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Conteudo responsabilidade civil

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RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade Civil nas relações de consumo
Conceitos:
- Consumidor: É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final (art. 2º CDC);
* Equiparados: A coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (art. 2º, Parág. Único CDC).
- Fornecedor: É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços, ou seja, é o sujeito que integra o polo ativo da relação de consumo, atua como alienante do bem ou prestador do serviço pretendido pelo consumidor, seu destinatário final (art. 3º CDC).
- Produto: É qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, ou seja, é qualquer bem disponível à consumibilidade (art. 3º, §1º, CDC).
- Serviço: É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (art. 3º, §2º, CDC).
FATO DO PRODUTO:
Art. 12. (CDC) O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
O legislador consagrou a responsabilidade civil objetiva nas relações de consumo. Aliás, nada mais compreensível, se nós considerarmos a hipossuficiência do consumidor e, sobretudo, o fato de que, muitas vezes, o fornecedor exerce uma atividade de risco.
Imagine, portanto, que Caio comprou um carro ou um aparelho de TV. Ao ligar o equipamento, desencadeia-se uma série de explosões, causadoras de queimaduras no consumidor. Poderá, portanto, responsabilizar o fabricante do produto pelos danos materiais e morais que vier a sofrer. Para tanto, dispensa-se a prova da culpa do fornecedor.
Vale referir ainda que, se um terceiro participante da cadeia causal dos acontecimentos vier a sofrer também o dano, poderá ser considerado consumidor, por equiparação, nos termos do artigo 17 do CDC (Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento). No mesmo exemplo, suponha que a namorada de Caio houvesse também sido atingida, caso em que poderia ingressar com ação lastreada nas normas de proteção e defesa do consumidor.
Interessante notar, ainda, que o Código destacou a responsabilidade do comerciante em seu artigo 13 CDC (Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior), conferindo-lhe natureza jurídica subsidiária, em face dos agentes referidos no artigo anterior.
- Causas Excludentes de Responsabilidade:
Art. 12. (CDC) O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Que não colocou o produto no mercado – de fácil intelecção essa primeira causa, semelhante à alegação da defesa penal de “negativa de autoria”. Se o fornecedor demonstrar que não inseriu o produto no mercado, não há que se falar em atribuição do nexo causal, e a obrigação de indenizar desaparece por ausência de agente imputável. Suponha que uma indústria de alimentos houvesse sido invadida por um indivíduo, que subtraiu produtos para envenená-los e introduzi-los no mercado. Em tal caso, restando evidencia falha no sistema de segurança do estabelecimento fabril, entendemos ser admissível a responsabilidade civil solidária do fornecedor, sem prejuízo do exercício do direito de regresso contra o verdadeiro causador do dano;
Que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste – permitindo-nos a mesma comparação do tópico supra, essa defesa corresponderia à “negativa de materialidade” do Direito Penal. É, inclusive, uma alegação defensiva muito frequente. O fornecedor não nega a colocação do produto no mercado, embora sustente a ausência do vício causador do dano;
A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro – esta, sem dúvida, é uma das causas excludentes mais importantes, sendo, em nosso sentir, também a mais alegada. O fornecedor nesse caso, sem negar a colocação do produto (inciso I) ou existência do defeito (inciso II), sustenta a quebra do nexo causal por força da atuação exclusiva da própria vítima ou de terceiro, estranho à relação de consumo. É o caso, por exemplo, do sujeito que compra uma máquina de lavar louças e, a despeito do visível aviso de advertência, gravado em letras vermelhas e consignado no manual de instruções, no sentido de não se poder manusear o bocal de entrada de energia elétrica, arvora-se eletricista e coloca o dedo, para ver se a máquina está ligada. Recebe uma forte descarga elétrica, com danos, não só ao aparelho, como ao seu corpo, Nesse caso, tendo havido exclusiva culpa da vítima, não se poderá pretender responsabilizar o fabricante, que não concorreu, no plano causal, para o desfecho danoso.
