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Estabelecimento Empresarial
1. Conceito e Natureza
É o complexo de bens do empresário, usados no desenvolvimento da atividade econômica. Quando o empresário reúne bens de variada natureza, ele agrega uma organização racional que importará em aumento do seu valor enquanto continuarem reunidos. Tal valor acrescido é chamado de aviamento ou fundo de comércio.
Devido à intangibilidade e valor de mercado dessa organização racional, o direito criou mecanismos para tutela desse valor que representa o plus. Em caso de desapropriação do imóvel do estabelecimento empresarial, a indenização correspondente deve compreender o valor do fundo de comércio por ele criado. Na sucessão por morte ou separação do empresário individual, o estabelecimento empresarial deve ser considerado pelo valor dos bens agregado ao decorrente da situação peculiar em que se encontram.
O estabelecimento empresarial não se confunde com os bens que o compõe, admite-se, até certos limites, que elementos componentes sejam desagregados, sem que este tenha sequer o seu valor diminuído. O estabelecimento empresarial também pode ser descentralizado, dado que o empresário pode abrir filiar, agências e entre outras, que podem ou não, ter um valor independente.
Todo estabelecimento empresarial integra o patrimônio de seu titular, mas este não se reduz àquele necessariamente. Os bens cuja exploração não se relaciona à atividade econômica, integram o patrimônio, mas não o estabelecimento empresarial. O estabelecimento empresarial é composto por bens corpóreos e incorpóreos. O direito comercial tradicionalmente se preocupou com a abordagem apenas da tutela dos bens incorpóreos do estabelecimento empresarial.
2. Alienação
O contrato de venda do estabelecimento empresarial é denominado de trespasse. Por ser bem integrante do patrimônio do empresário, o estabelecimento empresarial é também garantia dos seus credores. Assim, o trespasse está sujeito às formalidades específicas:
i) O contrato deve ser por escrito, arquivado na Junta Comercial e publicado pela imprensa oficial, enquanto isto não ocorrer, a alienação não produzirá efeitos.
ii) A lei sujeita o trespasse à anuência dos seus credores, de forma expressa, concordância por escrito ou notificação, ou tácita, silêncio do credor após 30 dias da notificação. 
 Hipótese de dispensa: se restarem, no patrimônio do alienante, bens suficientes para o pagamento de suas dívidas.
2.1. Sucessão
Na hipótese de transferência do estabelecimento, podem os credores do alienante demandar o adquirente para cobrança de seus créditos. O alienante continua responsável solidariamente durante 1 ano, contado da publicação da alienação para as obrigações vencidas antes do negócio, e contado da data de vencimento para as vencidas após o negócio.
Podem as partes do contrato de alienação de estabelecimento estipular que o alienante ressarcirá o adquirente, por uma ou mais obrigações. Contudo, as cláusulas de não transferência de passivo não liberará o adquirente perante terceiros. Se for condenado, a pagar ao terceiro credor, o mesmo terá o direito de cobrar o alienante em regresso.
O credor do alienante perde o direito de cobrar o crédito do adquirente se expressamente renunciou este direito ao consentir com o trespasse. Está protegido o credor trabalhista do alienante, onde o empregado pode escolher entre demandar o adquirente ou alienante, este último responde, mesmo que vencido o prazo ânuo do CC.
O adquirente tem responsabilidade subsidiária ou integral pelas obrigações fiscais do alienante, nos casos de continuar a explorar a atividade econômica ou deixar de fazê-lo. O adquirente não responde se adquiriu o estabelecimento empresarial mediante lance dado em leilão judicial, pois não é considerado sucessor.
3. Ponto
Compreende o local específico em que o estabelecimento empresarial se encontra. Em função do ramo da atividade explorado, a localização pode importar acréscimo substantivo em seu valor. Se o empresário está estabelecido em imóvel de sua propriedade, a proteção jurídica se dá pelo direito civil, senão, pela disciplina da "locação empresarial".
Se a locação não residencial atender os requisitos, será classificada como "empresarial". A lei reconhece o direito à renovação compulsória do contrato de locação a estes. Para que se submeta ao regime jurídico da renovação compulsória, deve satisfazer os requisitos:
a) O locatário deve ser empresário. Ficam excluídos profissionais liberais que individualmente exercem atividade econômica, associações civis sem fins lucrativos, fundações etc.
b) A locação deve ter tempo determinado de, no mínimo, 5 anos, admitida a soma dos prazos de contratos sucessivamente renovados.
c) O locatário deve explorar o mesmo ramo pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos.
Logo, chama- de Garantia de Inerência ao Ponto, a tutela do valor agregado ao estabelecimento pelo uso em um mesmo ponto durante certo lapso temporal. O exercício desse direito se faz por uma ação judicial renovatória, proposta no prazo entre 1 ano e 6 meses anteriores ao término do contrato a renovar, sob pena de decadência do direito. O direito de inerência do locatário é relativo, pois não pode ser reconhecido em detrimento do direito de propriedade que tem fundamento constitucional. Assim, o direito que se concede ao empresário não pode aniquilar o direito de propriedade do locador.
Os fatos que autorizam a "exceção de retomada" e as hipóteses de indenização do locatário são:
a) Empresário apresentar uma nova proposta de aluguel. Se o valor for superior, é desconsiderado o direito de propriedade do locador.
b) Proposta melhor de terceiro. A menos que o locatário concorde em pagar o equivalente ao ofertado, a locação não será renovada.
c) Reforma substancial no prédio locado, obrigado pelo Poder Público ou de vontade do proprietário visando valorização. O locatário não terá o direito de inerência, e será devida indenização se o início das obras retardar mais de 3 meses, contados da desocupação.
d) Uso próprio. Vedando-a no caso de pretender o locador explorar no prédio a mesma atividade explorada pelo locatário, porém tal limitação é inconstitucional. Se o locador competir com o locatário, será devida indenização. 
e) Transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de 1 ano e titularizado por ascendente, descendente ou cônjuge (ou sociedade por eles controlada), desde que atuem em ramo diverso.

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