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Resenha Ana Catarina América Pré Colombiana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CAMPUS RECIFE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: PRÉ-HISTÓRIA
RESENHA “HISTÓRIA DA AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA” 
DE MÁRIO CURTIS GIORDANI
PROFª.: ANA CATARINA TORRES
ALUNA: RAÍSSA TOLEDO DE OLIVEIRA
1º PERIODO
RECIFE, 2014
GIORDANI, Mário Curtis. História da América pré-colombiana: Idade Moderna II. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2ª edição, 1997.
O vasto continente americano é dividido em três partes: América do Norte, América Central e América do Sul. A primeira e a terceira revelam semelhanças em seus contornos exteriores, estrutura e relevo, mas o mapa da América do Norte apresenta-se mais recortado e com numerosas ilhas, enquanto o da América do Sul revela um continente mais maciço. Entre os rios mais importantes estão, O MacKenzie, o Mississipi, o Columbia e o Colorado, situados na América do Norte. Na parte Sul-Americana existe o rio Amazonas, o São Francisco, o Paraná e o Bio-Bio no Chile. Tais rios desempenharam um papel muito importante no desenvolvimento dos ameríndios, a navegação facilitou a própria cultura desses povos, facilitada com a difusão das suas artes e seus costumes. Os campos também tiveram grande importância no desenvolvimento desses povos, permitiram a criação de grandes rebanhos de bisões, antílopes e veados na América do Norte e guanacos e vicunhas na América do Sul. Havia também os mangues, ricos em vida animal, enquanto as praias arenosas possuiam a fauna mais pobre.
Durante o contato desses ameríndios com os europeus, predominava o cultivo de uma vasta lista de plantas, sendo três dessas a base alimentar desses povos: mandioca e batata como raízes e o milho como cereal. Na época em que os continentes americanos do Sul e do Norte estavam interligados, estes possuiam a mesma fauna. Este contato que perdurou até a época moderna, permitiu um grande intercâmbio de animais como, morcegos, roedores, felinos, lobos, raposas, ursos, veados e cavalos e mais futuramente o homem. No último recuo das geleiras, houve uma grande extinção de animais, entre eles, espécies de cavalos, o que dificultou a evolução do transporte no Novo Mundo, já que a lhama (domesticada em larga escala pelos ameríndios) suportava apenas 30 quilos (FRANK DA COSTA, Evolução cultural da América Pré-colombiana, p. 51). Uma das explicações para o isolamento do qual os índios americanos foram submetidos é a característica geográfica da América, ocasionou, por exemplo, a tardia difusão da manufatura cerâmica.
A existência de seres humanos que habitavam o novo mundo – e que foram considerados “índios” apesar de não habitarem as Índias – causou espanto, criou uma série de dúvidas e levantou hipóteses para os europeus da época do descobrimento quanto aos antepassados desses povos. Uma das teorias conhecidas é o caso da Atlântida, esta que seria uma imensa ilha que, segundo o filósofo Platão, situava-se ao longo da costa da Europa e do norte da África, a oeste do Estreito de Gibraltar. Acreditava-se que esta ilha era o centro de um grande império e que ela facilitaria a passagem entre o Velho Mundo e a América. No entanto, essa hipótese foi refutada pelos geólogos e paleontólogos que demonstraram que quando o homem apareceu na Terra, os continentes e mares já apresentavam sua configuração atual. Outra tese curiosa é a do paleontólogo argentino Florentino Ameghino, que acreditava que a humanidade teria tido origem na Patagônia.
Aleç Hrdliçka com base em várias pesquisas acreditava que os índios americanos formavam uma raça única e a sua origem racial provinha dos mongóis, que vieram da Ásia Oriental pelo Estreito de Bering. Para Hrdliçka, os mongoloides teriam entrado no Continente Americano em pleno holoceno, e esse período podendo ser estendido até os estratos mais altos do paleolítico recente. E as migrações não aconteceram de uma vez só, teria havido pelo menos quatro ondas migratórias de elementos mongoloides distribuídas em sucessão cronológica: camada dolicocéfala, branquicéfalos, branquicélafos mais recentes e os esquimós, que constituem o grupo mais recente. 
Para o antropólogo francês Paul Rivet, com base em pesquisas etnográficas, biológicas e linguísticas, o povoamento da América se deu por quatro correntes migratórias: migração australiana, migração malaio-polinésica, migração mongoloide e migração esquimó. No entanto, nunca foi comprovado o poder de navegação dos australianos.