OBS.: Cavalieri estabelece uma diagnose diferencial entre fortuito interno e fortuito externo.
* Fortuito interno: trata-se do acontecimento imprevisível, causador de dano de consumo, e que incide no processo de elaboração ou fabricação do produto, ou, então, no momento da realização do serviço. Ex.: durante o processo de fabricação de uma engrenagem automotiva sensível, um leve, mas perceptível, abalo sísmico prejudicou o correto encaixe de fios, causando, posteriormente, dano ao condutor do veículo;
* Fortuito externo: Traduz no acontecimento imprevisível, causador de dano, que incide após a colocação do produto ou a prestação do serviço no mercado. EX.: no mesmo exemplo, se o abalo sísmico ocorre após a aquisição do bem, não se pdoeria, por óbvio, atribuir responsabilidade ao fornecedor, pois, quando introduziu o bem no mercado de consumo, o defeito inexistia.
- Inversão do ônus da prova:
Art. 6º (CDC) São direitos básicos do consumidor:
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
Se tratando de litígios de consumo inverte o ônus da prova, em benefício do consumidor.
Assim, pretendendo o réu alegar, em sede de defesa, uma das excludentes acimas, deverá o magistrado, nos termos deste artigo, reconhecer a inversão do õnus da prova, em benefício do consumidor. Em outras palavras, caberá ao próprio réu provar o alegado (não colocou o produto no mercado; o defeito inexiste, culpa exclusiva da vítima ou de terceiro).
FATO DO SERVIÇO:
Art. 14.(CDC) O fornecedor de serviços responde, independentementeda existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
Responsabilidade Objetiva.
O objeto desses dispositivos, como se pode perceber, não é o fornecimento de um determinado produto, mas a realização de uma atividade de consumo, a exemplo do serviço do encanador, do advogado, ou, até mesmo, da instituição financeira.
Havendo remuneração, o serviço prestado ao destinatário final.
- Clausulas excludentes de responsabilidade:
Art. 14. (CDC). O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Que, mesmo tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
A culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
As mesmas observações feitas para o produto defeituoso causador de acidente de consumo aplicam-se aos prestadores de serviço.
- Responsabilidade Civil dos Profissionais Liberais:
Art. 14. (CDC) O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Somente respondem com fundamento na culpa profissional.
A responsabilidade civil continua de natureza subjetiva.
Responsabilidade decorrente da atuação profissional.
Responsabilidade civil contratual.
Obrigação de Meio: “Dever atuar segundo as mais adequadas regras técnicas e científicas disponíveis naquele momento, não podem garantir o resultado de sua atuação” GAGLIANO E PAMPLONA
Obrigação de Resultado.
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO VICIO DO PRODUTO OU SERVIÇO:
Art. 18. (CDC). Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
Interessante que o dispositivo legal consagra uma classificação de bens não utilizada pelo Código Civil – “duráveis e não duráveis” –, conferindo ao consumidor, ainda, o direito de não apenas pleitear a reparação devida, mas, também, exigir a substituição de partes viciadas.
Consagrou-se, ademais, a responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores dos produtos, o que facilita a defesa do consumidor.
O Código estabelece que, caso o consumidor reclame a reparação do vício ou defeito, este não sendo sanado em trinta dias, poderá, a seu critério, exigir alternadamente:
A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
O abatimento proporcional no preço.
O prazo para reclamar pelos vícios aparentes, contando a partir da entrega efetiva do produto ou da execução do serviço:
Art. 26. (CDC) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
Noventa dias, tratando-se de produtos duráveis;
Trinta dias, tratando-se de produtos não duráveis.
Em se tratando de vício oculto, o §3º estabelece que o prazo incia-se a partir do momento em que o defeito se apresentou.
RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DE SERVIÇO DEFEITUOSO:
Assemelha-se ao anterior, com as devidas adaptações à natureza da atividade prestada.
Nesse caso, ao consumidor lesado abre-se a tríplice alternativa, sempre ao seu critério, de exigir:
A reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
O abatimento proporcional do preço.
PRAZO PRESCRICIONAL PELO FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO:
Art. 27. (CDC) Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
É estabelecido que o prazo para o ajuizamento da pretensão reparatória de responsabilidade civil pelo fato do produto ou serviço é de 5 (cinco) anos, iniciando-se a contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Responsabilidade Civil por Ato de Terceiro
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
	Pai Filho
	Culpa in vigilando
	Tutor Tutelado
	Culpa in vigilando
	Curador Curatelado
	Culpa in vigilando
	Patrão, amo, comitente Empregados, serviçais e prepostos
	Culpa in elegendo
	Donos de hotéis, hospedarias ou estabelecimentos congêneres hóspedes, moradores
	Culpa in vigilando
	Diretores de estabelecimentos educacionais Educandos
	Culpa in vigilando
- Responsabilidade Civil dos Pais pelos Filhos Menores:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
Os pais – biológicos ou adotivos, pouco importa – são responsáveis por toda a atuação danosa atribuída aos seus filhos menores.
Exceção:
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Pouco importando, pois, que se trate de menor absoluta ou relativamente incapaz, se o seu representante não tiver a obrigação de indenizar (imagine que o pai esteja em coma, e o seu filho, órfão de mãe, haja ficado em companhia da avó idosa, ocasião em que comete o dano), ou for pobre, poderá a vítima demandar o próprio menor, objetivando o devido ressarcimento, caso haja patrimônio disponível.
O Parágrafo Único trata-se de regra que tenta conciliar ointeresse da vítima com a situação de hipossuficiência do incapaz, que não poderá ficar à míngua em virtude de sua responsabilização civil.
- Responsabilidade Civil dos Tutores e Curadores pelos Tutelados e Curatelados:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições
O tutor, como se sabe, atua como representante legal do menor cujos pais sejam falecidos, declarados ausentes ou destituídos do poder familiar, responde pelos danos que ele haja cometido em face de terceiros.
O mesmo se diga do curador.
A curatela, diferentemente da tutela, dirige-se, em geral, à proteção das seguintes pessoas:
Enfermos ou deficientes mentais, que não tenham o necessário discernimento para a prática de atos da vida civil;
Pessoas que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade (a surdo-mudez completa, por exemplo);
Os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo;
Os pródigos.
A curatela não apenas visa à proteção de maiores, mas, também, poderá ser deferida para a salvaguarda de interesses do nascituro.
Caso, portanto, o curatelado cometa um ato lesivo ao patrimônio iy a direito de terceiro, o seu curador – pessoa a quem assiste poder de direção – poderá ser civilmente responsabilizado.
Exceção: art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Assim, causado o dano, se o curador não tiver a obrigação de ressarcir (imagine uma situação em que o louco tenha causado danos antes da designação formal do curador) ou não dispuser de condições para fazê-lo (for pobre), o patrimônio do amental poderá ser atingido para a satisfação da vítima, preservada uma renda mínima para a sua própria mantença ou das pessoas que de si dependam economicamente (sua filhinha, por exemplo).
- Responsabilidade Civil do Empregador ou Comitente pelos Atos dos seus Empregados, serviçais ou Prepostos:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.
De fato, a responsabilidade civil do empregador ou comitente, pelos atos dos seus empregados, serviçais ou prepostos, se justifica pelo poder diretivo desses sujeitos em relação aos agentes materiais do dano, sendo este o seu elemento comum.
Todavia, há um diferença substancial entre a natureza da relação jurídica mantida entre esses sujeitos.
Com efeito, no primeiro caso, exige-se a existência de uma relação de trabalho subordinado (vínculo empregatício), única hipótese em que se pode esperar a presença de um sujeito empregador.
