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1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 1 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula iremos conhecer os principais conceitos de sistemas de avaliação da qualidade, e ainda: lembrar das características iniciais sobre conceitos da qualidade; entender como os atributos influenciam na avaliação de sistemas; aplicar em sistemas de medição e controle os conceitos de qualidade; analisar os principais tipos de normalização conforme a necessidade empresarial. Também, sintetizaremos os objetivos voltados à qualidade dentro da organização, apresentando métricas baseadas em riscos; classificando os tipos de organização quanto à maturidade de aplicação de conceitos da qualidade. Contextualizando Quando falamos de sistemas da qualidade, necessitamos fazer uma análise mais robusta para não cair dentro de uma qualidade como sendo algo filosófico, e sim como um diferencial nos resultados operacionais da empresa. Para tal, temos que conhecer as bases da qualidade, como podemos definir alguns atributos norteadores para a satisfação de nosso cliente. Devemos também saber medir corretamente e entender o que é um sistema de medição, como também as normas e o significado delas e, por fim, a famosa cultura da qualidade, que é a base de um sistema da qualidade sustentável que prima por resultados qualitativos, mas também quantitativos. Tema 1: Histórico da qualidade Qualidade é um termo completamente abrangente, cabe entendermos a sua base para buscar compreender melhor sua aplicação. Mas, antes de começarmos a discorrer sobre qualidade e seus sistemas, é de suma importância compreender sua base para sabermos onde devemos chegar. 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 1: Desenvolvimento da Qualidade como sistema administrativo. Fonte: Seleme e Stadler (2009). As guerras fazem parte da história e do desenvolvimento da qualidade no mundo. Na Segunda Guerra, a destruição do Japão fez com que o País se unisse aos Estados Unidos para trocar informações. A união da qualidade com os fatores humanos difundidos por Maslow, McGregor e Herzberg . Além desses podemos também apresentar outros grandes Gurus, como Ishikawa e Taguchi, ambos de suma importância para o desenvolvimento das técnicas e da qualidade como a conhecemos atualmente. Um dos conceitos difundidos por Juran sobre a qualidade diz que: “Qualidade é fazer certo da primeira vez”. Este conceito diminui erros, busca uma padronização e instiga os curiosos a querer fazer não somente certo, mas também melhor. Tema 2: Atributos da qualidade A história mostra a evolução da qualidade, porém é difícil conceituá-la. Dellaretti (1994) conseguiu com maestria demonstrar em forma de um templo os atributos da qualidade, e esses atributos, se bem seguidos, podem se tornar a base para o estabelecimento de marcas, empresas e profissionais com qualidade de maneira estruturada. A figura 2 demonstra esse templo: 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 2: Os Cinco atributos da qualidade. Fonte: Seleme e Standler (2009). Tudo tem sua base e alicerce na moral, ou seja, o estado de espírito, o fator motivador do trabalhador, passando então por seus quatro pilares: Qualidade Intrínseca; Entrega; Custo; Segurança. Esses pilares geram uma sustentação para a satisfação das pessoas que geram produtos com mais qualidade e, assim, diminuem os erros, sendo cada vez mais produtivos, trabalhando não somente pelo seu bem-estar, mas sim por e com um propósito maior. 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 3: Sistemas de Medição A metrologia é a ciência das medições e de suas aplicações, considerada uma ferramenta fundamental no crescimento industrial e na capacidade tecnológica de empresas e países. As medições estão presentes em praticamente todos os processos de tomadas de decisão, sejam do cotidiano ou de grandes indústrias, sua confiabilidade é de suma importância para termos certeza dos resultados obtidos. Erros metrológicos podem aprovar produtos ruins e gerar grandes prejuízos à marca atrelada a ele ou, de modo contrário, podem reprovar lotes de peças bons, gerando grandes gastos com refugos ou retrabalhos desnecessários. Além disso, tais erros ainda são capazes de causar uma série de outras implicações que podem chegar a inclusive problemas intercontinentais em uma pior instância. O princípio da intercambiabilidade de peças, ou seja, a certificação de peças idênticas fabricadas em qualquer parte do globo terrestre ─ e que deve ter todas as funções necessárias ─, passa por um controle robusto para definir a capacidade dos processos de se reproduzirem dentro dos padrões pré-definidos. Outro conceito extremamente importante é o de sistemas de medição, que são compostos por pessoas, instrumentos, equipamentos, dispositivos, locais de medição, métodos de medição e condições do ambiente. A melhoria do sistema de medição deve reduzir, ao longo do tempo, a variação devido ao sistema, de modo que os erros sejam minimizados. 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 4: Conceito de Normalização Existe uma distinção básica entre padrões e normalizações. A padronização pode ser entendida como a unificação dos processos de fabricação ou de prestação de serviço. A normalização é a aplicação do padrão reconhecidamente aceito. Podemos considerar então que a norma obriga a organização a seguir um padrão determinado. No entanto, para que tenhamos a evolução da qualidade, o padrão não deve ser imutável, mas sim permitir incorporação de novas ferramentas, técnicas e processos. Padronização Requisitos para ser um padrão: 1. Ser mensurável; 2. Ser de fácil compreensão; 3. Ser de fácil utilização; 4. Ser democrático; 5. Ser baseado na pratica; 6. Ser passível de revisão; 7. Possuir autoridade; 8. Possuir informação de vanguarda; 9. Ser voltado para o futuro; 10. Fazer parte de um sistema de padronização. Normalização As normas são conjuntos de padrões que têm características únicas. Elas possuem níveis distintos, conforme figura abaixo: 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 3: Esquema dos níveis de normalização. Cada nível de normalização com suas características especificas desde o nível individual onde a pessoa segue seus padrões próprios baseado em seus valores até normas de nível internacional que são utilizadas em todos os continentes como forma de certificar produtos, processos e serviços os qualificando para serem comercializados ou utilizados de formas aleatórias. Tema 5: Qualidade nas organizações Qualidade não é somente uma dimensão a ser tratada dentro das empresas, ela deve ser vista como uma estratégia capaz de trazer vantagem competitiva para a organização e, para tal, é necessário que ela faça parte da estratégia organizacional. Implementar um suposto sistema da qualidade, enquanto a qualidade não faz parte da estratégia, significará o insucesso na aplicação, e isto é um dos grandes fatores motivadores de comentários contrários à qualidade, portanto a estratégia na operação e a qualidade devem seguir no mesmo caminho para alcançar resultadossustentáveis A cultura, de maneira geral, pode ser definida como o conjunto de crenças, costumes, saberes, técnicas e práticas de um grupo ao longo do tempo ou em um determinado período de tempo. É nesse sentido que empregamos o termo quando nos referimos à cultura oriental, indígena, 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico renascentista, etc. A cultura é fruto do desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, exerce sobre ele um poder inconteste. Uma cultura não pode ser mudada senão a partir de suas próprias manifestações, ainda que em interação com outras manifestações culturais. Sob essa ótica, a cultura é um ótimo exemplo de sustentabilidade, pois gera os recursos para mudar a si própria, para se renovar e para garantir o constante crescimento. Com a cultura organizacional não é diferente. Ela é fruto do ser, do pensar e do fazer das pessoas que compõem a organização. Por isso, a qualidade só se sustenta quando passa a ser o modo de pensar, de ser e de fazer dessas pessoas. Da mesma forma, qualquer mudança só é possível se partir dos elementos da própria cultura organizacional. Se pensarmos em termos de melhoria contínua e de estabelecimento de patamares cada vez mais altos de qualidade. Para gerar esta cultura é necessário que alguns elementos facilitadores possam ser implementados, como o caso da “Qualidade Total”, dos “Custos da Qualidade” e do “Retorno da Qualidade”. A decisão por trabalhar em um sistema robusto de qualidade passa por uma relação de investimento e retorno. Os sistemas voltados à qualidade devem trazer retornos não somente qualitativos, mas também quantitativos. Investimentos normalmente estão ligados a questões financeiras, porém, para garantir a continuidade a empresa, é preciso investir “tempo e energia” no clima organizacional e na manutenção da cultura da qualidade Síntese Vários temas foram abordados nesta aula, e vale salientar a necessidade de sempre buscar um pouco mais sobre a qualidade, que é um conceito muito abrangente. Os produtos, sejam bens ou serviços, têm ligações diretas com nosso cotidiano, e repassamos alguns dos atributos mais importantes para chegar a um resultado final, que é a satisfação do cliente. Também revisamos sobre o conceito de sistemas de medição e controles, em que se deve salientar a necessidade de uma avaliação acurada dos dados, para não tomarmos decisões equivocadas, gerando problemas à organização. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Nossos sistemas atuais têm base em padrões os quais se tornam normas que estão no cotidiano das empresas. Compreender seus conceitos de normalização leva à busca do questionamento da aplicabilidade e dos resultados esperados para a empresa. Uma área a ser explorada dentro das organizações deve ser a utilização de sistemas da qualidade como forma de alavancar resultados operacionais na organização, mas, para isso, métricas e atitude devem ser implementadas. Referências SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e metrologia. Editora InterSaberes, 2014 MELLO, C. H. P. (Org.). Gestão da Qualidade. Editora Pearson Brasil, 2011. 1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 2 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula, buscaremos compreender os Sistemas de Qualidade Total e PNQ, com foco na geração de oportunidades de desenvolvimento. Contextualizando A busca pela excelência passa pela utilização e implementação de padrões, e estes princípios, que têm por suas bases uma grande quantidade de tempo e validações, são replicados em diversas sociedades. A Qualidade Total, com suas divisões em Gerenciamento e Controle, foi aplicada mundo a fora. Mas além desta aplicação internacional, como foi o emprego aqui em nosso país o Brasil? Na aplicação de processos e sistemas, precisamos conhecer os resultados para podermos analisar o desempenho de nossos processos, e isso só é possível medindo processos e a qualidade ligada diretamente a eles. No mundo diversos prêmios regionais são entregues para as empresas que se destacam, como a “Deming prize”, no Japão. Aqui no Brasil, temos o PNQ, nosso Prêmio Nacional da Qualidade, que trabalha com as mais diversas áreas de excelência produtiva, na busca por uma indústria mais competitiva em caráter nacional e, inclusive, sendo reconhecida por corporações multinacionais de diversos setores. 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 1: Qualidade total Uma empresa, para ter sucesso e sobreviver no mercado em que atua, precisa satisfazer as necessidades de todos os que estão envolvidos, direta e indiretamente, a ela (cliente externo e interno, acionistas, fornecedores, etc.). Portanto, a organização deve dispor de qualidade em todos os seus processos, procedimentos, produtos e serviços. Nesse contexto, temos o princípio da qualidade total, que coloca a qualidade como ponto focal dos negócios e das atividades da organização, disseminando-a entre todos os colaboradores por meio da internalização dos princípios da qualidade. Assim, a "qualidade total é um esforço conjunto, compromisso de todos e em todos os níveis, para adequar a estrutura e os processos à produção dos resultados previstos, que é a satisfação dos clientes internos e externos e à sua melhoria contínua”. Para uma organização atingir a qualidade total e, consequentemente, a satisfação das necessidades de todos os envolvidos, ela pode colocar em prática o Controle da Qualidade Total (TQC, em inglês Total Quality Control). Esse é um sistema de gerenciamento formulado por Armand Feigenbaum que, além de envolver a participação de todos os níveis da empresa, o faz buscando a motivação pessoal. No TQC, temos o “T” significando "total envolvimento e comprometimento de todos", em todos os níveis hierárquicos; o “Q”, de "qualidade", exprimindo o atendimento perfeito, de forma confiável, acessível, seguro e no tempo certo às necessidades do cliente; e o “C”, de "controle, gerenciamento", em que todos na empresa, de forma harmônica e metódica, buscam a satisfação das necessidades dos clientes. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 1: Gestão da Qualidade em bens e serviços – TQC. Fonte: Gozzi, 2015. Podemos caracterizar como cliente o produto ou o serviço. Todas as ações no processo da qualidade total buscam atingir o cliente, ou seja, aquele que irá usufruir do produto e/ou do serviço. Portanto, todas as atividades visam atingi-lo em suas necessidades; ao envolver-se com o produto e/ou serviço, estamos nos envolvendo com o próprio cliente. Um dos destaques da qualidade total é que o sucesso só é possível quando ela for muito bem entendida, e isso envolve a implantação ─ com base em decisões firmes e conscientes da alta administração, na prioridade absoluta a clientes, ─ de políticas e objetivos claros, na adesão e motivação de todos os elementos da organização, buscando a melhoria contínua, e na interação entre empresa e empregado. 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico O cliente de hoje não se satisfaz apenas com a qualidade inerente ao produto, ele quer mais, e estemais se constituirá em vantagem competitiva. Qualidade atrativa é, portanto, todo aquele algo a mais que se agrega ao produto ou serviço, o qual é apreciado pelos clientes e, muitas vezes, faz a diferença. Competência: Habilidades e conhecimentos dos funcionários para identificar corretamente as necessidades do cliente e atendê-las. Atendimento/Atmosfera: Refere-se ao nível de satisfação que o cliente experimenta ao participar do processo da compra de um produto ou adquirir um serviço. Envolve alguns elementos, tais como personalização, reconhecimento e atenção especial, cortesia, empatia, iluminação, limpeza etc. Flexibilidade: Capacidade de atender a solicitações inesperadas, mudança das necessidades ou emergências dos clientes. Acesso: Facilidade que o cliente tem de entrar em contato com a empresa. Vários aspectos podem facilitar ou dificultar o acesso dos clientes ao fornecedor, tais como estacionamento, horário de funcionamento, localização, disponibilidade de acesso telefônico e outros meios de contato, além do retorno das chamadas. Custos: Vão além do valor monetário pago pelo produto ou serviço. No custo estão incluídos todos os elementos que envolvem o desgaste do cliente para a obtenção do produto ou serviço. Tema 2: TQM e TQC O gerenciamento da qualidade total, também conhecido por TQM (iniciais de Total Quality Management), é um sistema administrativo voltado para o melhoramento contínuo das empresas. É a mais significativa das novas ideias que apareceram no cenário da administração da produção nos últimos anos. O principal benefício para uma organização que adota a qualidade total é a garantia de sua sobrevivência em longo prazo. Associados a ele existem benefícios secundários, como maior satisfação das pessoas envolvidas pela empresa, aumento do faturamento, redução dos custos, melhoria da 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico produtividade, aumento dos lucros, redução do número de acidentes e conquista de novos mercados. O sucesso da qualidade total baseia-se em oito princípios de gestão da qualidade: 1. Foco no cliente ─ organizações dependem de seus clientes e, portanto, é recomendável que atendam às suas necessidades atuais e futuras, além de seus requisitos, e procurem exceder suas expectativas. 2. Liderança ─ líderes estabelecem a unidade de propósito e o rumo da organização. Convém que eles criem e mantenham um ambiente interno no qual as pessoas possam ficar totalmente envolvidas no propósito de alcançar os objetivos da organização. 3. Envolvimento de pessoas ─ pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização. Seu total envolvimento possibilita que suas habilidades sejam utilizadas para o benefício da organização. 4. Abordagem de processo ─ um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um processo. 5. Abordagem sistêmica para a gestão ─ identificar, entender e gerenciar os processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e eficiência da organização, fazendo que esta atinja seus objetivos. 6. Melhoria contínua ─ a melhoria contínua do desempenho global da organização deve ser um objetivo permanente. 7. Abordagem factual para tomada de decisão ─ decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações. 8. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores — uma organização e seus fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de agregar valor a um produto e/ou serviço. Porém, como todo processo, o gerenciamento também deve ser controlado. O controle de qualidade total, ou TQC (iniciais de Total Quality Control), é um sistema administrativo aperfeiçoado no Japão, a partir de ideias norte-americanas, que envolve a participação de todos os setores e pessoas da empresa, no estudo e na condução do controle de qualidade. O TQC 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico baseia-se em 10 princípios: 1. Orientação para as necessidades dos clientes. 