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Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 04

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AULA 4.1
PESSOA NATURAL (PESSOA FÍSICA)
- Pessoa natural é expressão do CC. Já pessoa física é expressão utilizada pela legislação tributária.
- Para o CC, a pessoa natural é a pessoa humana – ente provido de estrutura biopsicológica.
- Diferentemente da pessoa jurídica, a pessoa natural titulariza direitos da personalidade.
	- Pessoa jurídica não titulariza direitos da personalidade, mas merece proteção.
- Durante alguma tempo prevaleceu a ideia de que a pessoa natural seria um ente biologicamente criado.
Se assim fosse, como ficariam as questões relativas à fertilização assistida?
	- A fertilização medicamente assistida pode se apresentar por dois vieses:
1) Fertilização in vitro (proveta): o médico concebe o embrião em laboratório, e o implanta no corpo da mulher.
		- A concepção ocorre no laboratório – concepção in vitro.
2) Inseminação artificial: o médico trabalha somente com o sêmen, e o implanta no corpo da mulher.
		- A concepção ocorre no corpo da mulher – concepção in vivo.
		- Aqui o médico na realidade auxilia a concepção.
* Em ambas as modalidades, a fertilização pode ser:
- Homóloga: o médico trabalha com o material genético do próprio casal.
- Heteróloga: o médico trabalha com o material genético de 3º (sêmen ou óvulo).
- O CC não disciplinou as técnicas de fertilização assistida. Inclusive, o Enunciado 2 da Jornada de Direito Civil recomendou que o CC não cuidasse dessa matéria, pois trata-se de assunto muito específico que merece ser tratado em lei especial.
Apesar de não disciplinar a matéria, o CC estabelece um efeito jurídico para a fertilização assistida, a Presunção de Paternidade (pater is est): Art. 1.597, CC: “Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.”[1: São aqueles embriões que sobraram.]
• Início da pessoa natural
- O art. 2º do CC estabelece que a personalidade começa do nascimento com vida. Contudo, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
- A redação é um tanto quanto paradoxal, pois diz que a personalidade começa com o nascimento com vida, mas logo depois termina insinuando que desde a concepção estão preservados os direitos do nascituro.
- Em decorrência dessa redação confusa, a doutrina vem sentindo muitas dificuldades em reconhecer a natureza jurídica do Nascituro.[2: Natureza jurídica significa o enquadramento, ou posição topológica, no ordenamento jurídico.]
Por isso, há grandes controvérsias no que diz respeito às Teorias explicativas do nascituro. Nesse cenário, 3 teorias foram construídas:
1) Teoria Natalista: a personalidade só é adquirida pelo nascimento com vida;
	- Defendida por autores mais antigos, como Silvio Rodrigues.
- Nessa teoria, nega-se personalidade ao nascituro. Este somente adquirirá personalidade com o nascimento com vida.
- Apega-se a primeira parte do art. 2º do CC e ignora o final do dispositivo.
- Os defensores afirmam que o nascituro não tem direitos, mas perspectiva/expectativa de direitos.
2) Teoria Concepcionista: a personalidade é adquirida pela concepção uterina. Com isso, o nascituro já titulariza direitos da personalidade, embora os direitos patrimoniais estejam condicionados ao nascimento com vida;
	- É a antítese da Teoria Natalista.
- Se o nascituro titulariza direitos da personalidade, dispõe, portanto, de personalidade.
- Defendida por autores contemporâneos, como Francisco Amaral, Pablo Stoze, Rodolfo Pamplona, Flávio Tartuce, ... 
3) Teoria Condicionalista: a personalidade do nascituro é meramente formal e condicionada ao nascimento com vida. Por esta teoria, os direitos patrimoniais do nascituro estão condicionados ao nascimento com vida, malgrado já disponha de direitos da personalidade;
- Defendida por autores mais antigos, como Caio Mário, Orlando Gomes, ...
