Buscar

ProduçãodeCimento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE COMUNITÁRIA DE JOÃO MONLEVADE 
INSTITUTO ENSINAR BRASIL - REDE DOCTUM DE ENSINO 
 
 
 
BRUNA CAROLINE, 3° período 
FERNANDA ARAUJO, 3° período 
FRANCISLEY ALEX, 3° período 
GUSTAVO GONÇALVES, 3° período 
JANAÍNA SANTOS, 3° período 
JÚNIA AP. JULIO, 3° período 
KAROLAYNE THAÍNE, 3° período 
LEANDRO MARINHO, 3° período 
MATEUS PAULO, 3° período 
 
 
 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
João Monlevade 
2017 
1 
 
 
BRUNA CAROLINE, 2° período 
FERNANDA ARAUJO, 2° período 
FRANCISLEY ALEX, 2° período 
GUSTAVO GONÇALVES, 2° período 
JANAÍNA SANTOS, 2° período 
JÚNIA AP. JÚLIO, 2° período 
KAROLAYNE THAÍNE, 2° período 
LEANDRO MARINHO, 2° período 
MATEUS PAULO, 2° período 
 
 
 
PRODUÇÃO DE CIMENTO NO BRASIL 
 
 
Trabalho acadêmico apresentado 
para a disciplina Materiais de 
Construção ministrada no 3° 
período do curso de Engenharia 
Civil como requisito parcial para 
aprovação. 
Prof. Orientador: Roger Russell 
 
 
 
João Monlevade 
2017 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO 04 
IMPACTOS À SAÚDE DOS BRASILEIROS 05 
a) Na saúde dos operários da fábrica de cimento 05 
b) Na saúde da mão de obra da construção civil 06 
c) Estatísticas brasileiras sobre lesões 08 
IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE 10 
a) Resíduos resultantes na fabricação do cimento 11 
I – Qual são os resíduos e qual sua destinação 11 
II – Registros de acidentes ambientais 20 
b) Poluição atmosférica 24 
I – Impactos resultantes da alta carga de poeiras sobre o meio 
ambiente 24 
II – Como está a qualidade do ar nas áreas no entorno das fabricas 
e o que tem siso feito em termos de redução de poluição 26 
PRINCIPAIS FÁBRICAS NO BRASIL E SUAS LOCALIDADES 33 
ESTAMOS MODERNIZANDO OSSAS FABRICAS? 34 
AO SER HUMANO ESTÁ MAIS PROTEGIDO? 35 
O MEIO AMBIENTE TEM SIDO PRESERVADO? 35 
CONCLUSÃO 38 
REFERÊNCIAS 39 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
O cimento tem grande importância para a sociedade, por imprimir na civilização 
atual e em suas cidades uma espécie de “face” comum. A utilização do cimento 
pode ser considerada como uma espécie de “marca” da civilização atual, pois 
desde o início do século XX tem sido a solução econômica e em grande escala 
tanto para o problema de moradia e assentamentos humanos, como para a 
construção de grandes obras da engenharia moderna. Entretanto, a produção 
do cimento gera impactos no meio ambiente e na saúde humana, em quase 
todas as suas fases de produção. Embora o setor esteja cada vez mais 
aprimorado, com o uso de novas técnicas e equipamentos que geram menos 
problemas, ainda há registros de danos gerados pelas fábricas em algumas 
regiões. Há impactos e danos à saúde desde a extração de matéria-prima, que 
gera degradação e alterações no ambiente natural próximo às fábricas e às 
áreas de mineração, passando pela emissão de material particulado, causador 
de muitos problemas à saúde humana, até o macroimpacto gerado na fase de 
clinquerização, com forte emissão de gases de efeito estufa, principalmente o 
dióxido de carbono. O processo produtivo do cimento tem sido apontado como 
gerador de impactos tanto ambientais, como sociais. Impactos relacionados 
com as comunidades no entorno das fábricas eram corriqueiros e alguns deles 
causavam conflitos com seus habitantes, tanto por gerarem problemas no meio 
natural como por questões relacionadas à saúde humana, tais como: 
contaminações no ar, na água ou no solo. Atualmente, nem todas as fábricas 
de cimento são problemáticas, já que parte delas vem cada vez mais se 
comportando de forma a atender legislações, buscando uma maior 
responsabilidade socioambiental. A indústria do cimento é responsável por 
aproximadamente 3% das emissões mundiais de gases de efeito estufa e por 
aproximadamente 5% das emissões de CO2 (CSI, 2002). 
 
5 
 
IMPACTO À SAÚDE DOS BRASILEIROS 
 
a) Na saúde dos operários da fábrica de cimento 
Em estudo realizado por Ribeiro et al. (2002, p. 1244) sobre a saúde do 
trabalhador nas fábricas de cimento, a autora alerta para o fato de que pouco 
se conhece sobre a realidade das indústrias brasileiras de cimento, pois, é 
pequeno o número de estudos disponíveis na literatura. Estudos internacionais 
indicam uma alta correlação entre o nível de exposição ao material particulado 
e doenças respiratórias dos trabalhadores (Alvear-Galindo, 1999; Vestbo, 1990; 
Yang, 1996, Apud Ribeiro et al., 2002, p. 1243). 
A exposição de trabalhadores a material particulado na indústria de produção 
de cimento é potencialmente uma das mais preocupantes em função do fato de 
trabalharem com material sólido, onde a possibilidade de geração de poeiras é 
elevada, expondo o trabalhador a riscos. Relatório técnico sobre as indústrias 
cimenteiras de Cantagalo (Rio de Janeiro), realizado por equipe do Centro de 
Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana destaca que: 
[...] os trabalhadores estão constantemente expostos, a vários fatores de 
risco à saúde, tais como, a alta concentração de partículas em 
suspensão; falta de equipamentos de proteção, segurança e 
comunicação. Os resultados das avaliações técnicas realizadas na 
fábrica de Cantagalo demonstram que a empresa possui um parque 
tecnológico obsoleto e poluidor, com altos níveis de contaminação 
individual que se reflete em casos de pneumoconioses, dermatites de 
contato e irritações diversas das vias aéreas superiores, altos índices de 
incidentes críticos e acidentes leves. (Ribeiro, et al. 2002, p. 1247) 
Evidentemente, nem todas as fábricas possuem o mesmo padrão descrito pelo 
estudo citado. Entretanto, há uma resistência generalizada das fábricas em 
abrirem suas portas para a realização de estudos, ou mesmo para a 
fiscalização por parte do Estado, podendo demonstrar que pode haver 
problemas que não vêm sendo abordados de forma apropriada. O que ocorre 
no interior de algumas fábricas, no Brasil, ainda é pouco conhecido, o que 
enseja novos estudos e pesquisas. Outro aspecto interessante de se observar 
a partir do estudo de Ribeiro, refere-se ao fato de que, por extensão, pode se 
6 
 
imaginar o tipo de impacto que pode estar sendo gerado na saúde de 
comunidades próximas às fábricas. Já que em alguns casos a distância entre 
fábrica e comunidade é muito pequena, como é o caso das fábricas instaladas 
na região da Fercal, no Distrito Federal. 
b) Na saúde da mão de obra da construção civil 
A utilização do cimento, sem o uso de equipamentos de proteção adequados, 
poderá acarretar sérios danos à saúde do trabalhador. É classificado como 
"material irritante", ou seja, reage em contato com a pele, com os olhos e vias 
respiratórias. Para melhorcompreendermos, o cimento reage em contato com 
a epiderme devido à sua umidade (transpiração do corpo), após contato 
prolongado. A liberação de calor, por reação em contato com superfície líquida, 
provoca lesões que variam desde queimaduras até dermatites de contato. 
É comum observar a ação alcalina do cimento sobre a superfície da pele (em 
especial, mãos e pés) nos operários da construção civil. O cimento exerce um 
efeito abrasivo sobre a camada córnea da pele. As lesões são claramente 
visíveis: vermelhidão (eritema), inchaço (edema), eczema, bolhas, fissuras e 
necrose do tecido. 
Em situações especiais de contato, por exemplo, poderia ocorrer o ingresso do 
cimento no interior de um EPI – como a bota – e, o atrito com a pele, 
provocaria ulcerações, culminando em necrose. Os cuidados devem ser 
redobrados coma sensibilidade dos olhos: o cimento pode causar irritações 
conjuntivas e até mesmo lesões mais graves e irreversíveis como a cegueira. 
As imagens a seguir exemplificam algumas lesões (dermatites de contato) 
causadas pelo contato com o cimento sem a devida ou correta utilização de 
equipamentos de proteção individual: 
7 
 
