilidade civil objetiva 
Recapitulação: 
Para caracterizar a responsabilidade civil pouco importa o grau de culpa. Isso somente terá efeitos, eventualmente, para fixar o quantum indenizatório. 
Dano e prejuízo: não há responsabilidade civil sem dano. É um elemento imprescindível. 
Requisitos para caracterização do dano: 
 Certeza: o dano deve ser certo, efetivo. Não há responsabilidade se for um dano abstrato ou hipotético. 
Em certos casos, a mensuração econômica da reparação é difícil. No entanto, corresponde à uma fase posterior à constatação do dano. 
Ex.: perda de uma chance. Dano moral. 
Permanência: o dano deve ser presente ao momento em que se ajuíza a ação de reparação. 
Ex.: alguém que sofre um acidente de trânsito, e é indenizadopor sua seguradora, não tem direito de pleitear a indenização em Juízo. 
Importante destacar que a limitação se aplica aos danos materiais. Eventuais danos morais, estéticos, lucros cessantes podem ser pleiteados. 
Benefício previdenciário e alimentos indenizativos: é perfeitamente admitida pela jurisprudência, pois tratam-se de valores de naturezas diferentes. 
O beneficio decorre da relação de segurado com o INSS, e os alimentos originam-se do ato ilícito. 
Principio da reparação integral: a responsabilidade civil é uma sanção pecuniária. Trata-se de uma forma de compensar a vítima. 
Art. 944. O que admite variação em relação ao valor indenizatório é o dano moral. Por outro lado, em relação ao dano material, a reparação deverá ser integral, exatamente no valor do prejuízo causado. 
Espécies de danos: 
 Dano material, que se subdivide em: 
Dano emergente
Lucro cessante
Alimentos indenizativos 
Dano moral 
A doutrina, por sua vez, identificou outros danos que admitem reparação, com fundamentos diferentes que aqueles tradicionais e previstos na lei (material e moral). 
Dano estético
Dano social ou coletivo: enseja uma tutela de direitos coletivos, homogêneos, etc. 
Dano existencial 
Perda de uma chance 
Dano material: envolve perda patrimonial. 
Dano emergente: é o efetivo prejuízo, aquilo que a vítima perdeu. Implica em redução patrimonial. Necessariamente, deve estar devidamente comprovado por documentos, tais como recibos, orçamentos, notas fiscais, etc. 
Reparação de veículo: se, no momento da ação de reparação, o veículo já foi consertado, basta a juntada do comprovante de pagamento. Se ainda não houve o conserto, exige-se a juntada de três orçamentos diferentes. 
Lucros cessantes: a vítima deve comprovar que efetivamente tinha um ganho, e que foi privada dele em razão do ato ilícito. 
Não se trata de expectativa de ganho, mas ganho comprovado documentalmente. 
Por exemplo, a declaração de imposto de renda é suficiente para comprovar os rendimentos de um individuo. 
Contudo, existem exceções. Admite-se, por exemplo, fixação de pensão alimentícia a uma vítima que estava desempregada à época do acidente, sob o fundamento de que impossibilita-a de ocupar uma atividade. 
Pensão alimentícia ou alimentos indenizativos: em regra, também é calculada sob a remuneração usual da vítima. É devida em caso de morte ou lesão física permanente. 
Podem ser pagos de forma mensal, ou em parcela única considerando o tempo de duração. 
Forma de cobrança: o art. 533 do CPC admite que a pensão seja fixada com base em: 
Salário mínimo 
Tempo máximo da fixação: varia conforme o tipo de dano causado, por construções jurisprudenciais: 
Lesão permanente: o critério é a expectativa de vida do IBGE, por força da parte final do art. 948, II. 
Nesse caso, admite-se pagamento em parcela única. 
Morte: 
Devida aos dependentes da vítima que faleceu: o critério é o mesmo, o da expectativa de vida. 
Devida ao filho menor da vítima que faleceu: devida aos pais ou responsáveis. A jurisprudência utiliza a idade em que, estatisticamente, um filho adquire independência financeira e sai de casa, ou seja, entre 21 e 25 anos. 
Devida aos pais pela morte de filho menor: fixa-se cerca de dez anos. O parâmetro é a idade entre 14 (idade em que é possível o trabalho) e 25 anos. 
Constituição de capital: o capital deve ser suficiente para que seus rendimentos paguem a pensão. 
Inclusão em folha de pagamento: a constituição de capital pode ser substituída pela inclusão da vítima em folha de pagamento, desde que a empresa seja idônea e tenha capacidade patrimonial para tanto. 
Revisão de pensão: a fixação da pensão não é feita com base em necessidade e possibilidade, ao contrário do disposto na Lei de Alimentos. Há diversas situações. 
Não é admitida em caso de homicídio, a qualquer pretexto. 
É admitida caso a lesão se agrava ou se recupera parcialmente. 
Alteração na condição econômica do causador do infrator: tanto para aumentar como para reduzir, desde que a prestação seja fixada mensalmente. 
Não se considera, aqui, a alteração na situação econômica da vítima, que recebe a pensão. 
Prisão civil: não é admitida. O devedor de alimentos indenizativos não pode ser coagido a prisão civil. 
Situações de prefixação dos danos: entende-se pela desnecessidade de tais dispositivos, uma vez que já é previsto que todos os danos devem ser reparados integralmente. 
Homicídio (art. 948): enseja o pagamento das despesas com o tratamento da vítima, e com seu funeral, bem como a pensão alimentícia. 
“Sem excluir outras reparações”: é o princípio da reparação integral. Ou seja, se houver outras modalidades de dano, eles devem ser reparados. 
Lesão ou ofensa a saúde (art. 949 e 950) 
Furto e roubo (art. 952): restituição da coisa, principalmente. 
Ofensa a honra (art. 953) 
Ofensa a liberdade pessoal (art. 954) 
23 de junho de 2017. 
Dano moral ou extrapatrimonial 
Fundamento constitucional: art. 5º, X, CF. 
Antes da 1988, havia controvérsia quanto ao reconhecimento do dano moral, dada a dificuldade em sua quantificação e determinação. 
Conceito: “é o prejuízo ou lesão de direitos, cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro, como é o caso dos direitos da personalidade (vida, integridade física, psíquica, e moral)”. 
Ato ilícito ou abuso de direito: o fundamento jurídico e a causa é o mesmo que o dano material. 
A principal distinção é em relação ao efeito. Lesiona-se um direito que não tem conteúdo patrimonial, não suscetível a comercialização. 
Argumentos contrários: apesar de estar superada a celeuma doutrinária quanto à admissibilidade de danos morais, destacam-se alguns pontos que rejeitam a reparabilidade do dano moral, trazidos por Rodrigo Lisboa, para discussão. 
Falta de um efeito penoso durável: argumenta-se que a subjetividade é efêmera, passageira. Ocorre que algumas perdas que afetam o sujeito em sua subjetividade podem ter longa duração. 
Incerteza do direito violado: o objeto sob o qual recai o dano é algo abstrato. 
Dificuldade em descobrir o dano: sendo subjetivo, a quantificação do quantum indenizatório seria difícil. No entanto, toma-se como parâmetro a pessoa média. 
