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Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 05

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AULA 5.1
PESSOA JURÍDICA
• A pessoa jurídica e a função social da empresa
- Função social da empresa parte do movimento de constitucionalização do direito civil.[1: Do movimento de constitucionalização do direito civil também veio a boa-fé objetiva, função social do contrato, função social da propriedade, função social da família, ... Os clássicos institutos do direito civil passaram a ter uma nova compreenção.]
- Empresarialidade responsável significa que a pessoa jurídica deve ser conduzida com responsabilidade social.
- Ex: empresas que atuam no meio artístico devem garantir a meia entrada a estudantes em espetáculos. Nesses casos, o governo não subsidia nem faz compensação tributária. É simplesmente dever dessas empresas.
- Ex: adaptação de acesso a pessoas com deficiência.
- Ex: Função social nas atividades Internas - participação nos lucros dos empregados, direito da minoria vencida de impugnar deliberações societárias, ...
- Esse assunto ainda é muito novo em nosso meio jurídico.
- Empresas que descumprirem a sua função social até serem extintas:
- Ex: “O sistema jurídico autoriza a dissolução, para o bem comum, de associação de torcedores que, perdendo a ideologia primitiva (incentivo a uma equipe esportiva), transformou-se em instituição organizada para a difusão do pânico e terror em espetáculos esportivos, uma ilicitude que compromete o esforço do direito em manter o equilíbrio de forças para o exercício da cidadania digna (CF, art. 1º, III, e 217). Incidência do art. 21, III, do CC/16 para selar o fim do ciclo existencial do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida” (TJ/SP, Ac. 3ªCâm.Cív., ApCív. 102.023-4/3, rel. Des. Ênio Santarelli Zuliani, j.17.10.2000, in RT 786:163)
- A função social da empresa não visa diminuir o potencial financeiro e econômico da empresa. O que não e quer é que o lucro seja obtido com o sacrifício da sociedade.
• Noções conceituais
- Pessoa jurídica é um agrupamento de pessoas humanas ou destinação patrimonial (fundações) tendente a consecução de um objetivo específico e lícito, e constituída na forma da lei.
- A pessoa jurídica decorre da própria necessidade humana, tendo como simples ideia a de que 2 são mais fortes que 1. Logo, nasce da tendência humana a viver em coletividade (associar forças).
- Nem todo grupo humano é uma pessoa jurídica.
		- Ex: família.
- Para caracterização da pessoa jurídica exige-se:
		1) Formação de um grupo de pessoas ou destinação de uma patrimônio;
		2) Objetivo específico e lícito;
		3) Cumprir as formalidades da lei.
			- Este elemento diferencia os grupos humanos da pessoa jurídica.
			- Para se formalizar a pessoa jurídica, é necessário:
				- Contrato ou Estatuto Social; e
				- Registro no órgão competente.
- Se for pessoa jurídica empresarial, é a Junta Comercial.
- Se for associação ou fundação, é o Cartório de Registro ou a Junta Comercial, a depender da finalidade.
* Além disso, determinadas pessoa jurídicas dependem de prévia autorização governamental. Ex: Bancos, Seguradoras, ...
Em outros casos, o registro pode ser em um órgão específico, não necessariamente na Junta Comercial ou no Cartório de Registro. Ex: escritório de advocacia devem ser registrados na OAB.
- A formalização (Registro) tem retroação de 30 dias. Um vez registrada a pessoa jurídica, ela ira retroagir 30 dias justamente para dar validade (proteger) os atos praticados durante esse período.
- Obtido o registro a pessoa ganha personalidade. Contudo, apesar de ter personalidade, a pessoa jurídica não dispõe de direitos da personalidade, mas merece a proteção que deles decorrem, no que couber (CC, art. 52).
- O problema é de fundamento, pois a essência dos direitos da personalidade é a dignidade humana.
Esse fundamento não pode ser aplicado à pessoa jurídica. Logo, pessoa jurídica não titulariza direitos da personalidade.
- “no que couber” significa que naquilo que a sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer.
- Ex: a pessoa jurídica não pode ter proteção da integridade física e psíquica, mas pode ter proteção do nome e da honra objetiva.
