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PATOLOGIAS DO COURO CABELUDO Salvador 2017 Patologias Do Couro Cabeludo Aluna- Jade Carvalho Trabalho solicitado pela professora Marilia Cristina na disciplina Técnicas Aplicadas a Estetica Capilar no requisito de nota parcial do 1o bimestre. Salvador 2017 SUMÁRIO INTRODUCÃO—————————————————————————-01 ALOPECIA AREATA——————————————————————02/03 TINHAS DO COURO CABELUDO————————————————04/07 CARCINOMA ESPINOCELULAR————————————————-08/10 FOLICULITE DISSECANTE——————————————————11/12 DERMATITE SEBORREICA —————————————————-13/14 REFERÊNCIAS———————————————————————15 INTRODUCÃO Este trabalho aborda algumas patologias do couro cabeludo, que é de estrema importância para o profissional de estética capilar, que muitas vezes lidam com problemas relacionados ao couro cabeludo e não conseguem identifica-los. Ira ser abordado também alguns casos clínicos dessas doenças, com intuito de exemplificar como a patologia surge, como interfere na vida do indivíduo, e como é o decorrer do tratamento. A falta de conhecimento sobre o assunto impede que os profissionais façam uma correta avaliação do couro cabeludo de seu cliente, consequentemente não consegue orientar o cliente a procurar um profissional especializado(dermatologista) para o devido tratamento. Apesar de muitas doenças associadas aos cabelos e couro cabeludo não implicarem em nenhum risco à vida do indivíduo, as pessoas sentirão insegurança emocional e perda da auto-estima, o que comprometerá a qualidade das suas vidas. 01 ALOPECIA AREATA A alopecia areata (AA) é uma doença que acomete homens e mulheres, sobretudo jovens, sendo caracterizada pela perda de pelos em uma ou várias áreas do couro cabeludo, podendo comprometer também a barba, os supercílios e o períneo. Como consequência, placas alopécicas tipicamente circulares constituídas de pele lisa sem sinais inflamatórios são formadas, podendo evoluir para quadros favoráveis de repilação espontânea, ou para quadros mais graves de alopecia total (progressão extensiva no couro cabeludo) ou alopecia universal (toda a superfície corporal). A AA é uma doença provavelmente de etiologia multifatorial, que sofre influência tanto genética quanto autoimune, sendo ainda possivelmente influenciada por traumas psíquicos. Há uma possível atuação das vias bioquímicas na manifestação dessa dermatose, ocorrendo a influência de fenômenos emocionais por intermédio da ação de neuromediadores. A demonstração científica de que a gênese da AA pode sofrer participação de fenômenos psiquiátricos é muito difícil. Por meio de estudos incluindo observações clínicas e avaliações psicológicas, foi identificada a forte influência de ansiedade, depressão e mesmo de excitação pelos distúrbios da pele. Com frequência, o estresse emocional tem sido citado como desencadeador da doença. Ocorre, assim, a atribuição da queda de pelos no indivíduo, muitas vezes, a um desequilíbrio psicológico decorrente de episódios traumáticos agudos, como luto, divórcio e perda de emprego. É, pois, um desafio para os médicos que buscam aprimorar a efetividade das terapias emocionais para distúrbios de personalidade, uma vez que os mecanismos psicológicos não estão bem definidos TRATAMENTO Não há consenso em relação ao melhor tratamento para a AA, devido ao imenso arsenal terapêutico do qual se dispõe atualmente. Também não existem evidências concretas de que remissões induzidas por drogas alterem o curso final da doença. Em quadros graves, o tratamento, frequentemente, é de longa duração, devido à dificuldade para manter o crescimento do cabelo adequado. Os únicos tratamentos atuais que especialistas de cabelo apontam como eficazes são os corticoides intralesionais e a imunoterapia tópica, sendo estes recomendados por diretrizes amplamente aceitas como opções de tratamento de primeira linha para a AA. 02 A terapia tópica pode ser realizada com minoxidil, corticoide tópico, antralina, inibidores de calcineurina, nitrogênio líquido e laser. Já a terapia sistêmica abrange corticosteroides, ciclosporina, sulfassalazina, PUVA e biológicos. Existe, ainda, a terapia intralesional incluindo corticoides intralesionais e imunoestimuladores. CASO CLÍNICO Gustavo, masculino, 28 