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Apostila Processo Penal Da prova

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DA PROVA 
1º Disposições Gerais
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
a) Conceito de prova: a doutrina conceitua prova como tudo aquilo que
contribui para a formação do convencimento do magistrado, demonstrando
fatos e, até mesmo, o próprio direito discutido no litígio.
b) Prova X Elementos informativos: importante distinção diz respeito a
prova e elementos informativos. Nos termos de ensinamento doutrinário, a
prova, em regra, é produzida no processo penal, sob o crivo do
contraditório (participação das partes). Por sua vez, os elementos
informativos é tudo aquilo que foi colhido na fase de investigação (em
regra, durante o inquérito policial), não havendo a participação das partes.
Tal distinção é essencial porque, nos termos do próprio artigo 155 do CPP,
não é possível que o magistrado condene o réu somente com base de
elementos informativos.
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c) Não precisam ser provados: nem tudo necessita ser provado. Assim,
não precisa ser provado:
1º O direito: em regra, o direito não necessita ser provado. Contudo,
eventualmente, pode ser necessário provar a existência e a vigência de
direito estadual, municipal, consuetudinário ou estrangeiro.
2º Os fatos notórios: fatos notórios são aqueles fatos que parcela
significante da população sabe. Cumpre esclarecer, contudo, que
diferentemente do processo civil, no processo penal, os fatos
incontroversos precisam de demonstração probatória. Cumpre
esclarecer que fatos incontroversos são aqueles fatos alegados por uma
parte e confirmados pela outra.
3º fatos axiomáticos (ou intuitivos): fatos axiomáticos são aqueles que
são óbvios, é dizer, são os fatos evidentes. (Ex: art. 162, parágrafo único,
do CPP, em que se dispensa autópsia nos casos de morte violenta clara,
como nos casos de decapitação ou de carbonização do cadáver).
4º fatos inúteis: são aqueles que não irão trazer qualquer ajuda na solução
do caso.
5º As presunções legais: são aquelas extraídas da própria lei, dispensando a
produção de provas (é o que ocorre com as presunções absolutas).
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Exemplo de presunções absolutas: de que um menor de 18 anos é
inimputável; não adianta tentar provar que ele tinha consciência do que
fazia, porque sempre será considerado inimputável. Pode acontecer,
todavia, de as presunções legais, mesmo quando extraídas da própria lei,
inverterem o ônus da prova (é o que acontece com as presunções
meramente relativas).
d) Sistema de apreciação de provas: a doutrina afirma que existem três
sistemas de apreciação da prova. São eles:
1° - Sistema da íntima convicção (ou da certeza moral do juiz):
segundo esse sistema, o juiz julga livremente, não estando limitado a
quaisquer amarras (exemplo: não precisa se ater somente ao que está
escrito nos autos). No Brasil, esse é o sistema adotado no tribunal do
júri, já que os jurados não precisam justificar sua opção.
2º - Sistema da prova tarifada (ou da certeza moral do legislador, ou
das regras legais): aqui, o juiz não tem qualquer liberdade de avaliar o
peso das provas produzidas, já que a própria lei estipula o valor de cada
prova (estabelecendo, inclusive, hierarquia entre elas). Ao, juiz cabe
simplesmente aplicar essas regras. 
A doutrina defende que ainda há resquícios desse sistema no nosso
ordenamento (Ex: no art. 158 do CPP, que exige, nos crimes que deixam
vestígios, que sua materialidade seja provada com o exame do corpo de
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delito, de modo que a confissão não supre eventual omissão desse exame.
Caso não seja feito o referido exame, testemunhas poderão ser utilizadas,
mas nunca a confissão).
3º Sistema do livre convencimento motivado (ou da persuasão
racional): Segundo esse sistema, o juiz está livre para decidir e apreciar as
provas, mas sempre deverá motivar a sua decisão. Trata-se do sistema
que prevalece no nosso ordenamento jurídico.
e) Prova emprestada: a prova emprestada é aquela prova produzida para
um processo, mas aproveitada também por outro. Isso poderá ocorrer,
inclusive, de um processo cível para um criminal.
