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04 - UNIDADE IV

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ESUP – ESCOLA SUPERIOR – CURSO DE DIREITO
Disciplina: Responsabilidade Civil – Período: 5º
UNIDADE IV – RESPONSABILIDADE INDIRETA
4.1 INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil indireta ou complexa ocorre quando o responsável pela reparação do dano é pessoa distinta da causadora direta da lesão. 
É a que decorre de ato de terceiro, COM O QUAL O AGENTE TEM VÍNCULO LEGAL DE RESPONSABILIDADE, além das situações de FATO DE ANIMAL ou FATO DA COISA.
4.2 SOLIDARIEDADE E SUBSIDIARIEDADE
Um aspecto a ser destacado acerca da responsabilidade civil se refere à diferenciação entre a responsabilidade solidária e a responsabilidade subsidiária.
Há uma tendência em alargar a responsabilidade para permitir a reparação do dano. Neste sentido, em situações excepcionais, é permitido haver responsabilização por atos de terceiros é o que reza o artigo 933 do código civil.
Com esse propósito, o legislador atribui responsabilidade solidária, possibilitando que vários agentes sejam, simultaneamente, responsabilizados. 
Assim, mesmo que apenas uma pessoa tenha cometido o dano, mas outras concorreram para que o dano ocorresse, todas serão civilmente responsáveis.
O INSTITUTO DA SOLIDARIEDADE assegura ao credor a possibilidade de escolher se quer demandar contra todos os devedores ou contra qualquer deles. Trata-se de uma faculdade dirigida a vítima do dano. 
 Há casos em que, mesmo podendo exigir de apenas um dos coobrigados a prestação inteira, o credor não terá a inteira liberdade de escolha entre as pessoas de quem possa obter o cumprimento, devendo observar uma ordem de preferência. 
Assim, primeiro deverá postular o pagamento perante um ou alguns dos coobrigados para, somente em caso de não obter êxito perante estes, poder voltar-se contra os demais coobrigados. 
Estes últimos serão, assim, apenas secundariamente responsáveis. Diz-se, por isso, que sua responsabilidade é subsidiária, ou seja, só poderá ser invocada uma vez que exauridas as forças dos patrimônios dos responsáveis principais”.
A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA é, espécie de responsabilidade solidária já que possibilita a responsabilização de quem não foi o causador do dano.
Do exposto, destaca-se que a principal e crucial diferença entre a responsabilidade solidária e a subsidiária é a ordem de preferência.
 Quando há a aplicação da RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA o credor pode escolher se vai postular judicialmente contra um devedor ou todos simultaneamente. 
Quando ocorre a aplicação da RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA, o credor tem que respeitar a ordem de preferência imposta judicialmente, pois, só poderá requerer a execução contra o responsável subsidiário se o devedor principal não quitar sua obrigação. 
Importante é ressaltar que, tanto a Responsabilidade solidária quanto a subsidiária só podem ser aplicadas nos casos expressamente previstos em lei, ou no contrato.
4.3 – FATO DE TERCEIRO:
Existem casos em que os causadores do dano NÃO RESPONDEM por eles. Isso acontece por que se apenas estes fossem responsáveis pela indenização, muitas situações seriam irressarcidas.
Por este motivo, a lei admite que outras pessoas - que não sejam as causadoras do dano - sejam responsabilizadas pelo prejuízo causado, trata-se da responsabilidade civil por fato alheio.
Estas pessoas indiretamente respondem pelos danos causados por outras, por que a lei determina que serão sobre elas que deverá recair a responsabilidade.
Esta responsabilidade indireta recai sobre os sujeitos dispostos nos incisos do art. 932 do CC/02. 
 Art. 932, CC."São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Com a constante mudança dos hábitos da população que se tornou cada vez mais consumista a partir da década de 1950, surgiu a necessidade de mudança também dos paradigmas da lei civil.
No CC de 1916 a responsabilidade por fato de terceiro era vista com outro ângulo, ou seja, havia uma presunção juris tantum da culpa de determinadas pessoas, se outra, que estivesse sob sua guarda e vigilância causasse o dano.
