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Processo Penal "Cuida de evitar os crimes, para que não sejas obrigado a puni-los." Confúcio Por Rommel Andriotti 2º semestre de 2013 ! de !1 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Introdução Olá caro colega, e seja bem vindo ao maravilhoso mundo do Direito! O resumo que você tem em mãos foi confeccionado com o maior esmero possível, e é resultado do meu entendimento das aulas que assisti e das pesquisas que realizei sobre o tema. Em razão disso, nenhum professor, aluno, instituição, ou mesmo eu próprio é responsável por este conteúdo. Ele foi elaborado como um caderno de estudante, e por isso não há garantia de isenção de erros. Entretanto, conforme mencionado, o que você lerá foi confeccionado com muita dedicação, e por isso certamente poderá acrescentar valor aos seus estudos. É importante ressaltar ainda que esse material não tem fins lucrativos. Você tem minha autorização para utiliza-lo como desejar, bem como para divulgar esse material a vontade. Conhecimento é para ser disseminado, multiplicado e perpetuado! Por fim, com a devida vênia, gostaria de com poucas palavras dedicar esse material ao meu caríssimo irmão, Raphael, que me privilegia habitualmente com sua presença gentil e bondosa, sem a qual eu não conseguiria prosseguir. Como ler esse material Cada aula é iniciada com um título grande que indica o número da aula, a data que ela me foi lecionada, e seu tema principal. Ex.: Aula 52 (29.02.2008) - Os regimes de casamento Depois, vocês verão textos corridos, eventualmente divididos por outros títulos e subtítulos, como esse: As citações Quando eu for citar algum autor, jurisprudência, notícias, etc, eu seguirei padrões para facilitar a identificação do que esta sendo lendo. Normalmente o layout será esse: Quando eu fizer um comentário pessoal, ele estará escrito dessa forma, como anotações em um caderno. Se eu quero transcrever uma citação ou dica especifica do professor, a observação estará assim, em giz. ! de !2 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Quando transcrevermos um artigo de lei, ele estará assim: CF. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade Ao transcrevermos uma sumula ou jurisprudência o layout será esse: STF Súmula nº 691 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ de 13/10/2003, p. 5. Competência - Conhecimento de Habeas Corpus Contra Indeferimento de Liminar em HC Impetrado em Tribunal Superior. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. (Conhecimento na Hipótese de Flagrante Constrangimento Ilegal - HC 85185, HC 86864 MC-DJ de 16/12/2005 e HC 90746- DJ de 11/5/2007) Doutrinas estarão na fonte times. Se eu for citar um filosofo ou mesmo um cientista antigo, a fonte será essa, como se escrito em papiro. Se faremos uma citação jornalística, a forma será a seguinte, em homenagem à máquina de escrever: Folha de São Paulo - 23/08/2013 - 23h40 Brigas de Joaquim Barbosa com membros do STF são tema de matéria do 'New York Times' As brigas entre Joaquim Barbosa e os demais membros do (STF) Supremo Tribunal Federal foram tema de matéria do jornal americano "The New York Times" nesta sexta-feira (23). À publicação, o chefe do Judiciário brasileiro voltou a dizer que não pretende se candidatar a nenhum cargo. A matéria caracterizou Barbosa como uma pessoa "direta" e "sem medo de aborrecer o status quo". "Quando o presidente do Tribunal, Joaquim Barbosa, adentra a corte, os outros dez ministros se preparam para o que pode vir depois", escreveu o correspondente americano Simon Romero, que viajou do Rio à Brasília para a entrevista. "Ele é a força motriz por trás de uma série de decisões socialmente liberais", diz o texto, acrescentando a atuação do ministro virou motivo de fascínio popular. Além do recente episódio em que Barbosa acusou Ricardo Lewandowski de fazer "chicanas" no julgamento dos recursos do mensalão, Romero cita uma ocasião em que o juiz discutiu com Marco Aurélio Mello, sugerindo que este só virou ministro por ser parente do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Também foi mencionada uma briga em que o presidente do Supremo insinua que Gilmar Mendes tem "capangas", em resposta ao que julgou ser uma fala condescendente do colega, e a entrevista na qual disse que os juízes brasileiros de têm mentalidade "conservadora" e "pró impunidade". ! de !3 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1331441-brigas-de-joaquim-barbosa- com-membros-do-stf-e-tema-de-materia-do-new-york-times.shtml Por fim, estrangeirismos estarão em itálico (fumus boni iuris et Periculum in mora), e partes importantes estarão devidamente destacadas. Você pode ajudar na confecção desse resumo notificando quaisquer erros que você encontre ou me enviando material para complementarmos a aula. Estarei disponível 24/7 no email: rommel.andriotti@outlook.com Enfim, espero que vocês gostem e aproveitem este material. Bons estudos! Rommel An!io"i Aula 01 e 02 (ago/2013) - Das Provas Em razão de minha ausência, a confecção destas aulas só foi possível graças a gentil contribuição de Bárbara Ferreira de Bonis e Alini Mormino, a quem eu externo minha profunda gratidão. Provas Continuada será testes sem consultas. Regimental será dissertativa com consulta à lei "seca", ou seja, sem comentários ou anotações. Bibliografia Guilherme Nucci. Manual de processo e execução penal. Fernando Capez. Curso de processo penal. Saraiva. Fernando da Costa Tourinho Filho. Manual de processo penal. Saraiva. As Provas A regulamentação das provas foi alterada em 2008 pela lei 11.690 (2008) Prova é todo o ato praticado pelas partes, pelo juiz, ou por terceiro (peritos, testemunhas, etc) com a finalidade de levar ao magistrado a convicção sobre a existência ou não de um fato. Fatos ocorrem no mundo exterior ao processo, e por isso são necessários meios de levar tais fatos ao conhecimento do juiz, com o fim de criar o convencimento dele, permitindo assim o julgamento da lide. As provas são produzidas pelas partes, ou são requeridas por terceiros ou o próprio juiz. ! de !4 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti OBJETO DA PROVA Thema Probandum = aquilo que deve ser provado. Fundamentalmente o objeto da prova são os fatos, pois são esses que o juiz desconhece. Espera-se, claro, que o direito o juiz saiba. Há no entanto fatos que não precisam ser provados: • Os fatos axiomáticos ou intuitivos - são aqueles que por si mesmo demonstrem algo. Ex.: Cadáver em decomposição não necessita de prova de falecimento. Dãããã Um professor em uma aula tem cerca de 40 testemunhas que afirmam que ele ali estava. Obviamente, em razão disso, ele não precisará complementar este alibi com outras provas. • Fatos notórios - são fatos que são de conhecimento geral, e não necessitam de prova. Ex.: provar que segunda vem após domingo, ou que tinha luz solar ao meio dia. Dããããããã • Os fatos presumidos pela lei - Fatos que a lei considera existentes dependendo de certas circunstancias. Ex.: a inimputabilidade do menor de dezoito anos não precisa ser provada, ela é uma presunção legal. • Os fatos inúteis - são os fatos que não dizem respeito ou não são necessários para a resolução da lide criminal. Ex.: o sujeito acusado de roubo não precisa provar para qual time que ele torcia (mesmo que fosse para o Corinthians!!!).Fatos Incontroversos Fatos incontroversos são aqueles ditos por uma parte e admitidos ou não contestados pela outra. No entanto, observe que se o fato é relevante para a causa, no direito penal o juiz é obrigado a produzir provas sobre ele, em razão do princípio da Busca da Verdade Real. Em razão desse princípio, no processo penal o juiz é obrigado a apurar tanto quanto possível aquilo que realmente aconteceu, e nao uma verdade meramente formal. Verdade Formal = Verdade presumida na falta de contestação (direito civil) O juiz no processo penal não pode julgar presumidamente, mas sim buscar o que realmente ocorreu. O fato incontroverso então não significa que é uma verdade real, e ainda obriga as partes a prova-lo. Prova de