- A Teoria Condicionalista e a Teoria Concepcionista dizem no fundo a mesma coisa. 
* OBS: A prof. Silmara Juny Chinelato escreveu importante livro chamado “Tutela Civil do Nascituro”, no qual contata que ambas as teorias chegam ao mesmo resultado, apenas qualificando de forma distinta.
Qualificando de forma distinta porque para a Teoria Condicionalista o nascituro embora já tenha direitos da personalidade desde a concepção, tem os direitos patrimoniais condicionados. Por conta disto, essa teoria entende que a personalidade está condicionada como um todo.
Já a Teoria Concepcionista parte do pressuposto de que como os direitos da personalidade já são exercidos desde a concepção, então o nascituro já tem personalidade.
Assim, a diferença é só de qualificação. 
		* Para, prof., a Teoria Concepcionista parece mais lógica.
		* A Lei 11804/08 consagrou os alimentos gravídicos.
- Exceção as Teoria Condicionalista e a Teoria Concepcionista, no que dizem respeito aos direitos patrimoniais estarem condicionados ao nascimento com vida, pois o nascituro tem direito a receber alimentos desde logo.
- Na ADI 3510/DF, o STF reputou constitucional o art. 5º da Lei 11105/05 (Lei de Biossegurança). Com isso, a Corte autorizou o descarte de embriões congelados quando não forem ser utilizados.
- Se o casal não tiver mais interesse na fertilização, depois do prazo de 3 anos, pode o médico descartar e encaminhar os embriões para pesquisa com células tronco.
- Por reconhecer a constitucionalidade do citado dispositivo, o STF está reconhecendo que a tutela jurídica no Nascituro não se aplica a embrião de laboratório.
AULA 4.2
• A capacidade civil
	- É a aptidão para praticar pessoalmente os atos da vida civil.
		- Aptidão para atos da vida civil significa aptidão para ser titular.
	- Se dividem em:
		- Direito/Gozo: é a possibilidade de ser titular.
- No final das contas, é a capacidade de titularizar relações patrimoniais.
		- Fato/Exercício: é quem pode praticá-las pessoalmente.
Ex: criança de 5 anos dispõe de capacidade de direito, pois pode titularizar relações, com, p.ex., rebeber herança ou doação. 
Porém, não dispõe de capacidade de exercício.
- Aquele que dispõe tanto da capacidade de direito quanto de fato tem a chamada Capacidade Plena.
- Capacidade ≠ Personalidade
- A personalidade é a possibilidade de titularizar direitos da personalidade. Ex: honra, imagem, nome, privacidade, ...
		- Quem tem capacidade pode titularizar direitos patrimoniais.
- Ex: Entes despersoanlizados (Sociedade de fato, Condomínio Edilício, Massa Falída, ...) dispõem de capacidade, mas não de personalidade.
- Legitimação: é um requisito específico exigido das pessoas capazes para prática de atos específicos.
Diz Orlando Gomes que a legitimação é um plus na capacidade.
-Ex: Uma pessoa casada, maior de 18 anos e no gozo de suas faculdades mentais, pode praticar atos da vida civil, pois ela é capaz.
Mas se este ato consistir na venda de um bem imóvel, ela somente poderá fazê-lo com o consentimento de seu cônjuge – vênia conjugal (outorga marital – marido – ou outorga uxória - esposa). Nesse caso, temos uma legitimação.[3: Se o casamento for no regime de separação de bens, dispensa-se a exigência de outorga. Caso seja o regime de participação final dos aquestros, o pacto poderá dispensar a aoutorga.]
- Ex: Os pais exercem o poder familiar sobre os seus filhos. Porém, caso o pai (capaz) queira vender o imóvel pertencente a seu filho menor, o CC exige a autorização judicial com manifestação do MP. Isso também constitui uma hipótese de legitimação.
- Teoria das incapacidades: significa reconhecer que determinadas pessoas sofrem uma limitação na prática dosatos pessoalmente.