Hoje, o CC de 2002, inovou seguindo o contexto da sociedade atual e dispôs no art. 933 a responsabilização objetiva, baseada na ideia central do risco. Portanto, nas hipóteses do art. 932 do CC/02, não se perquire a existência da culpa para a responsabilização por atos danosos de terceiros.
4.3.1 - RESPONSABILIDADE DOS PAIS PELOS FILHOS MENORES
 Os pais são responsáveis pela reparação civil decorrente de atos ilícitos praticados pelos seus filhos menores, que estivem sob sua autoridade e companhia.
Cabe, então, explicar o que vem a ser autoridade. Aos pais cabe educar e vigiar os filhos enquanto estes encontram-se sob sua autoridade e companhia. Esta autoridade se alicerça na menoridade do filho e no fato de os filhos estarem sob o poder dos pais.
Os pais tornam-se responsáveis neste caso pelo motivo de seus filhos não terem capacidade de discernimento, e, obviamente a responsabilidade se torna maior quanto menor o filho.
No caso da responsabilidade dos pais é importante observar algumas peculiaridades:
1) A questão dos incapazes. O CC/02 dispõe que "o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de o fazer ou não dispuserem de meios suficientes" (art. 928). 
Isso quer dizer que se os pais não tiverem um patrimônio que alcance a indenização, devem buscar no patrimônio do menor. 
Mas este é um ponto que deve ser analisado com cautela pois tal indenização não pode privar o incapaz do necessário a uma existência digna bem como os que dele dependem.
2) A questão da emancipação. A doutrina - como Maria Helena Diniz e Caio Mário da Silva Pereira, Silvio de Salvo Venosa e Carlos Roberto Gonçalves - se posiciona no sentido de que os pais não são responsáveis pelos seus filhos menores de 18 anos já emancipados, salvo sendo a emancipação voluntária.
4.3.2 - A RESPONSABILIDADE DOS TUTORES E CURADORES PELOS ATOS DOS PUPILOS E CURATELADOS
São responsáveis pelos atos dos pupilos e curatelados, os tutores e curadores respectivamente. 
A tutela é um instituto jurídico através do qual um terceiro (alguém) é investido por lei em direitos e obrigações para que proteja a pessoa do menor que se encontra sem poder familiar, bem como administre seus bens.
Os menores são colocados em tutela por dois motivos: 
I - quando seus pais falecem ou são julgados ausentes; 
II - ou quando os pais forem suspensos ou destituídos do poder familiar. (art. 1.728. I e II do CC/02).
Art. 1.740, CC. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição;
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção;
III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade.
Art. 1.741CC. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.
A curatela é um instituto jurídico através do qual um terceiro (alguém) é investido por lei em direitos e obrigações para que reja, defenda e administre bens de pessoa maior incapaz que não está em condições de fazê-lo, por força de uma enfermidade, deficiência mental, toxicomania ou prodigalidade.
O art. 1.767 do CC/02 enumera de forma bem clara quem são as pessoas sujeitas à curatela.
Art.1.767, CC. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;
V - os pródigos.
A curatela e a tutela são encargos públicos, também chamados de múnus público, que impõem a alguém o dever de assistir, reger e administrar outrem e seus bens. 
A legislação entendeu por bem impor ao curador e tutor a mesma forma de responsabilização imposta aos pais, ou seja, a responsabilidade objetiva.
4.3.3 - RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR OU COMITENTE
O empregado ou preposto que pratica ato ilícito no exercício de seu trabalho ou por ocasião deste, impõe ao seu empregador ou comitente a responsabilidade objetiva indireta.
Isso se dá por força do vínculo existente entre ambos, composto por vários elementos, entre eles a hierarquia, a subordinação, o poder de direção e instrução, etc.
A III Jornada de Direito Civil do CCJ emitiu um enunciado neste sentido: Enunciado nº 191: "A instituição hospitalar privada responde, na forma do art. 932 III do CC, pelos atos culposos praticados por médicos integrantes de seu corpo clínico.” 
Neste contexto, apenas haverá responsabilidade objetiva do empregador ou comitente se:
1) o preposto ou empregado causar um dano a terceiro durante o trabalho ou em razão dele;
2) for comprovada a culpa do preposto ou empregado, ou seja, o dano for proveniente da prática do ato ilícito;
3) existir relação de emprego ou subordinação entre o empregado causador do dano e o empregador.