Indeterminação das pessoas lesadas: 
Impossibilidade de avaliação em dinheiro: por não possuir conteúdo patrimonial, trata-se de algo não-precisável por sua própria natureza. Ocorre que o fundamento do dano moral não é o ressarcimento, mas uma satisfação compensatória. 
Imoralidade em compensar a dor: talvez a redução da lesão subjetiva que se sofre, à pecúnia, possa ser tida por algumas pessoas como imoral. No entanto, é a única forma admitida em direito de se promover alguma espécie de compensação. 
Ilimitado poder do Juiz: ao passo que o dano material mede-se pela extensão do prejuízo, o dano moral, por ser não-precisável, faz-se por arbitramento, que recai em atribuição do Magistrado. 
Perspectivas 
Plano subjetivo ou psíquico: é a repercussão sofrida no íntimo da vítima, seu sentimento. Nesta perspectiva, é impossível a aferição da lesão subjetiva causada. 
Plano objetivo ou social: ocorre quando se afetam os direitos da personalidade, especialmente, honra, imagem e nome da pessoa. Nestas hipóteses, a lesão recai sobre elementos, ainda que personalíssimos, são exteriores ao individuo, pois somente têm importância na esfera social. 
Classificações 
Quanto à pessoa atingida: 
Direto: a vítima sofre diretamente a lesão a seu sentimento ou direito da personalidade. 
Indireto: a vítima é afetada “por intermédio de”. É o dano moral “reflexo” ou “por ricochete”. Corresponde ao sofrimento em razão de um fato. 
Ex.: o luto pelo falecimento de um familiar. 
Flávio Tartuce: entende que essa classificação é desnecessária porque suas modalidades se confundem. 
Quanto à prova do dano
Subjetivo: aquele que necessita de prova. Em regra, assim o será quando afetar o íntimo ou o sentimento da vítima. 
Ex.: acidente de trânsito em que não há lesão corporal. 
Nesta hipótese, o danomoral é, em regra, indeferido. Contudo, o fundamento das decisões não é a irreparabilidade do sentimento, mas a insuficiência de prova. 
Objetivo ou in re ipsa: dispensa-se a prova do dano, sendo este presumido. Está ligado à lesão a direito da personalidade. 
Ex.: lesão corporal decorrente de acidente de trânsito (direito ao corpo), protesto indevido (honra), etc. 
Reparabilidade do dano: envolve duas etapas. 
Determinabilidade do dano moral: se o fato constitui lesão à intimidade ou ao direito da personalidade, que seja suscetível de reparação. 
Quantificação do dano moral: verificar sua valoração, e os critérios de fixação da indenização cabível. 
Mero aborrecimento: 
Quebra de contrato: o mero descumprimento contratual não gera dano moral, pois constitui mero aborrecimento, situação em que qualquer pessoa pode sofrer no cotidiano. 
Por outro lado, o depósito antecipado de cheque pós-datado constitui dano moral, em face das consequências para a relação de crédito com o banco. 
Negativa de premio pela seguradora: a jurisprudência entende cabível. 
Negativa de tratamento pelo plano de saúde: também é cabível. 
Demora em fila de banco e travamento de porta giratória: a jurisprudência é oscilante, mas aplica-se o bom senso, conforme as circunstancias de cada caso. 
Cadastro indevido em cadastro negativo de restrição de crédito, de pessoa já inscrita: regrado pela súmula xxx do STJ. 
O fundamento é de que, havendo negativação anterior, o cadastro indevido é incapaz de gerar dano moral, porque o direito ao nome ou à imagem já estaria maculado. 
Por outro lado, o comerciante que promove o protesto indevido resta impune. Discute-se ainda quanto à natureza do dano moral, se teria caráter punitivo. 
Consumo de alimento estragado: a jurisprudência condiciona a reparabilidade ao efetivo prejuízo à saúde. 
Critérios de quantificação
Gravidade da culpa: critica-se por adotar o dano moral como punição ou forma de sanção ao ofensor. 
Econômicos 
Condição econômica do infrator: é importante para aferir o valor que seria, ao mesmo tempo, suficiente e pagável. 
Condição econômica da vítima: justifica-se no não enriquecimento ilícito. 
Sociais
Gravidade do dano 
Condição social da vítima 
Gustavo Tepedino: entende que os critérios de quantificação deveriam se restringir aos sociais, ou seja, somente a repercussão do dano na sociedade. 
Dano moral a pessoa jurídica 
Sumula 227, STJ. 
O fundamento do dano moral, nesse caso, não pode ser o íntimo ou o subjetivo, porque a pessoa jurídica não o possui. Contudo, são titulares de direitos da personalidade, dos quais destacam-se o direito ao nome e a imagem. 
Art. 52, CC. Aplica-se à pessoa jurídica, no que couber, os direitos da personalidade. 
Dano institucional: alternativa proposta ao dano moral, especificamente para a instituição. Seria uma espécie de dano moral subjetivo, que deve, necessariamente ser comprovado. 
30 de junho de 2017. 
Greve geral 
07 de julho de 2017. 
Outros tipos de danos (continuação)
Ao passo que o Código Civil prevê expressamente apenas danos morais e materiais, a doutrina e jurisprudência entendem pela existência de outros. 
Dano estético: configuraria uma espécie de dano moral. Contudo, parte da doutrina entende que o dano estético seria justamente uma subdivisão do dano moral. 
O dano estético, apesar de decorrer de uma condição física, tem como consequência justamente uma lesão ao íntimo da vítima. Ou seja, é o mesmo bem jurídico tutelado pelo dano moral. 
Em termos práticos, o dano moral é abstrato. O dano estético possui manifestação material, numa lesão, numa alteração do corpo. Admite-se na jurisprudência a cumulação dos dois pedidos. 
Perda de uma chance: ocorre pela frustração de uma expectativa. 
Diferencia-se do lucro cessante, porque neste exige-se o ganho efetivo futuro. Na perda de uma chance, ocorre a frustração de uma mera expectativa. 
Requisitos: 
Para determina-lo: 
Chance, objetiva, séria, real, que supere uma mera esperança. 
Dano efetivo, por sua frustração. 
Para quantifica-lo: a indenização não pode ser fixada no máximo, mas sim uma parte dele. 
Ex.: um caso real ocorreu por uma participante no programa Show do Milhão. No caso, a participante chegou até a última pergunta e dela desistiu, levando 500 mil para casa. Depois de encerrado o programa, verificou que a pergunta desistida, na realidade, não havia resposta correta. Seria a perda de uma chance. 
No caso, reconheceu-se a perda de uma chance, condenando o SBT em primeira instancia, mantida no Tribunal, ao pagamento dos 500 mil restantes. 
No STJ, reformou-se a decisão para reduzir a indenização para 1/4 do valor (125 mil reais), pois não se concebe que a chance perdida deva ser indenizada integralmente. No caso, como haviam quatro alternativas à pergunta objetiva, a chance de acerto era de 1/4 ou 25%. 
Danos sociais e danos morais coletivos: ao contrário dos demais danos, que são individuais, este envolve direitos e interesses transindividuais. 
Os direitos transindividuais são previstos no CDC: direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos. 
Somente dão ensejo a dano social ou dano moral coletivo os direitos difusos e coletivos em sentido estrito. 
Isso ocorre porque os direitos individuais homogêneos são justamente isso. Individuais. No entanto, sua violação decorre de uma causa comum, de modo que podem ser resolvidos e indenizados coletivamente. 
