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BASES CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRACO PUBLICA PROF. ALBERICO FONSECA

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DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF. ALBERICO FONSECA
DIREITO ADMINISTRATIVO
Conteúdo
Estado, Governo e Administração Pública. Poderes do Estado e suas funções. 		pag. 02
Administração Pública. Direito Administrativo: conceito e princípios	 pag. 04
3. Poderes administrativos: poder vinculado; poder discricionário; poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia. 	 	pag. 05
4.	Poder de Polícia. Uso e abuso de poder. . pag. 08
5. Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização administrativa da União; administração direta e indireta. 						pag. 09
6.	 Ato administrativo: conceito; requisitos, perfeição, validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação, espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade. 		pag. 12
7. Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. 							pag. 19
8. Processo Administrativo. 					pag. 27
9.	 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo. 		pag. 32
 10.	 Responsabilidade civil do Estado. O Estado em Juízo 	pag. 33
 11.	 Licitações e Contratos Administrativos 			pag. 37
12. Intervenção do Estado na Propriedade Privada. Modalidades pag.
13. Bens Públicos pag.
 
DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Estado, Governo e Administração Pública. Poderes do Estado e suas funções.
 Estado, sob o enfoque do Direito Administrativo é um ente personalizado, apresentando-se, não apenas exteriormente, nas relações internacionais, como internamente, neste caso, como pessoa jurídica de direito público, capaz de adquirir direitos e contrair obrigações.
Governo é o elemento de direção do estado e é representado pelo grupo dirigente. É a expressão política do Estado. 
Governo é a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente
De acordo com a Teoria da Tripartição dos Poderes, de Montesquieu, o Poder deve ser tripartido, da seguinte forma: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.
Cada um dos Poderes tem uma função típica e uma função atípica.
Por exemplo, a função típica do Judiciário é a judicante, o que não o impede de exercer, interna corporis, as funções legislativa e administrativa.
Raciocínio análogo deve ser empregado para o Poder Legislativo.
Assim, pode-se encontrar, nos três Poderes a chamada função administrativa, no entanto, trata-se de uma função típica do Poder Executivo.
Alerte-se, portanto, que a expressão Administração Pública designa a função administrativa nos três Poderes, entretanto com mais ênfase no Executivo, por se tratar de sua função típica.
2. Direito Administrativo: conceito e princípios.
Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios e normas que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar os fins do Estado e a atender o interesse público.
O Direito Administrativo impõe as regras jurídicas de organização e funcionamento do complexo estatal.
2.1 Princípios do Direito Administrativo
a) Explícitos 
a.1) Legalidade
A legalidade, como principio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 
A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei.
É fruto da submissão do Estado à lei e típico dos Estados democráticos de direito.
a.2) Impessoalidade
O agente público não deve favorecer amigos nem prejudicar inimigos.
No dizer de Hely Lopes Meirelles, “o princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal”. 
E para ele, “o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal”.
Esse principio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas (CF, art. 37, § 1º).
E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á a invalidação por desvio de finalidade, que a nossa lei da ação popular conceituou como o "fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência" do agente (Lei 4.717/65, art. 2º, parágrafo único, "e").
a.3) Moralidade
A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (CF, art. 37, caput). Não se trata da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como "o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração". 
O agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.
a.3) Publicidade
Visa dar transparência aos atos praticados pela Administração Pública.
Abrange, não só, a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos, mas, também, o direito à informação sobre assuntos públicos, quer pelo cidadão, quer por alguém que seja especialmente interessado.
O Princípio da Publicidade, além de previsto na cabeça do art. 37, da Carta Política, também o está nos art. 5º, XXXIII e XXXIV, b), do mesmo diploma legal, assim como, no art. 5º, LXXII (habeas data).
Admite-se o sigilo, no entanto, a teor do art. 5, XXXIII, da Constituição, quando o sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige.
a.4) Eficiência
Foi galgado à condição de Princípio Constitucional explícito, sob os auspícios da EC nº 19/98.
Traduz a obrigação de a Administração oferecer ao cidadão mais serviços, com melhor qualidade, em menor tempo. Objetiva-se, também, o oferecimento de serviços à coletividade com redução de custos, pela contínua revisão e aperfeiçoamento das rotinas e processos de trabalho. 
O Princípio da Eficiência deve somar-se aos demais princípios e não se sobrepor a nenhum deles, mormente ao Princípio da Legalidade, sob pena de riscos à segurança jurídica e ao Estado Democrático de Direito.
b) Princípios Implícitos
b.1) Supremacia doInteresse Público
Toda vez que houver um conflito entre o interesse público e o privado, há de prevalecer o interesse público. Trata-se da primado do interesse público.
b.2) Autotutela
Defrontando-se com seus erros, a Administração Pública deve revê-los para restaurar a situação de regularidade. Trata-se, antes de tudo, de um dever, não necessitando a Administração ser provocada para rever seus atos. A propósito é de bom alvitre consultar a Súmula 473, do Pretório Excelso.
b.3)Indisponibilidade da Coisa pública
A Administração Pública gere o que não é seu. Assim, compete-lhe gerir a coisa pública. Cabe-lhe gerir, conservar e velar os bens e interesses públicos, em prol da coletividade.
A Administração não tem livre disposição sobre bens e interesses públicos, visto que está limitada e condicionada por um regime jurídico que estabelece normas para o trato com a coisa pública.
b.4) Continuidade dos Serviços Públicos
Os serviços Públicos não podem sofrer solução de continuidade, isto é, não podem ser interrompidos.
A CF estabelece, por exemplo, que a greve dentro da Administração Pública deve ser regulada por lei específica ( art. 37, VII, CF).
Por esse Princípio, o agente público, pode tomar atitudes excepcionais para garantir a prestação de serviços públicos, como, por exemplo, contratar sem concurso servidores em situações de calamidade, a teor do art. 37, IX, da CF, in verbis:
Art. 37 [...]
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
b.5) Segurança Jurídica
Visa impedir que a nova interpretação da norma administrativa retroaja para alcançar efeitos pretéritos.
A segurança jurídica tem muita relação com a idéia de respeito à boa fé.
Se a Administração adotou determinada interpretação como a correta e aplicou a casos concretos , não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que foram praticados com base em errônea interpretação.
Se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, não se admite que a Administração imponha interpretações variáveis no tempo, atingindo direitos dos administrados.
Art. 54, Lei 9.784/99:
O direito da Administração de anular de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5(cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má fé.
b.6) Princípio da Razoabilidade
 A opção de um agente público ao praticar um ato discricionário deve guardar consonância com o senso comum do povo. Não seria razoável tomar uma decisão em total desacordo com as idéias constantes no seio da coletividade.
Assim, o agente público deve agir em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas, dentro dos standards de aceitabilidade e deve respeitar as finalidades que presidiram a outorga da competência exercida. 
Assim, as condutas desarazoadas, incoerentes, bizarras não são apenas inconvenientes, mas também ilegítimas e, portanto, judicialmente invalidáveis
b.7) Proporcionalidade
A Administração Pública não pode utilizar-se de um canhão para matar um mosquito.
Deve buscar o interesse público por meio da conduta menos gravosa para o destinatário do ato, dentre aquelas condutas que se lhes afiguram.
Deve abster-se de praticar atos além daqueles necessários para o atingimento da finalidade pública perseguida. Ex: aplicar sanção desproporcional a servidor; desapropriar área maior do que aquela necessária à realização de obras. 
b.8) Motivação
Exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões.
