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Bem-Estar Animal – Aula 1 Muito além de sentimento, é também físico. Classificar o bem estar como se fosse um termômetro com condições boas a péssimas. Índice de bem estar geral. Para analisarmos o bem estar geral de animais: Alguns fatores, temperatura, ambiente, alimentação, espaço de confinamento, higiene. Cada um desses fatores é possível desdobrar em vários. Ex. Higiene, quais produtos, quantas vezes é limpo, etc. Ao falar de bem estar animal englobamos três áreas: Físico, mental, naturalidade (quanto o animal é livre para expressar seu comportamento natural). Interações entre homens e animais: Tratador animal de produção, Dono animais de companhia. Um cão-guia, vai ter alguma alteração de bem-estar ou vai se acostumar com a nova rotina, ou os dois? Sempre quando se tira um animal de sua natureza vai ter alterações, por isso os indicadores de bem estar Desmatamentos, invasão de áreas de animais selvagens, também há alteração de bem estar. Teoria da dissonância cognitiva (São visões conflitantes que temos em relação ao bem estar animal). As pessoas experimentam sensações desagradáveis de “dissonância cognitiva” quando abrigam opiniões ou motivações conflitantes. Elas mudarão seu comportamento ou sua atitude para evitar ou superar a dissonância. Ex.: Sea world, zoológico, veganismo. Dissonância: Ritual Pessoas que caçam para sua subsistência muitas vezes usam práticas rituais para ganhar a “aprovação” do animal caçado: Abstinência alimentar e sexual Ritual de purificação Falar da caça com respeito Pedir desculpas ao animal morto Tratamento cerimonial das carcaças Ritual de descarte das partes não aproveitáveis Evitar desperdício Ciência, ética e lei A ciência bem-estar considera os efeitos dos seres humanos sobre o animal da perspectiva do animal. (Reflexo da ação humana sobre os animais). A ética do bem-estar considera as atitudes humanas para com os animais. A legislação de bem-estar considera como os seres humanos são obrigados a tratar os animais. A lei é fraca. Avaliação do Bem-Estar e as Cinco Liberdades – Aula 2 Cinco Liberdades = Bem-Estar Animal “O Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção acredita que o bem-estar de um animal deveria ser avaliado com base nas Cinco Liberdades.” Livre de fome e sede Livre de desconforto Livre de dor, lesões e doenças Livre para expressar comportamento normal Livre de medo e estresse (Farm Animal Welfare Council UK, 1993) Todas as liberdades são maleáveis para benefício do homem, condições ideais somente se o homem não colocar o dedo. Não são essenciais, o animal sobrevive. Bem-estar versus morte (Liberdade da morte) O bem-estar refere-se à qualidade da vida animal A morte afeta a quantidade da vida animal Qualidade e quantidade de vida podem ser preocupações éticas Todas as liberdades são igualmente importantes? Em sua opinião, qual importância deveria ser atribuída a cada uma das Cinco Liberdades no tratamento de animais? Fome e Sede. O conceito de necessidade Necessidade: um requisito fundamental na biologia do animal para obter um recurso específico ou responder a um estímulo ambiental ou corporal específico (Broom & Johnson, 1993). Se uma necessidade não for atendida haverá um efeito na fisiologia ou no comportamento, isto é, a observação de um efeito fisiológico, que possa ser relacionado à ausência de um determinado recurso. É uma indicação da falta de cuidado humano. Hierarquia de necessidades Algumas necessidades podem ser mais importantes do que outras: Provisão de comida e água é uma necessidade fundamental Provisão de uma área de descanso confortável pode ser menos fundamental Manter a Vida Manter a Saúde Manter o Conforto (Hurnik & Lehman, 1985) Motivação em relação às Cinco Liberdades Nesta pesquisa, mais de 80% dos fazendeiros britânicos consideraram todas as liberdades de muita ou extrema importância. Esse índice será diferente para diferentes grupos de usuários e diferentes países. Mesmo na população pesquisada, altamente motivada, existem problemas de bem-estar animal significativos. No Reino Unido, por exemplo, 20% do gado de leite apresenta manqueira e a mortalidade de cordeiros atinge mais de 20%. Conflito das Cinco Liberdades Livre de doenças está em conflito com: medo do manejo durante um tratamento Livre para expressar comportamento está em conflito com: estresse durante interações sociais normais Todos os sistemas de produção restringem o comportamento normal Restrição do “normal” Óbvia: gaiolas parideiras Não tão óbvia: cama Significância das Liberdades