Direitos O direito EM REGRA não é objeto de prova, pois na teoria o juiz sabe o direito, e precisa meramente que as partes lhe dêem os fatos. Excepcionalmente no entanto é possível que direito seja objeto de prova, quando, por exemplo, a aplicação de uma norma alienígena seja necessária ao caso. Meios de prova Meios de prova são os instrumentos aptos a trazer ao processo a convicção sobre os fatos. ! de !5 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Ex.: prova documental, testemunhal, periciais, acareações, reconhecimentos, etc. Em regra as partes podem usar qualquer meio de prova que elas desejarem, em razão do princípio da liberdade de prova, que se coaduna também à busca pela verdade real, o que implica que a verdade deve ser alcançada. O código de processo penal, nos seus artigos 158 a 250, traz a relação dos meios de prova. Por isso, essas são chamadas de provas nominadas. Essa relação no entanto não é taxativa, até porque tal vedação impediria a apreciação de provas que surgissem posteriormente com novas tecnologias. Ex.: um juiz de 1988 não poderia imaginar que em 40 anos haveriam serviços de vídeos online potencialmente usados como prova (YouTube). A liberdade de prova não é um principio absoluto, pois a produção de provas não pode ferir outros princípios (vida, integridade física e moral, privacidade, etc). A prova emprestada por exemplo não encontra previsão expressa no código de processo penal. Prova emprestada é a prova produzida em outro processo e transladada para o processo em evidência. O juiz pode embasar sua decisão na prova emprestada cujo processo teve como partes as mesmas deste e que o contraditório foi respeitado. RESTRIÇÕES À LIBERDADE DE PROVAS O principio da liberdade de provas tem algumas limitações. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. O estado das pessoas diz respeito ao casamento e parentescos. Diz o código civil que: Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. Então, havendo-se certidão do registro, é essa a prova para comprovar-se o estado de pessoas. No direito penal essas regras são válidas, já que se tratam de estado das pessoas. Outro exemplo é a morte. A morte do réu se prova com a certidão de óbito, ocasião em que torna-se extinta sua punibilidade. Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. Muito bem, mas imaginemos a seguinte situação: Um réu consegue uma certidão de óbito falsa. O que fazer? São duas as respostas para essa pergunta, cada uma oriunda de uma corrente doutrinária distinta: 1ª corrente (minoritária) - Não há como se afastar essa possibilidade, pois a coisa julgada em favor do réu é a mais absoluta no processo penal, podendo-se somente processa-lo por falsificação de documento, admitindo-se o transito em julgado em seu ! de !6 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti favor, ainda que originário de uma falsificação documental. Essa vertente é considerada a mais tecnicamente correta, embora minoritária. 2ª corrente (majoritária) - A decisão baseada em certidão falsa não faz coisa julgada, podendo ser revogada, continuando o processo a partir daquele ponto, além de processar-se o réu também pelo novo crime de falsificação documental. Essa corrente é a majoritária e é a seguida pelo STF e STJ. Ainda bem mesmo! A primeira corrente é meramente formalista, e coloca a norma processual acima da material, em detrimento da verdade e da justiça. Prova ilícita É inadmissível no processo penal o uso de provas consideradas ilícitas. CF. Art. 5º. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; CPP. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Então, prova ilícita é aquela obtida por meio de uma violação de uma norma legal ou constitucional. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações telefônicas sem autorização judicial competente, etc. Segundo a doutrina, as provas ilícitas assim consideradas em lato senso são um gênero que contém duas espécies: provas ilícitas em stricto senso, e provas ilegítimas, como veremos. Provas ilícitas stricto senso - São provas que violam qualquer norma de direito material. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações telefônicas sem autorização judicial competente, etc. Provas ilegítimas - São provas que violam normas de direito processual. Ex.: CPP. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. CPP. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. Na prática nenhuma delas é admissível, sendo tal distinção somente teórica. Nesses casos, o juiz deverá desentranhar a prova, retira-la dos autos, e inutiliza-la, fazendo como se ela nunca houvesse existido. Nesses casos é possível a aplicação do princípio da proporcionalidade - a proibição da prova ilícita pode ser mitigada (reduzida) para a aplicação do princípio da proporcionalidade, que aduz que nenhum direito é absoluto, nem mesmo o à vida. Ex.: o ! de !7 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti direito à vida de um agressor é considerado proporcionalmente menor que o da vitima, sendo a essa permitida a legitima defesa sem excesso, mesmo que isso cause a morte do agressor. Portanto, a prova ilícita poderá ser admitida quando o direito que ela viola for menos relevante que o direito que ela assegura. Ex.: uma pessoa injustamente acusada de latrocínio que junta uma prova que ela obteve furtando um documento de uma casa após invadir o domicilio pode ser admitida, pois o direito da liberdade do réu é superior que o da inviolabilidade ao domicilio. Esse princípio, quando usado em favor do réu é sempre permitido, mas contra ele não, dependendo muito do caso concreto. Nesses casos, tal prova só é admissível contra o réu em situações de urgência. Ex.: um indivíduo coloca uma bomba relógio na sala de aula e os demais, sem ter como sair da sala, o torturam para que ele revele onde ela está. Como a finalidade é salvar a todos, isso seria admitido. Da mesma forma, se no mesmo exemplo a finalidade fosse meramente garantir a punição do réu a confissão dele não seria mais válida.Provas derivadas ou ilícitas por derivação São provas que são licitas quando consideradas nelas mesmas, mas que o conhecimento já se deu através de uma ilícita. CPP. Art. 157. § 1º - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2º - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Ex.: Submetido a tortura, um sujeito confessa um crime que a polícia desconhecia, e somente diante disso a policia ouve testemunhas, vitimas, etc. O CPP adota com isso uma corrente doutrinaria norte americana, não admitindo as provas derivadas. Como sempre, teremos exceções a essa regra: Exceção 01. As provas derivadas podem ser admitidas quando não demonstrado o nexo de causalidade entre a prova ilícita anterior e as provas licitas posteriores. Na duvida sobre a derivação o juiz aceita a prova. Cabe ao polo passivo provar que a prova se deu ilicitamente. Exceção 02. As provas derivadas também são admitidas quando as provas posteriores lícitas pudessem ser adquiridas sem o intermédio das ilícitas. Neste caso, o juiz reconhecerá que a prova é derivada, mas considerará que a prova ilícita anterior não foi condição si ne qua non para a obtenção da posterior licita. O ônus da prova Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: ! de !8 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Ônus da prova é o encargo que as partes têm de provar o que respectivamente alegam. A prova da alegação incumbe a quem a fizer, o que primariamente recai sobre a acusação, uma vez que essa é quem acusa alguém de ter praticado um crime, tendo de demonstrar para tanto a prova de materialidade e indícios de autoria. A defesa por sua vez recebe o ônus da prova secundariamente, tendo por exemplo que provar a incidência de uma excludente de ilicitude ou culpabilidade. Ex.: a prova dos alibis esta a cargo da defesa. Em razão do principio da busca da verdade real, o juiz tem autonomia para determinar a produção de provas não requeridas pelas partes. O ônus da prova para a acusação é considerado qualificado, uma vez que ela tem de incutir no juízo a certeza de que o crime ocorreu. A defesa por sua vez tem meramente de estabelecer a dúvida, pois in dúbio pro réu (na duvida, favorece-se o réu). Sistemas de apreciação e valoração das provas Esses sistemas são adotados quando há conflito entre provas. Existem três possíveis: Sistema da intima convicção ou certeza moral do juiz Esse não é nosso sistema. A lei não hierarquiza as provas, podendo o juiz valora- las como desejar sem fundamentar. Sistema da intima convicção ou certeza moral do legislador Não é nosso sistema. A lei hierarquiza a norma, estando o juiz obrigado a seguir a prova legalmente considerada mais relevante. Sistema do livre convencimento ou livre apreciação As provas são teoricamente consideradas equivalentes, podendo o juiz atribuir valor a elas como desejar, estando no entanto obrigado a fundamentar sua decisão. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Exceção: no tribunal do júri os jurados não precisam fundamentar! ! de !9 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Aula 03 (15.08.2013) - Teoria Geral das Provas cont. e provas em espécie PROVAS CONTRADITÓRIAS Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. O juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nas provas produzidas em fase de inquérito. Em outras palavras, as provas da investigação não podem ser o fundamento exclusivo da decisão. A razão disso é que as provas produzidas nessa fase não passaram pelo contraditório. O juiz pode usar essas provas de maneira complementar. Ex.: em uma situação hipotética, o suspeito confessa na delegacia, e a vitima conhece o reconhece como autor do crime. Posteriormente, em juízo, o suspeito não confessa, e a vítima não reconhece. Nesse caso, prevalecerá a prova do juízo. Exceções O próprio artigo 155 apresenta exceções à regra, estabelecendo provas que podem fundamentar a decisão e que foram produzidas em inquérito. São elas as provas antecipadas, as cautelares e as não repetíveis. Antecipadas - são provas realizadas pelo próprio juiz sob a égide do contraditório antes da ação penal, e por isso válidas quando da fundamentação da decisão. Cautelares - É uma espécie de prova antecipada que ocorre quando há a necessidade por qualquer razão que a produção da prova seja realizada antes do início da ação (Periculum in Mora). Um exemplo é o depoimento Ad Perpetuam rei Memoriam (depoimento para lembrança perpétua da coisa), que nada mais é que a oitiva de uma testemunha pelo juiz, sob o contraditório, antes da ação penal. Como o contraditório é respeitado, essa prova é valida mesmo sendo produzida antes da ação penal. Provas não repetíveis - são provas realizadas sem contraditório na fase da investigação e que por sua natureza não podem ser repetidas em juízo na fase da ação. Por exemplo: algumas perícias. Um perito que analisa as vísceras de uma vitima de homicídio só pode realizar tal analise uma vez. Sua natureza irrepetível permite ao juiz que fundamente sua decisão com base em tal prova, no exemplo a perícia irrepetível. Nesses casos, se diz que o contraditório é diferido, ou seja, é postergado, retardado, deixado pra depois. Se diz isso pois o contraditório não existe no momento da criação da prova, mas ele pode ser realizado mais tarde, dando às partes a oportunidade de impugnarem aquela prova. ! de !10 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Provas em espécie O CPP nomeia algumas provas (provas nominadas). São essas as provas em espécie, que serão objeto desta seção. PERÍCIA Arts. 158 - 184 Exame realizado por pessoa que tenha conhecimento técnico específico. O juiz é um técnico no direito. Ele não é obrigado a conhecer todas as outras áreas do conhecimento humano (ex.: contabilidade, engenharia, Eletrônica, medicina, etc). Por isso existem os peritos, que esclarecerão ao juiz quais as conclusões técnicas da análise dos elementos probatórios. O perito é um auxiliar da justiça. Classificação dos peritos Oficiais Peritos oficiais são peritos funcionários públicos, que exercem o cargo de perito. Em regra, as perícias devem ser realizadas por um perito oficial (art. 159 CPP). Somente um perito é necessário, mas em perícias mais complexas vários peritos podem ser nomeados, especialmente em áreas variadas do conhecimento, que complementarão o laudo (ex.: um assassinato complexo envolve varias perícias na cena do crime, como sangüínea, química, balística, etc) Onde não houverperito oficial, as perícias serão realizadas por no mínimo dois peritos particulares. Particulares Peritos particulares são pessoas idôneas, com curso superior preferencialmente na área demandada, nomeadas pelo juiz para realizar o exame. Eles deverão prestar compromisso de imparcialidade para desempenhar as funções. Dos peritos oficiais não é requerido tal compromisso pois eles já são juramentados quando da posse do cargo. Determinação da perícia As perícias podem ser determinadas: Na fase da investigação Pelo delegado ou pelo juiz. Na fase da ação Somente pelo juiz (de ofício ou a pedido das partes). QUESITOS Determinadas a perícia, as partes podem oferecer quesitos, que são perguntas a serem respondidas pelo perito. Na fase da ação as partes podem nomear assistentes técnicos (Art. 159). Esses são peritos particulares, nomeados pela(s) parte(s) com a finalidade de criticarem (comentarem, opinarem) a perícia do juízo no interesse da(s) parte(s) que requereu a assistência técnica. ! de !11 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Quando o objeto da perícia ainda esta disponível, a parte pode requerer que o assistente tenha acesso ao objeto da perícia. Tal requerimento passará pelo crivo de aprovação do juiz. Parágrafo 6º do artigo 159 - § 6º - Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. O juiz é obrigado a decidir de acordo com a perícia? De acordo com o perito oficial? Com o assistente? Não. O juiz é Peritus Peritorium. Ele é o perito dos peritos. Ele poderá discordar das perícias, desde que ele fundamente, em conformidade com o principio do livre convencimento do juiz. Ele valorará como desejar as provas a sua disposição. EXAME DE CORPO DE DELITO É a rainha das perícias. Corpo de delito Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela infração. É aquilo que materialmente foi modificado pela infração penal. É aquilo que era de um jeito antes da infração, e passou a ser de outro jeito após a infração. Exemplos: 1) o corpo de delito de um homicídio consumado é o cadáver; 2) o corpo de delito de um incêndio é os objetos e infra-estruturas carbonizados; 3) o corpo de delito do crime de estupro são as marcas e fluídos corporais gerados pela cópula; etc. Classificação do corpo de delito das infrações Delicta Factis Permanentis (delitos de fatos permanentes) - são as infrações que sempre deixam vestígios, ou que necessariamente deixam vestígios. Ex.: o homicídio consumado é delito de fato permanente. A tentativa pode não ser, se ela for branca (tentativa branca: não causa nenhum efeito; tentativa cruenta: causa efeitos, ainda que não os desejados em ultimo plano, como ferimentos na vitima em uma tentativa de homicídio). Nesses casos é obrigatório o exame de corpo de delito. Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Por isso, se o exame de corpo de delito é possível mas não é realizado, essa ausência acarretará a nulidade da ação, ainda que haja confissão. ! de !12 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti CPP. