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Yellowstone National Park

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RESUMO: O presente texto visa apresentar e elucidar o papel dos planejadores na preservação dos ecossistemas e saúde ambiental, abordando as atribuições deste na recuperação de paisagens e espécies no Parque Nacional de Yellowstone, localizado nos estados de Wyoming, Montana e Idaho, nos Estados Unidos. Nesta produção, será discutido como os lobos (canis lupus, da família canidae) foram inseridos novamente naquele ecossistema e como tal inserção afetou as demais espécies, recuperando áreas antes dominadas por populações que cresceram indiscriminadamente e faziam com que outras espécies do parque desaparecessem - juntamente com propriedades abióticas da região. Para que tal evento ocorresse, foi necessária uma equipe que possuía diversos profissionais, como biólogos, engenheiros, paisagistas e voluntários, para atender adequadamente as necessidades dessa implementação, com estudo aprofundado sobre o ambiente do parque.
PALAVRAS CHAVE: Ecossistema. Equilíbrio. Solo. Recuperação
1.0 INTRODUÇÃO
O Parque Nacional de Yellowstone, localizado nos estados Wyoming, Montana e Idaho, nos Estados Unidos da América (EUA), possui uma área de aproximadamente 8.983 km² e abriga diversas espécies nativas. Em 1914, o Congresso estadunidense apropriou fundos para a caça dos lobos e demais animais que prejudicassem a agricultura e pecuária local, mesmo Yellowstone já sendo uma área de reserva desde 1872. Assim, os dois últimos lobos nativos de Yellowstone antes da reintrodução foram mortos em 1926. 
Em 1995, as organizações Defenders of Wildlife e U.S. Fish and Wildlife Service conseguiram um mandato legal para reintroduzir os lobos em Yellowstone. Sendo assim, desde que a espécie foi novamente alocada no parque, percebe-se que esta resultou na recuperação das características originais da vegetação e do solo, assim como ocasionou o reaparecimento de outras espécies, enriquecendo ainda mais a biodiversidade da área.
2.0 METODOLOGIA
Após a erradicação dos lobos na região, os animais que se firmaram no topo da cadeia alimentar foram os coiotes, que tinham também grande habilidade de caça. Entretanto, os coiotes não possuíam capacidade de predar animais de grande porte e observou-se um grande crescimento do número de alces no parque. Esses animais expandiram suas áreas de acesso, dominando o parque quase por inteiro. Devido a essa expansão, ocorreram algumas mudanças na fauna e flora daquela localidade.
Os alces (cervus canadensis) são animais herbívoros, tem sua alimentação baseada em folhas de árvores, arbustos, gramas e plantas aquáticas. Com o demasiado crescimento do número de indivíduos dessa espécie, houve também um maior consumo desses tipos de vegetação. Ao longo do tempo, muitas espécies de árvores no parque tiveram seu tamanho reduzido devido à predação de seus exemplares ainda pequenos pelos alces, assim como passou a ocorrer um grande número de erosões do solo devido a vegetação estar muito rasteira.
O conceito de cascata trófica consiste em um efeito indireto que um nível trófico causa a outro. O desaparecimento dos lobos interferiu na cascata trófica de Yellowstone, promovendo um desequilíbrio de muitos níveis tróficos do ecossistema local. Uma das consequências foi a evasão de outras espécies, como pássaros migratórios (em algumas épocas) e castores (que também se alimentavam de vegetais). 
A principal consequência observada das erosões foi a mudança do curso dos rios. Com a devastação de parte da vegetação ciliar, os rios alagaram-se e se tornaram mais rasos, pois sua vasão se manteve a mesma. 
Observando todo o desequilíbrio que através dos anos se instalara em Yellowstone, dois grandes órgãos estadunidenses de preservação da vida selvagem, o U.S. Fish and Wildlife Service e Defenders of Wildlife passaram a estudar tais consequências da ausência dos lobos, pesquisando a melhor forma de reestabelecer a harmonia entre fauna e flora no parque. 
3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O órgão U.S. Fish and Wildlife Service, a partir dos estudos sobre os desequilíbrios então decorrentes, observou que a reintrodução dos lobos naquela localidade poderia ser uma opção para reestabelecer a regularidade dos níveis tróficos, sem uma maior intervenção da própria espécie humana. Com a direção do biólogo Doug Smith, a equipe do U.S. Fish and Wildlife Service, que contava com biólogos, engenheiros civis e ambientais, paisagistas e ambientalistas, iniciou uma ação judicial no ano de 1994 e, assim, obtiveram um mandato que permitia que esse órgão introduzisse experimentalmente 14 lobos, capturados em Alberta (Canadá), na área. 
Devido ao sucesso desse primeiro experimento, mais lobos foram soltos no parque e atualmente, segundo dados de 2015, existem aproximadamente 528 lobos em Yellowstone. 
A partir da reintrodução do canis lupus houve a recuperação do processo de cascata trófica. Os lobos, primeiramente, mudaram o comportamento dos alces, restringindo as áreas de alcance dos mesmos: estes passaram a não frequentar áreas onde podiam ser facilmente caçados, reduzindo assim seus impactos sobre a fauna do parque. 
Além da mudança no comportamento, gradativamente houve também uma mudança no número de indivíduos dessa espécie, devido à caça natural por parte dos lobos. Nota-se que essa redução do número não significou ameaça à existência da espécie de alces, e sim um controle da presença desses animais – que agora apareciam em números mais naturais e coerentes. 
Alguns efeitos da redução do número de alces e da restrição de sua área ocupacional foram:
O reaparecimento de novas espécies, há muito tempo afastadas do parque devido à falta de presas ou ao exagerado número de predadores;
Reaparecimento de vegetações destruídas. 
O principal e mais notável efeito foi a volta do curso natural dos rios, devido à diminuição da erosão. Com a recuperação das vegetações ciliares e dos vales, a erosão foi muito reduzida e o solo foi novamente estabilizado; os rios se estreitaram novamente e ficaram mais profundos, como antes da interferência humana em acabar com os lobos, em 1926.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que a reintrodução dos lobos não afetou somente o ecossistema de Yellowstone, mas também sua geografia, sua paisagem natural, recobrando assim a paisagem original do local, aquilo que se via do parque antes da intervenção humana, no início do século XX. É importante a manutenção dos elementos naturais originais (como o curso de rios e o solo) da área que preserva e é lar tantas espécies. É preciso olhar para as medidas tomadas nessa reserva e ter como exemplo utilizar políticas naturalistas para problemas próprios da natureza, e deixar de posicionar de forma obsoleta os próprios seres-vivos. O Parque Nacional de Yellowstone é uma prova que a fauna e flora da área tem o poder de trabalhar como "engenheiras" do ecossistema. 
5 REFERÊNCIAS

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