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PODER CONSTITUINTE, APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

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1 
 
PODER CONSTITUINTE, APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS 
NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Paulo Byron Oliveira Soares Neto1 
paulobyron@bol.com.br 
 
Resumo: O propósito deste artigo é apresentar ao leitor informações históricas 
no que se refere ao Poder Constituinte, suas classificações e adiante a 
classificação das normas constitucionais quanto a sua aplicabilidade e eficácia. 
Fundamentado por ampla e reconhecida doutrina e através de exemplificações, 
relativas à análise de artigos da Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988, pretendemos auxiliar o leitor na maior aquisição de conhecimento para, 
com isto, facilitar a distinção entre as normas positivadas, no que tange a 
aplicabilidade e a eficácia, em nossa Lei Maior. 
Palavras chave: Poder Constituinte; Constituição Federal, Aplicabilidade e 
eficácia; normas constitucionais. 
 
Abstract: The purpose of this article is to present to the reader historical 
information regarding the Constituent Power, its classifications and later the 
classification of constitutional norms as to its applicability and effectiveness. 
Based on a broad and recognized doctrine and by means of exemplifications 
related to the analysis of articles of the Constitution of the Federative Republic of 
Brazil of 1988, we intend to assist the reader in the greater acquisition of 
knowledge in order to facilitate the distinction between the positive norms in which 
the applicability and effectiveness, in our Major Law. 
Keywords: Constituent Power; Federal Constitution, Applicability and 
effectiveness; constitutional rules. 
Introdução 
A concepção de Poder Constituinte surge no século XVIII, esboçada por 
Emmanuel Sieyès, meses antes da Revolução Francesa distribuíra, em forma 
de panfleto, um manifesto intitulado “Qu’est-ce que le Térs Étaf”, traduzindo para 
nossa língua materna, “O que é o Terceiro Estado?”. 
A França, neste período, apresentava uma sociedade dividida em três 
Estado. O primeiro e o segundo Estados, formados pelo clero e pela nobreza, os 
quais eram detentores do poder, comandando as decisões políticas, através do 
autoritarismo, que regiam todo o País. O terceiro Estado, formado pela maioria 
 
1 Professor efetivo Governo do Estado de São Paulo; Licenciado e Bacharel em Matemática pela 
Universidade Ibirapuera; especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela Uniasselvi; 
Graduando em Direito (UNIP); Graduando em Engenharia de Produção (UNIVESP); Pós graduando em 
Ensino de Filosofia (UNIFESP); pós graduado em Direito Tributário e mestrando em Direito e Negócios 
Internacionais pela Universidade del Atlântico – Espanha. 
2 
 
esmagadora da população francesa, era composto pela burguesia, proletariado 
e desempregados. 
A teoria deflagrada por Sieyès, é a reinvindicação dos membros do 
terceiro Estado contra o absolutismo exercido pelo clero e pela nobreza. O 
documento redigido por Sieyès expõe a necessidade de restauração do poder 
político da França baseada na vontade da Nação. 
O Poder Constituinte institui uma nova ordem. Eis que se dá a 
convocação de Assembleia Nacional Constituinte para elaboração de Direitos 
Francesa. Destarte, de acordo com documento pactuado pela nação, surge a 
Constituição. 
Desta feita, temos que o Poder Constituinte é a vontade soberana de um 
povo, tendo organizadas suas diretrizes políticas e sociais. Portanto, a 
titularidade do Poder Constituinte, na concepção de Sieyès, pertence ao povo, 
visto que, decorre da soberania popular, que expressam suas vontades através 
de seus representantes. 
Por fim, com brilhantismo Manoel Gonçalves Ferreira Filho observa: “o 
povo pode ser reconhecido como titular do Poder Constituinte, mas jamais quem 
o exerce. É ele um titular passivo, ao qual se imputa uma vontade constituinte 
sempre manifestada pela elite”.2 Eis a distinção entre quem possui a titularidade 
do Poder Constituinte e quem realmente o exerce. 
Segundo aponta Michel Temer: 
O titular seria o povo. Exercente é aquele que, em nome do 
povo, implanta o Estado, edita a Constituição. Esse exercício pode dar-
se por vias diversas: a) pela eleição de representantes populares que 
integram “uma Assembléia Constituinte”; ou b) pela revolução, quando 
um grupo exerce aquele poder sem manifestação direta do 
agrupamento humano.3 
1. Espécies de Poder Constituinte 
O Poder Constituinte é classificado em: Originário; Derivado; Difuso e 
Supranacional. 
Em relação ao Poder Constituinte Originário este é subdividido em 
histórico ou revolucionário. 
 