4.3.4 - RESPONSABILIDADE DOS DONOS DE HOTÉIS E SIMILARES
Como existem duas formas de hospedagem, existe, também, para elas duas formas de responsabilização. Senão vejamos:
Pode haver uma hospedagem gratuita em que por delicadeza uma pessoa oferece sua casa para outra se hospedar, neste caso, como não existe vínculo contratual entre ambos, o hospedeiro não é responsável pelos danos que seu hóspede venha a causar a terceiros.
Quando uma pessoa hospeda-se em um lugar, passa a existir entre ambos uma espécie de contrato, uma vez que um torna-se hóspede e outro hospedeiro. 
Assim, qualquer que seja um dano causado dentro de um hotel, hospedaria, pensão, etc., ainda que gerado por um hóspede a outro hóspede ou a terceiro, este estabelecimento é responsável. 
O dono do estabelecimento só se exime da responsabilidade se provar que os fatos que prejudicaram os viajantes ou hóspedes não podiam ser evitados (excludente de culpabilidade).
4.3.5 - RESPONSABILIDADE DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO
O intuito principal dos pais é a educação e, a partir do momento em que entram neste tipo de estabelecimento, tornam-se, de certa forma, hóspedes deste.
Portanto, a partir do momento em que a criança encontra-se na escola, subentende-se que esta é responsável por ela, devendo zelar pela sua incolumidade física e responsabilizando-se pelos atos ilícitos praticados pelo aluno. 
Mas, se ocorre um dano fora das dependências do estabelecimento de ensino, este se responsabiliza? Depende, se houver ligação com o estabelecimento sim (é o caso de uma excursão organizada pela escola).
Haverá exclusão da responsabilidade apenas se a escola provar cabalmente que o fato era inevitável.
4.3.5 A RESPONSABILIDADE PELO PROVEITO DO CRIME
Dispõe o inciso V do art. 932 do CC/02 sobre a responsabilidade daqueles que, de forma gratuita, houverem participado nos produtos do crime.
Estes são responsáveis de forma solidária e objetiva pela reparação civil. Contudo, cumpre asseverar que esta responsabilidade solidária é imposta apenas sobre a parte em que houve proveito criminoso.
Vejamos um exemplo bem simplório: Francisco roubou a bolsa de uma senhora de idade que transitava no centro da cidade. Chegando em casa, repartiu o dinheiro (produto do crime) com seu irmão João. Isso faz com que João responda de forma solidária pela restituição do dinheiro, pois o recebeu. Neste caso, não importa se João não participou do roubo, ele deverá restituir o valor à senhora de forma a prevalecer o princípio de vedação do enriquecimento ilícito.
4.4 – RESPONSABILIDADE PELO FATO DAS COISAS
4.4.1 – INTRODUÇÃO:
A vida moderna colocou à nossa disposição um grande número de coisas que nos trazem comodidade, conforto e bem-estar, mas que, por serem perigosas, são capazes de acarretar danos aos outros.
Superiores razões de política social impõem-nos o dever jurídico de vigilância e cuidado das coisas que usamos, sob pena de sermos obrigados a reparar o dano por elas produzido. É o que convencionou chamar de RESPONSABILIDADE PELO FATO DAS COISAS, ou com preferem outros, RESPONSABILIDADE PELA GUARDA DE COISAS INANIMADAS.
Não há falar em responsabilidade pelo fato da coisa quando o dano decorre da conduta direta do agente ou do seu preposto. Assim, se a vítima é atropelada quando o proprietário do veículo se encontrava ao volante, o caso será de responsabilidade aquiliana por fato próprio, se o veículo era dirigido por preposto seu, temos responsabilidade por fato de terceiro; se a vítima viajava como passageiro do veículo, temos responsabilidade contratual e aí por diante.
Só se pode falar em RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA quando ela dá causa ao evento sem a conduta direta do dono ou de seu preposto, como por exemplo, a explosão de um transformador de energia elétrica, o elevador que, por mau funcionamento, abre a porta, indevidamente, acarretando a precipitação da vítima no vazio; a escada rolante que prende a mão ou o pé de uma criança etc.