anos, branco, casado, vendedor, natural e atual morador do Rio de Janeiro, procurou atendimento médico em junho de 2012 no ambulatório de Dermatologia do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle queixando-se de inúmeras placas de alopecia no couro cabeludo que coalesciam, há cerca de 6 meses (sic). Optou-se por realizar o tratamento com minoxidil 5%, duas vezes ao dia, e clobetasol creme 0,5 mg/g, uma vez ao dia. Em julho do mesmo ano, paciente retornou relatando pouca melhora, sendo, então, o clobetasol suspenso e acrescentado tacrolimo creme 0,1%, uma vez ao dia. Em agosto, paciente refere apresentar leve repilação. Em março de 2013, paciente retorna ao ambulatório com repilação completa do couro cabeludo ! ! 03 TINHAS DO COURO CABELUDO A Tinea capitis é a infecção fúngica mais comum na idade pediátrica. Trata- -se de uma infecção fúngica superficial (também denominada dermatofitose) do couro cabeludo, sobrancelhas e pestanas que atinge principalmente a haste capilar e os folículos, causada por fungos do género Trichophyton e Microsporum. Os principais agentes causadores da maior parte dos casos de Tinea capitis eram o Microsporum canis e o Microsporum au- douinii. Actualmente, o M. canis continua a ser o principal agente causador a nível mundial, enquanto que, nos EUA, nos últimos anos, é o Trichophyton tonsurans o responsável por aproximadamente 90% dos casos de Tinea capitis. A Tinea capitis afecta principalmente crianças em idade escolar (3-7 anos), sendo rara nos adultos. A transmissão faz-se através do contacto com animais infectados, solo e de pessoa para pessoa. Tanto as crianças como os adultos podem ser portadores assintomáticos. Os fungos podem sobreviver em meios externos, como chapéus, pentes, almofadas e lençóis, por longos períodos de tempo, sendo o seu período de incubação desconhecido. A incidência é maior em afro-americanos, comparativamente aos caucasianos e hispânicos, sendo baixa a sua incidência nos asiáticos. A incidência de tinha do couro cabeludo nos adultos tem aumentado nos últimos anos, com base em estudos multicêntricos realizados nos EUA, França, Itália e Taiwan, o que representa um problema de saúde pública. Além de ser uma doença de fácil disseminação, o diagnóstico pode tornar-se difícil pela inespecificidade dos sinais clínicos, condicionando demora na instituição de um tratamento eficaz e erradicação da afecção, aumentando o número de portadores assintomáticos. É importante que os profissionais de saúde estejam atentos a esta hipótese de diagnóstico. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de Tinea capitis é feito pela observação em microscopia óptica de elementos do fungo em amostras de cabelo ou pele infectada. A cultura é necessária para a identificação do agente específico. É importante estabelecer o diagnóstico correcto porque clinicamente as lesões podem ser semelhantes mas a terapêutica difere segundo oagente etiológico específico. 04 A lâmpada de Wood é uma fonte artificial de luz ultravioleta de longo espectro. Provoca uma fluorescência verde brilhante nos cabelos infectados por algumas espécies de Mycrosporum mas não pelas Trichophyton spp., com excepção do T. schoenleinii que apresenta uma fluorescência verde acizentada. A colheita das amostras de pele deve ser feita nas zonas de alopécia por raspagem. Os cabelos devem ser igualmente raspados do couro cabeludo e não arrancados. As amostras devem ser humedecidas com uma gota de hidróxido de potássio 30% (KOH) e observadas ao microscópio óptico com baixa intensidade de luz e com pouca ampliação. Os dermatófitos mostram hifas ramificadas e compridas de uma cor verde pálido característica. Frequentemente não vemos as hifas mas sim o cabelo fragmentado e normalmente rodeado de múltiplos esporos. TRATAMENTO A terapêutica oral é essencial dado que os medicamentos tópicos não são capazes de penetrarem adequadamente no folículo e haste capilar. A griseofulvina, disponível desde 1958, é o único antifúngico de administração oral autorizado pela U.S. Food and Drug Administration (FDA) para tratamento das tinhas do couro cabeludo nas crianças. A dose é de 10 a 20 mg/Kg/dia, durante seis a oito semanas, devendo ser tomado com uma refeição gorda para facilitar