2. Domínio da qualidade, colocando-a em primeiro lugar. 3. Ação orientada para os problemas vitais com alta prioridade. 4. Apreciação dos fatos com dados confiáveis. 5. Ação sobre a causa fundamental dos problemas. 6. Redução da variação dos resultados, atuando nas suas causas. 7. Prática do controle, dentro do fluxo de acontecimentos do processo. 8. Remoção, primeiro, do sintoma, para descobrir depois sua causa fundamental, com o intuito de bloqueá-la. 9. Conscientização de que não há qualidade sem a participação das pessoas. 10. Comprometimento da alta administração com a qualidade e a sobrevivência da empresa. Como vimos, tanto o gerenciamento da qualidade total (TQM) como o controle da qualidade total (TQC) são aplicados, tendo como foco principal todos os processos empresariais, pois seus resultados refletem diretamente na percepção e na satisfação dos clientes. Por isso, é importante aprofundar o estudo dos processos e seu gerenciamento como forma de garantia e produção da qualidade. Tema 3: TQM no Brasil O modelo de excelência brasileiro está fundamentado no Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que é administrado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), uma entidade privada, sem fins lucrativos, cuja fundação aconteceu em 1991 pela iniciativa de 39 organizações públicas e privadas. Tem início, assim, uma trajetória em busca das melhores práticas da gestão para o aumento da competitividade das organizações e do Brasil. Em pesquisas sobre a aplicação do TQM no Brasil foi encontrado o artigo realizado no ENEGEP. Com o intuito de estudar as características das abordagens de TQM em uso no Brasil, foi realizada uma pesquisa exploratória 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico em onze empresas de manufatura, de grande porte, situadas no Estado de São Paulo e inseridas em um processo de mudança, no qual a principal justificativa é a busca da competitividade por meio da estratégia de implantação de um "modelo" ou programa para Qualidade Total (ou TQM). O quadro 1, a seguir, apresenta de forma sistematizada as empresas estudadas, os setores em que se inserem, o número de empregados na época da pesquisa e a data de implementação do primeiro programa, ditos para qualidade total ou TQM (em muitas empresas houve tentativas anteriores com “ferramentas” isoladas, como CCQs ou CEP). Quadro 1: Existe um TQM do Brasil? – Apresentação das empresas. Fonte: Bianco M. A primeira afirmação que se pode fazer é que os programas no Brasil têm como característica preponderante o sentido top-down de disseminação. De certa forma, segue os moldes “autoritários” de gestão constatados em diversos trabalhos sociológicos e coerentes com o que propõe a literatura, em termos de importância da atitude exemplar e coerente com os níveis superiores para o sucesso de tais programas, mas também pudemos avaliar que o engajamento da alta administração não tem se dado de forma tão enfática; talvez por isso os programas caminhem um tanto lentamente. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A política das empresas junto aos fornecedores tem mudado, não se restringindo a determinado setor, como é o caso das montadoras e autopeças, já bastante conhecido. Empresas de outros ramos colocaram a importância e os resultados que vêm obtendo em uma política de parceria com os fornecedores, discutindo os problemas, treinando pessoal e promovendo visitas com o intuito, também, de promover o auxíliotécnico junto aos processos. Ainda que não seja possível isolar efeitos específicos de programas tipo TQM ─ dada a sua abrangência e sua definição pouco precisa ─, poderíamos dizer que, pela análise dos casos, ocorreram mudanças organizacionais tais como: a redução dos níveis hierárquicos, que busca simplificar a estrutura e aproximar funções (pessoas) para influir no fluxo de informações, pelo menos no sentido vertical; a reorganização do trabalho no chão de fábrica, via células de produção, que se preocupa mais com o fluxo do processo do que propriamente com as tarefas em particular (mudança na organização da produção de funcional para linear/celular, mas não necessariamente mudança na organização do trabalho direto, caracterizado por um alto grau de prescrição, segundo os ditames clássicos); e o treinamento dos operadores em ferramentas da qualidade, em uma visão mais globalizada da qualidade do processo como um todo, apresentando as ferramentas para resolução dos problemas do trabalho, descentralizando essas atividades, remetendo parte dessa responsabilidade para a produção. As empresas ainda estão promovendo mudanças no recrutamento e seleção, aumentando a exigência dos níveis de escolaridade. Algumas já começaram a modificar os planos de carreira, de modo a introduzir aspectos de treinamento (agregação de módulos ou cursos) e aumento do número de habilidades adquiridas (em um determinado período de tempo) para ascensão. Contudo há poucas empresas que efetivamente mudaram seus planos de carreira; grande parte das empresas apenas manifestou a intenção de promover esse tipo de mudança que acredita ser complexa. 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 4: Sistemas de medição qualidade e desempenho Medir a qualidade não é uma tarefa difícil, mas, para obter resultados consistentes, é necessário ter dados confiáveis e muita persistência, a fim de manter as informações sempre atualizadas. A empresa pode ajustar sua qualidade e capacidade produtiva com base nos dados de produtividade, focando na otimização dos seus recursos. Podemos citar como exemplo: o remanejamento de mão de obra, a realização de treinamentos, novas contratações, etc. Esses ajustes afetam positivamente a produção e, consequentemente, a produtividade e a qualidade. A qualidade e a produtividade podem ser medidas em qualquer ambiente de trabalho. Medindo a produtividade industrial Para medir a qualidade e a produtividade industriais, primeiro é necessário saber como sua empresa funciona. Para isso, devemos seguir os seguintes passos: 1. Criar um histórico de sua produção, identificando as máquinas, as possíveis sazonalidades, as pessoas envolvidas, os produtos e os processos. 2. Determinar o que é fundamental controlar (máquinas, setores ou pessoas). 3. Definir a unidade de medida ideal para cada controle (h, m2, g, etc.) 4. Determinar a engenharia dos produtos ou serviços, as matérias-primas utilizadas, bem como as operações envolvidas, com os seus respectivos tempos e modos de produção; 5. Definir a capacidade de produção da unidade que você deseja controlar. Após identificar a capacidade de produção total, podemos começar o registro dos dados da produção efetivamente realizada. A comparação entre esses dois dados permitirá identificar problemas de produção que afetam a qualidade e a produtividade, como a falta de uma matéria-prima que impediu a produção de um produto. 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Medindo a qualidade na prestação de serviços Quando trabalhamos com serviços, é mais fácil medir a qualidade dos processos, e não dos produtos. Para isso, devemos seguir estes passos: 1. Definir a estrutura a ser controlada, ou seja, os setores e as pessoas envolvidas. 2. Mapear os processos da empresa, isto é, definir todos os documentos e operações envolvidas nos processos, bem como todo o caminho que estes percorrem dentro da empresa. 3. Verificar os tempos e modos de execução de cada processo, sendo estes divididos pelos setores por que passam. 4. Definir a capacidade de mão de obra para cada setor, em qualificação e horas de trabalho; assim, transformamos os processos em horas de trabalho e definimos a qualidade esperada. Agora é possível monitorar, constantemente, a qualidade e a quantidade de serviço feito em horas. A somatória de todos os processos realizados em um determinado período indica sua capacidade de prestação de serviços no mesmo período. Esse pode ser um índice para determinar sua produtividade em serviços. Já a qualidade pode ser indicada por pesquisa de satisfação, por exemplo, realizada junto aos clientes em qualquer etapa do processo: marketing, venda ou pós-venda. Tema 5: PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade O exercício da qualidade trabalha na ordem direta da aplicação de seus padrões reconhecidos, o PNQ, Prêmio Nacional da Qualidade é um destes padrões aceitos no mercado. Para o ano de 2010, tem como base os fundamentos da excelência, constituídos por oito critérios: 1. Liderança — São avaliados o sistema de liderança utilizado na organização, a cultura da excelência e o quanto a organização está voltada a ela. Analisa também o desempenho da organização. 