Direito difuso: sua violação enseja indenização por danos materiais ou morais, cujos valores são revertidos para um fundo que tutela o bem jurídico violado. 
Titular: coletividade indeterminado. 
Bem jurídico: indivisível. 
Relação jurídica entre os titulares: não há. Os titulares são ligados por circunstancias de fato. 
Ex.: o meio ambiente e o acidente de Mariana. 
Direito coletivo em sentido estrito: 
Titular: coletividade determinada.
Bem jurídico: indivisível. 
Relação jurídica: existente, entre a coletividade determinada e o ofensor. 
Ex.: grupo de pais de alunos, que reclamam contra o aumento abusivo das mensalidades de uma escola particular. 
Dano existencial: bastante discutido no ramo do Direito do Trabalho. 
Não existe diferença conceitual com o dano moral. Contudo, define-se assim: decorre de uma frustração do projeto de vida do trabalhador, ou de limitação de suas relações pessoais. 
Ex.: alguém que dedica toda sua vida trabalhando para uma empresa, e pouco antes de ser aposentado, é demitido. Ou seja, foi frustrado seu projeto de vida. 
Ex.: alguém que é submetido a intensivo labor, e em razão disso tem suas relações pessoais e familiares limitadas. 
Dano pela perda de tempo útil: trazido à sala por um dos alunos, um exemplo seria a perda de tempo útil para resolver problemas em contratos de consumo. Tempo gasto no teleatendimento, tempo gasto no PROCON, etc. 
Nexo causal
Noções: 
De um mesmo fato podem surgir diversos danos, e um dano pode decorrer de diversas causas. Logo, quando se estuda o nexo causal, objetiva-se determinar a efetiva causa de um dano. 
Trata-se de um elemento “virtual”, porque é o mais abstrato dos elementos da responsabilidade civil. Os demais elementos, em regra, possuem existência material, enquanto que o nexo causal não. Isso importa para o momento da dilação probatória. 
Conceito: “é a relação de causa e efeito entre a conduta culposa do agente e o dano suportado ou o risco causado”. 
A prova do nexo causal é feita pela atribuição, a um fato, da condição de causa em relação a um dano. 
Nexo de imputação: é diverso do nexo de causalidade. Na imputação, fala-se de agente, de pessoa, de quem cometeu a ação que culminou no dano. 
A identificação do nexo causal dificulta-se conforme o número de eventos que concorrem para a produção do resultado dano. 
Nexo de causalidade 
Nexo de imputação
Teorias sobre o nexo causal: primeiramente, destaca-se que todo e qualquer fato ou evento que antecede o dano, é denominado “condição”. Contudo, somente a condição que efetivamentecontribuiu para a ocorrência do dano terá status de “causa”.
Teoria da equivalência das condições: equipara todas as condições como causa. Seguramente, não é a teoria adotada pelo Direito Civil. 
Teoria da causalidade adequada: estabelece que será causa do dano aquela condição que efetivamente contribuiu a sua ocorrência. 
Encontra fundamento no art. 403, CC. 
Teoria da causalidade imediata: aduz que a condição mais próxima do dano necessariamente será a causa dele. 
Reconhece-se, contudo, que a condição remota seja também uma causa, desde que não exista nesse interim novo fato que constitua novo nexo causal. 
Encontra fundamento nos arts. 944 e 945, CC. 
No Direito Civil, não é nítida qual teoria é adotada. Algumas modalidades de responsabilidade civil sequer exigem o nexo de causalidade. 
14 de julho de 2017. 
Causas excludentes de responsabilidade
Definição: são fatos que excluem o dever de indenizar. Podem ser arguidas na defesa de quem seja demandado pela prática do dano. 
São fatos que afetam o nexo de causalidade, ou que, por sua relevância, retiram a responsabilidade de indenização. 
Caso fortuito e força maior em sentido amplo: deve-se a inevitabilidade do fato que causa a ocorrência do dano. 
Elementos: inevitabilidade. 
Irresistibilidade do fato
Imprevisibilidade 
Externidade: em relação à esfera de atuação do agente. 
Causas excludentes da ilicitude: excluem a antijuridicidade da conduta. São atos tolerados, que justificam ou legitimam a prática ou ocorrência de um dano. Tecnicamente, nem sempre afastam o dever de indenizar. 
Estado de necessidade (art. 188, II, CC): “é a situação de agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as circunstancias não admitirem outra forma de atuação”. 
Vale dizer, haverá, em regra, conflito entre bens jurídicos. 
“Agressão a direito alheio”
“Valor jurídico igual ou inferior”: deve-se observar uma proporcionalidade na violação do bem jurídico para salvaguardar o outro. 
Defensivo ou agressivo: conforme agride-se o bem jurídico da própria pessoa que deu causa a situação de perigo, ou de terceiro. 
O estado de necessidade não afasta o dever de indenizar o dano que causou (art. 929 e 930). 
Ex.: quem arromba uma casa para socorrer alguém que esteja lá trancada, deverá indenizar o arrombamento. 
Legitima defesa: “é a situação atual ou iminente de injusta agressão, dirigida a si ou a terceiro, que não é obrigado a suportar”. 
Ex.: defesa da posse (art. 1210, CC). 
Somente exime-se do dever de indenizar no caso do dano, praticado em legitima defesa, somente se for sofrido pelo agressor injusto, desde que não haja abuso ou desproporcionalidade. 
Quando o dano repercutir em terceiro, por outro lado, não haverá a isenção de responsabilidade. 
Legitima defesa putativa: existe responsabilidade civil, sendo devida a indenização. 
Exercício regular de direito: “é a situação de quem não pode estar atuando contra o próprio direito”. 
Há tênue diferença entre exercício regular e abuso de direito. 
Primeiramente, é necessário definir o que configuraria um abuso, o que encontra dificuldade no plano abstrato. É necessário analisar cada caso concreto. 
Ex.: o protesto e inscrição em cadastro de inadimplentes é exercício regular de direito, desde que a dívida exista e seja exigível. Caso contrário, configura-se abuso. 
A discussão é comum no Direito do Trabalho, quanto ao poder de fiscalização do empregador. Por exemplo, a fiscalização do e-mail corporativo utilizado pelo empregado não viola a intimidade ou sigilo de correspondência. 
Causas excludentes de responsabilidade: excluem a responsabilidade de indenizar. O fundamento lógico destas excludentes é a teoria da causalidade adequada. Rompe-se o nexo de causalidade por identificar como causa, uma condição que não tenha relação com o suposto autor do dano. 
Culpa exclusiva da vítima: ocorre quando o fato da vítima é mais determinante para ocorrência do dano, constatando que o fato praticado por aquela pessoa a quem se imputa o dano não teve qualquer contribuição. 
Causa concorrente: ocorre quando o fato da vítima contribui para o dano, mas não exclui o nexo de causalidade do autor do dano. Nesse caso, a indenização será fixada de forma proporcional. 
Exemplos: 
Pedestre que se lança na frente do carro e é atropelado. 
Passageiro de ônibus que expõe parte de seu corpo para fora do veículo e sofre um acidente. 
Ciclista que “pega carona” em caminhão e sofre um acidente. 
