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Manifestações Culturais Esportivas II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Ivan Luis dos Santos Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física • Tematização das Manifestações Esportivas e a Produção Rizomática dos Conhecimentos • Problematização e a Desconstrução das Representações Hegemônicas nos Esportes • A Genealogia Arqueológica e a Etnografia como Alternativas Metodológicas para Tematização e Problematização das Manifestações Esportivas · Compreender os conceito de tematização e problematização, bem como suas influências teóricas. · Reconhecer possibilidades didáticas para a produção dos conheci- mentos esportivos e desconstrução das representações hegemônicas no âmbito do currículo da Educação Física · Reconhecer a genealogia arqueológica e a etnografia como alternati- vas metodológicas para tematização e problematização das manifes- tações culturais esportivas OBJETIVO DE APRENDIZADO Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física Contextualização O planejamento dos temas esportivos nas aulas de Educação Física não pode se dar apartado de alguns princípios e procedimentos didáticos que, uma vez somados, contribuem para que os alunos leiam as manifestações culturais esportivas – inseridas na sociedade mais ampla – sob uma perspectiva crítica e afeita às relações solidárias entre os sujeitos. De acordo com Françoso e Neira (2014), a utilização do esporte como instrumento de promoção de saúde ou de propagação do discurso da perseverança individual (“adquirir certas habilidades e competências para ser – e continuar sendo – um desportista”) não ajudam o processo de democratização das relações humanas. Além disso, permanecer somente na crítica de maneira passiva de nada adianta. É preciso que os docentes busquem reinventar cotidianamente sua ação didática a fim promover experiências que auxiliem efetivamente no alcance da justiça social. Assim sendo, opondo-se ao ensino escolar que despreza o entendimento que os sujeitos possuem da realidade, Paulo Freire propôs a tematização das práticas culturais – e os esportes, não escapam!! –, validando os seus respectivos modos de ocorrência na sociedade. Mais especificamente, o autor desenvolveu uma concepção de prática educativa alternativa à educação bancária, portanto, alternativa à educação cujo saber. [...] é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia, da opressão a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro (FREIRE, 2005, p. 67). Você já tinha ouvido falar de Paulo Freire? Ultima Entrevista a Paulo Freire 1° parte: https://youtu.be/Ul90heSRYfE Paulo Freire Ultima Entrevista 2° parte: https://youtu.be/fBXFV4Jx6Y8Ex pl or Sobre suas contribuições para área da Educação e da Educação Física? Dos conceitos de tematização e problematização por ele inaugurado? A partir das ideias freireanas e de suas ressignificações pelo referencial das teorias pós-críticas – de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jacques Derrida –, NÃO é mais possível que pensemos o trabalho com as práticas esportivas no currículo escolar organizado linearmente, pautado em sequencias didáticas, ou ainda, que se dê ausente de problematizações e ações metodológicas que atuem sobre/nas relações de poder. 8 9 Afinal, como pode um professor de Educação Física lutar contra as forças que parecem empurrar-nos para a desumanização? Ao tematizar o esporte, o docente não pode ocultar os inúmeros casos de doping nas competições, os desvios de recursos públicos destinados à organização dos megaeventos, o superfaturamento de multinacionais que comercializam materiais esportivos, a exploração do trabalho infantil para confecção de bolas e chuteiras em países de Terceiro Mundo, o aumento exorbitante dos preços de ingressos em partidas de futebol, a máfia dos cambistas, a fixação de horários dos jogos para atender aos interesses das emissoras de televisão, os vários casos de falsificação de documentos que alteram a idade de atletas que enxergam na fraude o único meio de vencer, entre tantos outros acontecimentos que rodeiam o mundo esportivo. 