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RELATÓRIO 8 DE TGC Evolução e conceito de crime.

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RELATÓRIO DE TGC
1 - Evolução do conceito de crime:
Três são as fases do desenvolvimento da teoria do delito: o conceito clássico, o conceito neoclássico e conceito finalista de delito. Contudo, as três fases apresentam uma certa integração, na medida em que nenhuma delas estabeleceu um marco de interrupção completo. 
Lizst, Beling e Rad​bruch elaboraram o conceito clássico de delito, representado por um movimento corporal (ação), produzindo uma modificação no mundo exterior (resultado), que vinculava a conduta ao resultado através do nexo de causalidade. Este foi produto do pensamento jurídico característico do positivismo científico, que afastava completamente qualquer contribuição das valorações filosóficas, psicológicas e sociológicas. 
Ao pretender resolver todos os problemas jurídicos nos limites exclusivos do Direito positivo, deu um tratamento exageradamente formal ao comportamento humano definido como delituoso. 
A formulação clássica do conceito de delito (e todos seus elementos) sofreu profunda transformação, embora sem abandonar completamente seus princípios fundamentais, dando origem ao conceito neoclássico. O sistema	neoclássico diverge do anterior,	em primeiro lugar, por seu aporte filosófico. Enquanto os clássicos se inspiraram no positivismo de	Augusto Comte, os neoclássicos se viram grandemente influenciados pelo neokantismo e pela filosofia de valores.
Este caracterizou-se pela reformulação do velho conceito de ação, nova atribuição à função do tipo, pela redefinição da culpabilidade, e transformação material da antijuridicidade, sem alterar, contudo, o conceito de crime como a ação típica, antijurídica e culpável.
Welzel, então, cunhou o conceito finalista de delito, começando pelo abandono do pensamento logicista e abstrato das concepções anteriores, corrigiu as falhas e contradições existentes, procurando conduzir a ação humana ao conceito central da teoria do delito.
A teoria mais importante no contexto da estrutura do crime no pensamento finalista é a teoria finalista da ação, onde esta não constitui um simples movimento muscular gerador de relações de causalidade, mas uma conduta humana, consciente e voluntária, movida a uma finalidade. Outro aspecto de suma importância do conceito finalista foi a “retirada” do dolo da culpabilidade, que fez com que esta passasse a ser restrita a elementos exclusivamente normativos.
Welzel deixou claro que, para ele, o crime só estará completo com a presença da culpabilidade. Dessa forma, também para o finalismo, crime continua sendo a ação típica, antijurídica e culpável.
2 – Conceito de crime:
Nosso atual Código Penal não nos fornece um conceito de crime, a definição atribuída é eminentemente doutrinária. Há	diversos conceitos de crime, agrupados	em diferentes categorias, cada qual com um enfoque diferente e um propósito bem definido: 
a) conceito formal: crime seria toda conduta que colidisse frontalmente contra a lei penal editada pelo Estado. Procura orientar o operador do Direito Penal à identificar no ordenamento jurídico, quais são os ilícitos penais.
b) conceito material: crime seria toda ação ou omissão, consciente e voluntária, que cria um risco juridicamente proibido e relevante a bens jurídicos considerados fundamentais para a paz e o convívio social. Tem o propósito de limitar a função seletiva do legislador, retirando​-lhe a liberdade absoluta para escolher quais comportamentos deverá criminalizar.	
c) conceito analítico: o conceito analítico, por fim, preocupa​-se	em conhecer, organizar, ordenar	 e sistematizar os elementos e a estrutura do crime, de modo a permitir uma aplicação racional e uniforme	do Direito Penal. É ele que ensina ao juiz criminal, que deverá verificar, em primeiro lugar, se o fato é penalmente típico, para, então, analisar se é também antijurídico	 (ou ilícito) e, por último, examinar a culpabilidade, de modo a saber se o réu	é ou não merecedor de uma punição. 
Dada a importância do conceito	analítico, diversas teorias despontaram no Brasil com vistas à determinação dos elementos constitutivos do crime:
	- A Teoria Bipartida: inicialmente trilhada por Dotti, Damásio, Mirabete e Capez. Filiam​-se ao 	entendimento segundo o qual crime é o fato típico e antijurídico, figurando a culpabilidade não como 	elemento do crime, mas como pressuposto de aplicação da pena;
	- A Teoria Tripartida: que é a predominante, não só no Brasil como também na doutrina estrangeira. 	Seus adeptos argumentam, entre outros, que não pode haver crime numa ação desmerecedora de 	reprovabilidade. A culpabilidade, desta forma, deve ser parte integrante do conceito, conferindo ao 	crime a conceituação de fato típico, antijurídico, culpável.
Assim, a maioria dos doutrinadores adota o conceito de crime como fato típico, antijurídico e culpável. O fato típico, segundo uma visão finalista, é composto dos seguintes elementos: 
	- conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; 
	- resultado; 
	- nexo de causalidade entre a conduta e o resultado;
	- tipicidade (Quando um fato no mundo natural se encaixa perfeitamente com a descrição legal, o tipo 	penal, surge a tipicidade).
A ilicitude, expressão sinônima de antijuridicidade, é aquela relação de contrariedade, de antagonismo, que se estabelece entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. A licitude ou a juridicidade da conduta praticada é encontrada por exclusão, ou seja, somente será lícita a conduta se o agente houver atuado amparado por uma das causas excludentes da ilicitude previstas no art. 23 do Código Penal. 
	Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
	I - em estado de necessidade;
	II - em legítima defesa;
	III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
A culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do agente. São elementos integrantes da culpabilidade, de acordo com a concepção finalista: 
	- imputabilidade; 
	- potencial consciência sobre a ilicitude do fato; 
	- exigibilidade de conduta diversa.
Assim, na precisa conceituação de Zaffaroni, "delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo legal (tipo) que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito jurídico (causa de justificação) é contrária ao ordenamento jurídico (antijurídica) e que, por ser exigível do autor que atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe é reprovável (culpável)".
Bibliografia consultada:
Tratado de Direito Penal – Parte Geral, vol. 1 (Cezar Roberto Bittencourt)
Direito Penal Esquematizado – Parte Geral (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves)
Curso de Direito Penal – Parte Geral, vol. 1 (Rogério Grecco)
Manual de direito penal brasileiro – Parte geral (Eugenio Raul Zaffaroni)

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