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LIVRO DE MUSCULAÇÃO TERAPÊUTICA 2015 ABRIL 1

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RICARDO WALLACE DAS CHAGAS LUCAS 
 
 
 
 
O Método “STS – Strength Training Strategies” de: 
 
MUSCULAÇÃO TERAPÊUTICA e 
TREINAMENTO FÍSICO 
 
Aplicação de padrões de movimentos anatomofuncionais, na saúde, na 
recuperação físico-funcional e no desporto 
 
 
 
 
 
 
© Ricardo Wallace das Chagas Lucas 
Edição: Sistema Wallace Consultoria Ltda – CNPJ 06.370.184-0001-68 
 
 
3 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
LUCAS, Ricardo Wallace das Chagas 
 
Musculação Terapêutica - Aplicação de padrões de movimentos 
anatomofuncionais, na Saúde, na recuperação físico-funcional e no desporto / 
Ricardo Wallace das Chagas Lucas. – Florianópolis: Sistema Wallace 
Consultoria Ltda, SC, 2015. 
 
1. Musculação. 2. Exercícios Físicos. 3. Treinamento com Peso. 4. Periodização 
do Treinamento Físico. I. Título 
 
ISBN - 978-85-910191-3-7 
CDD: 613.71 
CDU: 613.71 
 
 
 
 
 
 
 
Capa: Tchubi Design – 48 3304 5056 
Revisão: Michelle Utrabo 
 
 
Impresso no Brasil 
2015 
 
 
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SUMÁRIO 04 
Prefácio 05 
1. Histórico 07 
2. Em quem pode ser aplicado 08 
3. Quem pode aplica-lo 08 
4. Como é aplicado 09 
5. Material utilizado 09 
6. Fundamentos 13 
6.1 Movimentos Funcionais 13 
6.2 Controle Contínuo da Frequência Cardíaca 21 
6.3 Estímulo Óculo-motor 34 
6.4 Comando Verbal 37 
6.5 Estímulo pelo Toque 39 
7. Padrões de Movimento 41 
8. Fases 48 
9. Gráfico de Periodização 41 
10. Preparação 52 
11. Consulta 53 
11.1 Planilhas e Formulários 55 
11.2 Composição Corporal 58 
11.3 Força Estática – Dinamometria Manual 59 
11.4 Mobilidade Articular – Geral e Específica 60 
11.5 Força Dinâmica Específica 61 
11.6 Nível de Condicionamento Físico 62 
11.7 O Teste Funcional 63 
11.8 O Laudo – Parecer da Consulta 66 
12. A Prescrição 68 
13. Glossário 73 
14. Referências 79 
 
 
 
5 
 
PREFÁCIO 
Podemos definir exercícios resistidos, ou exercícios físicos resistidos, como atos motores 
que se caracterizam por contrações musculares específicas contra uma resistência externa, 
independentemente da técnica utilizada: pesos, borrachas, a mão, água, maquinário e etc. 
Desta forma, qualquer exercício físico provoca uma musculação, ou “ação muscular”. O 
termo musculação, que na realidade é traduzido como “ação muscular” é confundido muitas 
vezes somente como exercícios físicos com pesos. Isto induz a se pensar que a 
musculação é exclusivamente realizada para fisiculturismo ou hipertrofia. Mas, qualquer 
técnica de “ação muscular” que oferece resistência suficiente ao movimento, para a 
recuperação físico-funcional, manutenção ou aprimoramento atlético, pode ser entendida 
como musculação. Surge então a nômina musculação, que quando aplicada com fins de 
recuperação e posterior manutenção das funções inerentes ao sistema musculoesquelético 
é chamada de terapêutica. 
E é neste cenário que apresentamos um método, ou sistema de aplicação de exercícios 
físicos, que diferentemente da musculação utilizada para fisiculturismo, não busca a 
hipertrofia estética e sim o trofismo funcional, ou eutrofismo. Consequentemente é eficaz 
para determinação dos parâmetros mínimos ideais de força, flexibilidade e capacidade 
aeróbia. 
Estas valências físicas, quando em nível adequado, são imprescindíveis para a realização 
de diferentes tarefas cotidianas, sendo que sua redução pode muitas vezes pode ocasionar 
perda antecipada da autonomia funcional, afetando diretamente a qualidade de vida. 
Percebe-se na literatura especializada um consenso com relação à prescrição de 
musculação para populações específicas, de modo que parece não haver mais dúvidas a 
respeito dos benefícios que provocam, como a redução de fatores de risco ligados às 
doenças cardiovasculares, ao diabetes mellitus tipo 2, à osteoporose, bem como para 
manutenção da massa magra, melhora do equilíbrio e preservação da capacidade 
funcional. Dessa forma, tem aumentado consideravelmente o número de praticantes de 
programas de exercícios resistidos em todas as faixas etárias e em ambos os sexos. 
O ACSM – American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina 
Esportiva), há muito tempo demonstra que a saúde está diretamente relacionada à 
capacidade aeróbia, à flexibilidade e à força dos indivíduos. Assim, qualquer modalidade 
de exercício físico que seja capaz de melhorar ou recuperar estes parâmetros e 
posteriormente mantê-los, são úteis ao ser humano e pode ser considerado terapêutico. É 
6 
 
sobre este pilar que é executada a modalidade de exercício comumente chamada de 
“Musculação Terapêutica”. 
Termos comuns citados pelo ACSM são Strength Training (Treinamento de Força) e 
Resistive Training (Treinamento de Resistência), cujo segundo é na realidade é uma 
modalidade de treinamento de força. Vários são os estudos que demonstram os benefícios 
dos “exercícios resistidos” no aprimoramento da composição corporal e no equilíbrio das 
relações hormonais/metabólicas humanas. 
 O Método STS (Strength Training Strategies) é um sistema de treinamento de força, e seus 
fundamentos podem ser utilizados nos diversos campos de atuação das ciências que 
norteiam o movimento humano. Sendo assim, podemos destacar destas ciências a 
Fisioterapia e a Educação Física como potenciais usuárias do método, pelo próprio fim que 
destina suas atuações profissionais. 
Esta obra tem o objetivo de apresentar o Sistema STS – Strength Training Strategies de 
Musculação Terapêutica e de Treinamento Físico, definindo suas modalidades técnicas, 
aplicações e controle. O leitor perceberá que se utilizá-lo em consonância com o que 
prescreve as ciências relacionadas ao movimento humano, tais como a biomecânica, a 
neurologia e a fisiologia, obterá com facilidade reproduzível os resultados buscados sobre 
seus clientes. Desta forma, acreditamos que a simplicidade do Método, como um sistema 
de aplicação de exercício físico, possa ser um fator contributivo ao tratamento dos diversos 
males físico-funcionais da população moderna. 
 
 
 
 
Ricardo Wallace das Chagas Lucas 
CBO – 2236-05 / CREFITO 10 14404 - F 
Coordenador da ABMT – Associação Brasileira de Musculação Terapêutica 
 
 
 
 
 
7 
 
1. HISTÓRICO DO MÉTODO “STS – STRENGTH TRAINING STRATEGIES” DE 
MUSCULAÇÃO TERAPÊUTICA E DE TREINAMENTO FÍSICO 
 
A partir da década de 90, houve um aumento significativo de produções científicas que 
comprovassem os benefícios dos exercícios resistidos (glicolíticos) em populações 
especiais, onde se enquadram os idosos, diabéticos, hipertensos e obesos. A referência 
até então era que para esta população o ideal seria a aplicação de exercícios 
aeróbios/cíclicos (oxidativos). Aproveitando estes referenciais científicos, o CEBRAF – 
Centro Brasileiro de Fisioterapia, sob a coordenação do Professor Ricardo Wallace das 
Chagas Lucas, no início dos anos 90, iniciou a formatação do Sistema STS (Strength 
Training Strategies) de Musculação Terapêutica para atuar inicialmente sobre indivíduos 
idosos e clinicamente comprometidos, internados em instituições asilares da cidade de 
Curitiba, Brasil. 
Este sistema, pelas características pontuais de sua aplicação, comercialmente passou a 
ser designado como um “Método” e ganhou força para sua criação por haver até então 
muita carência na literatura fisioterapêutica e de educação física de exercícios físicos e de 
cinesioterapia, fundamentados em “movimentos funcionais” e de carga prescrita 
individualmente com base em preceitos da frequência cardíaca. Os exercícios 
desenvolvidos para o Método são elaboradosa partir de “padrões de movimentos” e foram 
exaustivamente testados em militares do exército brasileiro, especificamente no Hospital 
Geral de Curitiba, onde Professor Ricardo Wallace das Chagas Lucas exercia suas 
atividades docentes e também profissionais como militar de carreira. 
O STS é a abreviação da aplicação de “estratégias para a aplicação de treinamentos e 
tratamentos de força”. Esta sigla foi escolhida por se valer do termo em inglês “Strength 
Training” encontrado em grande número de produções científicas relativas ao exercício 
resistido ou musculação. Somente no final da década de 90 o Método STS ganhou o 
mercado. O que alavancou sua exposição para demais indivíduos fora do ambiente da 
gerontologia e geriatria, foi o interesse de um grupo de fisioterapeutas pesquisadoras da 
PUC (Pontifícia Universidade Católica) do paraná, que demonstraram interesse em elaborar 
uma monografia de conclusão de curso voltada para a “musculação terapêutica”. Esta 
denominação foi utilizada pela primeira vez pelos próprios usuários do Método STS, como 
critério de diferenciação da “musculação de academia” referida por eles. 
8 
 