Consenso entre cientistas e políticos em muitos países: O bem-estar deve ser considerado em termos das Cinco Liberdades. As liberdades fornecem: Uma indicação inicial sobre o que deve ser avaliado e O que deve ser disponibilizado aos animais. Elas não definem o padrão mínimo: Já que é extremamente difícil disponibilizar todas as liberdades o tempo todo. Avaliação do BEA Como avaliar? Métodos indiretos Dados do sistema Recursos oferecidos para a criação animal Indicadores: fatores de BEA Ambiente: Abrigo, qualidade da alimentação, água, cama; Tratador: Empatia, conhecimento, capacidade de observação; Animal: Raça, idade e sexo compatíveis com o sistema. Métodos diretos Efeitos Avaliação das consequências dos dados do sistema sobre o BEA Indicadores: Desempenho Índices de produtividade; Medidas tomadas nos animais Frequência cardíaca, níveis de cortisol; Estados do BEA Comportamento estereotipado, medo As Cinco Liberdades & dados do sistema / fatores Livre de fome e de sede: Livre acesso à água fresca e dieta que garanta saúde e vigor físico plenos Livre de desconforto: Ambiente apropriado, inclusive abrigo e área de descanso confortáveis Livre de dor, lesões e doenças: Prevenção ou de rápido diagnóstico e tratamento Livre para expressar comportamento natural: Espaço suficiente, instalações apropriadas e companhia da própria espécie Livre de medo e estresse: Assegurando condições e tratamento que evitem o sofrimento mental Base para quantificação de problemas Severidade Duração Número afetado Quantificação da severidade Desempenho da produção ex.: índices de crescimento Doença ex.: manqueira, pneumonia Fisiologia ex.: freqüência cardíaca, cortisol Comportamento ex.: medo Exemplo de severidade: Qual é a severidade do isolamento social de ovinos? Exemplo de duração: Por quanto tempo ovinos são sensíveis à dor após um episódio de manqueira? Número afetado Quantos animais sofrem manqueira em um dado momento? Indicadores fisiológicos do bem - estar animal – Aula 3 Definição do bem-estar animal (estado físico) “Bem-estar animal é o estado físico e psicológico de um animal diante de suas tentativas de lidar com o ambiente.” Professor Donald M. Broom Colleen Macleod Professor of Animal Welfare University of Cambridge UK Alteração no bem-estar = Alteração nesses estados = Respostas fisiológicas Tipos de respostas fisiológicas Alteração do bem-estar (estímulo) Ativação do SNC Respostas do sistema nervoso autônomo (2) Respostas neuroendócrinas Respostas do sistema nervoso autônomo (SNA) Sistema Nervoso Simpático - Medular da Adrenal SNS e Sistema nervoso parassimpático (SNP) Efeitos Do SNS Aumento do débito cardíaco Aumento da Frequência cardíaca (taquicardia) Aumento da Contração do músculo cardíaco Aumento do fluxo sanguíneo para os músculos Aumento da Vasoconstrição periférica Contração do baço Aumento no volume de ar inspirado Aumento da Frequência respiratória Aumento do Relaxamento dos bronquíolos Mensuração das Respostas do SNA Direta: Frequência respiratória Níveis de catecolamina Pressãosanguínea Frequência cardíaca Indireta: Habituação das adrenais Enzimas das adrenais Resposta do SNA = medida aguda Alterações patológicas = medida crônica Avaliação das técnicas de mensuração Prós e contras das técnicas quanto a: Invasividade Severidade da implantação Restrição Contenção necessária Perturbação Efeito da amostragem sobre o parâmetro Aumento da frequência cardíaca: Frequência cardíaca de ovinos se expostos a: Pessoa estranha ( 45 bpm) Pessoa estranha com cão ( 79 bpm) (Baldock & Sibly, 1990) Redução da frequência cardíaca Frequência cardíaca de roedor < quando perturbado por: - Estímulo - Barulho repentino visual ameaçador (Hofer, 1970) Arritmias cardíacas Indicadoras de alterações crônicas do bem-estar Taquicardia: Contenção repetida = arritmias em macacos (Corley et al., 1973) Bradicardia: Barulho e estímulos ameaçadores repetidos = arritmias em ratos (Hofer, 1970) Medição de frequência cardíaca Método Invasivo Restritivo Perturbador Direto, estetoscópio X Conectado, monitor polar X X Telemetria X X Remoto X X X Pressão sanguínea Medida de alterações crônicas do bem-estar Alteração do bem-estar = alteração da pressão sangüínea (PS) Agressão: PS em camundongos (Henry et al., 1975) Imobilização diária: PS em ratos (Lamprecht et al., 1973) Medição da Pressão sanguínea Método Invasivo Restritivo Perturbador Esfignomanômetro: Cauda, orelha e braço X Cateterização: Arterial X Telemetria X X Frequência respiratória Avaliação do estado atual Observação fácil Intimamente relacionada com frequência cardíaca