A sua obrigatoriedade se justifica m todos os atos administrativos, quer nos discricionários, quer nos vinculados.
Trata-se de formalidade necessária para assegurar o controle de legalidade dos atos administrativos.
b.9) Devido Processo Legal e Ampla Defesa
Art. 5º, LIV e LV, da CF:
Art. 5º [...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
No Direito Positivo brasileiro corresponde a uma garantia de proteção da pessoa contra a ação arbitrária do Estado. Refere-se, portanto a todas as garantias processuais previstas no nosso ordenamento jurídico para que seja exercida a completa defesa do cidadão, apesar do formalismo moderado que permeia os processos administrativos.
Já o contraditório e a ampla defesa devem ser garantidos em todo e qualquer processo administrativo, sob pena de nulidade absoluta.
b.10) Inafastabilidade do Controle judicial dos Atos Administrativos
Nenhuma decisão de qualquer órgão ou entidade administrativa será excluída de apreciação pelo Poder Judiciário.
Cabe, portanto, ao Poder Judiciário, a última palavra sobre qualquer demanda instaurada. Trata-se do sistema de jurisdição una. É o que se pode inferir da leitura do art. 5º, XXXV, da CF:
Art. 5º [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
3. Poderes administrativos: poder vinculado; poder discricionário; poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder.
Cada agente administrativo é investido da necessária parcela de poder público para o desempenho de suas atribuições. Esse poder é de ser usado normalmente, como atributo do cargo ou da função, e não como privilegio da pessoa que o exerce. É esse poder que empresta autoridade ao agente público quando recebe da lei competência decisória e força para impor suas decisões aos administrados. 
O poder administrativo é atribuído à autoridade para remover os interesses particulares que se opõem ao interesse público. 
a) Poder- Dever de Agir
O poder-dever de agir da autoridade pública é hoje reconhecido pacificamente pela jurisprudência e pela doutrina. O poder tem para o agente público o significado de dever para com a comunidade e para com os indivíduos, no sentido de que quem o detém está sempre na obrigação de exercitá-lo. Nem se compreenderia que uma autoridade pública - um Governador, p. ex. - abrisse mão de seus poderes administrativos, deixando de praticar atos de seu dever funcional. O poder do administrador público, revestindo ao mesmo tempo o caráter de dever para a comunidade, é insuscetível de renúncia pelo seu titular. 
Tal atitude importaria fazer liberalidades com o direito alheio, e o Poder Público não é, nem pode ser, instrumento de cortesias administrativas.
A propósito, já proclamou o colendo TFR que "o vocábulo poder significa dever quando se trata de atribuições de autoridades administrativas".
Pouca ou nenhuma liberdade sobra ao administrador público para deixar de praticar atos de sua competência legal. Dai por que a omissão da autoridade ou o silêncio da Administração, quando deva agir ou manifestar-se, gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a obtenção do ato omitido por via judicial, notadamente por mandado de segurança, se lesivo de direito liquido e certo do interessado.
Nessas condições, o poder de agir se converte no dever de agir. Assim, se no Direito Privado o poder de agir é uma faculdade, no Direito Público é uma imposição, um dever para o agente que o detém, pois não se admite a omissão da autoridade diante de situações que exigem sua atuação. Eis por que a Administração responde civilmente pelas omissões lesivas de seus agentes.
Os três principais deveres do administrador público são: dever de eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas.
a.1) Dever de Eficiência
Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço públicoe satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.
a.2) Dever de Probidade 
O dever de probidade está constitucionalmente integrado na conduta do administrador público como elemento necessário à legitimidade de seus atos. 
Está presente na nossa legislação administrativa, como também na Constituição da República, que pune a improbidade na Administração com sanções políticas, administrativas e penais, nos seguintes termos: 
Art. 37[...]
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Erário, na forma e gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (art. 37, § 4º).
a.3) Dever de Prestar Contas
O dever de prestar contas é decorrência natural da administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o administrar corresponde ao desempenho de um mandato de zelo e conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem o exerce deverá contas ao proprietário. 
No caso do administrador público, esse dever ainda mais se alteia, porque a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o caráter de um múnus público, isto é, de um encargo para com a comunidade. Dai o dever indeclinável de todo administrador público - agente político ou simples funcionário - de prestar contas de sua gestão administrativa, e nesse sentido é a orientação de nossos Tribunais.
A prestação de contas não se refere apenas aos dinheiros públicos, à gestão financeira, mas a todos os atos de governo e de administração. 
b) Vinculado:	Quando a lei confere à Administração Pública poder para a prática de determinado ato, estipulando todos os requisitos e elementos necessários à sua validade.
Embora muitos considerem que na prática de um ato vinculado o agente público não exerce um poder, mas está adstrito aos pressupostos legais, ainda assim, exerce um poder, eis que, nem todos os agentes dispõem de competência para praticar determinado ato vinculado. 
Destarte, ao praticar um ato vinculado de sua competência, o agente exerce um poder, na medida em que outros agentes não detém essa prerrogativa. 
c) Discricionário:	Quando o Direito concede à Administração, de modo explícito ou implícito, poder para prática de determinado ato com liberdade de escolha de sua conveniência e oportunidade. Existe uma gradação.
Assim há o exercício do Poder Discricionário quando a norma oferece várias opções de escolha ao agente público e ele, escolhe uma delas.
Conveniência e oportunidade são os elementos nucleares do Poder Discricionário. A primeira indica em que condições vai se conduzir o agente, a segunda em relação ao momento em que a atividade vai ser produzida. 
No entanto, a liberdade de escolha tem que se conformar com fim colimado na lei, pena de não ser atendido o objetivo público da ação administrativa.
Se o agente público a pretexto de agir com discricionariedade, se conduz fora os limites da lei ou em direta ofensa a essa, comete arbitrariedade e não discricionariedade. 
d) Regulamentar:	Embora a atividade normativa caiba predominantemente ao Legislativo, nele não se exaure, cabendo ao Executivo expedir regulamentos e outros atos normativos de caráter geral e de efeitos externos. É inerente ao Poder Executivo.
Trata-se de um mecanismo de que dispõe o Executivo para complementar as leis, para sua efetiva aplicabilidade, para que possam efetivamente ser aplicadas.
É a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para complementar as leis e permitir sua efetiva aplicação.
O poder regulamentar é de natureza derivada, eis que somente é exercido à luz de lei pré-existente.
O poder regulamentar opera-se, normalmente, por meio de decretos e regulamentos, instruções normativas, resoluções, portarias, etc. 
e) Hierárquico:	 É o meio de que dispõe a Administração Pública para organizar-se, distribuindo e escalonando as funções dos órgãos públicos; estabelecer a relação de subordinação entre seus agentes; e ordenar e rever a atuação de seus agentes.
f) Disciplinar:	É conferido à Administração para apurar infrações e aplicar penalidades funcionais a seus agentes e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, como é o caso das que por ela são contratados. Decorre do Poder Hierárquico.
4. Poder de Polícia:	É a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direitos, interesses ou liberdades individuais, regula a prática do ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público. É aplicado aos particulares.
São as intervenções, quer gerais e abstratas, como os regulamentos, quer específicas e concretas, como autorizações, licenças, permissões, etc. da Administração Pública destinadas a alcançar o fim de prevenir e obstar o desenvolvimento de atividades particulares contrastantes com os interesses sociais.