2. EM QUEM PODE SER APLICADO? 
Pesquisas têm mostrado que a musculação, ou exercícios físicos resistidos são seguros e 
eficazes para as mulheres e homens de todas as idades, incluindo aqueles que não estão 
em perfeita saúde. Na verdade, as pessoas com problemas de saúde, incluindo doenças 
cardíacas ou autoimunes, são muitas vezes os mais beneficiados por um programa de 
exercícios que inclui manuseamento de pesos, ou outra forma de contrarresistência efetiva 
algumas vezes por semana. 
O treinamento de força, especialmente em conjunto com exercícios aeróbios (oxidativos) 
regulares, também pode ter um profundo impacto sobre a saúde mental e emocional de 
uma pessoa. Há inúmeros benefícios ao treinamento de força regular. Ele pode ser muito 
poderoso na redução dos sinais e sintomas de várias doenças e condições crônicas físico-
funcionais, dentre elas: Artrite; Diabetes; Osteoporose; Obesidade; Lombalgias; 
Depressão; Doenças Arteriais Coronarianas; Acidentes Vasculares Encefálicos, Doença 
Pulmonar Obstrutiva Crônica. Produz benefícios ainda em transplantes de órgãos, em 
programas de ginástica laboral e até em disfunções físico-funcionais de crianças e 
adolescentes. 
3. QUEM PODE APLICÁ-LO? 
Profissionais formados (no Brasil) nas faculdades de Fisioterapia e Educação Física, pois 
ambas são oriundas da Ciência do Movimento Humano, e como partes deste grande 
universo de estudo, se caracterizam hoje como áreas de atuação do mesmo. Assim, 
racionalmente, devemos entender que são vários os conceitos da Ciência do Movimento 
Humano que podem ser aplicados nestas áreas de atuação, caracterizadas hoje como 
profissões constituídas, cada uma com o seu respectivo Conselho. 
Dentre estes conceitos podemos citar todas as bases anatomofisiológicas do movimento, 
englobando aí a biomecânica e o metabolismo energético. Movimento este que pode estar 
comprometido em situações de baixo rendimento físico (sedentarismo ou doença instalada) 
ou de alto rendimento físico (desportistas e atletas). Desta forma, a utilização de 
ferramentas ou recursos baseados nestes conceitos, que podemos entender até como 
técnicas, devem e podem ser usadas por ambas as profissões, cada uma no seu universo 
de atuação. Não podemos então afirmar que o Método STS – Strength Training Strategies 
9 
 
seja de uma ou de outra profissão, devemos sim compreender que determinados conceitos 
podem ser utilizados pela Fisioterapia ou pela Educação Física em seus clientes. 
 
4. COMO ELE É APLICADO? 
Os fundamentos do Método STS podem ser aplicados de 03 (três) formas: 
4.1 COMPLETA – Quando a intervenção (também conhecida inadequadamente 
como sessão) é 100% personalizada. Oferece o maior controle metabólico e 
periodização individual. É fundamental nas ações de emagrecimento controlado, 
correção postural, controle de problemas metabólicos e melhora da performance 
esportiva. 
4.2 PARA GRUPOS HOMOGÊNEOS – Quando as intervenções objetivam atender 
grupos com perfis físico-funcionais semelhantes, ou clínicos semelhantes. Como 
exemplo, podemos citar indivíduos com estratificação de riscos similares para 
reabilitação cardiopulmonar e metabólica, reabilitação pulmonar, grupos de ginástica 
laboral, e turmas de ginástica em academias. 
4.3 PARA RECUPERAÇÃO OU POTENCIALIZAÇÃO DE PARTES ISOLADAS DO 
CORPO (segmentos) – Quando necessitamos tratar ou treinar um determinado 
membro ou articulação, como por exemplo, um pós operatório de ligamento cruzado 
anterior, ou treinamento específico para melhora de performance em um ombro de 
nadador. 
 
5. MATERIAL UTILIZADO 
5.1 PREPARAÇÃO: A preparação é a denominação do aquecimento, utilizada pelos 
executantes do Método STS. Podem ser utilizadas: esteiras ergométrica (mecânicas 
ou elétricas); bicicletas estacionárias; bicicletas móveis (normais); elípticos; steps; 
cicloergômetros e qualquer equipamento apto a desenvolver o aquecimento do 
cliente por utilização de movimentação cíclica: 
 
10 
 
 
 
Fig 01 – Esteira Ergométrica Fig 02 – Bicicleta Ergométrica 
 
 
 
Fig 03 – Elíptico Ergométrico Fig 04 – Step 
 
 
5.2 INTERVENÇÃO/SESSÃO: 
Pesos livres em forma de Halteres e Caneleiras, ou equipamentos de 
contrarresistência tais como “Thera-band” ou outras modalidades de extensores 
elásticos. Pode também ser realizada a contrarresistência pela mão do profissional 
ou pelo meio líquido, adicionado ou não de outras formas adicionais de resistência 
para este ambiente (pás, flutuadores ou nadadeiras). Para o controle de intensidade 
são utilizados monitores de frequência cardíaca, e para a mensuração dos intervalos 
e do tempo total são utilizados cronômetros. A utilização de uma maca ou colchonete 
também é necessária, assim como de um espelho que se adeque à estatura do 
cliente, preferencialmente com grades de correção: 
 
11 
 
 
Fig. 05 – Caneleiras de 1kg a 5 kg 
 
 
Fig. 06 - Halteres de 1kg a 5 kg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 08 – Tensor Elástico 
 
 
Fig. 09 – Monitor de Frequência 
Cardíaca: Cinta Transmissora e 
Relógio Receptor 
 
 
 
 
 
 
Fig. 10 – Cronômetro 
 
 
Fig. 11 – Espelho com grade de 
correção 
 
 
12 
 
 
 
 
Fig. 12 – Colchonete 
 
Fig. 11 – Maca 
Poucos são os aparelhos de musculação no mercado que permitem a aplicação completa 
do Método STS de Musculação Terapêutica e de Treinamento Físico. Desta forma, foram 
desenvolvidos equipamentos específicos para a execução de exercícios que permitam a 
utilização dos fundamentos do STS. Mas, a profissional de fisioterapia e educação física 
devem analisar cada equipamento de ginástica no mercado para verificar quais poderiam 
ser utilizados totalmente ou parcialmente para este fim: 
 
Fig. 11 – Exemplo de equipamentos específicos para aplicação do Método 
STS na R3 Academia de Reabilitação / Juiz de Fora - MG 
13 
 
Planilha da Intervenção/Sessão, para controle metabólico e do microciclo de treinamento 
tratamento: 
 
Fig. 12 – Modelo de Planilha de Intervenção/Sessão Personalizada 
 
 
6. FUNDAMENTOS: 
O Método STS de Musculação Terapêutica e Treinamento Físico deve ser aplicado perante 
05 (cinco) fundamentos. Destes, 02 (dois) são considerados obrigatórios e 03 (três) são 
considerados complementares. Os obrigatórios são a Execução de Movimentos 
Funcionais e Controle Contínuo da Frequência Cardíaca. E os complementares são o 
Estímulo Óculo-motor, o Comando Verbal e o Estímulo pelo Toque. 
 
6.1 MOVIMENTOS FUNCIONAIS 
OMétodo STS (Strength Training Strategies) de Musculação Terapêutica e de 
Treinamento Físico tem como especificidade, a aplicação de movimentos 
14 
 
contrarresistência sob os perfis mais naturais possíveis de ação à luz de um 
metabolismo energético totalmente mensurável e baseado na capacidade de 
adaptação e variabilidade do sistema cardiorrespiratório. Entendemos, que em 
função de todas as bases neurológicas, fisiológicas e biomecânicas do Método STS 
estarem descritas em extensa literatura, convém explicitarmos estas bases, 
correlacionando-as com as suas fases e os padrões de movimento. 
A definição de Movimento Funcional evoluiu de “movimento fundamental” ou 
normal, e esclarece o próprio objetivo da motricidade humana, isto é, o movimento 
realizado por uma consequência anatômica, ou anatomofuncional, que em função 
disso é provido de eficiência e eficácia, e desprovido de grandes margens de erro 
causadoras de lesões. 
“.... por trás da variedade dos movimentos da pessoa normal, adaptados a 
cada objeto e finalidade, podemos encontrar, inscrito na anatomia humana, 
um movimento de base, independente do objeto e do meio externo, que 
chamamos de movimento fundamental.” (Piret e Béziers, 1992). 
Se analisarmos, em um indivíduo sadio, quais os tipos de movimento causadores 
(ou que predispõe) de distúrbios osteomusculares, observaremos que estes 
movimentos possuem características iatrogênicas à sua função. Isto quer dizer, que 
metabolicamente, neurologicamente ou mecanicamente, estes movimentos não 
deveriam ser realizados, levando em consideração o tempo ou a intensidade a esta 
exposição não favorável. 
Isto nos remete então a um pensamento conflitante, pois a maioria dos desportos 
instituídos pelo homem é composta de movimentos “não funcionais”. Estaríamos 
então predispondo o corpo do “desportista” às lesões ou doenças metabólicas tão 
comuns no nosso cotidiano? Esta resposta é positiva, e muito mais agora em um 
mundo onde o sedentarismo apresenta-se como algo “normal” para a maioria da 
população. 
Os movimentos funcionais, e o substrato energético para a sua realização, estão 
intimamente ligados, e o grande objetivo de ambos é conseguir agir perante uma 
perfeita sintonia econômica, isto é, gastar a menor quantidade de energia possível, 
com o máximo de vantagem mecânica. Por isso a existência do torque, que nos 
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induz às espirais de movimento, por isso a coordenação intramuscular e 
intermuscular, e por isso um controle neurológico central e periférico das ações 
motoras. Isto demonstra que falar em movimento funcional não é simplesmente 
relacionar a ação do movimento com a biomecânica. 
Mas, como a motricidade humana inicia realmente os seus estudos sob a égide da 
arquitetura osteomuscular, hoje se demonstra que um movimento articular não se 
processa isoladamente. Daí a nômina muito utilizada atualmente, para nortear um 
movimento funcional, é “unidade de coordenação”, onde se verifica realmente a 
mobilidade sobre vários planos e eixos de movimento, caracterizando o que seria 
o movimento “normal”. Esse movimento fundamental está baseado nos seguintes 
princípios, de acordo com Piret e Béziers (1992): 
 “É importante salientar que um osso vivo, muito diferente dos ossos mortos 
utilizados nos estudos de anatomia, é plástico, maleável e deformável. É um 
tecido conjuntivo densificado, com uma relativa elasticidade. Criam goteiras 
definitivas e podem deformar-se de acordo com as tensões musculares que 
atuam sobre eles. 
 A densificação do tecido conjuntivo ocorre devido a uma maior interligação 
das fibras colágenas, reticulares e elásticas, e ao espessamento da 
substância fundamental amorfa — que tornam-se mais “sol” do que “gel”. 
 Certos músculos pluriarticulares são organizadores do movimento porque 
transmitem a contração aos músculos subsequentes, monoarticulares, 
assegurando o início do trabalho destes. Por conduzirem o movimento de 
intervalo a intervalo, são chamados de músculos condutores. Cada um dos 
músculos condutores do movimento realiza seu trabalho a partir do 
precedente e assegura o trabalho do seguinte. 
 O estado de tensão do corpo se baseia no tônus muscular, na organização 
dos músculos dois a dois (antagonistas) e na de todos os músculos entre si, 
constituindo-se, assim, a coordenação motora. O estado de tensão é 
constituído de unidades de coordenação que, ao reunirem-se, tensionam 
todo o corpo. 
16 
 