Frequência respiratória de cordeiros após: Corte da cauda Castração (Mellor & Murray, 1989) Catecolaminas A medular da adrenal libera: Adrenalina (Epinefrina) Noradrenalina (Norepinefrina) Especificidade: Adrenalina = estímulos psicológicos Noradrenalina = estímulos físicos Medida de estado agudo: Liberação imediata (Rato: 1-2 segundos) Meia-vida curta (Rato: 70 segundos) Exemplos de catecolaminas Níveis de catecolaminas em ratos > com: Abertura da porta da gaiola Manejo e mudança de gaiola Imobilização (40 vezes > ) (Kvetnansky et al., 1978) Cobaias machos vencidas mostram níveis > de catecolamina em comparação às vencedoras (Sachser & Lick 1989) Medição de catecolaminas Necessidade de amostragem rápida Método Invasivo Perturbador Restritivo Variável Cateterização X X Urina X Necropsia X X X X Análise: Cromatografia líquida de alta precisão (HPLC) Respostas neuroendócrinas Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) Maior mediador de respostas endócrinas HHA: mobilização de reservas de energia para reação física HHA medeia respostas para: - Estresse - Atividade sexual - Cortejo - Chegada de alimentos Características do HHA Não tão imediato quanto o SNS Medida de mudanças agudas no bem-estar Exemplo: glicocorticóides no plasma aumentaram entre 2 e 10 minutos após o estímulo Podem permanecer elevados durante horas, dependendo da gravidade do estímulo Glicocorticóides Espécie - dependente: Cortisol: Humanos, Macacos, Suínos etc. Corticosterona: Ratos, Camundongos, Outros roedores. • Útil como medida direta aguda Glicocorticóide: exemplo 1 Cortisol em cordeiros, em resposta a: Corte da cauda Castração (Mellor & Murray, 1989) Glicocorticóide: exemplo 2 Corticosterona em ratos após confronto agressivo: Vencedor: inicial >, depois < Vencido: inicial >, permanecendo elevado (Henry & Stephens, 1977) Medição de glicocorticoide Método Invasivo Restritivo Perturbador Plasma X ou X ou Saliva x x Urina x x x Fezes x x x Análise: Enzyme-linked immunosorbent assay - ELISA Cromatografia líquida de alta precisão - HPLC Radioimunoensaio – RIA Outras medidas Outros efeitos dos sistemas neuroendócrino e nervoso autônomo podem ser usados para avaliar o bem-estar: Temperatura Patologias em órgãos Temperatura corporal Alterações em outros sistemas fisiológicos (ex. atividade adrenal) = mudanças da temperatura corporal central = medida do estado agudo > da temperatura corporal de ratos induzido por tempestades e pessoas estranhas (Georgiev, 1978) < Temperatura corporal observada em musaranhos vencidos em brigas (von Holst, 1986) Medição da temperatura Método Local Temp. central Invasivo Restritivo Perturbador Direto, ex. termômetro Boca, orelha e reto x Telemetria Interno x x Imagem térmica Pele x x x x Patologias em órgãos Alterações crônicas do bem-estar = grande variedade de patologias A maioria é avaliada post-mortem As patologias incluem: Hipertrofia da adrenal Lesões renais Lesões do miocárdio Aterosclerose Exemplos de Patologias Instabilidade social em grupos de ratas = hipertrofia da adrenal (Haller et al., 1999) A presença de animais dominantes causa lesões renais em animais subordinados em camundongos (Henry & StephensLarson, 1985) Lesões do miocárdio causadas por períodos de contenção mais prolongados em suínos (Wutzen et al., 1987) Indicadores comportamentais do bem - estar animal – Aula 4 O que é comportamento animal? “São as escolhas feitas pelo animal como resultado da análise dos estímulos ambientais” Essas escolhas são influenciadas por: Respostas inatas (ex.: espécie, raça) Estado fisiológico (ex.: idade, prenhez) Experiência anterior Útil no estudo do bem- estar animal pois dá indicações de como os animais se sentem: Escolhas feitas pelo animal Reação a uma variedade de estímulos Avaliações do comportamento usadas como indicadores do bem-estar Indicadores comportamentais na ciência do bem-estar Observação do comportamento Escolhas Trabalho que um animal fará para obter o que necessita Desvios do comportamento normal Observação do comportamento Observação e registro de como os animais utilizam o seu tempo em um ambiente natural - Etograma Repertório de atividades, Tempo dedicado a cada uma delas Registro do comportamento animal em um ambiente restrito AMBIENTE LIVRE/ABERTO 60 comportamentos diferentes em codornizes de peito azul Grande diversidade de comportamentos sexuais, parentais e contra predadores em galinhas domésticas AMBIENTE RESTRITO Frangos de corte mostraram entre 11 a 19 comportamentos em diferentes estudos Galinhas em gaiolas mostraram 18 diferentes comportamentos A