Buscar

Aula 01 a 10 Mobilização Comunitária

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 01
O Ser Humano com um Ser Social e a Dinâmica da Comunidade.
A Comunidade:
A Declaração Universal dos Direitos Humanos define Segurança Pública como direito fundamental do homem. A Constituição de 1988, em seu artigo 144, vai além ao afirmar que a segurança é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. 
Entendemos, então, que, de acordo com a Carta Magna, se temos direitos, também temos compromissos. 
Mobilização comunitária para assuntos de Segurança Pública:
Os seres humanos são seres sociais, políticos, são indivíduos que interagem com outros seres humanos.
Essa interação se dá na vida comunitária que desenvolvemos e aprendemos a agir, pensar e sentir como seres verdadeiramente humanos.
Existem mais de 90 definições para o termo Comunidade. A única concordância é que os seres humanos vivem em comunidade. Uma comunidade tem uma base territorial específica. Alguns veem a comunidade mais sob o prisma biológico do que sociocultural.
Comunidade têm os seguintes traços:
Afirmam que as comunidades possuem forte solidariedade social;
Asseguram que existe aproximação dos indivíduos em frequentes relacionamentos interpessoais;
Os indivíduos se unem para a discussão e as soluções de problemas comuns;
Existe o sentido de organização possibilitando uma vida social durável, pois a solidariedade forte aproxima as pessoas.
Capital Social:
Segundo Maria Celina D’Araujo (2003), ao analisar a obra Comunidade e Democracia: 
A experiência na Itália Moderna, de 1993, de Robert Putnam, o Capital Social pode ser visto como uma ferramenta útil para auxiliar comunidade e governo a resolverem problemas socialmente relevantes.
O Banco Mundial, a partir de 1990, passou a distinguir quatro formas de capital:
Capital Natural:
Os recursos naturais de um país;
Capital Humano:
Definido pelos graus de saúde, educação e nutrição de um povo;
Capital Financeiro:
Produzido pela sociedade e expresso em infraestrutura, bens de capital, capital financeiro, imobiliário etc.
Capital Social:
Expressa a capacidade de uma sociedade de estabelecer laços de confiança interpessoal e redes de cooperação com vistas à produção de bens coletivos.
O capital social, então, se refere às instituições, relações e normas sociais que qualificam as relações interpessoais em determinada sociedade.
Nesta perspectiva, a coesão social é o fator crítico para a prosperidade econômica e para o desenvolvimento sustentado. 
O Capital Social é visto como a argamassa que mantém as instituições em contato entre si e as vincula ao cidadão visando à produção do bem comum.
Atenção:
Concepção de capital social traz à baila a capacidade de cooperar e de confiar para a produção do bem público. 
Conforme D’Araujo (2003:57):
Capital Social não é um instrumento que opera solitariamente. Reflete uma maneira integrada de agir e de interagir que tem na confiança e na cooperação as moedas da boa sociedade. Não é substituto de nada, assim como não supõe que o mercado possa ser o substituto do mercado.
O conceito remete aos aspectos éticos da vida em comum, valoriza a cultura humana em suas diversas formas e, assim, não pode ser um mecanismo para impor um modelo de sociedade sobre a outra. 
Outra noção importante neste ponto é a de sociedade civil, ou seja, grupos organizados, formais ou informais, independentes do mercado e do Estado, com condições de promover ou facilitar a promoção dos diferentes interesses da sociedade.
De acordo com D’Araujo (2003:45):
Capital Social, isto é, as relações informais e de confiança que fazem com que as pessoas ajam conjuntamente em busca de um bem comum, é fundamental para que novas e velhas organizações da sociedade civil possam prosperar e dar oportunidade de participação aos que ainda carecem de engajamento ou de proteção. (...) Aqui se faz presente a ideia de sinergia, a energia que vem da confluência positiva de vários fatores, no caso governo, organizações formais e informais (sociedade civil) e mercado. Não se trata de qualquer um deles substituir as fraquezas ou irresponsabilidades de ambos. Trata-se de cooperação que tem como principal alvo o bem-estar do indivíduo e o zelo pelo governo democrático e transparente.
As cidades como centros convergentes da vida comunitária:
Desde a Antiguidade as cidades apareceram como centros de convergência da vida social. Lugar das artes, da cultura, do comércio e da política, os centros urbanos foram ganhando características cosmopolitas, como Atenas e Roma que possuíam rede de esgotos, sistema viário, escolas públicas e policiamento ostensivo na área urbana. 
A vivência na cidade implica em viver coletivamente. O indivíduo nunca está só, pois é parte de um conjunto, elemento de um coletivo. Quem já viu um terminal de transportes percebe porque a aglomeração densa de pessoas, também chamada de “massa”, tem seus movimentos permanentemente dirigidos. A regulação dos fluxos se apresenta no sinal de trânsito e na faixa de pedestres, nas filas de ônibus etc. Estes regulamentos e organizações estabelecem uma ordem definindo movimentos permitidos, bloqueando passagens proibidas.
Não importa o tamanho da cidade, sempre existe a necessidade de organizar a vida pública, emergindo um poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. Cidade significa uma maneira de organizar o território e uma relação política. Ser habitante de uma cidade, então, significa participar de alguma forma da vida pública, mesmo que, algumas vezes, a participação seja apenas pela submissão a regras e regulamentos.
Vimos que, como lugar da política e das transações econômicas, a cidade é lugar de convivência social. Contudo, a vida nos grandes centros urbanos também pode ser marcada pelo individualismo e pelo relacionamento comunitário enfraquecido.
 Sabemos que a proximidade física dos habitantes de uma cidade não garante que se conheçam e que se relacionem pessoalmente e proximamente. 
Alguns contatos são transitórios e fragmentados, servindo apenas como meios de se alcançar determinados objetivos. 
A proximidade sem relacionamentos afasta as pessoas e a ausência de uma sociedade integrada gera rotinas ordenadas, cujo controle é dado por regras de comportamentos impessoais e definidos claramente. 
Nas grandes cidades percebemos o anonimato e a ausência de identificação com fatores sociais comuns à vida cotidiana. A perda da identidade social pode causar vários prejuízos sociais, dentre eles, podemos destacar a alta criminalidade e a violência. 
É fundamental, então, que o respeito e o interesse individual e coletivo se tornem convergentes para o bem-estar, a tranquilidade pública e a Segurança Pública.
Em uma cidade encontramos o bairro como o principal núcleo urbano que se configura como o grande centro de confluência dos interesses comuns da comunidade. 
Por isso, é visto por autores, como Jorge Wilheim como a unidade urbana mais legítima da espacialidade de sua população.
É a dimensão de território ideal para a reivindicação coletiva. 
O bairro é uma unidade politicamente mais importante que a rua, onde as reivindicações se esgotam rapidamente. Ao mesmo tempo, em regiões administrativas maiores, surgem conflitos de prioridades entre os bairros. 
Deste modo, é no bairro que o indivíduo ganha valores coletivos e de cidadania que formam a sua identidade.  
Democracia:
	Etimologicamente democracia significa “governo do povo” ou “governo da maioria”, pois a palavra deriva da junção de dois termos gregos: demos e kratos. 
Heródoto (Halicarnasso 485-422 a.C.) afirmava que a democracia é uma forma de governo entre a monarquia ou governo de um só e a aristocracia ou governo de alguns. 
Para Aristóteles (Estagira 384-322 a.C.), a melhor organização da polis, ou cidade, era o resultado de uma mistura entre a democracia como governo da maioria e aristocracia como governo dos melhores, isto é, daqueles que se revelaram publicamente como bons condutores dos negócios da coletividade.
Em Atenas, a forma de articulação das relações políticasera determinada pela inserção do indivíduo enquanto membro da cidade na comunidade dos homens livres. 
Neste ponto, é preciso entender que mulheres, escravos e mestiços não eram considerados cidadãos e, por conseguinte, não participavam das decisões sobre os rumos da coisa pública. Logo, a ideia de maioria tinha significado restrito, pois ela se refere apenas aos cidadãos reconhecidos politicamente como tais.
Ágora ou “praça pública” era um lugar de encontro, de reunião, de debate e discussão e de ações políticas onde as decisões alusivas ao conjunto da coletividade são elaboradas pela confrontação de opiniões e à sua deliberação pública através do voto.  
Democracia direta: 
Característica da política ateniense carregava a convicção de que boas leis e boas decisões deviam ser criadas a partir de uma convenção humana gerada pela atividade pública dos cidadãos. 
A comunidade política que se legará às próximas gerações provém da responsabilidade assumida por cada um em relação aos assuntos coletivos. 
O processo de autoidentificação da comunidade acontecia por meio do comparecimento dos cidadãos na praça pública, os quais, deste modo, fazem do público a forma mediante a qual a polis apresenta-se a si mesma pela atividade política do conjunto da coletividade. 
O conceito de política, segundo Rosenfield, se refere efetivamente ao coletivo, ao que é comum a todos.
Democracia representativa:
É a forma encontrada atualmente em diversos países, como o Brasil, e deriva de um processo eleitoral, onde o governo eleito representa o povo governado. 
Os cidadãos delegam poder a alguns que decidirão os destinos da coisa pública em seu nome. 