1º Fundamentos principiológicos: Os princípios que justificam a
utilização da prova emprestada são: o princípio da economia processual e
o princípio da busca da verdade possível, uma vez que nem sempre será
possível produzir a prova novamente.
Assim, é recomendável que a prova emprestada seja utilizada sempre que
possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório.
2º Natureza da prova emprestada: A prova que veio de outro processo
entra no processo atual como “prova documental”, independentemente da
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natureza que ela tinha no processo originário (Ex: uma prova testemunhal
de outro processo ingressa no processo atual como prova documental).
3º Requisitos: segundo o STJ e a doutrina, são requisitos para o
empréstimo da prova:
a) Dizer respeito ao mesmo fato probando.
b) Respeito ao contraditório: isso ocorre porque só poderá haver
empréstimo da prova que foi produzida sob o crivo do contraditório. Logo,
não há empréstimo de prova de um inquérito a um processo, porque no
inquérito não há contraditório. O empréstimo, portanto, sempre será entre
processos.
c) Respeito aos requisitos formais de produção probatória no processo
original: Exemplo: se o laudo pericial tiver sido subscrito por somente 01
perito, por evidente violação à formalidade essencial na produção dessa
prova, em que se exige a participação de pelo menos 02 peritos
juramentados, essa prova não poderá ser emprestada
4º Desnecessidade de que as partes sejam as mesmas: segundo o STJ, a
prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes
idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem
justificativa razoável para isso. Assim, é possível haver prova emprestada
de um processo em que as partes não eram as mesmas do processo que
utilizará a prova emprestada (Resp 617.428-SP).
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f) Serendipidade: a doutrina conceitua o fenômeno da serendipidade
como a descoberta fortuita de provas de outras infrações que não são
objeto da investigação. A serendipidade (tradução literal da palavra
inglesa serendipity), também é conhecida como “descoberta casual” ou
“encontro fortuito”. 
Sobre o tema, cumpre esclarecer que para grande parte da doutrina, a
legítima utilização da prova descoberta fortuitamente somente poderia se
dar quando da presença de conexão ou continência em relação ao
delito inicialmente investigado. Não havendo conexão ou continência, a
sua utilização somente poderia se dar como “notitia criminis”. Assim, a
doutrina divide a serendipidade da seguinte maneira:
1º Serendipidade de 1º Grau: cuida-se da descoberta fortuita de provas
em que há conexão ou continência. Prevalece na doutrina e jurisprudência,
que os elementos encontrados poderão ser utilizados totalmente como
prova.
2º Serendipidade de 2ª Grau: ocorre quando os fatos descobertos não
guardam relação de conexão ou continência. Por isso, os elementos de
prova não poderiam ser utilizados no novo crime ou em relação a outro
criminoso em tais circunstâncias. No máximo,poderiam servir como
“notitia criminis”.
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g) Crime achado: O réu estava sendo investigado pela prática do crime de
tráfico de drogas. Presentes os requisitos constitucionais e legais, o juiz
autorizou a interceptação telefônica para apurar o tráfico. Por meio dos
diálogos, descobriu-se que o acusado foi o autor de um homicídio.
A prova obtida a respeito da prática do homicídio é LÍCITA, mesmo a
interceptação telefônica tendo sido decretada para investigar outro delito
que não tinha relação com o crime contra a vida.
Na presente situação, tem-se aquilo que o Min. Alexandre de Moraes
chamou de “crime achado”, ou seja, uma infração penal desconhecida e
não investigada até o momento em que, apurando-se outro fato, descobriu-
se esse novo delito.
Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada lícita, mesmo que
o “crime achado” não tenha relação (não seja conexo) com o delito que
estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos
constitucionais e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade
ou fraude (STF - HC 129678/SP).
Crime achando é sinônimo de descoberta fortuita de provas. É
importante saber esse termo em razão de ter sido usado expressamente em
julgamento do STF.
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h) Prova (de) fora da terra: é a classificação adotada por alguns
doutrinadores, a exemplo de Fernando Capez, para a prova produzida por
juízo distinto daquele que em que tramita o processo, o que, ocorre, por
exemplo, no caso das cartas precatórias (Art. 222, “caput”, do CPP).
