Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO CONTÁBIL E PLANEJAMENTO FINANCEIRO A LONGO PRAZO PARA ME E EPP Alexsandra Travalha Lucena ¹; Larissa Sepulchro Miranda²; Adriano Ferreira Silva³ 1. Acadêmico de Ciências Contábeis (Faculdade Brasileira – Multivix – Vitória); 2. Acadêmico de Ciências Contábeis (Faculdade Brasileira – Multivix – Vitória); 3. MSc em Economia Empresarial, docente na Faculdade Brasileira - Multivix Vitória. RESUMO O presente artigo trata da gestão contábil e planejamento financeiro a longo prazo para ME e EPP. A gestão contábil e o planejamento financeiro a longo prazo são ferramentas financeiras que contribuem de forma significativa para a sobrevivência das pequenas empresas, auxiliando no processo decisório, visando atingir os objetivos estabelecidos. O objetivo da pesquisa é apresentar o planejamento financeiro a longo prazo como forma de orientar, coordenar e controlar os passos que as empresas deverão dar para atingir os objetivos. Verificou-se que a contabilidade e suas ferramentas financeiras são fundamentais no auxílio ao pequeno empreendedor no processo de tomada de decisão através do Fluxo de Caixa Prospectivo. O artigo foi elaborado com base em pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo aplicada em dez micros e pequenas empresas na região da Grande Vitória(ES). Através das análises realizadas no estudo de caso, conclui-se que todas as empresas utilizam o fluxo de caixa como ferramenta financeira, havendo a necessidade de melhor adequação do recurso ao tipo de negócio, sendo necessário o registro diário de entradas e saídas do movimento financeiro para verificar a saúde financeira do negócio e a partir da análise obter uma resposta clara sobre as possibilidades de sucesso do investimento e do estágio atual da empresa e a longo prazo. Palavras-chave: Planejamento financeiro, Pequenas Empresas, Fluxo de Caixa. INTRODUÇÃO As MPEs (micro e pequenas empresas) assumem um papel importante na economia brasileira, segundo dados do SEBRAE (2014), elas representam 27% de participação no PIB ou seja mais de um quarto do Produto Interno Bruto brasileiro é gerado pelos pequenos negócios, e contribuem de forma significativa para o desenvolvimento do país, diminuição da pobreza, da marginalidade, das desigualdades sociais e da concentração de renda (QUEIROZ, 2002). Devido a importante contribuição para a economia e a alta taxa de mortalidade identificada nas empresas desse porte, esse estudo dedica-se a problemática dessas empresas. Segundo Moraes (Apud Pinheiro, 1996), identificar os fatores que exercem influência sobre o sucesso e o insucesso das empresas tem sido um dos objetivos mais almejados por pesquisadores. Entre os vários fatores que contribuem para o insucesso das MPE’s, destaca-se aqui o aspecto gerencial, denunciando o problema da discutível capacidade gerencial dessas pequenas empresas (PINHEIRO,1996). A contabilidade gerencial e suas ferramentas geram informações ao empresários para que as decisões sejam acertadas. Portanto, o presente estudo apresenta uma forma de contribuir para o aumento da sobrevivência das pequenas empresas e para o processo de decisão do pequeno empreendedor e do planejamento financeiro a longo prazo do seu negócio. Conforme Bortoli (1980, p.4) o estudo torna-se justificável pricipalmente pelo fato de “existir uma carência de informação nesta área que é inversamente proporcional à sua importância na economia”. OBJETIVO Considerando a realidade dos fatos que evidenciam as dificuldades enfrentadas pelas MPEs para se manterem viva no mercado, o estudo tem como objetivo geral apresentar as principais dificuldades enfrentadas, verificadas em algumas MPE’s na região da Grande Vitória do Estado do Espírito Santo, para elaborar e cumprir um planejamento financeiro de longo prazo utilizando como instrumento a contabilidade para atender essas necessidades. O que se espera é que este estudo venha a atender partes dessa carência do pequeno empreendedor e ajudá-lo na continuidade do seu negócio, contribuindo assim com uma temática de interesse de grande parte dos estabelecimentos da economia brasileira. A CONTRIBUIÇÃO DAS MPE’S PARA O PAÍS A Importância das pequenas empresas para o desenvolvimento do país é comentada por Barros (1978), ao dizer que a elas contribuem significativamente, “quer seja do ponto de vista econômico, quer seja do ponto de vista social e inclusive político”. O