Em nosso mundo, atualmente, é comum pensarmos na representação política como algo que passa pela formação de um corpo independente de políticos profissionais que não se vinculam aos outros cidadãos e na administração pública como alguma coisa que toma o lugar do público. 
O Estado moderno passa a ter a função de estruturar a sociedade, ou seja, ele passa a ter existência própria e controla a sociedade de fora.
A soberania popular é o princípio maior da forma democrática. Dito de outra forma, o ideal democrático atual consiste na participação social como um conjunto de situações em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política. Em um Estado democrático, então, as decisões políticas devem ser determinadas ou condicionadas pela opinião pública derivada da sociedade civil.
Outra ideia importante para a nossa disciplina é a de controle social, ou aquele instrumento da democracia exercido pelo conjunto da sociedade civil organizada sobre a ação do Estado com os seus mais diversos segmentos sociais, tendo como pressupostos o desenvolvimento da cidadania, a atuação permanente dos indivíduos, a construção de espaços democráticos e o melhoramento do conjunto da sociedade.
De acordo com Lakatos e Marconi (2004) mais que uma filosofia ou um sistema de governo, pode-se dizer que, atualmente, a democracia é um mecanismo que tem como objetivo garantir que o indivíduo, apenas pela sua qualidade de pessoa humana, e sem consideração às suas qualidades, posição, status, raça, religião, ideologia ou patrimônio, deve participar dos assuntos da comunidade e exercer nela a direção que proporcionalmente lhe corresponde. 
Então de tudo o que foi posto anteriormente, podemos concluir que em uma democracia a participação comunitária confere legitimidade à gestão governamental.
O controle social provê aos cidadãos elementos para refletir sobre a democracia, pois possibilita um modelo democrático misto, no qual a democracia representativa, muitas vezes distante dos anseios da sociedade, é articulada com a participação direta, em que cada indivíduo faz a diferença.
Relação entre público e Segurança Pública:
De tudo o que foi tratado até aqui, podemos afirmar que a participação dos indivíduos é fator fundamental para a democratização das questões comunitárias, inclusive aquelas relativas à Segurança Pública e para a implementação de programas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida e a definição de responsabilidades, pois sempre que grupos de cidadãos se reúnem para dar encaminhamento e buscar soluções para problemas comuns, o resultado é positivo. 
É importante compreender a dinâmica da comunidade para a prevenção e o controle do crime e da desordem, da mesma forma que o medo do crime, pois o controle e a participação social são mais eficazes.
Não é fácil integrar recursos locais e recursos do governo. Possibilitar mobilização comunitária não é tarefa das mais simples, pois são muitos os problemas sociais, econômicos e políticos envolvidos. Assim, há muitos casos em que a comunidade consegue apenas soluções parciais, isoladas ou momentâneas (de caráter paliativo), evitando tratar de aspectos mais amplos e promover um esforço mais unificado com resultados mais duradouros e melhores.
Frequentemente, observamos a participação do cidadão se reduzir às responsabilidades de ser informado das questões públicas, votar nos representantes, seguir normas institucionais ou legais, sem dar sugestões de melhoria do serviço.
Para criar Conselhos Comunitários atuantes é importante levar em conta as características da comunidade, pois os comportamentos e os anseios diferem de um local para o outro. Os conselhos, então, tomarão a feição da comunidade nas quais são criados, pois as características locais mostrarão as necessidades e os desejos de participação no processo de tomada de decisões.
AULA 02
Os Fundamentos da Mobilização Comunitária e a Relação entre as Redes Sociais e os Problemas na Área de Segurança.
Mobilização Comunitária:
De acordo com o Dicionário de Ciências Sociais (1987:771), “a mobilização social comporta a incorporação de indivíduos, grupos ou classes sociais a um movimento social”. 
Assim, percebemos que mobilização social e movimento social são coisas diferentes. 
Sendo a mobilização um fator integrante do movimento, ou seja, é a ação social que os quadros e as massas correspondentes desempenharão tanto para realizar imediatamente o seu programa, como para aumentar gradualmente as bases do poder. A mobilização social depende do caráter do movimento social ao qual corresponde e dos traços distintivos da sociedade, grupo ou comunidade.
Atenção:
Para que exista uma verdadeira mobilização social, é necessário que pessoas, comunidades ou sociedades se unam para decidir e agir em direção a um objetivo comum na busca cotidiana por resultados decididos e desejados por todos. Isso significa que as pessoas têm que possuir o poder de decidir se querem ou não participar de determinado movimento. Em uma democracia, ninguém pode ser obrigado a se associar, pois caso isso ocorra, será a sua própria negação.
Para haver participação em um ambiente democrático, os indivíduos devem se conceber como responsáveis pelos destinos da comunidade e como parte importante para gerar e consolidar mudanças. 
Mobilizar é orientar no sentido de algum objetivo, projeto que seja duradouro, exigindo dedicação contínua para produzir resultados no cotidiano. 
Organização ou mobilização comunitária é o mesmo que unir problemáticas diferentes e pessoas diferentes para realizar objetivos comuns e isso é distinto de apenas convocar pessoas para comparecerem em reuniões. É, ao contrário, um processo contínuo de capacitação de membros da comunidade, oportunidades nas quais o indivíduo é incentivado a participar de decisões que se relacionam a assuntos pertinentes à qualidade de vida da sua localidade, região ou bairro.  
Redes Sociais:
Para nós é importante saber que, quando se trata de redes sociais, privilegiam-se os elos informais e as relações, em detrimento das estruturas hierárquicas.
Atenção:
	De acordo com Marteleto (2001), o termo “rede” pode significar sistema de nodos ou elos, estrutura sem fronteiras, comunidade não geográfica, um sistema de suporte ou um sistema físico que se pareça com uma árvore ou uma rede. A partir disso, podemos assumirque “rede social” é um conjunto de participantes autônomos unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados.
Atualmente, o trabalho informal em rede é uma forma de organização bastante presente em nossa vida cotidiana e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas.
O estudo das redes evidencia o fato de que os indivíduos, plenos de recursos e capacidades propositivas, organizam as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio desenvolvimento das redes.
Segundo Marteleto (2001:72):
Mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas. Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária.
Quem compõe as Redes Sociais:
As redes são compostas por indivíduos, grupos ou organizações e sua dinâmica se volta para a perpetuação, a consolidação e o desenvolvimento das atividades de seus membros. 
Quando em espaços informais, as redes têm início a partir da tomada de consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores de seus membros.
As motivações mais significativas no que diz respeito ao desenvolvimento das redes são os assuntos relacionados aos níveis de organização social-global, nacional, estadual, local, comunitário.
Apesar do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não hierárquica e espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos, responsabilidades e diversos níveis de tomada de decisão.
Mobilização Comunitária e Segurança Pública: 
Mobilização comunitária é importante no sentido de resolver problemas comuns de forma democrática. 
No caso da Segurança Pública, a mobilização comunitária deve envolver também as forças de Segurança Pública presentes na comunidade. Se é dever da união, estados e municípios aperfeiçoar e capacitar as forças de segurança para fazer cumprir a lei, é dever dos cidadãos colaborar de forma ativa com as polícias para torná-las mais eficientes. 
Políticas de Segurança Pública devem abranger outras agências, sejam públicas ou privadas. As atividades devem ser estruturadas em rede para a realização de um trabalho racional no qual o esforço de cada instituição complemente o esforço dos demais, nunca estabelecendo uma relação de concorrência. 
O medo do crime afasta os indivíduos de atividades fora de suas casas e aumenta o isolamento entre as pessoas. De acordo com o Guia para a Prevenção do Crime da Violência da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, o resultado da dinâmica do enclausuramento provocado e da fragmentação atrelados ao medo do crime pode ser dimensionado em três efeitos importantes para a segurança pública. São eles:
A comunidade perde poder: 
As pessoas tendem a se isolar mais e, sozinhas, perdem poder de exercer pressão sobre as autoridades para que providências sejam tomadas no sentido de garantir mais segurança.
Quanto menos vigilância, mais crimes: 
O afastamento das pessoas de áreas coletivas como ruas e praças diminui a vigilância “natural” da localidade. Os criminosos agem mais à vontade quando não existem testemunhas.
Desvalorização imobiliária e perda de oportunidades: 
Quando o medo do crime toma conta de determinada região, os moradores começam a desejar se mudar dali.
A grande oferta imobiliária faz cair o valor venal dos imóveis e o preço dos aluguéis. A mudança de perfil populacional trará mais problemas de caráter social para a região e produzirá menor identidade comunitária e, portanto, menos possibilidades de ações conjuntas.
A participação da comunidade é importantíssima para a prevenção do crime da violência. Logo, a comunidade deverá tomar parte nas políticas de prevenção, sejam elas primárias, secundárias ou terciárias. 
Se a participação comunitária é importante para as questões de Segurança Pública, nem sempre é fácil mobilizar a sociedade. 
A polícia deve compreender a dinâmica da comunidade e saber envolvê-la, pois, percebe-se que a integração entre polícia, comunidade e os diversos segmentos é que garantirá o sucesso do trabalho, favorecendo a integração da comunidade, o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania e a melhoria da qualidade de vida.
De acordo com o texto organizado e sistematizado por Márcio Simeone Henriques para a publicação Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, editada pela SENASP do Ministério da Justiça, o maior desafio a ser enfrentado pela polícia comunitária é motivar e manter a participação dos cidadãos, além de superar a resistência dos indivíduos causada, às vezes, pela abordagem incorreta do que deveria ser um programa comunitário de Segurança Pública. 