Já na segunda hipótese, em que se mencione a responsabilidade civil de um comitente, a relação jurídica-base em que se postula a responsabilização pode ser dar das mais amplas formas de contratação civil (nela, incluídas, obviamente, as avenças comerciais). É aquela pessoa que encarrega oura de comprar, vender ou praticar qualquer ato, sob suas ordens e por sua conta, mediante certa remuneração, a que se dá o nome de comissão.
Responsabilidade Civil dos Donos de Hotéis, Hospedarias e Estabelecimentos Educacionais por Ato dos seus Hóspedes, Moradores e Educandos:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos.
Os donos de hotéis, hospedarias e outros estabelecimentos onde se albergue por dinheiro (albergues, motéis etc.) são solidariamente responsáveis pelos danos causados a terceiros por seus hóspedes ou moradores. 
Claro que se o dano resulta da atuação de preposto do estabelecimento, a responsabilidade civil do seu titular é indiscutível.
Tudo estará, pois, em examinar, dado o caso concreto, até que ponto interveio a colaboração do dano da casa no fato danoso.
Os diretores de estabelecimentos educacionais são responsáveis pelos danos causados aos seus educandos ou a terceiros.
Tal responsabilidade civil, como visto, poderá decorrer de danos causados a terceiros ou, até mesmo, aos outros alunos, devendo-se registrar que, em se tratando de escola pública, a obrigação de indenizar é do Estado.
Em se tratando de educando maiores, nenhuma responsabilidade cabe ao educador ou professor, pois é natural pensar que somente ao menor é que se dirige essa responsabilidade, porquanto o maior não pode estar sujeito à mesma vigilância que se faz necessária a uma pessoa menor.
Responsabilidade Civil pelo Produto de Crime:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Referre-se a todas as pessoas que, gratuitamente, houverem participado do produto do crime, até a concorrente quantia.
Tais pessoas respondem, pois, solidariamente, pelos valores e bens decorrentes da prática do crime.
Se alguém participou gratuitamente nos produtos de um crime, é claro que está obrigado a devolver o produto dessa participação até a concorrente quantia. O dispositivo somente consagra um princípio geralmente conhecido, que é o da repetição do indevido.
- Tipo de Responsabilidade: OBJETIVA!!!
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
- Ressarcimento:
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
Responsabilidade Civil Decorrente de Crime
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
Apenas estes dois fundamentos da sentença penal absolutórias têm o condão de prejudicar definitivamente a reparação civil: negativa material do fato ou negativa de autoria.
Art. 64. (CPP). Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
- Efeitos Civis da Sentença Penal Condenatória: A Execução Civil da Sentença penal e a Ação Civil “Ex Delicto”:
Ação Civil Ex Delicto;
Art. 91. (CP). São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
A vítima ou seus sucessores buscam esse ressarcimento por meio da denominada ação civil ex delicto
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
Refere-se ao fulcro da própria sentença penal condenatória (título executivo judicial), poderá o ofendido, seu representante legal ou herdeiros, em vez de intentar demanda de conhecimento, promover diretamente a execução judicial.
Não seria justo que, consumado o ato criminoso, a vítima ou os seus familiares não tivessem o direito de demandar o infrator, para efeito de buscar a reparaçãodevida.
Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito
Lamentavelmente é pouco conhecido, que a legislação ordinária deverá dispor sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.
Foro Competente: Local do crime ou o do autor
Art. 100. É competente o foro:
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano
Legitimidade Passiva:
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
A legitimidade extraordinária conferida ao Ministério Público para executar a sentença penal ou ajuizar diretamente a ação civil, se o titular da reparação do dano for pobre.
Trata-se, pois, de hipóteses em que o MP atua como substituto processual.
Prescrição:
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Registre-se, porém, a bem da verdade e da justiça com os tribunais brasileiros, que a regra encontrava guarida, ainda que tímida, em alguns julgados esparsos.