Ex: Art. 78, CTN:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
O fundamento do Poder de Polícia está estribado na supremacia que detém a Administração para garantir o interesse coletivo, isto é, na supremacia do interesse público.
O poder de polícia se expressa através da atividade de polícia administrativa. A polícia administrativa	tem poderes para limitar o uso e disposição de bens, direitos e atividades e é regida pelo Direito Administrativo. 
Não se confunda a polícia administrativa com a judiciária, eis que esta última está ligada à repressão de ilícitos penais, age exclusivamente sobre pessoas e é ditada pelas normas do processo penal.
Já a polícia administrativa dedica-se a previnir ou reprimir a ocorrência de atividades anti-sociais, não agindo sobre pessoas, mas sobre atividades, bens e direitos e é regida pelo Direito Administrativo. 
	 Poderes Administrativos
	Características Básicas
	Vinculado
	 poder para a prática de determinado ato, estipulando todos os requisitos e elementos necessários à sua validade.
	Discricionário
	 poder para a prática de determinado ato, com liberdade de escolha de sua conveniência e oportunidade. Existe uma gradação.
	Regulamentar
	 cabe ao Executivo expedir regulamentos e outros atos de caráter geral e de efeitos externos. É inerente ao Poder Executivo
	Hierárquico
	 distribuir e escalonar as funções dos órgãos públicos; estabelecer a relação de subordinação entre seus agentes; 
	Disciplinar
	 apurar infrações e aplicar penalidades funcionais a seus agentes e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa
	Poder de Polícia
	 limita ou disciplina direitos, interesses ou liberdades individuais; regula a prática do ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público. É aplicado aos particulares.
	
 
a) Atributos(Características) do Poder de Polícia
Discricionariedade Consiste na livre escolha, pela Administração Pública, dos meios adequados para exercer o poder de policia, bem como, na opção quanto ao conteúdo, das normas que cuidam de tal poder.
Auto-Executoriedade Possibilidade efetiva que a Administração tem de proceder ao exercício imediato de seus atos, sem necessidade de recorrer, previamente, ao Poder Judiciário, nem de depender de anuência do destinatário do ato.
Coercibilidade É a imposição imperativa do ato de policia a seu destinatário, admitindo-se até o emprego da força pública para seu normal cumprimento, quando houver resistência por parte do administrado.
O Poder de Polícia pode se expressar através de uma AtividadeNegativa, posto que em algumas situações pode impor aos administrados uma abstenção, isto é, uma obrigação de não fazer.
4.1 Uso e Abuso de Poder
O uso do Poder pela Administração Pública é uma atividade lícita. Entretanto, quando o agente público extrapola suas competências funcionais ou atua buscando fim diverso do interesse coletivo, pratica abuso de poder.
 O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. 
O gênero abuso de poder ou abuso de autoridade reparte-se em duas espécies bem caracterizadas: o excesso de poder e o desvio de finalidade.
4.1.1) Excesso de Poder
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da Administração fora do que a lei lhe permite. O excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. 
É uma forma de abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do administrador público, colocando-o na ilegalidade e até mesmo no crime de abuso de autoridade quando incide nas previsões penais da Lei 4.898, de 9.12.65, que visa a melhor preservar as liberdades individuais já asseguradas na Constituição (art. 5º).
4.1.2) Desvio de Finalidade ou de Poder
O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. 
O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a violação ideológica da lei, ou, por outras palavras, a violação moral da lei, colimando o administrador público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando motivos e meios imorais para a prática de um ato administrativo aparentemente legal. 
Tais desvios ocorrem, p. ex., quando a autoridade pública decreta uma desapropriação alegando utilidade pública mas visando, na realidade, a satisfazer interesse pessoal próprio ou favorecer algum particular com a subsequente transferência do bem expropriado; ou quando outorga uma permissão sem interesse coletivo; ou, ainda, quando classifica um concorrente por favoritismo, sem atender aos fins objetivados pela licitação.
O ato praticado com desvio de finalidade - como todo ato ilícito ou imoral - ou é consumado às escondidas ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade e do interesse público. Diante disto, há que ser surpreendido e identificado por indícios e circunstâncias que revelem a distorção do fim legal, substituído habilidosamente por um fim ilegal ou imoral não desejado pelo legislador. 
5. Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração; organização administrativa da União; administração direta e indireta. Terceiro Setor
a) Descentralização, Centralização, Concentração e Desconcentração.
Diz-se que a atividade administrativa é descentralizada quando é exercida por pessoa ou pessoas distintas do Estado. Diz-se que a atividade administrativa é centralizada quando é exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo conjunto orgânico que lhe compõe a intimidade.
Na centralização, o Estado atua diretamente por meio dos seus órgãos, isto é, das unidades que são simples repartições interiores de sua pessoa e que por isto dele não se distinguem. Consistem, portanto, em meras distribuições internas de plexos de competência, ou seja, em "desconcentrações" administrativas. 
Na descentralização, o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras pessoas, seres juridicamente distintos dele. 
Descentralização e desconcentração são conceitos claramente distintos. A descentralização pressupõe pessoas jurídicas diversas: aquela que originariamente tem a titulação sobre determinada atividade e aquela ou aquelas às quais foi atribuído o desempenho da atividade em causa.
A desconcentração está sempre referida a uma só pessoa, pois cogita-se da distribuição de competências na intimidade dela, mantendo-se, pois, o liame unificador da hierarquia
Ocorre a concentração quando há uma transferência das atividades dos órgãos periféricos para os centrais.
 
b) Organização Administrativa da União. Administração Direta e Indireta.
A organização administrativa mantém estreita correlação com a estrutura do Estado e a forma de Governo adotada; o Brasil, no caso uma federação, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de Direito, assegura a autonomia político-administrativa aos seus membros, mas sua administração há de corresponder, estruturalmente, as postulações constitucionais. 
a) Administração Direta
A Administração Pública, não é propriamente constituída de serviços, mas, sim, de órgãos a serviço do Estado, na gestão de bens e interesses qualificados da comunidade, o que nos permite concluir que no âmbito federal, a Administração direta é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura administrativa da União.
A Administração Direta possui poderes políticos e administrativos, eis que é responsável pela formulação de políticas públicas. 
a.1) Órgãos Públicos.
Órgãos Públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.
Características dos Órgãos; não tem personalidade jurídica; expressa a vontade da entidade a que pertence (União, Estado, Município); é meio instrumento de ação destas pessoas jurídicas; é dotado de competência, que é distribuída por seus cargos.
a.2) Administração Direta Federal
A Administração direta Federal é dirigida por um órgão independente, supremo e unipessoal, que é a Presidência da República, e por órgãos autônomos também, unipessoais, que são os Ministérios, aos quais se subordinam ou se vinculam os demais órgãos e entidades descentralizadas. 
a.3) Administração Direta Estadual
A Administração direta Estadual acha-se estruturada em simetria com a Administração Federal, atenta ao mandamento constitucional de observância aos princípios estabelecidos na mesma, pelos Estados-membros, e às normas complementares, relativamente ao atendimento dos princípios fundamentais adotados pela Reforma Administrativa. 
a.4) Administração Direta Municipal
A administração direta municipal é dirigida pelo Prefeito, que, unipessoalmente, comanda, supervisiona e coordena os serviços de peculiar interesse do Município, auxiliado por Secretários municipais, sendo permitida, ainda, a criação de autarquias e entidades estatais visando à descentralização administrativa. 
a.5) Administração Direta do Distrito Federal.