9 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física Tematização das Manifestações Esportivas e a Produção Rizomática dos Conhecimentos Conforme já vimos até este momento da disciplina, na proposta cultural da Educação Física o ponto de partida para escolha dos conteúdos e das atividades de ensino é a prática social da manifestação esportiva em foco. Reconhecemos que o patrimônio cultural corporal encontra-se imerso num intrincado processo de relações e significados e que, portanto, ler e interpretar os códigos veiculados pelas manifestações esportivas constitui-se numa ação didática fundamental, base da necessária crítica cultural. De acordo com Moreira e Macedo (2001), a crítica cultural é uma via para analisar as identidades, criticar mitos sociais que subjugam determinados grupos, gerar conhecimento baseado na pluralidade e construir um ambiente solidário em torno dos princípios da liberdade, prática social e democracia. A organização de atividades de leitura das práticas esportivas proporciona condições necessárias para a crítica cultural. Segundo Neira (2011), mediante a leitura da prática esportiva objeto de estudo, os alunos analisam sua configuração e posicionamento no tecido social, bem como a dos seus representantes (procedimentos, características da prática, regras, técnicas, táticas, participantes, recursos necessários, localização etc.); o modo como é organizada; como é representada pelos próprios alunos ou por outros grupos culturais;quais os discursos pronunciados sobre ela etc. Para o autor, esse modo de proceder dá visibilidade a uma multiplicidade de aspectos que remeteram os alunos à análise da existência cotidiana daquela manifestação cultural esportiva, sendo necessário recorrer a conhecimentos de outras áreas para adquirir uma noção da complexidade das relações sociais que assolam as práticas na cultura. Assim sendo, a ação do currículo deve consistir numa mobilização de múltiplos saberes, que estabelecem relações de diversas naturezas e que dialogam com múltiplas formas de explicar o real, inclusive o senso comum (NEIRA, 2011). Isso torna possível afirmar que a tematização das manifestações esportivas em aulas de Educação Física não se preocupa em alcançar uma única verdade. Pelo contrário, busca combater a universalização e naturalização dos conceitos, fecundando o questionamento dos discursos, desnudando-os de forma a tornar explícitos os jogos de poder-saber em que foram produzidos e dotados de estatuto social. Na tematização, a estrutura do conhecimento assume forma fascicular, em que não há ramificações e sim pontos que se originam de qualquer parte e se dirigem para quaisquer outros pontos. 10 11 Tomando de empréstimo a imagem criada por Deleuze e Guattari (1995), temos que na proposta cultural da Educação Física o conhecimento sobre as práticas esportivas é tecido rizomaticamente no currículo. Utilizando-se de uma referência imagética oriunda da Biologia – o rizoma – e valendo-se de categorizações avessas à Psicologia e à tradição fi losófi ca ocidental, Deleuze e Guattari (1995) propuseram o arquétipo de um emaranhado conceitual, no qual se desenvolveria por meio de conexões circunstanciais, a maturação do conhecer humano. Oposto a árvore, o rizoma não é objeto de reprodução externa como árvore-imagem, nem reprodução interna como estrutura-árvore. A crítica deleuze-guattariana está na própria inércia instituída pelo modelo ocidental-moderno de pensamento arborescente cujos galhos só podem se comunicar com o tronco e nunca entre si. Um rizoma, por sua vez, está sempre a caminho. “Um rizoma nem começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-se, intermezzo. A árvore é fi liação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 37). A metáfora do rizoma faz com que o processo pedagógico questione as fronteiras estabelecidas pela modernidade que colocam o conhecimento científi co de um lado e o conhecimento tecido nas esferas cotidianas da sociedade de outro. Conceber o trabalho pedagógico na perspectiva rizomática requer, sobretudo, a compreensão de que existem diversas formas de conhecimento que dialogam entre si dentro de contextos histórico-sociais específicos, e a partir das múltiplas conexões estabelecidas entre os saberes da ciência, do popular, do mítico, do artístico etc. Sob esta compreensão, a tematização das manifestações esportivas no currículo escolar não tem por objetivo estabelecer uma aprendizagem de causa e efeito. Procura simplesmente “abordar as infinitas possibilidades que emergem das leituras e interpretações da prática social de cada manifestação” (NEIRA; NUNES, 2009, p. 262). Tamanho conjunto de elementos e relações impossibilita a previsão de todas as condições do fenômeno educativo (atividades, respostas dos alunos, surgimento de novas ideias, modificações do contexto etc.), de modo a garantir um determinado percurso formativo. Daí atribuir-se à tematização das manifestações culturais esportivas um caráter aberto, não determinista, não linear e não sequencial; limitado e estabelecido apenas em termos amplos, que tecem a todo momento uma rede de significados a partir da ação e interação dos seus participantes. Contando com a riqueza de possibilidades provenientes dos alunos e do docente mediante os acontecimentos das aulas, a tematização constitui-se sempre de forma dinâmica e complexa. Sendo assim, as intenções educativas, objetivos e conteúdos postos ao longo do processo vão sendo enriquecidos de infinitas maneiras tal como podemos observar no relato de experiência do professor Alexandre, que tematizou o futebol americano e o rugby junto a um grupo de alunos do Ensino Médio. Conta- nos o professor que: 11 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física [...] Após assistirem os vídeos, os alunos observaram que a organização do rúgbi não era tão diferente do futebol americano, no que diz respeito às funções dos jogadores. A gente não aprofundou isso naquele momento, mas levantei algumas questões, referente ao que era distintivo entre estas práticas esportivas: ‘Quanto à organização do jogo, será que são diferentes só pela questão de jogar com os pés, ou há uma questão ideológica nessa formação?’ Eles discutiram muito essa questão. [...] No rúgbi toca-se a bola para o lado ou para trás e no futebol americano é permitido lançar; no rúgbi só é possível lançar com os pés. [...] Durante as vivências que fizemos na quadra muitas discussões estavam relacionadas às ações que aconteciam no jogo. Mas aí eles partiram para uma discussão para ver o que era melhor no futebol e o que era melhor no rúgbi. ‘Isso é bom no rúgbi. Isso é bom no futebol americano’. Alguns diziam: ‘O Futebol Americano é mais legal, tem equipamentos! O rugby é mais chato, ficam todos amontoados. Rugby não tem choque! Futebol Americano tem mais ação. Super Bowl, é da hora!’. Muitas falas já evidenciavam que os alunos tinham buscado dados sobre as práticas e tentavam sustentar-se neles. Foi um embate interessante. Refletindo sobre estes acontecimentos, cheguei e disse: ‘por que ao invés de discutir o que é melhor, a gente não identifica o que caracteriza o rúgbi e o que caracteriza o futebol?’ (MAZZONI, 2011, p. 2). Saiba mais sobre o relato de experiência, acessando: https://goo.gl/1Wzs1u Ex pl or Da mesma forma que na prática pedagógica narrada pelo professor Alexandre, podemos notar semelhante tessitura rizomática do currículo no relato de experiência levado a cabo pela professora Nyna, que tematizou a bicicleta e, dentre outras coisas, o uso desta nas práticas esportivas. A partir dos resultados da pesquisa sobre o ciclismo realizada pela aluna Viviane e descritos num texto bastante objetivo, teve início uma ampla dis- cussão desse esporte. O trabalho trouxe fragmentos da história da modali- dade e apresentou as quatro categorias de competição: provas de estrada, provas em pista, provas de montanha (mountain bike) e BMX. Para cada uma delas há um tipo específico de bicicleta. Viviane também contribuiu, apresentando as subcategorias da mountain bike e as curiosidades do evento Down Town de Lisboa. As ideias veiculadas nos levaram a retomar e problematizar a pesquisa do Henrique sobre o BMX e suas manobras, com destaque para a independência desse esporte com relação aos cam- peonatos e torneios oficiais. Ao final das exposições, fui esclarecendo os questionamentos dos alunos que pesquisaram, bem como dos colegas que acompanharam as apresentações (ESCUDERO, 2009, p. 12). De acordo com Neira (2011), a proposta cultural da Educação Física, tal como pode ser observado nos excertos acima, mantém-se atenta aos diversos posicionamentos e discursos que eclodem nas aulas, durante toda tematização. No diálogo aberto, o exercício da argumentação dos sujeitos que dele participam garante que as posições diferentes tenham iguais condições de serem ouvidas. Ao 12 13 dialogarem sobre as práticas esportivas do futebol americano e do rugby, bem como da bicicleta, num primeiro momento, os alunos dos professores Alexandre e Nyna, respectivamente, externaram seus conhecimentos de forma difusa e sincrética. Em seguida, as problematizações fomentaram análises cada vez mais profundas e o acesso a outros olhares/saberes,possibilitando a construção de sínteses pessoais e coletivas. Portanto, são as problematizações que movimentam a tematização em curso (SANTOS, 2016). Mais especificamente, o autor destaca que, quanto mais se problematiza, maiores são as chances da tematização manter-se atenta ao processo de fixação simbólica, dada a intensificação da circulação dos discursos sobre as práticas esportivas e seus representantes. Sob essas circunstâncias, a ação do(a) professor(a) é continuamente (re) centralizada, colocada em devir. Estamos a assumir que a tematização, enquanto processo, tem na problematização o seu vetor, que tece o rizoma e intenciona a desconstrução dos discursos hegemônicos. [...] Com a problematização, a tematização torna-se permeável a agenciamentos inesperados, desrruptivos e criadores, que prolongam as linhas de fuga do próprio currículo em ação (SANTOS, 2016, p. 159). Problematização e a Desconstrução das Representações Hegemônicas nos Esportes Conforme destaca Neira (2011, p. 116), “o currículo cultural da Educação Física adota uma concepção metodológica dialética, nos mesmos moldes da pedagogia freireana”. Nesse sentido, o ato de conhecer/ aprender as manifestações esportivas não é uma ação isolada – individual – ou desinteressada, uma vez que envolve intercomunicação, intersubjetividade e intenção, mediante situações concretas que fundamentam as vidas diárias dos sujeitos envolvidos no processo. O atletismo, o tênis de mesa, o boliche, o futebol, o poker, o snooker, o basquete dentre outras manifestações esportivas, são textos da cultura corporal que, ao adentrarem ao currículo da Educação Física, são lidos (e produzidos) a partir da perspectiva de cada aluno, dadas suas experiências e conhecimentos acumulados em outros espaços vividos. Para Silva (2011, p. 59), é, justamente, “a intersubjetividade do conhecimento que permite a Freire conceber o ato pedagógico como um ato dialógico”, através do qual o mundo – objeto a ser conhecido – não é simplesmente comunicado; o ato pedagógico não consiste em simplesmente comunicar o mundo. Em vez disso, cria- se dialogicamente um conhecimento do mundo. Na perspectiva freireana, o diálogo passa a ser uma estratégia epistemológica e pedagógica em que a relação dialógica dos sujeitos entre si e com a realidade cognoscível constitui relações dialéticas de transformação que os homens e o mundo travam entre si. 13 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física Mais precisamente, o conhecimento escolar sobre as práticas esportivas conver- te-se num processo resultante da mediação entre os saberes escolares e os saberes populares, por meio da problematização das situações vividas, de forma a instru- mentalizar os educandos a intervirem nas diversas situações sociais mais amplas. Isso implica, portanto, conceber a prática pedagógica a partir de uma práxis de investigação do contexto em que os educandos estão inseridos. Ou seja, rompe-se com a ideia de propostas abstratas para sujeitos abstratos. Passa-se a pensar na organização de experiências pedagógicas em forma de práticas culturais que levem a modos – de aprendizagem e de luta – mais críticos, questionadores e coletivos. Importante! Desde Paulo Freire, é inconcebível pensarmos o fazer pedagógico descomprometido com o universo cultural dos alunos e com a construção de uma visão crítica e democrática de sociedade. Nesse contexto, a problematização emerge como um artefato da prática pedagógica imprescindível para suspender os discursos naturalizados e fazer circular uma multiplicidade de textos que compõem as culturas esportivas. Em Síntese A problematização implica um constante desvelo das ocorrências sociais percebidas, constituindo num esforço permanente de perceber como as coisas estão no mundo. Tal encaminhamento pode ser percebido nas experiências pedagógicas relatadas pela professora Rose: Durante as vivências na quadra, percebi que, num dado momento, os alunos optaram por organizar as equipes em função dos times para os quais torciam. [...] Os questionei sobre ‘qual competição de futebol está acontecendo no momento, e que envolve equipes tradicionais (aquelas que foram ditas e utilizadas como critério para divisão das equipes na quadra) no Estado de São Paulo?’ A grande maioria dos alunos respondeu: ‘Paulistão, Campeonato Paulista’. Informei que, então, estudaríamos na sequencia do projeto este campeonato e sua organização. Ao indagar sobre o Campeonato Paulista, poucos sabiam sobre o regulamento, tabela e a classificação. [...] Iniciei a aula perguntando o que mais havia chamado atenção na última rodada. Os alunos se manifestaram sobre a violência ocorrida no jogo entre Palmeiras e São Paulo Futebol Clube (21/02/2010). [...] Para o próximo encontro trouxe dois textos jornalísticos com as seguintes manchetes: ‘Um morto e muitos feridos após brigas entre torcidas’ e ‘Pela cidade brigas por todos os cantos’. No último texto discutimos a opinião do promotor de justiça que defendeu torcida única nos clássicos paulistas. A maioria dos alunos discordou da torcida única, mas concordou com a fala do promotor ao dizer que alguns não são torcedores, são maus elementos predispostos ao confronto. Percebi que nestas discussões havia uma participação maior por parte dos meninos. Levantamos opiniões acerca desta participação. Os meninos 14 15 relataram que discutem mais sobre futebol, praticam mais e estão sempre mais informados. A maioria das meninas disse que não valorizam o futebol tanto quanto os meninos, salvo algumas exceções. Concluímos que culturalmente vamos aprendendo valores, assumindo papéis e comportamentos (COLOMBERO, 2010, p. 3-4). Não à toa, Neira (2011) chama atenção para o fato do professor manter-se atento às relações presentes na trajetória e organização da manifestação cultural esportiva tematizada, procurando ajudar os alunos a interpretá-las e desvendar quais identidades são legitimadas e/ou negadas. Isto é, problematizar o que está sendo produzido como a identidade e o que está