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; Delicta Factis Transeuntes (delitos de fatos passageiros) - são infrações que não deixam vestígios obrigatoriamente. Ex.: o crime de injúria pode não deixar vestígio material. Nesses casos, o exame só é necessário se há corpo de delito. Se possível, a perícia deve ser feita, mas como um reforço da prova, mas a ausência da perícia não acarreta em nulidade, podendo tal ausência ser suprida por outras provas. Obs.: os vestígios que se referem essas classificações são vestígios materiais. A lembrança das testemunhas por exemplo não é considerada vestígio pra tais efeitos pois são vestígios intelectuais, e não materiais, ou seja, nao são vestígios que sofreram alteração. Exame direto - é um exame realizado diretamente sobre os vestígios da infração. Ex.: Perícia no cadáver do homicídio. Exame indireto - é um exame baseado em outras provas. Ex.: se ocorre um homicídio e o cadáver não esta disponível, o exame de outras provas permitirá se verificar e existência ou nao do fato. Só se admite o exame indireto quando impossível a realização do direto. Interrogatório judicial do acusado (arts. 185 - 196, CPP) Interrogado é o indiciado no inquérito, ou o réu na ação penal. Não se fala em interrogatório de testemunha, mas sim em oitiva de testemunha. Testemunha se ouve, não se interroga. O interrogatório judicial do acusado é o ato judicial que consiste em se ouvir o acusado sobre a acusação. A natureza desse ato é ao mesmo tempo meio de auto defesa e meio de prova. É meio de auto defesa pois o réu dirá sua versão do fato imputado, e é meio de prova pois pode ser levado em conta pelo juiz para a decisão. O interrogatório em juízo é contraditório, sendo as partes intimadas para acompanharem. O defensor tem de obrigatoriamente estar presente. Caso o réu não houver trazido um defensor próprio, caberá ao já nomear um defensor para ele. Além disso, antes do interrogatório, o réu tem o direito de se entrevistar com o seu defensor sigilosamente. Na próxima aula: continuação do interrogatório. ! de !13 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Aula 04 (16.08.2013) - Interrogatório e outros meios de prova DIREITO AO SILÊNCIO (art. 186, parágrafo único, CPP, e art. 5º, inc. LXIII, CF) Qualquer acusado tem o direito de ficar em silêncio. O silêncio nesse caso não pode ser interpretado nem a favor e nem contra o réu. Como é um direito garantido constitucionalmente, entende-se que o silencio nao pode resultar em ônus ao réu. CF. Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; O réu pode mentir no interrogatório, mas esse direito tem limites, pois ele só pode mentir na medida da necessidade de sua defesa. O réu não pode, por exemplo, mentir sobre a sua qualificação ou imputar a outrem o crime que fora imputado a ele (salvo se for verdade). As partes do interrogatório Art. 187, CPP O interrogatório se divide em duas partes: 1ª parte - interrogar o réu sobre sua pessoa, como sua vida social, sua condição financeira, profissão, oportunidades na vida, etc. 2ª parte - interrogar sobre os fatos da acusação. Após isso, será concedida as partes a oportunidade de formularem perguntas. As perguntas são feitas por intermédio do juiz. As partes dirigem suas perguntas ao juiz e o juiz repergunta ao réu. O juiz pode indeferir perguntas impertinentes. Local do interrogatório Art. 185, parágrafo 1º Se o réu está solto, é realizado em juízo, na sala de audiências. Se ele estiver preso, a regra é que ele seja interrogado no presídio. É claro que essa regra esta fora da realidade. Felizmente o legislador abriu exceções: a audiência poderá ser fora do presidio quando não houver segurança para o juiz e as partes, bem como se não houver garantia de publicidade. Como na pratica nunca tem nem uma e nem outra, as audiências são sempre realizadas nos fóruns. Interrogatório por vídeo conferencia (interrogatório online) Levar os presos da prisão para o fórum se mostrava uma atividade muito perigosa e dispendiosa ao estado. Em razão disso, o estado de São Paulosancionou a lei 11819/2005 que regulamentava as vídeo conferencias. A OAB e a procuradoria do estado de São Paulo foram contra. No fim, o supremo tribunal federal declarou essa lei inconstitucional, mas FORMALMENTE, ou seja, ela foi declara inconstitucional porque matéria processual só ! de !14 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti pode ser legislada pela união, mas isso não ataca o mérito da lei, somente sua formalização. Depois disso, a lei federal 11900/2009 alterou o CPP, permitindo as vídeo conferencias. Até hoje o supremo não se manifestou ainda sobre a constitucionalidade de tal lei. Hipóteses em que a lei permite o interrogatório por vídeo conferencia Art. 185, parágrafos 1º a 9º, CPP A lei prevê hipóteses taxativas para realização das vídeo conferencias. Nenhuma dessas hipóteses é a dificuldade de escolta. Estas são as situações: § 2º - Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; É para evitar o perigo do translado de ida e volta do preso. Esse dispositivo foi inserido especialmente por causa do PCC. II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; Ou seja, para quando o réu tem uma circunstancia ou contingência de saúde que o impeça ou dificulte sua participação no processo que integra. III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; Pois as vezes a presença do réu pode amedrontar ou gerar reações psicológicas fortíssimas na vitima e testemunhas. Note que primeiramente tenta-se ouvir a vítima ou testemunha por videoconferência, e somente na impossibilidade delas é que o preso é ouvido por videoconferência. IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. Quando o crime tem grandes repercussão pública. Observações importantes Para haver a conferencia, as partes deverão ser intimadas com dez dias de antecedência, sempre se justificando o porquê da conferencia ser digital (conforme as situações acima). O réu deverá acompanhar a audiência inteira de onde ele se encontra. O réu deverá ser assistido por seu defensor. Mas onde esse defensor deverá estar? ! de !15 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Se depreende da lei que devem haver dois defensores, um na sala do réu, e um na audiência com o juiz, e devem ser proporcionados meios de comunicação entre o réu e o defensor da sala de audiência, e entre os defensores. Uma sala reservada deve ser usada pelo o réu para a vídeo conferencia. Obrigatoriedade do interrogatório Art. 564, III, e Sempre que possível o interrogatório deve ser realizado. A ausência do interrogatório possível tornará nulo o processo. Se o réu inicialmente revel comparece posteriormente, torna-se necessária a realização tardia de seu interrogatório, que também é imprescindível. Se o réu comparecer mais tarde, ele deverá ser interrogado a qualquer tempo, mesmo após a sentença de primeiro grau. Renovação do interrogatório Art. 196, CPP O interrogatório pode ser renovado, o juiz reinterrogando o réu de oficio ou a pedido das partes. CONFISSÃO Arts. 197 a 200, CPP É outro meio de prova nominada. É a admissão voluntária pelo indiciado ou réu dos fatos contidos na acusação. Existem dois tipos: Confissão simples - o réu admite os fatos sem acrescentar nenhuma circunstância que altere a qualificação jurídica deles. Ex.: acusado por um crime de estupro, o réu admite que estuprou. Confissão qualificada - o réu admite os fatos mas acrescenta uma circunstancia que altera a qualificação jurídica dos fatos. Ex.: acusado de homicídio, o réu admite mas revela que estava em legitima defesa. A confissão é divisível e retratável. Divisível significa que o juiz pode aceitar parte da confissão, rejeitando outra parte. A confissão não é "a rainha das provas", como se dizia antigamente. No nosso sistema do livre convencimento, não há prova que valha mais do que outra. Prova testemunhal Testemunha é toda a pessoa estranha ao processo chamada a depor sobre fatos relevantes para a decisão da causa. Vitima portanto não é testemunha. As testemunhas podem ser arroladas pelas partes no momento oportuno. O juiz pode determinar a oitiva de testemunhas nao arroladas pelas partes. Essas testemunhas são chamadas de testemunhas do juízo (art. 209). ! de !16 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Se, uma vez passada a oportunidade de arrolar testemunhas, surge uma nova testemunha, a parte interessada pode requerer ao juiz sua oitiva, mas isso dependerá de anuência. As testemunhas deverão prestar um compromisso (art. 203 CPP) para falar a verdade. O compromisso é mera formalidade, e sua ausência não acarreta na nulidade do processo. Se a testemunha mente e não prestou compromisso, ainda assim ela terá proferido um testemunho válido. TESTEMUNHAS DISPENSADAS DE COMPROMISSO São consideradas informantes: O menor de quatorze anos (art. 208, CPP) Auto-explicativo. Doentes mentais (art. 208, CPP) Auto-explicativo. As pessoas dispensadas de depor, se depuserem (art. 206, CPP) Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter- se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Como vimos, se nao houver outro meio para esclarecer o fato, o juiz pode determinar mesmo assim o depoimento, mas sempre sem compromisso. As pessoas que não prestam compromisso são chamadas de informantes ou declarantes, pois não prestam depoimento, mas sim declaração. Proibidos de depor São pessoas que em razão de sua profissão ou atividade devem guardar sigilo, e portanto estão proibidos de depor. Ex.: o advogado, o padre, o medico, etc. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Essa vedação é disponível. Admite-se o desaparecimento da profissão se o interessado no sigilo abra mão dele. No entanto, pelo entendimento do STJ, se esse profissional é subordinado a uma entidade de classe, então ela deverá ser consultada também. Ex.: OAB, Igreja, etc. SUSPEIÇÃO DE TESTEMUNHA É uma construção doutrinaria. É suspeita a testemunha que, por ter um interesse no processo, tem a sua credibilidade afetada. A testemunha suspeita pode depor, mas o juiz valorará tal testemunho considerando a suspeição. ! de !17 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Contradita de testemunha Artigo 214 É a impugnação da testemunha arrolada por uma das partes feita pela outra parte, nas hipóteses de suspeição, proibição, dispensa, menoridade ou doença mental. Procedimento Chamada a testemunha, antes do inicio do depoimento a parte pede a palavra e oferece a testemunha. O juiz então perguntará a contradita sobre o caso. Na hipótese de dispensa, o juiz pergunta à testemunha se ela deseja depor. Se for afirmativoprocede-se o depoimento, se negativo, o juiz dispensará, salvo se ela for o único meio de esclarecimento. Se a testemunha for suspeita, o juiz ouvirá com ressalvas. Incomunicabilidade das testemunhas Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. As testemunhas teoricamente são ouvidas separadamente, sem que uma tenha conhecimento do depoimento da outra. Alem disso, se a testemunha tem medo de falar na frente do réu, ela pode depor por video conferencia. Sistema de inquirição (art. 212) Antigamente o sistema usado era o presidencialista, onde o juiz reperguntava. Atualmente o sistema é o da inquirição, direto ou inglês. Agora, as partes perguntam primeiro, formulando as perguntas diretamente à testemunha. Entretanto, a jurisprudência tem entendido que se o juiz perguntar primeiro nao há nulidade. Reconhecimento de pessoas e coisas Artigos 226 à 228 É o meio de prova em que alguém é chamado a confirmar ou não a identidade de uma pessoa ou de uma coisa que lhe é apresentada. Pode ser chamada pra reconhecer uma testemunha, um réu, etc, ou seja, qualquer pessoa. O reconhecimento pode ser feito tanto na parte de investigação como na fase em juízo, na ação penal. Em primeiro lugar, o reconhecedor deve descrever a pessoa ou coisa a ser reconhecida ANTES de realizar o reconhecimento. Em seguida, são apresentadas várias pessoas com as mesmas características físicas para o reconhecimento. A lei diz que esse procedimento será adotado se possível, e por isso sua ausência nao gera nulidade. Quando isso é realizado na policia, é possível fazer com que o reconhecido não veja o reconhecedor. Em juízo, embora a lei diga o contrario, também não se permite que o reconhecido veja o reconhecedor, para evitar possíveis represálias. Busca e apreensão Arts. 240 a 250, CPP ! de !18 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Muitas vezes é necessário apreender coisas, seja em investigação ou em juízo. Devem ser apreendidos todos os instrumentos ou objetos relacionados ao crime. A finalidade é evitar o desaparecimento dessas coisas. Ex.: o produto do crime (relógio), o instrumento do crime (arma, pé-de-cabra), as coisas compradas com dinheiro de crime (carro), etc. É possível a apreensão sem busca, quando não é necessário procurar a coisa. Nesse caso, é lavrado um auto de exibição e apreensão. Isso ocorre quando alguém voluntariamente levou a coisa à justiça. Também pode haver busca sem apreensão, quando a procura é frustrada, ou seja, infrutífera. A busca é a diligencia destinada a encontrar pessoas ou coisas passíveis de apreensão. A busca pode ser domiciliar ou pessoal. Se é a primeira, é feita no domicilio de alguém. Se pessoal, é revistada a pessoa. De qualquer forma, devem haver indícios que indiquem que a prova encontra- se nesses locais. A busca domiciliar Esta subordinada ao respeito à constituição: Cf. Art. 5º. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; A busca domiciliar pode ser realizada com o consentimento do morador ou sem o consentimento do morador. Com consentimento - Se com o consentimento, não precisa de mandado e não tem restrição de horário. Se sem o consentimento, ela pode ser sem mandado ou com mandado. Sem consentimento e Sem mandado - só pode se dar em três situações: flagrante delito, socorro, ou desastre. Note que se alguém esta guardando armas, drogas, cárcere, etc., por serem crimes permanentes, o flagrante esta ocorrendo sempre. Isso pode acontecer a qualquer hora. Com mandado - residualmente, todas as outras situações requerem mandado judicial. Note que embora o CPP diga que se o delegado ou o juiz forem pessoalmente eles não precisam de mandado, isso só vale para o juiz, pois a CF não recepcionou a autoridade do delegado. Nesses casos há a restrição temporal do dia. Pra esses efeitos, considera-se dia o período que compreende das 06h às 18h. Interceptação telefônica É regulada pelo art. 5º, X, XII e lei 9296/96 ! de !19 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Requisitos Ordem judicial A ordem de quebra de sigilo telefônico deve ser emanada pelo juízo competente, que fundamentará a decisão. Hipóteses e formas previstas em lei (lei 9296/96) A lei prescreve a forma e as hipóteses autorizantes da interceptação telefônica. Finalidade de investigação criminal ou instrução processual penal Ou seja, não existe interceptação telefônica para outros fins que não penais. Aula 05 (22.08.2013) - Interceptação Telefônica Avaliação contínua marcada para 20 de setembro. Captação de conversas Interceptação Interceptação é a gravação de uma conversa realizada por um terceiro. A interceptação pode ser telefônica ou ambiental (presencial). Ela pode ser feita sem o conhecimento dos participantes (sentido estrito) ou com o conhecimento de um dos participantes. Atenção: subordinam-se às restrições do inciso XII do artigo 5º da CF as interceptações em sentido estrito (sem conhecimento de nenhum dos interlocutores). Gravação clandestina É a gravação de uma conversa entre pessoas realizada por um de seus participantes. A gravação clandestina pode ser telefônica ou ambiental (presencial, física). As outras formas de captação de conversas se subordinam à proteção genérica, prevista no artigo 5º, X, CF. Elas podem ser usadas se não houver violação à intimidade e a vida privada, ou por aplicação do principio da proporcionalidade quando o bem que esta prova preserva é superior à intimidade ou vida privada das pessoas. Sempre que o destinatário da conversa foi ele mesmo o responsável pela gravação ou a autorizou poderá usa-la como prova observado o princípio da proporcionalidade. Essa é uma interpretação analógica do art. 233, parágrafo único, CPP: Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo. ! de !20 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário. No caso de interceptação ambiental sem conhecimento dos participantes: O TSF tem entendido que se a gravação foi feita em ambiente aberto (ex.: restaurante), ela poderá ser usada como prova. Se, no entanto, foi realizada em ambiente fechado, só poderá ser usado em função do princípio da proporcionalidade. Lei 9296/96 Regula as interceptações telefônicas e de dados. No entanto, a parte de dados tem a constitucionalidade