mesmo autor revela as funções que a empresa exerce como contribuição ao processo evolutivo para economia: . A significativa contribuição na geração do Produto Nacional; . A excelência na absorção de grande contingente da mão-de-obra a baixo custo; . A sua alta flexibilidade locacional, desempenhando importante papel na interiorização do desenvolvimento; . A Capacidade de gerar uma classe empresarial nacional, através da absorção de uma tecnologia gerencial produzida em seu próprio ambiente; . A possibilidade de atuação no comércio exterior, proporcionando uma salutar diversificação na pauta de exportações; . A sua condição de ação complementar aos grandes empreendimentos. Os dados fornecidos pelo orgão JUCEES – Junta Comercial do Estado do Espírito Santo (2017), permite observar um aumento de MPE’s extintas sobre as constituídas entre os anos de 2014 à 2016 no Estado do Espírito Santo: Figura 01 – Percentuais MPEs - Estado do Espírito Santo - Periodo 2014 a 2016. Fonte: Elaboração dos autores. Observou-se através dos índices que o total de empresas extintas sobre as constituídas cresceu progressivamente. No ano de 2014 as empresas extintas apresentavam um percentual de 48% sobre as constituídas, no ano de 2015 esse percentual aumentou em 27%, houve redução de empresas constituídas nesse período e no ano de 2016 as MPE’s extintas ultrapassam o número de constituídas em 32%. Diante dos dados apresentados é premente buscar uma resposta para as dificuldades enfrentadas pelos pequenos empreendedores no Estado do Espírito Santo em realizar e cumprir o planejamento financeiro do seu negócio, e verificar como a contabilidade pode contribuir para o crescimento e vitalidade das MPE’s. PLANEJAMENTO FINANCEIRO A LONGO PRAZO Para falar de planejamento é preciso entender o ato ou efeito de planejar, criar um plano para otimizar o alcance de um determinado objetivo. No financeiro esse objetivo remete para a previsão das receitas e despesas, criando uma estimativa dos meios financeiros que serão necessários para o futuro e manutenção da empresa. O planejamento financeiro é um aspecto importante das operações das empresas porque fornece um mapa para a orientação, coordenação e o controle dos passos que a empresa dará para atingir seus objetivos. Os planos de longo prazo tendem a abranger períodos entre dois e dez anos, no decorrer desses períodos, os planos são revisados constatemente através de relatórios e informações contábeis (GITMAN, 1997, p.105). Buchele (1980) afirma que o planejamento apresenta vantagens reais para as pequenas empresas e para as grandes, pois ajuda a assegurar o seu desenvolvimento, acelera o ritmo de mudanças, conduz à ação eficiente e força o dirigente a ter algum controle sobre o futuro. O autor diz ainda que o planejamento é importante para este segmento, pelas seguintes razões: as pequenas empresas não conseguem competir em várias frentes, necessitando selecionar as suas ações e não possuem reservas financeiras para sobreviverem a erros, devendo avaliar seus movimentos. Golde (1986) concluiu que mais vale ajudar uma pequena empresa a planificar do que convencer o pequeno empresário de que o planejamento é uma ferramenta útil. Segundo o autor, há certos elementos, na pequena empresa, que tornam o planejamento mais fácil do que em uma grande empresa: há menos dados a colher, menos camadas administrativas pelas quais precisampassar as informações e as operações são mais concentradas. Portanto o planejamento financeiro a longo prazo é uma forma de reflexão sistemática sobre o futuro da empresa podendo antecipar os possíveis problemas antes que eles possam acontecer, estabelecendo como os objetivos financeiros podem ser alcançados. CONTABILIDADE E SUAS FERRAMENTAS FINANCEIRAS Franco (1997, p.21) Define a contabilidade de forma a expressar a contribuição valorosa dessa ciência para o processo de decisão: A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. Pompermaier (1999, p.89) afirma que todas as teorias e práticas conhecidas, desenvolvidas e executadas nas grandes instituições podem ser aplicadas nas pequenas e médias empresas, com algumas ou muitas adaptações. Também explica que para desenvolver um trabalho que permita a aplicação da contabilidade gerencial, as dificuldades dependem, fundamentalmente, da vontade dos diretores e da capacidade técnica dos profissionais da área contábil. Umas das principais dificuldades enfrentadas pelos