 
O último foco de análise dos riscos destaca a inalação de poeiras deste 
material. O tempo de exposição à poeira – sem os devidos métodos de 
segurança que serão destacados posteriormente - é o ponto chave neste 
processo. Estima-se que o período entre 10 a 20 anos de exposição às poeiras 
são suficientes para o desenvolvimento de doenças pulmonares, as chamadas 
pneumoconioses. As pneumoconioses são patologias resultantes da 
deposição, por inalação, de partículas sólidas nos pulmões. O quadro é 
agravado com o passar dos anos. A poeira inalada permanece depositada nos 
pulmões, criando um quadro de fibrose, ou seja, o endurecimento do tecido 
pulmonar. A capacidade elástica dos pulmões é comprometida. 
Dentre as pneumoconioses mais conhecidas destacamos a Silicose e a 
Asbestose. A silicose é uma patologia pulmonar causada pela inalação de 
sílica livre cristalizada (quartzo). Ocorre um processo de fibrose, com formação 
de nódulos isolados e nódulos conglomerados e disfunção respiratória nos 
estágios avançados. Dentre as atividades mais suscetíveis ao risco de 
contaminação, destacam-se o beneficiamento de minerais, o jateamento de 
areia, cavação de poços e o beneficiamento de cimento. 
Asbestose é outra patologia causada pelo depósito de asbesto ou amianto nos 
pulmões. É indiscutivelmente cancerígena. Dentre as atividades mais 
suscetíveis ao risco de contaminação, destacam-se a fabricação de cimento-
amianto, atividades com materiais de fricção (pastilhas de freio), além da 
produção de pisos e produtos têxteis. O diagnóstico pode ser realizado através 
de abreugrafia (Raios-X de tórax), além do histórico clínico e ocupacional do 
trabalhador. 
8 
 
Dentro de uma gama de patologias, a listagem de outras como, por exemplo, 
pulmão negro, enfisema, asma, bronquite, entre outras. 
 
c) estatísticas brasileiras sobre lesões 
A construção civil é o quinto setor econômico em número de acidentes e o 
segundo que mais mata trabalhadores no Brasil. A participação do setor no 
total de acidentes fatais no país passou de 10%, em 2006, para os atuais 16% 
e hoje responde por 450 mortes todos os anos. Os dados consideram apenas 
os empregados formais vinculados aos CNAES (Classificação Nacional de 
Atividade Econômica) e os anuários estatísticos de acidentes de trabalho do 
INSS. 
Pelos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), o risco de um 
trabalhador morrer na construção civil é mais do que o dobro da média, 
considerando-se o número de operários nessa atividade em relação ao 
conjunto do mercado de trabalho. Em geral, a probabilidade de um empregado 
se incapacitar permanentemente nesse setor é seis vezes maior do que o 
conjunto de trabalhadores das demais atividades. 
9 
 
 
 
 
 
10 
 
IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE 
 
As fábricas de cimento acabam poluindo o ambiente e são responsáveis por 
impactos ambientais relevantes. 
E, apesar do processo de fabricação desse material não produzir resíduos 
sólidos diretamente, já que as cinzas provenientes da queima dos combustíveis 
no forno rotativo são normalmente incorporadas no próprio clínquer, há uma 
alta emissão de poluentes gasosos e material particulado. 
Dessa maneira, os principais impactos são provocados pela emissão dos 
gases poluentes provenientes dessa queima. Um exemplo é a alta emissão de 
dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases que desequilibram o efeito 
estufa. 
Sob a orientação do World Business Council for Sustainable Development 
(WBCSD - Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento 
Sustentável), a Cement Sustainable Initiative (CSI - Iniciativa para a 
Sustentabilidade do Cimento) encomendou um vasto programa de pesquisa 
sobre o impacto da indústria do cimento em nível mundial e trabalhou para 
desenvolver um plano de ação, de modo a encontrar formas para melhorar a 
sustentabilidade da produção do cimento. 
As cimenteiras são responsáveis por cerca de 5% da emissão global de dióxido 
de carbono (CO2), de fonte antrópica, liberado anualmente na atmosfera. 
Estima-se que, na produção de uma tonelada de clínquer, seja produzida uma 
tonelada de CO2, contribuindo em grande parte para o aumento do efeito 
estufa, segundo estudo. 
No processo de fabricação do cimento também podem ser liberados o óxido de 
enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e compostos de chumbo, 
sendo todos eles poluentes. 
Além disso, durante a primeira etapa de extração das matérias-primas, também 
podem ocorrer impactos físicos, como desmoronamentos nas pedreiras de 
calcário e erosões devido às vibrações produzidas no terreno. E a extração de 
argila em rios pode causar o aprofundamento desses cursos d’água, 
diminuindo a quantidade de água nos leitos e atrapalhando os habitats ali 
existentes, o que diminui a biodiversidade de diversas regiões. 
11 
 
a) Resíduos resultantes na fabricação do cimento 
I – Quais são os resíduos e qual a sua destinação: 
A indústria de cimento é caracterizada pelo seu elevado potencial poluidor. 
Apesar do processo de fabricação do cimento não produzir resíduos sólidos, 
já que as cinzas provenientes da queima dos combustíveis no forno rotativo 
são incorporadas no clínquer, há uma alta emissão de poluentes gasosos e 
material particulado. Os tipos de poluentes emitidos e a taxa de emissão vão 
variar dependendo das características operacionais do sistema e da 
composição química das matérias-primas e combustíveis utilizados. Os 
principais poluentes primários emitidos no meio ambiente durante a 
fabricação do cimento Portland são os óxidos de nitrogênio, dióxido de 
enxofre, monóxido de carbono, dióxido de carbono e material particulado. 
Pode-se mencionar também a emissão de menores quantidades de 
compostos orgânicos voláteis, amônia, cloro, cloreto de hidrogênio e 
produtos provenientes da combustão incompleta. Além disso, os metais 
pesados presentes na composição das matérias-primas e dos combustíveis 
podem ser emitidos na forma de particulado ou vapor, mesmo se presentes 
em pequena quantidade (Santi, 2003). A taxa de emissão de cada metal 
pesado irá depender do seu grau de volatilidade e a taxa de absorção do 
mesmo pelo clínquer. 
I.1 MATERIAL PARTICULADO 
O material particulado (MP) é o conjunto de partículas sólidas ou líquidas 
presentes em suspensão na atmosfera. Seu tamanho varia de 0,001 a 500 µm, 
sendo que a maior parte do material particulado apresenta diâmetro entre 0,1 a 
10 µm. Essas partículas menoresque 10 µm causam um grande dano à saúde 
humana. Além dos riscos à saúde humana, a emissão de MP aumenta as taxas 
de reação na atmosfera e reduzem a visibilidade alterando os níveis de 
radiação solar que chega ao solo, alterando sua temperatura e influenciando no 
crescimento das plantas (Carvalho Jr. e Lacava, 2003). 
Com a presença de uma tecnologia de controle efetivo de emissão de MP, 85% 
da emissão de particulados apresentaram um diâmetro menor que 10 µm para 
o processo de via úmida ou de via seca. Utilizando filtros de manga como 
coletores de MP em plantas com o processo de via seca, cerca de 45% do 
12 
 
particulado emitido na atmosfera possui um diâmetro menor que 2,5 µm (Gupta 
et al, 2012). 
Os coletores de material particulados tradicionalmente utilizados na indústria do 
cimento são os filtros de manga e os precipitadores eletrostáticos. Ambos 
possuem uma eficiência de despoeiramento que pode chegar a 99,99% 
(Sutherland, 2008). 
 