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios; entretanto, não é nenhum nem outro, constituindo uma entidade estatal anômala, ainda que, se assemelhe mais ao Estado, pois tem Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo próprios. Pode ainda, organizar seu sistema de ensino, instituir o regime jurídico único e planos de carreira de seus servidores, arrecadar seus tributos e realizar os serviços públicos de sua competência. 
b) Administração Indireta
A Administração indireta é o conjunto do entes (personalizados) que, vinculados a um Ministério, prestam serviços públicos ou de interesse público. 
A Administração Indireta, via de regra, possui, somente, poderes administrativos, eis que não lhe cabe, em tese, formular políticas públicas. O Banco Central é uma exceção a essa regra.
A expressão "Administração Indireta", que doutrinariamente deveria coincidir com "Administração Descentralizada", dela se afasta parcialmente. Por isto, ficaram fora da categorização como Administração indireta os casos em que a atividade administrativa é prestada por particulares, "concessionários de serviços públicos", ou por "delegados de funçãoou ofício público".
Em síntese, a administração federal compreende: I – a administração direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios; II – a administração indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) autarquias; b) fundações públicas; c) agências reguladoras; d) agências executivas; e) empresas públicas; e f) sociedades de economia mista.
Todas as entidades da administração indireta estão sujeitas: à necessidade da lei, para a sua criação; aos princípios da administração pública; à exigência de concurso público para admissão do seu pessoal; e à licitação para suas contratações.
A autarquia é criada diretamente pela Lei. As Empresas Públicas, as Sociedades de economia mista e as Fundações têm a sua criação autorizada por lei. Há necessidade de autorização legal também para a criação de subsidiárias das referidas entidades. 
b.1) Pessoas Jurídicas de Direito Público 
b.1.1) Autarquias
Entidades autárquicas são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que as criou (desempenham atividade típica da entidade estatal que a criou). 
As autarquias são criadas para desempenharem atividades típicas da administração pública e não atividades econômicas. O nosso direito positivo limitou o seu desempenho desde o Decreto-Lei 200.
 Funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento. As autarquias podem desempenhar atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração e da conduta de seus dirigentes.
 b.1.2) Fundações Públicas
São pessoas jurídicas de direito público, com características patrimoniais, criadas mediante autorização legal para desenvolver atividades que não sejam, obrigatoriamente, típicas do Estado.
Características:
 
Equiparam-se às autarquias;
Têm personalidade jurídica de direito público;
Base patrimonial.
 
O posicionamento das Fundações Públicas sempre foi variado. Hoje, com o advento da CF/88, foi encerrada essa dubiedade de posicionamento quando determina que a Fundação Pública é submetida ao regime da administração indireta.
 As Fundações Públicas foram equiparadas às Autarquias. Possuem personalidade jurídica de direito público.
 Hoje, não mais existe justificativa para se manter a diferença entre as Fundações e as Autarquias.
b.1.3) Agências Reguladoras
São autarquias especiais, assim consideradas por serem destinadas a realizar regulação e fiscalização sobre as atividades das concessionárias de serviços públicos. Ex: ANATEL, ANEEL, ANA, etc.
b.1.4) Agências Executivas
São pessoas jurídicas de direito público, galgadas a essa qualificação por apresentarem um planejamento estratégico para melhora na prestação de serviços públicos e no emprego de recursos públicos.
Firmam com o Estado um contrato de gestão, pelo qual se comprometem a atingir metas pré-estabelecidas. Caso não as atinja, podem vir a perder a qualificação conseguida.
 As Agências Executivas são autarquias que vão desempenhar atividades de execução na administração pública, desfrutando de autonomia decorrente de contrato de gestão. É necessário um decreto do Presidente da República, reconhecendo a autarquia como Agência Executiva. Ex.: INMETRO.
 
b.2) Pessoas Jurídicas de direito privado criadas pelo Estado
b.2.1) Empresas Públicas
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas por lei específica, com capital exclusivamente público, para realizar atividades de interesse da Administração instituidora nos moldes da iniciativa particular, podendo revestir qualquer forma e organização empresarial. Ex: ECT, CEF, CAESB, etc.
O que caracteriza a empresa pública é seu capital exclusivamente público, de uma só ou de várias entidades, mas sempre capital público. Sua personalidade é de Direito Privado e suas atividades se regem pelos preceitos comerciais. É uma empresa, mas uma empresa estatal por excelência, constituída, organizada e controlada pelo Poder Público.
Difere da autarquia e da fundação pública por ser de personalidade privada e não ostentar qualquer parcela de poder público; distingue-se da sociedade de economia mista por não admitir a participação do capital particular. 
Qualquer das entidades políticas pode criar empresa pública, desde que o faça por lei específica (CF, art. 37, IX); a empresa pública pode ter forma societária econômica convencional ou especial; tanto é apta para realizar atividade econômica como qualquer outra da competência da entidade estatal instituidora; quando explorar atividade econômica, deverá operar sob as normas aplicáveis às empresas privadas, sem privilégios estatais; em qualquer hipótese, o regime de seu pessoal é o da legislação do trabalho.
O patrimônio da empresa pública, embora público por origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma regulamentar ou estatutária, independentemente de autorização legislativa especial, porque tal autorização está implícita na lei instituidora da entidade. Daí decorre que todo o seu patrimônio bens e rendas - serve para garantir empréstimos e obrigações resultantes de suas atividades, sujeitando-se a execução pelos débitos da empresa, no mesmo plano dos negócios da iniciativa privada, pois, sem essa igualdade obrigacional e executiva, seus contratos e títulos de crédito não teriam aceitação e liquidez na área empresarial, nem cumpririam o preceito igualizador do § 1º do art. 173 da CF.
b.2.1) Sociedades de Economia Mista
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, com participação do Poder Público e de particulares no seu capital e na sua administração, para a realização de atividade econômica ou serviço de interesse coletivo outorgado ou delegado pelo Estado. EX: BB, PETROBRÁS, etc.
O objeto da sociedade de economia mista tanto pode ser um serviço público ou de utilidade pública como uma atividade econômica empresarial.
A forma usual de sociedade de economia mista tem sido a anônima, obrigatória para a União mas não para as demais entidades estatais.
Na extinção da sociedade, seu patrimônio, por ser público, reincorpora-se no da entidade estatal que a instituíra.
A sociedade de economia mista não está sujeita a falência, mas seus bens são penhoráveis e executáveis e a entidade pública que a instituiu responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.
b.2.2) Fundações de Direito Privado criadas pelo Estado
São pessoas jurídicas governamentais de direito privado, sem fins lucrativos, com características patrimoniais, destinadas, não obrigatoriamente a desenvolver atividades ti picas do Estado. Ex: Fundação Getúlio Vargas; IBGE. 
6.	 Ato administrativo: conceito; requisitos, perfeição, validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação, espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade.
A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais), quando desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição.
Temos, assim, na atividade pública geral, três categorias de atos inconfundíveis entre si: atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos.
A prática de atos administrativos cabe, em princÍpio e normalmente, aos órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as Mesas legislativas também os praticam restritamente, quando ordenam seus próprios serviços, dispõem sobre seus servidores ou expedem instruções sobre matéria de sua privativa competência. 
Esses atossão tipicamente administrativos, embora provindos de órgãos judiciários ou de corporações legislativas, e, como tais, se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito interno ou pelas vias judiciais, como os demais atos administrativos do Executivo.
