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in dubio pro societat

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Universidade salgado de oliveira
Pro reitoria academia 
Curso de direito
Carlos Henrique da silva moreira
A “(IN)APLICABILIDADE” DO IN DÚBIO PRO SOCIETATE DA PRONÚNCIA NO RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI
Juiz de Fora
2017
Carlos Henrique da silva Moreira 
A “(IN)APLICABILIDADE” DO IN DÚBIO PRO SOCIETATE DA PRONÚNCIA NO RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI
Artigo cientifico a ser apresentado como requisito parcial a conclusão do curso de direito da universidade salgado de oliveira de pesquisa sobre o principio indubio pro sociedade da pronuncia no rito do tribunal do júri 
Orientador: fabio de oliveira vargas 
Juiz de Fora
2017�
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Resumo
O presente trabalho visa demonstrar que o posicionamento majoritário da doutrina em face da dúvida na pronuncia acarreta mudanças além de ser acobertada, pelo principio do in dubio pro societate diante o tribunal do júri. Serão apresentados questionamentos, posicionamentos doutrinários divergentes da doutrina majoritária, bem como demonstrações de alguns prejuízos e perigos trazidos pelo prosseguimento da pronúncia em desfavor de um individuo que se encontra preste a ser julgado no tribunal do Júri, mediante dúvidas quanto à autoria e materialidade, onde o princípio in dubio pro reo se torna mitigado pela sociedade. 
Palavras-chave: princípio o in dúbio pro societate; tribunal do júri; princípio in dúbio pro reo.
1 introducao 
	 O presente artigo que iremos estudar e questionar o porque de apesar o magistrado saber que existe indícios e possuir materialidade do fato, ele não pode julgar e processar diretamente o magistrado convoca um júri popular formado por pessoas do povo que irão julgar o réu pelos seu crimes 
 Muitas das vezes por forca probatória a parte acusadora tem que provar
Ou seja possui o ônus de provar a culpabilidade do acusado ele tem que mostrar através de provas que individuo praticou o fato delituoso.
 A Constituição brasileira traz em seu artigo 5 , “LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
Apesar de a constituição Federal trazer expressamente que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, em nosso ordenamento jurídico processual penal no rito do Tribunal do Júri, no momento da pronúncia, ao aplicar o princípio do in dúbio pro sociedade este sobrepõe à presunção de inocência, ao resolver em favor da sociedade, quando houver dúvidas quanto aos indícios de autoria e materialidade em desfavor do réu.
A partir dessa ideia dissertaremos quanto a (in)aplicabilidade do princípio in dúbio pro societate no rito do tribunal do Júri quanto à sua forma de pacificar do princípio do estado de inocência, pois mesmo que não se tenha indícios mínimos de materialidade e autoria o juiz não poderá decidir a favor do réu e privá-lo quanto à sequência processual do rito, devendo ser realizada a pronúncia e submetê-lo a todo um processo exaustivo e muitas das vezes ou melhor , na maioria das vezes fatigante .
O presente visa demonstrar que o posicionamento majoritário da doutrina em face da dúvida na pronúncia acarreta mudanças e prejuízos para o réu que esteja submetido ao rito do Tribunal do Júri, onde o princípio do in dubio pro societate “acoberta” uma situação de verdadeira violação aos preceitos constitucionais frente ao rito processual. 
Serão apresentados questionamentos, posicionamentos doutrinários divergentes da doutrina majoritária, bem como demonstrações de alguns prejuízos e perigos trazidos pelo prosseguimento da pronúncia em desfavor de um indivíduo que encontra-se prestes a ser julgado no tribunal do Júri, que mediante dúvidas quanto à autoria e materialidade, o princípio in dubio pro reo se torna mitigado em favor da sociedade.
Sob o ponto de vista teórico este trabalho pretende levantar a discussão a respeito da não aplicação do in dubio pro reo no momento da pronúncia, quando não tendo certeza quanto aos indícios de materialidade e autoria e a “(in)aplicabilidade” do in dubio pro societate no momento da pronúncia.
Objetiva-se com as questões que irão nortear a pesquisa, a conceituação e aplicação do princípio do in dúbio pro societate no rito do Tribunal do Júri, bem como a natureza jurídica da sentença de pronúncia, além dos efeitos colaterais da pronúncia aplicada com o princípio em suma. 