I.2 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO 
Os óxidos de nitrogênio (NOX) representam uma família de compostos 
químicos poluentes que engloba o NO, NO2, N2O, N2O3, N2O4, entre outros. 
A emissão de NOX na atmosfera está ligada a uma série de impactos 
ambientais. Sendo um poluente secundário, o NOX reage com outros 
componentes químicos, formando substâncias que contribuem para a 
destruição da camada de ozônio, formação da chuva ácida e do efeito smog. 
Além disso, o NOX apresenta um risco para a saúde humana, pois ao atingir as 
vias respiratórias, ele reage com a hemoglobina, diminuindo a capacidade de 
transporte de oxigênio no organismo. 
13 
 
Na indústria cimenteira, as altas temperaturas e a atmosfera oxidante dentro 
dos fornos rotativos de clínquer favorecem a formação de NOX. No interior dos 
fornos, o NOX é formado durante a queima dos combustíveis por três 
mecanismos principais, sendo eles o NO térmico, o NO do combustível e o NO 
imediato. Os fatores que contribuem para a formação de NO térmico são a 
temperatura da fase gasosa, o formato da chama, a taxa de excesso de ar e o 
tempo de permanência do gás e do material na zona de queima em altas 
temperaturas, entre outros (Signoretti, 2008). O NO térmico é formado pela 
reação do nitrogênio gasoso (N2) com o oxigênio em altas temperaturas. 
Outro mecanismo de formação de NOX é denominado NO do combustível e é 
formado pela oxidação dos compostos de nitrogênio presentes no combustível. 
Esses compostos volatizam-se, sendo uma parte desse nitrogênio convertida 
em HCN e o restante em NH3, que são oxidados a NO e posteriormente 
reduzidos a N2 (Signoretti, 2008). 
A formação de NO e N2 a partir do HCN e do NO irá depender do local da 
reação. Em ambientes ricos em combustíveis e, portanto, com alta 
concentração de nitrogênio, os compostos de nitrogênio serão reduzidos 
formando N2. Já em ambientes pobres em combustível, os compostos serão 
oxidados formando NO. Portanto, é possível controlar as emissões de NO 
controlando o ambiente em que o nitrogênio é liberado do combustível. Sendo 
assim, uma das soluções apresentadas pela FLSmidth (2013) para a 
diminuição de NOx a instalação de um calcinador em linha (In-Line Calciner - 
ILC) com sistema de baixa emissão de NOx. 
14 
 
 
I.3 ÓXIDOS DE ENXOFRE 
Os óxidos de enxofre (SOX) englobam uma série de óxidos, entre eles o SO, 
SO2, SO3, S2O3, S2O7, SO4 entre outros. Entretanto, somente o SO2 e o 
SO3 são considerados importantes como gases poluentes. No meio ambiente, 
o SO3 reage rapidamente com a água formando ácido sulfúrico. Já o SO2 
reage com a água formando ácido sulfuroso. Esses ácidos são os principais 
componentes responsáveis pela formação da chuva ácida. A formação dos 
óxidos de enxofre varia consideravelmente dependendo da temperatura, do 
nível de excesso de oxigênio, do nível de álcalis, do nível de cloro e da 
presença de monóxido de carbono e de outros elementos menores durante a 
combustão. 
O primeiro passo para diminuir a emissão de SOX na indústria cimenteira é 
adoção de medidas para evitar a formação de SO2. A fábrica de cimento pode 
começar simplesmente utilizando combustíveis com baixo teor de enxofre em 
sua composição. Ou promover uma mudança na fonte dos aditivos da farinha 
15 
 
ou das matérias-primas, a fim de utilizar materiais com baixa quantidade de 
enxofre na composição química dos mesmos. 
Se a taxa de emissão de SO2 estiver alta apesar da fábrica de cimento ter 
adotado todas as medidas viáveis para evitar a formação desse poluente, a 
FLSmidt® apresenta como uma solução viável a instalação do seu sistema D-
SOX. O sistema desvia cerca de 5% do gás de saída do calcinador para o 
ciclone do D-SOX, que separa a maior parte do pó que está misturado com o 
gás. Esse pó é formado em sua maioria por cal livre (CaO), que reage com o 
SO2 formando CaSO3 e CaSO4, atingindo uma redução de 25 a 30% de 
emissão do poluente. O gás de saída do sistema D-SOX então retorna para 
saída do segundo estágio da torre de ciclones. Como se observa na Figura 5.6, 
esse sistema aproveita do projeto da torre de ciclones existente e não 
necessita da instalação de um ventilador adicional. 
 
Outra alternativa para diminuir a emissão de SO2 é a instalação de um sistema 
de injeção de cal hidratada. A cal hidratada (Ca(OH)2) é injetada diretamente 
no pré-aquecedor, absorvendo o SO2 proveniente da farinha (FeS2). Segundo 
a FLSmidth, esse sistema apresenta uma redução de até 60% na taxa de 
emissão de SO2. 
16 
 
 
Fonte: FLSmidth, 2013 
 
I.4 MONÓXIDO DE CARBONO 
O monóxido de carbono (CO) é o principal produto da queima incompleta de 
combustíveis e representa uma perda de energia durante o processo. O CO 
emitido durante a produção de cimento Portland tem como fontes principais o 
carbono orgânico presente na matéria-prima e a combustão incompleta no pré-
calcinador ou no forno rotativo de clínquer. Sua formação durante a combustão 
depende dos processos químicos e físicos que ocorrem dentro da câmara de 
combustão e também das condições existentes na própria câmara. Portanto, 
sua formação depende de uma série de fatores, como o tempo de residência 
do gás, a concentração de oxigênio e a temperatura de chama. 
A cinética envolvendo os hidrocarbonetos deve ser analisada quando se estuda 
a formação de CO durante a combustão. Pode-se considerar que a combustão 
de hidrocarbonetos ocorre em duas etapas distintas: primeiramente, há a 
quebra do combustível formando CO e posteriormente, a oxidação do CO, 
formando CO2 (Carvalho Jr. e Lacava, 2003). A fim de reduzir a emissão de 
CO proveniente da combustão incompleta dos combustíveis, é importante que 
17 
 
exista um excesso de ar durante a queima dos mesmos no forno rotativo de 
clínquer. 
I.5 DIOXÍDO DE CARBONO 
Alguns processos industriais apresentam pelas suas características um alto 
potencial de geração de CO2, sendo a fabricação do cimento Portland uma 
grande fonte geradora desse poluente. Segundo WBCSD (2009), a indústria do 
cimento é responsável por cerca de 5% do CO2 de fonte antrópica liberado 
anualmente na atmosfera. 
No processo de queima da farinha, algumas reações que ocorrem no forno 
rotativo de clínquer com a mistura de matérias-primas têm como um dos seus 
produtos finais o dióxido de carbono (CO2). Durante o aquecimento da farinha, 
entre 400°C a 500°C, ocorre a decomposição do carbonato de magnésio 
(MgCO3) presente no calcário, liberando parte do CO2 emitido durante a 
produção do clínquer. Outra reação que libera CO2 é a calcinação, que 
consiste na decomposição do calcário (CaCO3) em óxido de cálcio (CaO). 
Essa reação é responsável por cerca de 50% do CO2 liberadona atmosfera 
durante a produção do clínquer (Bosoaga et al, 2009). 
A queima dos combustíveis no forno de clínquer é outra fonte de liberação de 
CO2, que ocorre através da reação do carbono presente nos mesmos com o 
oxigênio presente no forno. Essa fonte é responsável por 40% das emissões de 
CO2 durante a fabricação do cimento Portland. Já o transporte e a eletricidade 
utilizados durante o processo produtivo correspondem aos 10% da emissão de 
CO2 restante, sendo 5% de cada fonte (Bosoaga et al, 2009). 
A taxa de emissão de CO2 proveniente da queima dos combustíveis está 
relacionada com a quantidade de carbono presente na sua composição. 
A diminuição da liberação de CO2 durante o processo de fabricação do 
cimento é feita atualmente pela indústria brasileira através do uso do 
coprocessamento, da diminuição do clínquer na composição final do cimento e 
da melhoria da eficiência energética do parque industrial. Através dessas 
medidas, diminuíram-se em 13% as emissões específicas (CO2 liberado por 
tonelada de cimento produzido) na indústria cimenteira do Brasil entre o 
período de 1990 e 2005 (SNIC, 2009). 
18 
 