 Há cinco unidades de coordenação, sendo elas: as transacionais, 
representadas pelos quatro membros, onde as três dimensões no espaço 
são indissociáveis, e a de enrolamento, representada pelo tronco e pela 
cabeça, que tem duas formas, uma vez que as três dimensões no espaço 
são dissociáveis. 
 Cada unidade de coordenação se relaciona com sua unidade de 
coordenação vizinha por encaixe de um elemento esférico e pela ação dos 
músculos pluriarticulares e monoarticulares que a envolvem. A forma das 
superfícies articulares e a disposição dos músculos, em particular os 
pluriarticulares, favorecem a torção dos segmentos ósseos, uns em relação 
aos outros, durante seus deslocamentos. Essa torção gera uma tensão que 
dá ao segmento considerado sua estrutura e sua forma. 
 A coordenação motora nos permite compreender o movimento como um 
todo organizado, capaz de situar-se paralelamente ao psiquismo, com ele e 
perante ele”. 
Complementando o entendimento de movimento funcional, normal, ou 
fundamental, Denys-Struyf (1995) destaca três noções básicas advindas dos 
conceitos utilizados por Piret e Béziers: 
 “As tensões e as torções presentes nas unidades de coordenação 
determinam a estrutura e a forma do corpo; 
 A forma do corpo é influenciada pelo gesto; e 
 O gesto está ligado às estruturas psíquicas do indivíduo”. 
Para uma releitura mais moderna dos textos de Piret e Béziers, citamos Santos, 
que em seu livro intitulado “Biomecânica da Coordenação Motora”, editado em 
2002, apresenta didaticamente as unidades de coordenação: 
 “Unidade de Coordenação é um segmento corporal constituído por dois 
elementos rotatórios capazes de girarem simultaneamente em sentidos opostos 
graças à contração de um músculo poliarticular denominado condutor, realizando 
uma torção que cria uma tensão capaz de manifestar-se em uma articulação situada 
entre os dois elementos rotatórios sob forma de flexão. Em outras palavras, toda 
17 
 
flexão é fruto de duas rotações, que ocorrem em sentidos opostos de um lado e 
outro da articulação que se move. 
 Este segmento é capaz de um movimento reconhecível como humano, porque é 
um movimento fluido, continuo, sem interrupções bruscas, um compromisso entre 
vários movimentos. O movimento humano não é aquele descrito pelos livros de 
anatomia ou cinesiologia tradicional com um segmento movendo-se em um único 
plano em torno de um eixo situado em um plano perpendicular ao do movimento, 
descrito um a um. A unidade de coordenação envolve várias articulações e vários 
pequenos movimentos concomitantes ao movimento básico. 
A unidade de coordenação braço 
 “A porção longa do bíceps parte da região superior da glenóide. Não se insere 
sobre o úmero, dirige-se para fora, encaixa-se na goteira bicipital e desce para o 
antebraço. Distalmente insere-se na região póstero-interna do rádio. 
 Ao se contrair, este músculo traciona o membro superior para fora, porque vai de 
uma região medial, glenóide, para uma lateral, goteira bicipital; para frente, porque 
é um músculo anterior e para dentro porque, ao contrair-se, apoia fortemente contra 
a tuberosidade interna da goteira bicipital, rodando o osso internamente. Ao mesmo 
tempo fleteo cotovelo e gira o antebraço e mão para fora em supinação. 
 O bíceps longo não é capaz de realizar sozinho todo este movimento, mas é o 
único capaz de fazer tudo isto concomitantemente com a ajuda de músculos mono 
articulares que reforçam o movimento, contraindo-se na fase para a qual é mais 
adequado. 
 Assim, este músculo poliarticular é como um maestro, conhecedor e capaz de 
executar cada porção de uma sinfonia e que a conduz solicitando a entrada de cada 
instrumento mono articular no momento preciso. 
 O úmero realiza um movimento que é uma composição de flexão, abdução, 
rotação interna, enquanto o antebraço realiza flexão e rotação externa - isto cria um 
estado de tensão exatamente como quando uma peça de roupa é torcida girando-
se uma extremidade para cada lado. Em um dado momento, a peça torcida se dobra. 
O cotovelo é a estrutura situada no centro do segmento para que ele se dobre 
18 
 
sempre no mesmo local. A porção longa do bíceps é o músculo que "conduz" a ação, 
por isso é denominado músculo condutor. 
 Podemos generalizar este conceito dizendo que: Dois elementos rotatórios - 
cabeça umeral e punho-mão, opõem suas rotações - interna no úmero, externa na 
mão, graças a um músculo poliarticular dito "músculo condutor" - bíceps longo, 
criando um estado de tensão que se manifesta em uma articulação intermediária - 
o cotovelo, cujo movimento principal é a flexoextensão. 
 Todo o corpo pode ser subdividido em segmentos que são unidades de 
coordenação: 
Para cada uma destas unidades podemos descrever 
 (02) dois elementos esféricos rotatórios, 
 Um elemento intermediário de flexo-extensão, 
 Um sistema muscular condutor, 
 Um movimento básico, característico da unidade de coordenação. 
 Cada unidade de coordenação une-se à unidade vizinha através de encaixe de 
elementos côncavos e convexos unidos por músculos mono articulares. Assim, o 
movimento de uma unidade é indissociável daquele da unidade vizinha. 
 O músculo condutor é aquele capaz de realizar o movimento da unidade de 
coordenação a partir do precedente e transmiti-lo para o segmento seguinte. 
 Mas se assim for, de onde vem o primeiro movimento e para onde vai? Qual o 
movimento de origem? 
Unidades transicionais e unidades de enrolamento 
 Conforme já definido, Unidade de Coordenação é o segmento corporal que 
contém dois elementos rotatórios capazes de opor suas rotações graças à contração 
de um músculo condutor, o que cria um estado de tensão que acaba por manifestar-
se sob forma de flexão em uma articulação intermediária. 
 Existem unidades que efetivamente só podem tensionar-se desta forma, através 
de duas rotações opostas dos elementos rotatórios. Outras conseguem também 
tensionar-se por enrolamento, isto é, pela aproximação dos dois elementos 
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rotatórios. 
 Por exemplo: na unidade de coordenação tronco os dois elementos rotatórios: a 
abóboda pélvica, para cima e a abóboda esfenoidiana, para baixo podem girar para 
lados opostos, o que faz com que todo o tronco tensione, fletindo-se ligeiramente 
pela somatória de pequenos movimentos ao longo das articulações vertebrais 
interapofisárias. No entanto, estes dois elementos podem também aproximar-se um 
do outro, tensionando esta mesma estrutura pelo enrolamento, que também é uma 
flexão. 
 As unidades que têm a possibilidade de tensionar-se por torção, ou oposição das 
rotações, e também por enrolamento são denominadas unidades de enrolamento. 
Aquelas que só se tensionam por torção denominam-se unidades transicionais. 
 As unidades transicionais têm a função de transmitir movimento. As unidades de 
enrolamento têm a função de originar ou recepcionar movimento. 
 Unidades de enrolamento são: tronco, mãos e pés. 
 Unidades transicionais são: escápula, braço, ilíaco e perna. 
 Assim, do tronco partem movimentos que têm o objetivo de chegar às mãos, para 
a função de preensão, passando pela escápula e braço; ou aos pés, para a função 
de locomoção, passando pelo ilíaco e perna. As unidades de origem e recepção dos 
movimentos são as de enrolamento. As unidades intermediárias são transicionais, 
com função de transmitir o movimento. 
 No tronco, o músculo condutor capaz de tensioná-lo por enrolamento não é um 
músculo, mas um sistema muscular - o sistema reto. O músculo capaz de tensioná-
lo por torção, também é um sistema muscular - o sistema cruzado. 
 O aprofundamento desses conceitos, conhecendo cada uma dessas unidades 
de coordenação, de que forma o movimento ocorre em cada uma, obtemos um 
vastíssimo material para a construção do movimento ideal, coordenado, econômico. 
Formas de realizar movimentos fluem a partir desse trabalho original”. 
20 
 
 
Fig. 13 – Unidades de Coordenação 
Em resumo, para entendimento geral do que significa então ser um movimento 
“funcional” é necessário que se faça a análise da existência de quatro 
parâmetros/preceitos durante ou para a execução do mesmo, que pode ser feita 
em forma de perguntas: 
1. O movimento respeita a anatomia das estruturas 
envolvidas? 
Por exemplo. Ao realizar abdução do complexo articular do 
ombro necessariamente com rotação lateral para evitar impacto 
de estruturas anatomicamente confrontantes na ausência desta 
rotação. Realizar a flexão do cotovelo com necessária supinação 
e extensão do mesmo com pronação, em função da existência 
da cabeça do rádio que possui objetivamente a função de giro 
por sua anatomia. 
 