Fato de terceiro: quando um fato, praticado por terceiro, se constitui em causa determinante e exclusiva para a ocorrência do dano. 
Concausa: é hipótese equivalente a causa concorrente (item anterior), mas nesse caso, a concorrência não é entre o agente e a vítima, mas sim entre o agente e o terceiro. 
Exemplos: 
Engavetamento de veículos. O veículo A se choca na traseira de um veículo B no semáforo, que arremessa-o (veiculo B) à frente e choca-se com o seguinte (veiculo C) e assim por diante. O motorista do veiculo B, se demandado pelo do veiculo C, pode alegar fato de terceiro, sendo este o motorista do veiculo A. Nesse caso, a indenização será devida pelo motorista do veículo A, a todos os demais envolvidos no engavetamento. 
Um ônibus com passageiros sofre um acidente, causado por um motorista embriagado (terceiro). Nesse caso, o contrato de transporte possui responsabilidade objetiva, de modo que o fato de terceiro não é admitido na jurisprudência. 
Assalto contra clientes, dentro de um estabelecimento bancário. Não há fato de terceiro, porque o banco é responsável pela segurança interna de sua sede. 
Caso fortuito e caso de força maior (em sentido estrito): 
É mais comum na responsabilidade contratual. 
A doutrina não distingue consequências jurídicas especificas para caso fortuito e força maior. Ambos são considerados inevitáveis e imprevisíveis e, por isso, ambos excluem a responsabilidade. No entanto, associa-se o caso fortuito a fato da natureza, e a força maior à conduta humana. 
Mais uma vez, é necessário analisar cada caso concreto. 
Por exemplo, árvore que cai sobre um veículo durante uma tempestade. A principio, é caso fortuito. Contudo, se houver prova de que o Município havia sido notificado diversas vezes para corta-la, por estar condenada, haverá dever de indenizar. 
21 de julho de 2017. 
Responsabilidade objetiva 
Também conhecida como responsabilidade sem culpa. 
Conceito: “é a obrigação de reparar danos, independentemente de qualquer ideia de dolo ou culpa, pois ela nasce da prática de atos meramente antijurídicos, geralmente relacionados com atividades desenvolvidas pelo autor do dano”. 
Prescinde-se da culpa, por pressupor que o autor do dano exerce uma atividade econômica. 
Fundamentos legais 
Atividade de risco (art. 927, §5º) 
Responsabilidade por fato do produto (art. 931) 
Situações específicas: 
Por ato de terceiro: é diferente do fato de terceiro (excludente de responsabilidade). 
Responsabilidade dos pais ou responsáveis por atos dos filhos menores 
Responsabilidade pelo fato do animal ou coisa
Responsabilidade do transportador 
Depositário
Legislações especificas 
CDC: a regra é a responsabilidade objetiva. 
CLT: acidente de trabalho
CF: Responsabilidade objetiva do Estado
Nexo de imputação 
Apesar de inexistir análise de conduta culposa, na responsabilidade objetiva imputa-se o dano aquele que causa o risco. 
Atividade de risco
Clausula geral “risco”: ao passo que na responsabilidade subjetiva há a dificuldade em definir “culpa”, na responsabilidade objetiva existe a dificuldade de definir o “risco”. 
Considera-se risco uma alta periculosidade ou potencialidade de dano à um bem jurídico. 
Modalidades de riscos da atividade, exemplificadamente: 
Risco-proveito: relaciona-se a economicidade da atividade desenvolvida, de modo que a pessoa que a explora deve arcar com os riscos dela decorrentes. Esta é a modalidade aplicável nas relações de consumo.Risco administrativo: que o ente publico assume em relação ao privado. 
Risco excepcional: relaciona-se ao risco extremamente alto que incide sobre o próprio objeto ou meio da atividade desenvolvida. Exemplo: dano nuclear ou ambiental. 
Tipos de responsabilidade objetiva
Comum: relacionada a alguma conduta, ação ou omissão que gera um risco. Aplica-se ao risco administrativo e risco proveito. 
Agravada: não há possibilidade de excludente de responsabilidade. Aplica-se ao risco excepcional. 
Responsabilidade pelo fato do produto (art. 931, CC): não pode ser aplicada a relações entre particulares. Também pressupõe uma atividade profissional. 
Responsabilidade de consumo
Teoria da qualidade x teoria dos vícios: o CDC adota a primeira, e o CC a segunda. 
	
	Teoria da qualidade
	Teoria dos vícios
	Vício
	Qualquer tipo de imperfeição enseja responsabilização 
	Apenas a imperfeição oculta 
	Solidariedade
	De todos os fornecedores
	Não há, a responsabilidade é individual conforme a culpa do agente. 
	Contratação de cláusula excludente de responsabilidade
	Não cabe. Constitui cláusula abusiva, nula de pleno direito. 
	Admite cláusula excludente de responsabilidade. 
	Ações
	Troca do produto 
Desfazimento ou redibição 
Abatimento do preço
	Apenas desfazimento ou abatimento
	Prazo decadencial
	30 ou 90 dias, a depender da durabilidade do bem, contado a partir do conhecimento do vício. 
	Contado a partir da celebração do negocio. 
Tipos de responsabilidade de consumo
Responsabilidade objetiva: vicio, defeito ou fato. 
Responsabilidade subjetiva: aplicável a profissionais liberais, apesar de reconhecidos como integrantes da relação de consumo. 
Responsabilidade pelo vicio do produto ou serviço
Conceito:
“prejuízo interno”: qualquer impropriedade do bem. 
“prejuízo externo”: é o “defeito”, no sentido técnico adotado pelo CDC. Ou seja, o vício que causa um acidente de consumo. 
Tipos de vicio 
Aparente e oculto: não necessariamente relacionado com a visibilidade. Refere-se a facilidade de constatação. 
Considera-se a complexidade do vicio, e também condições subjetivas do consumidor, tais como seu grau de instrução, conhecimento ou experiência. 
Esta classificação é determinante em relação ao termo inicial do prazo de reclamação. 
Qualidade e quantidade: é a imperfeição, impropriedade, inadequação ou informação errônea do produto ou serviço. 
Regras da responsabilização: não tem natureza pecuniária, e depende do tipo de vício. 
Qualidade: troca, desfazimento ou abatimento. 
Serviço (art. 20, CDC): reexecução, devolução do dinheiro ou abatimento proporcional. 
Quantidade (art. 19): abatimento, complementação, troca, restituição da quantia paga. 
28 de julho de 2017. 
Responsabilidade pelo fato do produto 
Recapitulação: 
A responsabilidade do art. 931 necessariamente decorre da atividade empresarial. 
Responsabilidade de consumo (art. 12 e seguintes). 
Fundamento da responsabilidade: é a teoria da qualidade, a qual trabalha uma noção de vicio muito mais ampla do que aquela adotada no Código Civil (teoria do vicio). 
Tipos de responsabilidade
Responsabilidade objetiva: independe de análise de conduta ou comportamento do causador do dano, no caso do CDC, dos fornecedores. 
Vicio do produto ou serviço 
Defeito do produto ou serviço 
Responsabilidade subjetiva: é a hipótese do profissional liberal, ressalvada expressamente pelo CDC. 
Responsabilidade pelo vicio 
Tipos de vícios
Oculto e aparente: não se refere a sua visibilidade, mas sim a facilidade em sua constatação. Considera a complexidade do vício e o conhecimento do consumidor. 