 
 
I.6 Coprocessamento 
A emissão do CO2 proveniente da queima de combustíveis pode diminuir 
significativamente com a utilização de combustíveis alternativos que possuem 
um menor teor de carbono em sua composição comparado com a dos 
combustíveis tradicionais. A mistura de combustíveis pode chegar a ter uma 
diminuição de 20 a 25% de carbono em sua composição com relação ao 
carvão mineral (WBCSD, 2009). Além disso, a substituição de combustíveis 
convencionais por combustíveis alternativos provenientes de fontes renováveis, 
como a moinha de carvão vegetal, pode ser considerada como uma 
compensação de CO2. 
Atualmente, o coprocessamento engloba, além da queima de combustíveis 
alternativos, a queima de resíduos industriais e passivos ambientais para 
substituição das matérias-primas. Durante o processo de fabricação de 
19 
 
cimento, são necessárias até 1,7 toneladas de matérias-primas para cada 
tonelada de clínquer produzido. Por isso, nos Estados Unidos resíduos 
industriais como escória de ferro e cinzas provenientes da combustão de 
carvão são utilizados como matérias-primas secundárias com o propósito de 
diminuir o uso de matérias-primas convencionais (Kapur et al, 2009). Segundo 
US EPA (2010), a redução da quantidade necessária de matérias-primas 
devido a substituição por matérias-primas secundárias pode ocasionar uma 
redução de até 1182,0 MJ por tonelada de cimento produzido. A Tabela 5.4 a 
seguir apresenta a quantidade de CO2 proveniente da calcinação que teve sua 
emissão evitada e a redução da entrada de calor no processo de fabricação do 
clínquer devido o uso de alguns materiais descarbonatados como matérias-
primas alternativas. 
 
Entretanto, um estudo aponta que apesar da substituição de matérias-primas 
convencionais por escória de alto-forno reduzir a emissão de CO2 em até 98 kg 
CO2/ ton cimento, é possível que acabe tendo um aumento da emissão de até 
2 kg CO2/ton cimento, devido ao aumento do consumo de energia elétrica 
(ECRA, 2009 apud US EPA, 2010). Mas é importante ressaltar que o potencial 
de redução de emissão de CO2 nesse caso é especifico para cada planta de 
cimento. 
Portanto, o coprocessamento é um dos principais métodos utilizados para a 
redução da emissão de CO2 durante o processo produtivo de fabricação do 
cimento Portland. É importante ressaltar que além de diminuir a utilização de 
matérias-primas e combustíveis convencionais, o coprocessamento utiliza de 
resíduos industriais e passivos ambientais que teriam como destinação final a 
incineração ou aterros sanitários, com emissões de gases do efeito estufa 
correspondentes. 
20 
 
II – Registro de acidentes ambientais 
II.1 Poluição e saúde em Queima Lençol 
A comunidade rural de Queima Lençol está localizada na Região da Fercal, 
Região Administrativa de Sobradinho e nas adjacências de uma importante 
fábrica de cimento tendo como acesso à rodovia DF 205, no km 51 à sua 
margem leste. Queima Lençol é formada por pequenos lotes e chácaras de 
variadas dimensões, que ocupam uma topografia ondulada e com grandes 
diferenças de cotas. 
Os principais problemas associados à produção do cimento na Comunidade de 
Queima Lençol referem-se à saúde. A comunidade é bastante atingida pelas 
altas emissões de material particulado geradas pela fábrica. A poeira lançada 
pela fábrica em determinados períodos provoca espessas camadas que se 
depositam nas ruas, nas casas e em toda a vegetação ao redor. A 
agressividade do pó gerado pela fabricação do cimento tem causado 
problemas a toda a população. Esta poeira de cimento atinge, principalmente, o 
sistema respiratório, ocasionando rinite, sinusite, bronquite e falta de ar. 
Moradores estão constantemente doentes por problemas respiratórios ou 
aqueles relacionados à garganta e cordas vocais. 
O nível de poluição do ar é muito alto. Mesmo com a instalação de filtros 
eletrostáticos nas chaminés da fábrica, especialmente nos meses de junho a 
setembro, período da seca, são raros os momentos de ar limpo na região. As 
crianças são as mais atingidas: a única escola pública local, até 2008, ficava às 
margens da rodovia, a poucos metros da fábrica. O próprio Posto de Saúde 
também esteve localizado a poucos metros da fábrica e enfrentava as mesmas 
dificuldades. 
As pessoas doentes têm sido encaminhadas especialmente para as RAs de 
Sobradinho I, Sobradinho II e Plano Piloto, o que dificulta a obtenção de dados 
estatísticos, que revelem a verdadeira situação local. Segundo informações do 
Posto de Saúde no ano de 2007, houve muitos casos de asma, bronquite e 
pneumonia e já haveria casos registrados de Doença Pulmonar Obstrutiva 
Crônica (DPOC).4 Segundo relatos dos moradores à Câmara Legislativa o 
Distrito Federal5 ocorrem de 20 a 30 casos de problemas respiratórios, em 
média, toda semana, em uma comunidade de cerca de 915 habitantes. Há 
21 
 
outros problemas relacionados à saúde local, como, por exemplo, a qualidade 
da água, captada por poço artesiano pela Companhia de Saneamento 
Ambiental do Distrito Federal (Caesb), que é salobra, em função da grande 
quantidade de calcário no solo, característica natural do solo. Talvez em função 
da urgência dos problemas relativos à saúde respiratória, não há referências 
significativas sobre problemas de saúde que estejam associados à água. 
Além dos problemas relacionados à poluição do ar, outros problemas 
concernentes à presença da fábrica vêm se somando. Em 2006, ocorreu um 
acidente decorrente da disposição inadequada de material rejeitado pela 
fábrica, causando graves sequelas físicas em uma criança, na época com 
quatro anos de idade, que brincava em um terreno coberto por munha de 
carvão — material altamente inflamável que serve de combustível para a 
fábrica de cimento. A criança sofreu amputações dos dedos dos pés e das 
mãos ficando ainda, com os braços e as mãos contorcidos, consequência da 
alta temperatura do material irregularmente depositado. Em janeiro de 2007, 
outro fato gerou controvérsias. Um auxiliar de limpeza foi encontrado morto em 
uma máquina de triturar brita, no interior da fábrica local. Imagina-se que o 
trabalhador tenha caído acidentalmente na máquina. Houve investigação 
policial sobre a responsabilidade e uma possível negligência da fábrica. Há 
outros problemas de saúde na comunidade. As constantes explosões nas 
cavas de mineração que, causam poluição sonora e com isso problemas 
auditivos, além de comprometem as estruturas das construções locais, muitas 
delas afetadas por rachaduras.Devido à gravidade das questões de saúde 
respiratória na comunidade de Queima Lençol, os problemas das rachaduras e 
dos ruídos têm ficado em segundo plano, apesar de já haver registros de perda 
auditiva, conforme relatos feitos pela comunidade. 
A indústria do cimento ciente de todas as questões apontadas em âmbito 
mundial, em 1999, lançou a Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento 
(CSI), realizada por dez importantes empresas de cimento, em conjunto com o 
World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), como uma 
tentativa de sustentabilidade para o setor. Esta iniciativa desenvolveu um 
programa de investigação e de consulta das partes interessadas 
(stakeholders), que culminou com a publicação, em março de 2002, do relatório 
independente do Batelle Memorial Institute, denominado de Rumo a uma 
22 
 