2. O movimento respeita as leis da biomecânica? 
Há vantagem mecânica nos exemplos citados anteriormente 
tendo em vista o componente rotacional obrigatório para o 
21 
 
aumento da potência ao movimento (energia potencial 
armazenada transformada em energia cinética). 
 
 
3. O movimento respeita o aspecto neurológico central e 
periférico da ação motora? 
Os movimentos exemplificados possuem engramas 
neurológicos pré-formados que possibilitam economia 
energética no recrutamento de unidades motoras, permitindo 
que menos movimentos sejam mais eficientes para a 
manutenção e recuperação da função normal, ou acima do 
normal. 
 
4. O movimento respeita a carga metabólica específica para o 
mesmo? 
Não se deve executar um movimento acima da capacidade 
metabólica (de força em relação aos substratos energéticos e de 
acordo com os tipos de fibras musculares presentes) do segmento 
ou corpo todo. 
O profissional executante do Método STS deve ter em mente que não basta 
somente executar o movimento, mas prescrevê-lo antes da sua aplicação 
prática. E para isto é necessária e obrigatória a realização de uma consulta 
para que se determine as incapacidades físico-funcionais do cliente. 
 
 
6.2 CONTROLE CONTÍNUO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA 
Ficou claro então que 03 (três) preceitos do que vem a ser um movimento funcional 
têm relação direta com os estudos de Piret e Béziers (1992), onde fica claro o 
componente anatômico, biomecânico e neurológico do movimento. A 
complementação para a execução do movimento de forma efetivamente funcional 
depende da carga executada sobre o mesmo, levando em consideração a sua 
22 
 
capacidade metabólica. Desta forma existe uma inter-relação do último preceito do 
que vem a ser um movimento funcional com o segundo fundamento do Método 
STS, que é o controle contínuo da frequência cardíaca. 
Nenhuma prescrição de exercício, inclusive de musculação terapêutica deve ser 
realizada sem se compreender o nível de condicionamento físico do praticante. E 
uma vez conhecido este nível de condicionamento é possível utilizar parâmetros da 
frequência cardíaca para que aexecução dos exercícios seja adequada ao 
indivíduo. 
A prática da atividade física, exercício físico, ou atividade laboral há muito já utiliza 
parâmetros de frequência cardíaca como preditor de carga e de evolução da 
performance. Assim, se é capaz de verificar a importância dos dados de frequência 
cardíaca, pois suas respostas e adaptações são objeto de investigação científica, 
sendo inclusive apontada como a mais destacada informação extraída de um teste 
de exercício cardiopulmonar ou teste ergoespirométrico. 
É possível então que o profissional submeta alguns de seus clientes ao teste 
ergoespirométrico para a determinação do consumo máximo atual de oxigênio, da 
frequência cardíaca máxima e das faixas limites de frequência cardíaca para e 
execução de seus exercícios físicos, com base no limiar anaeróbio e no ponto de 
compensação respiratória do laudo do exame. Mas, como nem todos os clientes 
terão acesso a esta modalidade de exame há opção de se utilizar estratos de faixas 
de frequência cardíaca a partir da frequência cardíaca máxima. 
Para tanto o Método STS se baseia em duas fórmulas de predição de frequência 
cardíaca máxima, de acordo com o gênero e a idade do indivíduo: 
 
Para Homens: 
Equação de Tanaka 
(2001) 
FC Máxima = 208 – (0,7 x idade) 
Para Mulheres: 
Equação de Gulati 
(2010) 
FC Máxima = 206 – (0,88 x idade) 
Em relação à frequência cardíaca a prática do Método STS pode ser balizada 
perante 03 (três) momentos, de acordo com o condicionamento do 
cliente/paciente/aluno: 
23 
 
 
I. Faixa de Recuperação Físico-funcional 
II. Faixa de Tratamento e Treinamento Físico 
III. Faixa de Treinamento Atlético 
 
 FAIXA DE RECUPERAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL 
A Faixa de Recuperação Físico-funcional fica compreendida entre a frequência 
cardíaca de repouso e a FCL ou frequência cardíaca limite do indivíduo e o 
profissional de eleição para o atendimento de indivíduos nesta faixa é o 
fisioterapeuta. A FCL é o equivalente a 40% da carga cardiovascular do 
indivíduo e efetivamente tem valores bem próximos a 60% de sua FCM ou 
frequência cardíaca máxima. Nesta faixa de encontram indivíduos em estado de 
baixíssimo nível de condicionamento físico geral ou na presença de alguma 
doença ou estado de comprometimento físico patológico. 
Da mesma forma, a recuperação físico-funcional de algum segmento corporal ou 
articulação comprometidos, devem ter a FCL como parâmetro de máxima 
intensidade de esforço durante a aplicação dos exercícios compostos por 
movimentos funcionais. Assim a frequência cardíaca limite (FCL), ou frequência 
cardíaca máxima em situações clínicas é a própria frequência cardíaca limite e 
pode ser determinada pela seguinte fórmula idealizada por Elias Simon Apud 
(1997): 
FCL = [0,4 x (FCM – FCR)] + FCR 
É importante que o fisioterapeuta tenha em mente que eventualmente pode se 
deparar com um cliente que possua um segmento comprometido mas precise 
empreender tratamento nos demais segmentos corporais, aplicando 
intensidades diferentes a do segmento lesado. Desta forma é fundamental que 
não pense somente em “tratar a lesão”, pois a maior parte dos indivíduos 
também necessitam de trabalho físicos globais além da “lesão”. Podemos 
exemplificar comentando sobre um indivíduo possuidor de alto nível de 
condicionamento físico e que sofreu um mecanismo de trauma em um dos 
joelhos. O fisioterapeuta deve elaborar prescrição cinesioterapêutica para o 
membro comprometido, mas deve também empreender tratamento físico com 
24 
 
intensidade mais alta nos demais segmentos corporais deste indivíduo. Isto não 
serve somente para manter (ou aumentar) o nível de condicionamento das outras 
partes do corpo, mas serve também para potencializar a melhora do segmento 
comprometido. 
Normalmente um segmento lesado possui limiares de dor muito baixos. Este é 
mais um motivo para o fisioterapeuta monitorar a frequência cardíaca do 
paciente durante a cinesioterapia, pois da mesma forma, o limite para a cessação 
da série de exercício ou das técnicas de alongamento executadas, deve ser 
também a FCL. Então o fisioterapeuta deve compreender que não deve querer 
completar séries de exercícios com o paciente, se antes de alcançar o número 
proposto o paciente já atingiu ou chegou muito perto da FCL 
 
 FAIXA DE TRATAMENTO E TREINAMENTO FÍSICO 
Sem a utilização de exames ergoespirométricos, execução do Método STS para 
indivíduos com níveis de condicionamento físico respectivamente determinados 
como baixo, médio e alto, também se baseia na frequência cardíaca máxima 
(FCM) predita pelas formulas de Tanaka ou Gulati. Assim, determina-se 
subfaixas de estratos de frequência cardíaca com os seguintes limites 
generalizados: 
 60 a 70% da FCM – Prescrição para níveis baixos de condicionamento 
 70 a 80% da FCM – Prescrição para níveis médios de condicionamento 
 80 a 90% da FCM – Prescrição para níveis altos de condicionamento 
Nestas faixas o Método STS pode ser aplicado tanto por profissionais de 
educação física como por fisioterapeutas. Obviamente o que determinara que 
profissional efetivamente comporá as prescrições e as intervenções é a história 
clínica do indivíduo. Basicamente o indivíduo portador de disfunções físico-
funcionais e metabólicas são direcionados à atuação fisioterapêutica e 
indivíduos com ausência das mesmas devem ser direcionados à atuação do 
25 
 
profissional de educação física, conforme determinado pelos respectivos 
conselhos. 
Para o trabalho do Método STS nesta faixa é relevante o conhecimento da 
relação quase linear da frequência cardíaca com o consumo de oxigênio durante 
o exercício físico: 
 
Fig. 14 – Relação linear do VO2 com a FC. Fonte: 
Pini (1983); McArdle & Katch & Katch (1986); 
Wallace (1993); Powers & Howley (2000). 
 
O conhecimento desta relação é fundamental para que o profissional possa 
quantificar metabolicamente o resultado ou a prescrição do exercício físico, 
independentemente de ser funcional ou não. Ou seja para se determinar o gasto 
calórico do exercício e seus substratos. 
O profissional pode utilizar a ergoespirometria ou equações de predição para a 
determinação consumo máximo atual de oxigênio ou VO2 máximo do indivíduo. 
Para o Método STS utilizamos a equação foi desenvolvida por pesquisadores do 
Human Performance Lab, do campus Davis, da Universidade da Califórnia e foi 
validada para a população brasileira pelo Professor Ricardo Wallace das Chagas 
Lucas em 2006). Esta equação utiliza a idade e o percentual de gordura do 
indivíduo para apresentar o VO2 máximo relativo do indivíduo. Ou seja, ela 
determina o consumo de oxigênio máximo para cada quilograma de massa 
corporal magra do indivíduo. 
26 
 
VO2 Máximo relativo = 
57,50 – [(0,31 x Idade) - (0,37 x Percentual de Gordura)] 
Consequentemente, para a determinação do VO2 Máximo absoluto, ou consumo 
máximo de oxigênio em litros para o indivíduo inteiro, também conhecido como 
VO2 de pico ou atual, é necessário que o profissional saiba também determinar 
o percentual de gordura do indivíduo e sua massa magra. 
Exemplo 1: Um indivíduo do sexo masculino, de 1,70 m, 70 Kg de Massa 
Corporal Total (conhecido erroneamente como peso corporal), de 25 anos de 
idade e possuidor de percentual de gordura de 15% (determinado através de 
qualquer modalidade válida) possui o seguinte VO2 Máximo absoluto: 
1) Primeiro Passo – Determina-se o VO2 relativo: 
VO2 = 57,50 – (0,31 x 25) – (0,37 x 15) 
VO2 = 57,5 – (7,75) – (5,55) 
 
VO2 relativo = 44,2 mL / O2 / kg / min 
2) Segundo Passo – Determina-se a Massa Magra. 
Massa Magra é igual à Massa Isenta de Gordura somada da Massa deGordura Essencial (MM = MIG + MGess), ou podemos também utilizar o 
procedimento que diz que ela é igual à Massa Corporal Total menos a 
massa de gordura equivalente à diferença entre o percentual de gordura 
atual e o percentual de gordura essencial. 
Percentual de Gordura Atual – Percentual de Gordura Essencial 
15% (valor encontrado pela análise/teste) - 4% (valor na tabela abaixo) = 
11% 
 
27 
 
 
Fig. 15 – Tabela de percentuais de gordura por faixa etária e gênero. Pollock & Wilmore. 1993. 
 