- Incide sobre a capacidade de fato. 
A capacidade de direito não pode contar com a incidência dessa teoria, pois é simplesmente a titularização dos direitos (patrimoniais).
- O CC dividiu a teoria em 2 grupos:
1) Absolutamente incapazes (CC,art. 3º): a pessoa não pratica o ato. Quem o faz é o seu Representante Legal.
	- O representante pratica o ato no lugar do titular.
- O representante responde quando atuar com excesso de poder.
- Quem são:
	- Menores de 16 anos;
- Enfermos ou deficientes mentais que não tiverem o necessário discernimento; e
- Antigamente se usava a expressão “louco de todo gênero”.
- Os que não puderem exprimir sua vontade, mesmo por causa transitória.
	- Ex: pessoa em coma.
- O que determinada a incapacidade não é a transitoriedade ou não, mas sim a impossibilidade de manifestar vontade.
		2) Relativamente incapaz (CC, art. 4º). 
			- Quem são:
				- Maiores de 16 e menores de 18 anos;
- Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
- Somente os patológicos (alcoolemia e toxicomania).
- Refere-se a discernimento reduzido, e não ausência. Neste caso, a incapacidade é absoluta.
- Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
- Ex: Síndrome de Down, Síndrome de Turner, ...
- Pródigos.
- É aquela pessoa que dilapida o seu patrimônio, comprometendo a sua subsistência.
- O CC esclarece que pródigo não é aquele que compromete a família, mas sim que compromete a si mesmo. 
				- Haverá um Assistente.
- ≠ Representante. Se fosse caso de representação, o representante praticaria o ato no lugar do incapaz. Já o assistente pratica o ato junto com o incapaz.
* Rol taxativo. Assim, os arts. 3º e 4º do CC estão submetidos a uma interpretação restritiva.
- Os Ausentes agora são capazes. No CC/16 eles estavam no rol.
- Ex: se o ausente pratica um ato em um lugar desconhecido da família, esse ato é válido.
				- A Senilidade de idosos não retira a capacidade.
- Aliás, o Estatuto do Idoso diz que os idosos são capazes e merecem especial proteção do Estado.[4: Nesse ponto, pode-se criticar o CC quando estabelece que o maior de 70 anos só pode casar no regime de separação obrigatória (CC, art. 1641, II). Ora, se o idoso é capaz, não se justifica essa restrição.]
- As pessoas com deficiência são capazes. Ex: surdo mudo, cego, ...
- Se por hipótese o deficiente não conseguir expressar sua vontade, eles será incapaz.
* Os índios se submetem a lei especial (CC, art. 4º, parágrafo único). Esta lei é o Estatuto do Índio (Lei 6001/73).
A lei estabelece que o índio silvícola será absolutamente incapaz. Os demais índios, incorporados à cultura ocidental, são considerados capazes.[5: Índio da selva, equivocadamente chamado de índio aculturado.]
De qualquer sorte, tratando-se de índio absolutamente incapaz, o Estatuto do Índio estabelece que serão representados extrajudicialmente pela FUNAI. Judicialmente, os interesses coletivos indígenas serão representados pelo MP.
* O ECA, no art. 28, § 6º, estabelece que quando se tratar de criança ou adolescente indígena a ser colocada em família substituta, deve-se respeitar a sua identidade social e cultural.
* Questão: Qual a incapacidade do menor de 17 anos com patologia mental que lhe priva o discernimento? Nesse caso a incapacidade será absoluta.
- A aquisição da capacidade (maioridade civil) não gera exoneração automática de pensão alimentícia (STJ, REsp. 442.502/SP).
- STJ 358: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos".
- Ex: O filho que alcançou a maioridade, mas que continua fazendo faculdade.
	- Responsabilidade civil do incapaz
- Art. 928, CC: “O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”.