observação do comportamento não indica a importância de determinadas restrições para um animal: O animal é capaz de adaptar-se às restrições? Pode estar perfeitamente satisfeito? Faz-se necessário a aplicação de outros métodos. Escolhas Ofereça ao animal uma diversidade de opções e o deixe escolher Explorar as preferências Escolhas: Exemplo Poedeiras com acesso a ninhos em: Sacos de feijão (SF) Piso puro (PP) Registro: número de vezes que elas escolheram cada tipo de ninho (registrado em 16 oviposturas). Saco de Feijão Piso puro Olhares 0,66 0,25 Exames 0,75 0,28 Entradas 0,81 0,15 Resultado: Galinhas preferem pôr ovos em ninhos com material solto, que elas possam manipular com seus corpos e patas. Conclusão: Animais escolhem a oportunidade de controlar o seu ambiente. Este método fornece ao cientista informação sobre as escolhas ou preferências de um animal. No entanto, ele não responde se o bem-estar do animal fica prejudicado caso ele não consiga o que prefere. Preferências: Luxo X Necessidades Essencial? 3. Trabalho que um animal fará para obter o que necessitaExperimentos que avaliam o nível de motivação de um animal: Faça o animal trabalhar por recompensas: Alimento ou areia para se banhar A quantidade de trabalho que o animal fará indica a importância da recompensa para o animal Um experimento avaliou o trabalho que uma porca estava disposta a fazer para: 1. Obter acesso a palha para a construção de ninho 2. Obter acesso a alimentos Análises: Nº entradas alimentos Nº entradas palha Pouco trabalho (uma pressão) 21,4 17 Muito trabalho (150 pressões) (2 dias antes do parto) 11,4 2,6 Muito trabalho (1 dia antes do parto) 17 16,4 Resultado: estes resultados mostram que a motivação da porca para construir um ninho é muito forte no último dia da gestação Conclusão: o animal trabalha mais duro para conseguir alimento como recompensa, mas em determinados momentos do ciclo reprodutivo, por exemplo, outras motivações podem estar muito fortes 4. Desvios do comportamento normal Foram comparados os investimentos do tempo (tempo gasto em diferentes atividades) de girafas em liberdade e em zoológicos GIRAFAS EM LIBERDADE GIRAFAS EM ZOOLÓGICOS Muito tempo gasto em locomoção Nenhum estereótipo observado Pouco tempo gasto em locomoção Todas mostram estereótipos, principalmente à noite Em um dos zoológicos, mais de 60% das noites foram passadas desempenhando comportamentos estereotípicos Conclusão: Padrões anormais de comportamento são mais comuns onde animais são mantidos em ambientes estéreis, com pouca estimulação Indicadores comportamentais na ciência do bem-estar – comparação com indicadores fisiológicos Vantagens Mais fácil/menos invasivo Requer menos equipamento Pode ser feito fora do laboratório Desvantagens Difícil interpretação Considerado menos rigoroso por alguns pesquisadores Avaliação e manejo do bem-estar em grupo – Aula 5 Objetivos Princípios da avaliação do bem-estar Métodos Aplicações Pesquisa Esquemas de certificação voluntária Legislação Ferramenta para assessoria – Medicina preventiva Gerenciamento da saúde e do bem-estar Programas de saúde para rebanhos Introdução Como avaliar milhares? Princípios Abordagem epidemiológica Seleção de uma seção representativa de grupos de animais Seleção ao acaso de animais de um grupo Avaliação da severidade e duração de um problema e número de animais afetados Índices: Prevalência e incidência Que grupos de animais? Animais de produção, laboratórios, ONGs / CCZs, animais silvestres: Sujeitos coletivamente aos mesmos fatores Requisitos para indicadores de bem-estar Aplicabilidade: restrições de tempo, custos, manuseio dos animais Confiabilidade: quantidade de erros ao acaso: Repetibilidade: Concordância de resultados - entre observadores e entre observações diferentes do mesmo observador Validade: Significado do parâmetro Métodos de avaliação Dados do sistema Medições das instalações Disponibilização de água e alimentos Qualificação do tratador Efeitos Avaliação do animal vivo Avaliação do animal morto (abatedouro, necrópsia) Podemos descrever “bem-estar” com um escore? Deve-se avaliar vários parâmetros: Alguns são mais importantes que outros? Eles podem ser somados em um escore? O que é um nível “normal”? Aplicações Pesquisa Monitoramento da saúde e do bem-estar Avaliação do impacto de intervenções Esquemas de certificação voluntária Legislação Assessoria – Medicina Preventiva Pesquisas Monitoramento: Variação em grupos “normais” Sistemas de criação Impacto das intervenções Sistemas de criação Sistemas de alojamento individual para porcas gestantes: • 2,4% mancas • 21,4% cascos muito longos • 41,7% calosidade Alojamento em grupo para porcas gestantes: • 5,3% mancas • 8,3% cascos muito longos • 18,2% calosidade Avaliação do impacto de intervenções Campanhas de vacinação Educação e treinamento dos proprietários Monitoramento BEA Silvestres • Avaliação de dados do sistema: – Disponibilidade de pasto apropriado, acesso à água. • Avaliação de efeitos: – Escore de condição corporal, número de animais novos, distância de fuga; – Parâmetros fisiológicos: cortisol nas fezes. Certificação voluntária Esquemas de certificação de fazendas: Ditados pelo mercado: Preocupação segurança alimentar: Holanda – IBK Reino Unido – esquema Red Tractor Mark, Freedom Foods - Alusão às Cinco Liberdades EUA – Programa de certificação Free Farmed Áustria – “Tierschutzgeprueft” EUREPGAP – Leigislação International Legislação Legislação da União Européia Padrões principalmente baseados nos recursos: Densidade populacional; Tipos de alojamento ( banindo as gaiolas industriais tradicionais para poedeiras); Acesso a alimento suficiente. Estes últimos podem ser avaliados observando os animais. Áustria: ANI (Salzburgo e Tirol) Escore mínimo. Irlânda Avaliação de saúde individual de vacas: teste de tuberculose. Suíça Avaliação e autorização para novos sistemas de criação. Assessoria / gerenciamento Análise de problemas Perceber, avaliar, agir e reavaliar Sistema de referências - Dando pontos de referência para Parâmetros baseados no animal Desempenho de produção Sistema de gerenciamento Plano de saúde - ex.: exigência para certificação da fazenda Sistemas ARPCC (Análise de Riscos e Ponto Crítico de Controle) Análise de problemas: Exemplo: fazenda de cabras Perceber o problema Avaliar Escore de condição corporal (ECC) Exame dos dentes Linfonodos superficiais Membranas mucosas Descarga ocular e nasal Claudicação Ação Reavaliação O que é um sistema de referências: Avaliação do bem-estar de uma fazenda Relatório para o fazendeiro com comparação de um par Produção de prioridades de ação específicas para a fazenda Identificação dos pontos fortes e fracos da fazenda Participação do fazendeiro: motivação para mudança Incentivo Competição entre fazendeiros em relação a resultados Sistema de incentivos Melhor preço para produtos animais quando os critérios são satisfeitos Educação Elevar a noção do próprio desempenho Noção das soluções dos problemas nos sistemas de criação Aplicação Definição de desempenho mínimo em relação ao bem-estar Pode ser usado para aprovar/reprovar – ex.: legislação dependente do animal Alternativamente, o fazendeiro é obrigado a criar e implementar um plano de ação para obter certificação Plano de saúde 62. Cada plantel deve ter um programa escrito de saúde e bem-estar, elaborado, onde necessário, com a assessoria de um consultor. Este programa deve definir as atividades de saúde e criação para o ciclo anual completo de produção. O programa deve ser revisto e atualizado anualmente pelo fazendeiro e deve estar disponível para fiscalização pelas autoridades. Farm Animal Welfare Council Report on dairy cattle (1997) Quem é responsável? Proprietário Responsabilidade geral Formular um plano de procedimentos Manter registros Consultor- ex.: Médico veterinário /Zootecnista Consultoria nos planos e sistema de registros Avaliação do desempenho Consultoria para correções Assessor de certificação Avaliar disponibilidade dos planos de saúde/registros Avaliar a frequência de revisões Avaliar a implementação do plano de saúde Avaliar a eficiência do plano Aula 6 - Interações homem-animal Interações homem-animal Animais selvagens Cultura & religiosidade: Xamanismo e Povos indígenas do Brasil. Caça: Subsistência Caça: esportiva Competição: Pragas. Animais de utilidade Animais de produção (bovinos, aves, etc). Animais de experimentação (camundongos, ratos, etc.) Animais de trabalho (tração, cães de caça, pastores, de guarda e terapeutas) Animais de companhia Por que as pessoas têm animais de estimação? Companhia Vontadede cuidar Moda/status Coleção Por que interagimos com animais? Humanos são seres sociais e emotivos com forte necessidade de se comunicar e de sentir empatia pelos outros Atividade e Terapia Assistida por Animais Comunicação inter-espécies Assistido Animal “terapeuta” Prática multidisciplinar e multiprofissional Visões conflitantes em relação a animais Teoria da dissonância cognitiva As pessoas experimentam sensações desagradáveis de “dissonância cognitiva” quando abrigam opiniões ou motivações conflitantes. Elas mudarão seu comportamento ou sua atitude para