- A Súmula 227 do STJ reconhece que a pessoa jurídica pode sofre dano moral.
- Se a pessoa jurídica tem personalidade, ela pode ser beneficiária da Gratuidade Judiciária (Lei 1060/50). 
No AgRg no AREsp 202.953/RJ, o STJ já reconheceu que a pessoa jurídica pode ser beneficiária da Gratuidade Judiciária. Porém, diferente das pessoas humanas que precisam somente requerer e afirmar, as pessoas jurídicas precisam provar a necessidade do benefício.
• Teoria da independência/autonomia
- Adquirida a personalidade, a pessoa jurídica passa a ter patrimônio e titularidades distintas de seus componentes/instituidores.
- Essa autonomia, todavia, não é absoluta. O próprio sistema jurídico estabelece exceções (desconsideração da personalidade jurídica – art. 50 do CC).
- Para as sociedades de fato, as sociedades irregulares e os entes despersonalizados como um todo não se submetem à Teoria da independência/autonomia, e consequentemente, cada uma de seus componentes responde pessoal, solidaria e ilimitadamente (CC, art. 990 e 1024).[2: Entes despersonalizados são aqueles desprovidos de personalidade. Não têm personalidade, mas podem ter capacidade jurídica.][3: Aqui não podem ser chamados de sócios, pois não há uma sociedade regularizada.]
- Os Enunciados 58 e 59 das Jornadas Direito Civil propõe que o benefício de ordem se aplique também nas sociedades de fato e nas sociedades irregulares. A justificativa é de que o benefício de ordem não será incompatível com a responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada.[4: Sócio pode exigir que sejam executados primeiro os bens da pessoa jurídica.]
- Ex: Sociedade de fato de venda de latinhas de cerveja na praia. Os “sócios” podem pedir que execute primeiramente o estoque da sociedade de fato.
AULA 5.2
• Classificação
- Quanto à nacionalidade: Nacionais e Estrangeiras. 
Serão assim classificadas independentemente da nacionalidade dos seus sócios e da origem do capital. A nacionalidade vai depender da ordem jurídica que lhe conferiu personalidade (lugar onde foi registrada).
- Ex: Coca Cola, Volkswagen e outras multinacionais instaladas no país são empresas brasileiras, pois, malgrado tenham sócios, sede e capital estrangeiros, estão registradas no Brasil.
- Algumas normas, como o art. 176 da CRFB, estabelecem Reserva de Mercado.[5: Reserva de mercado é disposição normativa estabelecendo que certas atividades somente poderão ser desempenhadas por pessoas jurídicas brasileiras. Ex: Mineração só pode ser desempenhada por pessoas jurídicas brasileiras.]
	- Quanto à função exercida: de direito público e de direito privado.
Aqui o critério é de exclusão. O CC vai apontar as pessoas jurídicas de direito público, e, por conseguinte, todas as demais serão de direito privado (CC, art. 43 e 44). ???
		- São PJ de direito público:
			- União;
			- Estados;
			- DF;
			- Territórios (quando existirem);
			- Municípios; e
			- Suas autarquias, fundações e associações públicas.
			
		* Todas as demais são de direito privado. São elas:
			- Fundações;
			- Associações;
			- Sociedades;
			- Partidos Políticos;
			- Organizações religiosas;
			- Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRLI).
		- Essa classificação é muito importante para:
			- Regime de Responsabilidade Civil;
- As PJ de direito público respondem, em regra, objetivamente (CRFB, art. 37, § 6º).
- As PJ de direito público respondem, em regra, subjetivamente (CC, art. 927).
* Essas regras não são absolutas.
- Ex: Prestadores de serviço público (PJ de direito privado) podem responder de forma objetiva.
- Ex: as PJ de direito público respondem subjetivamente no que diz respeito às condutas omissivas.
- Ex: Dano ambiental e ao consumidor também geram responsabilidade objetiva às PJ de direito privado.
			- Regime Jurídico dos Bens.
- Os bens públicos são impenhoráveis, imprescritíveis e inalienáveis.[6: Significa inusucapíveis,ou seja, não admitem prescrição aquisitiva.]
- Excepcionalmente, pode haver alienação de bens públicos. Deverão ser desafetados e necessitarão de autorização legislativa.