Indústria Cimenteira Sustentável (Toward a Sustainable Cement Industry), 
entre outros estudos e documentos sobre a sustentabilidade da indústria 
cimenteira. 
II.2 Poeira de cimento toma conta de Vespasiano 
 
Uma névoa fina tem insistido em compor a paisagem do município de 
Vespasiano. O visual, entretanto, nada tem a ver com algum fenômeno 
climático natural, mas decorre de partículas de poeira suspensas, oriundas do 
processo de produção de cimento na fábrica Soeicom. Instalada bem no centro 
da cidade, a 28 km de Belo Horizonte, a indústria é acusada pelos moradores 
de lançar resíduos na atmosfera em índices insuportáveis, inclusive durante as 
madrugadas e aos finais de semana. Há quem relate ter adquirido problemas 
de saúde e afirma que a empresa, embora uma das três maiores da cidade, 
esteja inibindo o desenvolvimento do comércio e o setor imobiliário por causa 
da sujeira. 
A reportagem de O TEMPO esteve em Vespasiano e encontrou ruas cobertas 
por uma poeira acizentada, que se acumula no asfalto, rente às calçadas. A 
sujeira toma conta principalmente do centro comercial, onde o vai-e-vem de 
caminhões da Soeicom é freqüente na principal avenida da cidade, a Prefeito 
Sebastião Fernandes. Na Fot Lanches, o trabalho de limpeza de vitrines, 
mesas, cadeiras, computador e freezer é diário. "Os móveis ficam muito sujos. 
Todo dia temos que lavar a calçada. Não há como evitar o desperdício de 
água", diz a funcionária Joselice Rodrigues da Cruz. Nos demais bairros, a 
23 
 
situação também é crítica. Morador do Jardim Itaú, o advogado Jarbas Antunes 
enfrenta uma rotina em que a casa e o carro ficam constantemente 
empoeirados. Entretanto, a preocupação maior é com os filhos pequenos, pois 
ele não sabe ao certo quais as consequências à saúde com a exposição 
constante às partículas de poeira. Para piorar a qualidade do ar, afirma, a 
Soeicom teria passado a utilizar resíduos industriais de outras empresas 
(restos de pneus, plásticos, óleos, tintas etc) como combustível para seu forno. 
"As pessoas sentem um cheiro forte, mas sabemos que é por causa da queima 
desses produtos." A formação do núcleo urbano do município de Vespasiano 
teve início por volta do final do século XIX, quando a cidade de Belo Horizonte 
foi inaugurada. Mais de 70 anos depois a Soeicom se instalou no local, às 
margens do Ribeirão da Mata. "A Soeicom não pode alegar que chegou aqui 
antes da cidade. Não queremos que ela saia daqui, mas que assuma suas 
responsabilidades e mantenha uma atividade que respeite os moradores", 
afirma o advogado Antunes. "Moro aqui há 70 anos e agora estou tendo 
bronquite por causa do pó. A Soeicom está acabando com a cidade e com o 
povo", reclama o autônomo Wilson Batista. Antunes entrou com uma 
representação no Ministério Público há cerca de um mês, denunciando a 
empresa. Acionou também a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). "A 
cidade está em um vale e quase não tem vento. A poeira é jogada da chaminé 
para cima. Depois, ela desce e se espalha. Esse processo é feito várias vezes 
ao dia, inclusive de madrugada", diz o advogado. (Jornal O Tempo PUBLICADO EM 
02/09/07 - 18h01) 
II.3 Perícia para o Ministério Público Estadual/SC em fábrica de cimento 
Em perícia para atender à Promotoria de Justiça da Comarca de Pomerode, a 
AIRE realizou o monitoramento e avaliação da qualidade do ar no entorno de 
uma empresa de Cimento Portland da região. As questões propostas pela 
Promotoria visavam determinar se havia a emissão atmosférica de poluentes 
em desacordo com a legislação vigente, e ainda, caracterizar o impacto 
decorrente dessas emissões sobre a população e meio ambiente do entorno. 
Para responder a estas questões a AIRE realizou estudos de monitoramento 
ambiental com a medição de Partículas Totais em Suspensão (PTS) e 
Partículas Inaláveis (PI); análise dos laudos de medições dos poluentes: 
24 
 
dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e Material Particulado 
(MP) das fontes pontuais da unidade fabril; e modelagem matemática 
atmosférica de dispersão dos poluentes supracitados. 
Como resultado, apenas as emissões de NOx causaram concentrações 
ambientais que superam os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela 
CONAMA 03/1990, indicando a possibilidade de risco ambiental e à saúde 
humana. Em relação ao MP, apesar da avaliação dos resultados das chaminés 
e do monitoramento ambiental não indicarem impacto, verificou-se em campo a 
presença de material de característica cimentícia na vegetação (não era 
removido com facilidade). A poeira proveniente do processo de produção do 
cimento é fina e de fácil ressuspensão, o que exige cuidados não apenas nas 
emissões de fontes pontuais (chaminés), mas também na limpeza dos galpões 
e vias; e na operação e transporte de matéria prima, onde podem ocorrer 
emissões fugitivas do MP. (Aire/Qualidade do ar) 
 
 
b) Poluição atmosférica 
I – Impactos resultantes da alta carga de poeiras sobre o meio ambiente 
A indústria cimenteira é uma das principais fontes de material particulado 
(Grantz et al., 2003; Demir et al., 2005; Işikli et al., 2006; Rodrigues e Joekes, 
2011), o qual pode afetar o crescimento e o desenvolvimento das plantas, por 
meio de efeitos físicos como o bloqueio da radiação luminosa, abrasão, 
aquecimento foliar, alterações na condutância estomática e nos processos 
fotossintéticos e transpiratórios (Farmer, 1993; Hirano et al., 1995; Grantz et al., 
2003; Pereira et al., 2009). Há, ainda, efeitos diretos decorrentes da 
assimilação foliar através dos estômatos ou de fissuras na cutícula (Watmough 
et al., 1999; Lau e Luk, 2001; Eichert e Fernández, 2012), levando ao acúmulo, 
25 
 
nos tecidos foliares, de elementos essenciais e não essenciais à planta (Lau e 
Luk, 2001). 
Estudos têm indicado uma variação nas respostas das enzimas do sistema 
antioxidante (superóxido dismutase, catalase e peroxidase, entre outras) das 
plantas frente à poeira de cimento, ora tendo suas atividades estimuladas, ora 
não, dependendo da espécie selecionada (Erdal e Demirtas, 2010; Dziri e 
Hosni, 2012). 
Durante o processo de fabricação de cimento, grande quantidade de material 
em suspensão é lançada na atmosfera em quase todos os estágios da 
produção, desde a extração da principal matéria-prima, o calcário, até a 
finalização do processo com a embalagem e expedição do cimento (Abdul-
Wahab et al., 2005; Abdul-Wahab, 2006; Mwaiselage et al., 2006). O cálcio 
(Ca) é o principal componente desta poeira (Lee e Pacyna, 1999; Mandre et al., 
1999; Jalkanen et al., 2000; Branquinho et al., 2008; Zhao et al., 2008), a qual 
além de apresentar natureza alcalina, contém metais pesados em sua 
composição (Al-Khashman e Shawabkeh, 2006; Mandre e Ots, 2012). 
A exposição à poeira de cimento tem sido prejudicial às plantas (Haapala et al.,1996; Mandre et al., 1999; Mandre, 2009). Em Pinus halepensis Mill. ocorrendo 
em área próxima à indústria cimenteira foi constatado grande quantidade de Ca 
na superfície foliar, formando crostas, além de erosões na camada de ceras 
epicuticulares e obliteração dos estômatos (Bačić et al., 1999). Outros estudos 
relataram, ainda, redução nos teores de clorofila das folhas (Mandre e 
Tuulmets, 1997; Nanos e Ilias, 2007), bem como redução nas taxas de 
crescimento vegetativo e reprodutivo, perda de turgescência, clorose, necrose 
e senescência foliar, entre outros (Farmer, 1993). 
Nos vegetais, o Ca confere resistência e estabilidade às paredes celulares, 
atua na extensão celular, em processos secretores como a formação de calose 
em resposta a injúrias, na estabilidade das membranas e integridade celular, 
na osmorregulação celular, no balanço entre cátions e ânions, e como 
mensageiro secundário (Hawkesford et al., 2012). Embora o Ca seja um 
nutriente essencial para as plantas, a sua concentração citosólica deve ser 
mantida baixa, pois o excesso de Ca pode ser fitotóxico (White e Broadley, 
2003; Hawkesford et al., 2012). 
26 
 