11% da Massa Corporal Total = 11% de 70 kg = 7,7 kg 
MM = MCT – 7,7 
MM = 70 – 7,7 = 62,3 kg 
Massa Magra = 62,3 kg 
 
3) Terceiro Passo – Determina-se o VO2 absoluto: 
Como cada quilograma de massa consome 44,2 mL, multiplica-se por 
62,3 kg, resultando em 2753,66 mL / O2 / kg / min. Transformando em 
litros divide-se por 1000, resultando em 2,75 L / O2 / min 
VO2 Máximo absoluto = 2,75 L / O2 / min 
 
 
Também é possível localizar o VO2 Máximo relativo consultando as tabelas 
abaixo. Basta encontrar na barra vertical a idade do indivíduo e na barra 
horizontal o percentual de gordura. Traça-se então duas linhas perpendiculares 
e o encontro entre as mesmas determinará o VO2 Máximo relativo. 
28 
 
 
Fig. 16. Tabela 01 de VO2 Relativo em ml/kg/min: % de Gordura x Idade. 
29 
 
 
Fig. 17. Tabela 02 de VO2 Relativo em ml/kg/min: % de Gordura x Idade. 
Encontrado o VO2 Máximo absoluto atual do indivíduo e sabendo das relações 
lineares entre valores dos seus percentuais com os valores da FCM, fica faltando 
somente saber ao profissional qual seria os valores em quilocalorias por litro que 
o indivíduo estaria utilizando durante o exercício realizado ou a ser prescrito, 
para que seja possível determinar o quantitativo em consumo calórico do referido 
exercício. 
Se o indivíduo (paciente/cliente/aluno) possuísse médio nível de 
condicionamento, necessitaria realizar uma intervenção do Método STS com 
frequências cardíacas compreendidas entre 70% e 80% de sua frequência 
30 
 
cardíaca máxima. Como os exercícios são acíclicos (intervalados) seria possível 
que executasse alguns exercícios com frequência cardíaca que atingisse 85% 
da máxima. Mas, para fins didáticos ele deveria possuir uma média final de 
exercício próxima a 75% de sua frequência cardíaca máxima. Poderíamos então 
calcular qual seria o seu consumo calórico sabendo qual teria sido o tempo total 
da intervenção. 
Exemplo 2 - Imaginando que o indivíduo do exemplo 1 tenha concluído a 
intervenção do Método STS ou qualquer outro tipo de exercício físico com uma 
média de 140 bpm, em um tempo de 45 minutos, da seguinte forma poderíamos 
saber o seu gasto calórico mínimo: 
1) Primeiro Passo – Determina-se sua FCM: 
FCM = (208 – 0,7 x id) 
FCM = (208 – 0,7 x 25) 
FCM = 190,5 (191 por arredondamento) 
 
FCM = 191 bpm 
2) Segundo Passo – Determina-se a média percentual da FC da 
intervenção. 
100% -------------------------- 191 bpm 
X%-----------------------------140 bpm 
 
Média do Percentual da FC da Intervenção = 73,2 % 
3) Terceiro Passo – Determina-se o a média percentual do VO2 da 
intervenção: Como o intervalo de percentual da média da frequência 
cardíaca da intervenção está entre 70% e 80% e é conhecido o 
equivalente em VO2 pela figura 14, podemos utilizar a parte “A” da 
equação desenvolvida por Ricardo Wallace das Chagas Lucas (1996), 
que se baseia na proporcionalidade dos intervalos da relação linear VO2 
x FC: 
31 
 
 
 
Li = Limite Inferior = 56% do VO2 Máx absoluto (equivalente a 70% da FCM) 
Ls = Limite Superior = 70% do VO2 Máx absoluto (equivalente a 80% da FCM) 
Ω = Média da frequência cardíaca da intervenção – Limite Inferior da FCM = 3,2 (73,2% - 70%) 
Média do Percentual VO2 Máximo da Intervenção = 60,48 % 
4) Quarto Passo – Determina-se a quantidade média de litros de O2 
consumidos por minuto durante a intervenção; 
100% ---------------------------- 2,75 L / O2 / min 
 60,48% --------------------------- X L / O2 / min 
Litros de O2 / Intervenção = 1,66 L / min 
5) Quinto Passo – Determina-se o valor em quilocalorias de cada litro de 
O2 na média da frequência cardíaca da intervenção. Podemos utilizar a 
parte “B” da equação desenvolvida por Ricardo Wallace das Chagas 
Lucas (1996), que se baseia na proporcionalidade dos intervalos entre o 
valor máximo e o valor mínimo de quilocaloria por litro no exercício, de 
acordo com Nathan Zunts (1901): 
 
 
A = Média do Percentual VO2 Máximo da Intervenção = 60,48 % 
Valor em quilocaloria por litro de O2 na intervenção = 4,85 Kcal / L 
 
6) Sexto Passo – Determina-se o valor médio de quilocalorias por minuto 
consumidas durante a intervenção, multiplicando-se valor em 
quilocalorias por litro de O2 na intervenção por litros de O2 por minuto da 
Intervenção: 
32 
 
4,85 Kcal / L x 1,66 L / min x 4,85 
Quilocalorias por minuto na intervenção = 8,1 kcal / min 
 
7) Sétimo Passo – Determina-se o gasto calórico mínimo (pois nos 
baseamos na massa magra) multiplicando o valor em quilocalorias por 
minuto da intervenção pelo total do tempo da intervenção: 
8,1 kcal / min x 45 minutos 
 Gasto Calórico = 365 kcal 
Também é possível utilizar a Tabela de Relações Metabólicas para a 
determinação dos valores do percentual do VO2 da intervenção, assim como dos 
valores em quilocalorias relacionados aos litros de O2 utilizados. Para tanto 
basta encontrar o percentual da média da frequência cardíaca do exercício e 
seguir horizontalmente na tabela: 
33 
 
 
Fig. 18. Tabela de Relações Metabólicas. 
 
 
34 
 
 FAIXA DE TREINAMENTO ATLÉTICO 
Se o indivíduo a ser treinado possuir altíssimo nível de condicionamento físico, 
determinado pela consulta física ou pela consulta físico-funcional, convém que o 
treinamento proposto possua característica específicas perante suas valências 
físicas e habilidades desportivas. Ou seja, as cargas devem ser altas e as séries 
dos padrões de movimento direcionadas neuromotoramente para este fim. Desta 
forma, a aplicação do Método STS não estará caracterizada efetivamente como 
terapêutico mas como de treinamento físico ou desportivo, com seus 
fundamentos sendo utilizado nos limites superiores de estímulos. 
A característica principal desta faixa de condicionamento físico perante o Método 
STS é que o mesmo utiliza padrões funcionais combinados e com variações que 
elevam a carga biomecânica. Somente desta forma o estímulo é possível 
produzir aumento de performance no indivíduo, já que os movimentos funcionais 
devem ser desenvolvidos a partir das modalidades atléticas ou desportivas do 
indivíduo. Desta maneira, o profissional de educação física é o profissional que 
possui características de formação habilitadas ao atendimento de indivíduos 
nesta faixa. 
 
6.2 ESTÍMULO ÓCULOMOTOR 
O Método STS lançou mão desta modalidade de estímulo para este fundamento, 
baseado na sua longa utilização pela fisioterapia e das aulas de ginástica em 
academia. Em ambas as atividades são utilizados espelhos, e os benefícios de sua 
utilização para o aprendizado neuromotor e correção postural são evidentes 
quando comparados a grupos que não fazem uso dos mesmos. 
Muito se especulava sobre a verdadeira ação deste reforço neuromotor e estímulo 
de aprendizagem. Recentemente, com a utilização de equipamentos sofisticados 
de análise de funções cerebrais, confirmou-se a presença dos “Neurônios 
Espelhos” e atribui-se aos mesmos grande parte desta ação. 
Acreditamos que ao se pôr um indivíduo perante um espelho, onde o mesmo possa 
ver a execução dos padrõesfuncionais realizado pela sua própria imagem, estamos 
35 
 
potencializando a ativação ou reativação destes neurônios espelhos. E por se tratar 
de movimentações também funcionais, ou seja, estes neurônios foram 
desenvolvidos para realizarem esta função, estamos também retroalimentando a 
função cognitiva que ativa a memória motora. 
Os neurônios espelho desempenham uma função crucial para o comportamento 
humano. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O 
mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente 
da nossa memória. Se alguém faz um movimento corporal complexo que nunca 
realizamos antes, os nossos neurônios-espelho identificam no nosso sistema 
corporal os mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e 
tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou 
percebemos de alguma forma. E no caso do Método STS, este alguém é o próprio 
indivíduo que recebe os padrões de exercício. 
De acordo com Rizzolatti e Craighero (2004), o que caracteriza e garante a 
sobrevivência dos seres humanos é o fato de sermos capazes de nos organizar 
socialmente, e isso só é possível porque somos seres capazes de entender a ação 
de outras pessoas. Além disso, também somos capazes de aprender através da 
imitação e essa faculdade é a base da cultura humana. 
Os neurônios espelho foram descobertos na área pré-motora de macacos Rhesus 
na década de 90. Onde se demonstrou que alguns neurônios da área F5, localizada 
no lobo frontal, que eram ativados quando o animal realizava um movimento com 
uma finalidade específica (tipo apanhar uma uva passa com os dedos) também 
eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo realizando a mesma 
tarefa. 
De acordo com Lameira (2006): 
“A importância desta descoberta para a compreensão direta da ação e/ou 
da intenção do outro animal ou ser humano foi imediatamente percebida. 
Ou seja, os neurônios espelho, quando ativados pela observação de uma 
ação, permitem que o significado da mesma seja compreendida 
automaticamente (de modo pré-atencional) que pode ou não ser seguida 
por etapas conscientes que permitem uma compreensão mais abrangente 
36 
 
