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RELATÓRIO 9 DE TGC Tipo penal e tipicidade

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RELATÓRIO DE TGC
TIPO PENAL:
Por imposição do princípio do nullum crimen sine lege, o legislador, quando quer impor ou proibir condutas sob a ameaça de sanção, deve, obrigatoriamente, valer-se de uma lei. Quando a lei em sentido estrito descreve a conduta (comissiva ou omissiva) com o fim de proteger determinado bem cuja tutela mostrou-se insuficiente pelos demais ramos do direito, surge o chamado tipo penal. Tipo, como a própria denominação diz, é o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio de seu único instrumento - a lei-, visa impedir que seja praticada, através do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas.
Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. Cada tipo possui características e elementos próprios que os distinguem uns dos outros, tornando-os inconfundíveis, inadmitindo-se a adequação de uma conduta que não lhes corresponda perfeitamente.
Portanto, quando nos referimos ao tipo penal, nos referimos ao tipo de delito, que, na definição de Welzel, “é a descrição concreta da conduta proibida. Contudo, o conceito de tipo não tem o mesmo significado de crime, pois, para identificar uma conduta como crime, é necessário, ainda, analisar se a conduta típica é antijurídica e culpável. 
Na definição de Zaffaroni, "o tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes".
JUÍZO DE TIPICIDADE: 
Há uma operação intelectual de conexão entre a infinita variedade de fatos possíveis da vida real e o modelo típico descrito na lei. Essa operação, que consiste em analisar se determinada conduta se adapta aos requisitos descritos na lei, para qualificá-la como infração penal, chama-se “juízo de tipicidade”. Quando o resultado desse juízo for positivo significa que a conduta analisada reveste-se de tipicidade, quando o juízo for negativo estaremos diante da aticipidade da conduta.
TIPICIADE:
A tipicidade, ao lado da conduta, constitui elemento necessário ao	fato típico de qualquer infração penal. A adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei penal (tipo) faz surgir a tipicidade formal ou legal. Essa adequação deve ser perfeita, pois, caso contrário, o fato será considerado formalmente atípico. 
Tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura abstratamente descrita na lei penal. É a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora. Trata​-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não na lei penal.
Deve ser analisada em dois planos: formal e material. Entende​-se por tipicidade a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (tipicidade material), ou seja, para que se possa falar em tipicidade material,é preciso que a conduta praticada pelo agente seja considerada ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal. 
ADEQUAÇÃO TÍPICA: 
Existem, contudo, duas espécies de adequação típica: de subordinação imediata e de subordinação mediata. 
Adequação típica por subordinação imediata: dá​-se quando a adequação entre o fato e a norma penal incriminadora é imediata, direta; não é preciso que se recorra a nenhuma norma de extensão do tipo. Exemplo: alguém efetua dolosamente vários disparos contra a vítima – esse fato se amolda diretamente ao tipo penal incriminador do art. 121 do CP. 
Adequação típica por subordinação mediata: o enquadramento fato/norma não ocorre diretamente, exigindo-se o recurso a uma norma de extensão para haver subsunção total entre fato concreto e lei penal. Exemplo: se alguém, com intenção homicida, efetua vários disparos de arma de fogo contra outrem e foge, sendo a vítima socorrida e salva a tempo, esse fato não se amolda ao tipo penal do art. 121 (não	houve morte). Seria o fato atípico? Não, contudo será preciso recorrer a uma norma de extensão; no caso, o art. 14, II, que descreve a tentativa.
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO TIPO:
Como o tipo penal abrange todos os elementos que fundamentam o injusto, ele não se compõe somente de elementos puramente objetivos, mas é integrado, também de elementos normativos e subjetivos. Assim, o tipo compõe-se de elementos descritivos, normativos (objetivos) e subjetivos.
Os elementos objetivos do tipo, têm a finalidade de descrever a ação, o objeto da ação e, em sendo o caso, o resultado, as circunstâncias externas do fato e a pessoa do autor. A finalidade básica dos elementos objetivos do tipo é fazer com que o agente tome conhecimento de todos os dados necessários à caracterização da infração penal. Na categoria dos elementos objetivos, ainda podemos subdividi-los em elementos descritivos e elementos normativos.