sendo produzido como a diferença na prática esportiva objeto de análise. “Nessas circunstâncias, pode-se indagar acerca das condições assimétricas de poder veiculadas nas questões de gênero, etnia, consumo, local geográfico, faixa etária, entre outros aspectos, visíveis ou não” (NEIRA, 2011, p. 117). A identidade e a diferença são produções discursivas permeadas por relações de poder que não podem ser compreendidas fora do sistema de significação em que são representadas. Nestes termos, a problematização busca uma radicalização do fenômeno da linguagem por meio de um processo de ‘desconstrução’. A desconstrução é um conceito empregado por Jacques Derrida utilizado para caracterizar o modo pelo qual um texto pode ser lido e denunciado em suas contradições e irredutibilidades. A desconstrução pretende minar todas correntes hierárquicas sustentadoras do pensamento binário ocidental, tais como: dentro/ fora; corpo/mente; fala/escrita; presença/ausência; natureza/cultura; forma/ sentido (SANTOS, 2016). De acordo com Derrida e Roudinesco (2004), o binarismo acompanha a rede de poder que predomina nas sociedades ocidentais e a reforça através da linguagem que atribui sentidos e valores às pessoas e aos objetos que compõem a realidade. Para os autores, a elaboração de pares de opostos cria efeitos de verdade que, consequentemente, estabelecem hierarquias. No caso das manifestações culturais esportivas, por exemplo, não são raros os discursos que polarizam tais práticas em masculinas e femininas, infantis e adultas etc. Uma vez postos em circulação por meio de dispositivos linguísticos, marcam quem pertence e quem não pertence a determinado grupo, quem é a identidade e quem é a diferença. Conforme aponta Santos (2016), Ao interrogar incansavelmenteos diferentes discursos que pretende decompor, a estratégia derridiana da desconstrução abandona a intenção da tradição histórica e filosófica ocidental da busca por uma origem e uma presença, que seriam capazes de explicitar o fundamento ou a 15 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física determinação primordial do sentido e do conceito que supostamente o traduziria. Trata-se do esforço de permanecer num jogo em que nenhum dos polos do binarismo é valorizado em detrimento do outro, uma tentativa de remeter-se a ambos sempre: um jogo de “nem um... nem outro...”, “ao mesmo tempo...”, “por um lado... por outro...” (p. 87). A desconstrução “não destrói” o texto, alvo de sua reflexão, mas questiona o significado já conferido a este texto e constitui uma “atividade infindável que visa desmascarar passo a passo a construção dessa malha de significados” (RAJAGOPALAN, 1992, p. 27). Assim, a problematização dos significados socialmente atribuídos às práticas esportivas, permite com que estas sejam compreendidas sempre como efeito da diferença, ou seja, como movimentos de significação que operam sob determinadas lógicas de poder. Ao relatar o trabalho pedagógico desenvolvido pela professora Dayane com alunos do 3° ano do Ensino Fundamental, a professora Nyna (sua parceira), dentre outras coisas, nos conta como Dayane problematizou a participação dos sujeitos na prática do futebol, de maneira a promover o adiamento da presença do significado (masculino) no texto (futebol). Para que a narrativa única sobre o futebol, alicerçada na crença de que esse esporte é uma prática do universo masculino fosse problematizada, a professora Dayane selecionou três vídeos: o primeiro trazia uma reportagem exibida pela Rede Globo, na qual uma menina de quinze anos, que faz embaixadinha, visita o centro de treinamento do Grêmio portoalegrense. Além de trazer uma figura feminina realizando movimentos próprios do futebol, a matéria a coloca numa condição de quem ensina os jogadores, que revelam não dominar essa habilidade tanto quanto ela. O segundo vídeos mostra mulheres realizando embaixadinhas e o terceiro traz os melhores momentos do jogo de futebol feminino Brasil x Estados Unidos, os quais destacam a figura da atleta Marta. A jogadora foi lembrada por uma aluna, que trouxe para o conhecimento dos colegas o programa de televisão intitulado “Menino de Ouro”, em que a futebolista participa. Neste programa, ela atua ensinando alguns movimentos para três meninos, sendo premiado com o troféu “Menino de ouro” aquele que apresentou melhor desempenho. A leitura dos vídeos provocou certo estranhamento com relação ao fato das habilidades revelado pelas mulheres dos filmes. A professora percebendo a surpresa perguntou: as mulheres não sabem ou não conseguem jogar futebol? Por que as nossas meninas não desenvolveram habilidades semelhantes às das mulheres dos vídeos, que foi acompanhado pelas provocações à turma: E ensinar será que apenas os meninos sabem? Quanto tempo vocês acham que a jogadora que aparece no vídeo treina para conseguir esta performance? As respostas dos alunos revelaram que aquilo que parecia verdade sobre o futebol não se apresenta tão verdadeiro assim, as suas representações foram desestabilizadas (PORTAPILLA; ESCUDERO, 2015, p. 9). 