Em muitos casos, perante dificuldades, a polícia toma decisões levando em conta apenas as suas percepções, pois lhe parece que qualquer consulta à comunidade é excessivamente demorada e até mesmo ineficaz, sem resultados práticos que a justifiquem.
É necessário, então, preocupar-se com o nível de legitimidade e representatividade dos grupos para a satisfação de interesses de determinada comunidade ou localidade. Além disso, pode ocorrer que, depois de atingir seus objetivos, ligados a estatus, a organização social esquece a causa, negligenciando os anseios locais, pois seus interesses particulares já foram atendidos. 
Desta forma, segundo Henriques (2012:287), “O desafio, portanto, não está apenas em promover trabalhos com grupos organizados da comunidade, de interesses específicos, mas, trabalhar na organização de trabalhos comunitários, de forma constante e permanente”. 
De acordo com Henriques (2012:287):
Em áreas onde há alguma base de organização comunitária, a polícia tem procurado superar estas dificuldades estabelecendo contatos com organizações locais, tais como igrejas, associações de comerciantes e de moradores. Esta relação transforma-se na única alternativa possível e tende a viciar o processo, pois organizações locais podem tender para interesses e privilégios específicos (interesses comerciais, eleitorais, religiosos etc.) fugindo ao anseio de toda a coletividade.
De acordo com o autor, é preciso considerar algumas variáveis quando se trata da autonomia das organizações em relação à polícia e à política. São elas:
Características socioeconômicas locais:
Esses traços podem influenciar no estabelecimento de consensos entre polícia e comunidade, capacidade de definição conjunta de problemas e disposição para cooperar na busca de soluções comuns. Da mesma forma, pode determinar o grau de harmonia e cooperação e o nível de confiança entre a sociedade e a polícia.
Grau de dependência das organizações comunitárias em relação aos recursos policiais:
Estudos apontam que, quanto maior o apoio policial, menor a autonomia dos grupos comunitários; da mesma forma, quanto mais críticos forem os grupos, maior o entusiasmo e o empenho policial em ajudá-los.
Conforme Henriques (2012:289):
Uma organização comunitária que depende do apoio policial para garantir a mobilização de seus membros e viabilizar as suas ações acaba se convertendo em uma mera extensão civil da instituição policial, e não um instrumento efetivo de participação comunitária.
Pode ocorrer, contudo, que as associações autônomas, a respeito do aspecto econômico, são aquelas que representam os setores de maiores recursos e que tendem a ser aliadas da polícia. 
As organizações representativas de áreas mais marginalizadas e sem autonomia econômica, quando mais antagônicas à polícia, podem ser levadas a fazer algumas concessões em troca de suporte e de recursos.
A independência das organizações comunitárias propicia a imparcialidade das ações da sociedade e da polícia, garantindo a isenção da denúncia de abusos, ações governamentais equivocadas, comportamentos sociais inadequados, reivindicações de direitos, ações e recursos.
Importante:
Organizações que não dependemda polícia para a sua existência podem trazer significativos desafios para a polícia. 
No pensamento institucional: 
Pode significar entraves administrativos, restringindo a sua discricionariedade; 
No pensamento social: 
Amplia o controle da polícia; na filosofia da polícia comunitária amplia e aprimora as ações conjuntas, tanto da polícia como da sociedade (Henriques, 2012:289).
A Polícia Comunitária como veremos mais detalhadamente em outras aulas, tem um papel importante quando tratamos da prevenção da violência e da mediação de conflitos em conjunto com a comunidade. Como essa cooperação não ocorre de forma automática ou natural, para trabalhar o envolvimento da comunidade com a polícia, é preciso levar alguns pontos em consideração.
De acordo com Teixeira, tal como conhecemos hoje, os Conselhos Comunitários, de forma geral, surgem a partir do final da década de 1970, no Brasil, como organismos criados pelo poder público para negociar demandas dos movimentos populares com a crescente mobilização das populações, sobretudo, mas não somente, as residentes em bairros de periferia. Porém, isso é assunto para a nossa próxima aula. 
AULA 03
Os Conselhos Comunitários de Segurança.
Conselhos Comunitários:
	A formação dos Conselhos Comunitários de Segurança fundamenta-se nos Artigos 5º e 144º da Constituição Federal.
Segundo Maria da Glória Gohn no artigo O papel dos conselhos gestores na gestão urbana, p. 175, a forma de conselho usada pela Administração Pública ou em coletivos organizados da sociedade civil são tão antigos quanto a democracia representativa, sendo perceptíveis entre os clãs visigodos, não se apresentando como uma novidade na História.
	No Brasil Colônia, as câmaras municipais e as prefeituras foram organizadas desta forma.
Observa-se que, na modernidade, os conselhos irrompem em épocas de crises políticas e institucionais, conflitando com as organizações de caráter mais tradicional. 
Os conselhos operários e os populares, em geral, rejeitavam a lógica do capitalismo, buscavam outras formas de poder descentralizadas, com autonomia e autodeterminação (Gohn, 176).   
Os conselhos sob o ponto de vista dos liberais e esquerdistas: 
	Tanto a esquerda como os liberais veem os conselhos como instrumento de exercício da democracia. A esquerda os percebe como possibilidade de mudança social para a democratização das relações de poder. Os liberais, por sua vez, os têm como instrumentos ou mecanismos de colaboração para a manutenção do status quo.  Autores como Hannah Arendt percebiam os conselhos como a única forma de governo horizontal ou “um governo que tenha como condição existencial a participação e a cidadania”.
Histórico dos conselhos no Brasil:
Maria da Glória Gohn traça um breve histórico dos conselhos no Brasil, desde a segunda metade do século XX. 
Final da década de 1970:
Criação de conselhos comunitários para atuarem junto à administração municipal;
Final da década de 1970 e parte dos anos de 1980:
Criação de conselhos populares.
Década de 1980:
A criação dos primeiros Conselhos Comunitários de Segurança.
Década de 1990:
Criação dos conselhos gestores institucionalizados.
Conselhos Comunitários de Segurança:
É uma entidade de direito privado, que possui vida própria e independência em relação aos órgãos da Segurança Pública ou a qualquer órgão público.
É uma modalidade de associação comunitária, de utilidade pública, sem fins lucrativos e se constitui no direito de associação garantido pelo inciso XVII do art. 5º da Constituição, cujos objetivos são mobilizar e congregar forças da comunidade para a discussão de problemas locais da Segurança Pública no contexto municipal ou em determinada região do município.
São importantes instrumentos para garantir a participação da sociedade e envolver a comunidade nas questões da Segurança Pública, visto que esta é tratada pela Constituição Federal como uma responsabilidade de todos.
Conselhos Municipais de Segurança:
São criações dos poderes legislativos municipais que atendem a interesses político-partidários e são voltados para a definição de ações estratégicas que tenham influência no ente federado como um todo.
Reforma:
Conforme encontrado na Apostila de Multiplicador de Polícia Comunitária da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais – SSP/MG:
O conselho é responsável por diagnosticar problemas das comunidades, o que possibilita ações estratégicas preventivas na área de Segurança Pública. São realizadas reuniões periódicas entre representantes das comunidades, igrejas, escolas, organizações municipais etc., com o intuito de discutir tais problemas. São importantes porque fazem parte da perspectiva segundo a qual os problemas de segurança são responsabilidades de todos e não apenas das organizações policiais. Possibilita também um conhecimento mais aprofundado das questões das comunidades, o que leva a atividades preventivas. Finalmente, satisfaz às demandas democráticas de participação dos cidadãos nas questões de seus interesses.
Fundamentação Jurídica:
Ficou estabelecido, na Constituição Federal de 1988 (caput do art. 144), que:
A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – Polícia Federal;
II – Polícia Rodoviária Federal;
III – Polícia Ferroviária federal;
IV – Polícias Civis;
V – Polícias Militares; e
VI – Corpos de Bombeiros Militares.
Atenção:
Percebemos que se torna legítima a participação da comunidade a partir de concepções mais modernas de polícia, na qual o cidadão desempenha papel mais ativo. Além disso, a nossa Carta Magna (art. 5º, inciso XVII) dispõe que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar”, mas, também estabelece, no inciso XX, que “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”. 
Estatuto:
Os Conselhos Comunitários possuem personalidade jurídica e devem ser adequados ao Código Civil, conforme mostrado a seguir: 
CÓDIGO CIVIL
TÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
CAPÍTULO II DAS ASSOCIAÇÕES
Veja alguns artigos relacionados ao assunto:
http://www.conseg.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=4 
Autonomia e isenção político-partidária:
Conforme mostrado na aula anterior, os Conselhos Comunitários de Segurança devem ter autonomia em relação às forças de segurança que atuam em seu território. Assim também deve ser em relação ao poder público e aos interesses político-partidários.
É preciso que as organizações comunitárias sejam independentes, autônomas, pois isto propicia a imparcialidade das ações da sociedade e da polícia garantindo que os abusos, as ações governamentais equivocadas e os comportamentos sociais inadequados sejam denunciados e as reivindicações de direitos, as ações e os recursos sejam realizados.