Demonstraremos especificadamente a natureza jurídica da sentença no quadro das decisões, assim como a definição da competência da pronúncia, além de analisar a aplicação do princípio do in dúbio pro societate à pronúncia.
A metodologia adotada no trabalho será a pesquisa bibliográfica, com a realização de fichamentos e resumos de livros processuais penais, direito penal, tendo por base doutrinadora Fernando Capez, Aury Lopes Júnior, Paulo Rangel, Renato Brasileiro.
 2 Princípios Básicos do Direito Processual Penal
	
Os princípios, para Paulo Bonavides(2004) aduz que são a porta pela qual os valores passam do plano ético para o mundo jurídico. Os princípios deixaram de ser fonte secundária e subsidiária para ser o centro do sistema jurídico. Ao atingirem o patamar que atualmente possuem, faz com que influencie a interpretação e a aplicação das normas jurídicas levando a uma leitura moral do Direito, como ensinamentos de Ronald Dworkin(1996).
No Direito processual penal podemos dizer que a dogmática jurídico-processual, como ensina Rangel (2011), se constrói pelos princípios que regem a disciplina.
Muitas das vezes para se chegar a uma resposta há de se nortear pela norma principiológica, que algumas vezes são omitidos ou até violados pelos intérpretes ou aplicadores fazendo com que ocorram mitigações ou até mesmo aplicando norma que se contrapõem com elementos considerados a pedra de toque de constituição do processo.
Dentre os princípios processuais destacam-se o princípio do devido processo legal, Verdade processual, publicidades dos atos processuais, contraditório, imparcialidade do juiz, presunção de inocência, princípio do favor rei, promotor natural, principio da razoabilidade da duração do processo, com ênfase ao tema irei falar brevemente sobre as garantias 
 2.1 Princípio devido processo legal
	
	O decorrer de um processo de forma regular e legal é uma garantida que é dada ao cidadão, onde não se admite a restrição dos direitos, a não ser previstas em lei.
	 A priori e importante frisar que o processo e o centro de estudos do direito processual , motivo pelo qual se destaca a necessidade de exames e garantias das garantias do devido processo .O devido processo legal no decorrer da historia possui varias visões individualistas e e posteriormente publicitas mas na ótica do do professor Humberto dalla bernardino ensia que devido processo legal não se atem apenas ao âmbito estritamente processual mas também ao substancial.
2.2 Princípio da publicidade dos atos processuais
	
	Os A constituição federal em seu artigo 5 LX consagra o principio da publicidade ao dizer que a lei so poderá restringir a publicidade dos atos processuais quanto a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem este principio visa garantir nadas mais que a transparência não so dos atos processuais , mas também de toda a administração publica para que a sociedade possa fiscalizar e presenciar os atos administrativos e judiciais. 
 No nosso ordenamento jurídico consagra o que os doutrinadores chamaram de principio da publicidade absoluta (plena , popular ou geral ), já que toda regra e que todo ato processual seja publico artigo 792 do, em casos previstos expressamente em lei a publicidade poderá ser restringida , surgindo a chamadapublicidade interna restrita .cabe publicidade e indispensável visto que o acusado somente poderá se defender se tiver conhecimento dos atos praticados no processo 
Deve-se evitar a publicidade desnecessária e ou sensacionalista , como as transmissões de julgamentos por radio televisão , expõe demasiadamente os protagonistas da cena processual ao publico em geral e causa constrangimentos ao acusado , a vitimas e testemunhas 
 2.3 Princípio do contraditório
	 Possui previsão constitucional no artigo 5 LV sendo considerado o lado do principio da ampla defesa com os pilares do processo penal possuindo como elementos a necessidade de informação e a possibilidade de reação , hoje o contraditório não significa apenas ter garantia da informação de qualquer fato e de reagir a alegação contraria existente mas também a garantir a participação em igualdade de armas ou se paridade de armas ou principio da par conditio . O contraditório no processo penal necessita ainda ser pleno e efetivo porque não basta apenas ter a possibilidade de realiza-lo mas e necessário possuir meios para se concretizar .