empreendedores, na tarefa de administrar sua empresa, refere-se à compreensão dos aspectos financeiros e contábeis do negócio. Em busca de soluções procuram a assistência dos gerentes das instituições financeiras e contadoras mas, nem sempre encontram o que necessitam, afirma (KASSAI,1996). Tendo reconhecido a importância das técnicas contábeis e ferramentas gerenciais, que auxiliam o pequeno empreendedor no processo de tomada de decisão, vamos apresentar um Fluxo de Caixa Prospectivo. Para Lacerda (2006): O fluxo de caixa é o expediente mediante o qual se obtém as entradas e saídas de caixa. Por seu intermédio, a empresa será capaz de verificar a capacidade de pagamento por determinado período, se há possibilidade de investimentos, em qual data será melhor para se programar determinada compra; enfim, é o orientador da empresa para sua tomada de decisão. O Modelo de Fluxo de Caixa Prospectivo desenvolvido por Kassai (1996), trouxe um avanço considerável no desenvolvimento de relatórios contábil-financeiros para as MPEs, e a contra-proposta e comentários de Oliveira (2001) compõe juntos a base fundamental para o desenvolvimento da proposta de adaptação, conforme adaptado e apresentado por Lacerda (2006) para Revista Brasileira de Contabilidade. A proposta de Oliveira (2001) segue o modelo de fluxo de caixa voltado para o futuro, como propõe Kassai (1996), porém suprime alguns dados considerados por ele como de difícil entendimento por parte do usuário: Neste sentido, alguns itens poderiam ser suprimidos do modelo desenvolvido por Kassai, com vistas a simplificar as informações a serem colocodas à disposição dos empresários (OLIVEIRA 2001, p.84). O modelo de fluxo de caixa apresentado por Lacerda (2006), considera as características do modelo apresentadado por Kassai (1996), mas levando-se em conta os comentários de Oliveira (2001) sobre alguns itens considerados por ele como de difícil entendimento por parte do usuário. Quadro 1 – Proposta de Fluxo de Caixa Prospectivo para Pequena Empresa. Fonte: Fluxo de Caixa Prospectivo adaptado por Lacerda (2006); desenvolvido por Kassai (1996); Oliveira (2001). No quadro 1 conforme Lacerda (2006) descreve, nas colunas colocam-se os períodos (meses, por exemplo), sendo que o período corrente está acompanhado de valores orçados e realizados, possibilitando a análise horizontal. Assim, o empreendedor pode comparar o orçamento com o ocorrido e efetuar as correções. O modelo demonstrado por Lacerda foi operacionalizado numa simples planilha de Excel, segue abaixo as descrições feitas por ele: . O Item “Entradas” representa o ingresso de dinheiro na empresa a partir do seu faturamento. As entradas podem ser classificadas por natureza, como dinheiro, cheques, cartão, etc. . O Item markup está relacionado com a margem de lucro pretendida e será usado para a composição do orçamento. Kassai (1996) explica que este item significa o coeficiente multiplicador que se aplica sobre o montante das compras, para obtenção do montante das vendas. Já o orçamento dos gastos variáveis será feito à proporção da receita estimada, porque estes variam de acordo com a variação do faturamento. . As saídas foram classificadas como gastos variáveis e fixos, segundo modelo proposto por Kassai (1996). Essa distinção levará o empresário de pequena empresa a compreender o conceito de margem de contribuição e irá prepará-lo melhor para entender outras ferramentas gerenciais, como Ponto de Equilíbrio e Formação do Preço de Venda, já que ambas utilizam o conceito de gastos fixos e variáveis. METODOLOGIA A elaboração desse artigo fundamentou-se em pesquisa bibliográfica do assunto apresentado. Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Foi realizada uma pesquisa descritiva em 10 MPEs na região da Grande Vitória(ES). A coleta de dados foi realizada através de questionários. Yin (2001, p.28) afirma que o estudo de caso é utilizado quando o pesquisador investiga “uma questão do tipo ‘como’ e ‘por que’ sobre um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle”, tendo como objeto de estudo um caso único ou casos múltiplos. Dessa forma a pesquisa buscou verificar, quais as dificuldades encontradas pelo pequeno empreendedor em elaborar e cumprir um planejamento financeiro e seu relacionamento com a contabilidade e suas ferramentas. APURAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS Inicialmente foi elaborado um questionário com 30 