Os atos administrativos são atos jurídicos praticados, segundo o Direito Administrativo, pelas pessoas administrativas, por intermédio de seus agentes, no exercício de suas competências funcionais, capaz de produzir efeitos com fim público.
6.1 Requisitos de Validade( ou de Formação) do Ato Administrativo
O exame do ato administrativo revela nitidamente a existência de cinco requisitos necessários à sua formação, a saber: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. 
Tais componentes, pode-se dizer, constituem a infra-estrutura do ato administrativo, seja ele vinculado ou discricionário, simples ou complexo, de império ou de gestão. São elementos indispensáveis à sua validade. 
6.1.1 Competência
Para a prática do ato administrativo a competência é a condição primeira de sua validade. Nenhum ato - discricionário ou vinculado - pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo.
Entende-se por competência administrativa o poder atribuído ao agente da Administração para o desempenho específico de suas funções. A competência resulta da lei e por ela é delimitada. Todo ato emanado de agente incompetente, ou realizado além do limite de que dispõe a autoridade incumbida de sua prática, é inválido, por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, qual seja, o poder jurídico para manifestar a vontade da Administração. 
6.1.2) Finalidade
A finalidade a ser buscada por um agente público, quando pratica um ato administrativo é aquela que a lei indica explícita ou implicitamente; não cabe ao administrador escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa.
Destarte, o ato administrativo deve ter por finalidade sempre o interesse público. Não se compreende ato administrativo sem fim público. A finalidade é, assim, elemento vinculado de todo ato administrativo - discricionário ou regrado - porque o Direito Positivo não admite ato administrativo sem finalidade pública ou desviado de sua finalidade específica.
6.1.3 Forma
É o revestimento exteriorizador do ato administrativo, a vontade da administração exige procedimentos especiais, formal e legal.
Todo ato administrativo, é, em princípio, formal; e compreende-se essa exigência, pela necessidade que ele tem de ser contrastado com a lei e aferido, pela própria Administração, ou pelo Judiciário, para verificação de sua validade.
Enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a da Administração exige procedimentos especiais e forma legal para que se expresse validamente. Daí podermos afirmar que, se, no Direito Privado, a liberdade da forma do ato jurídico é regra, no Direito Público é exceção. Todo ato administrativo é, em princípio, formal. E compreende-se essa exigência, pela necessidade.
6.1.4 Objeto
O objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente situações preexistentes.
Assim como o ato jurídico, a ato administrativo deve ter objeto lícito, possível e de interesse da Administração Pública.
6.1.5 Motivo
O motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. O motivo, como elemento integrante da perfeição do ato, pode vir expresso em lei como pode ser deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será um elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto à sua existência e valoração.
6.2 Mérito do Ato Administrativo
O conceito de mérito administrativo é de difícil fixação, mas poderá ser assinalada sua presença toda vez que a Administração decidir ou atuar valorando internamente as conseqüências ou vantagens do ato. O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar. 
Com efeito, nos atos vinculados, onde não há faculdade de opção do administrador, mas unicamente a possibilidade de verificação dos pressupostos de direito e de fato que condicionam o processus administrativo, não há falar em mérito, visto que toda a atuação do Executivo se resume no atendimento das imposições legais. 
Em tais casos a conduta do administrador confunde-se com a do juiz na aplicação da lei, diversamente do que ocorre nos atos discricionários, em que, além dos elementos sempre vinculados (competência, finalidade e forma), outros existem (motivo e objeto), em relação aos quais a Administração decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder.
O que convém reter é que o mérito administrativo tem sentido próprio e diverso do mérito processual e só abrange os elementos não vinculados do ato da Administração, ou seja, aqueles que admitem uma valoração da eficiência, oportunidade, conveniência e justiça. 
No mais, ainda que se trate de poder discricionário da Administração, o ato pode ser revisto e anulado pelo judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito administrativo, se aninhe qualquer ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder.
6.3 Teoria dos Motivos Determinantes
Pela motivação, o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos de fato) que ensejam o ato e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que autorizam sua prática. Claro está que, em certos atos administrativos oriundos do poder discricionário, a justificação será dispensável, bastando apenas evidenciar a competência para o exercício desse poder e a conformação do ato com o interesse público, que é pressuposto de toda atividade administrativa. 
Em outros atos administrativos, porém, que afetam o interesse individual do administrado, a motivação é obrigatória, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. 
A teoria dos motivos determinantes funda-se na consideração de que os atos administrativos, quando tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos, para todos os efeitos jurídicos. 
Tais motivos é que determinam e justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade. 
Mesmo os atos discricionários, se forem motivados, ficam vinculados a esses motivos como causa determinante de seu cometimento e se sujeitam ao confronto da existência e legitimidade dos motivos indicados. Havendo desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade, o ato é inválido.
Exemplificando, para maior compreensão, diremos que, se o superior, ao dispensar um funcionário exonerável ad nutum, declarar que o faz por improbidade de procedimento, essa "improbidade" passará a ser motivo determinante do ato e sua validade e eficácia ficarão na dependência da efetiva existência do motivo declarado. Se inexistir a declarada "improbidade" ou não estiver regularmente comprovada, o ato de exoneração será inválido, por ausência ou defeito do motivo determinante. No mesmo caso, porém, se a autoridade competente houvesse dispensado o mesmo funcionário sem motivar a exoneração (e podia fazê-lo, por se tratar de ato decorrente de faculdade discricionária), o ato seria perfeitamente válido e inatacável.
6.4 Atributos do Ato Administrativo
Os atos administrativos, como emanação do Poder Público, trazem em si certos atributos que os distinguem dos atos jurídicos privados e lhes emprestam características próprias e condições peculiares de atuação. Referimo-nos à presunção de legitimidade, à imperatividade e à auto-executoriedade.
Os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça.Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental.
6.4.1 Presunção de Legitimidade
A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade os atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos. Admite-se, todavia, a sustação dos efeitos dos atos administrativos através de recursos internos ou de mandado de segurança, ou de ação popular, em que se conceda a suspensão liminar, até o pronunciamento final de validade ou invalidade do ato impugnado.
Outra conseqüência da Presunção de legitimidade é a transferência do ônus da prova de invalidade do ato administrativo para quem a invoca. Cuide-se de argüição de nulidade do ato, por vício formal ou ideológico, a prova do defeito apontado ficará sempre a cargo do impugnante, e até sua anulação o ato terá plena eficácia.
6.4.2 Imperatividade
A imperatividade é o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. Esse atributo não está presente em todos os atos, visto que alguns deles o dispensam, por desnecessário à sua operatividade, uma vez que os efeitos jurídicos do ato dependem exclusivamente do interesse do particular na sua utilização. Os atos, porém, que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa (atos normativos, ordinatórios, punitivos) nascem sempre com imperatividade, ou seja, com a força impositiva própria do Poder Público, e que obriga o particular ao fiel atendimento, sob pena de se sujeitar a execução forçada pela Administração (atos auto-executórios) ou pelo Judiciário (atos não auto-executórios).
A imperatividade decorre da só existência do ato administrativo, não dependendo da sua declaração de validade ou invalidade. Assim sendo, todo ato dotado de imperatividade deve ser cumprido ou atendido enquanto não for retirado do mundo jurídico por revogação ou anulação, mesmo porque as manifestações de vontade do Poder Público trazem em si a presunção de legitimidade.
6.4.3 Auto-executoriedade
A auto-executoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração, independentemente de ordem judicial.