2 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. O poder constituinte. São Paulo: Saraiva, 1985. p. 15. 
3 TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 33. 
3 
 
Por seu turno, o Poder Constituinte Derivado possui sua subdivisão 
classificada em: reformador; decorrente; e revisor. Abordaremos 
detalhadamente cada espécie e suas subdivisões, quando houver, no 
transcorrer deste trabalho. 
1.1. Poder Constituinte Originário 
O Poder Constituinte Originário, também denominado genuíno, de 
primeiro grau, inicial ou inaugural. Ocorre pelo rompimento por completo de 
determinada ordem jurídica existente e instaurar uma nova ordem jurídica no 
Estado, instaurando uma nova Constituição, ou, também, pode dar-se pela 
elaboração de uma primeira constituição. Como bem sintetiza Flávia Bahia: “É o 
poder criador, é o poder institucionalizador de uma Constituição central.”4 
Destarte, o Poder Constituinte Originário, caracteriza-se por ser inicial, 
ilimitado, autônomo e incondicionado. 
A característica de inicial se dá, visto que, ocorre a elaboração de uma 
nova ordem jurídica, exercida através da nova Constituição. 
Devido ao rompimento da ordem jurídica anterior, surgem as 
características que o tornam ilimitado e autônomo, já que, não está limitado pela 
ordem jurídica anterior e tampouco limitar-se pelos direitos anteriormente 
positivados. 
Na compreensão de Michel Temer existe limitação, porém apenas 
procedimental, conforme segue: “[...] a limitação se dirige à atividade da 
Assembléia Constituinte, mas ela iniciou-se no momento em que houve a 
escolha dos seus representantes”.5 
No mesmo entendimento em que há limitações ao Poder Constituinte 
Originário, dispõe Paulo Branco no trecho a seguir: 
[...] se o poder constituinte é a expressão da vontade política 
da nação, não pode ser entendido sem a referência aos valores éticos, 
religiosos, culturais que informam essa mesma nação e que motivam 
as suas ações. Por isso, um grupo que se arrogue a condição de 
representante do poder constituinte originário, se se dispuser a redigir 
uma Constituição que hostilize esses valores dominantes, não haverá 
de obter o acolhimento de suas regras pela população, não terá êxito 
no seu empreendimento revolucionário e não será reconhecido como 
poder constituinte originário. Afinal, só é dado falar em atuação do 
poder constituinte originário se o grupo que diz representá-lo colher a 
 
4 BAHIA, Flávia. Direito Constitucional. Recife: Armador, 2017. p. 26. 
5 TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 36. 
4 
 