16 17 A partir dos “elementos disparadores” (no caso do excerto acima, os vídeos selecionados pela professora) e “elementos provocadores” (no caso, as questões encaminhadas pela por Dayane), a problematização faz-se enquanto um vetor de força que atua nas ocorrências discursivas produzidas ao longo da tematização, permitindo colocar em xeque as representações hegemônicas historicamente difundidas (e naturalizadas) sobre prática esportiva objeto de estudo. Santos (2016) entende que a problematização faz a tematização manter-se a atenta às contingências e ao processo de fixação simbólica empenhado discursivamente pelo grupo de alunos sobre as prática da cultura corporal. Santos (2016) ainda nos chama atenção para o fato de que cada prática corporal (incluindo as práticas esportivas) cria um universo próprio de sentidos que expressam ou comunicam significados, tanto para quem dela participa, quanto para quem a observa. Tomando como campo de análise os Estudos Culturais e, portanto fundamentando-se nas ideias de Stuart Hall, Santos (2016) registra que, através do uso que fazemos das coisas, ou como as integramos em nossas práticas do cotidiano, vamos dados significado à vida e ao mundo. Sendo assim, a problematização, de uma forma geral, tem muita relação com a prática esportiva que está sendo estudada e o seu contexto de ocorrência, que é diferente de escola para escola, de turma para turma. Não à toa, a relação da identidade com a diferença torna-se bastante transitória e provisória, consumando-se das formas mais diversas. [...] essa é a condição que permite que cada cultura construa constantemente novas significações, uma vez que os textos corporais estão sempre abertos à contingência, sempre imprevisíveis e potencializados no contato entre os sujeitos, dos sujeitos com as práticas da cultura e com as situações de inserção desta última – escola, bairro etc. (SANTOS, 2016, p. 150). Talvez, se o futebol fosse tematizado em outra escola – ou mesmo, com outra turma de alunos da escola da professora Dayane –, as problematizações poderiam caminhar em torno de outros marcadores sociais, que não o de gênero. Ex pl or Contudo, segundo Costa (2010), a desconstrução não se completa se ausente de procedimentos de análise do discurso, “que possam mostrar as operações, os processos que estão implicados na formulação de narrativas tomadas como verdades, em geral, tidas como universais e inquestionáveis” (p. 140). Para a autora, a desconstrução deve desnudar as relações entre os discursos e o poder, constituídas historicamente. É por isso que, quando abordadas na escola, as manifestações culturais esportivas necessitam ser submetidas a uma genealogia arqueológica (ou arquegenealogia) e a um estudo etnográfico, de maneira a se compreender melhor não só as manifestações esportivas em si, como também aqueles que a produziram e reproduziram sob determinados contextos de pensamento e regimes de verdade. 17 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física A Genealogia Arqueológica e a Etnografia como Alternativas Metodológicas para Tematização e Problematização das Manifestações Esportivas De acordo com Neira (2011), para além de uma metodologia dialética, a proposta cultural da Educação Física sofre influências da genealogia arqueológica e da etnografia, enquanto abordagens didáticas. Para o autor, quando os processos sócio-histórico-políticos que configuram a hierarquização das práticas corporais são desvelados, as condições desiguais de produção e reprodução, bem como os discursos utilizados para exaltar ou marginalizar tais práticas são evidenciados, o que facilita a compreensão do processo de subjetivação que envolve os mecanismos de identificação e diferenciação. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche referia-se à genealogia como sua forma de estudo: analisar a evolução dos conceitos morais, suas origens e os modos como eles evoluíram. A arqueologia é o termo utilizado por outro filósofo, o francês Michel Foucault para designar um método próprio de investigação e análise exaustiva dos documentos de época que procuram as regras do pensamento e as suas limitações. Para o filósofo francês, cada momento histórico produz o seu conjunto de verdades e falsidades que se materializam nos discursos e nas relações sociais. Aquele que fala é quem determina o que é. Dessa maneira, a genealogia arqueológica fornece aos envolvidos a possibilidade da análise dos contextos de pensamento edo conjunto de verdades que validam ou negam as manifestações culturais. No contexto da tematização das práticas esportivas, Neira (2011) destaca que a genealogia