 A garantia do contraditório no processo penas só e observada na fase processual não tendo aplicação na fase inquisitorial(inquérito policial )
conforme inciso LV do artigo 5 do texto constitucional , porem existe entendimento contrario como e o caso de ROGERIO DE LAURA TUCCI que defende a necessidade de uma contrariedade no decorrer de toda persecução criminal;
Cabe salientar que tal principio a doutrina chamou de contraditório diferido , postergado , retardado esse tipo de processo surge em alguns casos .
 Ora para a medida ter eficácia e atingir seu objetivo torna se necessário um contraditório a ser realizado posteriormente , dando oportunidade ao acusado de contestar a ,medida cautelar 
 2.4 Princípio da ampla defesa
	 A defesa não e só um direito , mas sim uma garantia –garantia não so para o acusado , mas também para um processo justo.
Mas no processo moderno adquiriu relevância o perfil objetivo de defesa como oficio essencialmente social defesa portanto , como condição de regularidade do procedimento , na ótica do interesse publico a atuação do contraditório , defesa em ultima analise , legitimidade da própria jurisdição 
	
	Pode se considerar como meio inerentes a ampla defesa o fato de ter .
 1 Conhecimento pleno da acusação
 2 Possibilidades de apresentar a alegações contra a acusação
 3 Acesso a defesa técnica por meio de advogado 
 4 Possibilidade de recorrer da decisão desfavorável 
 5 Acompanhamento sobre provas produzidas e fazer contra provas 
O principio da ampla defesa leva o juiz a observar o pleno direito de defesa dos acusados, portanto o acusado em uma ação penal não poderá ter o seu direito de ser defendido mitigado, e muito menos pela vontade do réu participar de uma ação sem um defensor constituído. Em razão disso, caso o réu negue seu direito, o juiz deverá nomear um defensor, tendo o réu um advogado constituído, porém sua defesa for insuficiente, também deverá o juiz declarar o réu indefeso, abrindo prazo para que se constitua um novo defensor, a falta de um defensor constitui uma nulidade absoluta, como no entendimento sumulado de n° 523 do Supremo Tribunal Federal, “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”.	
 2.5 Princípio da imparcialidade do juiz
	No Trata se de um principio especifico do processo penal , e sim como uma das condições indispensáveis para o exercício da jurisdição , para se ter uma decisão em um caso apresentado , o juiz dev se colocar acima dass partes e entre elas porem de forma imparcial .
 Para se ter essa imparcialidade o texto constitucional prevê garantias e vedações . As garantias tem por escopo da independência ao magistrado para que ele possa julgar sem ter qualquer tipo de coação , em qualquer âmbito , politico de grandes empresários etc, afastando qualquer tipo de influencia que possa recair na decisão do magistrado . As garantias encontram se previstas no artigo 95 da constituição federal sendo elas inamovibilidade , vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos .
 Por fim , e importante destacar o principio da imparcialidade no que diz respeito a persecução criminal devendo o magistrado se afastar quase que por completo da fase pre processual não vindo a atrapalhar seu convencimento no tocante as provas colididas aos autos.
2.6. Princípio da presunção de inocência
	O princípio da presunção de inocência aduz que ninguém poderá ser considerado culpado antes de transitar em julgado sentença penal condenatória, contudo a Constituição federal em seu art. 5º, inciso LVII;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
	Conforme o texto constitucional, não se presume a inocência e sim a declara, Rangel (2011). 
	Contudo no decorrer do processo poderá o acusado ser presumido culpado ao ser condenado ou presumindo inocente ao absolvê-lo, o que não incidi em violação ao preceito constitucional.
	Tal princípio se desdobra em três regras básicas.
 A primeira no que diz respeito ao aspecto deque o acusado não pode sofrer restrições pessoais , no decorrer da persecução criminal , sem qualquer embasamento , somente poderá ocorrer por decisão motivada da autoridade judicial e a titulo de medida cautelar
 Segundo aspecto e no momento das avaliações das provas , onde as provas serão valoradas em favor do acusado quando por ventura existirem provas .
 E por fim no momento da instrução do processo , com presunção relativa de não culpabilidade , ficando o ônus da prova invertido , onde o ônus de provar a autoria e toda a existência do fato fica a cargo da acusação, estando defesa apenas obrigada a apresentar, caso haja alegação , as excludentes de ilicitude e culpabilidade portanto ao ministério publico fica o ônus de apresentar uma acusação com suporte probatório suficiente .		