- Os bens privados são penhoráveis, usucapíveis/prescritíveis e alienáveis.
* Questão: Surge dúvida quanto as Sociedades de economia mista e Empresas públicas, que são PJ de direito privado.
Considerando que a maioria do capital pertence ao poder público, mas que a personalidade é de direito privado, o seus bens seguem a regra dos bens públicos ou dos bens privados?
Depois de muitas controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais, o STJ firmou entendimento no sentido de que os bens pertencentes a esta pessoas jurídicas terão o tratamento de bens públicos no que disser respeito à prestação de serviço público (afetados a prestação de serviço público).
- Ex: Se a Companhia de Metro de SP está sendo executada, não é possível penhorar, p. ex., a locomotiva, os vagões e os trilhos, pois todos eles estão afetados à prestação do serviço público.
Porém, o caixa do metro (dinheiro) pode ser penhorado.
- Contudo, o STJ vem temperando a possibilidade de penhora de dinheiro, pois, se ficar comprovada a finalidade social da destinação do dinheiro (pagamento de salários, p.ex.), a constrição não será possível.
				
- Quanto à estrutura interna: universitas bonorum (destinação de patrimônio - fundação) e universitas personarum (agrupamento de pessoas - corporação)
		- As corporações pode se apresentar como:
			- Sociedades; ou
			- Associações.
- Essa divisão não quer dizer que nas corporações não exista patrimônio e nas fundações não existam pessoas. Na verdade o critério é o da preponderância.
- As Associações e Fundações estão submetidas ao direito civil e não possuem finalidade de partilha de lucros, mas sim social.[7: Isso não significa que estão proibidas de obter lucro.]
- As Sociedades, por sua vez, estão submetidas ao direito empresarial e subdividem-se em sociedades:[8: É direito empresarial, mas está disciplinado no CC. ]
- Simples: necessária a presença do sócio no desempenho das atividades essencial da sociedade.
- Empresárias: não é imprescindível a presença do sócio no desempenho das atividades essencial da sociedade.
* Antigamente, a distinção entre sociedade simples e empresarial era feita de acordo com a finalidade. Assim, se a atividade era de prestação de serviços, a sociedade era simples. Já se a atividade era de comércio, a sociedade era empresarial.
Contudo, o CC evoluiu e adotou outro critério, o da preponderância da atuação do sócio na consecução da atividade da sociedade. Se é necessária a presença do sócio no desempenho das atividades daquela sociedade, a sociedade é simples. Mas se não é imprescindível a presença do sócio, a sociedade é empresarial.
- Ex: clínica médica que cresceu tanto que o seus sócios fundadores passaram a não mais atuar nas consultas, reservando-se somente às atividades administrativas.
Como a presença desses sócios não é fundamental a desempenho da atividade médica da clínica, essa sociedade é empresarial.
* O Estatuto da OAB proíbe que escritórios de advocacia sejam enquadrados como sociedades empresariais.
• Associações
	- São grupos humanos com objetivo social ou coletivo. 
- Nas associações é proibida a finalidade de partilha de lucro. 
- O CC exige que todo e qualquer associado tenha direitos, mas estes podem ser diferenciados (CC, art. 55). Um associado pode ter vantagens não reconhecidas a outro.
	- Ex: associado remido, que não precisa pagar.
- Pode ser exigido o pagamento de uma taxa de adesão à associação. Essa é chamada de fração ideal.
- Além disso, pode ser cobrada uma taxa de manutenção para despesas habituais. 
- A condição de associado é personalíssima, logo é intransmissível, salvo disposição em contrário no estatuto (CC, art. 56).
- O art. 57 do CC apresenta uma aplicação da Teoria da Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais, pois para que um associado seja excluído exige-se justa causa e procedimento que lhe assegure o direito de defesa.
- Isso adveio de decisão no RE 201819/RJ, em que o STF reconheceu a necessidade de se respeitar o devido processo legal para a exclusão de associado.
- Art. 61 do CC: Dissolvida uma associação, o patrimônio terá o seguinte destino:
		1) Devolvida a fração ideal de cada associado;
2) Encaminhado o remanescente para outra entidade de fim não econômico indicada no estatuto;
	- Se estatuto não indicava, reúne a assembleia para indicar.