2. Estratégias e planos — São avaliadas a formulação e a implementação das estratégias e como elas impactam a organização voltada à excelência. 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3. Clientes — Este critério diz respeito a como a organização é conhecida no mercado e a qual imagem é transmitida a ele, além de se referir à forma como estão definidos os parâmetros de relacionamento com os clientes. 4. Sociedade — São considerados o impacto que a organização causa na sociedade, as aplicações de responsabilidade social e ambiental, o modo como a organização é vista pela sociedade, o desenvolvimento social que causa e seu padrão de ética. 5. Informações e conhecimento — A análise considera todas as informações da organização comparativamente às outras de mesmo segmento de mercado, além de avaliar os ativos intangíveis em termos de know-how. 6. Pessoas — São avaliadas as pessoas e seu sistema de trabalho; a capacitação, o desenvolvimento e a qualidade de vida também são consideradas na análise de desempenho da organização. 7. Processos - São avaliados os processos principais dos negócios, os processos de apoio, de relacionamento com os fornecedores e a estrutura dos processos econômico-financeiros. 8. Resultados ─ Finalmente são considerados, para análise, os resultados econômico-financeiros, os relativos aos clientes e ao mercado, os relativos à sociedade e às pessoas, os resultados dos processos principais do negócio e de apoio e, ainda, os resultados relativos aos fornecedores. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 2: Controle da qualidade: as ferramentas essenciais – Fundamentos versus critérios de Excel. Fonte: Seleme, 2015. Na esfera estão contidos os critérios de excelência, e os itens restantes compõem os fundamentos relacionados aos critérios de excelência esperados. O prêmio é dado à organização que melhor desempenho tiver quanto aos critérios estabelecidos pela FNQ (Fundação Nacional da Qualidade) por meio do modelo do PNQ. É importante destacar que tais critérios elevam o padrão de gestão organizacional. Síntese Vimos nesta aula diversos conceitos dentro de áreas correlatas e não distintas Por exemplo, dentro das premissas da QualidadeTotal, a interface com nossos clientes dentro das características de Atendimento, Flexibilidade e Acesso. No Gerenciamento (TQM), tendo em sua base o foco no cliente e necessidade de uma liderança que estabeleça propósitos correlatos à 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico qualidade na corporação; em relação ao controle (TQC), um dos princípios, dentre os 10 estudados, é a ação do controle voltada sobre a causa fundamental dos problemas, agindo assim de forma efetiva e direta. Vimos que não são somente conceitos de uma metodologia; revisamos como empresas reais aqui no Brasil aplicaram o TQM, com suas dificuldades e similaridades; trabalhamos sobre a mensuração da qualidade por meio de indicadores de referência e mostramos algumas possibilidades de iniciar os estudos. Em suma, precisamos ter um conhecimento base do processo para então definirmos como será mensurada a qualidade, seja pela satisfação do cliente ou pelo índice de produtos na saída de produção. Realizamos uma revisão sobre os critérios do PNQ (Programa Nacional da Qualidade), que deve visar à excelência nas organizações instaladas aqui no Brasil, por exemplo pela avaliação de critérios voltados a liderança, clientes, sociedade, pessoas e resultados. 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências BOND, M.; BUSSE, A., PUSTILNICK, R. Qualidade total: o que é e como alcançar. Editora InterSaberes, 2012. ABEPRO ─ Associação brasileira de engenharia de produção. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ART407.pdf>. Acesso em: 01/06/2016. CUSTODIO, M. F. (Org.). Gestão da Qualidade e Produtividade. Editora Pearson, 2015. GOZZI, M. P. Gestão da Qualidade em bens e serviços. Editora Pearson, 2015. SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. 1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 3 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula, veremos como planejar o uso adequado das auditorias, criando uma perspectiva estratégica. Contextualizando A auditoria não pode ser vista somente como um dos requisitos pelos quais uma organização deve passar para garantir a eficiência de seus processos. A auditoria deve ser estratégica, colaborando para a empresa em vários ambientes. Vamos avaliar nesta aula os conceitos de auditoria e certificação de sistemas dentro de uma organização, entendendo as peculiaridades de auditoria de sistemas, processos e produtos, compreendendo as diversas finalidades, como a Certificação, a Garantia da Qualidade ou mesmo a efetivação dos padrões de gestão. Além de Sistemas Produtivos, temos que nos preocupar com o meio Ambiente. Estudaremos sobre os tipos de auditoria, suas fases e necessidades de conhecimento do time de auditoria. Temos também o processo de certificação laboratorial, ligado a laboratórios internos e externos, que são estratégicos para a empresa, pois as informações provindas de calibrações devem ser corretas para evitar desperdícios e prejuízos por tomadas de decisões com base em informações erradas. A Qualidade deve começar ainda no projeto, prevendo possíveis falhas e buscando satisfazer nosso cliente com a melhor situação de custo e benefício agregada a tal. Check-lists para a Gestão da qualidade devem ser gerados para auditoria de conformidade e assim diminuir as falhas quando o projeto chegar em sua fase de lançamento. E, por fim, o auditor precisa entender o foco principal, trabalhar para agregar valor e ter a satisfação do cliente ─ que pode ser a organização auditada ou ainda o cliente final ─, que vai ser o consumidor do produto 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico ofertado com uma melhor qualidade dentro das características de confiabilidade, resposta, segurança, empatia e tangibilidade. Tema 1: Auditoria e Certificação Auditoria Auditoria é um conjunto de atividades com caráter de verificação. Essas atividades foram desenvolvidas com o objetivo de constatar se as ações planejadas têm sido realizadas, o que estabelece uma relação quanto à eficácia do processo. Define-se também como um exame analítico e pericial que acompanha o desempenho das operações em que se verifica se as proposições estão sendo atendidas e os objetivos alcançados. As organizações devem se preparar para as auditorias com as ações cotidianas que evidenciam a prática da política e dos objetivos da qualidade. Auditoria externa e interna A auditoria interna tem a função de apontar os desvios com a proposição de ações de melhorias para a garantia de processos estáveis e documentação confiável. Além disso, avaliar o SGQ quanto aos procedimentos de aderência às normas, no sentido de evidenciar possíveis desvios e instabilidades às quais a organização está sujeita. Nesta modalidade de auditoria, é necessário que os auditores internos sejam treinados adequadamente para realizarem comparações isentas, eles não devem auditar processos dos quais façam parte. A auditoria externa é realizada por meio da contratação de uma empresa de especializada independente, à qual será apresentado o SGQ com suas particularidades e documentações referentes aos processos a serem auditados. A rotina de auditoria das modalidades interna ou externa só se diferencia quanto ao objetivo, sendo esperado que a auditoria interna aponte os desvios e acompanhe os planos de ação para garantir que os desvios sejam sanados. Já 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico a externa tem o objetivo de comprovar a eficácia do SGQ para a certificação ou recertificação. Classificação das auditorias As auditorias podem ser classificadas em: Auditoria de sistemas — evidencia se o sistema auditado atende à expectativa de eficácia planejada. Auditoria de processos — evidencia a aderência das especificações aplicáveis ao processo, aferindo a conformidade do realizador com o especificado nos procedimentos. Auditoria do produto — averigua um produto específico quanto aos requisitos do sistema que lhe é aplicado. Finalidade da auditoria Certificação — objetiva a aceitação do sistema de gestão por uma organização certificadora independente. Supervisão ou manutenção — visa à manutenção e ao acompanhamento do sistema para a garantia da certificação. Prêmio — busca a verificação de atendimento aos critérios estabelecidos para concorrer à premiação. Exemplo: Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), que estabelece critérios específicos de avaliação. Gestão — verifica a efetividade do sistema no atendimento dos padrões de gestão estabelecidos. Garantia da qualidade — audita a capacidade do sistema em garantir os requisitos especificados pelo cliente. Métodos de auditoria Sistema empurrado — inicia-se no pedido do cliente até a entrega do produto; 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistema puxado — inicia-se na entrega do produto