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VACINAS E VACINAÇÃO

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VACINAS E VACINAÇÃO
Vacinação é o método com melhor custo benefício no controle e erradicação das doenças infecciosas.
Doenças erradicadas: varíolas (ser humano), peste suína clássica, brucelose (alguns países).
Doenças controladas: febre aftosa, raiva e cinomose.
 
As vacinas possuem finalidade de prevenção e proteção em massa, evitando a doença e uma infestação dela, podendo ser feita com patógenos vivos/atenuados ou patógenos mortos.
Num rebanho, por exemplo, ela deve ser feita no número máximo de animais possíveis, dependendo da espécie e criação todos ou a maioria podem ser vacinados. Dessa forma, mesmo os indivíduos que não forem vacinados finam menos propensos a desenvolver a doença.
 
A transmissão de agentes infecciosos pode se dar entre seres humanos (inter-humana), entre seres humanos e animais ou ainda entre os animais. 
O controle de doenças infecciosas pode se dar também através de medidas de higiene e antimicrobianos, porém este é mais caro e gera resistência na população.
 
Imunização
Pode ser usado para falar de vacinação, porém lembrar que pode ocorrer também de forma passiva.
Ativa: imunidade pela administração de antígenos. Pode ser NATURAL (doença) ou ARTIFICIAL (vacina). A ativa não é imediata mas é duradoura, gerando memória imunológica.
Passiva: mediante a administração de anticorpos. Pode ser NATURAL (colostro) ou ARTIFICIAL (soro terapia). Não gera memória imunológica nem plasmócitos de vida longa.
 
Numa vacinação ocorre a resposta imune.
O antígeno deve ser administrado de forma eficiente (subcutânea ou intramuscular, por exemplo), e é reconhecido pelas células do Sistema Imune, ocorre o processamento e apresentação dos antígenos. Com isso os LB e T são ativados, ocorre a produção de imunidade (que pode ser humoral ou celular, dependendo do tipo de vacina) e a memória imunológica será gerada.
Uma vacina morta irá estimular mais uma imunidade humoral do que a celular.
Uma vacina ideal deve ser eficiente, intensa e prolongada. 
Não devem apresentar efeitos colaterais (ou ter o menos possível), induzir uma resposta imune duradoura, quanto mais barata melhor, deve ser estável (mais fácil de armazenar e manipular). Deve também ter um balanço entre imunogenicidade e segurança, não adianta ser uma vacina muito potente que adoece o animal ou dá muitos efeitos colaterais.
A memória imunológica é mais eficiente após outras infecções (ou reforço quando em vacinas) e em outra exposição terá uma RI mais potente, prevenindo a doença.
 
A vacina é constituída por:
Antígeno: pode ser o patógeno inteiro ou um fragmento, ou uma toxina.
Adjuvante: adicionado principalmente com vacinas mortas para potencializar e ativar a RI.
Solvente: água, solução salina, etc.
Conservantes (antimicrobiano, antifúngico...) estabilizantes em geral.
 
Vacinas monovalentes: constituídas só por 1 tipo de antígeno;
Vacinas polivalentes: quando há uma associação de mais de um antígeno na vacina. Ex: para bovinos há uma vacina que previne doenças no trato respiratório, contendo vírus da diarreia viral bovina, rinotraqueite bovina, etc. Para cães temos, numa só vacina, a cinomose, adenovírus tipo I e tipo II, leprosaria (esta possui diferentes sorotipos, mais de 200, sendo há principal para cães, e são manipuladas vacina V10 e V8).
 
Os tipos mais comuns de vacinas são as vivas e atenuadas.
VACINAS VIVAS
São patógenos vivos que passam por um processo de atenuação, que há redução de virulência causando diminuição da patogenicidade. Isso é feito através de um processo químico ou calor para que não sejam mais capazes de causar doenças. 
Organismos vivos virulentos, como a AIDS por exemplo, não devem ser utilizados nas vacinas, pois irão causar a patogenia.
 
O microrganismo mantém sua capacidade de replicação, tendo um maior tempo de exposição, ativando o sistema imune a causar uma resposta, principalmente celular, sendo assim mais eficaz.
Ex: para a atenuação podem ser feitos processos em cultivos em meio saturado de CO2, cultivo em meios pobres de nutrientes ou em tecidos que não estão adaptados, remoção genética do gene virulento, etc.
 