evitar ou superar a dissonância. Festinger (1957) Dissonância 1: Ritual Pessoas que caçam para sua subsistência muitas vezes usam práticas rituais para ganhar a “aprovação” do animal caçado: Abstinência alimentar e sexual Ritual de purificação Falar da caça com respeito Pedir desculpas ao animal morto Tratamento cerimonial das carcaças Ritual de descarte das partes não aproveitáveis Evitar desperdício Dissonância 2: Separação Montanhas da Nova Guiné: as mulheres criam os porcos, os homens os matam e os comem. Japão: Açougueiros e curtidores - grupo à parte (burakumim). Estigmatizados até hoje. Cultura urbana moderna: a criação / abate de animais executados por uma ínfima parte da população Dissonância 3: Objetificação Livro da Gênese: O homem tem domínio sobre todas as coisas vivas Aristóteles: Hierarquia natural, com o homem no topo, acima do resto da criação. Tomás de Aquino: Somente os humanos possuem almas racionais; todos os animais foram criados para servir à humanidade. Quais são os efeitos causados pelos animais de estimação? Efeitos sobre a saúde Efeitos sociais Efeitos sobre atitudes Educação humanitária A crueldade com animais tem relação com a crueldade com humanos? Duas associações possíveis: Uma criança cruel com animais “Graduando-se” para ferir pessoas como adulto. Abuso de animais tem relação com o abuso infantil/espancamento de mulheres? Negligência com animais tem conexão com negligência com crianças ou autonegligência? Evidência: a hipótese da “graduação” Crueldade extrema de crianças com animais contribui para o diagnóstico de desordem da conduta A desordem da conduta pode preceder um futuro diagnóstico de desordem de personalidade anti-social severa no adulto (psicopatia) Crianças agressivas maltratam animais e humanos A “graduação” do animal para o homem ainda não está provada Evidência: a hipótese da co-ocorrência Estudos de casos e entrevistas sugerem uma ligação entre abuso/negligência em relação a animais e abuso/negligência em relação a crianças Entretanto, nem sempre o abuso de animais passa para o abuso de humanos (e viceversa) O que é preciso: vigilância profissional (ex.: médicos veterinários), maior coleta de dados, mais pesquisa. Aula 7 - Introdução à ética do bem-estar animal O que é ética? Ética: Ethos (Grego) = modo de ser, caráter. Filosofia: Significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade. Moral: Mos (Latim) = costumes. Um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Diferenças: Ética (Teórico) X Moral (Normativa) Semelhanças: “ethos” & “mos” indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas que é “adquirido ou conquistado por hábito” Ética lida com a distinção entre valores pessoais do que é: Bom X Mau, Certo X Errado. A teoria da ética: Ramo da filosofia da moral: “DEVEMOS”: comportar e viver A ética faz parte da vida cotidiana: Atos particulares (impactos)→ interesses coletivos Por que médicos veterinários precisam de ética? Conflitos éticos Médicos veterinários têm obrigações para com diferentes partes (rede de obrigações): Enfrentam decisões éticas constantemente Conflitos de interesse → “Estresse moral” A ética é a ferramenta: Tomada de decisões de forma adequadas Maior compreensão dos interesses: Próprios do indivíduo Da profissão Dilemas éticos Dilema: Um problema que oferece duas soluções, sendo que nenhuma das quais é aceitável. Dilema ético: Situações nas quais cada escolha possível parece estar moralmente errada. Exemplo: Atender um paciente de proprietário que comete maus tratos / com animais silvestres Código de ética (Sigilo) → foco no proprietário Leis de proteção animal → foco no paciente Nem todos os problemas éticos são dilemas Muitos podem ser resolvidos com reflexão cuidadosa Status moral de animais Status Moral Status: honra ou o prestígio anexado a determinada situação. Status Social: Valor associado à posição de alguém na sociedade. Status Moral: Valor moral associado aos animais & obrigações para com os mesmos. O status moral de animais Posicionamentos : Animais não têm status moral: Não temos obrigações com eles. Pragas” têm algum status moral? Animais têm valor “instrumental” Temos obrigações indiretas com eles: Não bata no cão porque isso pode aborrecer o proprietário; Animais de experimentação têm somente valor instrumental para o homem? Animais têm valor “intrínseco” Temos obrigações diretas com eles: Não bata no cão porque dói e isto importa! Razões para atribuir valor moral intrínseco aos animais Se animais têm vida mental e sentimentos (ex.:) se podem sentir dor Interesses emanam desses