Os conselhos comunitários podem ser importantes instrumentos para garantir a participação da sociedade e envolver a comunidade nas questões da Segurança Pública, visto que esta é tratada pela Constituição Federal como uma responsabilidade de todos. 
AULA 04
Condições para o funcionamento, a sensibilização do público interno e da comunidade, a dissolução, a reativação e a eleição, as dificuldades e os Conselhos Comunitários no Brasil.
Condições para o funcionamento dos conselhos comunitários de segurança:
Algumas condições são necessárias para que os conselhos comunitários tenham êxito em seu trabalho:
Cooperação com os diversos setores da sociedade civil e do Estado. Contudo, é preciso diferenciar cooperação de dependência e de vinculação político-partidária, religiosa, doutrinária, ideológica ou econômica com pessoas físicas e jurídicas ou com interesses estranhos aos objetivos do conselho;
Os cargos eletivos ou designados não devem ser remunerados, pois o trabalho é voluntário;
União e interação com os outros conselhos comunitários do município e com os órgãos governamentais;
Vínculo de parceriacom órgão responsável pelo conselho na Secretaria Municipal.
Sensibilização do público interno e da comunidade:
Já mencionamos que é preciso que a comunidade veja como sua a tarefa de trabalhar por um bairro e uma cidade mais seguros, pois é a sociedade que tem boas informações sobre os crimes e outros problemas que a afetam, além de possuir conhecimento sobre as condições locais e a capacidade de cooperar no esforço complementar de prevenção, agindo nas causas subjacentes aos crimes e desordens locais.
É importante saber que as comunidades nem sempre se organizam de forma espontânea. Às vezes, a polícia precisa tomar a iniciativa, tornando-se receptiva e estimuladora desta ação social, por meio de reuniões, palestras, visitas, debates etc.
Dissolução, reativação e eleição:
O estatuto do conselho deve regular a sua dissolução, a reativação e a eleição. Sempre que estes eventos acontecerem, deve-se estudar e acompanhar as causas que levaram a comunidade a agir neste sentido. Cabe aos coordenadores motivar a comunidade a participar das reuniões.
A eleição deve ter ampla divulgação para que a comunidade participe efetivamente e deverá obedecer às normas criadas por cada estado. Seria ideal que cada Secretaria tivesse uma coordenação para acompanhar os conselhos e ser a união entre a comunidade, a segurança e os outros órgãos governamentais.
Dificuldades em relação aos Conselhos Comunitários de Segurança:
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária:
Falta de capacitação continuada dos conselheiros;
Falta de divulgação das ações dos conselhos;
Desconfiança da população;
Falta de sensibilização do público interno;
Falta de participação dos demais gestores públicos;
Falta de envolvimento dos gestores de segurança nas reuniões dos conselhos;
Lideranças inadequadas em busca de interesses pessoais e políticos;
Falta de valorização dos conselheiros.
Em uma situação em que a comunidade, na forma de conselhos, atue em cooperação com a Polícia Comunitária, esta última pode tomar as seguintes medidas complementares para aperfeiçoar a integração:
Elaborar cursos para as lideranças comunitárias;
Proferir palestras nas instituições da comunidade, como igrejas, escolas, clubes etc.;
Incentivar a realização de campanhas preventivas;
Distribuição de cartilhas, folhetos e cartazes;
Induzir a realização de ações comunitárias;
Realização de pesquisas e avaliações;
Realização de seminários para intercâmbio de experiências;
Distribuição de urnas para coleta de sugestões e críticas.
Conselhos Comunitários no Brasil:
No Brasil, os primeiros Conselhos Comunitários de Segurança foram criados na década de 1980. 
Os estados do Paraná, Ceará e São Paulo foram os iniciantes a experimentar essa modalidade.
A partir de 1985 o estado do Ceará, com o auxílio da Polícia Militar, viu surgir os primeiros conselhos em bairros de Fortaleza.
No Paraná, a criação do Conselho Comunitário de Segurança de Londrina ocorreu em 1982 e o de Maringá, em 1983.
Situação dos conselhos comunitários de segurança, atualmente, nos estados:
Região Norte:
Acre:
Com a implantação do programa de Polícia Comunitária no estado, vários Conselhos Comunitários foram criados, mas não se mantiveram. 
A reativação ocorreu a partir do convite aos representantes dos bairros para participarem junto às bases da polícia da família. 
Em nossa pesquisa na internet, apenas encontramos menção ao Fórum Comunitário Permanente de Segurança Pública do Município de Porto Acre e o estatuto do Conselho Comunitário de Segurança de Rio Branco.
Amazonas:
No site da Polícia Militar do Amazonas, na página da Polícia Comunitária, encontramos referência ao Conselho Comunitário de Segurança da Capital (CONSEG), aos Conselhos Comunitários de Segurança Pública das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª CICOM e ao Conselho Interativo Comunitário de Segurança Pública da Zona Leste. No site da Secretaria de Estado de Segurança Pública, pode-se observar uma lista de 56 CONSEGs, com o nome de seus respectivos conselheiros, atualizada em julho de 2006.
Roraima:
No site Folha de Boa Vista, em uma notícia de 25 de setembro de 2009, encontra-se a informação de que a partir de 2007 começaram a serem implantados os conselhos comunitários em Boa Vista, sendo seis nesta ocasião. Contudo, os municípios do interior não contavam, à época, com nenhuma entidade do tipo.
Rondônia:
No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária existe a informação de que são quatro conselhos no estado: Vilhena, Caçoai, Ji-Paraná e Ariquemes.
Pará:
Existem na forma de Conselhos Interativos de Segurança e Justiça (CISJU). Não encontramos nenhuma lista atualizada dos conselhos em funcionamento. No livro Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, há informação de que 32 conselhos estavam em funcionamento.
Amapá:
Os Conselhos Comunitários de Segurança passaram a existir no Amapá a partir de junho de 2005, com a assinatura do decreto estadual nº 3269. Encontramos na internet a Lei 1632 de 29/03/2012 reconhecendo o relevante interesse coletivo, a importância social das obras e a utilidade pública dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública - CONSEGs - localizados no Estado, bem como a federação Amapaense dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública – FEASP. 
É importante notar que fica estabelecido que a FEASP regulará a criação ou a extinção destes conselhos. Apesar de o Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária afirmar que existiam 10 conselhos deste tipo no Amapá, só encontramos na internet, referência ao Conselho Comunitário de Segurança Pública dos Bairros, no bairro de Marabaixo, em Macapá.
Tocantins:
O primeiro conselho foi criado em 2003 e no livro do curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária lê-se que havia 33 Conselhos Comunitários de Segurança em funcionamento.
Região Nortedeste:
Bahia:
Na página da PROGESP-UFBA, encontramos uma lista de conselhos comunitários filiados à Federação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública do Estado da Bahia, na qual constam informações sobre 212 conselhos.
São 38 em Salvador, 18 na região metropolitana e 156 no interior.
Piauí:
Não existe uma lista dos conselhos do estado do Piauí. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, lê-se que a capital é dividida em quatro regiões, norte, sul, leste e oeste e os conselhos são denominados de acordo com a região na qual estão instalados. O primeiro conselho deste tipo, o CONSEG da zona norte, foi criado em 2004.
Maranhão:
Em uma notícia no site da Folha do Maranhão sobre a entrega de kits de material de escritório e de informática, de 22 de maio de 2011, afirma-se que existem 80 conselhos no estado, sendo 24 na capital e 24 no interior.
Ceará:
No site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará, encontra-se uma página com referência a 11 Conselhos Comunitários de Defesa Social.
Vale notar que a página contém informações como o decreto de criação dos conselhos, calendário de reuniões, perguntas e respostas etc. No entanto, algumas informações são de 2003.
Rio Grande do Norte:
Não obtivemos informações sobre conselhos neste estado. No livro de Multiplicador, constava que “existem apenas comunidades cadastradas na Coordenadoria de Programas para a Cidadania/SESED: 74 em Natal e 33 no interior, totalizando 107 comunidades” (p. 341).
Paraíba:
No site da Polícia Militar da Paraíba, encontramos notícia de 21 de setembro de 2012, informando que a PM prepararia instalação de Conselhos Comunitários na capital, para aumentar o número, visto que, à época, existiam apenas dois, nos bairros de Mangabeira e Manaíra.
Pernanbuco:
Apesar de não encontrarmos sites que informassem sobre a situação dos Conselhos Comunitários no estado de Pernambuco, no livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária consta que a Secretaria de Defesa Social já havia empossado, em todo o estado, 232 Conselhos Comunitários de Defesa Social, também chamados de Conselhos da Paz por circunscrição,sendo 44 na região metropolitana e 17 destes na capital.
Alagoas:
Em uma reportagem de 26/05/2009, encontramos a seguinte informação: “Líderes pedem criação de Conselhos Comunitários de Segurança”. Parece que a reivindicação deu resultado, pois, no site da Secretaria de Estado da Defesa Social, do dia 09 de abril de 2010, há uma matéria afirmando que até setembro deste mesmo ano, pretende-se criar 18 novos conselhos.
Sergipe:
Não encontramos nenhuma informação em nossa pesquisa da internet sobre o estado de Sergipe. No livro Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, encontramos que o primeiro conselho deste tipo foi criado em 1995 e que existem 35 Conselhos de Segurança Comunitários regulamentados e 8 estavam em fase de regulamentação.