- Se a assembleia não localizar outra entidade, o poder público arrecada.
AULA 5.3
• Fundações
- São pessoas jurídicas constituídas pela destinação de patrimônio afetado a uma finalidade. 
- Assim como a associação, a fundação deve ter finalidade não lucrativa. Tem caráter autruístico.
- Evidente que a fundação pode ter superávit/lucro, mas este deve ser investido na sua finalidade, e nunca repartido entre os componentes da fundação.
	- A formação de uma fundação é dividida em 4 etapas:
1) Instituição (CC, art. 62): para ser instituída, o titular de um patrimônio (instituidor) deve, por escritura pública ou testamento (não precisa ser público), separar o patrimônio que ficará afetado à destinação da fundação.
		- A indicação da finalidade é obrigatória.
		- A maneira de administrá-la é facultativa.
* Há discussão sobre qual a finalidade da fundação. A grande maioria dos autores aduzem que a finalidade de uma fundação deve ser social ou comunitária.
Mas o CC no parágrafo único do art. 62 estabelece que a “fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência”. Assim, o uso da expressão “somente” indica taxatividade. 
Mas, na prática, há fundações ambientais, educacionais, esportivas, etc, etc ...
Entretanto, a maioria dos autores é uniforme nesse tema. Aduzem que o rol do parágrafo único do art. 62 é exemplificativo, e não taxativo. Inclusive, essa compreensão foi cimentada no Enunciado 8 da Jornada: “Art. 62, parágrafo único: a constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único.”
*E se os bens não forem suficientes? Se for insuficiente, o patrimônio ficará para outra fundação de finalidade igual ou semelhante, salvo disposição em contrário no ato de instituição.
- O instituidor pode prever que o patrimônio retorne a seu domínio caso seja insuficiente.
* Pode haver situação em que o instituidor criou, separou, porém não transferiu o patrimônio. Nessa situação, o art. 64 dispõe que o instituidor é obrigado a transferir a propriedade, e, se não fizer, serão registrados em nome da fundação por mandado judicial (Tutela Específica – art. 461, § 5º, do CPC).
- Pode requerer essa tutela a fundação, o conselhos da própria fundação, o MP ou ainda um 3º interessado. 
- É certo que somente quem tem um vasto patrimônio vai instituir uma fundação, pois o patrimônio tem de ser suficiente, não pode violar a legítima, nem pode privar o instituidor de sua própria subsistência.[9: A doação será nula naquilo que exceder a legítima.]
- Ex: Fundação Roberto Marinho, Fundação Airton Senna, Fundação Xuxa, ...
2) Elaboração do estatuto: podem ser elaborados pelo próprio instituidor (elaboração direta) ou o instituidor indicará alguém que elaborará em seu lugar (elaboração indireta ou fiduciária).
- E se na elaboração fiduciária o indicado não fizer a elaboração do estatuto no prazo assinalado, o se não havendo prazo, em 180 dias? O MP fará a elaboração do estatuto.
- Essa elaboração pelo MP é supletiva/residual quando a pessoa indicada não o fez.
3) Aprovação do estatuto: elaborado o estatuto, este será aprovado pela autoridade competente, o MP.
Evidentemente que essa deliberação do MP pode ser atacada judicialmente. Afinal, o art. 5º da CRFB diz que nada pode ser subvertido à apreciação do poder judiciário.
- Se porventura o MP elaborou residualmente o estatuto, a aprovação não pode ser também realizado por ele. Nessasituação, o aprovação competirá ao poder judiciário.
- Será de competência da Vara Cível em procedimento de jurisdição voluntária .[10: No novo CPC, Jurisdição Voluntária passará a ser chamada de Procedimentos não litigiosos.][11: Importante destacar que os procedimentos de Jurisdição Voluntária não estão submetidos à legalidade estrita. O Juiz pode decidi-los por equidade (CPC, art. 1109).]
4) Registro: registro no Cartório de Pessoas Jurídicas. A partir daqui a fundação passa a ter regular funcionamento.