Esta distinção tem importância para fixar o termo inicial do prazo de reclamação. 
Ao vício aparente, o prazo tem inicio imediato. Ao vício oculto, o prazo tem inicio a partir do momento em que torna-se aparente. 
Prazo de reclamação: trata-se de um prazo decadencial. 
Produto não durável: prazo de 30 dias. 
Produto durável: prazo de 90 dias. 
Ultrapassado esse prazo, não perde o direito de obter a responsabilização do fornecedor em juízo, que é de cinco anos. 
Qualidade e quantidade: 
Qualidade (art. 18): produtos impróprios, ou seja, inservíveis para a finalidade a que se destinam. 
Quantidade: disparidade quantitativa entre a informação na embalagem e o produto efetivo. 
Responsabilidade solidária: todos os fornecedores que compõe a cadeia produtiva respondem pelo vício. 
Responsabilidade: varia conforme o tipo de vicio que se constata. 
Vicio do produto (art. 18, §1º): troca do produto, desfazimento do negócio ou abatimento do preço. 
Vício do serviço (art. 20): reexecução dos serviços, restituição da quantia paga ou abatimento do preço. 
Vicio de quantidade (at. 19): abatimento do preço, complementação do preço ou medida, ou restituição da quantia paga. 
Responsabilidade pelo fato (defeito)
Noção de defeito (acidente): é o vicio que causa um acidente de consumo. Os danos sofridos pelo consumidor não se limitam ao vício do produto ou serviço que adquiriu, mas também os causados à sua personalidade, ocasionados pelo acidente daqueles decorrente. 
Definição dos riscos do produto: no momento de colocação do produto no serviço. 
Tipos de riscos: 
Inerente: todo produto em si tem um risco ou perigo, aquele normal e previsível. Se o acidente decorre de um perigo normal e previsível, não há responsabilidade do fornecedor. 
Adquirido: 
Exagerado: é um risco, também, normal e previsível do produto, mas o produto em si tem alta periculosidade. Existe um potencial de dano. A falha na informação pode torna-lo defeituoso. 
Ex.: medicamentos, produtos de limpeza e higiene. 
Ausência de segurança (art. 12) 
Responsabilidade individual: somente o fabricante ou produtor terá a obrigação de indenizar os danos decorrentes do acidente. 
Apesar do fato do produto (acidente) ser mais grave que o mero vício, neste (fato), a responsabilidade não é solidária, mas individual. Apesar desta aparente situação desfavorável ao consumidor, a lógica é a seguinte: 
No vício, a responsabilidade implica troca do produto, restituição do valor ou abatimento do preço. Neste caso, qualquer um da cadeia de fornecimento pode assumi-la. 
No fato, somente responde o causador do dano, isto é, o fabricante, uma vez que a obrigação é de reparação de danos. 
Responsabilidade subsidiaria do comerciante (art. 13): nas hipóteses em que o produtor ou fabricante não pode ser responsabilizado. 
Excludentes de responsabilidade (art. 12, §3º): 
Não ter colocado o produto no mercado: tecnicamente, isso implica inexistência de conduta, de modo que é afastado outro elemento constitutivo da responsabilidade. 
Inexistência do defeito: no mesmo sentido, afastaria a conduta. 
Culpa exclusiva do consumidor e fato de terceiro 
Caso fortuito e força maior: não expresso no CDC, mas é aplicável. 
Teoria do fortuito interno ou externo à atividade do fornecedor. Se o fato fortuito é externo, admite-se a exclusão da responsabilidade, caso contrário, não. 
Responsabilidade do profissional liberal
Natureza (art. 14, §4º): somente responderá mediante análise da culpa de sua conduta. 
Caracterização do profissional liberal: é aquele que exerce uma atividade forma livre, autônoma, e sem subordinação. 
Pessoa física ou jurídica: é mais comum associar profissional liberal a pessoas físicas, mas o critério é a não configuração da atividade empresarial. 
Formação universitária e cientifica
Caráter personalíssimo: sua contratação decorre de uma relação de confiança com o cliente. 
Obrigação de meio, e não de resultado: remunera-se a prestação do serviço, independentemente do resultado obtido. 
É cabível, no entanto, a aplicação de regras do CDC para o profissional liberal, tal como a inversão do ônus da prova. 
25 de agosto de 2017. 
Avaliação do 1º bimestre
01 de setembro de 2017. 
Avaliação do 2º bimestre 
15 de setembro de 2017. 
Xxxx 
22 de setembro de 2017. 
Aula devolutiva da avaliação do 2º Bimestre 
Egídio Serafim,maior e capaz, foi autor de danos a uma porta de vidros de um clube de recreação, em ato de vandalismo. Dois seguranças do clube, após intenso conflito físico, conseguiram imobiliza-lo com um golpe na cabeça, causando-lhe gravíssimas lesões. Dias depois do ocorrido, Egídio Serafim veio a falecer. A vítima residia com sua tia, Maria Madalena, a qual era a única pessoa com quem possuía vinculo de parentesco. Nestes termos, questiona-se. 
A tia Maria Madalena pode ser responsabilizada? pela reparação dos danos causados por Egídio ao clube de recreação? justifique. 
É possível a responsabilização da tia, sendo a única herdeira, na forma do art. 943 do Código Civil. A responsabilidade civil transmite-se pela sucessão, observado o limite das forças da herança. 
O clube de recreação é responsável civilmente pela morte de Egídio? sua responsabilidade é objetiva ou subjetiva? justifique. 
Ainda que presentes os elementos da responsabilidade civil, por vezes não é necessária sua estrita observância. Embora esteja caracterizado um ato de imprudente, negligente dos seguranças, isso não será analisado caso se trate de responsabilidade objetiva, a qual é definida em Lei. 
O clube, na qualidade de empregador, responde pelos atos de seus empregados ou prepostos, de forma objetiva (art. 932, III). 
A tia Maria Madalena tem legitimidade e interesse para pleitear danos morais pelo falecimento de Egídio Serafim? justifique. 
Assiste à Maria Madalena legitimidade para pleitear danos morais pelo ato ilícito do enunciado, se preenchidos os requisitos do art. 186. 
Carlos Beltrame é morador do condomínio de apartamentos denominado Edificio Barra Bonita. Carlos não paga as taxas condominiais há quatro meses. Pedro Donizete, sindico, já realizou diversas ligações e notificações extrajudiciais com intuito de receber a vítima, as quais restaram infrutíferas. Por exercício regular de um direito, resolveu afixar o nome de Carlos Beltrame em edital do prédio, visível a todos os moradores. Nesses termos, questiona-se.
Pedro Donizete agiu corretamente, amparado em excludente de responsabilidade? justifique. 
A conduta narrada ultrapassa os limites do razoável, por haverem, na situação narrada, outras formas de cobrança, a exemplo da judicial. 
O “intuito de constranger” evidencia ainda um abuso de direito, na forma do art. 187. 
Pedro Donizete incide em responsabilidade objetiva ou subjetiva? justifique. 
Abuso de direito? pela doutrina, configura responsabilidade objetiva. Basta o fato de ultrapassar-se os limites de razoabilidade, configura-se o dano. 