Região Centro-Oeste:
Distrito Federal:
O decreto nº 24.101, de 25/09/2003 criou os Conselhos Comunitários do Distrito Federal. No site da Secretaria de Estado de Segurança Pública encontramos o seguinte: “Os CONSEGs/RA abrangem todas as regiões administrativas do Distrito Federal e os CONSEGs/ESPECIAIS são compostos atualmente pelos Conselhos Comunitários Especiais de Segurança Rural – CONSEGs ESPECIAIS/Rural, Conselhos Comunitários Especiais de Segurança Escolar - CONSEGs ESPECIAIS/Escolar, Conselho Comunitário Especial de Segurança da Universidade de Brasília – CONSEG ESPECIAL/UnB, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Rodoviários – CONSEG ESPECIAL/Rodoviários, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Taxistas – CONSEG ESPECIAL/Taxistas, Conselho Comunitário Especial de Segurança dos Postos de Combustível – CONSEG ESPECIAL/Postos de Combustível, Conselho Comunitário Especial de Segurança da Indústria Gráfica – CONSEG ESPECIAL/INDÚSTRIA GRÁFICA, Conselho Comunitário Especial do Comércio Atacadista – CONSEG ESPECIAL/COMÉRCIO ATACADISTA e Conselho Comunitário Especial do Transporte Alternativo – CONSEG ESPECIAL/TRANSPORTE ALTERNATIVO”.
Goiás:
O decreto de nº 6.249 de 20 de setembro de 2005 autoriza o Secretário de Segurança Pública e Justiça a criar Conselhos Comunitários de Segurança e Defesa Social. Segundo informações contidas no Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, todos os 246 municípios do estado de Goiás têm Conselho Comunitário de Segurança.
Mato Grosso:
O site da Secretaria de Estado de Segurança Pública, em um uma notícia de 30 de março de 2009 contabiliza 39 Conselhos Comunitários para este estado.
Mato Grosso do Sul:
Há, de acordo com notícia do site do Jornal do Povo, de 29 de março de 2011, existem 15 conselhos na capital e 24 no interior, sendo que um deles é o Conselho Comunitário de Segurança Indígena.
Região Sudeste:
Minas Gerais:
No site da Polícia Militar de Minas Gerais, encontramos uma página para os CONSEPs, na qual consta a definição de Conselhos Comunitários e dois tópicos de finalidades, mas não existe uma lista dos conselhos atualmente em operação. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, há a informação de que, neste estado, os conselhos foram criados a partir do ano 2000 como eixo da polícia de resultados da PM. Em dezembro de 2004, existiam 373 CONSEPs atuando no estado.
Espírito Santo:
O decreto nº 2.171 de 13 de novembro de 1985 autoriza a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança no território capixaba.  
Rio de Janeiro:
De acordo com o livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, existiam 39 conselhos, divididos por Áreas Integradas de Segurança Pública. “Cada AISP representa geograficamente a área de um batalhão Operacional da Polícia Militar, não importando quantas delegacias estejam na sua área, porém na reorganização feita à época pela Secretaria de segurança Pública corrigiram-se as dúvidas e cada delegacia foi direcionada para uma AISP específica. No site do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Estado de Segurança existe uma lista de oito sites de conselhos que autorizaram a divulgação de seus contatos.
São Paulo:
Em São Paulo os CONSEGs foram criados pelo Decreto Estadual n.º 23.455, de 10 de maio de 1985, e regulamentado pela Resolução SSP-37, de 10 de maio de 1985, existindo atualmente em 522 municípios, sendo 84 na capital, 40 na região metropolitana e 660 no interior e no litoral, totalizando 784 conselhos comunitários de segurança neste estado.
Região Sul:
Paraná:
Neste estado, o decreto nº 2.332, da Secretaria de Segurança pública do Paraná regulamenta os conselhos. Não se pode esquecer que a primeira experiência de Conselho Comunitário no âmbito da segurança pública do Brasil ocorreu em Londrina, ainda no início da década de 1980. No site da Secretaria de Segurança Pública encontra-se uma página dos CONSEGs em que há uma divisão por quatro regiões do estado: capital (42), região metropolitana (24), litoral (8) e interior (169).
Santa Catarina;
Os CONSEGs existem neste estado desde 2001, a partir do Decreto nº 2.136 e da resolução nº 001/SSP/01 totalizando cerca de 230 atualmente.
Rio Grande do Sul:
Neste estado, são chamados de Conselhos Comunitários Pró-Segurança (CONSEPRO) organizados na forma de Federação dos Conselhos Comunitários Pró-Segurança Pública (FECONSEPRO), porém não encontramos uma lista. No livro do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária existe a informação de que eram, à época da publicação, 429 conselhos, pois quase todo município deste estado contam com uma entidade.
Os Conselhos Comunitários de Segurança são uma ótima forma de envolver a Sociedade Civil e o Estado na perspectiva de buscar soluções conjuntas para os problemas da violência e criminalidade e, nesse sentindo, é bastante animador notar que todos os estados e o Distrito Federal, de alguma forma, apresentam experiências deste tipo, embora a memória e o conhecimento sobre os Conselhos não estejam satisfatoriamente sistematizados.  
Percebemos que ao tratar do tema dos Conselhos Comunitários de Segurança, frequentemente nos referimos à Polícia Comunitária, por isso, a partir do próximo encontro estudaremos a Polícia Comunitária, os conceitos e as interpretações subjacentes ao tema, bem como a diferença entre ela e o policiamento comunitário. Examinaremos os 10 princípios da polícia comunitária e as características que a diferenciam da tradicional e os relacionamentos da primeira com a comunidade.
AULA 05
Polícia Comunitária.
De acordo com Robert Trajanowicz e Bonnie Bucqueroux (1994):
Polícia Comunitária é uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral da vida na área.
Diferença entre Polícia Comunitária e policiamento comunitário:
Polícia Comunitária é uma filosofia de trabalho comum a todos os órgãos de polícia; 
Policiamento comunitário é a ação de policiar junto à comunidade, pertinente às ações efetivas com a comunidade.
Polícia tradicional:
A polícia é uma agência governamental responsável, principalmente, pelo cumprimento da lei.
Na relação entre a polícia e as demais instituições de serviço público, as prioridades são muitas vezes conflitantes.
O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do crime.
As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, homicídios e todos aqueles crimes envolvendo violência.
A polícia se ocupa mais com os incidentes.
O que determina a eficiência da polícia é o tempo de resposta.
O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas rápidas aos crimes sérios.
As informações mais importantes são aquelas relacionadas a certos crimes em particular.
O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua área, que representa, no máximo, 2% da população residente ali, onde “todos são inimigos, marginais ou paisanos folgados, até prova em contrário”.O policial é o do serviço.
Emprego da força como técnica de resolução de problemas.
Presta contas somente ao seu superior.
As patrulhas são distribuídas conforme o pico de ocorrências.
A função do comando é prover os regulamentos e as determinações que devam ser cumpridas pelos policiais.
Polícia comunitária:
A polícia é o público e o público é a polícia: os policiais são aqueles membros da população pagos para dar atenção em tempo integral às obrigações dos cidadãos.
Na relação com as demais instituições de serviço público, a polícia é apenas uma das instituições governamentais responsáveis pela qualidade de vida da comunidade.
O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo visando à resolução de problemas, principalmente por meio da prevenção.
A eficácia da polícia é medida pela ausência de crime e de desordem.
As prioridades são quaisquer problemas que estejam afligindo a comunidade.
A polícia se ocupa mais com os problemas e as preocupações dos cidadãos.
O que determina a eficácia da polícia são o apoio e a cooperação do público.
O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito relacionamento com a comunidade.
A função do comando é incutir valores institucionais.
As informações mais importantes são aquelas relacionadas com as atividades delituosas de indivíduos ou grupos.
O policial trabalha voltado para os 98% da população de sua área, que são pessoas de bem e trabalhadoras.
O policial emprega a energia e a eficiência, dentro da lei, na solução dos problemas com a marginalidade, que no máximo chega a 2% dos moradores de sua localidade de trabalho.
Desenvolve e mantém métricas de resultados em projetos, ou seja, mede o desempenho de cada projeto;
Desenvolve e mantém indicadores para monitoramento dos projetos. Existem alguns softwares para isso;
Fornece treinamento, conselho e orientação aos gerentes de projetos;
Monitora via auditoria, se os projetos estão em conformidade com os padrões, os modelos e as políticas da empresa;
Os 10 Princípios da Polícia Comunitária:
Para uma implantação do sistema de policiamento comunitário é necessário que todos, na instituição, conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com total honestidade de propósitos. São eles:
Filosofia e estratégia organizacional;
Comprometimento da organização com a concessão de poder à comunidade;
Policiamento descentralizado e personalizado;
Resolução preventiva de problemas em curto e em longo prazo;
Ética, legalidade, responsabilidade e confiança;
Extensão do mandato policial;
Ajuda às pessoas com necessidades específicas;
Criatividade e apoio básico;
Mudança interna;
Construção do futuro.
Quando não se conhece ou não se prática Polícia Comunitária é comum se afirmar que esta nova forma ou filosofia de atuação é de uma “polícia light”, sem autoridade.