A Era Quaternária se divide em dois períodos distintos: o Pleistoceno, o mais antigo, inicia-se com o final do último período da Era Terciária, isto é, o Plioceno. O segundo período é o Holoceno. O Pleistoceno pode ser subdividido em quatro glaciações separadas por períodos interglaciais: Günz, Günz-Mindel, Mindel, Mindel-riss, Riss, Riss-Würm, Würm. No decurso do Quaternário, a América do Norte esteve também coberta por um calote de gelo. As glaciações americanas são: Nebraska, Kansas, Illinois, Wisconsin. A cada fase de extensão glacial deve ter correspondido uma fase de abaixamento do nível geral dos mares.
As glaciações provocaram extraordinárias mudanças na temperatura, na precipitação e na flora e fauna de imensas porções do Continente. Quando a retenção da água nas geleiras continentais acarretou a baixa do nível do mar, surgiu na região do Estreito de Bering e das ilhas Aleutas, um verdadeiro subcontinente, a Beríngia. O clima era seco, a estepe ártica suplantou a atual tundra e taiga na Beríngia. Uma rica e variada fauna terrestre de mamíferos proporcionava uma base econômica para os caçadores nômades do Paleolítico tardio, os ancestrais dos modernos índios americanos. Com o passar dos milênios, a flora – recuo da estepe ártica e expansão da tundra – e a fauna – mamutes e cavalos são rapidamente exterminados e o bisão foi preservado na região leste da Beríngia – sofreram profundas transformações. A tundra e a taiga expandem-se nas zonas baixas, quanto à fauna, destaca-se o caribu. O imenso comprimento e a estreita largura do corredor livre de gelo que ligou o Alasca com o centro da América do Norte desempenhou um tipo semelhante de barreira filtrante entre os respectivos habitantes.
Com relação à paleontologia e à antiguidade da presença do homem na América, não se encontraram restos de grandes primatas fósseis no Continente, os esqueletos humanos que foram encontrados pertencem ao Homo sapiens sapiens, a associação de instrumentos ou de restos humanos com ossos fósseis de animais não implica necessariamente a atribuição de grande antiguidade aos primeiros, pois alguns elementos da fauna pliocênica teriam sobrevivido até o holoceno. Os trabalhos em pedra eram confeccionados somente por meio de percussão e não de pressão. Esses utensílios, com ausência de pontas de projétil, são frequentemente grandes e pesados, e revelariam a existência de imigrantes bem antigos com um estágio de baixo nível cultural, baseado na coleta e na caça não especializada.
É inegável que, fisicamente, os ameríndios apresentam maior semelhança com populações asiáticas do que com tipos humanos de outras regiões. A antropologia comparada nos fornece alguns dados muito importantes para resolver o problema da origem dos índios americanos. As afinidades deles com os povos mongoloides da Ásia não oferecem margem a dúvidas. Elas são tão numerosas que as populações autóctones da América são geralmente classificadas pela maior parte dos antropólogos na grande raça mongoloide. Os índios se aproximam dos mongoloides pela cor da pele – que vai do moreno-amarelado ao moreno cor-de-cobre –, pelos cabelos negros e rijos, por seus olhos negros, por suas maçãs do rosto salientes. No entanto, certas características do grupo mongoloide estão ausentes entre os ameríndios: os olhos apertados, o nariz fortemente côncavo e arrebitado, etc. Testemunhos arqueológicos permitem afirmar que se encontravam igualmente elementos caucasianos e australóides nos povoadores iniciais da América. Posteriormente,os imigrantes apresentaram aspecto mongoloide, cada vez mais acentuado, culminado com as últimas migrações Esquimó e Nadene.
Não se encontram vestígios de embarcações, nem representações ou nenhuma outra evidência que implique na passagem do homem paleolítico por mar. As migrações devem ter acontecido na subida das águas nos primeiros tempos pós-glaciais e o desaparecimento das pontes naturais que obrigaram o homem a navegar. Quanto ao caminho principal, o de Bering, como não está provada a existência há 40 mil ou mesmo 20 mil anos atrás de embarcações capazes de atravessar o estreito, a maioria dos pesquisadores vincula as primeiras migrações à última glaciação, quando a água retida nas geleiras continentais fez baixar o nível do mar, aparecendo na região do estreito todo um subcontinente. Chard, Heusser e Bosch Gimpera sugerem que, possivelmente, devemos distinguir duas rotas: uma costeira e mais antiga – durante a fase glacial de Farmdale –, seguida por caçadores e pescadores adaptados a um ambiente ártico de tundra; a outra, interior e posterior, de caçadores avançados já providos de projéteis com ponta de pedra, numa fase parcial retirada glacial – talvez a de New-Haven –.