	
2.7 Juiz Natural
	 Duas palavras que definem bem esse principio são a imparcialidade e e a independência constitucional trata se de uma criação do direito anglo saxão sendo construído com a finalidade de se evitar a criação de tribunais de tribunais de exceção , ou seja afim de fosse criado um órgão jurisdicional para cada caso especifico .
	 
 3 Procedimento do Tribunal do Júri
A instituição júri , grande polemica possui sobre a mesma quanto a sua preservação ou não , não so na legislação brasileira , mas também em outros países existindo posicionamentos dos mais diversos , sejam eles contrários ou favoráveis a instituição mencionada .
Trata se de um sistema jurídico em que há participação popular dando contornos democráticos ao processo penal existindo vários posicionamentos sejam eles contrários ou favoráveis ao júri .
Denomina se um procedimento bifásico 
A primeira fase a judicium accusationis, sumario de culpa sendo esta fase muito parecida com o procedimento comum ordinário.
segunda fase, chamada de juízo de causa, ou Judicium causae, inicia-se com a intimação das partes, para a produção de provas que pretendam produzir em plenário e encerra-se com o julgamento em plenário.
Contudo para fins de nosso trabalho, daremos ênfase à primeira fase, pois aqui encontraremos à aplicação do famigerado princípio do in dúbio pro societate, na preclusão da pronúncia.
3.1. Sumário de culpa (Judicium accusationis)
	Inicia-se com o recebimento da denúncia ou queixa, em que o juiz ordenará a citação do acusado para oferecer a resposta escrita, no prazo de 10 (dez) dias conforme art. 406, caput, do Código Processual Penal, “O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusadopara responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.	O procedimento na primeira fase se assemelha com o procedimento ordinário.
	Os artigos definidos nos procedimentos encontram-se do art. 407 ao art. 413 do Código Processual Penal.
	O prazo para a contagem será a partir da data do cumprimento do mandado, ou então a partir do comparecimento em juízo no caso de citação inválida ou por edital, ou então por comparecimento em juízo do defensor constituído. O não comparecimento em juízo, não oferecimento da denúncia ou não nomeação do defensor acarretará em suspensão do processo e do prazo prescricional com fulcro no art. 366 do Código de Processo Penal.
	Citado pessoalmente, o réu não apresenta a resposta escrita por meio de seu advogado, será nomeado pelo juiz um defensor para que o faça no prazo de 10 (dez) dias.
	À acusação deverá arrolar até 8 (oito) testemunhas, sendo que na resposta escrita o acusado poderá argüir preliminares, além de ser garantido tudo que lhe interessar para a sua defesa, conforme art. 406, parágrafo 3º.
	Após a apresentação da defesa o juiz ouvirá no prazo de 5 dias o Ministério Público ou o querelante sobre documentos apresentados e preliminares.
	A determinação pelo juiz da inquirição das testemunhas será realizada no prazo máximo de 10 dias, bem como a realização das diligencias requeridas pelas partes.	Será deliberada pelo juiz no prazo citado, sobre as iniciativas probatórias requerias pelas partes, contudo é poder-dever do juiz afastar, provas protelatórias, irrelevantes e impertinentes, como dita o art. 411, parágrafo 2º do Código de Processo Penal.	 
	
	Passadas as etapas em audiência única, ocorrerá a audição nesta ordem do ofendido, testemunhas de acusação e pela defesa, para depois ouvir os peritos para então ouvir os esclarecimentos dos peritos, acareações, reconhecimentos de pessoas, para se interrogar o acusado e posteriormente promover o debates orais.
	O ultimo ato de natureza probatória nessa fase é o interrogatório, pois de acordo com o sistema presidencialista de inquirição, incumbe ao juiz dirigir perguntas para o réu, e em seguida, indagar às partes por intermédio de seu advogado para o esclarecimento de algo relevante.
		O tempo destinado a cada parte no debate oral é de 10 (dez) minutos, contudo o Ministério Público poderá também fazer o uso da palavra por igual tempo, sendo este precedido ao da defesa, acarretando na prorrogação do prazo do acusado por igual período, conforme art. 411, parágrafo 6º do Código de Processo Penal. “Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)”.