anuência do povo, ou seja, se vir ratificada a sua invocada 
representação popular. Do contrário, estará havendo apenas uma 
insurreição, a ser sancionada como delito penal. Quem tenta romper a 
ordem constitucional para instaurar outra e não obtém a adesão dos 
cidadãos não exerce poder constituinte originário, mas age como 
rebelde criminoso.6 
Vale ressaltar, para fins didáticos, que a teoria jusnaturalista afirmaque 
o Poder Constituinte Originário não é ilimitado, como nos aponta Bernardo 
Gonçalves Fernandes: “ele irá guardar limite em cânones do Direito Natural, 
como a liberdade, igualdade, não discriminação, ou seja, cânones do "homem 
em razão de ser homem".7 
A fim da manifestação de sua vontade, ao Poder Constituinte Originário 
não lhe é imposta forma ou procedimento para realizar a constitucionalização, 
eis a natureza de poder incondicionado. 
De acordo com Canotilho que sintetiza tais características da seguinte 
maneira: 
[...] o poder constituinte, na teoria de Sieyès, seria um poder 
inicial, autónomo e omnipotente. É inicial porque não existe, antes dele, 
nem de facto nem de direito, qualquer outro poder. É nele que se situa, 
por excelência, a vontade do soberano (instância jurídico-política 
dotada de autoridade suprema). É um poder autónomo: a ele e só a ele 
compete decidir se, como e quando, deve ‘dar-se’ uma constituição à 
Nação. É um poder omnipotente, incondicionado: o poder constituinte 
não está subordinado a qualquer regra de forma ou de fundo8 
 
No que tange as subdivisões do Poder Constituinte Originário em 
histórico ou revolucionário. O Poder Constituinte Originário histórico é o que edita 
a primeira Constituição do Estado, em contrapartida, o Poder Constituinte 
Originário revolucionário é aquele que rompe a ordem constitucional vigente, 
instaurando um novo ordenamento jurídico, através da elaboração de uma nova 
Constituição. 
1.2. Poder Constituinte Derivado 
O Poder Constituinte Derivado (também denominado de segundo grau, 
instituído ou constituído), deriva do Poder Constituinte Originário, tendo seu 
exercício limitado disposto na própria Constituição. 
 
6 G. F. Mendes, I. M. Coelho, P. G. G. Branco, Curso de direito constitucional, 5. ed. São Paulo. 
Saraiva, 2012. p. 275. 
7 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador. Juspodium, 
2017. p. 123. 
8 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1993. p. 91. 
5 
 
Segundo Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino: “É um poder jurídico 
porque integra o Direito, está presente e regulado no texto da Constituição 
Federal”.9 
Desta feita, o Poder Constituinte Derivado possui as seguintes 
características: subordinado; condicionado; e limitado. 
Subordinado, já que deve respeitar os fundamentos estabelecidos, pelo 
Poder Constituinte Originário, dispostos na Constituição. Condicionado, pois, 
qualquer reforma, deve ser realizada harmonicamente à Constituição Federal. 
Limitado, visto que, deve obediência as normas de elaboração impostas, bem 
como ao conteúdo da Constituição Federal que não pode sofrer alteração. 
O Poder Constituinte Derivado, como visto, é divido em reformador, 
decorrente ou revisor. 
1.2.1 Poder Constituinte Derivado Reformador 
A sociedade vive em constante evolução. A fim de acompanhar a 
evolução da sociedade existe o Poder Constituinte Derivado Reformador, que 
cria normas constitucionais, com intuito de adequar a Constituição as 
necessidades e anseios presentes na sociedade. Na sintética definição do Poder 
Constituinte Derivado Reformador de Luciano Dutra: “Poder de editar emendas 
à Constituição. O exercício deste Poder compete ao Congresso Nacional”.10 
Cabe destaque ao apontamento posto por Michel Temer, conforme o 
transcrito: “Já agora, entretanto, a produção dessa normatividade não é 
emanação direta da soberania popular, mas indireta, como também ocorre no 
caso da formulação da normatividade secundária (leis, decretos, sentenças 
judiciais)”.11 
Por fim, temos definido que o Poder Constituinte Derivado Reformador é 
a possibilidade de modificação da Constituição, que se dá através das emendas 
constitucionais (arts. 59, I e 60 da CF/88), ou seja, de acordo com as normas e 
limitações instituídas pelo Poder Constituinte Originário. As emendas 
 