Isto não é verdade, pois a Polícia Comunitária é uma forma técnica e profissional de atuação perante a sociedade em uma época na qual a tecnologia, a qualidade no serviço e o adequado preparo são exigidos em qualquer profissão.
As polícias civil e militar e o policiamento comunitário:
A partir de uma perspectiva técnica, as duas possuem funções complementares, devendo atuar de forma integrada.
Sabemos que, no Brasil, as atribuições das polícias são definidas constitucionalmente. Se à Polícia Militar cabe desempenhar o papel de polícia ostensiva, à Polícia Civil compete fazer às vezes de polícia judiciária, ou seja, tem caráter investigativo.
AULA 06
Polícia Comunitária no Brasil.
Embora, no Brasil, o tema do policiamento comunitário seja relativamente recente, esta perspectiva não é nova. 
Segundo Skolnick e Bayley, já na década de 1910, o americano Arthur Woods talvez tenha sido o primeiro a propor uma versão comunitária de policiamento.
Segundo os autores (2002: 57):
Ele (Arthur Woods) estava convencido de que um público esclarecido beneficiaria a polícia de duas maneiras: 
O público ganharia um respeito maior pelo trabalho policial se os cidadãos entendessem as complexidades, as dificuldades e o significado dos deveres do policial; 
Através dessa compreensão, o público estaria disposto a promover recompensas pelo desempenho policial consciente e eficaz.
Objetivo: inculcar nas camadas rasas do policiamento a percepção da relevância social, da dignidade e do valor público do trabalho do policial.
No Brasil, como sabemos, os profissionais que trabalham com segurança pública têm buscado alternativas para os problemas da área.
A integração das polícias brasileiras e a participação da sociedade organizada é uma dessas alternativas.
O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, SENASP, desde 1998, iniciou estudos para propor a criação de uma base comum de formação profissional para todos os profissionais de segurança, cujo objetivo é criar uma doutrina única para atuação na área.
Os estados brasileiros, por sua vez, têm estabelecido programas de integração entre as Polícias Militares e as Polícias Civis. 
Exemplos como a integração operacional e a integração dos centros de formação têm contribuído com a melhora do serviço policial, pois as intervenções policiais passam a ser realizadas com base em técnicas modernas.
Modelo de Policiamento Comunitário:
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, o modelo de policiamento comunitário teve início, no Brasil, a partir da década de 1980, quando as polícias reestruturaram os seus processos com base no que dispunha a Constituição Federal de 1988.
O marco inicial da discussão sobre o tema do policiamento comunitário foi o I Congresso de Polícia e Comunidade, promovido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, realizado em 1991. 
Quanto às primeiras iniciativas, foi neste mesmo ano que a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro iniciou um programa piloto de Polícia Comunitária em Copacabana. 
A primeira experiência no Estado de São Paulo ocorreu em Ribeirão Preto.
O governo federal, por sua vez, buscando uma política de modernização democrática criou programas nas áreas sociais e um deles foi o Programa Nacional de Direitos Humanos, cujo objetivo era estabelecer diretrizes para a melhoria da qualidade de vida no Brasil. 
Neste programa, encontravam-se metas que visavam melhorar o desempenho e o relacionamento das polícias com a sociedade, otimizando programas de polícia comunitária nos estados.
Experiências Brasileiras:
Um dos primeiros experimentos foi realizado em São Paulo, por isso vamos analisá-lo primeiro e depois passaremos ao “Projeto Fica Vivo!” de Belo Horizonte e Ação Inclusiva/PROERD, realizada no Rio Grande do Sul, região de fronteira com a Argentina.
Policiamento Comunitário em São Paulo – histórico:
Em 30 de setembro de 1997, a Polícia Militar do Estado de São Paulo adotou de forma experimental a filosofia do policiamento comunitário, definida como “filosofia e estratégia da organização que proporciona a parceria entre a população e a polícia.”. 
Dentro de um território específico e voltada também para a prevenção do crime, a experiência contou com a parceria entre polícia, comunidade local, autoridades eleitas e empresários locais, entre outros grupos.
Ações implantadas após adoção do policiamento comunitário:
De setembro de 1997 até maio de 2000 foram instaladas 239 bases comunitárias de segurança no estado, sendo 44 na capital, 39 da grande São Paulo e 158 no interior. 
Cerca de 16.000 oficiais e praças passaram por cursos de multiplicadores ou estágios e só na capital existiam 462 policiais diretamente ligados ao programa.
A Polícia Militar criou testes psicológicos específicos para selecionar policiais comunitários, passou a incluir a matéria Polícia Comunitária em todos os cursos de formação, aperfeiçoamento e requalificação profissional a partir de 1998 e trouxe diversos especialistas nacionais e estrangeiros – principalmente americanos, canadenses, franceses e japoneses – para assessorar o programa e fazer palestras sobre o tema. 
Além de trazer especialistasde fora, enviaram policiais paulistas para estudo e seminários no Canadá e no Japão.
Criou um disque PM para receber reclamações e sugestões da comunidade e instalou comissões regionais de polícia comunitária nos comandos de policiamento de área da região metropolitana e da capital.
Além disso, editou e distribuiu material sobre o programa, como a cartilha do policial comunitário, o livro Policiamento Comunitário: como começar, de Robert Trojanowicz, além de cartazes, folhetos explicativos e boletins informativos com tiragem de 20 mil exemplares por edição.
Policiamento Comunitário em São Paulo – Novas práticas:
Polícia comunitária não é um conceito unívoco, mas um conjunto amplo de programas e práticas administrativas inspiradas em uma filosofia comunitária. É um conceito complexo e ambíguo, e nisto reside sua virtude. (Moore, 1994).
Entre as novas práticas adotadas pela polícia paulista desde 1997 que se aproximam do modelo estão:
Primeira Prática:
Estabelecimento de pequenas bases fixas, que são edificadas, reformadas e ampliadas, frequentemente com a colaboração da comunidade local.
Patrulhamento feito a pé, em um território fixo e relativamente determinado.
Segunda Prática:
Policiais fixos na comunidade, embora existam problemas quanto à rotatividade de policiais e comandantes.
Investimento para a formação de policiais e oficiais em policiamento comunitário, com organização de palestras de professores brasileiros e estrangeiros e envio de oficiais para cursos e visitas a outros estados ou países.
Terceira Prática:
Organização de encontros comunitários e seminários de prevenção ao crime nos bairros.
Publicação de boletins sobre policiamento comunitário e material impresso sobre medidas de prevenção que a população deve adotar.
Quarta Prática:
Criação de um conselho de implantação do policiamento comunitário, com reuniões periódicas.
Incentivo à criação de conselhos de segurança comunitários, que atuam frequentemente em conjunção com as bases do policiamento.
Quinta Prática:
Pesquisa de avaliação do programa junto aos policiais e às comunidades afetadas.
Organização de atividades recreativas para os jovens e demais moradores das comunidades, com objetivos preventivos.
Campanha da mídia e produção de material de divulgação do policiamento comunitário, como por exemplo, adesivos e boletins informativos.
Nos primeiros momentos de implantação do programa é natural que se gaste muito tempo para elaborar material de apoio, construir e inaugurar bases, promover atividades de divulgação do próprio programa, treinar policiais e oficiais, visitar e conhecer o funcionamento de experiências similares e ainda fazer as mudanças institucionais e administrativas necessárias ao funcionamento do projeto.
Com o tempo e a institucionalização do policiamento comunitário, essas atividades iniciais diminuem, dando lugar a tarefas substantivas e atividades junto às comunidades, cujos exemplos ainda são poucos e limitados.
O Caso do Morro do Quadro, Bairro Santo Antônio, Vitória (ES):
O Morro do Quadro era um território controlado por diversas facções do tráfico de drogas em conflito pelo controle dos pontos de vendas de drogas. 
Em janeiro de 1997, dois policiais do serviço reservado da Polícia Militar capixaba, que estavam no Bairro Santo Antônio para colher informações que pudessem levar à captura dos traficantes foram executados. 
As mortes dos dois policiais fizeram com que a cúpula da Polícia Militar achasse que chegara o momento de terminar com aquela situação na qual o tráfico desafiava a polícia e mantinha os habitantes sob o medo constante.
Como a polícia era rechaçada na base do morro pelos traficantes e recebida com hostilidade e desconfiança pela população, a cúpula da PM decidiu utilizar o policiamento comunitário que já mostrava sinais de sucesso em Guaçuí, no sul do Estado do Espírito Santo. 
Cinco anos depois, a polícia interativa era um componente importante na comunidade do bairro de Santo Antônio, tendo no Morro do Quadro a sua atuação mais visível e sendo apontada como modelo para o Brasil.
Os moradores que tinham receio de dizer onde moravam antes da intervenção, passaram a ter orgulho de viver na comunidade. Eles contam que não recebiam visitas, tinham dificuldades de comprar a crédito e os fornecedores do comércio se negavam a ir ao bairro temendo os roubos que efetivamente aconteciam, como os caminhões de gás, leite e outros produtos que foram diversas vezes saqueados, além das ameaças sofridas por professores e o fechamento do comércio.
A inserção do policiamento comunitário, na região, aumentou a sensação de segurança e, em consequência, o comércio se expandiu, a infraestrutura do bairro melhorou e aumentou o entrosamento entre as entidades sociais que passaram a trabalhar em cooperação com a PM para preservar a paz e a ordem no bairro.