Ressalta-se que, para a doutrina majoritária, essa produção de provas na
viola o princípio da identidade física do juiz, adotado em nosso
ordenamento jurídico.
i) Elementos migratórios: Os elementos migratórios no processo penal
são os elementos informativos extraídos do inquérito policial E QUE
PODERÃO SERVIR DE FUNDAMENTO PARA EVENTUAL
SENTENÇA CONDENATÓRIA.
Possuem esse nome pelo fato de esses elementos informativos
MIGRAREM DO INQUÉRITO PARA O PROCESSO PENAL,
permitindo que o juiz os utilize como fundamento de sua decisão.
Nos termos do art. 155 do CPP, em regra, o juiz não pode fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as:
a) PROVAS CAUTELARES: “são aquelas em que há um risco de
desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo, em
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relação às quais o contraditório será diferido” (LIMA, 2015, p. 573). É o
caso da interceptação telefônica, medida investigativa inaudita altera parte,
somente permitindo o contraditório diferido, postergado ou adiado.
b) PROVA NÃO REPETÍVEL: “é aquela que, uma vez produzida, não
tem como ser novamente coletada ou produzida, em virtude do
desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte probatória” (LIMA,
2015, p. 573). Cite-se como exemplo o exame pericial realizado
imediatamente após a prática do crime, que não poderá ser realizado
novamente devido à dispersão dos vestígios. 
c) INCIDENTE DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA: “são
aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante a
autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente
previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação
de urgência e relevância”(LIMA, 2015, p. 574).
É o caso do depoimento “ad perpetuam rei memoriam”, previsto no art.
225 do CPP: “Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento”. 
Assim, esses três elementos informativos constituem os elementos
migratórios no âmbito do processo penal. 
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Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando
a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação
a normas constitucionais ou legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras. 
a) Teoria dos frutos da árvore envenenada: segundo essa teoria, a prova
ilícita teria o condão de contaminar todas as demais provas dela
decorrente, mesmo aquelas que estão formalmente perfeitas. (Ex:
confissão mediante tortura que levou a uma busca e apreensão
formalmente lícita; nesse caso, a busca e apreensão, embora formalmente
perfeita, é ilícita, pois se originou de uma prova ilícita). O CPP, por meio
da lei nº 11.690/2008, adotou a teoria da prova dos frutos da árvore
envenenada.
b) Teoria da descontaminação do julgado: do julgado atua nos casos em
que o tribunal reconhece a ilicitude de uma prova em que o julgado se
baseou, afastando-a. Nesses casos, o tribunal tem que determinar um novo
julgamento.
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Para que haja a descontaminação do julgado, essa teoria defende que um
novo magistrado, que não teve contato com a prova considerada ilícita,
deverá conduzir o processo.
Isso porque, embora não possa mais utilizar a prova ilícita para basear sua
decisão, é certo que o juiz que teve contato com a prova ilícita estará,
ainda que inconscientemente, tendente a ser por ela influenciado no
julgamento da causa.
Assim, para que haja a descontaminação do julgado, é preciso que o
tribunal, ao determinar um novo julgamento, designe um novo juiz para a
causa, distinto do anterior. 
Caso não haja novo juiz, o julgado ainda estará contaminado pela
prova ilícita. Esse é o posicionamento de Marinoni.
A teoria da descontaminação do julgado chegou a ser prevista na Lei
11.690/08, que modificou o CPP (Art. 157, §4º). Na ocasião, o §4º foi
vetado pelo Presidente, sob a alegação de que a designação de um novo
magistrado nesse caso seria contrária a celeridade processual.
Assim, o veto acabou por impedir a aplicação da teoria da
descontaminação no processo penal, sendo aplicável apenas o
desentranhamento da prova ilícita. 
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c) As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita
não devem ser desentranhadas do processo: Se determinada prova é
considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro
lado, as peças do processo que fazem referência a essa prova (exs:
denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas e substituídas. 
A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são
"provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que determina a
exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP.
Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não
determina a exclusão de "peças processuais" que a elas façam
referência (STF - RHC 137368/PR).
d) Delegado que acessa conversas do whatsapp do flagranteado sem
prévia autorização judicial: Na ocorrência de autuação de crime em
flagrante, aindaque seja dispensável ordem judicial para a apreensão de
telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas
pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a transmissão, recepção
ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou
informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou,
ainda, por meio de sistemas de informática e telemática (STJ - RHC
67.379/RN).
Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia
por meio da extração de dados e de conversas registradas no whatsapp
presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
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aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante
(STJ - RHC 51.531-RO).
e) É lícito o acesso aos dados armazenados em celular apreendido com
base em autorização judicial: A obtenção do conteúdo de conversas e
mensagens armazenadas em aparelho de telefone celular ou smartphones
não se subordina aos ditames da Lei nº 9.296/96.
O acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone,
quando determinada judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos,
não ofende o art. 5º, XII, da CF/88, considerando que o sigilo a que se
refere esse dispositivo constitucional é em relação à interceptação
telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, é da comunicação de
dados, e não dos dados em si mesmos.
Assim, se o juiz determinou a busca e apreensão de telefone celular ou
smartphone do investigado, é lícito que as autoridades tenham acesso aos
dados armazenados no aparelho apreendido, especialmente quando a
referida decisão tenha expressamente autorizado o acesso a esse conteúdo
(STJ - RHC 75.800/PR).
f) Obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz” no momento
de uma ligação é considerado prova ilícita, assim como as que
derivarem dela: Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial,
é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva pela polícia, de conversa
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travada pelo investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio
do recurso "viva-voz", que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito
de entorpecentes (REsp 1.630.097-RJ).
g) Mera intuição de que está havendo tráfico de drogas na casa não
autoriza o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do
morador: O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização
judicial, em caso de flagrante delito, para que seja válido, necessita que
haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem a ocorrência de crime no
interior da residência.
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente,
embora pudesse autorizar abordagem policial em via pública para
averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em
seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial
(REsp 1.574.681-RS).
h) "Denúncia anônima" e interceptação telefônica: Após receber
diversas denúncias de fraudes em licitações realizadas no Município, o
Ministério Público Estadual promoveu diligências preliminares e instaurou
Procedimento Investigativo.
Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em
iniciarinvestigações preliminares com base em "denúncia anônima" a fim
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de se verificar a plausibilidade das alegações contidas no documento
apócrifo.
Após confirmar a plausibilidade das "denúncias", o MP requereu ao juízo a
decretação da interceptação telefônica dos investigados alegando que não
havia outro meio senão a utilização de tal medida, como forma de
investigação dos supostos crimes.
O juiz acolheu o pedido. O STJ e o STF entenderam que a decisão do
magistrado foi correta considerando que a decretação da interceptação
telefônica não foi feita com base unicamente na "denúncia anônima" e sim
após a realização de diligências investigativas por parte do Ministério
Público e a constatação de que a interceptação era indispensável neste caso
(STJ - RHC 38.566/ES e STF - HC 133148/ES).
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou
instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
a) Limites de aplicação da teoria dos frutos da árvore envenenada: a
teoria dos frutos da árvore envenenada, contudo, não é absoluta, podendo
sofrer várias limitações. As principais limitações citadas pela doutrina são
as seguintes:
1º Fonte independente: ocorre quando não há vinculação entre a prova
ilícita e as demais provas do processo. Dessa forma, não há como a prova
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ilícita contaminar as demais, obtidas de fontes independentes daquela
obtida de forma ilícita. Segundo Nestor Távora, a “prova absolutamente
independente” não seria somente uma exceção, mas uma teoria coexistente
com a teoria dos frutos da árvore envenenada. O STF tem admitido essa
teoria.
2º Descoberta inevitável: ocorre quando a prova ilícita poderia ter sido
descoberta por outros atos de investigação válidos, podendo, assim,
aproveitada, já que não haveria contaminação. Exemplo: interceptação
telefônica ilegal que descobre nova testemunha, mas esta já tinha sido
revelada pelas declarações das demais testemunhas, de modo que a prova
ilícita não trouxe real aproveitamento.