Responsabilidade Civil pelo Fato da Coisa e do Animal
Trata-se, em outras palavras, do estudo da responsabilidade da pessoa que detém o poder de comando das coisas e animais causadores de danos à esfera jurídica de outrem, situação de prejuízo esta que, obviamente, não poderia quedar-se irressarcida.
Art. 1.198 (detentor) – guarda material
Art. 1.196 (possuidor) – guarda intelectual
Art. 1.228 (proprietário) – guarda intelectual
O responsável pela reparação do dano proveniente da coisa ou do animal é o seu “guardião”, no qual, entende-se não apenas o proprietário (guardião presuntivo), mas, até mesmo, o possuidor ou o mero detentor do bem, desde que, no momento do fato, detivesse o seu poder de comando ou direção intelectual.
Assim, se a minha bomba d’água, malconservada, explode e lesiona um transeunte, a obrigação de indenizar será imposta a mim, proprietário e guardião da coisa, que estava sob a minha custódia e direção. Diferentemente, se eu contrato um amestrador de cães, confiando-lhe a guarda do meu buldogue, e este, durante uma sessão de treinamento, desprende-se da coleira e causa dano a terceiro, obviamente que, pela reparação do dano, responderá apenas o exper, pois, no momento do desenlace fatídico, detinha o poder de comando do animal, que estava sob a sua autoridade.
A responsabilidade pelos danos causados pela coisa ou animal há que ser atribuída àquela pessoa que, no momento do evento, detinha poder de comando sobre ele. E essa atribuição de responsabilidade não exige necessariamente perquirição de culpa. Ou seja, a depender do sistema legal consagrado, o guardião poderá ser chamado à responsabilidade, mesmo que não haja atuado com culpa ou dolo, mas pelo simples fato de haver exposto a vítima a uma situação de risco.
- Responsabilidade Civil pela Guarda do Animal:
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior
Responsabilidade Objetiva.
Haverá responsabilidade do dono ou detentor do animal pelos danos que ele causar. Aqui, apesar de o legislador não ter afirmado que o dono ou detentor do animal responde independentemente de culpa, não há dúvidas da natureza objetiva de sua responsabilidade. Isso porque, o legislador explicitamente afirmou que apenas não haverá responsabilização se o dono ou detentor do animal provar culpa da vítima ou força maior. Ou seja, apenas não haverá responsabilidade se o dono do animal provar a quebra do nexo de causalidade entre o dano causado e o fato do animal. Ao não admitir que a responsabilidade seja afastada por força de qualquer excludente de culpabilidade, o legislador indiretamente deixou explícito que a prova da culpa é irrelevante para a responsabilização do dono ou detentor do animal.
Se o dano ocorre estando o animal em poder do próprio dono, dúvida não há no sentido de ser este o responsável pela reparação, pelo fato de ser o seu guardião presuntivo. Se, entretanto, transferiu a posse ou a detenção do animal a um terceiro (caso do comodato ou da entrega a amestrador), entendemos que o seu dono se exime de responsabilidade, por não deter o poder de comando sobre ele.
- Responsabilidade Civil pela ruína de edifício ou Construção:
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Responsabilidade Objetiva.
O dono do edifício é responsável pela sua solidez e segurança, respondendo pelos danos causados que resultarem de sua ruína, total ou parcial, desde que a ruína tenha sido causada por falta de reparos cuja necessidade fosse manifesta. Note-se, que o legislador apenas afirmou que haverá responsabilidade caso a ruína tenha decorrido da ausência de reparos cuja necessidade fosse manifesta. Os reparos cuja necessidade não possa ser percebida por um leigo não darão ensejo a responsabilidade, uma vez que não é razoável exigir do proprietário conhecimentos técnicos específicos que permitam constatar a necessidade de reparos que não sejam evidentes e manifestos.
