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Avaliação final Espaço geográfico e técnica contexto geral da disciplina

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ESPAÇO GEOGRÁFICO E TÉCNICA
PROF. MARCOS XAVIER
AVALIAÇÃO N. 3, 2017
DOSCENTE: JOÃO MIGUEL DA SILVA
A espécie humana é dotada de um certo grau de consciência que o diferencia das demais espécies do planeta. Desde sua origem, o homem vai tomando consciência da sua capacidade de desenvolver métodos para sua subsistência conforme suas necessidades. Assim começa a se relacionar intensamente com seu meio, desenvolvendo objetos, costumes e aprimorando sua forma de produção. Da ótica contemporânea, a evolução da existência humana é comparada entre o modo de vida do homem primitivo e seu desenvolvimento até o homem moderno que, inerente a técnica, não só obteve êxito em sua evolução tecnológica, como excedeu todos os limites oferecido pelo meio. No processo social de organização espacial desde sua gênese, o homem começa a se libertar da ordem imposta pela natureza e começa a criar seu espaço dando início a organização do espaço geográfico. "A sociedade cria-se, criando seu espaço: os dois formam, em conjunto, um todo indissociável que sofrem a mesma evolução" (Isnard, 1982, p.85)
Essa tal evolução se converte hoje, no uso irracional da técnica. Não há homem sem a técnica, Para Ortega Gasset, a técnica é o esforço para reduzir o esforço, partindo dessa visão, é possível enxergar o homem preso num círculo vicioso de produção ininterrupta na busca de aprimoramento e inovações, transforma seu meio natural em uma tecnosfera, onde os indivíduos da sociedade contemporânea, tem seu modo de vida sempre reconfigurado e consequentemente, uma dependência completa aos objetos que correspondem suas particularidades, juntamente com os artefatos técnicos que estrutura no espaço para se deslocar, transportar e se relacionar com outros territórios.
A maneira na qual o homem se relaciona com o meio, envolve a forma de produção que realiza e a quantidade dos objetos e processos que utiliza. "Se existe um consenso a respeito das principais características das sociedades contemporânea, este se refere à presença cada vez maior da tecnologia na organização das práticas sociais, das mais complexas às mais elementares" (Benakouche, 1998, p.1). É de total interesse da sociologia investigar a técnica como grande importância dos estudos sociais, o tema se tornou objeto de estudo para Marx, Durkheim, Ellul, Gasset, entre outros que se aprofundaram nas questões das relações da técnica e sociedade, as consequências, o processo de difusão dos objetos, entre outros fatores que procurando tratar de forma integrada os aspectos técnicos, sociais, econômicos e políticos.
A técnica como objeto de análise para interpretação da relação do homem com o meio, levou sérias dicotomias entre a sociologia e a geografia, pois na virada do século XIX para XX, as disciplinas compostas pelas bases teóricas de análise social, se consolidavam como ciências humanas. Os geógrafos até então já tinha suas concepções formadas do que seria a geografia humana, vertente que seria contestada pelos sociólogos e antropólogos da época, afirmando que as bases da geografia humana já era objeto de análise pertencente a sociologia, na qual chamavam de "morfologia social", acusando assim a geografia de ambição. 
A técnica é abordada ao longo da história do pensamento geográfico, a procura de bases teóricas que explique como se deu a formação do espaço, "As massas de diversos grupos, a maneira como estão dispostos sobre o solo, a natureza e configuração dos fatores de toda categoria que afetam as relações coletivas (Febvre, 1995, p.1). Ratzel abordou os estudos para investigar como o homem se expande no território, como se liga ao solo e também identificar uma ciência capaz de encontrar leis gerais. Viés determinista fortemente combatido pelos sociólogos. Porém a geografia humana entende que o homem altera a paisagem, modifica os lugares através da técnica. Vidal de La Blache, fundador da escola possibilista, entendia que a natureza fornece aos grupos humanos as possibilidades que os capacitam modificar a paisagem. A ação humana constrói o ambiente, ou seja, as técnicas transformam o homem em um artificie. Para La Blache, o poder da ação humana sobre a natureza, está ligado a evolução das sociedades humanas, os progressos realizados em adquirir conhecimentos úteis à valorização as riquezas naturais. Como consequência, certos povos puderam elevar-se a um nível superior de civilização, aperfeiçoando suas técnicas e se influenciando por invenções e ideias dos povos que entraram em contato. 
Aos interesses humanos, se tornou racional a modificação dos espaços pelos meios de ação que o homem põe em prática. Isnard em "O espaço geográfico", usa o conceito de mapeamento de um sistema social para tratar do processo de desbiologização e modificação do sistema natural e do ecossistema, sociabilização que conduz o espaço geográfico a diferenciar-se do espaço natural para aproximar-se cada vez mais de uma explicação social. Com a socialização, a sociedade passa a ser fator determinante para modificação do espaço geográfico. O espaço geográfico é a projeção da sociedade. Sociedade e espaço reproduzem-se ao transformarem-se dialeticamente ao longo das gerações. Altera-se o espaço geográfico em nome do progresso. Assim, o espaço a serviço da sociedade, sofre mudanças ao longo do tempo de acordo com suas especificidades, o que faz do espaço geográfico atual, dissociado do espaço natural estando diretamente conectado as características dominantes da sociedade, através das relações sociais, as densidades de população, desenvolvimento cientifico e tecnológico, entre outros fatores que configuram o espaço geográfico contemporâneo. "A técnica nasce dessa vontade de substituir um ecossistema por uma organização social controlada, um meio concebido para satisfazer as exigências humanas" (Isnard, 1982, p. 99).