	O prazo legal determinado para todo o procedimento é de 90 (noventa dias), sendo este obrigatório para o réu preso.
 3. 2 Do juízo de admissibilidade
	
	A decisão de pronúncia para a doutrina é um mero juízo de admissibilidade, ou seja, caberá ao juiz verificar se é admissível ou não as pretensões da acusação, para seu encerramento da primeira fase de juízo de admissibilidade com a pronúncia, na fase judicium accusationis.
	Compõe esta fase a seguinte sequência suscinta iniciada pela denúncia, a citação, a resposta prévia à acusação, oitiva do Ministério Público, Despacho de mero expediente, onde passamos a audiência de instrução e julgamento, onde irá ocorrer a prova de acusação, a prova de defesa, esclarecimento dos peritos, caso houver, interrogatório do acusado, alegações finais orais para então termos a decisão de pronúncia.
 Ao pronunciar o réu não há necessidade de se ter certeza jurídica como se para uma condenação, por se tratar de um mero juízo de admissibilidade, por isso, a doutrina majoritária, para caso haja dúvidas quanto aos indícios de materialidade e autoria, deve se pautar em pró da sociedade, onde aqui o famigerado princípio do in dúbio pro societate vigora, pois o juiz natural dos crimes dolosos contra a vida, é o tribunal do júri, e para não absorver sua competência e assim violar uma garantia constitucional de ser julgado por seus pares, caberá ao juiz pronunciar, devido ao interesse social de prosseguimento da persecution criminis em desfavor do acusado.
Temos que a função primordial da pronúncia é a admissão, quanto a possibilidade de o acusado ser levado ao júri popular, devendo o juiz fundamentar as razões sobre as quais foram criadas seu juízo de admissibilidade, sob pena de nulidade se não o fizer, e também observar a classificação e as qualificadoras, também sob o crivo da nulidade se não o fizer, contudo não poderá fundamentar caso faça a classificação e as qualificadoras.
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4 O princípio in dubio pro societate 
	No Direito Processual Penal uma dicotomia entre dois princípios como o in dúbio pro reo e o in dúbio pro societate será analisada, ao ponto de como uma garantia constitucional é interpretada baseando-se em um princípio não positivado e sem amparo constitucional como será demonstrado no decorrer deste trabalho.
Para a doutrina tradicional o princípio do in dubio pro societate, ocorre quando o juiz quando no momento decisório, fundamenta-se no “interesse da sociedade”, submetendo o réu ao Tribunal do Júri, mesmo tendo dúvidas quanto à autoria e materialidade, devendo ele ser pronunciado. 
Tal princípio é invocado em dois momentos específicos no momento da Persecutio criminis, seja no momento do recebimento da inicial, seja na fase de pronúncia do Tribunal do Júri, conforme a temática de nosso trabalho dará ênfase em sua invocação na fase de pronúncia do Tribunal do Júri.
Para RENATO BRASILEIRO (2011):
Em relação à decisão de pronúncia, é comum encontrarmos a afirmação de que a ela se aplica o princípio do in dúbio pro societate, e não o in dúbio pro reo.
Isso porque, para que o acusado seja pronunciado, a lei fala na necessidade de que o juiz esteja convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação (CPP, art. 413, caput).
	No mesmo sentido PEDRO LENZA (2012) “nessa etapa vigora o princípio in dubio pro societate, ou seja, na dúvida deve o juiz prestigiar o interesse social de permitir o prosseguimento da persecução penal contra o acusado.”
	Para Eugênio Pacelli (2007.p.568) possui posicionamento contrário à doutrina majoritária, como aduz em “não vemos como aceitar semelhante princípio (ou regra) em uma ordem processual garantista.”
	Tal princípio objeto de nosso trabalho, não se encontra positivado em nosso ordenamento jurídico, contudo sua aplicação ainda se encontra vigente, o que faz com que havendo dúvidas quanto à materialidade e autoria, devemos submeter e remeter o acusado ao juiz natural da causa, devido ao preceito fundamental.
	 
5. Natureza jurídica da pronúncia
O Código Processual Penal traz em seu art. 413, § 1º, na redação dada pela lei 11.689/2008.