3º Contaminação expurgada (ou conexão atenuada): ocorre quando o
vínculo entre a prova ilícita e a derivada é tão superficial que acabana nem
havendo contaminação. Aqui, até há um vínculo entre a prova ilícita e a
prova por derivação, mas ele é irrelevante.
4º Boa-fé: aqui, busca-se o reconhecimento da licitude da prova obtida por
agentes que atuarem sem o dolo de infringir o ordenamento jurídico,
pautados em uma situação de erro. Para essa teoria, não basta que haja
boa-fé subjetiva, sendo necessária também que haja boa-fé objetiva (isto é,
respeito à lei na produção do manancial probatório).
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b) Infração constitucional alheia: Segundo Renato Brasileiro, seria a
teoria da infração constitucional uma das limitações à declaração da
inadmissibilidade da prova ilícita. De acordo com essa limitação, só a
pessoa que teve o direito fundamental violado e que é prejudicada com a
utilização da prova ilícita no processo é que pode solicitar o
reconhecimento de sua ilicitude. Assim, caso o direito fundamental violado
quando da obtenção da prova refira-se à pessoa distinta do acusado, a
prova deve ser considerada válida. 
Referida teoria não tem acolhida no ordenamento pátrio. Isso porque a
inadmissibilidade das provas ilícitas tem por objetivo não apenas a
proteção dos direitos fundamentais do acusado, mas também o de impor ao
Estado um comportamento ético, a fim de se respeitar os parâmetros
constitucionais estabelecidos, especialmente para limitar o exercício do
“ius puniendi”.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às
partes acompanhar o incidente. 
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2º Do exame do corpo de delito, e das perícias em geral
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.
a) Corpo de Delito: é o conjunto de vestígios materiais deixados pela
infração penal. Já o exame de corpo de delito é a perícia que tem por
objeto o próprio corpo do delito. O exame de corpo de delito direto é
aquele em que osperitos dispõem do próprio corpo do delito para analisar.
O indireto, por sua vez, é aquele realizado com a ajuda de meios
acessórios, pois o próprio corpo de delito não mais existe para ser objeto
do exame. Para a formalização do corpo de delito indireto não é necessário
nenhuma formalidade específica, dispensando inclusive a elaboração de
laudo.
b) Obrigatoriedade do exame: deixando vestígios, é obrigatório a
realização do exame de corpo de delito (direto ou indireto), podendo,
contudo, sua ausência ser suprida pela prova testemunhal (art. 167, CPP).
A não realização de perícia implica a nulidade absoluta do processo (art.
564, III, b, CPP), com a ressalva da possibilidade de utilização de
testemunhas. Para alguns doutrinadores, contudo, a ausência deveria
implicar na absolvição do réu, por ausência de comprovação da
materialidade do delito.
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c) Momento de realização: em regra, nada impede que a denúncia ou
queixa seja recebida sem o exame, desde que ele possa ser realizado
durante o processo. Contudo, se a lei exigir como condição de
procedibilidade ao início do processo a prévia realização de laudo, a sua
presença junto da denúncia ou queixa se torna obrigatória. É o que ocorre
com os crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios (Art.
544, CPP) e com a Lei de Drogas.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
a) Perito Oficial: a lei exige como requisito obrigatório para ser perito o
diploma de curso superior. Aqueles que já eram peritos e não atenderem
esse requisito na data da publicação da Lei 11.690/08, continuaram a
atender nas respectivas áreas, ressalvada a hipótese de perícia médica onde
a necessidade de diploma é insuperável.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame. 
a) Número de Peritos: somente na falta de perito oficial é que se faz
necessário a presença de dois peritos.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e
fielmente desempenhar o encargo. 
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a) Compromisso: os peritos oficiais prestarão compromisso quando
assumem o cargo, por isso estão dispensando de prestar novamente quando
da perícia. Somente os não oficiais devem prestá-lo. A ausência da colheita
do compromisso, porém, é mera irregularidade, não tendo o condão de
macular o laudo.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e
após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos
oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes,
quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que
serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão
oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação. 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área
de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais
de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. 
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Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos
formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo
de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais,
a requerimento dos peritos. 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
qualquer dia e a qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que
possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples
exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que
apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação
de alguma circunstância relevante.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
suprir-lhe a falta.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos,
além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no
juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das
partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou
rejeitá-lo, no todo ou em parte.