- Fiscalização das fundações: no momento em que a fundação ganha personalidade jurídica, nasce o interesse público, pois a fundação é criada para a consecução de uma finalidade social.
- Interessa a coletividade que a fundação não tenha o seu objetivo desvirtuado (fraude – blindar patrimônio, lavar dinheiro, fugir de incidência fiscal).
- O art. 66 do CC estabelece que o MP, do lugar onde atuarem, fiscalizará as fundações.
* E as fundações de abrangência nacional (Fundação Roberto Marinho, Fundação Bradesco, ..., p.ex.)? Caberá a fiscalização do MP de cada um dos lugares onde a fundação atuar. Não é MPF (CC, art. 66,§ 2º).
* E se a fundação atuar no âmbito do DF e territórios? O art. 66, § 1º, do CC dispõe que caberá a fiscalização ao MPF.
Contudo, na ADin 2794/DF, o STF estabeleceu que o § 1º do art. 66 deve ser interpretado em conformidade com a LC 75/93 (Lei Orgânica do MPU). Esta lei apresenta a seguinte estrutura do MP no Brasil.
Como se observa, o § 1º do art. 66 errou a dizer que quem fiscalizará as fundações no âmbito do DF e Territórios é o MPF. Caberá na verdade ao MPU, por meio do MPDFT.
	- Alteração estatutária: é necessária a concomitância de requisitos:
		1) Não alterar a sua finalidade;
- E se a finalidade não for mais viável, p.ex., retirar mendigos das ruas em cidade onde não há mais moradores de rua? Extingue-se a fundação e cria-se outra, porém não é possível alterar a finalidade.
		2) Autorização pelos órgãos competentes;
- Depende do estatuto, pois é nele que se saberá quais são os órgão competentes.
		3) Aprovação do MP.
* A minoria vencida na modificação disporá do prazo decadencial de 10 dias para impugnar em juízo a modificação.
		- Exemplo de da função social da empresa.
	- Extinção fundacional
- Pode advir porque atingiu seu objetivo, não tem mais patrimônio solvente, pereceu o objetivo, ...
- O patrimônio remanescente terá o destino indicado no estatuto.
Se o estatuto for omisso, o judiciário indicará outra fundação de finalidade igual ou semelhante para destinação desse patrimônio (CC, art. 69).
* Importante destacar que as fundações podem ser sócias quotistas de outras empresas, mesmo que esta tenha finalidade lucrativa.
- O lucro obtido pelas fundações quando sócias quotitas de empresas deverá ser investido na finalidade da fundação.
* Gestor de fundação que recebe subvenção (dinheiro público) pode responder por ato de improbidade administrativa.
		- Tratamos aqui de fundação de direito privado.
A fundações de direito público são submetidas as regras das autarquias. Assim, serão fiscalizadas pelos Tribunais de Contas. O MP somente fiscalizará quando eventualmente houver um interesse específico, mas não fiscalizará a fundação pública como um todo.
AULA 5.4
* Aplicação prática:
- (MP/RS) Compete ao Ministério Público fiscalizar as fundações:
a) públicas instituídas no seu Estado;
- Fundações públicas seguem o regime das autarquias, logo que as fiscaliza é os Tribunais de Contas. 
b) privadas instituídas no seu Estado;
	- Não só instituídas, mas também em funcionamento.
c) situadas e instituídas no seu Estado apenas;
d) situadas apenas no seu Estado, competindo ao Ministério Público Federal as que se situarem em mais de uma unidade da federação;
e) situadas no seu Estado, ainda que instituída em outro.
GABARITO OFICIAL – E
- (MP/SE / 96) Assinale a regra que se aplica às fundações de direito privado:
a) será necessariamente levado a registro o ato de instituição da fundação;
- Não necessariamente, pois o ato de instituição pode ser por escritura pública ou testamento. Se for por testamento, não necessita de registro.
b) o instituidor deverá declarar no ato de instituição a maneira de administrar a fundação;
	- A maneira de administrá-la é facultativa.
c) a finalidade da fundação só poderá ser alterada por decisão da maioria dos competentes para administrá-la e representá-la;
	- A finalidade da fundação não pode ser alterada nunca.
d) a modificação estatutária que não implicar nova modificação de finalidade poderá ser aprovada por maioria simples;
	- A maioria deve ser qualificada.
e) da decisão que resolver pela modificação dos estatutos da fundação, poderá recorrer judicialmente a minoria vencida, desde que o faça no prazo de um ano.