Para desviar de uma criança que atravessava inopinadamente a rua, no semáforo vermelho, e fora da faixa de pedestres, Fernando de Deus, que trafegava prudentemente por uma rua de Maringá, é obrigado a lançar seu veiculo em cima da papelaria de Pedro Souza, quebrando toda a vitrine e causando-lhe um prejuízo de R$ 4.000,00, além de avarias em seu próprio veiculo. A criança não foi atingida e evadiu-se do local depois do acidente, não sendo mais encontrada. Nesse caso, questiona-se? a lei concede a Pedro Souza o direito de receber indenização? 
Do enunciado, verifica-se uma causa de excludente de responsabilidade (art. 188, II). Por outro lado, procedeu a uma conduta culposa que causou danos a outrem. 
Assim, há duas relações? uma entre o motorista causador do dano e a loja, e outra entre a loja e a criança, em relação ao perigo. A conduta do motorista deixa de ser ilícita por estar presente o estado de necessidade. Entretanto, apesar de inexistir ato ilícito, há obrigação de indenizar, pois o causador do perigo não pode ser localizado (art. 930, CC). 
Ou seja, é excluída a ilicitude de sua conduta, mas não o seu dever de indenizar. 
Gastão Vidigal comprou um carro da marca Boeral (fabricante), junto a concessionaria Agrale Veículos (comerciante). Ao sair da concessionaria, Gastão recebeu que o sistema de som não funcionava. Tendo em vista que problema detectado não afetava diretamente o uso do veiculo, Gastão deixou para formular a reclamação apenas por ocasião da primeira revisão do veículo, o que foi feito 220 dias depois da aquisição do veiculo. Ao reclamar acerca da falha do sistema de som, a concessionaria negou a reparação, sob a alegação de que a garantia do equipamento era de apenas 90 dias, nos termos da lei, não havendo qualquer garantia contratual. Nesses termos, responda? 
Que tipo de vicio aflige o produto? justifique. 
Trata-se de um vicio aparente, pois de fácil identificação ao consumidor (art. 26, caput, CDC). 
Quem é (são) o(s) responsável(is) pelo vício do produto? justifique 
Em regra, tratando-se de vício de produto, há responsabilidade solidária entre a fabricante e a concessionária (art. 18, CDC). 
Levando-se em consideração a época da reclamação do vicio, o responsável ainda tem a obrigação de reparar o problema? justifique 
Sendo vicio aparente, e produto durável, o prazo de reclamação legal é de 90 dias a contar do negocio realizado, visto que aparente (art. 26, II, CDC). 
Entretanto, isto não significa a impossibilidade de ajuizar pretensão de reparação pelo vício, por se tratar de um bem durável. 
Julia Toflet adquiriu uma bandeja de iogurtes de morango da arca Bavone Ltda (fabricante), junto ao Supermercado Seja Feliz (comerciante). Ao chegar em sua residência, Julia verificou que o produto estava com mal cheiro e cor alterada, aparentando estar estragado, muito embora, estivesse dentro do prazo de validade. Julia não consumiu o produto. Ao apresentar reclamação junto ao Supermercado, este lhe informou que nada poderia fazer, uma vez que o produto estava dentro do prazo de validade, não há prova suficiente da inadequação do produto e a suposta deterioração, se existente, deve ser atribuída ao mal acondicionamento pela consumidora. Diante da ausência de solução para o caso, Julia pretende ajuizar ação de conhecimento para assegurar os seus direitos. Nestes termos, questiona-se? 
Quem devera figurar no polo passivo da ação, levando-se em consideração a responsabilidade referida no caso? justifique
Trata-se de um vicio decorrente de produto não-durável improprio para o consumo, de modo que aplica-se o art. 18 do CDC, o qual prescreve a reponsabilidade solidará de todos os fornecedores, tendo estes legitimidade passiva. 
Por outro lado, o vicio se refere ao acondicionamento do produto, e esta é de responsabilidade exclusiva do Supermercado, ou seja, do comerciante. 
Em sendo procedente a reclamação de Julia, indique os seus direitos? justifique 
Art. 18, §1º prescreve a substituição do produto por outro sem vícios, a restituição da quantia paga, ou o abatimento proporcional do preço pago. 
Neste caso, é inconcebível o abatimento proporcional do preço, sendo cabível apenas a substituição do produto ou a restituição da quantia paga. 
3º BIMESTRE
29 de setembro de 2017. 
Responsabilidade indireta, ou por ato ou fato de terceiro
Relação jurídica: são possíveis dois tipos de relação: 
Entre vítima e responsável (causador dano): 
Entre a vítima, terceiro (causador do dano) e responsável: 
A relação entre a vítima e o terceiro responsável é, atualmente, objetiva. 
Assim, em determinadas situações, é possível que uma pessoa seja responsabilizada pelos danos causados por outro sujeito. 
Hipóteses (art. 932): fundamento na teoria do risco, portanto, a responsabilidade será objetiva. 
Dos pais por atos de seus filhos menores
Do tutor ou curador em relação ao tutelado ou curatelado 
Do empregador em relação ao empregado e do comitente em relação ao preposto 
Dos donos de hotel em relação a hospedes e dos estabelecimentos de ensino em relação aos educandos 
Do beneficiário do crime em relação ao criminoso 
Em relação aos pais, tutores e curadores, o fundamento é o risco criado. 
Em relação aos demais, o fundamento é o risco proveito ou econômico. 
Responsabilidade solidaria e responsabilidade subsidiaria 
Responsabilidade solidária em relação a vitima (art. 932 e 942, p. u.): “são também responsáveis (...)”.Induz a interpretação de uma responsabilização solidária dos terceiros. Arrematando a questão, o 942 indica expressamente a responsabilidade solidaria. 
Como consequência, não existe ordem em relação a cobrança, de modo que a vítima pode demandar qualquer dos responsáveis, isto é, o próprio causador do dano ou terceiros. 
Responsabilidade subsidiaria do incapaz (art. 928): causador do dano incapaz cujos responsáveis não estejam obrigados a indenizar ou não tiverem meios para tanto. 
Flávio Tartuce: entende especificamente, apesar de minoritário, o relativamente incapaz terá responsabilidade solidária, enquanto o absolutamente incapaz terá responsabilidade subsidiaria. 
Roberto Senise Lisboa: coaduna-se com a doutrina majoritária, isto é, a tese da responsabilidade solidária com beneficio de excussão, segundo a qual todos os terceiros arrolados no art. 932 têm responsabilidade solidaria, mas, especificamente em relação ao incapaz, haveria beneficio de ordem em relação a excussão de bens. 
Emancipação voluntária: a jurisprudência entende majoritariamente que a emancipação voluntária não prejudica a responsabilidade dos pais em relação aos atos dos filhos, mas nas outras hipóteses há isenção de responsabilidade. 
Isso se justifica para evitar fraudes por parte dos pais para excluir suas responsabilidades, o que estaria assimétrica em relação a boa fé objetiva adotada pelo Código. 
Mínimo a sobrevivência: deve-se garantir, em relação ao incapaz responsabilizado, um patrimônio mínimo de modo a garantir sua sobrevivência. 
Responsabilidade subjetiva ou objetiva na relação entre a vítima e o terceiro responsável 
Código Civil 1916: preconizava que entre a vítima e o terceiro responsável seria subjetiva, incumbindo àquela o ônus da prova. 