dos eventos através de mecanismos cognitivos mais sofisticados. Além de 
um estímulo visual explícito (observação de uma ação), estes neurônios 
podem também ser ativados por eventos que possuem apenas relação 
indireta com uma determinada ação: 
 1. A partir de um som habitualmente associado a uma ação, como 
por exemplo, o barulho da quebra da casca de um amendoim (Kohler 
et al., 2002) 
2. Pela dedução implícita da continuidade de uma ação, como, por 
exemplo, quando um macaco observa o movimento de uma mão na 
direção de um objeto oculto por um anteparo colocado posteriormente 
à apresentação do objeto ao animal (Umiltà et al., 2001). 
Da mesma forma, não é só a ação manual que é capaz de ativar os 
neurônios espelho. Por exemplo, existem neurônios-espelho que são 
ativados quando o macaco executa e/ou observa ações relacionadas com 
a boca, tais como lamber, morder ou mastigar alimentos. Além disso, na 
mesma região onde são encontrados estes neurônios existe uma pequena 
percentagem de células que dispara quando macaco observa o 
experimentador fazer ações faciais comunicativas na sua frente (Ferrari, 
Gallese, Rizzolatti, & Fogassi, 2003). 
Em outro estudo foram comparadas as regiões cerebrais ativadas pela 
observação de ações comunicativas da região orofacial de cães (latir), 
macacos (movimentos labiais) e humanos (fala em silêncio). Os resultados, 
em seres humanos, mostraram que a observação da fala em silêncio ativa 
a área de Broca no hemisfério esquerdo e a observação dos movimentos 
labiais de macacos ativam uma parte menor da mesma região cerebral em 
ambos os hemisférios, mas que a observação do latir do cão só ativa áreas 
visuais extra-estriadas (Buccino, Binkofski, & Riggio, 2004). Ou seja, 
quando a ação observada (o latir) não faz parte do repertório de ações do 
ser humano, os neurônios espelho não são ativados. Além disso, 
considerando que a capacidade humana de abstrair intenção a partir da 
observação de conspecíficos é considerada crucial na transmissão de 
cultura. A descoberta dos neurônios-espelho é de importância fundamental 
37 
 
para compreendermos o que nos faz diferente de outros animais, em 
termos cognitivos”. 
Podemos suspeitar inclusive, a partir destas informações a respeito dos neurônios 
espelho, que a fala nas crianças e até o mecanismo de aprendizado de sotaques, 
estejam relacionados. A fala se utiliza do mecanismo visual e do auditivo para se 
desenvolver, pois a criança visualiza o movimentar da boca das pessoas que falam 
para elas, e ouvem o som de suas vozes, e por este mecanismo viso-auditivo-motor 
tenta reproduzir a fala. Já o sotaque se vale somente do mecanismo auditivo para 
se desenvolver, e não é necessária nenhuma consciência para tal, por isso a 
maioria das pessoas não chega nem a perceber que “pegou” determinado sotaque. 
Aí estaria a ação dos neurônios espelho, que empresta suas características não só 
para o aspecto visual mas também para o auditivo, relacionando-se assim também 
com o fundamento de “Comando Verbal” do Método STS. 
É importante levar em consideração que o estímulo visual também pode 
desencadear mecanismos negativos à correta postura dinâmica e estática em um 
indivíduo que não possua uma boa relação com sua imagem corporal. Desta forma 
o profissional que aplica o Método deve se preocupar com este detalhe, quando 
realizar a sua consulta. 
 
6.4 COMANDO VERBAL 
Quando se executa os exercícios construídos a partir de padrões de movimentos 
do Método STS em uma intervenção segmentada, personalizada completa ou de 
grupo, o fundamento “Comando Verbal” tem o objetivo de estimular à coordenação 
intermuscular, potencializar a concentração no exercício, motivar e reforçar a 
memória motora. 
Segundo Voss (1987), o comando verbal, ou estímulo vocal direcionado, seria a 
codificação em palavras que deve ser compreendida por um sujeito sob a atuação 
de um profissional (de reabilitação, exercício físico e até nas forças armadas), para 
a obtenção de uma determinada expressão motora, ou mudança de 
comportamento. 
38 
 
Profissionais de educação física e fisioterapeutas utilizam o comando verbal tanto 
no trabalho individualizado ou em grupo, para diferentes atividades elaboradas e 
com diferentes objetivos terapêuticos e de condicionamento físico. Assim como o 
Método STS, diferentes métodos de cinesioterapia (e exercícios físicos), como o 
Método Kabat de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, o Método de 
Reeducação Postural Global, Ginásticas de Grupo em academias, e o Método de 
Godelieve Denys-Struyf, fazem uso de diferentes modalidades de aplicação de 
comando verbal. 
De acordo com Pardo (2005), são feitas as seguintes considerações em relação ao 
comando verbal: 
 “..... no treinamento de exercícios cinesioterapêuticos, ao passo que o 
fisioterapeuta fornece o comando verbal, o sujeito ouve e executa conforme 
o ordenado, sendo informado da adequação do movimento ou, se 
necessário, seguindo correções determinadas verbal e/ou gestualmente 
pelo fisioterapeuta. 
Acredita-se que o comando verbal pode interferir no sucesso da tarefa a 
ser executada, bem como na execução da técnica e nos resultados do 
tratamento como um todo. Pequenas mudanças no comando verbal podem 
implicar diferenças significativas na resposta do movimento realizado, 
podendo afetar, por exemplo, a velocidade da execução, a trajetória, o 
recrutamento de grupos musculares, os grupos musculares estabilizadoresdo segmento em movimento e do corpo. Os efeitos do treinamento também 
poderão variar na melhora da coordenação motora, na amplitude de 
movimento ou em sua intensidade.....” 
“.......Skinner (1957), citado por Hübner (1999), introduziu a expressão 
comportamento verbal no livro Verbal Behavior, em substituição ao termo 
linguagem, pois este permitia várias interpretações, gerando distorções ao 
uso, à prática e à ação. 
A introdução da expressão comportamento verbal determina um melhor 
uso e entendimento da palavra, dando ênfase à “linguagem como 
comportamento modelado” (Hübner, 1999), isto é, a linguagem utilizada 
39 
 
como instrumento consciente de reforço de uma prática, para que a 
resposta seja a do aprendizado. 
Hübner (1999) explica que “a casuística definidora do comportamento 
verbal é a de que ele é estabelecido e mantido por reforço mediado por 
outra pessoa”. 
Para que o sujeito seja adequadamente influenciado pela ação do 
comportamento verbal, será necessário passar por um treinamento 
específico, aumentando seu aprendizado e fortalecendo seu entendimento. 
Para isso é preciso que o sujeito aja de acordo com o comportamento 
verbal operado (Hübner, 1999). 
De Rose (1999) afirma que a utilização de recursos verbais não se limita 
à Psicologia, mas ocorre em praticamente todas as ciências que lidam com 
o homem, e está sujeita a limitações de atenção, memória, acessibilidade 
e, ainda, às possibilidades de distorções deliberadas por parte do ouvinte. 
No caso da Fisioterapia, o comportamento verbal utiliza o reforço, na forma 
de feedback e de instrução verbal, geralmente associada ao modelo 
gestual, como forma de ensino do comportamento motor a ser apreendido. 
A avaliação dos efeitos de diferentes comportamentos verbais sobre um 
mesmo objetivo terapêutico, como, por exemplo, a influência do 
comportamento verbal na condução da prática de exercícios físicos, não é 
explorada na literatura.....” 
 
6.5 TOQUE MANUAL 
Os circuitos neurais de cada padrão de movimento são anatomicamente distintos, 
mas todos eles estão física e funcionalmente integrados. O toque realizado no 
indivíduo que é submetido às várias modalidades de cinesioterapia manual, 
também é responsável pela potencialização dos mecanismos posturais. 
Lembrando que a postura pode ser referida à situação estática ou dinâmica, e de 
40 
 
forma segmentada ou global, e os mecanismos posturais são desencadeados por 
vários “detectores” locais, aferência somatossensorial e eferência motora. 
Os circuitos proprioceptivos têm preferência no estudo do controle do movimento, 
e o Método STS usa o fundamento do toque no ventre muscular do músculo motor 
primário do movimento funcional (durante o movimento excêntrico principalmente). 
Pois se acredita poder se somar o estímulo tátil suave ao estímulo proprioceptivo, 
que é conduzido por vias de grande velocidade e calibre (fascículo grácil e 
cuneiforme). 
Agora vejamos a sequência de eventos neurais que podem ocorrer durante um 
padrão de movimento do Método STS: 
 O indivíduo prepara-se interpretando as informações visuais 
(utilizando o espelho de postura ou da sala de ginástica), 
auditivas (comandos verbais do profissional) proprioceptivas 
(sua própria posição do corpo, da cabeça e dos membros) e 
vestibulares (seu próprio movimento da cabeça). 
 Todas essas informações são enviadas para as áreas 
associativas, e o indivíduo obtém uma noção de posição do seu 
corpo no espaço em relação ao movimento segmentar e a 
contrarresistência (integração realizada no córtex parietal 
posterior). 
 Com as experiências previamente acumuladas pela memória 
motora e levando-se em consideração o grau de dificuldade do 
movimento, o peso absoluto empregado, a velocidade do 
movimento, e as descargas aferentes, ele tem algumas 
alternativas de como fixar realmente o padrão motor. 
Este somatório de ações e fundamentos do Método STS e seus padrões de 
movimento são coavaliados pelos núcleos da base e pelo cerebelo. O córtex motor 
e o cerebelo elaboram a tática de execução do movimento (planejamento) e 
instruem os neurônios motores do tronco encefálico e da medula que inervam os 
grupos de músculos que serão recrutados. 
41 
 
Desta forma, a execução no dia a dia de movimentos fundamentais (funcionais, 
originais, naturais ou anatomofuncionais), acaba por reforçar o resultado 
neurológico e metabólico propiciado pelo exercício, ou cinesioterapia, 
contrarresistidos. 
Resumindo, a utilização do Método STS de Musculação Terapêutica é eficiente e 
eficaz por: 
 
 Desenvolver resultados de correção das disfunções físico-funcionais e de 
melhora de performance com menos estímulos; 
 Por possuir um uma perda dos ganhos de forma mais lenta perante a 
cessação destes estímulos; e 
 Utilizar poucos recursos matérias para sua execução. 
 