Muitas espécies arbóreas são sensíveis à alcalinização do solo e ao contato de 
sua parte aérea com o material particulado alcalino (Farmer, 1993; Mandre et 
al., 2012), havendo grande variabilidade em suas respostas, assim como 
controvérsias na literatura acerca da magnitude do impacto deste tipo de poeira 
(Mandre e Lukjanova, 2011). Cedrela fissilis Vell. é uma espécie lenhosa nativa 
que ocorre em áreas adjacentes às indústrias cimenteiras. Trata-se de uma 
espécie caducifólia, com folha composta paripinada e folíolos pubescentes, que 
apresenta ampla distribuição na América do Sul e na Costa Rica (Pennington et 
al., 1981). Ao longo dos anos tem ocorrido exploração comercial de sua 
madeira (Dornelas e Rodriguez, 2006; Garcia et al., 2011) e por estar 
distribuída em áreas exploradas por indústrias cimenteiras pode estar 
ameaçada nestes locais, assim como outras espécies vegetais. 
II – Como está a qualidade do ar nas áreas no entorno das fábricas e o 
que tem sido feito em termos de redução da poluição? 
Na região da Fercal e das comunidades próximas às fábricas de cimento 
locais, que estão inseridas no Bioma Cerrado, o clima caracteriza-se por dois 
períodos bem divididos, em termos pluviométricos: seis meses de seca (abril a 
setembro) e outros seis meses de chuvas (outubro a março). Na época da 
seca, coincidentemente inverno no País, há pouca dispersão de poluentes, o 
que acaba por impedir a dispersão da grande quantidade de materiais 
particulados suspensos na atmosfera local. 
Desde 1995, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito 
Federal (Ibram) – atual órgão responsável pela fiscalização ambiental - mantém 
no DF uma rede de Monitoramento da Qualidade do Ar, que avalia 
concentrações dos principais poluentes do ar em diferentes locais. 
As estações se situam em locais considerados como “pontos críticos” da 
poluição do ar. Dentre eles está a região da Fercal, localizada na Região 
Administrativa de Sobradinho, onde estão localizadas as duas grandes fábricas 
de cimento desde os anos iniciais de Brasília, que foi fundada em 1960. Na 
região há três estações de medição da qualidade do ar (Ibram, 2008): 
• Estação da Fercal I. Localizada em praça pública, na altura do Km 18 
da rodovia DF 215, a estação da Fercal I está circundada por vias de 
tráfego local e pela rodovia DF-205. 
27 
 
• Estação da Fercal II. Localizada às margens da rodovia DF 205, na 
altura do Km 11, a estação está em um trecho com diversos acessos de 
vias não pavimentadas. 
• Estação Centro de Ensino Fundamental Queima Lençol. Localizada 
no pátio do Centro de Ensino Fundamental Queima Lençol, próxima à 
rodovia DF 205. 
 
 
A qualidade do ar na região da Fercal, em 2008, configurou-se como má, 
especialmente no período de seca, quando houve pouca dispersão da poeira 
no ar, em função da escassez de chuvas. Os maiores causadores foram as 
fábricas de cimento ali instaladas, que geraram grande quantidade de 
poluentes atmosféricos. As suas contribuições se somaram às dos trechos não-
pavimentados da rodovia de acesso às fábricas. Isso resultou em emissões de 
material particulado nas áreas adjacentes às estações, causando as elevadas 
medições (Ibram, 2008). 
II.1 Avaliação da Qualidade do Ar na Fercal I 
A estação localizada na região da Fercal I registrou o parâmetro Partículas 
Totais em Suspensão (PTS) em nível acima do padrão Conama, 
28 
 
caracterizando a qualidade do ar como inadequada. Durante 2008, nos meses 
de maio, junho e agosto, período de seca, foram observadas as maiores 
concentrações de PTS nessa região. As condições meteorológicas nessa 
época do ano são mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes. No mês de 
outubro, com a chegada das chuvas, foi registrada a menor concentração de 
PTS (Ibram, 2008). 
 
Na Fercal I várias amostragens ultrapassaram o padrão diário (240 ìg/m3) e a 
concentração média geométrica anual (277,321 ìg/m3) foi mais de três vezes 
maior que o padrão anual (80 ìg/ m3). A qualidade do ar no local foi classificada 
como inadequada. 
II.2 Avaliação da Qualidade do Ar na Fercal II 
Na região da Fercal II, também a quantidade de material particulado em 
suspensão não se adequou às exigências da Resolução Conama, sendo 
considerado como inadequada a qualidade do ar no local A maior proximidade 
dessa segunda estação, das fábricas cimenteiras explica porque as 
concentrações foram maiores do que as na região da Fercal I. 
As maiores concentrações de material particulado encontradas na região da 
Fercal II corresponderam ao mês de julho, período de seca no Distrito Federal. 
As menores concentrações ocorrem nos meses de janeiro, fevereiro, outubro, 
novembro e dezembro período de chuva no Centro-Oeste do Brasil. 
29 
 
Além da existência das fábricas de cimento, a qualidade do ar na localidade é 
agravada por fatores adicionais: presença de usinas de asfalto, vias não-
pavimentadas e tráfego intenso de caminhões, que transportam os sacos de 
cimento, muitas vezes sem coberturas adequadas, provocando a suspensão da 
terra assentada nas vias e dispersão de poeira, aumentando ainda mais a 
incidência de partículas suspensas no local (Semarh, 2006b, p.16). 
 
A estação da Fercal II geralmente apresenta altas concentrações de PTS. 
Quase todas as amostragens ultrapassaram o padrão diário (240 ìg/m3) e a 
concentração média geométrica anual (621,907 ìg/m3) foi muito superior ao 
padrão anual (80 ìg/ m3). A qualidade do ar foi classificada como má (Ibram, 
2008). 
II.3 Avaliação da Qualidade do Ar no Centro de Ensino Queima Lençol 
Também na estação localizada no Centro de Ensino Queima Lençol os 
registros encontrados estão acima daqueles padronizados pela Resolução do 
Conama. Neste caso, a distância entre a fábrica e o Centro de Ensino e a 
comunidade de Queima Lençol é de apenas alguns metros. 
O padrão diário (240 ìg/m3) foi ultrapassado várias vezes e a concentração 
média geométrica anual (446,318ìg/m3) foi mais de cinco vezes maior que o 
padrão anual (80 ìg/m3). A qualidade do ar no local foi classificada como má 
(Ibram, 2008). 
30 
 