até o pedido do cliente; Aleatório — as verificações acontecem segundo o desejo do auditor, sempre observando que todas as áreas planejadas para a auditoria deverão ser contempladas. O principal documento do auditor é a folha de verificação elaboradacom base na política, nos objetivos, nos procedimentos e nas instruções de trabalho que compõem o Sistema de Gestão da Organização. Suas principais indagações são: Mostre-me o que... Mostre-me quem... Mostre-me onde... Mostre-me o que é feito quando... Organismos credenciados de certificação (OCCs) Os OCCs, ou simplesmente certificadores, são empresas contratadas pelas organizações para avaliar seus SGQs com referência aos requisitos da norma ISO 9001 e emitir certificados de conformidade. Os OCCs são encarregados da responsabilidade de interpretar a norma, avaliar sua aplicação às situações de negócio da companhia e determinar se o SGQ está em conformidade com a norma. Quando há um desvio de conformidade com a norma, o OCC registra uma "não conformidade". O número e a severidade da não conformidade, ou sua gravidade, são fatores determinantes na avaliação para a companhia alcançar/manter ou não a certificação. Tema 2: Auditoria Ambiental Quanto ao tipo, as auditorias podem ser classificadas de acordo com a apresentação a seguir: Auditoria ou análise crítica ambiental: Esse tipo de auditoria, 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico realizado em organizações que não possuem um SGA formal, é executado como análise interna e relaciona-se às próprias operações ambientais da organização, com a finalidade de avaliar o nível de atendimento às determinações legais e ao desempenho ambiental. Além disso, também se faz esse tipo de auditoria como diagnóstico ambiental, pois ela aponta os problemas e as vulnerabilidades da organização. Pode ser mais abrangente ou abordar isoladamente questões como o atendimento à legislação ambiental, a identificação de impactos ambientais ou de riscos ambientais. Conformidade (compliance): As auditorias de conformidade podem ser realizadas em vários níveis, dependendo do escopo definido entre as partes interessadas (normalmente ocorrem entre duas organizações distintas). É possível que incluam avaliações de diferentes origens, como: exigências legais atuais ou futuras; normas e diretrizes do setor industrial; políticas ambientais e normas internas; melhores práticas ambientais, entre outras. Aquisição, fusão e alienação (due diligence): Essa auditoria é normalmente solicitada por um comprador, intermediário ou cessionário em uma transação comercial, como fusão, aquisição ou compra de ações. A principal motivação para uma auditoria de due diligence é evitar assumir responsabilidades por riscos ambientais em potencial ou por algum tipo de passivo ambiental. Geralmente ela ocorre em três fases: o Fase I: Investigação e avaliação sistemática de todos os problemas ambientais reais e potenciais associados à instalação. o Fase II: Estudo detalhado, utilizando técnicas de amostragem e estimativas científicas, visando confirmar ou avaliar a extensão dos possíveis problemas detectados na Fase I. o Fase III: Ações corretivas para remover ou reduzir os riscos ambientais identificados. Sistema de Gestão Ambiental Tipo de auditoria realizado em organizações que possuem ou estejam implementando um SGA, conforme a norma ISO 14001 ou Eco Management 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico and Audit Scheme — Emas (em português, Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria da União Europeia). Utiliza-se esse tipo de auditoria para determinar se as atividades de gestão ambiental da empresa estão em conformidade com a documentação do sistema e se as práticas são implementadas conforme o planejamento ambiental e a política ambiental da organização. Essas auditorias podem ser de quatro tipos: 1. Auditoria de pré-certificação ou auditoria inicial: O objetivo é ajustar o sistema antes da auditoria de certificação. Não é uma auditoria obrigatória. 2. Auditoria de certificação: É obrigatória em processos de certificação de SGA. O resultado é a recomendação ou não da certificação do sistema. 3. Auditoria de manutenção: É realizada semestral ou anualmente entre a auditoria de certificação e a recertificação. 4. Auditoria de recertificação: Ocorre três anos após a auditoria de certificação, para renovação do certificado. Apresenta maior nível de exigência, pois busca a consolidação do SGA no período avaliado. 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 1: Auditoria e Certificação Ambiental – Tipos e Processos de Auditoria de SGA. Fonte: Moraes e Pugliese, 2014. Requisitos e competências dos auditores ambientais A norma ISO 19011:2012 estabelece alguns requisitos e competências necessários para a avaliação dos auditores de SGA. Esses requisitos podem ser divididos em: atributos pessoais, conhecimentos e habilidades, educação, treinamento e experiência em auditorias e competência. A avaliação e a escolha do auditor ambiental devem ter como base a análise dos requisitos necessários a esse profissional, apresentados na Figura 2. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 2 : Auditoria e Certificação Ambiental – Requis para Auditores do SGA. Fonte: Moraes e Pugliese, 2014. Além disso, há conhecimentos e habilidades obrigatórios a auditores ambientais: Princípios, procedimentos e técnicas de auditoria; SGA e documentos de referência; Situações organizacionais; Leis, regulamentos e outros requisitos aplicáveis; Métodos e técnicas aplicáveis à gestão ambiental; Ciência e tecnologia ambiental; Aspectos técnicos e ambientais de operações. Acrescentam-se ainda outros itens: Educação de acordo com a área, o setor e as atividades auditadas; Experiência profissional na área ambiental e, se possível, nas áreas, nos setores ou nas atividades auditadas; Treinamento em auditorias (procedimentos, processos e técnicas); Experiência em auditorias. 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico O auditor deve se aperfeiçoar continuamente por meio de treinamento, estudo, prática de auditorias, conhecimento de normas e desenvolvimento de atributos pessoais e habilidades. Assim, para se tornar um auditor, o Registro de Auditores Credenciados (RAC) estabelece alguns procedimentos: aprovação em curso reconhecido e experiência profissional específica em auditoria. O auditor registrado é o profissional que atende aos requisitos de um Organismo de Certificação de Pessoal (OCP). No Brasil, o RAC é operacionalizado pelo Centro para Inovação e Competitividade (CIC). Internacionalmente, o organismo de certificação de pessoal é o International Register of Certificated Auditors (Irca). Tema 3: Certificação laboratorial Os sistemas de gestão da qualidade (SGQ) de empresas em geral, com base na ISO 9001, podem ser certificados por meio de auditorias. Já para a gestão da qualidade de laboratórios, com base na NBR ISO/IEC 17025, o equivalente à certificação é chamado de acreditação, e o equivalente à auditoria é denominado avaliação. Ou seja, um laboratório pode ter seu SGQ acreditado por meio de uma operação de avaliação. Diz-se que um laboratório é acreditado conforme a norma NBR ISO/IEC 17025, e não certificado, e a obtenção dessa acreditação passou por um processo de avaliação da conformidade do laboratório com a norma. Os laboratórios podem optar por SGQ fundamentados em acreditação de acordo com requisitos da NBR ISO/IEC 17025, em certificações segundo requisitos da ISO 9001, no código de boas práticasde laboratório (BPL), ou outros requeridos em regulamentações governamentais ou setoriais (de setores de atuação/mercado da empresa ou do laboratório). A escolha da avaliação da conformidade do SGQ depende do setor de atuação do laboratório e da exigência do mercado consumidor, podendo ter um sistema acreditado, certificado, reconhecido ou apenas fundamentado em sua experiência. 