 
 
7. PADRÕES DE MOVIMENTO 
O Método STS é desenvolvido sobre 16 (dezesseis) Padrões Básicos e 05 (cinco) 
Padrões Variantes de movimentos anatomofuncionais que podem determinar centenas de 
exercícios diferente. Além destes padrões o Método STS também utiliza a denominação de 
Padrões Combinados e Padrões Alternativos de acordo com a modalidade de aplicação 
e os recursos utilizados, respectivamente. 
Estes movimentos são sempre caracterizados com uma contrarresistência. E esta pode ser 
determinada por pesos livres (halteres e caneleiras), maquinário específico, tensores 
elásticos, o meio líquido e a mão do profissional dentre outros meios. 
Os exercícios físicos elaborados a partir destes padrões podem ser feitos de forma 
individual ou combinados entre si. Além disso a postura (posição) para suas realizações 
podem ser diversas e normalmente relacionadas ao objetivo do tratamento ou do 
42 
 
treinamento, podendo variar então os graus de dificuldade para sua execução. Assim, os 
exercícios desenvolvidos a partir dos padrões de movimento não são iguais e o profissional 
conhecedor da cinesiologia e biomecânica é capaz de elaborá-los especificamente para a 
faixa de condicionamento que o indivíduo possui, promovendo a evolução dos graus de 
dificuldade dos mesmos, pois com um grau de dificuldade mais baixo diminui-se a carga 
física de trabalho imposto e um grau de dificuldade mais alto aumenta-se a carga física de 
trabalho imposto. Um maior ou menor grau de dificuldade é verificado pelo aumento ou 
diminuição da frequência cardíaca monitorada. 
Para a forma de execução o Método STS determinou dois tipos de padrões. Padrões de 
Massa e Padrões Alternados. Os primeiros são considerados padrões "primitivos” de 
movimento (de acordo com o processo neuroevolutivo), e em suas execuções os dois 
segmentos corporais se movimentam em conjunto. 
Já nos padrões alternados os dois segmentos corporais se movimentam alternadamente. 
Alguns padrões de massa são também denominados de padrões posturais e se 
eventualmente o desenvolvimento do exercício é somente para um segmento não há 
necessidade de utilizar está denominação, mas simplesmente dizer o nome do padrão. 
Em uma intervenção personalizada é necessário que seja construído um gráfico de 
periodização ou de evolução dos exercícios durante a intervenção, os padrões são 
executados de forma sequencial e progressiva, respeitando a forma de microciclo em 
“dente de serra”, ou “em escada” cuja característica principal é a de corresponder à curva 
cardíaca de progressão e recuperação. 
Assim, as frequências cardíacas máximas atingidas pelos padrões subsequentes devem 
ser maiores que as anteriores, até se atingir o padrão de pico. A partir deste, as frequências 
cardíacas máximas devem ser regressivas, conforme demonstradopela figura abaixo: 
43 
 
 
Fig. 19 - Demonstração da curva de oscilação da FC entre as séries de uma 
intervenção personalizada. Observa-se ainda como o micro e o mesociclo das sessões 
respeitam o perfil da curva eletrocardiográfica. 
 
7.1 PADRÕES BÁSICOS 
B1 ou Bíceps 1 - Movimentação conjunta de ambos os MMSS, com flexoextensão 
do cotovelo concomitantemente à prono-supinação das mãos. Em função da 
mobilidade conjunta dos MMSS é considerado um padrão de massa. 
B2 ou Bíceps 2 - Movimentação alternada de ambos os MMSS, com flexoextensão 
do cotovelo concomitantemente à pronosupinação das mãos. 
D1 ou Deltóide 1 – Movimentação conjunta de ambos os MMSS, com abdução do 
ombro concomitantemente à sua rotação lateral ou externa até 50% da amplitude 
de abdução. Em função da mobilidade conjunta dos MMSS é considerado um 
padrão de massa do tipo postural. 
D2 ou Deltóide 2 – Movimentação conjunta de ambos os MMSS, com isometria de 
rombóides e fibras superiores de trapézio, com inclinação anterior do tronco, com 
44 
 
ambos cotovelos a 135º de flexão em posição de Bíceps 1, promove-se abdução 
dos ombros. Em função da mobilidade conjunta dos MMSS também é considerado 
um padrão de massa do tipo postural. 
P1 ou Peitoral 1 - Movimentação conjunta de ambos os MMSS, a partir de decúbito 
dorsal, com isometria de rombóides e fibras superiores de trapézio, partindo da 
posição de abdução de ombros em rotação lateral, promove-se a adução de 
ombros. Em função da mobilidade conjunta dos MMSS é considerado um padrão 
de massa. 
P2 ou Peitoral 2 - Movimentação alternada de ambos os MMSS, a partir de 
decúbito dorsal, com isometria de rombóides e fibras superiores de trapézio, 
partindo da posição de abdução de ombros em rotação lateral, promove-se a 
adução de ombros. 
T1 ou Tríceps 1 - Movimentação conjunta de ambos os MMSS, a partir de decúbito 
dorsal, com isometria de rombóides e fibras superiores de trapézio, partindo da 
posição de flexão do cotovelo e ombros a 90º em posição de B1, promove-se a 
extensão dos cotovelos. Em função da mobilidade conjunta dos MMSS é 
considerado um padrão de massa. 
T2 ou Tríceps 2 - Movimentação alternada de ambos os MMSS, a partir de decúbito 
dorsal, com isometria de rombóides e fibras superiores de trapézio, partindo da 
posição de flexão dos cotovelos e ombros a 90º em posição de B1, promove-se a 
extensão dos cotovelos. 
Q1 ou Quadríceps 1 - Movimentação conjunta de ambos os MMII, a partir de 
decúbito dorsal, com flexão a 90º das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
tornozelos, com leve inversão dos pés, promove-se a extensão do joelho. Em 
função da mobilidade conjunta dos MMII é considerado um padrão de massa. 
Q2 ou Quadríceps 2 - Movimentação alternada de ambos os MMII, a partir de 
decúbito dorsal, com flexão a 90º das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
tornozelos, com leve inversão do pés, promove-se a extensão do joelho. 
IT1 ou Ísquiotibial 1 - Movimentação conjunta de ambos os MMII, a partir de 
decúbito ventral, com extensão das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
45 
 
tornozelos, com leve inversão do pés, promove-se a flexão dos joelhos ao máximo 
de 45º. Em função da mobilidade conjunta dos MMII é considerado um padrão de 
massa. 
IT2 ou Ísquiotibial 2 - Movimentação alternada de ambos os MMII, a partir de 
decúbito ventral, com extensão das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
tornozelos, com leve inversão do pés, promove-se a flexão dos joelhos ao máximo 
de 45º. 
G/S ou Gastrocnêmio e Sóleo – Movimentação conjunta de ambos os MMII, a 
partir da postura bípede ostostática, com calcanhares elevados, posição final de 
D1, promove-se a flexão dos joelhos ao máximo de 90º. Em função da mobilidade 
conjunta dos MMII é considerado um padrão de massa, também do tipo postural. 
A1 ou Abdominal 1 – Isometria de abdominais, a partir de decúbito dorsal, com 
flexão a 90º das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos tornozelos, com leve 
inversão dos pés sem contato com o solo. 
A2 ou Abdominal 2 – Movimentação rotacional de abdominais, a partir de decúbito 
dorsal, com flexão a 90º das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
tornozelos, com leve inversão dos pés, apoiados. 
A3 ou Abdominal 3 – Movimentação flexora de abdominais, a partir de decúbito 
dorsal, com flexão a 90º das coxofemorais e joelhos, com dorsiflexão dos 
tornozelos, com leve inversão dos pés apoiados. 
 