a absorção. Podem surgir reacções adversas como sonolência, cefaleias, náuseas, fotos- sensibilidade e reacções urticariformes. O uso do shampoo de sulfureto de selénio a 2,5%, duas vezes por semana, associado a griseofulvina, reduz a fre- quência de culturas positivas. Outra alternativa é o champô de cetoconazol a 2%. Pode ser útil o uso de queratolíticos que promovem a remoção do estrato córneo, local principal de infecção fúngica nas micoses superficiais. Deve ser sempre alertada a necessidade de evitar a partilha de objectos pessoais como pentes, escovas, chapéus, toalhas, roupas ou almofadas. Tratando-se de espécies antropofílicas, os contactantes da pessoa infectada devem fazer o tratamento com shampoos antifúngicos para reduzir o estado de portador assintomático e evitar a propagação da doença. A terbinafina, o itraconazol e o flucanazol também são eficazes no tratamento da tinha do couro cabeludo, apesar de ainda não terem sido aprova- dos pela FDA para a idade pediátrica. As doses recomendadas para a terbinafina são de 3 a 6 mg/kg/dia, durante 2 a 05 6 semanas, para o itraconazol de 3 a 5 mg/ Kg/dia, durante 2 a 4 semanas e para o fluconazol de 6mg/kg/dia durante 20 dias. Segundo a literatura, não há ainda casos descritos de uso de terbinafina em crianças com idade inferior a 2 anos. Após esta idade, parece ser bem tolera- da, com poucos efeitos laterais descritos, sendo as mais comuns perturbações CASO CLÍNICO Paciente do sexo feminino, 65 anos, branca, natural e residente em Balneário Camboriú, SC, Brasil. Procurou o médico devido à queda de cabelos e a várias placas de alopecia há seis meses. Apresentava prurido eventual nos locais atingidos. Estava em uso de solução capilar composta de betametasona 0,05%/ml e ácido salicílico 2%/ml, sem melhora. A paciente não apresentava outras doenças prévias nem uso de medicações, mas relatou que a sintomatologia iniciou após o uso de um capacete motociclístico, cujo interior apresentavase úmido e com odor fétido. Ao exame físico observaram- se três placas de alopecia com pontos negros, reação inflamatória moderada dos locais atingidos no couro cabeludo com algumas pápulas: a primeira placa na região frontal, a segunda na região occipital, e a terceira na região próxima ao vértice do crânio. Não apresentou fluorescência ao exame com a lâmpada de Wood. A paciente foi encaminhada para exame micológico. Foram colhidos pêlos da superfície do couro cabeludo, sendo que uma parte do material foi utilizada para exame micológico direto com hidróxido de potássio a 30%, tendo-se verificado a presença de artroconídios no interior do pêlo, caracterizando parasitismo com 06 invasão do tipo endothrix, e outra parte dos pêlos foi semeada em ágar Sabouraud com cloranfenicol e ciclo-hexamide (Mycosel®) e incubado à temperatura de 25ºC. Observou-se o crescimento lento de colônias pequenas, glabras, de tonalidade creme e endurecidas nos pontos em que foi semeado o pêlo. Após 21 dias, na frente e no verso, surgiu pigmento violeta nas colônias. O exame microscópico da colônia evidenciou hifas tortuosas septadas, ramificadas e sem produção de conídios. O microcultivo do isolado preparado em ágar batata dextrose foi de crescimento mais exuberante. Microscopicamente, evidenciaram- se clamidioconídios intercalares e terminais com ausência de macro e microconídios. O isolado foi identificado como T. violaceum por critérios macro e micromorfológico, bem como bioquímico, mediante a positividade na prova da hidrólise da uréia. O tratamento prescrito na ocasião foi terbinafina 250mg/dia, via oral, por 30 dias. As outras medidas terapêuticas foram oxiconazol em solução tópica a 1% e xampu de cetoconazol a 2%, ambos uma vez ao dia, durante 56 dias. Após um mês de tratamento, realizou-se nova colheita de amostra tendo sido negativa tanto no exame micológico direto como no cultivo. Foi suspenso o antifúngico oral, permanecendo por mais 26 dias a solução tópica e o xampu. Houve regressão completa da lesão e crescimento de pêlos em 60 dias. 07 CARCINOMA ESPINOCELULAR O carcinoma espinocelular é o segundo tipo mais comum de câncer de pele, sendo responsável por cerca de 20% dos tumores cutâneos não melanoma. Frequentemente, o carcinoma espinocelular