9 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16ªed. São 
Paulo. Forense, 2017. p. 81. 
10 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. 3ªed. São Paulo. Forense, 2016. p. 54. 
11 TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 37. 
6 
 
constitucionais são limitadas de acordo com sua natureza procedimental, 
circunstancial, temporal e material. 
1.2.1.1. Limites Procedimentais quanto à iniciativa de Proposta Emenda 
Constitucional 
Disposto no caput do artigo 60 da Constituição Federal que estabelece 
em seus incisos, I, II e III, de competência relativa concorrente, só poderá ocorrer 
emenda constitucional a partir de proposta apresentada por no mínimo um terço 
dos deputados ou um terço dos senadores, Presidente da República, ou de mais 
da metade das Assembleias Legislativas. 
Em relação as Assembleias Legislativas, se faz necessário a adesão da 
proposta por maioria relativa. 
1.2.1.2. Limites Procedimentais quanto a votação de Proposta de Emenda 
Constitucional 
A proposta de Emenda Constitucional, conforme disposto no artigo 60 
§2° da Constituição Federal, deverá ser debatida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois 
turnos. Haverá aprovação da respectiva Emenda Constitucional se em ambas as 
Casas se obtiver (3/5) três quintos dos votos dos respectivos membros. 
1.2.1.3. Limites Procedimentais quanto a promulgação de Proposta de 
Emenda Constitucional 
No que tange a promulgação de Emenda Constitucional, apresenta-se 
disposta no artigo 60, §3° da Constituição Federal, o qual dispões que a 
promulgação será efetuada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal. 
Após aprovação de Emenda Constitucional pelo Congresso Nacional, 
esta não irá para a sanção presidencial. 
1.2.1.4. Limites Circunstanciais 
A Constituição Federal dispões em seu art. 60, §1°, quanto aos limites 
circunstanciais, ou seja, determinadas circunstancias onde não poderá ocorrer o 
trâmite de Emenda Constitucional. 
As hipóteses dispostas na CF são: intervenção federal; estado de defesa 
ou estado de sítio. Caso ocorra norma constitucional, decorrente do Poder 
7 
 
Constituinte Derivado Reformador, durante o período de limitação circunstancial, 
esta será inconstitucional. 
1.2.1.5. Limites Temporais 
Conforme disposto no artigo 60, §5° da CF/88: “a matéria constante de 
proposta de emenda rejeitada ou havida prejudicada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa”. 
1.2.1.6. Limites Materiais 
Refere-se as vedações expressas na Constituição Federal, o legislador 
originário, impôs limites às reformas constitucionais evitando alterações na 
substância da Constituição. 
As limitações, dispostas no art. 60 §4° da Constituição Federal de 1988, 
são denominadas limitações materiais explícitas, por seu turno, existem 
limitações que decorrem do sistema constitucional, as quais são denominadas 
limitações materiais implícitas. 
1.2.2. Poder Constituinte Derivado Decorrente 
Como o Poder Constituinte Derivado Reformador, também é jurídico, 
definido pela capacidade das unidades da federação (Estados, Distrito Federal 
e Municípios) elaborarem suas próprias Constituições (Estados) e Lei Orgânica 
(Distrito Federal e Municípios). 
Segundo Pedro Lenza: “Estados têm a capacidade de auto organizar-
se, desde que, é claro, observem as regras que foram estabelecidas pelo poder 
constituinte originário”.12 
Destarte, de acordo com art. 25 e no art. 11 do ADCT, na elaboração 
cabe obediência aos princípios dispostos na Constituição Federal. 
1.2.3. Poder Constituinte Derivado Revisor 
Instituído peloPoder Constituinte Originário, possibilita, após 5 anos da 
promulgação da Constituição Federal de 1988, uma única revisão. 
A revisão, realizada mediante votação por maioria absoluta do 
Congresso Nacional, realizada em sessão unicameral (art. 3° do ADCT). 
O Poder Constituinte Derivado Revisor teve sua limitação disposta nas 
cláusulas pétreas (art. 60, §4°, CF/88). Somente seis Emendas Constitucionais 
 