Evolução jurisprudencial: reconheceu-se que a injustiça da sistemática da responsabilidade subjetiva no ato ou fato de terceiro, construindo-se a tese de culpa presumida. Isto é, o terceiro teria uma culpa presumida em relação a conduta do causador do dano. 
Espécies: 
In vigilando: dos pais e filhos
In eligendo ou contrahendo: dos empregadores e empregados. 
A principal consequência da aplicação da culpa presumida é a inversão do ônus da prova. Assim, o terceiro responsável é que deve demonstrar que não agiu com culpa. 
Código Civil 2002: preconiza a responsabilidade objetiva do terceiro em sua relação jurídica com a vítima. 
A doutrina pondera que essa previsão legal tornou inócua a tese da culpa presumida. 
Outra consequência foi a discussão acerca do cabimento de excludentes de responsabilidade. 
Responsabilidade subjetiva ou objetiva entre a vítima e o causador do dano: 
Nessa hipótese, aplica-se a regra geral do art. 186, isto é, a responsabilidade subjetiva. 
Entretanto, na hipótese do incapaz, existe a questão de sua inimputabilidade. 
Enunciado 590 da VII Jornada de Direito Civil: “A responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos menores, prevista no art. 932, inc. I, do Código Civil, não obstante objetiva, pressupõe a demonstração de que a conduta imputada ao menor, caso o fosse a um agente imputável, seria hábil para a sua responsabilização.” 
Análise das hipóteses
Responsabilidade dos pais: a Lei expressa que somente os pais que possuam autoridade e companhia dos filhos respondem pelos atos destes. 
“Autoridade” deve ser interpretada como “poder familiar”, e não “guarda”. Assim, em qualquer hipótese, ainda que em caso de divórcio e guarda unilateral, ambos os pais terão responsabilidade solidária por atos do filho. 
“Companhia” deve ser interpretada em sentido amplo, também vinculada ao poder familiar. 
Responsabilidade dos tutores e curadores: 
Tutores e curadores são representantes legais. Nesse sentido, sua responsabilidade assemelha-se àquela dos pais em relação aos filhos. 
Curadores em relação aos curatelados pródigos: o pródigo é aquele que possui unicamente restrição com relação a disposição de atos patrimoniais. Ou seja, critica-se que a injustiça de que o curador seja responsabilizado pelo curatelado, que possui discernimento, mas com uma limitação pontual. 
O mesmo se aplica àquele que possui deficiência física em relação a seu curatelado. Nessa hipótese, também haveria perfeito discernimento, e as limitações teriam natureza física. 
Responsabilidade do empregador e comitente: 
Relação empregatícia: 
Permite-se ao empregador agir regressivamente em face do empregado quando restar configurado seu dolo na causação do dano. 
Enunciado 44 da I Jornada de Direito Civil: “Na hipótese do art. 934, o empregador e o comitente somente poderão agir regressivamente contra o empregado ou preposto se estes tiverem causado dano com dolo ou culpa.”
Relação negocial civil: em relação ao comitente, somente haverá responsabilização limitada aos atos praticados no exercício da função, ou seja, que se referirem ao objeto do contrato. 
É possível o exercício do direito de regresso, ainda que na hipótese de conduta culposa. 
Responsabilidade do dono do hotel ou estabelecimento de ensino 
Vincula-se a segurança, e remete a atos que estejam dentro do território que se encontre sob a vigilância do hotel ou do estabelecimento de ensino. 
AirBnB e Uber: tratam-se de uma disposição de bens próprios, por meio de uma plataforma eletrônica, de forma remunerada. Em tese, seria possível enquadra-los nessa modalidade de responsabilidade. 
Responsabilidade do beneficiário do produto do crime: responsabilidade solidária e objetiva pela restituição da coisa, ou indenização de seu valor. 
 Rol taxativo ou rol exemplificativo
A solidariedade decorre de lei ou de contrato. Portanto, o rol do art. 932 seria taxativo. 
Entretanto, é comum na prática o acidente de transito em que o veículo do causador do dano é emprestado de um amigo. A jurisprudência é pacífica em relação a existência da responsabilidade solidária por ato de terceiro, apesar de não se enquadrar em qualquer das hipóteses do 932. 
Direito de regresso: em regra, aquele que assume e cumpre o dever de indenização tem direito de regresso em relação ao causador do dano, exceto em relação ao filho absolutamente incapaz (art. 930), e em relação ao empregado. 
06 de outubro de 2017. 
Responsabilidade pelo fato da coisa ou do animal 
Responsabilidade pela guarda do animal:
Hipótese legal (art. 936): o dono ou detentor do animal responde pelos danos causados pelo mesmo. 
Ex.: gado que escapa da propriedade do fazendeiro e provoca danos a propriedade vizinha.
Ex.: cachorro que ataca uma criança. 
Ex.: animal do circo que ataca um telespectador. 
Dono ou detentor: responsabilidade “in custodiendo”: 
Ela responsabilidade não incide apenas para o dono do animal, mas sim para quem lhe tenha a posse, ainda que temporária. 
Ex.: deixar o animal com um adestrador. 
Ou seja, é semelhante à transferência de responsabilidade dos pais em relação aos filhos, por exemplo, quando estes estão sob a vigilância da escola. 
Solidariedade (art. 265): não se presume. Decorre da lei ou da vontade das partes. 
Na lei, não existe solidariedade entre a responsabilidade do dono e do detentor do animal. Havendo dano provocado pelo animal, a responsabilidade será exclusivamente de quem lhe tenha a vigilância ao momento de sua ocorrência. 
Excludente de responsabilidade: 
Por uma questão de técnica legislativa, o fato do animal, o fato da coisa e o ato de terceiro são todas hipóteses de responsabilidade objetiva. 
Assim, o dono ou detentor do animal responde de forma objetiva, isto é, independentemente de culpa. 
O Código Civil não adotou a teoria do risco integral, portanto, é possível que incida excludente de responsabilidade. Sobretudo porque existe expressa previsão legal, no fato do animal, a saber: 
Culpa exclusiva da vítima 
Força maior
A distinção legislativa poderia ter justificativa na previsibilidade dos danos, que é maior do que em relação às demais hipóteses (fato da coisa ou ato de terceiro). 
Responsabilidade pelo fato da coisa: 
Por ato involuntário: quando algumobjeto se desprende ou é lançado de algum prédio, o dono, o possuidor ou o responsável técnico podem responder pelos danos causados por esse evento.
Hipótese legal (art. 937): quando o dano advier de ruina decorrente de falta de reparos de necessidade manifesta. 
Responsabilidade objetiva
“Falta de reparos”, expressada no texto do art. 937, poderia ser interpretada como uma responsabilidade subjetiva, na modalidade de negligencia. 
Entretanto, por uma questão de técnica legislativa, a responsabilidade pelo fato da coisa é objetiva, assim sustentado de forma unânime pela doutrina. 
Dono da obra, possuidor e responsável técnico: o art. 937 se refere especifica e exclusivamente ao dono da obra (do imóvel). A vítima somente poderá demandar o dono da obra, mas isso não afasta o direito de regresso deste em face do possuidor ou do responsável técnico. 
Por ato voluntário: 
Hipótese legal (art. 938): danos provenientes de objetos lançados do prédio. 