arqueológica ajuda a desconstruir as representações provocadas pelas informações distorcidas ou fantasiosas presentes no âmbito social e a reconhecer ou adquirir uma nova visão sobre os saberes esportivos disponíveis, sejam eles valorizados ou marginalizados. Ao tematizar o tênis junto a uma turma do 5° ano do Ensino Fundamental, de uma escola localizada na região do Capão Redondo, periferia da cidade de São Paulo, o professor Leandro relata que buscou problematizar sobre a participação dos atletas negros na modalidade, de maneira a desconstruir alguns discursos que, naquele momento, emergiam entre os alunos. Conta-nos o professor que: Saiba mais sobre o relato de experiência, acessando: https://goo.gl/7Md6wV Ex pl or 18 19 [...] Pedi que os alunos me dissessem quem são os personagens do tênis. [...] Citaram alguns (poucos) nomes de jogadores, mencionaram sobre a presença do árbitro sentado na cadeira e dos pegadores de bolinha, os quais chamaram de “gandulas”. Nesse momento surgiram alguns comentários: ‘Professor, o estranho é que todas as vezes que eu assisto os jogos só vejo pessoas brancas. Olho na quadra, na arquibancada e não vejo ninguém negro. Só existe jogador de tênis branco?’ Houve alguns que comentaram ter assistido a um jogo, onde um jogador negro com cabelo de capoeira ou rastafári venceu um branco. [...] Então assistimos ao vídeo do jogo mencionado pelos alunos: Dustin Brown x Rafael Nadal. [...] Agora sabendo que há jogadores negros no tênis, perguntei aos educandos se era fácil se tornar um(a) jogador(a) de tênis. A maioria dos alunos afirmou que só era jogar bastante que qualquer pessoa se tornaria jogadora de tênis. Estes discursos, me levaram a solicitar que os educandos pesquisassem como os jogadores Rafael Nadal e Dustin Brown se tornaram jogadores profissionais e apontassem quais deles encontraram mais dificuldades para se tornarem atletas profissionais. [...] Segundo os alunos, ao pesquisarem as trajetórias percorridas por cada atleta foi possível perceber como elas são tão diferentes. Com as análises das carreiras dos atletas, os educandos puderam reconhecer que não é simples e nem fácil se tornar um(a) jogador(a) de tênis, ainda mais quando o atleta nasce em uma família pobre. Os alunos puderam perceber que falta de recursos financeiros fez com que Brown levasse mais tempo que Nadal para se tornar um jogador profissional. Assim foi perceptível para os educandos que as condições econômicas de uma família podem alterar totalmente na vida das pessoas, seja no que elas irão vestir, calçar, comer, trabalhar e acessar na sociedade. [...] percebemos que um dos fatores que permite ou proibi o acesso das diversas pessoas ao tênis é socioeconômico. [...] Ou seja, os altos valores cobrados pelas aulas e a falta de quadras públicas afastam os negros e pobres dessa modalidade esportiva. Soma- se a isso os altos valores dos ingressos, dos artigos esportivos (raquetes, bolas, redes, calçados, roupas e outros equipamentos) etc. (SOUZA, 2016, p. 35-44). O exercício arquegenealógico permitiu ao professor Leandro, gradativamente, desnudar junto aos alunos os regimes discursivos que instauram as verdades e congelam as representações circundantes aos jogadores de tênis. Para tal, o professor também agregou atividades de ensino em torno dos fragmentos históricos do tênis, que revelaram alguns traços do seu surgimento e disseminação na burguesia europeia. Pedi que os alunos lessem sobre alguns textos que localizei sobre a história do tênis. [...] Vimos que os primeiros praticantes (os monges) de jeu de paume ficavam brincando de bater na bola com a palma das mãos e no decorrer dos anos o jogo passou por diversas alterações. Os monges 19 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física usavam os pavimentos, paredes e vigas dos pátios dos mosteiros para praticar o jogo. [...] os jovens nobres que estudavam nos mosteiros, transportaram cópias dos jogos para os castelos. No século XVI as quadras passaram a ser construídas em diversos lugares para atender o entusiasmo esportivo dos burgueses [...] (SOUZA, 2016, p. 35-44). Podemos perceber que, a partir dos excertos destacados acima, a tematização de uma manifestação esportiva no currículo escolar deve atuar no sentido da descons- trução das representações hegemônicas por meio das problematizações. Tal intento exige com que professor e alunos embrenhem-se no estudo da prática corporal em questão, assumindo, aos dizeres de Neira (2011), uma postura etnográfica. De acordo com Neira (2011), a etnografia, concebida como ação didática do currículo cultural da Educação Física, implica numa aproximação das práticas corporais e, tal como se fosse colocada uma lente de aumento sobre estas práticas, permite enxergar a dinâmica das relações e interações que constituem os seus funcionamentos. A etnografia