12 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ªed. São Paulo. Saraiva, 2015. p. 334. 
8 
 
de revisão foram editadas em (1994), e conforme exposto, não há mais 
possibilidade de revisão, visto que, o Poder Constituinte Derivado Revisor teve 
sua eficácia exaurida. 
1.3. Poder Constituinte Difuso 
Caracteriza-se pelo poder atribuído aos agentes políticos de adequação 
da Constituição Federal de uma forma inespecífica, ou seja, a adaptação do texto 
constitucional, sem alterações, às evoluções ocorrentes na sociedade. 
1.4. Poder Constituinte Supranacional 
Não admitido em no ordenamento jurídico brasileiro. Encontra-se caracterizado 
pela possibilidade de criação de instituições supranacionais, visando 
determinada vontade de integração e relativizando a soberania dos Estados, 
p.ex., União Europeia. 
2. Aplicabilidade e eficácia das normas constitucionais 
Ao abordarmos normas constitucionais é inconcebível pensarmos que 
sejam desprovidas de aplicabilidade e eficácia. O que se apresenta, de fato, nas 
normas constitucionais, é a variação de eficácia e aplicabilidade de acordo com 
a elaboração normativa do legislador constituinte. 
A doutrina clássica e, boa parte da doutrina moderna adota a divisão da 
aplicabilidade das normas em apenas duas espécies: auto executáveis e não 
auto executáveis. Para melhor compreensão, cabe apresentar o ensinamento de 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho: 
A doutrina clássica distingue a este respeito duas espécies. É o que 
Rui Barbosa já ensinava, com arrimo em Cooley, Story e outros 
onstitucionalistas norte-americanos. Esta ainda é a lição da doutrina 
moderna, da estrangeira, por exemplo, de Jorge Miranda, e de parte 
da brasileira, por exemplo, a do autor deste livro. São elas as normas 
exequíveis por si sós (normas autoexecutáveis, self executing) e as 
normas não exequíveis por si sós.13 
 
Segundo leciona José Afonso da Silva, quanto às normas auto 
executáveis e não auto executáveis, segue: 
 
[...]são auto executáveis “as determinações, para executar as quais, 
não se haja mister de constituir ou designar uma autoridade, nem criar 
ou indicar um processo especial, e aquelas onde o direito instituído 
 
13 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva. 
38ed. 2012. p.319. 
9 
 
se ache armado por si mesmo, pela sua própria natureza, dos seus 
meios de execução e preservação”. As normas não auto executáveis 
são as que “não revestem dos meios de ação essenciais ao seu 
exercício os direitos, que outorgam, ou os encargos, que impõem: 
estabelecem competências, atribuições, poderes, cujo uso tem de 
aguardar que a Legislatura, segundo o 
seu critério, os habilite a exercerem”.14 
 
Diante do objetivo delineado deste artigo, para melhor didática, 
preferimos a adoção dos ensinamentos do constitucionalista José Afonso da 
Silva, que classifica as normas constitucionais quanto a sua aplicabilidade e 
eficácia em três espécies: plena; contida ou limitada. 
Destarte, cabe complementar a classificação em três espécies com 
trecho significativo do livro de Direito Constitucional de Luís Roberto Barroso: 
De acordo com José Afonso, as normas constitucionais, no tocante à 
sua eficácia e aplicabilidade, comportam uma classificação trico-
tômica, assim enunciada: a) normas constitucionais de eficácia plena 
e aplicabilidade imediata; b) normas constitucionais de eficácia contida 
e aplicabilidade imediata, mas passíveis de restrição; c) normas 
constitucionais de eficácia limitada ou reduzida, que compreendem as 
normas definidoras de princípio institutivo e as definidoras de princípio 
programático, em geral dependentes de integração infraconstitucional 
para operarem a plenitude de seus efeitos.15 
 