3º Do interrogatório do acusado
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Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária,
no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença
de seu defensor, constituído ou nomeado. 
a) Dupla Finalidade: Atualmente, a doutrina majoritária tem entendido
que o interrogatório tem natureza jurídica híbrida ou mista, pois tanto é
meio de defesa, em razão das várias prerrogativas dadas ao réu pela
legislação, como também é meio de prova, uma vez que o magistrado vai
realizar perguntas sobre o fato, juntamente com a acusação e a defesa. O
material eventualmente colhido servirá para formação do convencimento
do julgador.
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam
garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e
dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do
ato. 
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício
ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu
preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico
de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida
seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita
de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra
razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
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III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questãode ordem pública. 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência. 
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá
acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos
os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os
arts. 400, 411 e 531 deste Código. 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao
réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se
realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a
canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que
esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do
Fórum, e entre este e o preso. 
a) Prejuízo presumido: caso a autoridade judiciária negue a entrevista
preliminar o prejuízo é presumido, ocorrendo vício insanável do ato. A
presença do advogado no interrogatório é obrigatória, sob pena de
nulidade absoluta do ato.
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização
de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada
pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo
Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas
hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos
§§ 1o e 2o deste artigo. 
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§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que
couber, à realização de outros atos processuais que dependam da
participação de pessoa que esteja presa, como acareação,
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou
tomada de declarações do ofendido. 
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de
iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não
responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
a) Direito ao Silêncio: prevalece na doutrina e na jurisprudência que o
direito ao silêncio não abrange a qualificação. O interrogando não
poderia calar-se e estaria obrigado a dizer a verdade, podendo incorrer em
sanção penal. Os tribunais superiores, inclusive, tem considerado como
típica a conduta daquele que atribui identidade falsa perante a autoridade
policial com o intuito de ocultar maus antecedentes:
STJ – Súmula 522: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório
de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.
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a) Último Ato: com a nova sistemática processual introduzida pela Lei
11.719/08, nos procedimentos previstos no CPP o interrogatório será o
último ato de instrução processual.
4º Da confissão
Art.197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para
os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá
confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre
ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
a) Confissão: é a admissão por parte do suposto autor da infração, de fatos
que lhe são atribuídos e que lhe são desfavoráveis. O reconhecimento da
infração por alguém que não é sequer indiciado não é tecnicamente
confissão e sim auto-acusação.
Art.198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
a) Revogação Tácita: a parte final desse artigo não tem mais
aplicabilidade, posto que a nova redação do parágrafo único do art. 186 do
CPP afirma que: “o silêncio, que não importará em confissão, não
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”.
Art.199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada
por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.
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Art.200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
a) Confissão qualificada e atenuante: A confissão qualificada ocorre
quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega, em sua defesa, um
motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena (ex: eu matei sim, mas
foi em legítima defesa). 
O STJ entendia inicialmente que a confissão qualificada não era apta a
fazer incidir a atenuante genérica da confissão. Contudo, mais
recentemente, o tribunal alterou seu entendimento e passou a aceitar que a
confissão qualificada sirva de atenuante genérica. 
Atualmente, prevalece que, sempre que a confissão for utilizada pelo
magistrado para fundamentar a condenação, poderá servir de atenuante,
mesmo que ela seja qualificada, parcial ou que o agente se retrate
posteriormente (STJ - HC 237.252/SP).
STJ – Súmula 545: Quando a confissão for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65,
III, d, do Código Penal. 
b) Confissão Vs Reincidência: caso o réu tenha confessado a prática do
crime (o que é uma atenuante), mas seja reincidente (o que configura uma
agravante) o STJ tem entendido que reincidência e confissão se
compensam (REsp 1.154.752-RS). Excepcionalmente, contudo, não se
admite a compensação integral entre a atenuante da confissão
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espontânea e a agravante da reincidência, quando verificada
multirreincidência ou mesmo reincidência específica (AgRg no REsp
1504699/RO). 