	- O prazo é de 10 dias.
GABARITO OFICIAL – C, porém todas estão erradas. Provavelmente a questão foi anulada.
• Teoria da aparência e pessoa jurídica
	- É jurisdicizar situações fáticas.
	- O fundamento da teoria é a proteção do 3º de boa-fé.
- A doutrina e jurisprudência vêm admitindo a cabimento da teoria da aparência no âmbito no campo da pessoa jurídica.
- Ex: citação da pessoa jurídica – segundo o contrato social da pessoa jurídica, a representação da empresa competirá a determinado sócio.
Em certas situações, é muito difícil encontrar o representante legal para ser citado. Nesse caso, a jurisprudência utiliza a Teoria da Aparência, dizendo que, p.ex., se quem recebeu a citação foi o empregado da empresa, ela será válida, pois o empregado tem poderes para encaminhar a citação a quem é de direito.
- Ex: mandatário (representante convencional da PJ) – o representante comercial da empresa X chega em cidade do interior em carro com a marca da empresa, com material publicitário da empresa, celebrando contrato em nome da mesmo empresa.
Nesse caso, o contrato é validado e eficaz em face da empresa X, mesmo que esta não concorde com os termos fixados pelo seu representante (atos ultra vires). Nesse caso, se aplica a Teoria da Aparência, visto que a pessoa que celebrou o contrato, aparentemente, tinha poderes para celebrar contrato em nome da empresa.[12: Atos ultra vires são aqueles praticados com excesso de poderes.]
Claro que nesse caso, se a empresa for prejudicada, terá a mesma direito de regresso em face do seu representante que causou o dano.
• Responsabilidade civil e penal da pessoa jurídica
- Responsabilidade penal-ambiental: historicamente se dizia que a pessoa jurídica não delinque, pois ela não tem estrutura subjetiva, logo o elemento subjetivo do crime não poderia lhe ser imputado.
Contudo, no Brasil, a partir de um permissivo constitucional, foi editada a Lei 9.605/98 (Crimes Ambientais) que reconheceu a possibilidade de existir uma pessoa jurídica criminosa.
- Os ambientalistas sempre afirmaram que os maiores poluidores são as pessoas jurídicas, por isso a importância da possibilidade de sua penalização.
- Já os penalistas criticam essa possibilidade sob o argumento de que a pessoa jurídica não tem dolo.
- O STJ resolveu a discussão afirmando que é possível sim responsabilização penal da pessoa jurídica, pois o elemento subjetivo da PJ é aferido pelo elemento subjetivo do sócio da empresa.
O sócio, portanto, pratica o delito concomitantemente. Haverá aqui um coautoria ou participação criminosa em algum nível do sócio.
- Embora alguns autores tentem empurra a ideia de prática de crime societário pela PJ, isso não é verdade. No Brasil, PJ só pratica crime ambiental. Crimes societários somente podem ser praticados pelos sócios.
- Responsabilidade civil: divide-se entre:
a) Pessoa jurídica de direito privado: ordinariamente, a responsabilidade é subjetiva (CC, art. 927).
- Essa regra não é absoluta, pois eventualmente as PJ de direito privado podem responder objetivamente nos casos previsto em lei. 
Ex: Dano ambiental, dano nuclear, dano ao consumidor, dano causado pelo transportador, dano causado pelas prestadoras de serviço publico...
b) Pessoa jurídica de direito público: ordinariamente, a responsabilidade é objetiva (CRFB, art. 37, § 6º). 
		- A regra também não é absoluta.
		Ex: dano por conduta omissiva ...
* Respondem objetivamente, mas tem direito de regresso contra o agente causador do dano.
Nesse caso, a PJ tem que provar a culpa do agente causador do dano.