perguntas relacionadas ao estudo proposto, e esse questionário foi distribuído para 10 micro e pequenas empresas na região da Grande Vitória. Os dados coletados foram tratados e apresentados em gráficos: Figura 02 – Pergunta 1 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 03 – Pergunta 2 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 04 – Pergunta 3 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 05 – Pergunta 4 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 06 – Pergunta 5 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 07 – Pergunta 6 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 08 – Pergunta 7 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 09 – Pergunta 8 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 10 – Pergunta 9 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 11 – Pergunta 10 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 12 – Pergunta 11 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. Figura 13 – Pergunta 12 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboraçãodos autores. Figura 14 – Pergunta 13 do Questionário em anexo. Fonte: Elaboração dos autores. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Verificou-se na figura 4 o perfil do empreendedor antes de abrir o seu negócio. Os resultados mostram que 30% dos entrevistados eram empregados do mesmo ramo, ficando equiparados em 20% aqueles que abriram por oportunidade e os que desejavam abrir o próprio negócio. A figura 5 apresenta uma dado importante para a pesquisa: como foi o planejamento antes da empresa iniciar as atividades. Constatou-se um número significativo de empreendedores que não planejaram o seu negócio, 40% afirmaram que não traçaram metas e objetivos futuros para sua empresa e 60% planejaram por tempo entre 6 a 12 meses. A figura 6 mostra que 70% dos empreendedores cuidam da própria gestão financeira da empresa, e sendo que somente 10% permitem que a contabilidade exerça seu papel, estudando, controlando e fornecendo informações gerenciais que auxiliam no processo de tomada de decisão dos pequenos empresários. A figura 7 trata sobre o conhecimento e experiência do empresário no ramo de atividade do seu negócio, 50% afirmam que adquiriram conhecimento na prática e não se capacitaram, enfatizado a teoria de Barros (1978, p.24) que a grande maioria dos pequenos empresários adquiriu, em forma empírica e na direção diária de seu estabelecimento, a capacitação exigida para as funções diretivas. Segundo Almeida (apud Kassai, 1997) não é fundamental que o empresário de MPEs tenha um conhecimento profundo de técnicas administrativas e contábeis para garantir uma boa gestão, dada a simplicidade de funcionamento de uma MPE. A partir da figura 8 até a figura 12, a pesquisa apresenta o nível de conhecimento do pequeno empresário sobre as ferramentas contábeis e como as utilizam para direção e crescimento da empresa: 50% dos empresários acompanham mensalmente o fluxo de caixa da empresa, 40% fazem esse acompanhamento diariamente e 10% não utilizam essa ferramenta; o conhecimento das ferramentas DRE e fluxo de caixa: 10% não compreendem essas ferramentas, 50% possuem conhecimento em fluxo de caixa e 40% não souberam responder; o nível do fluxo de caixa da empresa, 40% classificaram como fraco e 60% como bom; 60% afirmaram que o controle de fluxo de caixa é utilizado nas tomadas de decisões da empresa e 40% não utilizam; 50% dos entrevistados não registram todas as entradas e saídas financeiras no fluxo de caixa, 40% registram e 10% não souberam responder. Os dados acima indicam que a principal ferramenta contábil utilizada pelo pequeno empreendedor para seu controle financeiro é o fluxo de caixa, mas que seu conhecimento é superficial, não utilizando de forma eficaz para tomada de decisões da empresa. A figura 13 apresenta o comportamento da contabilidade na visão do pequeno empresário, e 60% afirmam que a mesma não dá feedback, só fornece informações básicas e atende os prazos do fisco e 40% quando procuradas, respondem dúvidas básicas. A figura 14 informa que 50% dos empreendedores nunca buscaram um auxílio de um profissional qualificado, 30% receberam consultoria do SEBRAE e 20% foram em busca de consultorias particulares. As figuras 15 e 16 indicam as principais dificuldades encontradas pelas MPEs e EPPs, em elaborar e cumprir o planejamento a longo prazo. Foi verificado que 80% dos pequenos empresários