No capítulo quatro do livro: “História da América Pré-colombiana”, Giordani explicíta a evolução cultural dos ameríndios, refere-se as influências externas, trazidas pelos europeus, e a um processo de desenvolvimento isolado. Tratando em maior parte da pré-história Sul-Americana, ele resume os tipos culturais em: caçadores inferiores, caçadores superiores, caçadores plantadores, plantadores recentes e altas culturas. A datação mais antiga do homem no Novo Mundo é de aproximadamente 10.000 a.C. e os materiais culturais desse período já apresentam uma característica bem adaptada ao meio do Novo Mundo. Muitos arqueólogos consideram os paleo-índios do estágio Ponta de Projétil os mais antigos, mas outros estudiosos já apontam para a existência de imigrantes mais antigos encontrados em sítios que não possuem Pontas de Projétil, mas possuem talhadores pesados, facas e batedores em grande quantidade, por exemplo, em parte do Chile, da Argentina e do Uruguai.
Entre os artefatos líticos que surgiram há cerca de 10.000 anos, as Pontas de Projétil se destacam, pois são delicadamente lascadas e definem as fases de Clóvis, Folsom e Plano. São artefatos tecnicamente excelentes, diferentemente dos instrumentos do estágio Pré-Ponta de Projétil. As pontas de Clovis e Folsom caracterizam-se por uma estria peculiar em cada face e são mais rudimentares. Já o termo Plano refere-se a pontas não estriadas, em forma de folha, sendo comumente encontrados entre os paleo-índios da América do Sul, os mesmos já habitavam a América do Norte anteriormente, surgindo a hipótese de um corredor trans-canadense há cerca de 13.000 anos.
Giordani também relata sobre a origem da cerâmica, que ocorreu em meados de 3.000 a.C., com os primeiros vestígios encontrados no Equador e na Colômbia. É um instrumento extremamente frágil para ser constantemente transportado, o que reafirma a adoção do sedentarismo. Possuía uma grande durabilidade, perdendo apenas para a pedra. A autora Meggers acredita, que a cerâmica encontrada nas florestas dos Estados Unidos incorporam tantos fatores distintos que podem ter surgido independentemente (GIORDANI, 1990, p. 93). Meggers ainda divide o desenvolvimento cultural em regiões: áreas nucleares, área intermediária, florestas, desertos, campos, costas do pacífico, áreas marginais e ártico.
Na busca de alimentos, entre os ameríndios, existiam os caçadores, os pescadores e os coletores. A caça logo se limita, efeito de uma redução na fauna em consequência de mudanças climáticas, já a coleta de plantas e nozes nas florestas, permitiam uma fixação por mais tempo num determinado local. A substituição da coleta e da caça pela produção desses alimentos através da agricultura, resulta numa profunda mudança cultural. Ainda permanece a caça e a coleta em alguns lugares devido a ineficiência do solo, em lugares como, a Costa do Pacífico, as áreas marginais e o Ártico. Essas mudanças permitiam maior fixação residencial e um crescimento populacional, mesmo que de forma lenta.
Surgiu, segundo Sanders (GIORDANI, 1990, p. 110), vários tipos de estruturas político-sociais: bandos, tribos, chefias e até Estados. Cada estrutura com características peculiares, tendo as chefias, uma maior hierarquização. A medida que essas organizações se tornavam mais desenvolvidas, crescia também os aspectos culturais, entre eles a religião. Apesar de haver poucos relatos sobre comunidades religiosas, Frank da Costa distingue algumas características das sociedades Sul-Americanas, tais como: tendência para o henoteísmo (culto de um só deus, sem deixar de admitir a existência de outros), culto aos demônios e espíritos da natureza, hábitos funerários, representações materiais dos deuses e o xamanismo (conjunto de práticas e crenças do xamã). Tanto a religião como, o intercâmbio comercial e os mercados, se revelaram grandes fatores no processo de integração social.

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