 Art. 413.  O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
        § 1o  A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
	Ela se prolata no decorrer do processo e deve ser fundamentada, contudo alguns doutrinadores a classificam como uma sentença, e tal não deve ser permeada segundo Pedro Lenza(2011) de excesso de eloqüência acusatória, ou seja abstendo o magistrado de exame mais aprofundado do acervo probatório, neste sentido Bonfim (2006), faz uma relação entre a natureza jurídica declaratória da pronúncia ao afirmar que “ A pronúncia não deve conter uma análise profunda do meritum causae.”. Neste entendimentojulgado do Supremo Tribunal Federal (STF-HC92.825-SP – 1ª Turma - Rel. Min. Ricardo Lewandowski – Dje – 78 02.05.2008). 
“A sentença de pronúncia é nula quando extrapola os seus pressupostos legais, devendo abster-se o magistrado de realizar um exame aprofundado do acervo probatório. A pronúncia exige, tão somente, que esteja evidenciada a materialidade do delito e presentes indícios suficientes de autoria. A conciliação do preceito constitucional que, de um lado, obriga a fundamentação das decisões judiciais, com aquele, que de outro, afirma a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, com aquele que, de outro não se pronuncie sobre o mérito das provas.”
A pronúncia é uma decisão interlocutória mista não terminativa, onde se encerra a fase conciliatória sem haver o término do processo, ou seja, um mero juízo de admissibilidade quanto à existência materialidade e autoria.
Havendo a pronúncia o juiz deverá encaminhar o feito para o Tribunal do Júri, pois o júri é o juiz natural da causa representado pelos jurados. 
 Bonfim (2010, p.555) assevera que “na dúvida, cabe ao juiz pronunciar, encaminhando o feito ao Tribunal do Júri, órgão competente para o julgamento da causa. Nessa fase vigora a máxima in dúbio pro societate.”
6. Efeitos colaterais da pronúncia
A nossa carta Magna preceitua em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, “d” :
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVIII - e reconhecida à instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Assim como os artigos 74, § 1º e 78, I do Código de Processo Penal tra 
O preceito constitucional reconhecido de que nos crimes dolosos contra a vida a garantia fundamental do julgamento, de tais crimes far-se-á pelo tribunal do júri. Assegurando ao acusado de ser julgado por seus pares, quanto à sociedade por participar diretamente do julgamento dos crimes, pelo júri popular.
Contudo havendo dúvidas quanto à materialidade e autoria de um delito doloso contra a vida, o acusado será submetido ao rito do Tribunal do júri, o juiz não poderá impronunciá-lo, muito menos absolvê-lo sumariamente, devendo pronunciá-lo e encaminhá-lo para o prosseguimento de um processo desgastante e cansativo, devido a essa garantia constitucional, pois como efeitos da pronuncia teremos a submissão do acusado a julgamento pelo tribunal de júri, demarcação dos limites da acusação a qual será sustentada perante o tribunal do popular, além da interrupção da prescrição.
A garantia fundamental possui como seu alicerce a proteção dos cidadãos frente ao Estado mediante as liberdades individuais. Assim, devido a garantia, havendo dúvida quanto a materialidade e autoria do acusado, o juiz monocrático deverá pronunciar, seria tal garantia um encargo, ao fato de melhor seria se esta garantia não tivesse sido positivada, pois assim o juiz o poder de decidir quanto à não aplicação do principio do in dubio pro societate, não havendo provas que sustentem a materialidade e a autoria do delito.
Destarte, Rangel (2007, p104-105) assevera a não admissão no Estado Democrático de Direito, de o acusado ser lançado à própria sorte, por indícios fracos de ter sido ele o autor do delito.
No Estado Democrático de Direito não se pode admitir que se coloque o indivíduo no banco dos réus, não se encontre o menor indício de que ele praticou o fato e mesmo assim fique sentado, agora, no banco do reserva, aguardando ou novas provas ou a extinção da punibilidade, como se ele é quem tivesse que provar sua inocência, ou melhor, como se o tempo é que fosse lhe dar a paz e a tranquilidade necessárias.
Portanto o Princípio do in dubio pro societate, este que há muito domina o cenário jurídico brasileiro, podemos dizer que tal mitiga o estado de inocência presumido quando não há a necessidade da certeza quanto a autoria e materialidade na pronúncia do rito do Tribunal do Júri.