O STF entendeu que essa matéria é infraconstitucional, tendo firmado a
tese de que não tem repercussão geral a controvérsia relativa à
possibilidade ou não de compensação da agravante da reincidência
com a atenuante da confissão espontânea (RE 983765 RG/DF). Assim,
fica mantido o entendimento do STJ sobre o tema.
c) confissão judicial própria e imprópria: Caracteriza-se como
imprópria a confissão judicial produzida perante autoridade judicial
incompetente para o deslinde do processo criminal em curso. Se a
confissão é feita perante a autoridade judicial competente, ela é chamada
de “confissão judicial própria”. Se a confissão é feita perante a autoridade
policiais, administrativas, parlamentares etc, trata-se da chamada
“confissão extrajudicial”.
5º Do ofendido 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma
ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as
suas declarações. 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. 
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para
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audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou
modifiquem. 
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço
por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio
eletrônico. 
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será
reservado espaço separado para o ofendido. 
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido
para atendimento multidisciplinar, especialmente nasáreas
psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor
ou do Estado. 
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo,
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados,
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito
para evitar sua exposição aos meios de comunicação. 
6º Das testemunhas 
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
1º Testemunha: é a pessoa desinteressada que declara em juízo o que sabe
sobre os fatos, em face das suas percepções colhidas sensorialmente. Trata-
se de mais um meio de prova. O testemunho é um dever, sendo uma forma
de contribuir com a administração da justiça. Dessa forma, em regra, toda
pessoa poderá ser testemunha.
As testemunhas se dividem em:
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a) Testemunha DIRETA: é aquela que presenciou os fatos. Também
chamada de testemunha visual.
b) Testemunha INDIRETA: é aquela que não presenciou os fatos, mas
apenas ouvir falar sobre eles. É também chamada de testemunha auricular
ou testemunha de “ouvir dizer” (hearsay rule).
O testemunho por ouvir dizer, produzido somente na fase inquisitorial,
não serve como fundamento para pronúncia: O testemunho por ouvir
dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve
como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a
julgamento pelo Tribunal do Júri (REsp 1.373.356-BA).
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo
permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve
consulta a apontamentos.
1º Regra: a regra é que não se pode trazer o testemunho por escrito.
Contudo, excepcionalmente, é admitido no caso dos mudos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz
procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo,
entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor.
Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente,
o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai,
a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível,
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por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas
circunstâncias.
1º Recusa: o artigo 206 indica as pessoas que podem recursar-se a
contribuir com o testemunho, em determinadas situações. Apesar dessa
prerrogativa, estas pessoas podem depor se desejarem. Ademais, pode
ocorrer ainda que o testemunho seja obrigatório nos casos em que não for
possível, por outro modo, obter-se ou integrar a prova do fato. Nesses
casos, as testemunhas não poderão recursar-se a depor. Se isso ocorrer,
mesmo estando obrigados a depor, estas pessoas não prestaram o
compromisso de dizer a verdade (art. 208, CPP) e, caso mintam, não
praticam falso testemunho. Salienta-se ainda que os parentes da vítima
estão obrigados a depor sob compromisso e caso faltem a verdade
praticam crime.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
1º Impedimento: o artigo 207 cuida das pessoas impedidas de figurar
como testemunha. Aqui, mesmo se desejarem depor, não poderão fazê-lo
por vedação legal, salvo se desobrigadas pela parte interessada. Ainda
assim, só prestarão depoimento caso desejem.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos,
nem às pessoas a que se refere o art. 206.
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Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
testemunhas, além das indicadas pelas partes.
1º Testemunhas Extranumerárias: são aqueles ouvidas por iniciativa do
magistrado, sendo, regra geral, compromissadas. É o que pode ocorrer com
as chamadas testemunhas referidas, que são aquelas citadas por outras
testemunhas (§1º).
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que
as testemunhas se referirem.
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber
que interesse à decisão da causa.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de
modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras,
devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua
realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
incomunicabilidade das testemunhas. 
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que
alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade,
remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração
de inquérito.
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538,
§ 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação
dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à
autoridade policial.