tem dificuldade nas etapas de elaboração do planejamento que são: diagnóstico estratégico, visão, valores, análise interna e externa do negócio. No quesito cumprir, 30% encontram dificuldades em registrar e oficializar o planejamento depois de elaborado e de enxergar a médio e longo prazo, sendo que 70% não souberam responder. Na pesquisa verifica-se vários fatores que impedem o crescimento da pequena empresa, e não temos dúvidas sobre a importância da Contabilidade e a consequente utilidade do trabalho do Contador. Segundo Kassai (1997): Muitas vezes na pequena empresa a decisão é tomada com base no sentimento. No caso das pequenas empresas familiares, frequentemente, os sucessores permanecem fazendo aquilo que aprenderam com seus pais, sem entender mesmo o significado ou, o que é mais importante, os efeitos de mudanças ambientais nesses procedimentos administrativos. E nisso, a contabilidade pode ajudá-los de maneira simples, considerando os principais números da empresa, como por exemplo, os parâmetros de produção e vendas, através do qual o empreendedor monitore a sua empresa e tome suas decisões. É o que se procurou apresentar no Fluxo de Caixa Prospectivo. CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise comportamental evidenciando quais as dificuldades enfrentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte para manter-se viva em um mercado econômico em constante transformação, e como o planejamento financeiro a longo prazo e a contabilidade podem contribui para atender essas necessidades, reduzindo o índice de mortalidade dessas empresas já que os pequenos negócios contribuem de forma significativa para o desenvolvimento do país. Algumas limitações devem ser citadas durante a elaboração do presente estudo registradas na pesquisa de campo, como por exemplo: todas as empresas entrevistadas omitiram-se informações relevantes relacionadas ao fluxo de caixa, impossibilitando o diagnóstico da saúde financeira da empresa e sua permanência no mercado. Em relação ao estudo de campo que foi realizado através de questionário aplicados em 10 empresas na região da Grande Vitória(ES), verificou-se que todas as empresas utilizam o fluxo de caixa como ferramenta financeira para nortear os negócios, porém essa ferramenta pode ser melhorada se administrada cuidadosamente dia a dia com os lançamentos de entradas e saídas, possibilitando a visualização do presente e do futuro financeiro. Cerca de 50% das empresas entrevistadas admitem não registrar todas as entradas e saídas financeira da empresa, dificultando a clareza na saúde financeira. O ponto de atenção vai para a contabilidade, mais de 60% dos entrevistados alegam não receber um feedback da situação economica de sua empresa, todavia fornecem informações básicas e atendem aos prazos do fisco e quando procuradas, respondem dúvidas básicas. Conclui-se que a maioria das empresas ainda não está preparada quanto ao diagnóstico estratégico, visão, valores e análise interna externa do negócio, dificultando assim o registro e a oficialização do planejamento depois de elaborado, e de enxergar a médio e longo prazo. Sugerimos as empresas entrevistadas como ferramenta facilitadora o Fluxo de Caixa Prospectivo adaptado por Lacerda, desenvolvido por Kassai e Oliveira. Nela o período corrente está acompanhado de valores orçados e realizados, possibilitando a análise horizontal. Assim, o empreendedor pode comparar o orçamento com o ocorrido e efetuar as correções em longo prazo. Para um próximo estudo na área sobre Gestão contábil e planejamento financeiro em longo prazo para ME e EPP, sugere-se uma abrangência maior nas diversas ferramentas financeiras que a contabilidade oferece, com foco nos vários segmentos de negócios do mercado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINSON, Anthony A.,BANKER, Rajiu D., KAPLAN, Robert S., YOUNG, S. Contabilidade Gerencial: 1º ed.São Paulo: Atlas, 2003. BARROS, Frederico Robalinho de. Pequena e média empresa e política econômica: Um desafio à mudança. Ed. Apec. Rio de Janeiro.1978. BORTOLI, Neto Adelino. Tipologia de problemas das pequenas e médias empresas. São Paulo:1980. Dissertação de mestrado, FEA/USP. Buchele, R.B (1980). Diagnóstico de empresas em crescimento. São Paulo, Atlas. FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 23 ed. Atlas: São Paulo, 1997. GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GITMAN, Lawrence J., Princípios