6.5 Classificação do Ato Administrativo
A classificação dos atos administrativos não é uniforme entre os publicistas, dada a diversidade de critérios que podem ser adotados para seu enquadramento em espécies ou categorias afins.
Adotar-se-á nesse trabalho a classificação de Hely Lopes Meirelles.
6.5.1 Quanto aos Destinatários
Quanto aos seus destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais. 
Atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. 
São atos de comando abstrato e impessoal, semelhantes aos da lei, e, por isso mesmo, revogáveis a qualquer tempo pela Administração, mas inatacáveis por via judicial, a não ser pela representação de inconstitucionalidade. Exemplos desses atos são os regulamentos, nas instruções normativas e nas circulares ordinatórias de serviços.
A característica dos atos gerais é que eles prevalecem sobre os atos individuais, ainda que provindos da mesma autoridade. Assim, um decreto individual não pode contrariar um decreto geral ou regulamentar em vigor. Isto porque o ato normativo tem preeminência sobre o ato específico.
Os atos gerais, quando de efeitos externos, dependem de publicação no órgão oficial para entrar em vigor e produzir seus resultados jurídicos, pois os destinatários só ficam sujeitos às suas imposições após essa divulgação.
Atos administrativos individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular. O mesmo ato pode abranger um ou vários sujeitos, desde que sejam individualizados. Tais atos, quando de efeitos externos, entram em vigência pela publicação no órgão oficial, e, se de efeitos internos ou restritos a seus destinatários, admitem comunicação direta para início de sua operatividade ou execução. 
São atos individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, assim como as outorgas de licença, permissão e autorização, e outros mais que conferem um direito ou impõem um encargo a determinado administrado ou servidor.
6.5.2 Quanto ao Alcance
Quanto ao alcance os atos administrativos podem ser internos ou externos. 
Atos administrativos internos são os destinados a produzir efeitos no recesso das repartições administrativas, e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração que os expediram. São atos de operatividade caseira, que não produzem efeitos em relação a estranhos.
Atos administrativos externos, ou, mais propriamente, de efeitos externos, são todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração. Tais atos, pela sua destinação, só entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento. Consideram-se, ainda, atos externos todas as providencias administrativas que, embora não atingindo diretamente o administrado, devam produzir efeitos fora da repartição que as adotou, como também as que onerem a defesa ou o patrimônio público, porque não podem permanecer unicamente na intimidade da Administração, quando repercutem nos interesses gerais da coletividade.
6.5.3 Quanto ao Objeto
Quanto ao seu objeto os atos administrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente.
Atos de império ou de autoridade são todos aqueles que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento. É o que ocorre nas desapropriações, nas interdições de atividade, nas ordens estatutárias. Tais atos podem ser gerais ou individuais, internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade onipotente do Estado e seu poder de coerção. São, normalmente, atos revogáveis e modificáveis a critério da Administração que os expediu. 
Atos de gestão são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal ocorre nos atos puramente de administração dos bens e serviços públicos e nos negociais com os particulares, que não exigem coerção sobre os interessados. Esses atos serão sempre de administração, mas nem sempre administrativos típicos, principalmente quando bilaterais, de alienação, oneração ou aquisição de bens, que se igualam aos do Direito Privado, apenas antecedidos de formalidades administrativas para sua realização (autorização legislativa, licitação, avaliação etc.). Tais atos, desde que praticados regularmente, tornam-se vinculantes, geram direitos subjetivos e permanecem imodificáveis pela Administração, salvo quando precários por sua própria natureza.
Atos administrativos de expediente são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial, geralmente praticados por servidores subalternos, sem competência decisória.
6.5.4 Quanto ao Regramento
Quanto ao seu regramento, os atos podem ser vinculados e discricionários.
Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização. Nessa categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase que por completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ação ficaadstrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa. Desatendido qualquer requisito, compromete-se a eficácia do ato praticado, tornando-se passível de anulação pela própria Administração, ou pelo Judiciário, se assim o requerer o interessado.
Atos discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização. A rigor, a discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas sim no poder de a Administração praticá-lo pela maneira e nas condições que repute mais convenientes ao interesse público. 
O ato discricionário não se confunde com ato arbitrário. Discrição e arbítrio são conceitos inteiramente diversos. Discrição é liberdade de ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato discricionário, portanto, quando permitido pelo Direito, é legal e válido; ato arbitrário é, sempre e sempre, ilegítimo e inválido.
A atividade discricionária não dispensa a lei, nem se exerce sem ela, senão com observância e sujeição a ela.
A discricionariedade está em permitir o legislador que a autoridade administrativa escolha, entre as várias possibilidades de solução, aquela que melhor corresponda, no caso concreto, ao desejo da lei. 
Discricionários só podem ser os meios e modos de administrar; nunca os fins a atingir. Em tema de fins não existe jamais, para a Administração, um poder discricionário. Porque não lhe é nunca deixado poder de livre apreciação quanto ao fim a alcançar. O fim é sempre imposto pelas leis e regulamentos, seja explícita, seja implicitamente.
O que a doutrina assinala é que o ato, embora resultante de poder discricionário da Administração, não pode prescindir de certos requisitos, tais como a competência legal de quem o pratica, a forma prescrita em lei ou regulamento e o fim indicado no texto legal em que o administrador se apoia. Exemplifiquemos: se determinada lei prevê diversas penalidades administrativas para uma infração, o poder discricionário da Administração manifesta-se na escolha da penalidade que entender adequada ao caso ocorrente, dentre as enumeradas no texto. Mas, se a lei indica o processo de apuração dessas infrações, não pode a autoridade usar de outro meio de verificação, nem modificar o que está indicado. Na aplicação de penalidade sua faculdade é discricionária; no procedimento para a verificação da infração sua atividade é vinculada ou regrada.
6.6 Espécies de Atos Administrativos – 
6.6.1 Atos Normativos: são aqueles que contém um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei; o objetivo imediato é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados; estabelecem regras gerais e abstratas de conduta; tem a mesma normatividade da lei e a ela se equiparam para fins de controle judicial; quando individualizam situações e impõe encargos específicos a administrados, podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por via judicial comum, ou por mandado de segurança. 
6.6.1.1 Principais Atos Normativos – 
Decretos: são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do executivo, destinados a instrumentalizar tanto atos concretos (declaração de utilidade pública de certos bens para fins de expropriação ou desligamento de funcionário do serviço público) como atos abstratos (normativos), a exemplo dos regulamentos; como ato administrativo está sempre em situação inferior a lei, e por isso, não a pode contrariar. 
Instruções normativas: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos (CF, artigo 87, parágrafo único, II).
Regimentos: são atos administrativos normativos de atuação interna, dado que se destinam a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas; só se dirige aos que devem executar o serviço ou realizar a atividade funcional regimentada.
 Resoluções: são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para administrar matéria de sua competência específica. Ex: o Conselho Nacional de Trânsito, pela Resolução 378/67, disciplinou o estacionamento de veículos na vias públicas.
Atos Ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes; emanam do poder hierárquico; só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu; dentre os atos ordinatórios merecem exame: 
a) Instruções: são ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execução de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico com o escopo de orientar os subalternos no desempenho das atribuições que lhes estão afetas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo.
b) Circulares: são ordens escritas, de caráter uniforme expedidas a determinados funcionários incumbidos de certo serviço, ou de desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais.