Desta feita, nos resta, a partir deste momento, aprofundarmos em cada uma das 
espécies caracterizadas pelo postulado de José Afonso da Silva. 
3. Normas constitucionais de eficácia plena 
As normas de eficácia plena caracterizam-se por serem auto 
executáveis, ou seja, de aplicabilidade imediata, integral e direta. Sendo assim, 
não dependem e não são restringidas por atos normativos de legislação 
infraconstitucional. 
Conforme Luciano Dutra: “as normas constitucionais de eficácia plena, 
desde sua gênese, produzem, ou ao menos possuem a possibilidade de 
produzir, todos os efeitos visados pelo constituinte (originário ou derivado). 
São, portanto, autoaplicáveis”.16 
 
14 SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo: RT, 1982, p. 63 
e segs. 
15 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo – Os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva 2ªed. 2010. p. 250. 
16 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Rio de Janeiro: Forense. 2ªed. 2016. p.46 
10 
 
Como exemplos de normas constitucionais de eficácia plena positivadas 
na Constituição da República Federativa do Brasil, expomos os seguintes 
artigos: 
Art. 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 
Art.14, §2°: “Não podem alistar-se como eleitores os 
estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os 
conscritos”. 
Art. 17, §4°: “É vedada a utilização pelos partidos políticos de 
organização paramilitar”, 
Art. 19: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus 
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na 
forma da lei, a colaboração de interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. 
Art. 20: “São bens da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a 
ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, 
das fortificações e construções militares, das vias federais de 
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos 
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites 
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com 
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, 
excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II; 
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros 
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, 
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto 
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental 
federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 46, de 2005) 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona 
econômica exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítiosarqueológicos e pré-históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”. 
 Art. 21: “Compete à União: 
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de 
organizações internacionais; 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
11 
 
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que 
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele 
permaneçam temporariamente; 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a 
intervenção federal; 
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material 
bélico; 
VII - emitir moeda; 
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as 
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio 
e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada; 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de 
ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; 
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; 
XI - explorar, diretamente ou mediante concessão a 
empresas sob controle acionário estatal, os serviços telefônicos, 
telegráficos, de transmissão de dados e demais serviços públicos de 
telecomunicações, assegurada a prestação de serviços de 
informações por entidades de direito privado através da rede pública 
de telecomunicações explorada pela União. 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos 
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação 
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:) 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o 
aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os 
Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura 
aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre 
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites 
de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e 
internacional de passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério 
Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério 
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos 
Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) 
(Produção de efeito) 
XIV - organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária 
e a ferroviária federais, bem como a polícia civil, a polícia militar e o 
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal e dos Territórios; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o 
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar 
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços 
públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, 
geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; 
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de 
diversões públicas e de programas de rádio e televisão; 
12 
 
XVII - conceder anistia; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as 
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos 
hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; 
(Regulamento) 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, 
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; 
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema 
nacional de viação; 
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de 
fronteira; 
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária 
e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998) 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de 
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a 
lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o 
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os 
seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será 
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso 
Nacional; 
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a 
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, 
agrícolas, industriais e atividades análogas; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a 
comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos 
médicos, agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 49, de 2006) 
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da 
existência de culpa; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, 
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou 
inferior a duas horas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
49, de 2006) 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da 
existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 
2006) 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício 
da atividade de garimpagem, em forma associativa. 
 E ainda, os artigos 22, 24, dentre outros. 
José Afonso da silva cita como exemplos de normas constitucionais de 
eficácia plena: 
[...]as hipóteses contempladas nos arts. 21 (competência da União), 25 
a 28 e 29 e 30 (competências dos Estados e Municípios), 145, 153, 155 
e 156 (repartição de competências tributárias), e as normas que 
estatuem as atribuições dos órgãos dos Poderes Legislativo, Executivo 
e Judiciário (arts. 48 e 49, 51 e 52, 70 e 71, 84 e 101-122).17 
 