cresce nas áreas mais expostas ao sol, como couro cabeludo e orelha, sendo mais predominante em pacientes a partir da sexta ou sétima década de vida. O carcinoma espinocelular se forma a partir das células epiteliais (ou células escamosas) e do tegumento (todas as camadas da pele e mucosa), ocorrendo em todas as etnias e com maior frequência no sexo masculino. Sua evolução é mais agressiva e pode atingir outros órgãos, caso não seja retirado com rapidez. Ele apresenta maior capacidade de metástase do que o carcinoma basocelular. As localizações mais comuns para o aparecimento do carcinoma espinocelular são as áreas expostas ao sol, sendo que 70% dos casos ocorrem sobre a cabeça (couro cabeludo e orelha), pescoço e dorso das mãos, e 15% desses tumores acometem os membros superiores. É comum na boca e pode ocorrer também nas membranas mucosas e genitais. O diagnóstico é feito pela avaliação clínica e exame anátomo patológico (biópsia) do tecido suspeito. TRATAMENTO tratamento mais indicado para o carcinoma espinocelular, assim como para os outros tipos de câncer de pele, é a cirurgia para retirada do tumor. Entretanto, algumas pessoas podem não ter indicação para cirurgia no geral idosos com alguma comorbidade ou pessoas acamadas, que tem dificuldade de locomoção. Há outras situações em que a cirurgia somente pode não ser suficiente para a retirada total do tumor, ou que o comportamento deste possa pedir outras medidas. Nesses casos, o médico pode indicar outros tratamentos para erradicação do carcinoma espinocelular. Excisão cirúrgica (ressecção)- A cirurgia é considerada o padrão-ouro dentre os tratamentos disponíveis para câncer de pele, por permitir uma avaliação das margens do tumor. A excisão cirúrgica é feita com um bisturi, e consiste retirada da pele que contém a lesão mais uma margemde segurança de pele não cancerosa, cujo tamanho varia conforme o tipo de câncer. É pela análise dessa margem que os especialistas vão garantir que o tumor foi retirado completamente. 08 Cirurgia de Mohs- Essa técnica é usada quando o tumor tem margens mal delimitadas, que podem não ser retiradas completamente em uma cirurgia padrão. A cirurgia de Mohs permite a visualização microscópica das células tumorais, tornando possível assim a sua retirada seletiva, com mínimo dano a pele normal. É uma cirurgia extensa, que mobiliza uma equipe médica e um patologista durante muitas horas, indicada apenas em caso de exceção. Durante a cirurgia de Mohs, o cirurgião utiliza um bisturi para remover a porção visível do cancro juntamente com uma camada fina de tecido mais profunda. Em seguida, o cirurgião leva este tecido ao laboratório para análise, a fim de saber quantas camadas de tecido exatamente foram afetadas pelo câncer de pele e em quais locais. Avaliado o tecido, o médico irá saber onde exatamente se encontram as células cancerosas, se é necessário continuar retirando o tecido e aonde. Dessa forma, camadas de pele contendo o câncer são progressivamente removidas e examinadas em tempo real, até que sobre apenas tecido sem câncer. Pomadas imunomoduladoras- Alguns tumores muito superficiais e pequenos podem ser tratados com pomadas imunomoduladoras com bons resultados, caso o paciente não tenha indicação para cirurgia. Elas também podem ser usadas para o tratamento da pele após o câncer ser retirado, uma vez que as células no entorno já podem ter se tornado cancerosas - e a pomada garante o tratamento dessas. Esses produtos atuam modificando a resposta imunológica do organismo, favorecendo a recuperação e cura de lesões específicas da pele. A aplicação da pomada pode ser indicada para carcinomas espinocelulares superficiais no tronco, lesões na face não muito extensas e sem infiltração, exceto na chamada zona T (região da testa, nariz e queixo). O tratamento dura de seis a doze semanas e costuma provocar uma grande irritação na área aplicada, com aparecimento de vermelhidão, inchaço e descamação. CASO CLÍNICO presentou-se à consulta paciente do sexo masculino, branco, de 69 anos, apresentando lesão vegetante em couro cabeludo, dolorosa, de crescimento progressivo evoluindo há dois anos. Trazia de outro serviço biópsia recente compatível com QA. Na história pregressa o paciente referia