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A acreditação com base na NBR ISO/IEC 17025 também pode ser buscada por um laboratório que seja interno a uma empresa e que presta serviços aos diversos setores desta (clientes internos). A prática de comércio internacional exige que os serviços laboratoriais evidenciem a seus clientes que os certificados de calibração e os relatórios de ensaios emitidos pelo laboratório são metrologicamente confiáveis, sendo possível "acreditar" neles, pois: • Os procedimentos e equipamentos utilizados pelo laboratório são rastreados a padrões do Sistema Internacional de Unidades (SI); • São adequados a métodos e práticas reconhecidos internacionalmente; • Usam adequadamente seus equipamentos; • Possuem instalações e profissionais adequados. O processo de padronização das atividades de laboratórios de ensaio e calibração teve início com a publicação da ISO/IEC Guia 25, em 1978, a qual foi revisada posteriormente. Mesmo com essa revisão, a norma (até então conhecida como Guia 25) não tinha um nível adequado de detalhamento, havendo muitas ambiguidades. Em 1995, a ISO iniciou uma revisão do ISO/IEC Guia 25 por meio de um grupo de trabalho com representantes de entidades e países com interesses no tema. A partir desse trabalho de revisão, foi gerada a primeira versão da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 ─ Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração ─, publicada internacionalmente em 2000 e emitida no Brasil em janeiro de 2001; atualmente, está em vigor a versão de 2005. Essa norma prescreve requisitos técnicos e de gestão orientados para garantir a qualidade dos serviços prestados por um laboratório, evidenciando sua capacidade de gerar serviços e resultados tecnicamente válidos. Conforme a NBR ISO/IEC 17025, os principais objetivos do desenvolvimento e da difusão dessa norma são: 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Estabelecer um padrão internacional e único a fim de atestar a competência dos laboratórios para realizarem ensaios e/ou calibrações, incluindo as atividades de amostragem do que está sendo analisado; Facilitar o estabelecimento de acordos de reconhecimento mútuo entre os organismos de credenciamento nacionais; Estabelecer um guia para o desenvolvimento e a implementação da gestão da qualidade destinada a laboratórios de calibração e ensaios que possa ser usado também por organismos de acreditação e reconhecimento; Garantir a confiabilidade analítica dos ensaios e calibrações realizados pelo laboratório. Grau de adequação A prática do laboratório não segue uma sistemática; A prática segue uma sistemática, mas não formalizada; A prática segue uma sistemática formalizada, mas nem sempre é adotada por todos que realizam a atividade; Existe a sistemática formalizada no laboratório, a qual é seguida pelas pessoas que a executam; A prática segue uma sistemática formalizada adotada por todos que a realizam, e é periodicamente revisada e aperfeiçoada. Com base nesses critérios e desdobrando-se os requisitos da NBR ISO/IEC 17025, é possível realizar um diagnóstico da situação atual do laboratório em relação ao modelo de referência dessa norma. Esse diagnóstico permite: • Identificar o que já é atendido pelo laboratório; • Identificar o que não é atendido; • Associar o que for atendido pelo laboratório, atribuindo uma nota para esse atendimento; • Definir o foco das ações para a adequação do laboratório aos requisitos da norma; 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Estimar o esforço necessário para adequação do laboratório aos requisitos da norma. Esse esforço é uma informação importante para a definição do planejamento de ações e de investimentos para o ajuste do laboratório aos requisitos do sistema de gestão. Dependendo da disponibilidade de laboratórios acreditados e de suas necessidades de demonstrar formalmente a rastreabilidade ou comparabilidade, o usuário pode utilizar-se de um laboratório que, embora não acreditado pelo Inmetro, foi avaliado e teve sua competência reconhecida por uma terceira instituição de ampla aceitação. Não é aceitável o ensaio ou a calibração feitos por um laboratório que não possui rastreabilidade. O Inmetro apresenta as seguintes etapas do fluxo operacional para acreditação de laboratórios conforme figura 4: Figura 4: Sistemas de Med. e Metrologia – Etapas para Acreditação de Lab. Fonte: Toledo, 2014. 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 4: Áreas de Projeto – Gestão da Qualidade PMI O estudo geral das gestões é realizado com base na norma NBR ISO 10006 e no Guia do "Project Management Institute — PMI", conhecido por PMBOOK 9.2. As gestões das áreas de projetos são dividas pelo PMI, como apresentado na figura 5, sendo que trabalharemos agora a Gestão da Qualidade sobre a lente do PMI. Figura 5: Moderno Ger. de Projetos – Gestões da Gerência de Projetos. Fonte: Valeriano, 2014. A gestão da qualidade trata de assegurar que o projeto satisfará todas as necessidades para as quais ele foi planejado. Inclui todas as atividades, em todos os níveis da gerência, que determinem a política, os objetivos e as responsabilidades. Essas atividades são implementadas por meio do planejamento da qualidade, do controle da qualidade, da garantia da qualidade e da melhoria da qualidade. O projeto, sendo uma organização transitória dentro de outra maior, terá forçosamente seus padrões de qualidade em conformidade com aqueles da organização hospedeira. Assim, a qualidade no projeto utiliza as normas, os processos e a sistemática, as ferramentas e as técnicas, os conhecimentos e as habilidades pessoais já existentes na sua organização. 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Há fatores organizacionais que devem ser considerados na execução deste processo que visa à elaboração do plano de gestão da qualidade. São eles: • A política da qualidade; • Sistema de gestão da qualidade; • Manual da qualidade. Se, entretanto, a organização não dispuser, pelo menos com efetiva eficiência, de nenhuma dessas três entidades, o projeto deverá providenciar seu (s) equivalente (s), limitados ao seu âmbito, para desenvolver a gestão da qualidade. Outras entradas essenciais para este processo são a declaração do escopo e a descrição do produto, em que deverão estar formalizados os requisitos de qualidade do produto. Os padrões e a regulamentação vigentes devem ser observados, pois variam de maneira significativa com a natureza do projeto, do produto, dos locais onde serão utilizados etc. As saídas de outros processos são importantes elementos a considerar, especialmente aqueles que dizem respeito à qualidade, como os relativos ao pessoal a ser incorporado ao projeto, aos fornecedores e aos contratados, etc. A análise custo/benefício é um importante instrumento, pois a mesma qualidade pode ser obtida por vários meios e modos, além disso, deve-se ter em vista a obtenção da qualidade requerida e esperada, e não mais que isso, sob pena de delongar e encarecer o projeto compreciosismos desnecessários. Medições e avaliações experimentais devem ser planejadas, pois servirão para orientar os ensaios ou modelagens de situações para avaliações, orientações e tomada de decisões. A principal saída do processo é o plano da gestão da qualidade, documento que estabelece como a equipe do projeto implementará a política da qualidade, isto é, qual é a estrutura organizacional e quais são as responsabilidades, os procedimentos, os processos e os recursos necessários para a implementação da gestão da qualidade. Para complementar o plano podem ser necessárias várias definições operacionais, que estabelecerão 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico claramente o que deve ser feito, como e quando tarefas, obrigações e procedimentos serão executados. Em especial, o plano da qualidade deve estabelecer as condições (o que, como, por quem, quando, etc.) para o desempenho dos processos “garantia da qualidade” e “controle da qualidade”. Listas de verificação (check-lists) são organizadas para uso atual e futuro e geralmente vêm sendo elaboradas e refinadas durante a execução de projetos, como uma das expressões da aprendizagem no trabalho. O planejamento da qualidade pode ensejar entradas para outros processos (custos, prazos, etc.), seja alterando condições estabelecidas, seja introduzindo novas considerações ou restrições. Qualidade, requisitos e conformidade Entende-se por qualidade o "grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz certos requisitos"; ela pode ser qualificada como "má, boa ou excelente". Inerente "significa a existência de alguma coisa, especialmente como uma característica permanente", ou seja, a característica está presente e pode ser constatada no produto. Não é uma característica implícita, esperada nem imaginada. Devido à crescente premência de tempo e de recursos, alguns aspectos referentes à qualidade devem ser observados: Focalizar sempre a satisfação do usuário; Priorizar e valorizar a prevenção em vez da inspeção e correções; Buscar a contínua melhoria dos processos; Quando conveniente, oportuna a aconselhável, propor alterações, avanços e remodelações de processo ou de operações correntes (o que será alcançado por projeto específico). Requisito, por sua vez, é uma "necessidade ou expectativa que é expressa geralmente de forma implícita ou obrigatória". Os requisitos podem ser: 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Funcionais: geralmente com base em desempenho fixado ou desejado pelo usuário, ainda que auxiliado por técnicos; e Técnicos: decorrentes dos requisitos funcionais, que devem ser inerentes ao produto, de forma a garantir o desempenho em vista, isto é, o cumprimento dos requisitos funcionais. Por exemplo, um requisito operacional pode ser a possibilidade de a geladeira ser modificada pelo usuário, a fim de permitir que sua porta seja aberta pela direita ou pela esquerda, conforme sua necessidade. Daí derivam requisitos técnicos, referentes aos pinos ou dobradiças, à posição e montagem do fecho, à posição de gavetas e aos suportes internos, etc. Tema 5: Satisfação, Valor e Fidelidade dos Clientes; Necessidade da Qualidade em Serviços Administradores que acreditam que o cliente é o único e verdadeiro “centro de lucro” da empresa consideram obsoleto o organograma tradicional mostrado na Figura 6 — uma pirâmide com a alta administração no alto, a gerência de nível médio no meio e o pessoal da linha de frente e os clientes na base. Empresas que dominam bem o marketing invertem o organograma, como mostra a segunda parte da Figura 6. No topo estão os clientes; em seguida, em grau de importância, vem o pessoal da linha de frente, que tem contato com os clientes, atende-os e os satisfaz; abaixo deles estão os gerentes de nível médio, cuja tarefa é dar apoio ao pessoal da linha de frente para que possam atender bem os clientes; na base está a alta administração, cuja tarefa é contratar e apoiar os gerentes de nível médio. Acrescentamos a palavra clientes nas laterais da Figura 6 para indicar que todos os gerentes da empresa devem estar pessoalmente envolvidos em ter contato com os clientes, conhecê-los e atendê-los. 