- Responsabilidade Civil pelas Coisas Caídas de Edifícios:
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Responsabilidade Objetiva.
Aquele que habitar prédio ou parte dele é responsável pelos danos provenientes de coisas caírem ou forem lançadas. Tal responsabilidade é objetiva e fundada na simples regra de que ninguém pode deliberadamente colocar em risco a segurança da coletividade. Não sendo possível identificar precisamente de onde partiu a coisa que caiu e causou um dano, a responsabilidade deve recair sobre o condomínio. Nesse sentido: Na impossibilidade de identificar o causador, o condomínio responde pelos danos resultantes de objetos lançados sobre o prédio vizinho.
OBS’s:
Dano proveniente de veículo furtado ou roubado:
O proprietário do bem não responde.
No momento em que o titular do domínio ou, até mesmo, o mero possuidor do bem perde a disponibilidade sobre ele em decorrência da subtração criminosa, deixa de ter, consequentemente, responsabilidade por sua guarda, razão por que não poderá ser compelido a indenizar a vítima do acidente.
Até porque, por mais fatídico que possa parecer, o sujeito que teve o seu veículo furtado ou roubado também é vítima da cadeia dos acontecimentos, não podendo ser considerado agente de seu causação, ressalvada, apenas, a hipótese de ter agido com indiscutível negligência ao propiciar a consumação do delito (imagine que o indivíduo deixou o carro aberto, com a chave na ignição, em um bairro notoriamente violento).
No momento em que se consumo o crime patrimonial (roubo, furto, extorsão assemelhado). O proprietário deixa de deter poder de comando sobre a coisa, não podendo mais, por conseguinte, ser considerado seu guardião.
Furto ou roubo de veículo ocorrido nas dependências de condomínio:
Tendo-se demonstrado a falha no sistema de segurança, o condomínio prejudicado poderá pleitear o ressarcimento devido, por ser legítima a sua pretensão. Entretanto, caberá a ele provar cabalmente o alegado, para se evitar o enriquecimento sem causa.
Tendo havido reincidência de fatos criminosos, sem que o síndico ou aassembleia geral haja adotado alguma providência a respeito, a comprovação da responsabilidade do condomínio fica mais facilitada, uma vez que a postura omissiva dos seus administradores reflete desídia injustificável.
Dano causado por veículo locado:
Súmula 492, no sentido de que a empresa locadora do veículo responderia solidariamente com o locatário pelos danos causados a terceiros, no uso do carro locado.
Tendo havido a alienação do veículo, sem que se seguisse a imediata regularização da transferência do respectivo DETRAN, o antigo proprietário continuaria responsável por eventuais danos causados a terceiros pelo novo condutor?
Não. Obviamente que, tendo havido a transferência da posse e da propriedade do veículo, o antigo dono deixa de ter comando sobre a coisa, não mais podendo ser considerado seu guardião para efeito de responsabilidade civil.
Claro está que, também nessa hipótese, caso haja a revenda sem a consequente regularização do registro, o antigo proprietário não poderia ser responsabilizado, uma vez que a posse e o comando intelectual da coisa já haviam sido transferidos, anteriormente, à empresa compradora do automóvel.
Não é pelo simples fato de não ter havido a regularização do registro administrativo de propriedade do bem no DETRAN que o antigo dono será responsabilizado pelo uso da coisa, agora pertencente ao novo proprietário. A realização desta providência tem a vantagem e a finalidade de imprimir eficácia erga omnes à alienação, por firmar uma presunção geral de publicidade (súmula 489 STF). A sua ausência, outrossim, acarreta apenas problemas de natureza administrativa (as multas seriam emitidas em nome do antigo dono, que teria o ônus de demonstrar a venda), mas nunca de assunção da responsabilidade civil pelo fato de a coisa não mais lhe pertencer.
A falta de registro não tem o condão de manter a responsabilidade civil do antigo dono.

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