O resultado da ação de policiamento comunitário foi a diminuição da criminalidade. Em cinco anos, o número de homicídios baixou em 64%, os assaltos, as agressões e as tentativas de homicídios recuaram em 43%. No caso dos roubos e furtos, a queda foi de 30% e os crimes contra o patrimônio, 24%.
O Caso dos Anjos da Paz do Bairro Perpétuo Socorro - Macapá (AP):
O Bairro do Perpétuo Socorro era um dos mais violentos de Macapá, onde era possível observar a presença de gangues de jovens. 
Em setembro de 1998, a Polícia do Estado do Amapá criou, em conjunto com outros órgãos estaduais, a Polícia Interativa e de Segurança Social, o que transformou alguns bairros da capital, desde a melhora na infraestrutura até o aumento da sensação de segurança coletiva.
Os bairros de Perpétuo Socorro e Cidade Nova 1 e Cidade Nova 2 eram as localidades mais violentas de Macapá e, por isso, foram os primeiros a receber a polícia interativa. 
O desafio da polícia era se aproximar da comunidade. 
No início, o efetivo era muito reduzido e teve que ser adaptado à nova filosofia de trabalho. Para alcançar os objetivos, foi necessário quebrar resistências para se aproximar e conquistar a confiança da população.
Táticas e melhorias:
Uma das primeiras táticas para favorecer a aproximação foi a distribuição de urnas em locais estratégicos. 
As urnas deviam receber, inicialmente, sugestões para a atuação da polícia interativa, pedidos e reclamações e, posteriormente, denúncias sobre a atuação de criminosos e a ocorrência de atos delituosos. Com o passar do tempo, começaram a receber também denúncias sobre procedimentos ecologicamente incorretos como a queima de lixo.
Com a sua eficiência, as urnas passaram a ser um canal de comunicação importante entre a comunidade e a polícia e foram as sugestões que ajudaram a polícia a traçar as coordenadas da polícia interativa, mas a forma como a polícia agia foi imposta, pois era permanentemente fiscalizada pela comunidade do Perpétuo Socorro.
O Conselho Interativo de Segurança Pública (CIESP) era o centro de fiscalização e o presidente era eleito por voto direto para o mandato de um ano.
Funcionava como uma organização não governamental e contava com representantes de várias entidades locais. 
As reuniões eram quinzenais e ocorriam na sede do Serviço de Atendimento ao Cidadão com o objetivo de analisar o andamento dos programas de polícia interativa, fazer eventuais correções de rumo quando necessário e até interferir em ações de políticas públicas.
A pedido do Conselho, um bar que era ponto de venda de drogas e brigas foi fechado. 
Além disso, a Polícia Civil designou um delegado e três investigadores para reforçar a polícia interativa da localidade. 
O novo modelo de policiamento diminuiu muito os índices de criminalidade nos três bairros.  
O CIESP também tem como atribuição a supervisão dos projetos sociais mantidos em conjunto com a polícia interativa: monitores mirins, cursos de capacitação, português e francês, atividades esportivas (futebol de salão, voleibol e capoeira) e o projeto do grupo Anjos da Paz.
A gangue GK2 se transformou em um grupo chamado Anjos da Paz que congrega45 jovens de ambos os sexos. Todos os homens do grupo tiveram alguma passagem pela polícia, mas, com a mudança, passaram a se dedicar a atividades comunitárias, frequentar cursos de aperfeiçoamento profissional e a usar uniforme. 
Os rapazes ajudam na segurança do comércio local e os comerciantes da Feira do Pescado cederam um imóvel que passou a ser utilizado com Centro de Convivência do grupo Anjos da Paz.
Resumo:
As iniciativas de policiamento comunitário no Brasil tiveram início na década de 1980, podendo ser consideradas tardias, se comparadas a outros países.
De acordo com o sociólogo Túlio Kahn, com o fim da ditadura militar, as polícias sofreram com a falta de legitimidade e havia necessidade de adequar a identidade aos novos ventos democráticos. 
A filosofia de policiamento comunitário foi, então, fundamental para impulsionar esta mudança. Para o pesquisador, esta filosofia melhora a imagem e a autoestima do policial e diminui a sensação de insegurança da sociedade.
Nos três casos analisados, percebemos alguns pontos comuns: 
Aumento da sensação de segurança e o nascimento do orgulho de residir naquela comunidade em oposição à vergonha sentida anteriormente à intervenção da polícia comunitária. 
No início, sempre existe resistência, mas, é possível acontecer uma aproximação entre a comunidade e a polícia e esse é o primeiro passo para se estabelecer uma relação de confiança. 
Diz respeito à questão da infraestrutura. Sempre que há intervenções de polícia comunitária, a localidade se valoriza, seu comércio se desenvolve e a capacidade de acessar equipamentos urbanos de uso coletivo se amplia.
AULA 07
Polícia Comunitária no Mundo:
Premissa:
A segurança pública é um tema importante em vários países. 
São diversas as nações que estão interessadas em discutir o modelo de emprego operacional e jurídico das polícias. 
No manual do Curso Nacional de Multiplicador de Política Comunitária, encontramos análises das experiências dos seguintes países: Estados Unidos, Canadá, Japão, Espanha, Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai e El Salvador. 
Sistema de Segurança nos Estados Unidos:
Nos Estados Unidos, no início da década de 1990, a criminalidade atingia níveis alarmantes e a violência e a corrupção eram extremamente altas nas principais e mais populosas cidades do país em âmbito policial.
Ao longo do tempo e com o uso extensivo do automóvel em suas atividades, o policial havia se afastado da população com suas rápidas rondas motorizadas. Não havia mais proximidade e a ênfase estava em reprimir o crime e não em prevenir delitos.
A técnica “Tempo-Resposta” (tempo que uma patrulha demora a chegar ao local do crime depois de chamada pelo rádio) não foi suficiente para lidar com a criminalidade. 
A partir de 1992, o governo Bill Clinton passou a destinar cerca de oito bilhões anuais para o treinamento, a tecnologia e a aproximação da polícia com a comunidade no programa chamado de COPS – Community Oriented Police Services -, ligado ao Departamento de Justiça, cuja missão era reformular as polícias (estaduais e municipais) com programas comunitários que motivaram a participação do cidadão e valorizaram o serviço policial.
Nesta linha, diversas organizações não governamentais (ONGs) foram criadas para coordenar os gastos com a polícia, com a participação da comunidade e com estudos sobre o aprimoramento da filosofia da Polícia Comunitária no país inteiro. Esses organismos analisavam todas as iniciativas e difundiam e premiavam as melhores.
Abaixo, os principais programas comunitários americanos:
Tolerância Zero:
Programa cujo critério é que qualquer delito (de menor ou maior potencial ofensivo) deve ser coibido com o rigor da lei, inclusive infrações de trânsito e atos antissociais como embriaguez, pichações etc. O programa contava com a participação de todos os órgãos policiais locais, fiscalizados pela comunidade, sendo mais que apenas uma ação de polícia. A sua implantação, em Nova York, reduziu em quase 70% a criminalidade.
Teoria da Janela Quebrada (Broken Window Program, de George Kelling):
Estabelece como ponto crucial a recuperação e a estruturação de áreas comuns comunitárias assim como o empoderamento da comunidade para assumir o seu papel de recuperação social. Preservar um prédio público, recuperar um jovem dependente de drogas acabam por se tornar mecanismos significativos de integração e participação comunitária e reforçam formas de prevenção criminal, com a conscientização da comunidade.
O Policiamento Orientado para o Problema (Policing Oriented Problem Solving):
É um instrumento de engajamento social. Baseia-se no conceito de que a polícia deixa de reagir ao crime e passa a mobilizar os seus recursos e esforços na busca de respostas preventivas para os problemas locais. Atrai assim a boa vontade e a cooperação dos cidadãos, trabalhando para diminuir a sensação de insegurança, desordem e criminalidade.
Implantou-se também uma tática agressiva para remover armas das ruas em uma política que ficou conhecida como “Abordagem e Revista”, o que submetia a população, sobretudo jovens negros e hispânicos, a buscas frequentes, fazendo com que as iniciativas implantadas, em Nova Iorque, fossem alvo de críticas ferrenhas por parte de defensores dos Direitos Humanos e das minorias.
Canadá:
No Canadá, as iniciativas de polícia comunitária tiveram início na década de 1980 quando a insatisfação e o descrédito, em relação às atividades policiais, atingiram altos patamares. A sua implantação durou cerca de oito anos, demandando medidas administrativas e operacionais e implicando em mudanças na filosofia do trabalho com um novo tipo de educação para todos os policiais.
A base territorial canadense se configura desta forma: as cidades são divididas em distritos policiais e os distritos em pequenas vizinhanças. 
Com a proximidade da polícia em relação à comunidade, a população tem sempre a ideia de que a polícia está por perto.
A divisão territorial tem a ver com questões geográficas e com os tipos de crimes, pois, constatada a maior incidência de uma modalidade, os policiais fazem cursos para aprender a lidar com ele. A ronda permite que o policial visite casas e empresas e, quando um problema é identificado, dá-se a união do município, da população e da polícia para solucioná-lo imediatamente.