de Administração Financeira, 7ªed. Copyright: Harbra, 1997. Golde, R. A. (1986). Planejamento prático para pequenas empresas. In: Coleção Harvard de Administração. São Paulo, Nova Cultural, v. 9, p. 7-34. KASSAI, Silvia. As Empresas de Pequeno Porte e a Contabilidade. São Paulo: 1996. Dissertação de Mestrado, FEA/USP KASSAI, Silvia. As Empresas de Pequeno Porte e a Contabilidade. Caderno de Estudos, FIPECAFI, v.9, n.15, p. 60- 74, jan/jun, 1997. LACERDA, J. B. A contabilidade como ferramenta gerencial na gestão as micros e pequenas empresas (MPMEs): necessidade e aplicabilidade. Revista Brasileira de Contabilidade, ano XXXV, n. 160, p. 39-53, jul./ago. 2006. PINHEIRO, Maurício. Gestão e desempenho das empresas de pequeno porte: uma abordagem conceitual e empí- rica. 1996. 269f. Tese (Doutorando em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, FEA/USP, São Paulo. POMPERMAIER, Mauro Jose. Contabilidade Gerencial: Sistemas de Informações Contábeis para pequenas e médias empresas. Revista do VII Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul: Evolução e Estratégias. Rio Grande do Sul, p.85-100, ago/1999. SEBRAE. Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira. Relatório Brasil. Brasília, Julho /2014. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. APÊNDICE – QUESTIONÁRIO QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO REALIZADA COM EMPRESÁRIOS DAS EMPRESAS ME (MICROEMPRESA) E EPP (EMPRESA DE PEQUENO PORTE) Prezado(a) entrevistado(a), Autor(es): Alexsandra Lucena e Larissa Miranda Orientador: Adriano Ferreira Silva Tema do TCC: GESTÃO CONTÁBIL E PLANEJAMENTO EM LONGO PRAZO PARA AS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. Razão Social: Nome do Entrevistado: Sexo: Feminino Masculino Idade: Escolaridade: Fundamental Médio Profissionalizante Graduação Especialização Área de Formação: Quantos anos de fundada tem a empresa: Telefone de Contato: As questões abaixo se referem a uma pesquisa de campo para a composição do trabalho de conclusão de curso –TCC, do curso de GRADUAÇÃO em CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA MULTIVIX - VITÓRIA, cujo objetivo é verificar quais as principais dificuldades enfrentadas pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, para elaborar e cumprir um planejamento de longo prazo, e como a contabilidade pode contribuir para atender essas necessidades. 1 - Qual era o seu perfil antes de abrir a empresa? ( ) Era empregado no mesmo ramo. ( ) Abriu por oportunidade. ( ) Desejava ter o próprio negócio. ( ) Não souberam responder. 2 - Como foi o planejamento para abertura da empresa antes de iniciar as atividades? ( ) Não planejou. ( ) Planejou por tempo de até 12 meses. ( ) Planejou por tempo inferior a 6 meses. 3 - Quem cuida da gestão financeira da empresa? ( ) O Próprio Sócio ( ) Empregados 4- Possui conhecimento e experiência no ramo de atividade do negócio? ( ) Nenhum, entrei no ramo por oportunidade ( ) Tenho conhecimento prático, sem capacitação ( ) Tenho capacitação e conhecimento no negócio 5- Os sócios acompanham rigorosamente o fluxo de caixa do negócio? ( ) Nunca ( ) diariamente ( ) mensalmente 6- Os sócios possuem conhecimento o que seria uma DRE e Fluxo de Caixa ( ) Nenhum ( ) Só do Fluxo de Caixa ( ) Não souberam responder. 7- Como considera o Fluxo de Caixa da empresa? ( ) Fraco ( ) Bom 8- O controle de Fluxo de Caixa é utilizado nas tomadas de decisões da empresa? ( ) Sim ( ) Não. 9- Todas as entradas e saídas financeiras são registradas no Fluxo de Caixa? ( ) Sim ( ) Não. ( ) Não souberam responder 10- Como sua contabilidade se comporta? ( ) Não dá feedback, só se preocupada com as informações básicas e o prazos da legislação. ( ) Quando procurada, responde dúvidas básicas 11- Já procurou alguma consultoria financeira sobre o seu negócio? ( ) Nunca ( ) Sim, Sebrae ( ) Sim, Consultorias particulares 12- Qual a principal dificuldade para elaborar o planejamento? ( ) Diagnóstico estratégico - analisar a organização conhecendo as oportunidades e ameaças do negócio. ( ) Identificação dos valores - selecionar pessoas com valores e atitudes correspondente. ( ) Diagnóstico estratégico, Visão, Valores, Análise interna e Externa do negócio. 13- Qual a principal dificuldade para cumprir o planejamento? ( ) Dificuldade em registrar, oficializar o planejamento depois de elaborado, e de enxergar a médio e longo prazo. ( ) Não souberam responder.
Compartilhar