Tais análises são de extrema importância para se compreender e explicar a expansão do homem pelo espaço, as expedições, invasões, guerras, migrações, urbanização e todas as questões problemáticas que se configurou para o mundo atual. A colonização subordinou as populações conquistadas a uma organização do espaço com todos elementos para realização dos seus projetos: escravidão, extermínio, cidades, plantações, complexos indústrias e entre outros fatores. A expulsão de nativos e modificação na cultura de subsistência em diversos territórios, forçou as sociedades indígenas a viver num espaço alienado. "O espaço geográfico nasce da projeção do sistema sócio cultural sobre os sistemas ecológicos" (Isnard, 1982, p.109). Esses fatos, a posteriori, vai esclarece o fato de que o espaço geográfico está para atender os anseios da sociedade. Logo surge a necessidade de relacionar o tempo ao espaço para se obter um esclarecimento mais objetivo sobre os fenômenos que ocorrem no espaço.
Milton Santos fez duras críticas à negligência dos geógrafos para com a dimensão temporal. Procurou-se em outras esferas tratar as relações entre espaço e tempo por intermédio da "teoria da difusão de inovações", onde a elaboração de modelos dedutivos impediu que a teoria avançasse. Porém as debilidades da "teoria da difusão" serviu à formulação e renovação de teorias espaciais e de planificação ou difusão hierárquica como a "teoria dos lugares centrais", dos polos de crescimento, centro periferia, crescimento e planificação urbana e regional. Tais enfoques não foram longe por falta de base na realidade objetiva, faltando orientação técnica e metodológica válida para que a identidade entre espaço e tempo pudesse ser considerada. A crítica a geografia ativa é contundente quando se trata da aplicação do fator tempo aos estudos geográficos, tanto na revolução quantitativa, quanto a geografia radical. Milton Santos afirma que "para compreender uma qualquer situação, necessitamos de um enfoque, espaço temporal" (Santos, 1996, p. 205). O autor propõe que as análises de produção do espaço, devem ser feitas sob duas premissas essenciais: Há uma necessidade de periodização, considerando suas inter-relações para chegara uma identificação de "sistemas temporais". Deve-se também analisar as relações entre períodos históricos e organização espaciais onde se revelarão uma sucessão de sistemas espaciais no qual o valor relativo de cada lugar está sempre em transformação. A resolução desses enfoques é que em cada período histórico, as variáveis se alteram. O que leva a necessidade de interpretar as problemáticas do desenvolvimento econômico em suas devidas épocas, com suas particularidades, para entender a relação de uma variável com a outra cada uma em seu próprio período histórico, Método fundamental para reconstrução dos sucessivos sistemas temporais e espaciais.
Observando a sociedade contemporânea, é possível concretizar a análise dos fluxos de modernização e inovações onde vemos como as bases materiais, as relações, formas e tradições do passado, estão no presente se reconfigurando e assumindo novas funções. A geografia não diferente, começa a observar a sociedade também sob a ótica da fenomenologia procurando considerar a subjetividade dos indivíduos para definir a configuração real da sociedade.
Em "Capitalismo tardio e os fins do sono", o professor de arte moderna Jonathan Crary, faz uma análise perturbadora sobre como o sistema capitalista domina cada vez mais todas as esferas do cotidiano dos indivíduos e como resultado, transforma os agentes da sociedade em verdadeiros objetos técnicos. A adoção de tecnologias de redes sem fio, foi disseminada na sociedade em escala mundial e para o autor "é simplesmente um efeito colateral de novas exigências institucionais” (Crary, 2014, p. 40). Podemos entender essa realidade pela notável mudança de comportamento social na qual as relações dos indivíduos, estão cada vez mais introduzidas na esfera digital e o ritmo de vida configurada numa fórmula de 24 horas do dia por 7 dias da semana. “24/7 não apenas incita no indivíduo um foco exclusivo em adquirir, ter, ganhar, desejar ardentemente, mas está totalmente entremeado a mecanismo de controle que tornam supérfluo e impotente o sujeito de suas demandas” (Crary, 2016, p. 41). Ou seja, os indivíduos convertidos em objeto de regulação ininterrupta, enclausurados em um continuum de dominação absoluta sobre a sociedade. O fluxo acelerado de produção e consumo desenfreado, afeta diretamente a memória coletiva, levando consigo a significação histórica. Se privatiza tarefas através de aplicativos e objetos cada vez mais automatizados, reconfigurando os modos de vida que estão cheios de rotinas e necessidades que não são escolhidas pelos próprios indivíduos. "A ilusão de escolha e autonomia é uma das bases desse sistema global de autorregulação" (Crary, 2014, p. 55). Consequentemente essa sociedade caminha na direção de frustações, ansiedade e depressão, resultado de um modo de viver extremamente supérfluo, competitivo e regadas pelo medo. Os avanços tecnológicos que deveriam ser usadas em prol do desenvolvimento social, servem as exigências do capital e do império. O medo do fracasso social e econômico faz com que a sociedade viva em ritmo de competição e consumo, sem tempo para refletir sobre sua existência e as importâncias do espaço em que habita.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:
BENAKOUCHE, T. Tecnologia é sociedade: contra a noção de impacto tecnológico. Cadernos de Pesquisa, PPGSP/UFSC, v. 17, setembro 1999.
CRARY, J. 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu, 2016.
FEBVRE, L. A terra e a evolução humana. Introdução geográfica à história. 2ª ed. Lisboa: Cosmos, 1991.
Isnard, H.; O espaço geográfico; Coimbra: Livraria almedina, 1982
SANTOS, Milton. Por uma nova geografia: da crítica da geografia a uma geografia crítica. São Paulo: HUCITEC, 1978.

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