Elementos descritivos são aqueles que têm a finalidade de traduzir o tipo penal, isto é, de evidenciar aquilo que pode, com simplicidade, ser percebido pelo intérprete, identificados pela simples constatação sensorial. Referem-se a objetos, seres, animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. 
Elementos normativos são aqueles criados e traduzidos por uma norma ou que, para sua efetiva compreensão, necessitam de uma valoração por parte do intérprete. São circunstâncias que não se limitam a descrever o natural, mas implicam um juízo de valor. O legislador penal pode valer-se de elementos normativos para descrever objetos, situações, circunstâncias ou estados que somente podem ser compreendidos através deste juízo de valor. Ex: “fútil”, “alheio”, “vulnerável”, “dignidade”, “decoro” etc.
Os elementos subjetivos do tipo permitem compreender a ação ou omissão típica não só como um processo causal cego, mas como um processo causal dirigido pela vontade humana para o alcance de um fim. São dados ou “circunstâncias que pertencem ao campo psíquico-espiritual e manifestam-se como vontade regente da ação. O dolo é o principal elemento subjetivo do tipo, mas às vezes, ao lado do dolo, aparecem elementos subjetivos especiais, como intenções ou tendências de ação, ou mesmo motivações excepcionais, que também integram o tipo subjetivo.
ELEMENTOS ESPECÍFICOS DO TIPO
Conforme verificamos no tópico anterior, os tipos penais são compostos por elementos objetivos (descritivos e normativos) e subjetivos. Analisaremos agora, de forma isolada, cada um de seus elementos.
Núcleo do tipo é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal. Todos os tipos devem vir acompanhados de seu núcleo, pois o verbo tem a finalidade de evidenciar a ação que se procura evitar ou impor. Há tipos penais que possuem um único núcleo (uninucleares), como no caso do art. 121 do Código Penal, e outros que possuem vários núcleos (plurinucleares).
Sujeito ativo é aquele que pode e pratíca a conduta descrita no tipo. Muitas vezes o legislador limita a prática de determinadas infrações penais a certas pessoas e, para tanto, toma o cuidado de descrever no tipo penal o agente que poderá praticá-la. Quando estamos diante dos chamados crimes comuns, o legislador não se preocupa em apontar o sujeito ativo, uma vez que as infrações dessa natureza podem ser cometidas por qualquer pessoa. Surge essa necessidade quando o delito é próprio, ou seja, aquele que somente pode ser praticado por um certo grupo de pessoas em virtude de determinadas condições pessoais. Quando estivermos diante de delitos próprios, o legislador terá de apontar, no tipo penal, o seu sujeito ativo.
Em regra, o Sujeito ativo do crime só pode ser o homem. A pessoa jurídica não comete crime. Quem os pratica são os seus sócios, diretores etc. Mas nunca ela própria. Apesar desse entendimento quase unânime entre os doutrinadores, nossa Constituição Federal fez previsão expressa no § 3o doseu art. 225 dizendo: 
	§ 3o As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 	físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 	danos causados." 
O sujeito passivo pode ser considerado formal ou material. Sujeito passivo formal será sempre o Estado, que sofre toda vez que suas leis são desobedecidas. Sujeito passivo material é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa, que, em alguns casos, poderá ser também o Estado. Vale dizer que pessoas jurídicas podem ser sujeitos passivos de delitos, mas com ressalvas legais. 
Objeto material é a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta criminosa do agente. No furto, o objeto do delito será a coisa alheia móvel subtraída pelo agente; no homicídio, será o corpo humano etc. Muitas vezes o sujeito passivo se confunde com o próprio objeto material, como no caso do homicídio. Não podemos confundir, contudo, objeto material com bem jurídico.
FUNÇÕES DO TIPO 
Podemos destacar três importantes funções do tipo:
a) função de garantia (ou garantidora); 
b) função fundamentadora;
c) função selecionadora de condutas. 