C) Avisos: são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos afetos aos seus ministérios. Têm a mesma natureza das instruções. É, também, a denominação que se dá à comunicação entre Ministros.
d) Portarias: são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgão, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para função e cargos secundários.
e) Ordens de Serviço: são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obra ou serviços públicos autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter administrativo, ou especificações técnicas sobre o modo e forma de sua realização.
f) Ofícios: são comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre Administração e particulares. 
Atos Negociais - São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público; enquadram-se os seguintes atos administrativos: 
Licença: é o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado atendeu todas as exigências legais, faculta-lhe o desempenho de atividades ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular. Exemplo: o exercício de uma profissão, a construção de um edifício em terreno próprio. 
Autorização: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade material, de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia da Administração, tais como, o porte de arma. 
Permissão: é ato administrativo negocial, vinculado ou discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração. Ex: serviços de transporte coletivo; de produção e distribuição de energia elétrica; permissão de uso de bem público.
6.6.5 Atos enunciativos - São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado; dentre os mais comuns estão os seguintes: 
Certidões (Administrativas): são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes no processo, livro ou documento que se encontre nas repartições públicas; o fornecimento de certidões é obrigação constitucional de toda repartição pública, desde que requerida pelo interessado; devem ser expedidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, contados do registro do pedido. (Lei 9051/95).
Atestados: são atos pelos quais a Administração comprovaum fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes. 
Pareceres: são manifestações de órgão técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração; tem caráter meramente opinativo; 
6.6.6 Atos Punitivos - São os que contêm uma sanção imposta pela Administração àqueles que infringem disposições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens e serviços públicos; visam a punir e reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares perante a Administração. 
Multa: é toda imposição pecuniária a que sujeita o administrado a título de compensação do dano presumido da infração; é de natureza objetiva e se torna devida independentemente da ocorrência de culpa ou dolo do infrator. 
Interdição de Atividade: é o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens; deve ser precedida de processo regular e do respectivo auto, que possibilite defesa do interessado.
Destruição de coisas: é o ato sumário da Administração pelo qual se inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei. 
EXTINÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS
	ESPÉCIES
	LEGITIMIDADE
	MOTIVO
	EFEITOS
	DIREITOS ADQUIRIDOS
	ANULAÇÃO
	ADM PÚBLICA 
E
PODER JUDICIÁRIO
	ILEGALIDADE DE 
ATO ADM
	EX TUNC
	EM PRINCÍPIO NÃO HÁ, EXCETO PARA TERCEIROS DE BOA FÉ
	REVOGAÇÃO
	ADM PÚBLICA
	CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE
	EX NUNC
	DIREITOS ADQUIRIDOS SÃO GERADOS NO PERÍODO EM QUE VIGEU O ATO.
	CASSAÇÃO
	ADM PÚBLICA E PODER JUDICIÁRIO
	DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES PELO BENEFICIÁRIO DO ATO
	EX NUNC
	DIREITOS ADQUIRIDOS SÃO GERADOS NO PERÍODO EM QUE VIGEU O ATO. 
6.8 CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
Para José dos Santos CARVALHO FILHO a convalidação (também denominada por alguns autores de aperfeiçoamento ou sanatória) é o processo de que se vale a Administração Pública para aproveitar atos administrativos com vícios superáveis, de forma a confirmá-los no todo ou em parte. 
Só é admissível o instituto da convalidação para a doutrina dualista, que aceita possam os atos administrativos ser nulos ou anuláveis. Lúcia Valle FIGUEIREDO tece comentários que o instituto da convalidação tem a mesma premissa pela qual se demarca a diferença entre vícios sanáveis e insanáveis, existente no direito privado. 
A grande vantagem em sua aceitação no Direito Administrativo é a de poder aproveitar-se atos administrativos que tenham vícios sanáveis, o que freqüentemente produz efeitos práticos no exercício da função administrativa. 
Por essa razão, o ato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez que retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi praticado o ato originário. 
6.9 O SILÊNCIO DA ADMINISTRAÇÃO.
Existe um adágio popular, pelo qual, quem cala consente.
Quando a omissão é protagonizada pela Administração Pública, deve-se entender que: quando a Administração Pública cala, ela não consente, de tal sorte que, o seu silêncio significa indeferimento.
Portanto, tal omissão é motivo suficiente para, na esfera judicial, buscar-se a correção da ilegalidade por meio de mandado de segurança.
7. AGENTES PÚBLICOS
7.1 Agentes políticos
São aqueles que ocupam a mais alta estrutura constitucional do Estado e que são capazes de formular políticas públicas. Ex: PR e Vice; Governadores e vices; prefeitos e vices; Prefeitos e vices; Deputados Federais; Senadores; Deputados Estaduais; Vereadores.
Há controvérsia acerca dos magistrados e Membros do Ministério Público, sendo certo que, alguns doutrinadores os consideram agentes políticos e outros os consideram servidores públicos, ocupantes de cargos vitalícios.
7.2 Servidores Públicos
É o servidor que titulariza cargo público. Ingressa via concurso, é nomeado em caráter efetivo (permanente) e está sujeito ao regime estatutário, submetendo-se ao regime estatutário.
Mantêm com Estado uma relação institucional, assim, o seu vinculo com o Ente Federativo é regido por lei ou estatuto.
Impende consignar que, se o vínculo é regido por lei, assim, qualquer alteração na norma implicará alteração no vínculo, fato que independe.
Normalmente, ocupam cargos públicos na Administração Direta, Autárquica e nas Fundações Governamentais de Direito Privado.
7.3 Empregados Públicos
Titularizam empregos púbicos. Ingressam via concurso e sujeitam-se ao regime celetista (não é o mesmo da iniciativa privada). 
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista que exerçam atividade econômica, o regime é o celetista.
Mantêm com o Estado um vínculo contratual, regido, portanto, por um contrato de trabalho baseado na CLT.
Em se tratando de vínculo contratual, quaisquer alterações somente podem ser feitas mediante anuência das partes (Administração e empregado).
Apesar de serem celetistas, os empregados públicos têm estabilidade por ingressarem no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e títulos. 
 Normalmente ocupam empregos públicos nas sociedades de economia mista, nas empresas públicas e nas fundações governamentais de direito privado.
7.4 Contratados Temporariamente Para Necessidade de Excepcional Interesse Público.
A Carta Política autoriza o administrador público a contratar empregados por tempo determinado para atender necessidade de excepcional interesse público, de acordo com o art. 37, inciso IX, do referido diploma maior.
No entanto, o dispositivo constitucional remete à lei a definição das situações de excepcional interesse público que possa dar ensejo a contratação por tempo determinado.
Destarte, por intermédio da lei federal n° 8.745/93, foram definidas as situações consideradas de excepcional interesse público que justificam tal prática.
Para a contratação por prazo determinado, de acordo com a jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal, "(...) deverão ser atendidas as seguintes condições: a) previsão em lei dos casos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de interesse público excepcional.
A lei referida pela Carta Maior deve ser editada no âmbito da entidade federativa responsável pela contratação, sendo que na esfera federal a matéria é regida pela Lei n° 8.745/93. 
Desta maneira, Estados e Municípios devem editar suas leis a respeito, que regularão tanto as contratações do Executivo quanto do Legislativo. 
Deve a lei estabelecer critérios objetivos para a identificação do que possa ser considerado excepcional interesse público. 