- Essa responsabilidade do incapaz é:
- Subsidiária: “se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes”, e 
- Ex: pais insolventes, obrigação consiste em medida sócio-educativa.
- Frise-se que não é possível formar um litisconsórcio entre o incapaz e o representante ou assistente, pois a responsabilidade não é solidária. É preciso ajuizar a ação primeiro contra o representante e depois contra o incapaz.[6: A não ser que seja um litisconsórcio eventual ou sucessivo.]
- Condicional: “não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem”.
AULA 4.3
- A incapacidade etária e incapaidade psíquica: critérios determinantes do Código Civil de 2002
	- O CC utilizou 2 critérios:
		1) Etário: submete-se a uma causa objetiva.
			- É alcançado de forma automática.
		2) Psíquico: submete-se a uma causa subjetiva.
- Não é automática. Compete ao juiz, com laudo médico obrigatório, por meio de procedimento de interdição (curatela dos interditos – art. art. 1177 e ss do CPC).
	- O procedimento especial de interdição. Atos procedimentais correspondentes
		- art. 1177 e ss do CPC
		- Procedimento (Jurisdição Voluntária):
		a) Legitimidade para a interdição (CPC, arts. 1768 e 1769).
- art. 1768 do CPC
- onde há “cônjuge”, leia-se “cônjuge, companheiro ou parceiro homoafetivo” (interpretação conforme).
			- o art. 1769 do CPC é um dos mais inúteis do código.
- Antigamente “doença mental grave” era conhecida como loucura furiosa.
- o inciso II acaba estabelecendo que o MP terá legitimidade sempre.
- o MP pode promover a ação até mesmo no caso de prodigalidade. Isso significa dizer que a prodigalidade não é a favor da família, mas em favor do próprio incapaz. Se fosse em favor da família o MP não poderia.
		b) Despacho determinando o interrogatório
			- Se fosse no procedimento ordinário, juiz mandaria citar o réu.
c) Interrogatório pessoal do interditando
	- Esse interrogatório pessoal é obrigatório.
- Se porventura o interditando não poder comparecer ao interrogatório, o juiz vai onde ele estiver (casa, hospital, manicômio, ...). Juiz tem que ter contato com o interditando.
d) Prazo para resposta (5 dias)
	- +- como um prazo de contestação.
- Mas se o interditando for realmente incapaz, ele não irá impugnar o pedido. Neste caso, o juiz nomeará um Curador.
e) Defesa pelo curador (MP X Defensoria Pública). 
- O art. 1.182, §1º, do CPC e art. 1.770 do CC dizem que o Curador será o MP, exceto se o mesmo promover a ação.
Já o art. 4º, VI, Lei Complementar 80/94 diz que o Curador será um Defensor Público.
- Para prof., trata-se de função institucional da Defensoria Pública.
Além disso, o MP funciona como fiscal da lei, logo não pode ser o Curador. Portanto, haveria uma incompatibilidade com as atividades do MP.
f) Laudo médico obrigatório (CC 1.771)
	- Se não houver médico especializado no lugar, o juiz nomeará outro.
g) Prova oral, se preciso
	- “Se preciso” no caso do laudo médico não for conclusivo.
h) Intervenção do Ministério Público
	- MP funciona aqui como fiscal da lei.
i) Sentença 
	- Procedimento de Jurisdição Voluntária não faz coisa julgada.
- A sentença deve reconhecer o grau de incapacidade (absoluta ou relativa).
- Ademais, a sentença não está limitada na petição inicial. Mesmo que se tenha requerido a incapacidade absoluta, o juiz pode dar a incapacidade relativa,.
	- Quanto à natureza jurídica dessa sentença, há divergência:
- Civilistas: a sentença é declaratória. Consideram que a incapacidade já existe e será somente declarada pela sentença.[7: Carlos Roberto Gonçalves, Caio Mário, ...]