 
Alternativas para reduzir impactos 
A previsão é que a produção de cimento continue a crescer nos próximos anos, 
o que aumentaria, por consequência, as emissões totais de CO2 no mundo. 
Para evitar esse quadro, é necessário que o processo produtivo sofra 
alterações, já que dificilmente a demanda por cimento irá diminuir. 
O plano de ação da CSI, elenca algumas opções para viabilizar a 
sustentabilidadena produção de cimento: 
• Alteração de plantas fabris, de modo a haver captura do carbono 
emitido; 
• Utilização unicamente da via seca no processo de produção, exigindo 
menor alimentação do forno; 
• Reaproveitamento de resíduos industriais e agrícolas para alimentação 
do forno, em vez de usar combustíveis fósseis (coprocessamento); 
• Substituição parcial, em construções, do cimento por outros materiais; 
• Alteração da formulação do cimento para que sua produção libere 
menor quantidade de CO2. 
Essas atitudes precisariam ser tomadas pelas produtoras do material. A 
escolha por modelos de cimento que se baseiem nessas práticas e a pressão 
sobre governo e empresas para que se regulamente uma legislação 
sustentável para o setor são métodos de tentar alterar o rumo atual. O 
cimento, como já foi dito, é fundamental para a "construção" da sociedade 
que conhecemos hoje. Portanto, não devemos demonizá-lo, mas procurar 
31 
 
alternativas em larga escala para que seus impactos sejam diminuídos e 
alternativas mais sustentáveis possam ser desenvolvidas. 
Para o controle da poluição gerada na fabricação de cimento foram 
estabelecidos padrões de emissão para material particulado, metais pesados, 
cloretos, monóxido de carbono, dioxinas e furanos. 
De forma geral, o material particulado proveniente dos fornos, moinhos e 
resfriador de clínquer são direcionados para chaminés e retidos em coletores 
com ciclone, filtros de manga e precipitadores eletrostáticos. 
As medidas de controle para a redução da emissão de poeiras fugitivas nas 
áreas de mineração e na área industrial são o abatimento dos particulados por 
aspersão de água e o enclausuramento das áreas de estocagem e 
beneficiamento de materiais, com a instalação de sistemas exaustores e de 
filtros coletores de pós, além da pavimentação e da varrição das vias de 
circulação de veículos. 
Na maioria das plantas de clinquerização (fabricação do Clínquer), entretanto, 
não são instalados equipamentos para o controle da emissão de gases de 
combustão, vapores de sais metálicos ou outras substâncias perigosas 
originadas no processo de clinquerização. 
 
 
32 
 
 
 
33 
 
PRINCIPAIS FÁBRICAS NO BRASIL E SUAS LOCALIZAÇÕES 
 
Votorantim Cimentos 
A Votorantim é um grande fabricante de cimentos no Brasil, atualmente ele 
fabrica as marcas Itaú, Tocantins, Poty, Aratu e Votoram. 
Laranjeiras – SE, Itajaí – SC, Pinheiro Machado – RS, Esteio – RS, Volta Redonda – RJ, Rio 
Negro – RJ, Rio Branco – PR, Caaporã – PB, Barcarena – PA, Nobres – MT, Corumbá – MS, 
Itaú de Minas – MG, Cocalzinho – GO, Sobradinho – DF, Aratu – BA, Pecém – CE, Sobral – 
CE, Salto – SP, Ribeirão Grande – SP, Santa Helena – SP, Cubatão – SP, Xambioá – TO. 
Intercement 
Intercement (antiga Camargo Corrêa Cimentos) é uma empresa brasileira 
pertencente ao Grupo Camargo Corrêa que atua na produção de cimentos e 
seus derivados. Atualmente a InterCement é a segunda maior empresa 
cimenteira do Brasil e uma das 10 maiores produtoras de cimento do mundo, 
no Brasil possui as marcas Cauê e Cimento Brasil, a companhia foi fundada em 
1967 como Camargo Corrêa Cimentos e em 2011 mudou seu nome para 
InterCement que tem como objetivo mudar a identidade da empresa e também 
devido a crescente expansão internacional da empresa na época. Sua sede é 
na cidade de São Paulo. 
Pedro Leopoldo – MG, Brumado – BA, João Pessoa – PB, Nova Santa Rita – RS ... dentre 
outras cidades. 
Lafarge Brasil 
A Lafarge é responsável pela fabricação das marcas: Mauá, Campeão e 
Montes Claros e mantém fábricas nos municípios de: 
Cantagalo – RJ, Santa Luzia – MG, Montes Claros – MG, Matozinhos – MG, Arcos – MG e 
Itapeva – SP. 
Cimento Itambé 
A Cia de Cimento Itambé é responsável pela fabricação da marca que leva o 
seu nome e sua fábrica fica no município paranaense de Balsa Nova. 
Ciplan 
Responsável pela fabricação do cimento Ciplan com fábricas em quase todo o 
Brasil. Acre, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato 
Grosso do Sul, Pará, Piauí, Paraná, Rondônia, São Paulo, Tocantins. 
Tupi 
A Tupi foi fundada em 1949 sob a denominação de Companhia de Cimento 
Vale do Paraíba, com a produção de cimento e seus derivados sendo iniciada a 
partir da unidade localizada em Volta Redonda-RJ. 
 
34 
 
ESTAMOS MODERNIZANDO NOSSAS FABRICAS? 
O cimento brasileiro é um dos produtos de mais alta qualidade produzido no 
país. Pelo PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do 
Habitat) atingiu índice de conformidade de 99,6%. Quando se fala sobre 
conformidade, o termo se refere à conformidade às normas da ABNT e é 
necessário esclarecer que as primeiras normas da ABNT, envolvendo todos os 
setores, foram sobre cimento. São as antigas EB-1 e MB-1 – Especificação de 
cimento e Métodos de ensaio de cimento -, respectivamente. Portanto, é 
tradição do cimento brasileiro primar pela qualidade. Além do PBQP-H e das 
normas da ABNT, existe também o selo de qualidade da ABCP. Os 
investimentos vêm progredindo ao longo do tempo. Tanto, que hoje o setor 
apresenta um parque industrial moderno, que opera com 99% dos fornos pelo 
sistema via seca, o que garante a diminuição do uso de combustíveis em até 
50%. Além disso, os altos níveis de eficiência energética são conseguidos com 
pré-aquecedores e pré-calcinadores que reaproveitam os gases quentes da 
saída do forno para pré-aquecer a matéria-prima, previamente à entrada do 
forno, diminuindo o consumo de combustíveis. Multiqueimadores 
desenvolvidos para queima simultânea de combustíveis alternativos e 
convencionais (coque de petróleo, óleo combustível e carvão mineral e 
vegetal), sistemas de filtro de alto desempenho, monitoramento online de 
gases para controle ambiental e do processo fazem com que sejam praticados 
índices específicos de consumo térmico médio de 2730 MJ/t de cimento (653 
kcal/kg ou 825 kcal/kg de clínquer). Adicionalmente, graças aos moinhos e 
separadores de alta eficiência, o consumo elétrico de 107 kWh/t de cimento, 
atingiram metas que são reconhecidas como parâmetros de referência em 
âmbito mundial segundo a Agência Internacional de Energia. 
A geração de resíduos representa um dos maiores desafios para a sociedade 
contemporânea. Atenta a essa questão, a indústria de cimento está utilizando 
seus fornos para a eliminação de resíduos industriais, numa atividade 
conhecida como coprocessamento. Para praticar o coprocessamento vem 
fazendo investimentos constantes para adaptar o processo produtivo para uso 
dos resíduos, quer como combustível alternativo quer como substituto de 
matéria-prima. Além dos benefícios ao meio ambiente, a atividade contribui 
para a economia de combustíveis fósseis e recursos naturais não renováveis, 
35 
 