 
17 SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo. Malheiros. 
1998, p. 89. 
13 
 
4. Normas constitucionais de eficácia contida 
Caracterizam-se por possuírem aplicabilidade direta, imediata, porém 
não integral, visto que, são restringidas através de normas infraconstitucionais. 
Segundo Michel Temer, em relação as normas de eficácia contida: 
“[...]são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, 
plena, mas que podem ter reduzido seu alcance pela atividade do 
legislador infraconstitucional. Por isso mesmo, aliás, preferimos 
denominá-las de normas constitucionais de eficácia redutível ou 
restringível”.18 
Por seu turno, Luciano Dutra leciona: “normas constitucionais de eficácia 
contida, enquanto não restringidas, não são iguais às normas constitucionais de 
eficácia plena, tão somente, produzem os mesmos efeitos”. 
Como exemplos de norma de eficácia contida, podemos citar: 
Art. 133 da CF/88: “O advogado é indispensável à administração da 
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, 
nos limites da lei”. 
Desta feita, haverá lei infraconstitucional que limite o exercício da 
advocacia. 
Mantendo os ensinamentos de Luciano Dutra, que nos apresenta 
exemplos de norma constitucional de eficácia contida na própria Constituição 
Federal: 
[...]alguns exemplos em que a própria Constituição de 1988 diminuiu o 
âmbito de incidência de uma norma constitucional de eficácia contida: 
a) direito de propriedade: da leitura dos incisos XXII e XXIV do art. 5º, 
percebe-se que o próprio legisladorconstituinte originário limitou o 
exercício do direito de propriedade; b) restrições a direitos 
fundamentais impostas pela decretação de estado de sítio: o art. 139 
restringiu o âmbito de incidência de diversos direitos fundamentais, 
dentre os quais a liberdade de locomoção, a intimidade, a 
inviolabilidade domiciliar e a propriedade. Importante que se diga, 
ademais, que a restrição pode ser operada por conceitos ético-
jurídicos, como no caso do art. 5º, XXV, em que o “iminente perigo 
público” autoriza à autoridade competente a imposição de restrições 
ao direito de propriedade, a partir do instituto da requisição 
administrativa.19 
 
5. Normas constitucionais de eficácia limitada 
 
18 TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros. 1990. p. 27 
19 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Rio de Janeiro: Forense. 2ªed. 2016. p.48 
14 
 
Por seu turno, a norma constitucional de eficácia limitada possui 
aplicabilidade mediata e indireta, visto que, necessita da interposição do 
legislador através de uma norma infraconstitucional. 
Desta feita, as normas de eficácia limitada não produzem seus efeitos 
essenciais e é dependente de regulamentação posterior a fim de lhe tornar 
eficaz. 
Luís Roberto Barroso, sobre a norma constitucional de eficácia limitada, 
dispõe: 
[...]normas de eficácia limitada são as que não receberam do 
constituinte normatividade suficiente para sua aplicação, o qual deixou 
ao legislador ordinário a tarefa de completar a regulamentação das 
matérias nelas traçadas em princípio ou esquema. Estas normas, 
contudo, ao contrário do que ocorria com as ditas não autoaplicáveis, 
não são completamente desprovidas de normatividade. Pelo contrário, 
são capazes de surtir uma série de efeitos, revogando as normas 
infraconstitucionais anteriores com elas incompatíveis, constituindo 
parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade por ação e por 
omissão, e fornecendo conteúdo material para a interpretação das 
demais normas que compõem o sistema constitucional.20 
 
As normas constitucionais de eficácia limitada, são subdivididas em: de 
princípio programático e de princípio institutivo. 
5.1. Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático 
Limita-se em traçar princípios que requerem o cumprimento pelos 
órgãos executivos e legislativo, p.ex., em relação a programas, visando a 
realizações de fins sociais pelo Estado, no que compete as atividades de cada 
órgão. 
Luciano Dutra as define da seguinte maneira: 
 