- Processualistas: a sentença é constitutiva, pois só se declara aquilo que já existe juridicamente. In casu, a sentença criaria juridicamente a incapacidade, pois até a decisão a pessoa seria capaz.[8: Barbosa Moreira.]
*OBS: Se cair questão na prova de processo, seguir a tese dos processualistas. Se cair na prova de civil, seguir tese do civilistas.		
	- Efeitos da sentença:
- Suspensão dos prazos prescricionais contrários ao incapaz (CC 198, I, e STJ, REsp. 652.837/RJ).
	- Não suspende os prazos favoráveis ao incapaz.
- Alistamento e voto do interditado mental devem ser facultativos. (TSE, Res. 21.920).
	- A validade dos atos praticados pelo incapaz
- No REsp. 9077/RS, o STJ estabeleceu que se o incapaz praticou algum ato antes da sentença, este ato será inválido (nulo ou anulável, a depender do grau de incapacidade).
Mas se o ato for praticado com 3º de boa-fé, e não causou prejuízo patrimonial ao incapaz, a validade do ato deve ser mantida, em proteção ao 3º de boa-fé.
* Aplicação prática:
- (25o Concurso MP/DFT) É possível o reconhecimento de invalidade de atos praticados por incapazes antes ou independentemente de processo de interdição? Justifique.
- (TRF-2aRegião/03) Quando se pode considerar, fática e juridicamente, que uma pessoa tem capacidade civil? Este estado relacionado com a legitimação ad causam ou com a legitimidade de parte (na concepção de pressuposto processual)? No segundo questionamento, também diga o por quê?
- A regra pode-se considerar que a pessoa tem capacidade a partir dos 18 anos.
- Capacidade não se confunde com legitimação (requisito específico), e muito menos com legitimidade processual (elementos de ordem processual).
	- Cessação da incapacidade e emancipação
		- Cessa a incapacidade quando a cessada a causa que lhe originou.
			- Se o critério é etário, cessará a incapacidade aos 18 anos de idade.
- Se o critério é psíquico, cessará a incapacidade por nova decisão judicial, pois foi de decisão judicial que se declarou/constituiu a incapacidade.[9: Não necessariamente pelo mesmo juiz. Não trata-se de caso de prevenção, até por que o pedido e a causa de pedir são distintos.]
- Para que o juiz reconheça a cessação da incapacidade também será necessária a perícia médica obrigatória. 
		- Emancipação é a antecipação da cessação da incapacidade. 
			- Exige que a pessoa tenha pelo menos 16 anos.
		- O CC prevê 3 formas de emancipação (CC, art. 5º):
1) Emancipação voluntária: é aquela que decorre de um ato praticado pelo pai em conjunto com a mãe por escritura pública registrada no cartório em que a pessoa nasceu.[10: Pode se de um só se o outro for morto, ausente ou destituído do poder familiar.]
- O registro em cartório é condição de eficácia perante terceiros.
	- Se não for escritura pública, o ato é nulo.
2) Emancipação judicial: ocorre por decisão judicial quando há conflito entre o pai e a mãe e no caso de tutor.[11: Tutor não pode emancipar.]
3) Emancipação legal e a autorização para o casamento (CC 1.520): a emancipação legal é a prática de ato previsto em lei, em que a mesma reputa este ato incompatível com a condição de incapaz.
	- Os atos que geram a emancipação legal são:
		- Casamento;
* Única hipótese em que se pode emancipar com menos de 16 anos.
O art. 1520 do CC permite que o juiz autorize o casamento do menor de 16 anos quando for caso de gravidez ou para evitar a sanção penal.
		- Emprego Público efetivo;
		- Colação de Grau em ensino superior;
- Estabelecimento civil com economia própria ou relação de emprego gerando economia própria.
* Seja qual for a forma, uma vez decretada a emancipação a incapacidade não se reestabelece.
- Ex: foi emancipado pelo casamento, mas depois o casamento foi reconhecido como anulável. In casu, não volta a ser incapaz.