Proprietário e habitante: 
O texto legal se refere expressamente ao “habitante” do imóvel. Assim, a responsabilidade independe da titularidade da propriedade, ou mesmo da posse direta na hipótese de locação. Assim, mesmo visitantes ou convidados, ainda que não residam no imóvel, poderão ser responsabilizados caso provoquem danos lançando objetos de dentro do prédio. 
Impossibilidade de identificação da unidade predial: responderá o condomínio, o prédio inteiro, todas as unidades. 
Entretanto, sempre que possível e que provado, a responsabilidade será limitada.
Ex.: em um condomínio com diversos blocos prediais, se comprovado que o objeto foi lançado do bloco A, somente os moradores deste serão responsabilizados. 
Responsabilidade objetiva: não se discute a culpa ou a conduta culposa do responsável pelo dano, na mesma linha principiológica adotada pelo Código em responsabilidade de terceiros. 
Aspectos processuais da ação de indenização 
Indenização: toda compensação ou retribuição pecuniária, feita por uma pessoa a outra, para reembolsar despesas ou para ressarcir prejuízos. 
Finalidades: 
Reembolso: dos danos, prejuízos, despesas, sofridas pela vítima. 
A essa hipótese especifica, a doutrina dá o nome de “indenização”. 
Integração: do patrimônio da vítima, diante da ofensa de um direito seu. Por exemplo, dano moral. 
A essa hipótese, por sua vez, a doutrina dá o nome de “reparação”. 
Parâmetros (art. 944): a indenização mede-se pela extensão do dano. 
Não é a culpa que infere a fixação da indenização. Esta será apurada na questão binária (sim ou não, simplesmente) de existência de responsabilidade civil, diante do caso concreto. 
Compensação pecuniária: no Brasil, a indenização é sempre estritamente pecuniária. 
Enunciado 589, da VII Jornada de Direito Civil: a compensação pecuniária não é o único modo de reparar o dano extrapatrimonial, sendo admitida a reparação in natura, na forma de retratação pública ou outro meio. 
Em ação que envolve responsabilidade civil, existem três etapas a serem percorridas: 
Verificação da ocorrência de responsabilidade civil. 
Definição dos tipos de indenização cabíveis. 
Quantificação dessas indenizações. 
Em regra, o Juiz, ao fixar a responsabilidade civil, definirá também as indenizações cabíveis, bem como sua quantificação. 
Por outro lado, existem hipóteses em que se aplica a indenização tarifada, definidas em Lei. 
Prévia definição legal de indenizações
Danos causados por demanda de dívida 
Pagamento indevido (art. 876 a 881): nesta hipótese, a indenização limita-se a repetição do indébito, isto é, a devolução do quantum pago indevidamente. 
É diverso do Direito do Consumidor, em que se define a devolução em dobro (art. 42, CDC). 
Cobrança judicial de dívida já paga (art. 940): preconiza-se a indenização pelo dobro. A aplicabilidade desta indenização pelo dobro limita-se a cobrança judicial de valores. Não será aplicado em caso de cobrança extrajudicial. 
Cobrança precipitada (art. 939): 
Ressarcimento em dobro das custas e despesas processuais. 
Obrigação de aguardar o tempo restante integralmente, 
Obrigação de descontar os juros, ainda que contratuais. 
Danos à vida e integridade física: 
Homicídio (art. 948): 
Tratamento da vítima, luto da família e funeral. 
Pensionamento: fixação de pensão alimentícia aos dependentes econômicos que sejam herdeiros da vítima, pelo tempo médio da expectativa de vida. 
Lesão física temporária (art. 979): 
Tratamento da vítima e lucros cessantes, pelo período correspondente ao afastamento das atividades. 
Lesão física permanente (art. 950): 
Tratamento para recuperação da lesão. 
Lucros cessantes, que são convertidos em pensão alimentícia. 
Lesão total ou parcial: 
Total: a pensão será fixada de acordo com a renda pré-existente da vítima, ou se inexistente, fixada judicialmente com base no salário mínimo. 
Parcial: a jurisprudência têm aplicado a fixação de pensão alimentícia proporcional ao percentual de redução de capacidade laborativa da vítima. 
Danos decorrentes de usurpação ou esbulho (art. 952): 
Sem perecimento da coisa: restituição da coisa, indenização das deteriorações e lucros cessantes, pela privação do uso do bem. 
Ex.: acidente de trânsito. 
Com perecimento da coisa: indenização substitutiva. O valor do bem será convertido em pecúnia. 
A lei fala também em “preço ordinário” e “preço por afeição”
Preço ordinário: valor de mercado. 
Preço por afeição: corresponde ao dano moral, isto é, o valor sentimental do bem. 
Indenização por ofensa a honra (art. 953): hipóteses de calúnia, injúria e difamação. 
Indenização por ofensa a liberdade (art. 954): hipóteses de prisão ilegal ou indevida. 
Quantificação da indenização por dano moral 
Sistema tarifário 
Sistema aberto
Legitimidade 
20 de outubro de 2017. 
Aspectos processuais das ações indenizatórias (continuação) 
Prévia definição dos danos: apesar do Código pré-estabelecer casuisticamente algumas hipóteses de danos, entende-se desnecessária. 
Danos causados por demanda de dívida inexigível: devolução das custas judiciais em dobro. 
Danos à vida e a integridade física
Homicídio (art. 948): tratamento, pensionamento, além de outros danos. 
Lesão física temporária e permanente (art. 949 e 950) 
Temporária: tratamento e lucro cessante. 
Permanente: tratamento, lucro cessante e sua conversão em pensão alimentícia vitalícia, a partir do reconhecimento da permanência da lesão. 
Danos decorrentes de usucapião e esbulho (art. 952): 
Sem perecimento da coisa: restituir o bem a vitima, ágar o valor das deteriorações sobre o bem, e os lucros cessantes pela privação do bem.
Com perecimento da coisa: conversão do bem em pecúnia. 
Esta tutela substitutiva pode ser feito pelo valor ordinário, de mercado do bem; ou estimativo, isto é, o valor afetivo em relação ao bem – é parecido com uma indenização por dano moral. 
Danos por injuria, difamação e calunia (art. 953): o dano sofrido será indenizado por meios patrimoniais, inclusive na hipótese de vítima pessoa jurídica. 
Danos por ofensa a liberdade pessoal (art. 954): prisões ilegais, cárcere privado, queixa ou denúncia com base em fato inverídico são hipóteses que se enquadram nesta casuística. 
Quantificação da indenização: existem dois sistemas para quantificação do dano. 
Sistema tarifário (objetivo): não adotado expressamente no Brasil. A fixação do dano é feita previamente pela lei ou pela jurisprudência. A doutrina tende a “tabelar” valores de danos morais, mas não há consenso. 
Os Juizados Especiais correspondem a um exemplo de “tabelamento”, ainda que de forma inadvertida. 
Sistema aberto (subjetivo): aferidos caso a caso, pelo julgador, por meio de diversos critérios. 
Grau de culpa: especialmente quanto ao dano moral.
Extensão do dano
Critérios econômicos ou situação financeira do autor e do réu
Critério social da vítima: a fama, o nome, a status social da vítima devem ser levados em conta na fixação do dano moral. 
Legitimidade (art. 18, CPC): é um conceito processual. A legitimidade

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