O FATO DA COISA NADA MAIS É DO QUE A IMPERFEIÇÃO DA AÇÃO DO HOMEM SOBRE A COISA – SENDO, POR ISSO PREFERÍVEL DIZER RESPONSABILIDADE PELA GUARDA DA COISA.
4.4.2 – A NOÇÃO DE GUARDA:
Quem é responsável pela coisa? Somente aquela que tem relação de fato com a coisa, isto é, que tem certo poder sobre ela.
Quando se busca o responsável pelo fato da coisa, a primeira solução que se apresenta, até intuitivamente, é responsabilizar o DONO DA COISA.
Essa regra, embora funcione na maioria dos casos, geraria injustiça em determinados casos. Vejamos: o caso de alguém que tem seu veículo roubado em um assalto. Logo depois o assaltante atropela e mata um terceiro com esse veículo. Terá o dono que responder por esse atropelamento simplesmente por ser o proprietário do carro? Se positiva a resposta seria uma grande injustiça
4.4.2.1- GUARDA INTELECTUAL
A simples detenção material da coisa não basta para caracterizar a figura do guarda. A pessoa pode estar em contato físico com a coisa e sobre ela não exercer qualquer poder de direção ou comando.
Para alguém ser considerado guardião, mais do que mera detenção da coisa, terá que ter poder de comando sobre ela. É por isso que o preposto não pode ser considerado guarda da coisa, posto que, embora tenha sua detenção material, a conduz sob as ordens ou direção do preponente.
A noção de guarda INTELECTUAL é a que define com mais precisão ao conceito de guarda. Guarda é aquele que tem a direção intelectual da coisa, que se define como poder de dar ordens, poder de comando, esteja ou não em contato material com ela. 
Para estabelecer a responsabilidade pelo fato da coisa, cumpre apurar quem tinha o efetivo comando ou direção sobre ela no momento em que provocou o dano e não simplesmente, quem a detinha.
OBS.: Normalmente, cabe ao proprietário o poder de direção sobre a coisa, pelo que é o guarda presumido da coisa. Trata-se de presunção relativa, que pode ser elidida mediante prova de ter transferido juridicamente o outrem o poder de direção da coisa, ou de tê-la perdido por motivo justificável.
4.4.3 – RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO NO CASO DE FURTO OU ROUBO DO VEÍCULO
O proprietário perde o poder de direção ou de comando sobre a coisa em razão do furto ou do roubo, ficando, assim, privado de suaguarda, que passa para o ladrão.
Como o proprietário fica privado de exercer qualquer ato de vigilância sobre a coisa, não mais pode também por ela responder.
Ninguém pode ser considerado guardião se lhe foi arrebatado o poder de direção e controle sobre a coisa. Juridicamente, é impossível fazer o proprietário responder pela coisa durante todo o tempo em que a mesma estiver na posse do ladrão.
Entretanto, a JURISPRUDÊNCIA tem admitido a responsabilidade do proprietário quando a perda da condição de guarda resulta de ato imprudente ou negligente de sua parte. O proprietário de veículo furtado é responsável pelos danos causados pelo ladrão quando demonstrado que negligenciou no dever de guarda e vigilância do automóvel. (TARS Ap. cível 18.188)
4.4.4 – RESPONSABILIDADE PELO FATO DE TER EMPRESTADO O VEÍCULO.
Ninguém responde por fato de terceiro, salvo nas hipóteses dos incisos do art. 932 do CC, entre os quais não figura o comodato. O comodatário não é preposto do comodante, porque dele não recebe ordens, nem lhe deve obediência.
O empréstimo de veículo a um parente ou amigo transfere-lhe juridicamente a sua GUARDA, e por ela passa a responder. 
Tal como no caso do furto do veículo, o dono só deveria ser responsabilizado pelo fato culposo do comodatário se ficasse provado que foi negligente ou imprudente ao confiar o veículo a quem não tinha habilitação, de fato ou de direito, ou era motorista notoriamente imprudente, como por exemplo, dado ao vício de beber antes de dirigir, com anotações comprometedoras no seu prontuário. 
