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Monografia de Jurídica Franciele A

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universidade federal de alagoas 
unidade educacional de Palmeira dos Índios- campus arapiraca
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Franciele Alves Vieira
PSICOLOGIA JURÍDICA
 
 
Palmeira dos Índios
 2017
universidade federal de alagoas 
unidade educacional de Palmeira dos Índios- campus arapiraca
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Franciele Alves Vieira
PSICOLOGIA JURÍDICA
Trabalho Acadêmico apresentado as Prof.ªs Carol Padilha e Lidiane Barbosa, com vistas à obtenção de nota para compor a Avaliação Bimestral AB¹ na disciplina eletiva de Psicologia Jurídica, da turma do 6º Período, do Curso de Bacharelado em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, Unidade Educacional de Palmeira dos Índios.
Palmeira dos Índios
2017
JOVENS QUE COMETERAM ATO INFRACIONAL
Dentro de uma lógica de exclusão, de um contexto de vulnerabilidade e com direitos negados é que se encontra o menor, menor este que foi caracterizado desde o Código Criminal do Império o qual propagou do âmbito jurídico para o social que as crianças e os adolescentes da classe baixa são potencialmente perigosos e possivelmente poderiam trazer prejuízos a sociedade ao colocar a ordem instituída em risco. Adiante na história, identificamos a instituição da infância que fruto da modernidade torna-se necessária para a qualificação da mão de obra. Esse processo de construção da referida infância é permeado por discursos científicos que também diferenciam as crianças dos menores: 
[...] a pediatria, a pedagogia, a puericultura e as influências da Escola Positiva de Cesare Lombroso e de suas nocões biodeterministas – a degenerescência, a predisposição ao crime, as tendências antissociais e a transmissão hereditária – revelam-se fundamentais na diferenciação entre crianças (filhas das famílias ricas) e menores (filhos dos pobres) [...]. (SANTOS, 2011, pag 52).
No que tange as contribuições da psicologia ao âmbito jurídico são de longas datas ao passo que seus discursos influenciaram a diferenciação entre os padrões de conduta corretos, os das famílias ricas, e os incorretos e patológicos, os da população pobre, instituindo assim padrões de normalidade. No Brasil de acordo com Santos (2011) o discurso ‘’psi’’ data das primeiras décadas do século XX atrelado as preocupações com o destino adequado à infância desadapta e às crianças difíceis, momento o qual as instituições de abrigo e/ou correções de menores se apropriam de instrumentos de avaliação e diagnóstico psicológico.
Dito de outro modo, o discurso e a prática psicológica sobre a infância caracterizaram-se no Brasil como instrumento de adaptação e controle da menoridade, constituindo-se o menor como um dos primeiros objetos de estudo que se conhece na história da psicologia brasileira. (COIMBRA, 2002 apud SANTOS, 2011, p. 55).
A prática acrítica da psicologia de adestrar os menores a partir de perícias com o intuito de fornecer subsídios para a tomada de decisões, de averiguação de periculosidade, de condição de discernimento ou sanidade mental se torna necessária dentro de um contexto de modernidade do século XIX onde o punir alia-se, como aponta Foucault, a uma reforma psicológica e uma correção moral dos sujeitos.
Diante dessa concepção preconceituosa sobre as crianças e adolescentes de classe baixa surgem críticas as quais através do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente (o Fórum DCA) torna possível um novo texto para a Constituição Federal de 1988, tornando a criança e o adolescente cidadãos de direitos tanto sociais, como políticos e jurídicos. Esses direitos constitucionais são concretizados com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8069/90) que baseia na Doutrina da Proteção Integral possuidora de um caráter ético, social e político. Com isso a criança e o menor tornam-se perante a lei sujeitos de direitos iguais.
No campo da jurisdição segundo SANTOS (2011) a psicologia participa no ano de 1992 da 2ª Vara da Infância e Juventude de forma politicamente atuante resgatando a autoria dos envolvidos na dinâmica do processo reconhecimento seu potencial político deixando de lado o assujeitamento e defendendo a singularidade e subjetividade dos sujeitos. 
Desarraigado da perspectiva punitiva que a mídia formadora de opinião defende o Conselho Federal de Psicologia (1992) ao designar as atribuições do profissional de psicologia delimita como objetivo da referida profissão a promoção do respeito, da dignidade e integridade do ser humano. Além disso, no mesmo documento caracteriza, dentre outros campos, o papel da psicologia no judiciário como sendo de colaboração no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência, além de contribui para a formulação, revisões e interpretação das leis. 
Por fim, devemos nos atentar para o sofrimento causado pelo encarceramento dos adolescentes, ao passo que a punição se refere a uma vida que será de forma drástica descontinuada. A prisão segundo Santos (2011), em vigiar e punir de Foucault, é inútil em relação a regeneração dos prisioneiros, portanto não haveria contribuições a fazer ao desenvolvimento de crianças e adolescentes infratores. Além disso, é necessário identificar os estereótipos nos discursos em relação aos adolescentes de classe baixa que vivem em estado de miséria e exclusão social, que por vezes são remetidas as faltas e as dificuldades dos adolescentes a eles mesmo ou a seus familiares, discursos esses que reproduzem a lógica do Estado mínimo, isento de suas responsabilidades com seus cidadãos, ou como bem coloca Santos (2011) ao citar Foucault (2000) são repetições de pequenas práticas insignificantes e descontínuas que disseminam as grandes instituições e os paradigmas sociais. 
REFERENCIAL TEÓRICO
ARANTES, E. Pensando a Psicologia Aplicada a Justiça. In: GONÇALVES, Hebe (org.). Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU ed., 2011, p.15-50.
SANTOS, Érika. (Des) construindo a “menoridade”: uma análise crítica sobre o papel da Psicologia na produção da categoria “menor”. In: GONÇALVES, Hebe (org.). Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU ed., 2011, p.43-70.
Contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o catálogo brasileiro de ocupações, 1992.

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