já ter apresentado quadro semelhante em couro cabeludo há 09 três anos e que a lesão, então diagnosticada como QA, havia sido retirada mediante cirurgia. Também relatava ser diabético em uso de hipoglicemiante oral, tabagista e etilista. Ao exame dermatológico apresentava lesão ulcerada, vegetante, infiltrada, com bordos elevados, de aproximadamente 15cm de diâmetro na região frontoparietal Ao exame físico não foram observadas linfoadenomegalias. A tomografia de crânio evidenciou invasão da calota craniana. O exame histopatológico realizado no serviço em que atuam os autores confirmou a hipóteses de CEC . Procedeu-se à excisão com margens amplas incluindo ressecção da tábua externa da calota craniana. Foi realizado amplo retalho de rotação proveniente da região temporal esquerda do couro cabeludo, objetivando a cobertura da área excisada da calota craniana, fechando parcialmente a lesão primária. As áreas não cobertas pelo retalho foram deixadas para cicatrizar por segunda intenção, utilizando-se carvão ativado como coadjuvante do processo . Posteriormente foi submetido a tratamento adjuvante com quimioterapia (três ciclos de 5- fluoracil e cisplatina) e 30 sessões de radioterapia externa (cobalto 200cGy ao dia), mas, sete meses após o tratamento cirúrgico, evoluiu a óbito por recidiva local do tumor com invasão do sistema nervoso central e das meninges. 10 FOLICULITE DISSECANTE A foliculite dissecante (ou perifolliculitis capitis abscedens et suffodiens) afeta principalmente negros, do sexo masculino, de 18 a 40 anos de idade. Tem como evento desencadeante a obstrução folicular por hiperqueratose, seguida de infecção secundária e destruição do folículo. Desse modo, compõe com a acne conglobata e a hidradenite supurativa a tríade da oclusão folicular e comumente encontramos a associação destas doenças num mesmo paciente. Há formação de pápulas e nódulos eritematosos foliculares, que evoluem para flutuação. Estas lesões, localizadas principalmente no vértex e occipício, formam entre si comunicações e trajetos fistulosos, com drenagem de material purulento abundante na superfície. A alopecia, acompanhada de cicatrizes hipertróficas e queloidianas, é o estágio final da doença. Na histopatologia encontramos inicialmente dilatação do infundíbulo folicular infiltrado inflamatório composto por neutrófilos, além de linfócitos e histiócitos que participam da formação de abscessos. A fibrose terminal delimita os trajetos sinuosos. TRATAMENTO Isotretinoína oral (1 mg/kg dia) é o tratamento de escolha e deve durar no mínimo por seis meses. Recidivas, comuns nesta doença, indicam necessidade de retratamento. Outras opções são antibioticoterapia prolongada (tetraciclinas, eritromicina, clindamicina e rifampicina), corticoterapia sistêmica ou infiltração intralesional (que podem ser associadas aos tratamentos anteriores). Tratamento cirúrgico (incisão e drenagem dos nódulos, marsupialização das comunicações) e epilação por laserterapia (diodo 800 nm pulsado, rubi não Q-switched) podem ser tentados nos casos refratários ao tratamento clínico. CASO CLÍNICO Paciente masculino de 39 anos, negro, com história de FD no couro cabeludo há 12 anos. Já recebeu inúmeros pulsos de antibioticoterapia, sem sucesso. Há 3 meses, encontrava- se piorado do quadro clínico. Referia que há 10 anos evoluiu com lesão queloidiana 11 extensa na região occiptal, tendo sido realizada exérese da mesma há 5 anos. Ao exame dermatológico, ressaltavam-se lesões pústulo-crostosas infiltrativas na região frontal, cicatriz queloidiana na região occiptal e áreas de alopecia difusas. O exame anátomo-patológico foi compatível com FD. A cultura identificou S.Aureus sensível à sulfametoxazol- trimetropim (SMT). Optou-se por iniciar tratamento com SMT e infiltração de corticóide no quelóide, observando-se melhora do quadro. 