Vantagens
Produzem imunidade de longa duração (pois o SI consegue reconhecer se está sendo injetado um organismo vivo ou morto)
Taca de soroconversão elevada e precoce (maior produção de AC)
Gera uma boa imunidade celular 
Necessita de poucas doses inoculantes.
Adjuvantes normalmente são desnecessários nestes casos.
Desvantagens
Podem imitar curso natural da doença.
Virulência residual.
Cuidados na manipulação, cuidados no armazenamento.
Mais fácil de contaminação.
 
VACINAS MORTAS
Ou inativadas.
Normalmente produzida (inativada) através do uso de agentes químicos que não devem alterar os antígenos responsáveis por estimular a imunidade.
Precisa matar o microrganismo, mas manter estruturas como epítopos, pois assim poderá ser reconhecida e poderá gerar uma resposta imune.
Substâncias inativantes: formaldeído, álcool ou acetona e óxido de etileno.
Irá normalmente desenvolver uma resposta humoral, não tão eficaz como uma vacina atenuada que causa uma resposta celular.
 
Vantagens
São mais estáveis e seguras, pois não possuem uma virulência residual
Não são tão eficientes.
Necessitam de mais doses de reforço, repetições em um tempo menor.
São úteis quando os agentes incluídos na vacina não podem ser atenuados.
Apresentam um potencial de contaminação mínimo.
Desvantagens
Imunidade de curta duração (precisam de reforço).
Necessitam de adjuvantes, de uma maior dose de antígenos (maior chance de causar reações adversas).
Baixa indução de imunidade celular (predominante a resposta imune humoral).
 
TOXÓIDE
Vacina constituída por uma toxina inativada.
É importante contra patógenos que produzem toxinas.
Ex: tétano, pois o que causa problema é a toxina e não a bactéria. Portanto, não adiante apenas uma vacina com a bactéria, há necessidade de uma vacina que desenvolva AC neutralizantes para evitar que as toxinas entrem na célula. Assim que seja inativada a toxina, é adicionado um estabilizante (a base de mercúrio, normalmente) e então adição de uma adjuvante como Hidróxido de alumínio. 
 
Fatores que influenciam a intensidade e duração da resposta imune
Por parte da vacina tem-se a natureza do antígeno, via de inoculação, dose, esquema e adjuvantes.
Há também fatores relacionados ao animal, como idade e doenças.
 
RELACIONADO À VACINA
Natureza do antígeno
Há vacinas vivas, inativadas, vacinas de toxinas, vacinas de subunidades sendo que neste caso os Ag proteicos de alto peso molecular estimulam melhor o SI (e não são degradadas tão facilmente). 
As de subunidades também não produzem uma imunidade tão boa quanto a da vacina viva.
 
Vias de administração
Mais comuns são subcutâneas e vias intramuscular, porém existem outras vias.
Na SC será introduzida em um tecido menos irrigado com uma absorção então mais rápida.
Em suínos geralmente é feita intramuscular. Em aves há vias alternativas como a ocular, por pulverização, água de bebida, pois é muito difícil vacinar cada um, sendo necessário buscar alternativas. Existe também a vacina via ovo, 2-3 dias antes do ovo eclodir, onde o Ag é depositado no liquido amniótico, entrando pela via respiratória.
 
Dose
Vacinas possuem uma dose padrão
Não são formuladas para se adequarem a peso, idade...
Vacinas para pets são formuladas para se utilizar a menos dose inoculante possível
 
Esquema
Vacinas inativadas requerem mais doses.
São feitas uma primeira dose, cerca de 15 dias depois uma segunda dose, onde já há uma resposta mais amplificada e, se necessário, terceira dose.
Em uma vacina viva, o microrganismo vai ser inoculado
O microrganismo se replica no local ( desta forma não precisa colocar uma grande quantidade de Ag), resultando numa RI amplificada, por isso geralmente não requer dose de reforço.
 
Adjuvantes
Substâncias com a finalidade de maximizar a eficácia das vacinas, aumentando a resposta do organismo os antígenos.
Auxilia no estabelecimentode uma resposta prolongada contra os antígenos.
Adjuvantes de depósitos: ficam depositados no local e atrasam a eliminação do antígeno, não sendo degradado, fazendo com que a resposta imune dure mais tempo. A desvantagem deste adjuvante é uma possível irritação dos tecidos, formar granulomas no local e baixa imunidade celular.
Adjuvantes particulados: entregam os antígenos de forma eficaz às células apresentadoras de antígenos. Pouco utilizado nas vacinas veterinárias.
Adjuvantes imunoestimulantes: substâncias que estimulam o SI, aumentam a produção de citosina, estimulam resposta imune humoral e resposta imune celular. Pouco usadas em vacinas veterinárias.
 