AULA 4.4
* Aplicação prática:
- (MP/BA / 01) O casamento de Fernando (20 anos) e Rosaura (15 anos) é anulado dois anos depois de sua celebração. Em relação a sua capacidade civil, Rosaura:
a) retorna à incapacidade absoluta anterior ao casamento;
b) retorna à incapacidade relativa em função da idade superveniente;
c) permanece plenamente capaz para os atos da vida civil;
d) deve ter o retorno à incapacidade declarado na sentença;
e) deve ter a emancipação ratificada na sentença.
GABARITO OFICIAL – C
- Se o casamento é nulo, não produz efeitos. Assim, se não produz efeitos, também não emancipa.
Salvo se ele for putativo, pois a putatividade gera a produção de efeitos.[12: Casamento ao qual se emprestam efeitos. Terá produção de efeitos por conta de uma decisão do juiz.]
- Se o casamento for anulável, mantém-se a emancipação, pois há produção de efeitos.
• Fim da pessoa natural: a morte
	- No Brasil, adota-se o critério da morte encefálica (Lei 9434/97 – Lei de Transplantes).
		- Apesar de ser criticado, é o critério mais seguro para a medicina.
	- Reconhecida a morte, decorrem efeitos diversos.
		- Penal: extinção de punibilidade;
- Processual: suspensão automática do processo na morte da parte, representante ou advogado;
- Civil: dissolve casamento, extingue o poder familiar, extingue as relações personalíssimas, abre a sucessão, ...
	- Critérios jurídicos para reconhecimento da morte:
		- Real: decorre de declaração médica.
			- Essa declaração será registrada no Cartório de Pessoa Natural.
			- O médico examina o cadáver e declara a morte (à luz do cadáver).
Há casos, todavia, que não há cadáver para ser examinado, p.ex., a pessoa morta que é enterrada nas terras da família, muito comum no interior.
Para os casos em que cadáver já foi sepultado, p. ex.., o art. 77 da LRP (Lei 6015/73) permite a justificação do óbito.
- A prova do sepultamento pode ser feita por guia de sepultamento do cemitério, testemunhas, ...
- A justificação do óbito só é admitida excepcionalmente. A jurisprudência vem recomendando que o juiz determine a exumação do cadáver quando não houver outra forma de provar o sepultamento.
			- Assim, a Morte Real = Laudo Médico + Certidão de Óbito.
- Presumida sem ausência (morte real sem cadáver): é aquela que se dá de pessoa que desapareceram em situações catastróficas, sem que se tenha notícias delas posteriormente, e sem localização do cadáver. in
			- art. 88 da LRP e art. 7º do CC.
			- Situações catastróficas: incêndio, inundação, terremoto, …
				- Ex: morte de Ulisses Guimarães.
- o art. 7º do CC estabelece que as pessoas que morreram nessas situações catastróficas, bem como as pessoas que desapareceram na guerra sem que se tenha notícia delas 2 anos depois, podem ter declarada a sua morte presumida sem ausência.
- O Juiz determinará a lavratura da certidão de óbito e a abertura da sucessão definitiva.
- Como não se trata de declaração de ausência, não há sucessão provisória.
- A Lei 9140/95 estabelece que as pessoas desaparecidas na ditadura militar, no período entre 02/09/61 e 15/08/79, terão a sua morte declarada. Esta também é uma hipótese de morte presumida sem ausência.
- Nessa hipótese, a União ainda terá que indenizar os familiares.
* Comoriência (CC, art. 8º): é a presunção de simultaneidade de óbitos, ou seja, presume-se que duas pessoas morrem simultaneamente, sem que uma preceda a outra.
- Nesse fenômeno, as pessoas morrem em condições tais que não é possível indicar quem faleceu primeiro. Ex: acidente de carro, acidente de avião, ...