é, portanto, um exercício de leitura dos diversos textos culturais e que exige o envolvimento do professor e dos alunos em investigações ora individuais, ora coletivas, sobre os múltiplos aspectos que os compõem. Convido-o, neste momento, a acompanhar o vídeo disponível em: https://youtu.be/5uxlGnamq98, que apresenta um estudo etnográfico realizado sobe a pipa.Ex pl or Sugiro também que acesse o texto “Etnografando a prática do skate”, referenciado ao final desta unidade e disponível em: https://goo.gl/79fwkMEx pl or A etnografia pressupõe observações nos locais de ocorrência das manifestações esportivas, entrevistas juntos aos praticantes, seleção de textos, reportagens e vídeos retirados da internet etc. O material resultante da etnografia deve ser interpretado e problematizado durante as atividades de ensino. O professor e os alunos discutem suas impressões sobre os dados coletados e intercambiam pontos de vista, confrontando-os com as próprias experiências realizadas nas aulas ou em outras esferas. Busca-se com isso, desvendar os múltiplos aspectos ainda encobertos sobre a prática esportiva objeto de estudo, o que significa empreender uma leitura bem mais profunda e cuidadosa (NEIRA, 2014) Além disso, o mesmo autor destaca o fato de que, à medida que o professor se embrenha no trabalho etnográfico, melhora sua compreensão sobre a prática pe- dagógica enquanto atividade de análise social e cultural. Durante o processo, des- cobre as forças construtoras tais como códigos linguísticos, signos culturais, ações movidas pelo poder e ideologias incrustadas nas manifestações da cultura corporal e, com isso, aprende a investigar, ensinar e pensar criticamente (NEIRA, 2014). 20 21 A título de uma experiência formativa arrisque fazer um estudo etnográfico sobre uma manifestação cultural esportiva. Então, após selecioná-la, acesse diferentes fontes como vídeos, reportagens, livros, artigos ou conversas com pessoas conhecidas, a fim de levantar questões. Com base nas suas dúvidas, vá a campo em busca de respostas. É esperado que em contato com a ocorrência social da prática esportiva, surjam novas questões. Importante! Lembre-se que o objetivo da etnografi a é compreender uma dada prática corporal a partir do olhar do seu praticante. Tomada como atividade didática, os resultados enriquecem o processo pedagógico e permitem às crianças conhecerem outros pontos de vista para além daqueles apresentados pelo/a professor/a. Importante! 21 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Dimensão Olímpica - Mulheres no Esporte https://youtu.be/kPtpDXaaBNA Documentário Paulo FreireContemporâneo [HD] https://youtu.be/5y9KMq6G8l8 COPA DA PAZ 2010: A Várzea na Comunidade do Paraisópolis https://youtu.be/eVBLdubl8kM 22 23 Referências COLOMBERO, R. M. M. P. Futebol e representações sociais na escola. EMEF Ministro Synésio Rocha. São Paulo, SP. In: Relatos de Experiência. Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar. Faculdade de Educação, USP/ SP, p. 1-8, 2010. Disponível em: <http://www.gpef.fe.usp.br/teses/rose_01.pdf>. Acesso em fev. 2017. COSTA, M. V. Poder, discurso e política cultural: contribuições dos Estudos Culturais ao campo do currículo. In: LOPES, A. C.; MACEDO, E. (orgs.) Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2010. p. 133-149. DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. Trad. Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995. DERRIDA, J.; ROUDINESCO, E. De que manhã... diálogo. Rio de Jeneiro: Zahar, 2004. ESCUDERO, N. T. G. Bicicleta: duas rodas e muitos caminhos. EMEF Dona Jenny Gomes. São Paulo, SP. In: Relatos de Experiência. Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar. Faculdade de Educação, USP/ SP, p. 1-13, 2009. 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(Coleção: A reflexão e a prática do ensino; v.8). ___________. Etnografando a prática do skate: elementos para o currículo da Educação Física. Revista Contemporânea de Educação, v. 9, n. 18, jul./dez. 2014b. NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Educação Física, currículo e cultura. São Paulo: Phorte, 2009. 23 UNIDADE Tematizando as Manifestações Esportivas nas Aulas de Educação Física PORTAPILA, D. M. O.; ESCUDERO, N. T. G. Quando o familiar se mostra estranho: um olhar diferente para o futebol. E. E. Samuel Klabin. São Paulo, SP. In: Relatos de Experiência. Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar. Faculdade de Educação, USP/ SP, p. 1-11, 2015. Disponível em: <http://www. gpef.fe.usp.br/teses/rose_01.pdf>. Acesso em mar. 2017 RAJAGOPALAN, K. A trama do signo: Derrida e a destruição de um projeto saussuriano. In: ARROJO, R. (Org). O signo desconstruído: implicações para a tradução, a leitura e o ensino. Campinas, SP: Pontes, 1992. p. 25-9. SANTOS, I. L. 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