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1º Falso testemunho: Segundo o CP (Art. 342, §2º) o crime de falso
testemunho deixa de ser punível se, antes da sentença que for proferida no
processo em que o falso ocorreu, o agente se retratar no processo,
declarando a verdade. O STJ entende, contudo, que o crime de falso
poderá ser investigado antes do fim do processo em que ocorreu o falso,
com vistas a evitar a prescrição do delito.
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição
de outra já respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
complementar a inquirição. 
1º Sistema adotado pelo CPP: com a nova redação dada ao art. 212
pela Lei 11.690/08, o sistema presidencialista, onde as perguntas eram
feitas por intermédio do magistrado, foi superado. Agora as perguntas
poderão ser feitas diretamente pela parte. O procedimento a ser
seguido é o seguinte: a parte que arrolou a testemunha faz as
perguntas que julgar pertinentes, seguida da parte contrária. Ao juiz,
caberá ao final esclarecer os pontos ainda não elucidados. O sistema
atualmente adotado pelo CPP, consistente na formulação de perguntas
diretas às testemunhas pelas partes, cabendo, tão somente, a
complementação da inquirição sobre os pontos não esclarecidos, ao final,
pelo juiz, é conhecido como Cross-examination.
2º Inversão da Ordem: O STJ e o STF (HC 114.787) entendem que
haverá nulidade relativa, no caso de inversão da ordem de inquirição das
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testemunhas prevista no dispositivo mencionado, sendo necessário,
portanto, a demonstração de efetivo prejuízo.
3° Inquirição de testemunhas pelo magistrado e ausência do MP na
audiência de instrução: Não gera nulidade do processo o fato de, em
audiência de instrução, o magistrado, após o registro da ausência do
representante do MP (que, mesmo intimado, não compareceu),
complementar a inquirição das testemunhas realizada pela defesa, sem que
o defensor tenha se insurgido no momento oportuno nem demonstrado
efetivo prejuízo (REsp 1.348.978/SC).
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas
apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa dofato.
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão
contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a
tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará
consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só
excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos
previstos nos arts. 207 e 208.
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto
quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas,
reproduzindo fielmente as suas frases.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao
ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
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a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na
inquirição, com a presença do seu defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no
caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos
que a determinaram. 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à
autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida
por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista
no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de
desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. 
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por
velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores
e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de
Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito
Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem
como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora
previamente ajustados entre eles e o juiz. 
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes
do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal
Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso
em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz,
Ihes serão transmitidas por ofício. 
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. 
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§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218,
devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente
comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação
do dia e da hora marcados.
1º A garantia do art. 221 também é aplicada quando a autoridade é
convocada para ser ouvida na condição de investigado ou de acusado?
NÃO. As autoridades com prerrogativa de foro previstas no art. 221 do
CPP, quando figurarem na condição de investigados no inquérito policial
ou de acusados na ação penal, não têm o direito de serem inquiridas em
local, dia e hora previamente ajustados com a autoridade policial ou com o
juiz. Isso porque não há previsão legal que assegure essa prerrogativa
processual, tendo em vista que o art. 221 do CPP se restringe às hipóteses
em que as autoridades nele elencadas participem do processo na qualidade
de testemunhas, e não como investigados ou acusados (STJ - HC
250.970/SP).
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será
inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para
esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a
todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de
testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou
outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada,
inclusive, durante a realização da audiência de instrução e
julgamento
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Competência para julgamento do crime de falso testemunho: O juízo
competente para julgar o crime de falso é o do local da consumação do
delito (art. 70, CPP). Se o depoimento é prestado por carta precatória, a
competência firmar-se-á no juízo deprecado.
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada
previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente
com os custos de envio. 
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e
2o do art. 222 deste Código
Bibliografia consultada para elaboração da apostila e indicada para
aprofundamento do tema:
– Código de Processo Penal para concursos –
Fábio Roque e Nestor Távora;
– Curso de Processo Penal – Nestor Távora e
Rosmar Rodrigues Alencar;
- Manual de Processo Penal – Renato Brasileiro
de Lima.
– Dizer o Direito
(http://www.dizerodireito.com.br/)
https://www.instagram.com/direitodiretoblog/

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