A bicicleta é uma forte aliada neste sentido, pois possibilita que se conheçam as pessoas e os problemas locais. Existem parcerias entre a polícia e as pessoas e empresas que doam prédios e equipamentos.
Participação da comunidade:
A participação da população se dá em todas as decisões da polícia, o que torna o cidadão muitas vezes um voluntário para trabalhar como atendente nos postos policiais, liberando os agentes para trabalhar nas ruas. 
Existe um estímulo para que as pessoas colaborem com a polícia, valorizando-se, inclusive, as informações fornecidas por prostitutas e pessoas em situação de rua. As informações recebidas pela polícia são sempre sigilosas, preservando-se o informante.
A polícia é vista como integrante da sociedade local e dá-se muita importância à demonstração de que ela está sempre presente e próxima do cidadão, independentemente de solicitação. A ênfase está na prevenção.
Em suas atividades cotidianas, os policiais se orgulham de não usar a violência e procuram atrair os jovens criando, um conjunto musical com policiais veteranos ou promovendo competições esportivas entre estudantes e policiais, o que estimula a troca de atividades não muito saudáveis pelo esporte. Este tipo de aproximação possibilita a confiança da população, sobretudo a sua fração jovem, no trabalho da polícia.
Existe uma preocupação com os procedimentos operacionais para a abordagem e a prisão, onde sacar a arma é o último recurso. Inicia-se sempre pela advertência verbal.
Em caso de resistência, utilizam-se instrumentos de menor potencial ofensivo como o spray de pimenta, a chave de braço, o tiro para imobilizar e não para matar e o uso de algemas só em caso de a pessoa oferecerresistência ou oferecer risco para si ou para os outros. O treinamento policial é constante e ele aprende a respeitar as leis escritas e não escritas.
Uma das características da polícia e da justiça canadenses é a agilidade. Também é sua característica utilizar as penas alternativas evitando-se a detenção desnecessária.
Contudo, em casos de prisão, decide-se se alguém ficará preso ou se será liberado em 24 horas. Para este tempo, o indivíduo fica em uma cela com no máximo cinco presos e tem acesso a um telefone para falar com seu advogado. Em caso de prisão, ele segue para uma instituição carcerária própria.
A polícia canadense é organizada da seguinte forma: polícias federais, provinciais (estaduais) e municipais, somando cerca de 800 instituições. A estrutura policial favorece a modalidade comunitária.
Japão:
O seu modelo de policiamento comunitário é um dos mais antigos do mundo, criado em 1879, possuindo uma ampla rede de postos policiais totalizando 15.000 em todo país e são denominados de Kobans e Chuzaishos.
Do efetivo policial japonês, cerca de 40% estão destinados ao policiamento comunitário fardado, sendo que 65% prestam serviços nos Kobans e Chuzaishos, 20% no policiamento motorizado e 15% no serviço administrativo do Sistema, o que inclui o staff de comando, atendimento e despacho de viaturas para ocorrências e comunicação.
Perfil do policial japonês:
O policial japonês deve ser educado, polido e disciplinado, cumprindo suas obrigações com determinação e zelo.
Seu nível de escolaridade mínimo é o ensino médio.
Usa com destreza avançados recursos tecnológicos, na área das comunicações e informática, recursos que aliados à sua formação técnica policial permite atingir resultados positivos, agindo na maior parte das vezes isoladamente.
Juramento policial japonês:
“Como membro da Polícia, eu aqui prometo: servir à nação e à sociedade com orgulho e um firme sentido de missão. Prestar o devido respeito aos Direitos Humanos e realizar minhas obrigações com justiça e gentileza. Manter estreita disciplina e trabalhar com o máximo de cooperação. Desenvolver meu caráter e a capacidade para minha autorrealização. Manter uma vida honesta e estável.”
Atenção:
O policiamento comunitário tem papel central nas atividades policiais de segurança no Japão. Os 60% dos policiais que não participam da polícia comunitária estão divididos entre funções administrativas, investigações criminais, segurança interna, escolas, bombeiros, trânsito, informações e comunicação e guarda imperial.
Policiamento comunitário japonês:
Uma premissa imprescindível, no policiamento comunitário japonês, é a de que a prevenção é mais importante que a repressão. Assim, prevenir a ocorrência de crimes e acidentes é considerado muito mais importante do que prender criminosos ou socorrer acidentados.
Seguindo essas premissas, a polícia japonesa descentralizou territorialmente seus pontos de segurança, em mais de 15.000 bases de Segurança Comunitária, criando os chamados Koban ou Chuzaisho que são construídos pelas prefeituras e subordinados aos Police Stations. 
O estreitamento da relação polícia-comunidade garante ao policial a certeza de ser um mini chefe do policiamento descentralizado, em patrulhamento constante, garantindo segurança e paz para a comunidade e para o seu próprio trabalho.
“Na Europa latina, as polícias de proximidade compartilham dos mesmos preceitos da Polícia Comunitária, utilizando terminologias diferentes, fundamentando-se na aproximação com a comunidade e na antecipação ao crime.”
A Polícia Comunitária da Espanha:
Em 1996, o diretor geral de polícia passou a ser responsável pela segurança nacional, o que anteriormente estava a cargo da Guarda Nacional espanhola. 
A primeira providência foi a realização de uma pesquisa, nas principais cidades espanholas, para sondar a situação da segurança pública.
Concluiu-se, então, que apesar da eficiência da polícia espanhola, o crime era igualmente organizado. Uma comissão cujo chefe era o diretor de polícia foi criada e tal grupo visitou países que tinham experiência em Polícia Comunitária, como Grã-Bretanha, Estados Unidos e Canadá.
Em 1997, um projeto piloto foi iniciado e a filosofia de Polícia Comunitária entrou em confronto com as patrulhas de polícia.
Os policias foram retirados dos carros e favoreceu-se a aproximação em relação à população, fazendo com que as rondas fossem a pé ou em motos de pequenas cilindradas. Assim, seria responsabilidade deles agir rápida e plenamente em qualquer evento que pudesse ocorrer em sua área de serviço. A resposta teria que ser igualmente veloz e incluiria assistência e ajuda. Isso possibilitou a integração dos policiais aos bairros onde prestavam serviços, tornando-se conhecidos da população local, criando uma relação de confiança recíproca. A colaboração por parte dos membros da comunidade é vital para uma análise mais profícua dos problemas e, na medida do possível, elaborar e tomar as medidas corretas para resolvê-los.
Superada a fase piloto, o programa de Polícia Comunitária foi estendido a todo o território nacional, a partir de 1999, em cidades mais ou menos populosas e, na avaliação de Santiago Cuadro Jean, comissário geral da Polícia Nacional da Espanha, os resultados estavam sendo muito satisfatórios.
Atenção:
Neste ponto, é importante ressaltar que a própria população passou a desejar a Polícia Comunitária das suas cidades a partir do conhecimento do novo conceito, através de campanhas veiculadas nos meios de comunicação, folhetos e por ouvir contar experiências de outras cidades.
Estratégia da Polícia Espanhola:
A polícia de proximidade, na Espanha, busca mais agilidade na reação ao crime possibilitando que o cidadão denuncie delitos dos quais foi vítima ou tomou conhecimento ao policial mais próximo.
Existe uma preocupação em registrar estatisticamente horários, áreas mais afetadas e número de crimes ocorridos. Todas essas informações são digitalizadas para proporcionar uma melhora do planejamento das atividades.
Atenção:
Os objetivos estratégicos da polícia de proximidade são:
Reduzir os índices de criminalidade, 
Melhorar a qualidade do serviço prestado e 
Aumentar a satisfação da população e dos próprios policiais.
Argentina:
	De acordo com relato de Arturo Antonio Corbetti, da Polícia Federal, foi implanta uma polícia criminal baseada na sistematização de dados das casas e dos cidadãos das regiões de mais incidência de crimes.
A comunidade contribui informando os acontecimentos e, a partir daí, intensificam-se as atividades para enfrentar a criminalidade na região. Além dessa política outras foram implantadas. 
Atividades criadas na Argentina com o objetivo de enfrentar a criminalidade: 
Quando um indivíduo é ferido por ato criminoso, a polícia coloca médicos e psicólogos à disposição da vítima. Esses profissionais prestam orientação acerca da ocorrência e elaboram relatório sobre a pessoa;
Conscientização dentro da própria instituição sobre a importância do policial para a instituição e para a sociedade; 
Criação de um programa de rádio federal para informar à população sobre orientações policiais, médicas, legais e psiquiátricas gratuitamente; 
Campanha na televisão sobre a ingestão de drogas e bebidas. 
Os policiais foram colocados em constante contato com a comunidade, sendo este o embrião de uma polícia de proximidade; 
Criação de uma central de informações que tem um banco de dados geral dos serviços públicos. A polícia assume o papel de mediadora dos pedidos e requerimentos de serviços públicos essenciais urgentes da comunidade. A partir daí, ela aconselha, orienta ou toma a providência mais apropriada para o caso.
Colômbia:
De acordo com o Tenente Coronel Orlando Barreiro, coordenador da equipe de gestão e diretor da Polícia Nacional da Colômbia, a Polícia Nacional colombiana, com aproximadamente 100 anos de existência, quase foi extinta na década de 1990, devido aos péssimos serviços e à corrupção. 
Para empreender mudanças urgentes, a coordenação ficou

Continue navegando