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 6: Manual do Marketing, Organograma tradicional e moderno. Fonte: Kotler e Keller, 2006. Com a ascensão de tecnologias digitais como a internet, os consumidores de hoje, cada vez mais informados, esperam que as empresas façam mais do que se conectarem com eles, mais do que satisfazê-los e até mais do que encantá-los. A internet também facilita a comunicação entre os consumidores. Valor percebido pelo cliente Além de estar mais informados do que nunca, os clientes de hoje possuem ferramentas para verificar os argumentos das empresas e buscar melhores alternativas. Então como fazem suas escolhas? Acreditamos que avaliam qual oferta proporciona maior valor. Os clientes procuram sempre maximizar o valor, dentro dos limites impostos pelos custos envolvidos na procura e pelas limitações de conhecimento, mobilidade e renda. Eles formam uma expectativa de valor e agem com base nela conforme a figura 7. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor. 19 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 7: Determinantes de valor entregue para o Cliente. Fonte: Kotler e Keller, 2006. O segredo para gerar um grande nível de fidelidade é entregar um alto valor para o cliente. Uma proposta de valor consiste em todo um conjunto de benefícios que a empresa promete entregar; é mais do que o posicionamento central da oferta. Basicamente, a proposta de valor é uma declaração sobre a experiência resultante que os clientes obterão com a oferta e seu relacionamento com o fornecedor. A marca deverá representar uma promessa relativa à experiência total resultante que os clientes podem esperar. Se a promessa será ou não cumprida, isso dependerá da capacidade da empresa em gerir seu sistema de entrega de valor. O sistema de entrega de valor inclui todas as experiências que o cliente terá ao longo do processo de obter e usar a oferta. 20 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Satisfação total do cliente A satisfação do comprador após a realização da compra depende do desempenho da oferta em relação às suas expectativas. De modo geral, satisfação é a sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e as expectativas do comprador. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se alcançá-las, ele ficará satisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. Gerenciamento da qualidade dos serviços A qualidade do serviço de urna empresa é testada sempre que ele é prestado. Se os vendedores se mostram entediados, não conseguem responder a perguntas simples ou ficam conversando e deixam os clientes esperando, os clientes pensarão duas vezes antes de fazer negócios novamente com essa empresa. Expectativas do cliente Os clientes formam expectativas a partir de várias fontes, como experiências anteriores, boca a boca e propaganda. Em geral, eles comparam o serviço percebido com o serviço esperado. Se o serviço percebido não atender às expectativas do serviço esperado, os clientesperderão o interesse pelo fornecedor. Se o serviço percebido atender às expectativas ou for além do que se esperava, os clientes ficarão inclinados a recorrer novamente ao fornecedor. Empresas bem-sucedidas adicionam a suas ofertas benefícios que não só satisfazem os clientes, como também os surpreendem e encantam. Encantar os clientes é uma questão de superar as expectativas. O modelo apresentado na figura 8 representa cinco lacunas que levam ao fracasso na prestação de serviços: 1. Lacuna entre as expectativas do consumidor e as percepções da gerência: nem sempre a gerência entende corretamente o que o cliente quer. Administradores de hospitais podem achar que os pacientes querem uma 21 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico comida melhor, quando na verdade eles estão mais preocupados com a qualidade do serviço de enfermagem. 2. Lacuna entre as percepções da gerência e as especificações da qualidade dos serviços: a gerência pode entender corretamente os desejos do cliente, mas não ser capaz de estabelecer um padrão específico de desempenho. Administradores de hospitais podem dizer às enfermeiras para prestar um serviço “rápido”, sem especificá-lo quantitativamente. 3. Lacuna entre as especificações da qualidade dos serviços e sua entrega: os funcionários podem ser mal treinados, incapazes ou desinteressados em relação ao padrão. Eles podem ainda receber orientações conflitantes, como dedicar o tempo que for necessário para ouvir os clientes e atendê-los rapidamente. 4. Lacuna entre a entrega dos serviços e as comunicações externas: as expectativas do cliente são afetadas por declarações feitas por representantes da empresa e por mensagens de propaganda. Se o prospecto de um hospital mostra acomodações bonitas, mas, ao chegar ao hospital, o paciente depara-se com um quarto modesto e de mau gosto, as comunicações externas acabam distorcendo as expectativas do cliente. 5. Lacuna entre o serviço percebido e o serviço esperado: esta lacuna ocorre quando o consumidor não percebe a qualidade do serviço. O médico pode visitar o paciente com muita frequência para mostrar que se interessa por ele, porém o paciente pode interpretar essas visitas como um sinal de que sua doença é grave. Com base nesse modelo, foram identificaram cinco fatores determinantes da qualidade dos serviços, descritos abaixo por ordem de importância: 1. Confiabilidade: a habilidade de prestar o serviço exatamente como prometido. 2. Capacidade de resposta: a disposição de ajudar os clientes e de fornecer o serviço dentro do prazo estipulado. 3. Segurança: o conhecimento e a cortesia dos funcionários e sua habilidade de transmitir confiança e segurança. 22 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4. Empatia: a atenção individualizada dispensada aos clientes. 5. Itens tangíveis: a aparência das instalações físicas, dos equipamentos, dos funcionários e do material de comunicação. Síntese Vimos nesta aula diversos conceitos dentro da estratégia de auditoria de sistemas, com a revisão dos conceitos de auditoria e certificação e também a revisão dos conceitos voltados à auditoria de Sistema de Gestão Ambiental. Além dos Sistemas de Operações e Ambiental, também vimos nesta rota os conceitos de avaliação de laboratórios por meio da base na NBR ISO IEC 17.025. Começar a avaliar a qualidade ainda nos projetos é uma base para sermos cada vez mais produtivos e vemos que o pensamento com foco no que agrega valor ao cliente pode tornar a auditoria em um processo cada vez mais produtivo e não uma obrigação imposta. 23 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências CUSTODIO, M. F. (Org.). Gestão da Qualidade e Produtividade. Editora Pearson Brasil, 2015. GOZZI, M. P. Gestão da Qualidade em bens e serviços. Editora Pearson Brasil, 2015. KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. 12. ed. Prentice Hall Brasil, 2006. TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e metrologia. Editora InterSaberes, 2014. VALERIANO, D. Moderno Gerenciamento de Projetos. Editora Pearson Brasil, 2014. MORAES, C. S. B.; PUGLIESE, E. (Orgs.). Auditoria e certificação ambiental. Editora InterSaberes, 2014. 