Nesse contexto, o STJ consagra a inadmissibilidade de denunciação da lide (STJ, REsp.44.840-9/SP). Ou seja, quando a vítima ajuizar a ação contra o poder público, não pode o Estado, para ganhar tempo, denunciar a lide a seu agente para já precaver o regresso. Isso não é possível, pois a responsabilidade do agente é subjetiva, enquanto a do Estado é objetiva. Logo, se permitida a denunciação da lide, estaria se introduzindo um elemento estranho (culpa) ao objeto cognitivo do processo. 
- A prescrição reparatória contra o Estado é de 5 anos, e não de 3 anos como a pretensão reparatória comum. É o que vem entendendo o STJ.
• Desconsideração da personalidade jurídica (“Disregard theory”)
- art. 50 do CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
- Regra geral, vale a teoria da independência/separação, ou seja, a PJ é independente dos sócios, logo a responsabilidade civil recai sobre a PJ, independentemente do patrimônio de seus sócios.
- Contudo, essa separação patrimonial não é absoluta. É possível atribuir responsabilidade aos sócios.
- A teoria da desconsideração da pessoa jurídica se apresenta historicamente por 2 vertentes:
1) Teoria Menor: qualquer hipótese em que se atribuir responsabilidade pessoal ao sócio, é desconsideração.
		- Observa-se que a teoria menor não exige nenhum requisito.
- Para os seguidores dessa corrente (Maria Helena Diniz, p.ex.), as hipóteses do art. 2º da CLT (responsabilidade solidária) e 134 do CTN (responsabilidade subsidiária) seriam situações de desconsideração.
2) Teoria Maior: estabelece que a desconsideração somente ocorre com base em um requisito específico exigido pelo sistema.
- Nem todo caso de responsabilização pessoal do sócio é desconsideração.
- Se esse requisito for a culpa, teremos Teoria Maior Subjetiva. Se o requisitos não for esse elemento anímico, teremos a Teoria Maior Objetiva.
- O CC no art. 50 exige um requisito específico, o abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. 
Logo, adotou a Teoria Maior Objetiva.
* Curioso perceber que o art. 28, § 5º, do CDC e art. 18 da Lei Antitrust (Lei 8884/94) adotam a Teoria Menor, enquanto o CC adota a Teoria Maior.[13: Diz que se o fornecedor se tornar insolvente, independente de qualquer motivo, o patrimônio do sócio pode ser afetado em relação ao prejuízos causados ao consumidor.]
- No REsp. 279.273/SP, o STJ esclarece que CC é Teoria Maior e CDC e Lei Antitrust é Teoria Menor.
- Enunciado 51 da Jornada de Direito Civil: “A teoria da desconsideração da personalidade jurídica – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema.”
	- Ou seja, a teoria do CC não afeta os microssitemas.
- Assim, no direito brasileiro estão presentes as 2 teorias.
* Para ambas as teorias, o alcance da desconsideração é somente em relação aos sócios ou administradores que pratiquem ato de administração ou gestão.[14: O administrado não precisa necessariamente ser sócio. Nas grandes SAs, p.ex, os administradores não são sócios.]
- Enunciado 7 da Jornada de Direito Civil: “só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido.”
		
* A simples prática de atos ultra vires (excesso de mandato ou poder) pelo sócio não justifica, por si só, a desconsideração, mas viola a boa-fé objetiva e gera responsabilidade da empresa – STJ, REsp. 448.471/MG.
- Desconsideração inversa: é a possibilidade de desconsiderar a pessoa do sócio, atribuindo dívida dele à PJ.
- O abuso da personalidade pode ser usado em 2 sentidos. Pode ser usado para prejudicar credores da empresa ou do sócio.
Se for para prejudicar credores do sócio, a desconsideração é inversa.
- Ex: às vezes, no direito de família, para fugir de uma partilha ou do pagamento de alimentos, o empresário coloca todo o seu patrimônio em nome da sua empresa.
- Enunciado 283 da Jornada de Direito Civil: “É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.”
	- Aspectos processuais:
		- Possibilidade de desconsideração por provocação da própria pessoa jurídica.
- Jornada 285: “A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do Código Civil, pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor.”
- O MP também pode requerer quando estiver funcionando no processo.
- Impossibilidade de decretação ex officio. Depende de provocação do interessado ou do MP.
- Ordinariamente, a desconsideração se dará no processo de execução.

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