 7 Natureza jurídica da sentença no quadro das decisões
	
Ao analisar a natureza jurídica da sentença de pronúncia no quadro das decisões levantamos duas questões, a qual ela seria decisão interlocutória ou de sentença.
Portanto verificamos que a pronúncia não pode ser classificada como uma decisão interlocutória simples, pois há a necessidade que o juiz decida fundamentando sobre os indícios suficientes de autoria e materialidade o crime, contudo avança sobre a mera regularidade do andamento processual.
	As decisões interlocutórias mistas podem ser não-terminativa ou terminativa. 
	A decisão interlocutória não-terminativa encerra uma fase ou etapa do procedimento, também não adentram sobre o mérito da causa. Nesta classificação que se enquadra a pronúncia conforme a alteração pela lei 11.689/08. Já a decisão interlocutória terminativa, encerra-se a relação processual, sem análise do mérito.
Conforme assevera Rangel (2011) as decisões interlocutórias não-terminativas encerram a relação processual sem apreciar o mérito.
	As decisões definitivas são aquelas que põem fim à relação processual, julgando o mérito absolvendo ou condenando.
	As sentenças definitivas condenatórias põem termo ao processo, o qual decide o mérito da causa, julgando procedente a pretensão acusatória, sendo ela o pedido do Ministério Público na ação penal pública ou do ofendido na ação penal de iniciativa privada.
	A sentença definitiva de absolvição é aquela que decide o mérito da causa, julgando improcedente o pedido do Ministério Público na ação penal pública ou do ofendido na ação penal de iniciativa privada.
	Segundo a doutrina de Tourinho filho (2001) “dizem-se condenatórias as sentenças quando julgam, no todo ou em parte, pretensão punitiva deduzia, infligindo ao responsável uma pena.”
	A decisão mandamental, é aquela em que constitui de ordem, sendo ela imperativa em que o Estado-juiz emana para ser cumprida independente de provocação, segundo ensina Pontes de Miranda, “Na sentença mandamental, o juiz não constitui: manda.”
	Por fim, com a mudança da redação do artigo 408 do Código de Processo Penal que trazia “Art. 408 - Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu autor, pronunciá-lo-á, dando os motivos do seu convencimento.” E com a nova redação dada pela Lei 11.689/08 “Art. 413.  O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.”
	 Notamos que se trata de uma decisão de cunho declaratório, o qual reconhece a admissibilidade da acusação seja ela feita pelo Ministério Público, ou de forma excepcional pelo ofendido, de submeter o réu a um julgamento feito pelo juiz natural da causa, de ser julgado por seus pares no rito do tribunal do júri.
 8 Mitigação do estado de inocência presumido pelo in dúbio pro societate
		
	O Principio do in dúbio pro societate deve ser analisado sobre dois enfoques na fase da pronuncia, sendo o primeiro, legalmente o referido princípio não se encontra respaldado em nosso ordenamento jurídico, que segundo Aury Lopes Júnior (2011) tal princípio é “absolutamente despido de suporte constitucional”, ou seja, o ônus da prova é do Estado e não do acusado, o que mitiga o axioma do estado de inocência presumido. 	
	O princípio do in dúbio pro reo comunica-se com a dogmática constitucional, instituído no art. 5, LVII.
	O principio do in dúbio pro reo também não se encontra disposto textualmente no brocardo, porém, é inegável que há uma ligação entre o principio e nossa Magna Carta.
	Em um sistema garantista, não se pode admitir que os interesses do acusado se contrapõeao da sociedade, pelo menos é o que sugere em uma análise dicotômica entre os princípios do in dúbio pro reo e o do in dúbio pro societate. Conforme assevera Gomes Filho (1997) 	“Não é o caso de, neste estreito espaço, descer a questões sobre o conceito do que seja dúvida(reversível em favor do acusado) e do que seja certeza (contrária a ele).”
	O princípio do in dúbio pro reo possui em seu fundamento uma base garantista, sendo ele pro individuo, pro constituição federal, e pro Estado democrático de Direito, ao decidir em favor do acusado quanto à dúvida aos indícios de autoria e materialidade. O que não conseguimos visualizar na base principiológica do in dúbio pro societate, onde não visualizamos uma base democrática, não conseguimos visualizar uma base de liberdade individual, muito menos em favor da própria sociedade.
