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Antropologia P2

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Faculdade Presbiteriana Mackenzie
Iacy Amorim Marques Ferreira
 
Trabalho de Antropologia
A PARTIR DE UM CASO CONCRETO, contraste as descrições das diferentes funções que a tortura e/ou penalidade podem representar nas sociedades, tal como as apresentadas por Pierre Castres e Franz Kafka, nos textos estudados. Paralelamente, analise sobre o enfoque dos Direitos humanos e do Direito à Cultura.
Apresentado a professora Maria Manuela
Novembro/2017
Rio de Janeiro, RJ.
Direitos Humanos
Os direitos humanos é um discurso gerado num quadro preciso por predeterminadas pessoas. Tal fato não desvalida as campanhas dedicadas a causas humanitárias, porém auxilia a colocá-las em perspectiva e rememorar que como qualquer outro slogan que tem um conteúdo de forte apelação emocional, os de direitos humanos da mesma forma pode proporcionar manipulações mais ou menos conscientes. 
Boaventura Souza Santos é apenas um entre muitos pesquisadores que, apesar de simpatizar com o espírito dos direitos dos homens, assumem uma postura cautelosa diante de sua universalidade: 
“Conçus de maniè re univ erselle, comme i ls l’ont été, les droits de 
l’homme resteront um instrument du (...) choc des civilisations”, 
c’est-à-dire de la lutte de l’Occident contre le reste du monde. Leur 
validité globale se ra gagnée au prix de leur legitimité locale.” 
 Assim, a definição do que é “universal”, o que é “local” é uma questão que tange tanto a diversidade cultural quanto a diversidade política. Logo, entenderemos melhor o que retrata essa “diversidade”.
Diversidade Cultural
Inúmeras pesquisas antropológicas sobre o (res-)surgimento de identidades regionais nacionais que aparentam cada dia mais notáveis exatamente por conta do intercâmbio acentuado. O amplo interesse dos antropólogos hoje em assuntos que tem relação a margens, fronteiras e fluxos é relativamente pertinente a constatação que a dissemelhança se delimita justamente por intermédio do contato. No entanto, possuímos uma prova para mais de eloquente sem dúvida mais trágica da constante influência da diversidade cultural nas guerras étnicas que permeiam o planeta. O fato é que, mesmo se por acaso as diferenças culturais estivessem se minimizando devido a mundialização da cultura, os preconceitos, as formas de discriminação e os ódios em nome dessas diferenças parecem proliferar a cada dia. Uma segunda ideia inverídica concomitantemente unida à diversidade cultural é que esse entendimento é relativo somente a regiões tribais ou nacionais. O “diferente” cultural é associado àquele banto ou trobriandes do outro lado do planeta ou, por ventura, os países geralmente vizinhos entendidos como, de algum modo, atrasados. os paraguaios corruptos, por exemplo, ou os argentinos arrogantes. De qualquer forma, a distinção cultural é habitualmente concebida como algo afastado, ou, em qualquer caso, algo com a qual não é preciso lidar no cotidiano. Clifford Hertz é um de muitos antropólogos que contesta essa interpretação, destacando que a diversidade cultural que deve nos preocupar hoje não é impreterivelmente fundada em grupos nacionais ou étnicos. Geração, orientação sexual, gênero e classe podem ser motivos uniformemente determinantes ampliando os parâmetros de diferença simultaneamente pulverizando os grupos potenciais. Desatando assim com a ideia de que exista um “nós” versus um “eles”, o autor põe a questão da alteridade juntamente a sociedade complexa. Neste ínterim, a lógica particular de quem mora na esquina pode ser tão “exótica” quanto a dos aborígines que vivem do outro lado do globo. 
Caso Concreto
Situação Carcerária no Brasil
 
Brasil teve 379 mortes violentas registradas dentro dos presídios no ano passado. É o que mostra levantamento feito pelo G1 com base em dados fornecidos pelos governos dos 26 estados e do Distrito Federal. O número equivale a uma média de mais de um morto por dia, e os dados se referem a todas as mortes consideradas não naturais – o que inclui homicídios e suicídios.
 