Exerce o tipo uma função de garantia, uma vez que o agente somente poderá ser penalmente responsabilizado se cometer uma das condutas proibidas ou deixar de praticar aquelas impostas pela lei penal. Isso porque é lícito fazer tudo aquilo que não for proibido pela lei penal. O tipo exerce essa função de garantia, uma vez que temos o direito de, ao analisá-lo, saber o que nos é permitido fazer.
Também é certo afirmar que o Estado, por intermédio do tipo penal, fundamenta suas decisões, fazendo valer o seu ius puniendi. A relação entre essas funções do tipo - garantista e fundamentadora - é como se fosse duas faces de uma mesma moeda. Numa das faces está o tipo garantista, vedando qualquer responsabilização penal que não seja por ele expressamente prevista; na outra, a função fundamentadora por ele exercida, abrindo-se a possibilidade ao Estado de exercitar o seu direito de punir sempre que o seu tipo penal for violado.
Podemos dizer, também, que ao tipo cabe outra, qual seja, a função de selecionar as condutas que deverão ser proibidas ou impostas pela lei penal, sob a ameaça de sanção. Nessa seleção de condutas feita por intermédio do tipo penal, o legislador, em atenção aos princípios do Direito Penal, traz para seu âmbito de proteção somente aqueles bens de maior importância, deixando de lado as condutas consideradas socialmente adequadas ou que não atinjam bens de terceiros.
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS:
TIPO BÁSICO E TIPOS DERIVADOS:
Entende-se por tipo básico ou fundamental a forma mais simples da descrição da conduta proibida ou imposta pela lei penal. A partir dessa forma mais simples, surgem os chamados tipos derivados que, em virtude de determinadas circunstâncias, podem diminuir ou aumentar a reprimenda prevista no tipo básico. No homicídio, por exemplo, temos como sua modalidade mais simples a descrição contida no caput do art. 121 do CP. (“matar alguém”). Logo em seguida, temos suas formas derivadas. No § 2º podemos concluir que o legislador, em virtude de algumas situações por ele previstas, aumentou a pena cominada no caput do artigo, qualificando, dessa forma, o delito. 
TIPOS FECHADOS E TIPOS ABERTOS:
Tipos fechados são aqueles que possuem a descrição completa da conduta proibida pela lei penal. O legislador, de forma clara e precisa, descreveu a conduta a que visou proibir. Contudo, em determinadas situações, o legislador, por impossibilidade de prever e descrever todas as condutas possíveis de acontecer em sociedade, criou os chamados tipos abertos, nos quais não há a descrição completa e precisa do modelo de conduta proibida ou imposta. Nesses casos, faz-se necessária sua complementação pelo intérprete. É o que ocorre, v.g., com os delitos culposos. Os tipos de imprudência, por exemplo, devido à variabilidade das condições ou circunstâncias de sua realização, são tipos abertos que devem ser preenchidos ou completados por uma valoração judicial e, por isso, não apresentam o mesmo rigor de definição legal dos tipos dolosos.
TIPOS CONGRUENTES E TIPOS INCONGRUENTES:
Se a parte subjetiva da ação se corresponde com a parte objetiva, concorre um tipo congruente. É o que normalmente ocorre com os tipos dolosos, em que a vontade alcança a realização objetiva do tipo. Quando a parte subjetiva da ação não se corresponde com a objetiva nos encontramos na presença de um tipo incongruente.
TIPO SIMPLES E TIPO MISTO:
Entende-se por tipo simples aquele em que no tipo penal prevê tão somente um único comportamento, vale dizer, um único núcleo. Ex: Art. 121, “matar alguém”.
Por outro lado, existem outros tipos penais que preveem mais de um comportamento, ou seja, mais de um núcleo em seu preceito primário, razão pela qual, podemos denominá-los de tipos mistos. 
Bibliografia consultada:
Tratado de Direito Penal – Parte Geral, vol. 1 (Cezar Roberto Bittencourt)
Direito Penal Esquematizado – Parte Geral (André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves)
Curso de Direito Penal – Parte Geral, vol. 1 (Rogério Grecco)
Manual de direito penal brasileiro – Parte geral (Eugenio Raul Zaffaroni)

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