	Sob a égide lógica, dúvidas referentes às questões de direito, se reverteriam em favor do acusado, pois ao remeter ao juiz natural da causa, no caso da pronúncia, aos jurados, pessoas leigas não sendo obrigado a apresentar discernimento sobre conteúdos normativos. Portanto dúvidas referentes às questões de fato, estas sim seriam remetidas ao conselho de sentença por ser de sua competência. Tais posicionamentos encontram em uma doutrina minoritária. Acontece que dúvida sendo ela de fato ou de direito, sempre será dúvida e, portanto devendo esta seguir os preceitos constitucionais e reverter sempre em favor do acusado.
	Outra importante análise se faz, onde a decisão de pronúncia não ser visualizada como uma mera decisão interlocutória, pois com o advento da lei 11.689/08, faz a necessidade de trazer a invocação do principio in dubio pro reo na fase da pronúncia, pois foi outorgado ao acusado pelo legislador a chance de ser absolvido sumariamente, portanto, temos a pronúncia como uma garantia individual do acusado, devendo portanto vigorar o in dubio pro reo.
9 Conclusão
	Diante ao exposto, conclui-se que, dentre os princípios incutidos no Código de Processo penal, o princípio do in dúbio pro societate se apresenta para o sistema acusatório na contramão da harmonia, ao passo que, submeter um indivíduo, com mediante provas frágeis, na ocorrência de dúvidas quanto autoria e materialidade, devido a pronúncia ser um mero juízo de admissibilidade, e nela não há necessidade de se ter uma certeza jurídica como para a condenação.	
	O princípio do in dúbio pro societate, sobre a lógica do interesse social se sobressaindo ao do acusado, nos remete a pensar de como uma garantia constitucional, de nos crimes dolosos contra a vida o juiz natural é o Tribunal do júri, poderá acarretar em uma violação ao princípio do estado de inocência presumido, bem como o da plenitude de defesa, pois em um Estado Democrático de Direito, a dignidade da pessoa humana, valor supremo, não pode ser violada por aplicação às cegas de princípios doutrinários, pois conforme a nossa carta Magna há a consagração da não culpabilidade.
	O interesse social não pode sobressair de forma que, um indivíduo inocente poderá ser condenado, devido a uma garantia do cidadão de ser julgado pelo Tribunal do Júri, onde os jurados decidem por íntima convicção.	Há	O objetivo do trabalho foi atentar que o principio do in dúbio pro societate além de ser totalmente desfavorável ao acusado, deve ser expurgado de nosso ordenamento jurídico, pois o interesse social não pode sobressair ao interesse do acusado, além de ir de encontro aos preceitos do sistema garantista de nosso ordenamento processual penal, e também da presunção de inocência.	 O juiz togado no momento da prolatação da sentença deverá analisar todas as opções dispostas como a absolvição sumária, desclassificar ou até mesmo impronunciar, antes de levar o acusado ao rito do Tribunal do júri, onde suas chances de ser condenado são aumentadas pela intima convicção do júri e não pela livre convicção do juiz.
		O famigerado princípio in dúbio pro societate, descompassado com a dogmática constitucional mitiga o axioma do estado de inocência resumido e o principio favor rei, além de possibilitar um julgamento injusto, ao passo de preocupar-se com a competência do juiz natural, quando dúvidas houver, não deve ser mais importante do que a liberdade individual do indivíduo, sendo este um estado inerente do ser humano.
12. Referências bibliográficas
Manual de processo penal volume único 2017
Renato brasileiro de lima
Guilherme de Souza nucci tribunal do júri
5 edição atualizada revisada e ampliada 
 Livro de apoio 
Código processo penal 3 edição
https://www2.tjdft.jus.br/imp/docImp/TRIBUNALDOJURI_antes.pdf
https://ilamartins.jusbrasil.com.br/.../stj-afasta-o-principio-do-in-dubio-pro-societate
https://ilamartins.jusbrasil.com.br/.../stj-afasta-o-principio-do-in-dubio-pro-societate-i
https://jus.com.br/.../as-alteracoes-introduzidas-pela-lei-n-11-689-2008-no-procedime
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