sentimentos (ex.:) o interesse em evitar dor As pessoas têm obrigação de respeitar tais interesses? Senciência Capacidade de ter: Sensações: frio, calor, etc. Sentimentos (Estados mentais): Medo, alegria, ansiedade, etc. Filosofia: Atribui valor moral ao animal – preservação de interesses requisito mínimo para atribuir status moral. Existem outros aspectos da vida mental que podem ser importantes: Autoconsciência: ter noção de si próprio dentro do tempo A capacidade de se comunicar com outros usando linguagem. A capacidade de ter desejos ou crenças A capacidade de agir moralmente Quanto + atributos > interesses > Status Moral! Evidências de senciência Evolução Processo contínuo entre seres humanos e outros animais “Um ancestral comum evoluiu sentimentos que são compartilhados em espécies descendentes” Fisiologia e anatomia Semelhanças com seres humanos: Estados mentais provavelmente estejam intimamente ligados à estrutura e atividade do cérebro Neuroanatômicas Neurofisiológicas Estudos comportamentais: Dor Procuram evitar ou fugir de estímulos dolorosos Limitam o uso da parte afetada Aprendem a evitar situações dolorosas Estas respostas são modificadas pelo uso de drogas analgésicas Argumentos céticos contra o status moral de animais Especicismo: Somente os membros da espécie Homo sapiens têm status moral. Reciprocidade: Pode-se ter direitos sem ter obrigações? PORÉM, se crianças muito novas ou indivíduos com incapacidade mental severa têm status moral, por que não animais? Animais não têm alma: Animais como máquinas. Ausência de linguagem: Pré-requisito para possuir consciência. Conceitos importantes na ética animal Antropomorfismo Atribuição de características humanas a um animal Especicismo & “Igual consideração de interesses” Discriminação dos animais baseada em sua espécie Demanda tratamento igual onde há interesses iguais Utilitarismo Enfatiza as consequências dos atos Procura maximizar resultados benéficos “O maior bem para a maioria dos indivíduos” Problemas: Justifica o uso de animais em experimento por análise utilitarista de custo-benefício. Se é necessário o sofrimento moderado de 100 camundongos para se ter uma chance de 10% de produzir uma vacina contra uma doença humana leve, como calcular isto? É possível existir um equilíbrio entrecusto e benefício quando alguns indivíduos arcam com todo o custo e outros levam todo o benefício? O utilitarismo de Peter Singer : Procura maximizar a satisfação de todas as espécies ↑ interesses dos animais versus ↓ interesses do homem “A Liberação Animal’” (1975) – Iniciou o movimento de mesmo nome. Abordagens da ética animal: Ética baseada no dever “Deontologia” Do grego “deontos” significando “obrigação” Ênfase maior nos princípios que guiam o comportamento do que nas suas consequências Por exemplo, trate as pessoas por elas mesmas, não como meios para um fim. A deontologia de Tom Regan: Direitos animais Deontologia (grego “deontos” =“obrigação”) Ênfase maior nos princípios que guiam o comportamento do que nas suas conseqüências Ex.: Trate as pessoas por elas mesmas, não como meios para um fim. Direitos animais: Tipo de teoria deontológica Animais têm valor inerente Os direitos emanam deste valor inerente Ponto de vista exige “abolição da produção/experimentação animal” Abordagens da ética animal: Pontos de vista híbridos Diferentes teorias às vezes entram em conflito As pessoas muitas vezes combinam diferentes teorias Combinação de utilitarismo e direitos – existe certas práticas que talvez não sejam justificáveis por nenhum tipo de consequência. Direitos animais e bem-estar Direitos e bem-estar não necessariamente opostos A ciência do bem-estar não implica aceitação de todas as práticas costumeiras “Novo Bem-estar” - bem-estar (curto prazo) e direitos (longo prazo) Abordagens da ética animal: uma matriz ética Aula 8 - Legislação de proteção animal Ciência, ética e lei A ciência bem-estar considera os efeitos dos seres humanos sobre o animal da perspectiva do animal A ética do bem-estar considera as atitudes humanas para com os animais A legislação de bem-estar considera como os seres humanos são obrigados a tratar os animais A base da legislação “De forma completamente óbvia, as leis freqüentemente afetam a moralidade pública e a moralidade pública determina as leis.” Bernard Rollin Definições • Costume: uma regra estabelecida na comunidade pelas autoridades ou tradição; um corpo de tais regras • Legislação: redação de lei; um grupo de leis • Lei: uma norma específica aprovada por um corpo legislativo • Infração: um ato contrário à lei • Réu: uma pessoa acusada de uma infração em um tribunal de justiça • Autor: uma pessoa ou instituição trazendo um processo ao tribunal Características do sistema legal Tribunais utilizando ambas as leis estatutárias e comuns Reino Unido Lei romano-germânica, utilizando somente leis estatutárias Europa Continental Lei teocrática, derivada puramente de textos religiosos Arábia Saudita e no Irã Interpretando leis: a base da lei Proibitiva ex.: The Animal Welfare Act 1966, EUA – o que você não pode fazer Prescritiva ex.: The Laying Hens Directive 99/74/EC, UE – o que você tem de prover Custo/benefício ex.: The Animals (Scientific Procedures) Act 1986, RU – o provável benefício justifica os danos causados. Interpretando leis: identificação da infração The Prevention of Cruelty to Animals Act 1960, Índia - “causar dor ou sofrimento desnecessário” Código de Regulamentos Federais Capítulo III, Parte 313, EUA - “causar tratamento nãohumanitário” Diretiva de Conselho 91/630/CEE – a “Diretiva para Suínos” - “Estados membros devem assegurar que as condições para a criação de suínos estejam de acordo com...” Interpretando leis: a natureza da infração Mens rea subjetiva Mens rea objetiva Responsabilidade estrita A natureza da infração - mens rea subjetiva Wild Mammals Protection Act, RU, 1996 “Se uma pessoa mutila, chuta, …qualquer animal selvagem COM INTENÇÃO de infligir sofrimento desnecessário” - a infração é testada em termos da intenção do réu. A natureza da infração - mens rea objetiva O “Animal Protection Act”, Reino Unido, 1911, considera infração causar “sofrimento desnecessário” A infração é definida em termos das opiniões de uma “pessoa razoável” A natureza da infração - mens rea objetiva O Animal Protection Act, RU, 1911 – os testes legais: Houve sofrimento? O sofrimento foi desnecessário? Uma pessoa razoavelmente competente e humanitária teria tolerado tais ações? A natureza da infração - responsabilidade estrita A Welfare of Animals (Transport) Order, RU, 1997, considera uma infração transportar um animal “de forma que cause, ou provavelmente cause, ferimento ou sofrimento desnecessário” - As opiniões do réu e da sociedade são irrelevantes - Se um animal for ferido, uma infração foi cometida Interpretando a legislação: que poderes são autorizados? Acesso Parada e fiscalização Confisco Interpretando a legislação: que penalidades estão disponíveis em caso de condenação? Multa – que valor? Prisão Proibição de posse Proibição de responsabilidade pelos cuidados Proibição de produção A efetividade da legislação de bem-estar animal Desafios para a efetividade Status legal dos animais: Propriedade X Seres sencientes. As restrições legais podem depender do status e das circunstâncias do animal. Ex: coelho. Ausência de indicação da previsão adequada em legislação proibitiva Reinterpretação dos termos pelos órgãos da indústria Ex.: “pisos sólidos podem ter até 10% de aberturas” A distribuição da responsabilidade pela aplicação da lei entre vários departamentos governamentais, reduzindo a coordenação. Aprovação de estatuto mal formulado, por pressa em resposta à pressão política. Dangerous Dogs Act, Reino Unido. A natureza subjetiva de infrações levando a diferentes interpretações entre tribunais – ex.: “dor desnecessária” e “estresse desnecessário” Agriculture (Miscellaneous Provisions) Act, do Reino Unido, 1968 Limitação de recursos Aplicação/fiscalização variáveis Fiscais compartilhando interesses dos fiscalizados Limites nos poderes de acesso, parada e fiscalização, confisco e detenção Confidencialidade comercial Estatutos sem previsões para: Poderes de confisco – réus mantêm posse dos animais durante o processo Proibição de posse – parte condenada permanece com os animais Proibição de responsabilidade pelos cuidados – posse é transferida, porém os cuidados ainda são providos pela parte condenada Necessidade de acomodação de: • Pressão doméstica, econômica e política • Acordos comerciais internacionais • Confrontos com outras legislações Lei modelo de bem-estar Um estatuto único, departamento único Infrações de responsabilidade estrita Prescritiva Ampla e coerente Poderes de parada, fiscalização, confisco e detenção Penalidades de proibição de posse e responsabilidade pelos cuidados Órgão fiscalizador nacional No formato de aprovação e emendas mais imediatas Legislação Vigente Decreto 4.645 de 10 de Junho de 1934; Lei nº 6.638, de 08 de Maio de 1979; Lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998; Substitutivo ao Projeto de Lei 116/2000;
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