7.2 PADRÕES VARIANTES 
São variações dos padrões D1 e D2 e são dotados de complexidade motora maior 
para sua execução. Diferentemente dos padrões básicos que podem ser 
executados em pelo menos 03 (três) graus de dificuldade diferentes (baixo, médio 
e alto), os padrões variantes devem sempre ser executados no mesmo grau de 
dificuldade, caracterizando efetivamente um exercício. Obviamente se um indivíduo 
não possui condições motoras ou de condicionamento físico para realizar padrões 
46 
 
variantes convém que se execute padrões básicos em posturas e graus de 
dificuldade compatíveis. 
1VD1 ou Primeiro Variante de D1 – Abdução completa de ambos os ombros a 
partir da posição inicial de D1, terminando o componente rotacional externo a partir 
completando 180º de abdução. 
1VD1A ou Primeiro Variante de D1 Alternado - Abdução completa de ambos os 
ombros a partir da posição inicial de D1, terminando o componente rotacional 
externo a partir completando 180º de abdução, de forma alternada. 
2VD1 ou Segundo Variante de D1 – Abdução completa de ambos os ombros a 
partir da posição final de D1, terminando o componente rotacional externo a partir 
de 90º de abdução. 
2VD1A ou Segundo Variante de D1 Alternado – Abdução completa de ambos os 
ombros a partir da posição final de D1, terminando o componente rotacional externo 
a partir de 90º de abdução, de forma alternada. 
3VD1 ou Terceiro Variante de D1 – Abdução completa de ambos os ombros a 
partir da posição final de D1 com flexão do cotovelo a 90º, terminando o 
componente rotacional externo a partir de 90º de abdução dos ombros. 
3VD1A ou Terceiro Variante de D1 Alternado – Abdução completa de ambos os 
ombros a partir da posição final de D1 com flexão do cotovelo a 90º, terminando o 
componente rotacional externo a partir de 90º de abdução dos ombros de forma 
alternada. 
1VD2 ou Primeiro Variante de D2 – Posição Inicial: flexão de ombros a 90º. 
Primeiro tempo: Flexão completa dos ombros. Segundo tempo: Movimento 
Excêntrico até posição final de D1. Terceiro tempo: Retorno à flexão de ombros a 
90º. 
1VD2A ou Primeiro Variante de D2 Alternado - Posição Inicial: flexão de ombros 
a 90º. Primeiro tempo: Flexão completa dos ombros. Segundo tempo: Movimento 
Excêntrico até posição final de D1. Terceiro tempo: Retorno à flexão de ombros a 
90º, de forma alternada. 
47 
 
2VD2 ou Segundo Variante de D2 – Posição Inicial: flexão de ombros a 90º. 
Primeiro tempo: Abdução dos ombros até posição final de D1. Segundo tempo: 
Adução total dos ombros. Terceiro tempo: Retorno à flexão de ombros a 90º. 
2VD2A ou Segundo Variante de D2 Alternado – Posição Inicial: flexão de ombros 
a 90º. Primeiro tempo: Abdução dos ombros até posição final de D1. Segundo 
tempo: Adução total dos ombros. Terceiro tempo: Retorno à flexão de ombros a 
90º, de forma alternada. 
Caso suas execuções sejam promovidas em posturas diferentes da bípede 
ortostática, deve ser adicionada a postura na planilha da intervenção. Por exemplo: 
1VD1DD significa que o padrão foi realizado em decúbito dorsal. Da mesma forma 
DV significa decúbito ventral e S significa sentado. 
 
7.3 PADRÕES COMBINADOS 
São os padrões que tem como principalpúblico indivíduos com moderado a alto 
nível de condicionamento físico ou indivíduos que necessitam grande aporte de 
estímulos de coordenação motora. Para a primeira situação as combinações 
utilizam grande carga e na segunda não necessariamente. Há possibilidade de 
utilização de padrões de duas, três e até quatro combinações, utilizando variações 
de padrões básicos e variantes. 
 
7.4 PADRÕES ALTERNATIVOS 
São considerados os padrões de movimento do Método STS que diferem do 
tradicional uso de halteres e caneleiras, podendo ser possível a aplicação em 
superfícies instáveis tais como: bolas, plataformas vibratórias, pranchas de 
equilíbrio, dentre outras. Os padrões onde também se utiliza também as mãos do 
profissional, e outros meios contrarresistência também são considerados padrões 
alternativos. 
 
48 
 
8. FASES DO MÉTODO STS DE MUSCULAÇÃO TERAPÊUTICA E TREINAMENTO 
FÍSICO- 
As fases do Método STS coincidem com as faixas relacionadas ao nível de 
condicionamento físico geral ou específico (de determinados grupamentos musculares) 
apresentadas junto ao fundamento do controle contínuo da frequência cardíaca, sendo de 
uma maneira geral assim determinadas: 
 Fase de Choque - Faixa de Recuperação Físico-funcional 
Da FC de repouso até a FC limite – Baixíssimos níveis de condicionamento 
 Fase de Adaptação - Faixa de Tratamento e Treinamento Físico 
60 a 70% da FCM – Baixos níveis de condicionamento 
70 a 80% da FCM – Médios níveis de condicionamento 
 Fase de Condicionamento - 80 a 90% da FCM – Altos níveis de condicionamento 
 Fase Atlética - Faixa de Treinamento Atlético 
90 a 100% da FCM – Altíssimos níveis de condicionamento 
 
Em trabalhos personalizados enquadrados na faixa de tratamento e treinamento físico, o 
indivíduo é submetido à execução de planilhas-prontuário. Considerando um indivíduo com 
baixíssimo nível de condicionamento físico, Método STS completo alcança uma média de 
90 (noventa) intervenções, em um intervalo que varia de 02 a 06 meses. Ou seja, 
intervenções suficientes para o indivíduo alcançar a Fase de Condicionamento. 
O número de séries e repetições durante uma intervenção personalizada do Método STS 
são referenciais e não devem ser parâmetro para finalizar um exercício, pois o mais 
importante é manter o desenho do gráfico de periodização. Ou seja, mesmo que a repetição 
idealizada tenha sido atingida mas a intensidade do exercício não tenha sido, se deve 
realizar mais repetições até que a referida intensidade seja alcançada. Da mesma forma, 
se a intensidade proposta foi alcançada antes de se atingir o número de repetições 
estipulado, o exercício deve ser cessado. Desta forma fica claro que é a intensidade 
representada pelos valores da frequência cardíaca que determinam a interrupção do 
exercício. 
49 
 
Mas para fins didáticos o número de séries para as chamadas Séries Simples 
(normalmente para indivíduos com baixo nível de condicionamento) é no mínimo de 03 
(três). Para este mesmo perfil de indivíduo o número de repetições é de no mínimo 08 (oito) 
e no máximo 12 (doze). Ainda existe o perfil de padrões em circuito, ou super séries, 
chamadas de Séries de Circuito, onde o número de séries é de no máximo 02 (duas) e o 
número de repetições é de 24 (vinte e quatro) ou 36 (trinta e seis), que equivale a três séries 
de oito sem intervalo, e três séries de doze sem intervalo. 
Se o indivíduo não conseguir realizar pelo menos 08 (oito) repetições dos exercícios 
elaborados, é possível a carga geral esteja alta. Nesta situação é importante analisar o 
posicionamento utilizado, para eventualmente adequá-lo em um nível mais baixo. Isto pode 
ser o suficiente para baixar a carga. 
Os intervalos entre as séries devem ser baseados no cálculo da Faixa de Treinamento. Isto 
é, não devemos deixar a frequência cardíaca no intervalo ficar em patamares menores que 
o limite inferior previsto. Para isto normalmente o intervalo não deve ser menor que 30 
(trinta) segundos e não deve ser maior que um minuto e trinta segundos. Mas, 
independentemente do tempo, o mais importante é permitir que os valores de frequência 
cardíaca não fiquem mais baixo que o programado para o intervalo. Por isso todo o trabalho 
é realizado com monitoração cardíaca constante. 
É importante também que se faça a análise do artefato (peso) que o indivíduo deve utilizar 
em sua intervenção terapêutica ou de treinamento físico. Obviamente quanto maior o peso 
do artefato maior deve ser o nível de condicionamento do indivíduo. No Método STS o maior 
valor utilizado é de 05 (cinco) quilogramas tanto para artefatos de membros inferiores 
(tornozeleiras) como para artefatos para membros superiores (halteres). Também é 
importante frisar que no Método STS os valores em quilogramas utilizados nos artefatos 
não são a carga, mas sim um dos integrantes da mesma 
 Ainda dentro do Método, quando realizado de forma completa, convém que o profissional 
desenvolva intervenções alternativas para o dia de reanálise seriada. O Método 
desenvolveu 03 (três) possibilidades de intervenções alternativas: 
 Cinesioalongamento – Alongamentos proprioceptivos com monitorização da FC. 
 Aeróbio Longo – Aquecimento realizado com dobro do tempo usual na intervenção. 
 Intervenção de Abdominais – Circuito com as três modalidades de abdominais. 
50 
 
 
9. O GRÁFICO DE PERIODIZAÇÃO DO MÉTODO STS DE MUSCULAÇÃO 
TERAPÊUTICA E TREINAMENTO FÍSICO 
No trabalho personalizado, todo o processo de execução do Método é registrado em uma 
planilha diária, que gera um gráfico de periodização da intervenção, comumente chamada 
de sessão. Quando o Método STS é aplicado para conferir modificações físico-funcionais 
globais, como no caso de emagrecimento ou de melhora de nível de condicionamento geral, 
as intervenções são realizadas (normalmente) de forma diária intercalada, sendo o ciclo 
composto de padrões diferentes, ou seja, um dia focando mais membros superiores e outro 
mais de membros inferiores com abdominais. 
O mais importante nesta modalidade de intervenção é permitir uma construção de um 
gráfico de periodização dos padrões com o melhor perfil fisiológico possível. Isto quer dizer 
que devemos nos preocupar com a progressão e a regressão de seu desenho, de acordo 
com o menor ciclo de trabalho muscular possível, que é o de um batimento cardíaco. Por 
esta razão o desenho deste gráfico é caracterizado como a forma de uma onda 
eletrocardiográfica, conforme apresentado na figura 19. 
Para cada padrão executado a partir do início da intervenção, devemos progredir até o 
exercício que utilize um padrão de movimento que permita que seu valor de intensidade 
seja o pico da intervenção. Após este pico devemos regredir até o ultimo padrão, de forma 
oscilante. Ou seja, o retorno deve possuir um padrão mais baixo que o pico, o próximo mais 
alto que o anterior mas sem ultrapassar o pico e assim sucessivamente. 
Cada intervenção personalizada e passiva de construção de gráfico deve possuir no mínimo 
08 (oito) exercícios funcionais. Nestas, convém que o padrão de pico seja apresentado no 
quinto exercício. Mas o profissional é livre para executar quantos padrões de exercícios 
quiser, de acordo com o objetivo que queira alcançar com o seu cliente e o histórico físico 
funcional do mesmo. 
51 
 
 
Fig. 20 – Exemplo Gráfico de Periodização com pico no quinto exercício 
 
Como prática diária é importante que o profissional quando for realizar uma intervenção 
personalizada procure imaginar qual deveria ser o valor da frequência cardíaca do 
padrão/exercício do pico e qual deveria ser o valor da frequência cardíaca do 
padrão/exercício inicial. Isto é fundamental para que

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