Não atende aos requisitos constitucionais a lei que somente autoriza as contratações que determina, estabelecendo simplesmente o quantitativo ou o nome dos contratados, sem a necessária caracterização do interesse a ser atendido. 
É importante ressaltar que a lei deverá estabelecer as situações específicas autorizadoras da contratação temporária, não fazendo sentido a exigência de uma lei para cada situação específica de contratação. 
Nessa direção, o Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade de leis que "(...)instituem hipóteses abrangentes e genéricas de contratação temporária, não especificando a contingência fática que evidenciaria a situação de emergência, atribuindo ao chefe do Poder interessado na contratação estabelecer os casos de contratação" (ADI 3210 Relator: Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 11/11/2004 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJ DATA-03-12-2004). 
Nestes termos, sob pena de incompatibilidade com a Constituição, deve a lei especificar quais são as atividades de necessidade pública para a contratação temporária, demonstrando a real existência de necessidade temporária que autorize a contratação de pessoal (ADI 2987/SC, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 19.2.2004).
Dentre as situações previstas pela lei, merecem destaque as abaixo elencadas por serem situações gerais e não específicas de determinados ministérios ou órgãos públicos:
assistência a situações de calamidade pública;
combate a surtos endêmicos;
realização de recenseamentos e outras pesquisas denatureza estatística efetuadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; (Redação dada pela Lei nº 9.849, de 1999).
admissão de professor substituto e professor visitante;
admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;
7.5 Particulares em Colaboração com o Estado.
7.5.1 Agentes Honoríficos. 
Prestam serviços relevantes para o Estado, em caráter altruísta e não remunerada. Ex: mesários em eleições e Jurados integrantes do Tribunal do Júri.
7.5.2 Agentes Delegados. 
Detêm outorga do Estado para prestarem serviços públicos em seu nome. São remunerados pelos usuários do serviço que prestam. Ex: tabeliões e notários públicos; reitores e diretores de estabelecimentos particulares de ensino; diretores de hospitais particulares; responsáveis por concessionárias de serviços públicos.
7.5.3 Agentes Credenciados
Representam o Estado em determinado evento. Destarte, ostentam a condição de agente público por período efêmero.
7.5.4 Gestores de Negócios
Fazem as vezes de um agente público, voluntariamente, por ausência ou impossibilidade deste. Ex: particular que assume a condução de uma ambulância de hospital público, porque o motorista (servidor público) teve mal súbito. 
8. Servidores Públicos
Competência para legislar sobre essa matéria:
A União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal têm competência para legislar sobre servidores, sendo cada um no seu campo de atuação. 
Estas pessoas podem inovar a Constituição Federal desde que não agridam seus princípios (art. 37 da CF). Ex: O regime disciplinar e o regime de vantagens dos servidores estão disciplinados no Estatuto dos Servidores e não na Constituição Federal.
 Servidores públicos são os agentes públicos que mantém com o Estado vínculo de natureza profissional.
 8.1 Ingresso na Administração Pública
8.1.1 Legitimidade para ingresso:
Os brasileiros e estrangeiros que preencherem os requisitos legais poderão ingressar na Administração Pública. “Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei” (art. 37, I da CF).
O ingresso do estrangeiro foi permitido com a emenda constitucional 19/98, mas antes disso era possível apenas para a função de professor em Universidades. “É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei” (art. 207, §1º da CF). 
Há ainda cargos que a Constituição Federal restringe tão somente aos brasileiros natos, como por exemplo, o artigo 12, §3º da Constituição Federal que traz a linha sucessória do Presidente da República.
8.1.2 Requisitos para ingresso:
O Estatuto dos servidores públicos da União (Lei 8112/90), suas Autarquias e Fundações traz em seu artigo 5º os requisitos para ingresso na Administração Pública:
Nacionalidade brasileira (art. 5º, I da Lei 8.112/90).
Gozo dos direitos políticos (art. 5º, II da Lei 8.112/90).
Quitação com as obrigações militares e eleitorais (art. 5º,III da Lei 8.112/90).
Nível de escolaridade exigido para o exercício da função pública (art. 5º, IV da Lei 8.112/90).
Idade mínima de 18 anos (art. 5º, V da Lei 8.112/90).
Aptidão física e mental (art. 5º, VI da Lei 8.112/90).
“As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei” (art. 5º, parágrafo único da Lei 8.112/90). Tais exigências devem vir acompanhadas das razões que as justificam, para que o Poder Judiciário possa fazer um controle de legalidade quando acionado por aqueles que se sentiram lesados.
 “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público” (súmula 686 do STF).
8.1.3 Forma de ingresso:
“A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração” (art. 37, II da CF).
8.1.3.1.  Regra Geral: CONCURSO PÚBLICO.
A investidura em cargo (regime estatutário) ou emprego público (regime celetista) depende de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego na forma prevista em lei. 
Estão presentes os princípios da impessoalidade, isonomia e moralidade. Da impessoalidade, pois o concurso público é a forma mais impessoal de se contratar. Da isonomia, pois os candidatos vão se submeter às mesmas provas. E da moralidade, pois contratar sem concurso é ato de imoralidade (ilegalidade).
Provas e títulos: O concurso não pode ser feito apenas em títulos, assim deve ser realizado com base em provas ou provas e títulos; O administrador deve demonstrar a correspondência das provas e títulos com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego.
Investiduras: A exigência do concurso público não se restringe tão somente a primeira investidura (originária), mas também para as investiduras derivadas (princípio da eficiência). 
Na derivada o concurso público terá um caráter interno, direcionado àqueles que já integram a Administração Pública e preencham os requisitos do cargo ou emprego. A investidura derivada pode ser vertical (sai de um cargo para ocupar outro com ascensão funcional) ou horizontal (sai de um cargo para ocupar outro sem ascensão funcional). 
Deficiente: O deficiente também deve prestar concurso público, submetendo-se à mesma prova e à mesma nota de corte, porém como há uma discriminação no mercado do trabalho, irão concorrer entre si (Princípio da impessoalidade e da isonomia).
“A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão” (art. 37, VIII da CF). 
“Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscreverem em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% das vagas oferecidas no concurso” (art. 5º, §2º da Lei 8112/90).
Edital: As exigências de ingresso só podem ser feitas por lei que regulamenta a carreira, assim o edital pode no máximo, reproduzir a lei. Se criar novas exigências ferirá o princípio da separação dos poderes.
“É livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” (art. 5º, XIII da CF). 
 Publicidade: O concurso público não pode ter nenhuma fase sigilosa. Assim, o candidato tem que ter direito a acessar a sua prova, a saber quais motivos levaram à desclassificação (garante-se o contraditório e ampla defesa). 
É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato em concurso público” (súmula 684 do STF).
Prazo de validade do concurso: “O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período” (art. 37, III da CF).  A prorrogação é uma faculdade do Poder Público. 
Os dois anos representam um teto, assim a prorrogação só pode ser feita dentro desses dois anos e por igual período.
“Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado” (art. 12, §2º da Lei 8112/90).
O aprovado em concurso não tem direito adquirido à nomeação, tem apenas direito de não ser preterido por ninguém que tenha tirado nota inferior a sua e por nenhum novo concursado durante o prazo de validade do concurso. “Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego na carreira” (art. 37, IV da CF).
 Somente o nomeado em concurso tem direito à posse (súmula 16 do STF). “A posse ocorrerá em 30 dias da publicação do ato de provimento” (art. 13, §1º da Lei 8112/90). A investidura termina com o efetivo desempenho das atribuições.

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