12 DERMATITE SEBORREICA Dermatite seborreica (DS) é uma dermatose crônica, frequente, recorrente e não contagiosa. Essa doença tem apresentação bimodal com dois picos de incidência, sendo um na infância até os três meses de vida e outro na fase adulta, de 18 a 40 anos, sugerindo que ela esteja relacionada com hormônios sexuais. Não há predileção racial e o sexo masculino é acometido com maior frequência em todas as faixas etárias. Tem alta incidência em pacientes aidéticos, nos quais se apresenta com lesões mais graves. No lactente as lesões mais frequentes se apresentam comoescamas gordurosas, eritema e descamação no couro cabeludo, não afetando os cabelos, constituindo a crosta láctea. Pode também acometer face, tronco, áreas de dobras e intertriginosas. No adulto as lesões se distribuem principalmente em couro cabeludo e face, além destes locais, acomete também área retroauricular, pré-esternal, região pubiana e axilar . O prurido é variável e agravado pela transpiração. Alguns pacientes pioram em ambientes fechados, secos e no inverno, o que ocorre provavelmete devido a menor exposição solar aos raios UV, que comprovadamente, melhoram o curso da DS, pois interferem com a função das células de Langherans, diminuindoa capacidade delas de apresentar antígenos. O estresse também pode ser um fator agravante ou desencadeante, assim como depressão e epilepsia, o que pode ser explicado nesses casos por anormalidades nos neurotransmissores. A etiologia ainda não é bem estabelecida, contudo a hipersecreção sebácea está presente na maioria dos casos. A etiologia hormonal é considerada causa importante devido ao fato da dermatite seborreica ocorrer em lactentes pela ação hormonal materna ou após a puberdade e a relação entre secreção sebácea e estímulo androgênico. O que reforça essa impressão é o fato da dermatite seborreica ser mais comum entre 18 e 40 anos de idade. TRATAMENTO Não existe cura para dermatite seborreica. Porém, a tratamentos e a doença pode ser controlada de forma a quase não causar incômodo ao paciente. Os casos leves, somente com caspa no couro cabeludo, podem ser controlados apenas com shampoo anti-capsa. Há vários tipos de shampoos anti-caspa disponíveis no mercado. A diferença entre eles é o ingrediente ativo. 13 Shampoos com qualquer uma das substâncias abaixo são igualmente eficazes após quatro semanas de uso: Sulfeto de selênio,Ciclopirox , Ácido salicílico, Alcatrão, Piritionato de zinco, Cetoconazol, Clotrimazol. O shampoo deve ser deixado no cabelo por pelo menos 5 minutos antes de ser enxaguado. Se não houver melhora com os shampoos tradicionais, ou se as lesões forem muito intensas, uma consulta com o médico dermatologista faz-se necessária. O uso de loções ou shampoos especiais com corticoides pode ser preciso para o controle das lesões. Nas lesões na face ou tronco, cremes com corticoides e antifúngicos (ex: hidrocortisona + cetoconazol) costumam ser eficientes. Outras opções incluem cremes ou pomadas com pimecrolimos ou tacrolimos. CASO CLÍNICO Paciente feminina, 31 anos, previamente hígida, procurou atendimento devido a lesão assintomática nas regiões capilar e perioral com três anos de evolução. Não havia lesões em outras áreas do corpo. Paciente se queixava de piora do quadro nos períodos de frio e estresse, quando aparecia maior eritema e descamação. Ao exame, placa eritemato- descamativa bem delimitada na região perioral. Foi realizada biópsia da lesão, a qual mostrou paraceratose focal, espongiose, exocitose linfocítica e infiltrado monocuclear superficial, compatível com dermatite crônica espongiótica. Houve melhora das lesões com uso de corticoide tópico de média potência e limpeza facial com sabonete de piritionato de zinco a 2%. Apresentou hipocromia residual que melhorou gradativamente. Nos períodos de estresse observa recidiva leve da lesão, que melhora com curso curto de corticoide. 14 REFERÊNCIAS • Revisão Bibliográfica e Relato de Caso - Lara Trindade de Carvalho, Antonio Macedo D’Acri. • NASCER E CRESCER-revista do hospital de crianças maria pia -Tinhas do Couro Cabeludo • Carcinoma espinocelular em couro cabeludo inicialmente diagnosticado como queratoacantoma- Priscila Wolf Nassif, Ivander Basatazini Junior, Edgard José Franco Mello Junior, Raissa Borém Pimenta Figueiredo. • Fundação pele saudável- Foliculite Dissecante do Couro Cabeludo Evoluindo com Cicatriz Queloidiana. • Alopecias cicatriciais primárias- José Eduardo Decico e Fabrício Furlan. • Dermatite seborreica -Karoline Silva Paolini, Priscila Tortelli Bitencourt- grupo editorial Morerira Jr. 15
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