FATORES RELACIONADOS AO ANIMAL VACINADO
Idade
Filhotes: SI em desenvolvimento, pode não responder de forma adequada.
Idoso: SI mais lento e menos eficiente, pode não responder de forma adequada.
Presença de AC materno: o ideal é vacinar quando ainda há AC maternos no sangue do animal, pois irão intensificar na resposta, podendo se ligar aos Ag e neutraliza-los, assim, não gerando uma resposta imune.
 
Doença
Um animal para ser vacinado deve estar em perfeitas condições de saúde para que possa expressar uma ótima resposta imunitária.
Não recomendada a vacinação: infecções bacterianas, virais ou parasitarias; qualquer fator imunossupressor (estresse, corticoides...)
 
A duração da imunidade, intensidade e tipo de resposta depende de vários fatores, dependendo da natureza do antígeno, esquema vacinal, antígeno, rota de inoculação, vacina viva/atenuada, fator individual... 
 
BOAS PRÁTICAS DE MANEJO
Via correta de aplicação, não reutilização de agulhas e seringas, em grandes animais utiliza-se agulhas reutilizáveis que devem estar afiadas e evitar contaminação do frasco vacinal.
Animais de produção: vacinação de 10 animais e trocar a agulha; uma agulha para retirar do frasco e outra para aplicar
Conservação: 2-8 graus C, nunca congelar e evitar mudanças de temperaturas.
 
RELAÇÕES VACINAIS 
Pode haver toxidade considerada normal, que pode ser algum tipo de reação desde que seja pequena, como febre, mal estar, uma certa reação inflamatória, uma bolinha no local da aplicação.
Existem também reações inapropriadas causadas por erros na produção da vacina (contaminadas, com toxidade anormal, com virulência residual etc) ou na administração desta.
Podem haver reações inapropriadas que ocorre em uma pequena parte dos animais, como do tipo I (alergias) com animal alérgico a algum reagente da vacina, podendo causar uma reação local ou um choque anafilático, pode ser do tipo III, quando ocorre uma reação inflamatória no local ou tipo IV, quando ocorre uma reação inflamatória no local e formação de um granuloma (reação inflamatória crônica).
 
Tecnologia de vacinação moderna
Vacinas de primeira geração são as vivas ou inativadas.
As de segunda geração são as de subunidades, as que usam microrganismos recombinantes.
As da terceira geração usam o DNA, esta não há no ramo veterinário.
 
VACINAS DE SUBUNIDADES
São uma porção do Ag, patógeno, que são purificados e isolados.
São geralmente proteínas ou polissacarídeos associados a proteínas.
Pega-se o genoma do vírus com a região responsável por produzir as proteínas que envolvem este vírus.
Os genomas são colocados em plasmídeos, depois dentro de uma bactéria que assim replica esta porção e assim é possível produzir estes fragmentos para que sejam isolados e utilizados no combate destes vírus.
 
Vantagens
Ser uma composição conhecida.
Produção em larga escala.
Sem risco de patogenicidade.
Desvantagens
Necessita de uma grande quantidade de antígenos, pois o Ag purificado é considerado um Ag morto, não causando uma boa resposta celular.
Precisa de múltiplas doses e de adjuvantes (semelhante a vacinas mortas).
 
Organismo recombinantes vivos
Método similar ao da clonagem.
É feito o mesmo procedimento, remoção do gene, colocado em um plasmídeo e este em uma bactéria, que passam a expressar o Ag na sua superfície, e não purificados como anteriormente.
Utiliza-se o microrganismo inteiro para fazer a vacina.
 
Organismos geneticamente atenuados
São incapazes de causar doenças.
Remoção do gene de virulência, tendo uma boa resposta imune.
Não haverá virulência residual.
 
VACINAS DE DNA OU NUCLEOTÍDEOS
São usados os genes de interesse do microrganismo.
Esse gene é adicionado em um plasmídeo que é inoculado em uma célula, e esta passará a expressar este Ag do patógeno.
 
Vantagens
Os plasmídeos podem ser feitos em grande quantidade.
Pode-se produzir vacinas mais eficazes, duradouras e seguras.
Diminui o número de aplicações necessárias 
É um poderoso estimulante para a imunidade celular.
Desvantagens
Plasmídeo pode ser inserido no genoma e não se sabe o que vai acontecer.
Não se sabe se o gene iria penetrar na célula desejada e nem os possíveis efeitos do SI, caso o Ag seja expresso por longo período.

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