- O efeito jurídico da comoriência é eliminar transmissões jurídicas (direitos sucessórios, seguro de vida, p.ex.) entre os comorientes.
- Ex: Se em acidente de trem morrem segurado e beneficiário, não há transmissão. Quem irá receber a indenização da seguradora são os familiares do segurado.
- É admitida mesmo que as pessoas estejam em lugares diferentes.
Comoriência é tempo, e não lugar.
		- Presumida com ausência: há um procedimento de ausência.
		Este procedimento é trifásico e de jurisdição voluntária:
1) Declaração de ausência: a qualquer tempo (sem prazo) o interessado ou MP pode requerer ao Juiz das sucessões que declare a ausência de alguém que desapareceu sem deixar notícias e sem deixar procurador.
O Juiz mandará produzir provas do desaparecimento e decretará a ausência por sentença. Nesta mesma sentença, o Juiz manda arrecadar os bens do ausente,nomear curador e manda publicar 6 editais (de 2 em 2 meses) convocando o ausente para aparecer e reassumir a titularidade de seu patrimônio.
Essa sentença tem plúrimas funções que visam proteger o patrimônio do ausente.
	- Nessa fase não há nenhum tipo de sucessão.
	- É uma fase Protetiva.
- O curador será, preferencialmente, o cônjuge ou compaheiro. Se não houver nenhum destes, será o ascendente ou descendente, nessa ordem.
Ainda assim, se não houver nenhum deste, o Juiz nomeia alguém de sua confiança.
2) Sucessão provisória: 1 ano depois da sentença que determinou a arrecadação do patrimônio, ou 3 anos se o ausente deixou procurador, o interessado pode requerer a abertura da sucessão provisória.
O Juiz então, por nova sentença, declara aberta a sucessão provisória. Nessa segunda sentença, o Juiz determina uma transmissão precária do patrimônio. Em decorrência desse caráter precário, os sucessores devem prestar garantias/cauções.[13: Por isso que o MP não é legitimado na 2ª fase, pois o interesse é sucessório.]
- O art. 30 do CC dispensa garantias quando o sucessor for herdeiro necessário (CC, art. 1845).
- Nessa fase, não é possível a prática de atos de disposição do patrimônio, salvo com autorização judicial, pois a transmissão foi em caráter precário.
3) Sucessão definitiva: tem lugar 10 anos depois da sentença de declarou aberta a sucessão provisória.
Pode ser requerida a sucessão definitiva por qualquer interessado, mas não terá legitimidade do MP.
O Juiz, por nova sentença, declara aberta a sucessão definitiva e confirma a transmissão do patrimônio. Assim, nessa fase, há uma complementação da transmissão patrimonial.
Serão, portanto, restituídas as garantias/cauções.
- Nessa 3ª fase é possível atos de disposição, pois a transmissão agora é definitiva.
			
* Mais 10 anos após a sucessão definitiva, haverá uma nova sentença agora encerrando o procedimento.
- Veja que o procedimento de ausência demorará pelo menos 21 anos.
			* OBS: E se o ausente voltar?
- Na 1ª fase, terá direito a tudo, pois não houve nenhuma transmissão, nem mesmo provisória. Por isso que essa fase é chamada de protetiva.
- Na 2ª fase, terá direito aos bens no estado em que deixou. Por isso, a caução servirá para resguardar a depreciação ou perda dos bens.
- Se houve melhoramento (benfeitorias, p.ex.), o ausente terá que indenizar.
- Na 3ª fase, terá direito aos bens no estado em que se encontrarem.
- Depois do encerramento do procedimento, não terá direito a mais nada. Encerram-se os direitos do ausente.
* O art. 1571 do CC estabelece que a declaração de ausência também dissolve o casamento.
- Porém, o CC não disse a fase. Portanto, entende a maioria que aplica-se o art. 6º do CC, ou seja, dissolve-se o casamento na sentença que declara aberta a sucessão definitiva.

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