São as que estabelecem programas, metas, objetivos a serem 
desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições Dirigentes. Impõe 
um objetivo de resultado futuro ao Estado, direcionando as ações 
legislativas dos órgãos estatais. Não diz como o Estado deverá agir, 
mas o fim a ser atingido. Como exemplos, os arts. 3º e 7º, IV.21 
 
Com intuito de melhor exemplificação, citamos também os artigos 196, 
205, 215 e 217 da Constituição Federal. 
5.2 Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo 
 
20 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo – Os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva 2ªed. 2010. p. 251. 
21 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Rio de Janeiro: Forense. 2ªed. 2016. p.48 
15 
 
As normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo 
caracterizam-se por delinear as atribuições e estruturação geral dos órgãos, 
institutos e entidades, para posterior estruturação definitiva, definida por lei. 
Por fim, com brilhantismo Luciano Dutra define: 
São aquelas que dependem de lei posterior para dar corpo a institutos 
jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado previstos na 
Constituição. Como exemplos, os arts. 88 e 102, § 1º. Essas normas 
podem assumir a natureza impositiva ou facultativa. As impositivas 
estabelecem um dever de legislar (arts. 33 e 88). Por seu turno, as 
facultativas trazem uma mera faculdade para o legislador (art. 22, 
parágrafo único). Acresça-se que as normas constitucionais de eficácia 
limitada definidoras de princípios institutivos possuem caráter 
subsidiário, isto é, se a norma constitucional depender de legislação 
infraconstitucional que lhe complete a eficácia e não for uma norma 
programática será institutiva.22 
 
Podemos citar também, a fim de exemplificação, os artigos 98 e 224 da 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
6. Considerações finais 
O Poder Constituinte pode ser posto em nosso ordenamento jurídico de 
quatro formas distintas. O Poder Constituinte Originário na formulação de uma 
nova ordem jurídica, rompendo com a anterior, como foi o caso da Assembleia 
Constituinte, e posterior promulgação da Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988. 
Já o Poder Constituinte Reformador se refere as possíveis alterações ou 
emendas constitucionais, previstas e limitadas pelo Poder Constituinte 
Originário. Neste mesmo sentido, o Poder Constituinte Reformador Decorrente 
dispõe a possibilidade às unidades federativas de auto-organização, desde que, 
respeitados os princípios, requisitos e hipóteses dispostos na Constituição 
Federal. 
Em relação ao Poder Constituinte Reformador Revisor, por já ter sido 
praticado a época de 1994, teve sua eficácia exaurida. 
Por certo, o Poder Constituinte Difuso é atrelado a interpretação da 
norma constitucional, sem alteração de seu texto, com o intuito de atender as 
necessidades da sociedade em constante evolução. 
 
22 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Rio de Janeiro: Forense. 2ªed. 2016. p.48 
 
16 
 
Por fim, as normas constitucionais possuem, conforme exposto, eficácia 
jurídica, todavia em grau de intensidade diversificado e aplicáveis a determinado 
objetivo. 
Desta feita, apesar da existência de outras formas de classificação, aqui 
não abordadas, como é o caso do exposto na doutrina de Maria Helena Diniz. A 
partir deste artigo o leitor restará alicerçado para maior aprofundamento sobre o 
tema que não se esgota somente neste trabalho. 
7. Referência bibliográficas 
BAHIA, Flávia. Direito Constitucional. Recife: Armador, 2017. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo – Os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva 
2ªed. 2010. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1993. 
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. 3ªed. São Paulo. Forense, 
2016. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador. 
Juspodium, 2017. 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. O poder constituinte. São Paulo: Saraiva, 
1985. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19ªed. São Paulo. 
Saraiva, 2015. 
MENDES, Gilmar F.; BRANCO, Paulo G. G., Curso de direito constitucional, 5. 
ed. São Paulo. Saraiva, 2012. 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional 
Descomplicado. 16ªed. São Paulo. Forense, 2017. 
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais, São Paulo: 
RT, 1982. 
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo. 
Malheiros. 1998. 
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: 
Malheiros,2008. 
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros. 
1990.

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