OBS.: A jurisprudência do STJ, levando em consideração o ENORME RISCO SOCIAL DO AUTOMÓVEL, firmou-se no sentido de que há responsabilidade solidária entre o proprietário do veículo emprestado e aquele que dirigia no momento do acidente.
4.4.5 – RESPONSABILIDADE OBJETIVA OU CULPA PRESUMIDA EM CASO DE RESPONSABILIDADE PELO FATO DAS COISAS.
O CC de 2002, tal como ocorria com o CC de 1916, embora cogite dos danos derivados de animais e da ruína de edifícios (arts. 936,937 e 938), não contem preceito idêntico ao do artigo 1.384, I, parte final do Código Napoleônico, responsabilizando alguém pelo dano causado a outrem por coisas que estão sob sua guarda.
Seria ilógico, todavia, responsabilizar o proprietário do animal e do imóvel e não responsabilizar em igual medida o guarda das demais coisas. Tem-se então que se fazer da mesma regra adotada nos arts. 936,937 e 938. 
O princípio aplicado ao dano do animal e do edifício deve ser analogicamente estendido ao guarda da coisa em geral.
Do exame daqueles dispositivos, principalmente do art. 936, não resta dúvida que o código de 2002 estabeleceu responsabilidade objetiva para o proprietário do animal e do edifício.
Eles têm a obrigação de resultado, isto é, estão obrigados não apenas a guardar a coisa (animal ou edifício), mas guardá-la com segurança, de modo a que jamais escape do seu controle e em consequência não cause dano à terceiro. Consequentemente, esta deve ser a regra para a guarda das demais coisas. 
Se a coisa se faz instrumento de um dano é porque ocorreu falta na guarda, é porque seu guardião faltou com o seu dever de segurança, o que o torna obrigado a indenizar, independentemente de culpa. Só não o fará se ocorrer uma das causas de exclusão do próprio nexo causal – força maior, fato exclusivo da vítima ou de terceiro. 
4.4.6- RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS DE LEASING PELA COISA ARRENDADA.
À luz dos princípios até aqui examinados, parece não haver fundamento para controvérsia ainda existente acerca da responsabilidade das empresas de leasing em face do acidente causado pela coisa arrendada – veículos, máquinas etc. Há julgados responsabilizando o arrendador - com base na súmula 492 do STF:
“Empresa Locadora - Danos a Terceiro - Carro Locado - Responsabilidade Solidária.  A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados à terceiro, no uso do carro locado”.
É de todo sabido que o contrato de leasing, arrendamento mercantil, tal como a locação, transfere a posse direta do bem arrendado. Tem por peculiaridade o fato de conferir ao arrendatário a opção de compra do bem, findo o arrendamento, pelo seu preço residual fixado no momento inicial do contrato.
Ora, se o arrendador não tem a posse direta da coisa arrendada, nem a guarda intelectual, não pode ser responsabilizado pelos danos causados pelo arrendatário mercantil. 
Embora o arrendador seja o proprietário e guarda presumido da coisa, essa presunção é elidida pela prova de ter sido juridicamente transferido a outrem o poder de direção sobre ela.
Ultimamente, a jurisprudência do STF vem modificando o seu entendimento no sentido de reconhecer que a arrendadora não é responsável pelos danos causados pelo arrendatário. Não se confunde o contrato de arrendamento mercantil e a locação, não se aplicando àquela a Súmula 492 do Supremo.
4.4.7 – RESPONSABILIDADE POR DANO CAUSADO POR VEÍCULO ALIENADO, MAS NÃO TRANSFERIDO NO DETRAN.
Quem vende um veículo ou o entrega como parte de pagamento do novo automóvel adquirido nem sempre se preocupa em providenciar junto ao órgão de trânsito competente a transferência do CERTIFICADO DE REGISTRO para o nome do comprador.
Essa providência, que além de demorada, não é essencial para a realização do negócio. A compra e venda de bem móvel concretiza-se com a tradição, consoante postulado estrutural da nossa lei civil.
O Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 134, impõe ao antigo proprietário do veículo (vendedor) a obrigação de comunicar a transferência ao órgão executivo de trânsito, no PRAZO DE 30 DIAS, apenas para não ter que responder solidariamente por eventuais multas e suas reincidências até a data da comunicação.
Com frequência, o novo proprietário do veículo, antes de fazer essa transferência, acaba se envolvendo em grave acidente de trânsito. De quem será a responsabilidade? Do primitivo proprietário, cujo nome ainda figura no DETRAN como titular do veículo, ou do novo adquirente?
Há julgados que reconhecem ao registro no DETRAN uma presunção absoluta de propriedade e, por isso, responsabilizam aquele em cujo nome o veículo está registrado.
À luz dos princípios já examinados, entretanto, a conclusão nem sempre será essa. De acordo com os princípios que disciplinam a propriedade da coisa móvel, o primitivo dono do veículo não é mais seu proprietário, nem seu guardião, razão pela qual não pode ser responsabilizado quer pela culpa presumida, quer objetivamente pela teoria do risco.
A propriedade da coisa móvel se transmite pela tradição. Consequentemente, consumada a venda e entregue o veículo, ao adquirente, o vendedor deixa de ser seu dono, independentemente da transferência a ser feita no DETRAN, ou do registro do contrato no Registro de Títulos e Documentos – registros esses, que no caso TEM APENAS EFEITO DE PUBLICIDADE E CONTROLE ADMINISTRATIVO. Logo, o vendedor não pode ser juridicamente responsabilizado a título de dono porque proprietário ele não mais é.
O problema que se apresenta no caso é de prova. O antigo proprietário terá que apresentar prova inequívoca (documental e com firma reconhecida) de que a alienação do veículo efetivamente realizou antes do acidente. Na ausência dessa prova persistirá uma presunção de propriedade contra aquele cujo nome figura nos registros do DETRAN.
4.4.8 – RESPONSABILIDAE POR FATO DE ANIMAIS
São frequentes os danos causados por animais na vida do campo, na cidade, nas estradas, nas ruas e praias. Os jornais noticiam constantemente ataques de cães ferozes.
Quem responde pelos danos causados pelo animal? A rigor, a responsabilidade do dano do animal não decorre propriamente da situação de proprietário, mas do guardião.
4.4.9 – RESPONSABILIDADE PELA RUÍNA DE EDIFÍCIO
A ruína do prédio pode causar dano para o proprietário do edifício, para seu ocupante, e ainda para terceiros.
No caso do proprietário a indenização não poderá ser pleiteadacom base no art. 937. A ação terá que ser proposta contra o construtor do prédio com fundamento no art. 618 do CC, tenha a obra sido construída por empreitada ou não.
Se estiver configurada uma relação de consumo – e quase sempre estará - porque o construtor é um PRESTADOR DE SERVIÇOS quando constrói por empreitada, ou um FORNECEDOR DE PRODUTOS quando constrói as unidades imobiliárias e as vende.
Tratando-se de vizinhos poderão pleitear a indenização também com base no direito de vizinhança – arts. 1.277 e 1.299.
Esta responsabilidade independe de culpa do proprietário ou do construtor uma vez que não se origina da ilicitude do ato de construir, mas sim da lesividade do fato da construção. 
A JURISPRUDÊNCIA pátria firmou-se no sentido de que existe responsabilidade solidária do construtor e do proprietário pelo evento danoso causado ao vizinho.
4.4.9.1 – RESPONSABILIDADE DO DONO DO EDIFÍCIO
O código só responsabiliza o dono do edifício pelos danos causados por sua ruína. O proprietário é o responsável pelos danos resultantes da ruína do edifício. 
À luz do art. 937 CC, só o proprietário é o responsável pelos danos resultantes da ruína do edifício. O máximo que a jurisprudência tem admitido, já que não acarreta prejuízo algum para a vítima – antes, pelo contrário, maior garantia no recebimento da indenização - é a condenação solidária do empreiteiro ou construtor, se ingressou no processo como litisconsorte.
4.4.10 – RESPONSABILIDADE POR COISAS CAÍDAS DO PRÉDIO
O código responsabiliza o proprietário ou inquilino que deixar cair objetos do prédio vindo causar prejuízos a terceiros. Art. 938.
 
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