Prisões são lembradas apenas quando há motins, massacres e fugas em massa. Do contrário, a mídia, as instâncias de poder, e mesmo o público em geral, não estão interessados em saber o que se passa no interior dos estabelecimentos prisionais. As celas insalubres, em que se apertam dezenas de pessoas expostas a todos os tipos de violações de direitos, não incomodam. Isso porque, presos fazem parte do grupo das minorias indesejadas. Assim era no período da ditadura e assim continua sendo até hoje.
A guerra contra as drogas e seus efeitos sobre o encarceramento em massa
A melhor forma de entender porque alguns estados brasileiros encarceram muito é observar os estados mais ao oeste no Brasil, principalmente aqueles próximos dos países produtores de cocaína, são os que mais prendem. No mapa seguinte é possível conferir essa informação com mais detalhes. Há cerca de 10 anos, o percentual de presos por drogas não passava de 10%, hoje é de quase 30%. Em alguns estados, esta cifra ultrapassa os 40%, chegando a mais de 50% dos presos, como no caso do estado do Mato Grosso. 
Ao combater a violência com violência, o Estado brasileiro tem contribuído para tornar o Brasil um país ainda mais violento. Hoje, pelo menos nove pessoas são mortas diariamente em decorrência da ação policial. Somente no ano de 2015, foram mortas 3.320 pessoas vítimas de intervenções policiais (segundo dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública).
O Estado brasileiro firmou os mais importantes tratados internacionais que proíbem a prática da tortura, inseridos no âmbito das normas internacionais de Direitos Humanos, surgidas principalmente após o fim da II Guerra Mundial. Assim, para entender o que é a tortura e os maus tratos, devemos considerar tais obrigações internacionais, que vedam a prática da tortura e os tratamentos e penas cruéis, desumanas ou degradantes.
Em linhas gerais, a definição de tortura segue o que a Convenção Interamericana Contra a Tortura estabeleceu da seguinte forma:
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física ou angústia psíquica.
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo. (art. 2º)
A Convenção também define que serão autores da prática de tortura os empregados ou funcionários públicos que participem diretamente ou por instigação da execução do crime (art. 3º). Esse é um fator importante para compreender o tema, tendo em vista que coloca o Estado e seus agentes como responsáveis pelo crime de tortura. Com efeito, é importante lembrar que a tortura não é um crime como outro qualquer, visto que pode ser entendida como um crime contra a humanidade, segundo a doutrina internacional, em especial o Estatuto de Roma e a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. No Brasil esse tema se tornou polêmico após a edição da Lei n.º 9.455/97 – que define o Crime de Tortura -, visto que a lei considera a ocorrência de tortura mesmo quando não há a participação de agentes públicos, diferentemente dos tratados internacionais. Não por acaso, desde a sua edição tem sido mais comum que pessoas sem função pública sejam condenadas por praticar o crime de tortura, o que subverte a lógica de que o Estado, mediante seu aparato e seus agentes,seja o protagonista da prática da tortura.
Os militares no poder procuraram sempre atuar a partir de uma “legalidade autoritária”. Mas para combater qualquer um que contestasse o regime mais diretamente, os chamados “subversivos”, não deveria haver limite jurídico, ético ou moral. Assim, principalmente a partir de 1968, o Estado brasileiro patrocinou uma repressão ao mesmo tempo legal e ilegal, baseada em censura, vigilância, tortura sistemática, prisões ilegais e desaparecimentos. Um aspecto cultural do país.
Contextualização com Pierre Castres
O que de facto é enunciado é que as sociedades primitivas estão privadas de alguma coisa - O Estado - que lhes e, como para qualquer outra sociedade nossa por exemplo - necessária. Estas sociedades são, pois, incompletas elas não são completamente verdadeiras sociedades - elas não são policiadas -, subsistem na experiência talvez dolorosa de uma carência - carência do Estado - que elas tentariam, sempre em vão, preencher. De um modo mais ao menos confuso, e claramente isto que dizem as crônicas dos viajantes ou os trabalhos doo investigadores: Não se pode pensar a sociedade sem o Estado, o Estado e o destino de toda a sociedade.
O atraso educacional no Brasil permeia a questão da violência do Estado e transcende a questão segurança pública, possui um viés mais social, que contrastado com a visão do autor Pierre Castres, da primitividade e incompletude de tal sociedade, obtemos o entendimento de onde nasce a carência de Estado e o aspecto cultural que permite o rompimento com os Direitos Humanos.

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