possibilita o melhor aproveitamento das matérias-primas, gera expressiva 
quantidade de empregos diretos e indiretos. O coprocessamento representa 
uma integração ambientalmente segura dos resíduos industriais com o 
processo de elaboração do cimento e é regulamentada, em nível nacional, pelo 
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). É uma alternativa 
economicamente competitiva com relação à disposição em aterros e 
incineração, e, ao contrário desses se caracteriza pela destruição total de 
grandes volumes de resíduos, sem geração de novos passivos ambientais. 
Isso está contemplado como técnica de gestão ambiental na nova Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada pelo governo em agosto de 2010. 
Os principais resíduos coprocessados como combustíveis nas fábricas são: 
pneus, resíduos de tecidos, plásticos, misturas de resíduos sólidos das 
indústrias petroquímica, química, automobilística, siderúrgica,de alumínio, de 
embalagens e celulose, mistura de resíduos pastosos da indústria química e 
petroquímica, como borras de tintas; líquidos e outros. Como substituto de 
matéria-prima: resíduos das indústrias de alumínio e siderúrgica, solos 
contaminados, lamas de estação de tratamento de esgotos e similares. 
AO SER HUMANO, TRABALHADOR OU NÃO, ESTÁ MAIS PROTEGIDO? 
Em virtude dos fatos mencionados as indústrias de produção de cimento 
brasileira têm a preocupação de reduzir a emissão de gases poluentes na 
atmosfera. No Brasil, as indústrias cimenteiras emitem metade da média 
mundial, cerca de 2,6%. Dessa forma à uma melhoria na vida do ser humano, 
mas não deixa de gerar problemas à saúde humana. Já as pessoas que 
trabalham nas fabricas, estão expostos a riscos devido os materiais 
particulados e outros materiais na produção do cimento, e como a uma 
resistência generalizada das fabricas em abrir as portas para estudos, não se 
sabe ao certo como são afetados os trabalhadores. Já na mão de obra da 
construção civil na utilização dos cimentos, a maneira mais segura para se 
evitar acidentes e danos à saúde é a utilização correta dos EPI's. 
O MEIO AMBIENTE TEM SIDO PRESERVADO? 
A fabricação de cimento gera impactos ambientais. Isso não é exclusividade 
do setor, mas de toda a cadeia da construção, como a produção de 
agregados, a indústria da cal, da areia, do aço, dos aditivos químicos e das 
36 
 
tintas. Ao mesmo tempo, essa mesma indústria da construção é considerada 
um dos principais indicadores de desenvolvimento de uma nação, 
representando o crescimento real das áreas urbanas, organização e 
reorganização dos sistemas de infraestrutura e obras necessárias ao 
desenvolvimento social. O cimento, através do concreto, está presente nesse 
processo como o material mais produzido e utilizado nas construções 
brasileiras, sendo empregado em edificações, pontes, estradas, barragens e 
outros tipos de obras. Resumindo, seu uso crescente implica também em 
atividades impactantes, assim como o próprio desenvolvimento econômico de 
um país gera situações de impacto ao ambiente. Enfrentar esse desafio é um 
dever de todo o setor da construção civil. Neste sentido, a ABCP, como 
representante dos fabricantes de cimento, procura cumprir seu papel ao 
promover boas práticas e difundir o conhecimento sobre vantagens 
competitivas do concreto, novas tecnologias e prevenção de patologias, que 
visam o aumento da durabilidade e da vida útil das estruturas de concreto, 
com o objetivo de reduzir o consumo de matérias-primas, a geração de 
poluentes, o consumo energético e os custos adicionais com reparos, 
renovação e manutenção das construções. E assim demonstrar que o balanço 
ecológico é favorável para o setor de cimento. 
"Responsável por 5% das emissões de CO2 no mundo, a produção global de 
cimento pode se tornar mais sustentável graças à pesquisa científica e a 
inovações tecnológicas, defendeu José Goldemberg, presidente da FAPESP, 
na conferência de abertura do 7º Congresso Brasileiro de Cimento, realizado 
pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e o Sindicato Nacional 
da Indústria do Cimento (SNIC), entre 20 e 22 de junho, em São Paulo (SP). 
No Brasil, a participação da indústria cimenteira nas emissões de CO2 é 
metade da média mundial, cerca de 2,6%. De acordo com Goldemberg, isso se 
deve a inovações já adotadas pelo setor e que estão sendo identificadas e 
avaliadas por um estudo sobre as tecnologias voltadas à produção de cimento 
no país, do qual é coordenador técnico"[...] 
[...]"Entre as inovações apresentadas ao longo do congresso esteve uma nova 
formulação para a produção de cimento, desenvolvida na Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo (Poli-USP) com o apoio da FAPESP. Os 
37 
 
pesquisadores conseguiram aumentar a proporção de fillerde calcário cru, 
matéria-prima que dispensa a calcinação pela qual é obtido o clínquer e que é 
responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de 
CO2"[...] 
[...]"Além das melhorias no processo de produção, Goldemberg destacou a 
importância dos combustíveis alternativos para a sustentabilidade do setor, que 
podem substituir o coque – resíduo sólido obtido da eliminação da maior parte 
do material volátil de combustíveis líquidos, como óleos pesados derivados da 
destilação do petróleo, ou de combustíveis sólidos, como o carvão mineral."[...] 
 
38 
 
CONCLUSÃO 
É de fundamental importância a utilização e estudos a respeito de tecnologias 
alternativas para reduzir impactos ambientais e sociais. Dessa forma a 
industrias cimenteiras do Brasil tem a preocupação em adotar meditas em suas 
fabricas para a mitigação na emissão de gases poluentes na atmosfera, já que 
não produz resíduo sólidos. As indústrias de produção de cimento são 
responsáveis por 5% da emissão global de CO2, no Brasil, a participação da 
indústria cimenteira nas emissões de CO2 é metade da média mundial, cerca 
de 2,6%, isso se deve a inovações já adotadas pelo setor. Os cimentos 
brasileiros ultrapassam expressivamente as exigências mínimas das normas 
técnicas no controle de Selo de Qualidade ABCD. 
 
39 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
http://www.cimentoitambe.com.br/balanco-ecologico-e-favoravel-ao-setor-de-cimento-
no-brasil/ MASSA CINZENTA/Balanço ecológico é favorável ao setor de cimento no 
Brasil/03MAIO2011 Por: Altair Santos 
http://www.cimentonacional.com.br/responsabilidade/ambiental/qualidade-do-ar/ 
CIMENTO NACIONAL/IMAGENS 
http://www.ccst.inpe.br/especialistas-discutem-papel-da-industria-do-cimento-nas-
emissoes-de-co2/ Publicado em: Agencia Fapesp/27JUNHO2016 
http://www.otempo.com.br/cidades/poeira-de-cimento-toma-conta-de-vespasiano-1.307659 O 
TEMPO CIDADES/Poeira de cimento toma conta de Vespasiano/PUBLICADO EM 
02/09/07 - 18h01/IGOR GUIMARÃES 
http://www.aireconsultoria.com.br/pericia-para-o-ministerio-publico-estadualsc-em-
fabrica-de-cimento/ AIRE QUALIDADE DO AR-NOTICIAS/Perícia para o Ministério Público 
Estadual/SC em fábrica de cimento 
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-
9N4HND/tese_advanio_capitulos_i_a_iii___pos_defesa_oficial_entregue_pgbot.pdf?sequence=
1 EFEITO DA DEPOSIÇÃO DA POEIRA DE CIMENTO NA ESTRUTURA FOLIAR, 
ULTRAESTRUTURA CELULAR E EM VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DE 
ESPÉCIES LENHOSAS NATIVAS/ADVANIO INÁCIO SIQUEIRA SILVA-UFMG/BH/2014 
http://worksafety.blogspot.com.br/2011/11/minimizando-os-riscos-poluentes-nas.html Work 
Safety-Segurança e Meio Ambiente/Processo de produção do Cimento:FONTE: 
http://www.secil.pt 
Produção de cimento: Impactos à saúde e ao meio ambiente/Maria Beatriz Maury,Raquel 
Naves Blumenschein/Sustentabilidade em Debate - Brasília, v. 3, n. 1, p. 75-96, jan/jun 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	INSTITUTO ENSINAR BRASIL - REDE DOCTUM DE ENSINO
	II.3 Perícia para o Ministério Público Estadual/SC em fábrica de cimento
	Alternativas para reduzir impactos
	http://www.cimentoitambe.com.br/balanco-ecologico-e-favoravel-ao-setor-de-cimento-no-brasil/ MASSA CINZENTA/Balanço ecológico é favorável ao setor de cimento no Brasil/03MAIO2011 Por: Altair Santos

Outros materiais