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Resenha Daly (1999)

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Resenha: DALY, H.E. Uneconomic growth: in theory, in fact, in history, and its relation to globalization. Clemens Lectures Series, Saint’s John University, 1999.
Douglas Dias
Leonne Magnani
Paulo Assunção
Os economistas usam crescimento do PIB como sinônimo de crescimento econômico, como se não fosse possível haver um crescimento antieconômico. Mas o crescimento do PIB pode ser economicamente inviável? O autor busca no âmbito microeconômico uma possível resposta, onde as firmas podem incorrer em ganhos menores caso operassem em um nível de atividade maior do que seu nível ótimo, ou seja, um ponto onde o beneficio marginal é menor que o custo marginal. No entanto, na macroeconomia não há nada sobre escala ótima nem sobre custos e benefícios marginais. Em vez de uma comparação entre custos e benefícios, o PIB apenas leva em conta os benefícios. Não são levados em conta os custos do crescimento do PIB, como: poluição, danos ecológicos, sacrifício de tempo de lazer, destruição de comunidades, aquisição do habitat de outras espécies, dentre outros. Às vezes esses custos até entram de forma positiva no PIB, quando contabilizamos, p. ex., os custos para a limpeza da poluição, a extração de minérios e outros bens primários. Por que a macroeconomia, então, não utiliza esse conceito da microeconomia? Basicamente porque a microeconomia lida com as partes e a macroeconomia com o todo. No entanto, na visão dos macroeconomistas, a economia é o sistema em si. Para os economistas ecológicos, a economia é apenas um subsistema, sendo parte de um sistema maior, o ecossistema.
Daly utiliza a visão de limite de crescimento macroeconômico baseado em Jevons, para explicar que há um ponto ótimo para o crescimento econômico, onde a utilidade marginal em consumir bens e produtos (curva MU) é igual ao sacrifício marginal necessário para o crescimento do consumo e da produção, tais como a poluição, destruição ambiental, desutilidade do trabalho, depreciação, dentre outros (curva MDU). De acordo com o autor, a lógica da escala ótima e de crescimento antieconômico vale tanto para a microeconomia quanto para a macroeconomia. Uma possível explicação para que se tenha negligenciado isso na macroeconomia é que para alguns economistas nós estaríamos ainda distantes do ponto onde UM e MDU são iguais, assim, pode-se negligenciar os custos do crescimento. Outra possibilidade de explicação é que para muitos, a economia não é um subsistema do ecossistema, mas sim que o ecossistema é um subsistema da economia. O único limite para o crescimento, para estes economistas, seria o crescimento da tecnologia. No entanto, como não há limite para o crescimento da tecnologia, logo não haveria sentido pensar em limite para o crescimento econômico. 
O autor retoma a discussão sobre o PIB não ser um indicador que mensura o bem-estar. Embora todos concordem que o PIB mede apenas a produção de determinado país, há ainda a ideia de que o crescimento do PIB - embora não suficiente - é necessário para o aumento do bem-estar. 
Nordhaus e Tobin criaram uma medida de bem-estar (MEW), e testaram sua correlação com o PIB dos Estados Unidos no período de 1929-1965. Eles concluíram que há uma correlação positiva, sendo que para cada aumento de seis unidades do PIB houve um aumento de quatro unidades do MEW. Após a confirmação da correlação entre PIB e bem-estar, as políticas econômicas continuaram a ser baseadas no crescimento do PIB. Posteriormente fora desenvolvido outro índice de mensuração de bem-estar, o ISEW. O ISEW apresentou uma correlação positiva com o PIB até 1980 e depois disso apresentou uma correlação negativa. Assim, o autor conclui que a partir de 1980 qualquer impacto sobre o bem-estar de políticas que aumentem o crescimento do PIB nos Estados Unidos seria fraco ou inexistente. Destarte, o benefício do crescimento do PIB, levando em conta os sacrifício do meio ambiente e das normas comunitárias e de paz social, pode nem existir. 