contestada, em razão do inciso XII, art. 5º, CF. Nesses casos, há divergências jurisprudenciais. A lei estabelece condições para a interceptação telefônica Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveisda autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a ind icação e qua l ificação dos inves t igados, sa lvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Ou seja, são requisitos para a interceptação: Indícios de autoria Deve-se haver um suspeito, ou seja, a interceptação não pode ser o início da investigação. Deve-se haver primeiramente indícios de autoria, para então se promover a interceptação. Crime apenado com reclusão A investigação em questão deve se referir a um crime passível de pena de reclusão. A prova não pode ser produtível por outros meios A interceptação deve ser realizada somente em ultimo caso, quando o que se deseja provar não puder sê-lo por outros meios de prova. Obs.: a decisão do juiz que autoriza a interceptação deve ser fundamentada, apresentando o cumprimento dos três requisitos. Essa decisão pode ocorrer de oficio ou a requerimento de parte, normalmente ou da autoridade policial (delegado) ou do MP (promotor de justiça). A autorização não é indefinida, mas sim por um prazo, que é o do art. 5º da lei: ! de !21 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Ou seja, o prazo é de quinze dias, renováveis por mais quinze se estritamente necessário. Para que haja prorrogação, é necessária a prolação de uma nova decisão fundamentada. Quanto ao limite de prorrogações, o STF diz que é possível a renovação indefinida de interceptações. Uma questão que a lei não trata é que a interceptação é uma gravação (mídia), salva em CDS, pendrives, etc, sendo muitas e muitas horas de conversa. A praxe é que a policia ou o MP façam um resumo das conversas que interessam, sendo a transcrição feita por eles. No entanto, os advogados contestam isso, dizendo que o MP pode ocultar dessa transcrição partes da conversa que beneficiaria a defesa. Outro problema é o reconhecimento das vozes, já que normalmente os criminosos se tratam por alcunhas. Por isso, é comum requisitar perícia para se identificar de quem são as vozes na conversa. Tal material é sigiloso e autuado em separado, em autos somente com o conteúdo das gravações. Eles são juntados aos autos principais no final do inquérito ou no final da ação penal. A parte interessada pode pedir a inutilização de partes de tal material (ex.: a conversa do criminoso com a namorada se não tiver relação com o crime). A parte interessada não precisa ser o réu, mas até a pessoa que teve a intimidade invadida junto dele. Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. O crime previsto pela lei... Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Ex.: juíza autoriza interceptação telefônica para verificar se o namorado tem amante ou não. Por analogia, as mesmas normas funcionam para os vídeos. A matéria da prova continuada vai até aqui. Com isso conclui-se a parte da provas! ! de !22 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Procedimentos Antes de ir à procedimento, vamos rever o que é... PROCESSO É uma relação jurídica contraditória com um procedimento. Essa relação é uma relação triangular que se estabelece entre três partes: O juiz, o autor, e o réu. O autor é o demandante, o que pede. O juiz é aquele a quem se pede. O réu por sua vez é aquele de quem se pede. Na ação penal, o autor pede ao juiz o reconhecimento do juiz do direito de punir do estado. Este é o mérito da ação penal. Se condenado, será imputado ao réu uma pena, a qual ele ficará obrigado. A relação jurídica do processo é abstrata e invisível, mas o processo tem uma parte material, que é o procedimento. PROCEDIMENTO É uma sucessão de atos na ordem e na forma previstas em lei. Existe no ordenamento uma pluralidade de procedimentos. A razão para isso é a preocupação com duas coisas: a celeridade vs contraditório e ampla defesa (devido processo legal?) O problema é que essas duas coisas são contrapostas. Uma se opõe à outra. Ex1.: um criminoso cibernético chinês pode ser condenado em QUINZE MINUTOS. (Excesso de celeridade) Ex2.: o mensalão ocorreu entre 2005 e 2006, mas já estamos em 2013 (8 anos depois) e ainda não houve julgamento, sendo que este pode demorar ainda mais de dois anos em decorrência da aceitação dos embargos infringentes. (Excesso de contraditórios) A solução na justiça brasileira é que em crimes mais gravosos o contraditório é privilegiado. Ex.: o procedimento dos crimes dolosos contra a vida é o júri, que é o procedimento mais demorado existente no Brasil. Os crimes menos gravosos, por sua vez, privilegiam a celeridade. Ex.: as contravenções tem o procedimento sumaríssimo, que é o mais rápido. Além disso, crimes específicos tem procedimentos especiais. QUADRO DOS PROCEDIMENTOS Especiais São procedimentos destinados a determinadas infrações por causa de suas peculiaridades. Alguns deles estão no CPP e outros fora do CPP. No CPP: Júri - crimes dolosos contra a vida e conexos. Lembrando que alguns autores consideram o júri um procedimento comum e outros especiais (art. 406 - 497, CPP) Crimes funcionais - crimes praticados por funcionários contra a administração (arts. 513 - 518, CPP) ! de !23 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Crimes contra a honra - são calunia, injuria e difamação. Eles tem procedimento especial previsto nos arts. 519 - 523, CPP. Crimes contra a propriedade imaterial - são os crimes de violação de direitos autorais (arts. 524 - 530, CPP). Comuns São procedimentos destinados a infrações genéricas. Os comuns podem ser ordinários, sumários, ou sumaríssimos. Ordinário Infrações com penas máximas superiores a quatro anos Art. 394. § 1º - O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; Sumário Quando a pena máxima é inferior a quatro anos II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; Sumaríssimo Destinado às infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes cuja pena máxima não ultrapassa dois anos). III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. Este procedimento não está no CPC, mas sim na lei 9099/95, que institui os juizados especiais: Lei 9099/95. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. QUADRO SINÓPTICO Cabimento Testemunhas Júri Crimes dolosos contra a vida Ordinário Sanção de 4 ou mais anos Até 8 ! de !24 82D. Processualpenal IIPor Rommel Andriotti Na próxima aula os procedimentos ordinários e sumários em detalhe. Aula 06 (23.08.2013) - procedimentos ordinários e sumário Esses procedimentos tem uma parte comum, que é igual à ambos: arts. 395 - 398 CPP Então esses procedimentos começam da mesma forma, salvo num único detalhe, que é no número de testemunhas. Essa fase é uma fase predominantemente postulatória. Passos comuns aos procedimentos 01. OFERECIMENTO DA INICIAL, QUE SERÁ DENUNCIA OU QUEIXA Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. A acusação nomeará suas testemunhas nesse momento, com o rol de testemunhas. Aqui jaz a diferença: o procedimento ordinário admite até oito testemunhas, enquanto o sumario admite até 5 (art. 401 para ordinário e 532 para sumário). A acusação deve arrolar suas testemunhas na inicial, sob pena de preclusão. Se mais tarde surgir uma testemunha importante, a parte poderá requerer sua oitiva como testemunha de juízo, não configurando direito da parte, ou seja, o juiz chamará se ele considerar relevante. 