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O GRANDE ENCARCERAMENTO.ARTIGO (2)

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ANA PAULA ALBUQUERQUE BEZERRA 
 O GRANDE ENCARCERAMENTO NO ESTADO NEOLIBERAL
 A violação dos Direitos das Subjetividades Marginais
 A transformação ocorrida nos anos 70, no Estado de Bem-estar, em virtude da diminuição do progresso e incapacidade crescente dos Estados de cumprirem sua promessa de cobertura abrangente na garantia de padrões sociais e previdenciários a todos os cidadãos, anuncia uma verdadeira crise do Estado. A confiança popular, encorajada por uma parcela de formadores de opinião, rebaixou o Estado da posição de motor mais poderoso do bem-estar universal, passando essa confiança à “mão invisível do Mercado”. 
 A Segurança Pública vem sendo ou transferida para o Mercado ou suprida individualmente pelo cidadão, que busca respostas positivas em outras fontes, provocadas por emoções e ressentimentos suscitados pela indústria do medo e/ou pela indústria da violência, nas quais são questionadas o modelo de democracia e de representação democrática.
 Esse estudo pretende apresentar uma análise das práticas neoliberais desenvolvidas pelo Estado americano e reproduzida, em diversos graus, por todas as regiões do mundo. Essas práticas objetivam diminuir o papel do Estado com o aumento do Estado Policial e Penal, relegando a segurança apenas à esfera criminal e desconsiderando, outrossim, o paradoxo de que o menor Estado seria o desencadeador do aumento de insegurança objetiva e subjetiva nas cidades.
          O redimensionamento do Estado Providência em Estado Policial e Penal, a partir da adoção do modelo neoliberal de expansão do encarceramento penaliza a miséria e exacerba a dominação racial, ampliando os limites da prisão para espaços de confinamento social assemelhados aos campos de concentração nazista.
 Para tanto, alguns questionamentos podem ser realizados: Quais os impactos que a transição do Estado de bem-estar para o Estado Policial inaugura sobre os mecanismos de punição das subjetividades marginais? 
  O redimensionamento do Estado Providência em Estado policial, consoante a compreensão dos autores estudados, consiste em fértil paradigma de análise de violações de direitos fundamentais sobre as subjetividades marginais na configuração do Sistema Penal, mediante a transformação do papel do Estado e do indivíduo na sociedade.
  O presente trabalho visa analisar o processo de expansão do encarceramento em face dos recentes debates teóricos sobre o Estado Policial e Penal sob a perspectiva do atual modelo do capitalismo que valoriza a responsabilidade individual sobre as ações em detrimento do papel do Estado. 
   O objetivo geral deste trabalho é analisar a violação aos direitos das subjetividades marginais mediante o aumento exponencial do encarceramento, face à transformação do Estado Providência em Estado policial, no atual contexto do modo de produção capitalista, tendo como marco referencial o período compreendido de 1970 até os dias atuais.
        Para tanto analisaremos os seguintes objetivos específicos: a) Do Estado Providência ao Estado Policial; b) O impacto no Sistema Carcerário; c) O grau de Seletividade Penal.
         Em atenção ao rigor metodológico, para atingir os objetivos deste trabalho utilizamos a metodologia descritiva-qualitativa, mediante o método analítico dedutivo, por meio de revisão bibliográfica dos aspectos atuais da Segurança Pública. Foram utilizadas pesquisas bibliográficas em livros, artigos jurídicos e legislação específica sobre o tema.
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