De acordo com o paradigma neoclássico, ou sua 	visão pré-analitica, a economia é o sistema total (“quadro” maior) e o ecossistema é apenas um subsistema dentro deste. A natureza, assim, é vista apenas como mais um setor da economia. Os problemas em relação ao meio ambiente seriam resolvidos de acordo com o mercado, a escassez do setor extrativo, p. ex., geraria o aumento de seus preços e a substituição por outros produtos. Caso a substituição fosse difícil, novas tecnologias seriam criadas para facilitar essa substituição. Dentro dessa ótica, a economia é expressa através de um fluxo circular entre os valores de troca das famílias e das empresas, como sendo um sistema fechado, ou seja, nada entra pelo exterior nem sai para o exterior. 
Caso não se tenha a visão da economia como um subsistema de um sistema maior, então não faz, realmente, sentido a ideia de desenvolvimento sustentável. Apenas a visão pré-analítica de que a economia abrange o próprio ecossistema e de que a economia é um sistema fechado é que permite o uso do conceito de “crescimento sustentável”. O crescimento sustentável leva em conta que é possível crescer indefinidamente de forma sustentável. No entanto, se a visão pré-analítica for de que a economia é um subsistema dentro do ecossistema, então podemos questionar: qual é o tamanho da economia em relação ao sistema total? Qual tamanho ótimo deveria ter? Através dessas respostas chegaríamos ao conceito de “desenvolvimento sustentável” em contraposição ao “crescimento sustentável”, este último é contraditório para aqueles que vêm a economia como um subsistema.
O paradigma da economia ecológica diz que o conceito crescimento antieconômico é óbvio. A diferença para enxergar isso passa pela visão pré-analítica de ver a economia como um subsistema de um sistema maior. Os neoclássicos argumentam que o papel da natureza na economia é baixo, dada a queda dos preços relativos de muitos produtos naturais e sua baixa participação no PIB. No entanto, Daly diz que esse argumento é frágil, pois os recursos naturais são a base da construção de máquinas, bens de consumo, energia e tudo que é consumido no processo produtivo. Analogamente é errado afirmar que a base de um edifício arranha-céu não é importante, uma vez que representa apenas 5% de seu tamanho total.
O autor sugere como definição para “desenvolvimento sustentável” o termo “desenvolvimento sem crescimento”. O crescimento é limitado, uma vez que estamos em um sistema fechado, mas não isolado, ou seja, não trocamos matéria, mas trocamos energia. Assim, se o sistema econômico cresce, ele torna-se maior dentro do sistema total, mas este último permanece de igual tamanho. Assim, há escassez dos recursos naturais caso o subsistema econômico cresça acima de sua escala ótima, uma vez que precisaremos cada vez mais de matéria e energia de baixa entropia para mantermos o sistema econômico. Essa análise da economia ecológica diverge da economia neoclássica, visto que para esta última capital natural e capital feito pelo homem são substitutos, enquanto para a primeira esses capitais são complementares.
Por muito tempo foi consenso à resposta para os problemas abordados por Malthus (superpopulação), por Marx (distribuição injusta) e por Keynes (desemprego): o crescimento econômico. O crescimento do PIB solucionaria todos estes problemas. Além do mais, o crescimento também resolveria o problema ambiental, de acordo com a “Curva de Kuznets ambiental”. No entanto, o autor argumenta que o crescimento não é solução para nenhum destes problemas.
Daly vai argumentar que a globalização acelerará a transição para um período de crescimento antieconômico. Globalização, segundo o autor, difere de internacionalização, uma vez que a internacionalização diz respeito à intensificação de “trocas” entre as nações. A globalização, por sua vez está ligada a um processo onde há a progressiva redução das fronteiras nacionais e à criação de uma economia global, integrada pelo livre comércio e livre mobilidade de capitais. Sob a ótica da globalização, não faz mais sentidofalar em países, mas sim em empresas e nem em cidadãos, mas sim em funcionários. Segundo o autor, a globalização converte muitos problemas nacionais tratáveis em problemas globais intratáveis.

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