02. DECISÃO DO JUIZ O juiz tem duas possibilidades nessa decisão: Rejeição da inicial - o juiz pode rejeitar liminarmente a petição inicial, nas hipóteses do art. 395 CPP: Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; Sumário Sanção inferior a 4 anos Até 5 Sumaríssimo Sanção menor que dois ou menos anos Cabimento Testemunhas ! de !25 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti É a petição não apta para cumprir sua finalidade. A inicial inepta é aquela que não cumpre os requisitos do art. 41 do CPP: Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. A parte mais importante é a descrição do fato criminoso, narrando a conduta que configuraria o crime. Tal história é fundamental para que haja a possibilidade do direito de defesa, uma vez que a inicial delimita a acusação, limitando a defesa àquilo e nada mais fora daquilo. A lei não prevê aditamento da denuncia, mas alguns juízes determinam tal aditamento, uma vez que não há vedação nem previsão à conduta. II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; Por exemplo se o crime é de iniciativa pública e uma queixa é proposta, ou a conduta é atípica, etc. III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. A expressão indica uma causa que justifique processar alguém. Isso significa que a ação não pode ser gratuita, sem algo que a justifique. Simplificando, para haver justa causa é necessária prova da existência do crime e indícios de autoria. A rejeição da inicial é uma decisão que põe fim ao processo sem julgamento do mérito. Contra essa decisão cabe recurso em sentido estrito (RESE). CPP. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; RECEBIMENTO DA INICIAL Quando não presente nenhuma das hipóteses de indeferimento, o juiz receberá a inicial. Esse recebimento perfaz um juízo positivo de admissibilidade da acusação. Essa admissibilidade não toca o mérito, mas meramente a forma e requisitos legais da acusação. Então, é como se o juiz dissesse aos seus "botões": - Oras, é possível a condenação deste réu, por este crime, nesses termos! Em razão disso, a ação é cognoscível, e pode ser conhecida. Logo, com essa decisão tem-se inicio o processo de conhecimento. Diz a jurisprudência que essa decisão não precisa ser ! de !26 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti fundamentada. NÃO cabe recurso contra o recebimento da inicial, mas cabe Habeas Corpus ou mandado de segurança, que nao são recursos, mas sim ações autônomas, remédios constitucionais. Caberá Habeas corpus quando há previsão de pena privativa de liberdade para o crime imputado, pois o réu fica sujeito a uma pena de prisão, o que possibilita o Habeas corpus preventivo. Se não há previsão de pena privativa de liberdade, caberá mandado de segurança. Superada essa parte, o próximo passo será... 03. CITAÇÃO A citação é o ato pelo qual se da ciência ao réu da acusação e se chama o réu para que venha se defender. A citação pode ser pessoal ou ficta, sendo o réu citado pessoalmente na primeira e sendo citado por edital ou por hora certa na segunda. Até 2008 não havia no processo penal a citação por hora certa, mas agora ela existe e é aplicada quando o réu se oculta. A citação por edital se dá quando o réu esta em LINS (lugar incerto e não sabido)! Se a citação é por edital e o réu não dá manifestação alguma que teve conhecimento, torna-se aplicável o artigo 366, CPP: Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Portanto, suspende-se o processo, até que o réu compareça ou constitua defensor. A prescrição também é suspensa nesses casos. Mas como não pode haver imprescritibilidade salvo as exceções constitucionais, a jurisprudência nacional entende que essa suspensão se dá por no máximo vinte anos, que é o tempo da maior prescrição criminal. Para provas urgentes, a prova pode ser produzida antes da suspensão. Além disso, o juiz pode decretar a prisão preventiva, desde que presentes os requisitos da prisão (art. 312 CPP) Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Alterado pela Lei 12.403/2011) Em todas as outras hipóteses de citação, o processo continua e não é suspenso, mesmo que o réu se torne revel. ! de !27 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Finalizando citação, é importante saber que ela integra a relação processual, no sentido de tornar a relação processual íntegra, inteira, completa. Isso ocorre pois antes da citação o processo estava incompleto, já que só faziam parte o juiz e o autor. O réu é citado para oferecer uma resposta prévia em dez dias corridos, contados da citação. Atenção: No processo penal se conta do ato, e não da juntada do mandado. 04. RESPOSTA PREVIA A resposta prévia é oferecida, sempre por defensor. Nunca usar a expressão defesa ou resposta preliminar. Essas são as respostas que se dão antes do recebimento da denúncia. No nosso caso, a resposta é prévia, ou seja, antes da produção das provas. Então, nao confunda resposta prévia com resposta preliminar. A resposta prévia é obrigatória, e se o réu não apresenta sua resposta o juiz nomeará defensor para apresenta-la. Nessa defesa, a defesa alegará todas as teses que desejar, fará requerimentos, indicará provas e arrolará testemunhas de defesa. O número de testemunhas de defesa é o mesmo dos de acusação. Na defesa prévia, a defesa pode alegar tambémcausas de rejeição da acusação, bem como causas de absolvição sumária. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. § 1º - A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. § 2º - Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. Após a resposta previa, haverá: 05. DECISÃO DO JUIZ Ele tem algumas opções nesse momento: Absolvição sumaria A absolvição sumária consiste basicamente em um julgamento antecipado da lide, ou seja, quando a decisão não depende de provas. Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; Ou seja, relembrando, as excludentes de ilicitude são: legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de dever legal, ou exercício regular de direito. Essas são causas de excludentes de antijuridicidade (ilicitude). ! de !28 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; Como coação moral irresistível, menoridade, embriaguez completa por causa de força maior ou caso fortuito, erro de tipo (as vezes), etc. Atenção pois a inimputabilidade por doença mental não entra nesse caso, pois esta inimputabilidade depende de perícia (incidente de insanidade mental), e porque é preciso verificar se deve ser aplicada medida de segurança. III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; É a manifesta atipicidade da conduta, ou seja, quando a narrativa não é um crime. IV - extinta a punibilidade do agente. Quando já houve extinção da punibilidade (já houve prescrição, decadência, anistia, etc). Vamos relembrar as causas de extinção da punibilidade: Art. 107. Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - Revogado. VIII - Revogado. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Recurso Caberia recurso contra a decisão que absolve sumariamente? Nas três primeiras hipóteses, o recurso é a apelação. Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; Para a ultima hipótese, cabe o recurso em sentido estrito (RESE): Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; ! de !29 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Se não estiver presente nenhuma hipótese de absolvição sumária, há a segunda possibilidade de decisão do juiz: Confirmação do recebimento da denúncia Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 1º - O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. § 2º - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. Alguns consideram isso o segundo recebimento. Hoje em dia a doutrina majoritária considera essa decisão uma ratificação ao recebimento, quando se verifica que não há causa para absolvição sumária nem rejeição da inicial. Entende-se que a decisão de confirmação deve ser fundamentada se na resposta prévia a defesa apresentou teses de rejeição da denúncia ou de absolvição sumária. Contra a confirmação de recebimento da denuncia cabe Habeas corpus ou mandado de segurança. Assim encerra-se a parte comum aos procedimentos ordinários e sumários (fase predominantemente postulatória). Aula 07 (05.09.2013) - Partes específicas dos procedimentos penais DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. A audiência deve ser realizada no prazo de sessenta dias contadas do despacho da ratificação. Note que os prazos aqui são todos impróprios, não gerando consequências pelo seu não seguimento. A audiência é una e concentrada, pois tudo o que vem depois no processo estará balizado por esta audiência. Teoricamente, todas as provas (exceto periciais), debates e até o julgamento será proferida nesta audiência, se possível. A audiência A audiência começa com a fase de instrução. Instrução É a fase em que se colhem as provas para instruir o juiz sobre os fatos. ! de !30 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti Oitiva da vitima Se for possível, primeiramente se ouve a vítima. Oitiva das testemunhas Primeiro são ouvidas as testemunhas de acusação, e então as de defesa. A prova da defesa só pode ser produzida após se descobrirem todas as provas da acusação. A inversão da ordem de oitiva das testemunhas é causa de nulidade relativa do processo. Precisa haver argüição da parte interessada apontando porque houve prejuízo. Se alguma(s) testemunha(s) de acusação for(em) ouvida(s) por precatória por estarem em outra comarca, a jurisprudência admite a inversão. Esclarecimentos dos peritos quando requeridos Isso só ocorrerá se as partes requereram com pelo menos dez dias de antecedência da audiência. Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. § 1º - As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 2º - Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. I - requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; Nesse requerimento as partes indicarão os quesitos que desejam que o perito responda pessoalmente. Outras diligências requeridas Por fim, nessa audiência poderão ser realizadas outras diligências requeridas, como um reconhecimento, uma acareação, etc. Lembrete: acareação é colocar "cara a cara" pessoas que tem testemunhos contraditórios. Interrogatório Interrogatório é o ato pelo qual o acusado é ouvido sobre os fatos que lhe foram imputados. O interrogatório tem natureza jurídica dúplice, simultaneamente é meio de prova e meio de defesa do réu. O réu é o ultimo a ser ouvido, para que possa responder a tudo o que já foi produzido até então. ! de !31 82D. Processual penal IIPor Rommel AndriottiRequerimentos verbais As partes podem requerer verbalmente provas cuja necessidade surgiu durante a instrução. São provas que não se conheciam até então. Acerca desses requerimentos o juiz poderá deferir ou indeferir a produção dessas provas. Se ele indeferir a audiência prossegue. Se ele deferir: Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. As provas serão produzidas em nova audiência, fora da audiência una de que tratávamos. Após produzidas essas outras provas, haverão memoriais escritos, com alegações das partes, no prazo de cinco dias a partir da concessão da vista dos autos. Memorial é uma peça escrita onde há as alegações finais das partes. A apresentação dos memoriais é imprescindível para o processo. Se o Ministério Público não apresenta, o juiz oficia o procurador geral para que apresente. Se o advogado não apresentar, o juiz nomeará defensor para que o faça. Após os memoriais, é hora da sentença. Mas antes, vamos ver a outra hipótese do processo: Se na audiência una não houverem requerimentos para novas diligências ou se tais requerimentos foram indeferidos, a audiência prossegue normalmente, realizando-se os debates orais. No caso de indeferimento de nova diligencia, não cabe recurso contra tal decisão (salvo quando há fumus boni iuris e Periculum in mora, ocasião em que o Ministério Público - MP poderá impetrar mandado de segurança e o réu Habeas corpus). Debates orais Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1º - Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º - Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 3º - O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. ! de !32 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti SENTENÇA NO TERMO O juiz ditará sua sentença para o escrevente, que a fará constar no termo da audiência. Em casos complexos, ou de grande número de acusados, o juiz pode substituir os debates orais por memoriais com prazo de cinco dias, e proferir em seguida a sentença por escrito em dez dias (prazo impróprio). Isso encerra o procedimento ordinário Rito sumário Art. 531 à 536, CPP Terminada a fase comum, há a designação de audiência una e intimações subseqüentes. A audiência É idêntica a audiência do rito ordinário, com as seguintes diferenças: • Após a instrução não há pedido de diligencias; • Não há previsão de substituição dos debates orais por memoriais • Não há previsão de sentença fora da audiência • Na prática, não haver previsão significa que não há vedação. Por isso, especialmente em casos complexos, o juiz acaba não proferindo sua sentença em audiência Principio da identidade física do juiz § 2º - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. O juiz que colheu as provas deverá proferir a sentença. Esse principio existe pois acredita-se que o juiz que estava presente na instrução esta mais habilitado para prolatar sentença. Há exceções: Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. Procedimento do júri A instituição do júri tem garantia constitucional: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; ! de !33 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; O procedimento do júri recebe da constituição quatro garantias, sendo a primeira a plenitude de defesa, que é o que abordaremos com detalhes a seguir: A expressão plenitude de defesa é muito estudada, pois no mesmo artigo da CF nós temos a seguinte disposição: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; A diferença é que no júri a defesa não esta restrita aos argumentos técnicos. Então a defesa pode usar argumentos emocionais, religiosos, filosóficos, ou seja, se qualquer natureza. Aula 08 (06.09.2013) - Tribunal do Júri A decisão Os júris votam respondendo secretamente à quesitos. O voto aqui é secreto para garantir que os jurados não se sintam acuados de votar. Antigamente, havia um problema com algumas votações: quando uma votação não era unânime, não se podia saber quais dos jurados tiveram os votos dissidentes. No entanto, em votações unânimes, todos sabiam os votos de todos os jurados - seja condenando ou absolvendo - o que permitia possíveis represálias. Atualmente, o juiz só colhe até o quarto voto no mesmo sentido, pois fazendo isso, ele garante o resultado do julgamento sem revelar os votos restantes, e com isso protegendo os jurados. A votação não é feita em plenário, mas sim na antiga sala secreta, que hoje é chamada sala especial. Soberania dos veredictos dos jurados Dica incidental: assista os filmes doze homens e uma sentenca, o júri, e testemunha de acusação (baseado em um conto da Agatha Christie). Continuando... As decisões dos jurados não podem ser modificadas em seu mérito por juízes togados (de direito), com a finalidade de que o réu seja efetivamente julgado por pessoas leigas iguais a ele, impedindo que a ultima palavra seja de juízes técnicos togados, mesmo que desembargadores ou ministros. É até possível apelar de uma sentença do júri, mas os desembargadores não irão reformar a sentença, mas sim anula-la, para que um novo julgamento pelo júri seja realizado. A anulação só pode ser realizada uma vez. Se uma segunda condenação ocorrer poderá haver uma revisão criminal, que é a equivalente da ação rescisória no processo civil. ! de !34 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti COMPETÊNCIA PARA OS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA Essa competência é a mínima constitucionalmente prevista. A lei ordinária não pode restringir a competência do júri. Todos os outros crimes não são da competência do júri, salvo se forem conexos a um crime doloso contra a vida. Ex.: o Latrocínio não é crime doloso contra a vida, mas sim contra o patrimônio. Nesse sentido: STF Súmula nº 603 - 17/10/1984 - DJ de 29/10/1984, p. 18113; DJ de 30/10/1984, p. 18201; DJ de 31/10/1984, p. 18285. Competência - Processo e Julgamento - Latrocínio A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri. Então crimes como extorsão, latrocínio, estupro, e etc, mesmo que terminem com o resultado morte, não serão da competência do júri. Estávamos dizendo que essa competência é a mínima. Isso significa que a lei ordinária pode ampliar
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