1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 4 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula, vamos reconhecer os elementos que influenciam na aplicação de uma normalização de sistema da qualidade para a modelagem da Estratégia Corporativa. Contextualizando As normas da qualidade devem influenciar positivamente na modelagem de uma estratégia corporativa para as organizações, remarcamos positivamente, pois em muitas organizações as normas são vistas como burocracias impostas e que não agregam valor, em especial a ISO 9001:2015 pode ser um diferencial extremamente poderoso dentro da organização. No primeiro tema estudaremos como as normas são criadas mediantes a necessidades de melhoria, por exemplo em tempos de guerra, porém nossa “guerra” neste momento é por atender e surpreender nossos clientes e como fazer isto diariamente para nos manter competitivo no mercado. A organização necessita ter uma base sólida em seu sistema da qualidade e para tal precisa ser revisto, mas também melhorado continuamente, vemos inúmeros procedimentos atribuídos a ISO 9001:2015, porém a mesma não tem procedimentos mandatórios e sim necessidades de informação documentadas. Na empresa devemos ter uma estratégia consolidada, a qual demonstre que os responsáveis da empresa emprestam sua visão para a qualidade e que servem de exemplo para implementá-la. Também os recursos da empresa são abordados pela norma com foco em buscar o crescimento por direcionamento e definições de trabalho corretas, treinamentos eficientes e um ambiente de trabalho propício à execução das atividades da operação, como também uma grande habilidade para a avaliação de riscos e busca por oportunidades. A qualidade de um produto deve ter seu início ainda nas fases de projeto e, como a organização se posiciona para tal, não basta entregar os produtos, a empresa tem que se preocupar como os clientes serão atendidos no 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico pós-venda. A organização precisa ter a menor variabilidade possível para diminuir os desperdícios e ser mais eficiente, tanto ao cliente como aos interessados na continuidade do negócio. Para tal, o trato com fornecedores na busca da melhor compra, os trabalhos na produção, seja de bens ou serviços, e no monitoramento acurado de processos. Por fim vamos estudar que devemos trabalhar no aprendizado e na melhoria dos processos, analisando, executando, melhorando e incrementando nossos processos continuamente. Tema 1: Conhecimento ISO 9001, Terminologia e Estrutura Histórica e prioritariamente, os países e as organizações preocuparam-se preliminarmente em estabelecer padrões para itens específicos, os quais se refletiam na qualidade do processo ou do produto produzido de forma individualizada e unitária. Evidentemente, os padrões de qualidade foram mais exigidos em épocas de confrontos militares internacionais. As duas grandes guerras mundiais foram situações que forçaram os países a pensar e repensar a qualidade. No Pós-Guerra de 1945, os EUA começaram a estabelecer normas para aquisiçãode produtos militares, e outros organismos passaram a exigir de seus fornecedores padrões para a aceitação de seus produtos. Na década de 1970, muitas organizações privadas e governamentais estabeleceram suas normas de gestão da qualidade, inclusive com a confecção de manuais. As Normas Série ISO 9000 se tornaram as mais conhecidas e utilizadas no mundo, servindo de referencial e padrão de qualidade para as organizações estabelecerem o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). A norma deixa claro que a implementação de um sistema de gestão da qualidade é uma decisão estratégica e, como tal, deve ser adotada pela direção-geral da organização. Essa decisão, nos dias atuais, passa pelo fornecimento de bens ou serviços de alta qualidade; portanto, para uma organização alcançar esse objetivo, a qualidade deve ser constantemente melhorada, e a resolução de situações de insatisfação deve ser implementada, a fim de que, assim, a organização crie diferenciais competitivos. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Além de atender a seus clientes e fornecedores, a organização deve atender também a seus funcionários, investidores e à sociedade, de maneira eficaz e eficiente, transferindo para estes os diferenciais obtidos em seu desempenho. Para cumprir o atendimento proposto, é preciso responder às seguintes perguntas: Quais são os princípios de qualidade fundamentais para a organização? Por que devem ser seguidos? Os princípios dão uma direção às organizações naquilo que elas têm que cuidar de maneira especial? A partir da resposta para estas questões são levantados sete princípios norteadores da ISO 9001:2015: 1. Foco no cliente — o objetivo maior de qualquer organização. O cliente pode ter outras designações (consumidor, usuário, público), entretanto o bem ou o serviço é sempre prestado a ele, que, de forma direta ou indireta, é o motivo da existência das organizações. 2. Liderança — Pode ser interpretada como uma liderança no negócio ou como uma atuação por meio da liderança em qualidade. Esse mesmo princípio definirá o grau de engajamento das pessoas, o qual é decorrente do interesse delas pela organização e por seus processos, bem como daquilo que a organização pode oferecer em contrapartida. 3. Engajamento das pessoas — Representa o comprometimento das pessoas com os processos em que estão envolvidas. 4. Abordagem por processos — Este princípio, bem como o pensamento sistêmico, dá à qualidade a visão do todo. Isso se justifica uma vez que são os processos que determinarão os resultados obtidos pelas organizações. A abordagem sistêmica permite a análise das consequências dos processos adotados pela organização e do seu impacto em cada instante da produção e/ou fornecimento. 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5. Melhoria contínua — O princípio relativo à melhoria contínua indica que a norma prevê a evolução da qualidade, não necessariamente mantendo o sistema de gestão da qualidade original, o que permite que as organizações se desenvolvam e aperfeiçoem seus produtos com o tempo. 6. Tomada de decisão baseada em evidência — Muito utilizado para a avaliação da qualidade, este princípio indica a utilização de dados como fundamento para sistemas de gestão da qualidade, em que a tomada de decisões deve se realizar com base em fatos e não em situações subjetivas. 7. Gestão de relacionamentos — Partem da lógica de que o fornecedor poderá ampliar o espectro da qualidade, oferecendo matéria-prima de qualidade, a qual, por sua vez, resultará em ganhos de mercado do produto principal e também em ganhos para o próprio fornecedor. Assim, são fomentadas as relações de qualidade com os fornecedores, o que redunda em benefícios mútuos. A Figura 1 abaixo representa a estrutura da ISO 9001:2015 no ciclo PDCA. Figura 1: Estrutura ISO 9001:2015. Disponível em: < http://www.qualiblog.com.br/abordagem-de-processos-na-nova-iso-9001/> 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A Figura 2, mostra com um pouco mais de detalhes aa representação de processo segundo a ISO 9001:2015. Figura 2: Representação de um Processo. Disponível em: < Consulta: http://www.qualiblog.com.br/abordagem-de-processos-na-nova-iso- 9001/>. A ISO 9001 indica os processos que devem ser executados pela organização. A norma é dividida em seções, sendo que as iniciais (de 0 a 3) têm abrangência geral, ou seja, são comuns a qualquer norma e introduzem o leitor nos temas. Mentalidade de risco A mentalidade de risco é essencial para se conseguir um sistema de gestão da qualidade eficaz. O conceito de mentalidade de risco estava implícito nas versões anteriores desta Norma (ISO 9001:2008), incluindo, por exemplo, realizar ações preventivas para eliminar não conformidades potenciais, analisar quaisquer não conformidades que ocorram e tornar ação para prevenir recorrências que sejam apropriadas aos efeitos da não conformidade. Para estar conforme com os requisitos desta Norma, uma organização precisa planejar e implementar ações para abordar riscos e oportunidades. A abordagem de riscos e oportunidades estabelece uma base para aumentar a 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico eficácia do sistema de gestão da qualidade e conseguir resultados melhorados e para a prevenção de efeitos negativos. Tema 2: Sistema de Gestão da Qualidade e Seus Processos Todas as organizações possuem um sistema de gestão da qualidade — alguns são precários e desestruturados; outros são sofisticados e estruturados. A ISO, por meio da ISO 9001, reuniu um conjunto de práticas organizacionais que norteiam a implementação e a manutenção de um sistema de gestão da qualidade com alicerces sólidos, de modo a garantir um caminho acessível à consolidação do referido sistema. Requisitos gerais ─ sistema de gestão da qualidade A partir desse requisito, a ISO 9001:2015 deve ser auditada de acordo com uma frequência definida. O auditor verificará a gestão da qualidade com base na ISO 9001:2008 e a conformidade do sistema de gestão da qualidade mediante os itens das normas. Como requisito geral, a ISO explicita que o sistema de gestão deve ser estabelecido, documentado, implementado, mantido e melhorado. Em outras palavras, o sistema de gestão da qualidade deve ser robusto e organizado, e seus processos passíveis de documentos, cabendo ainda dentro do sistema a necessidade de auditorias aos fornecedores em conformidade com os princípios da ISO 9001 A ISO 9001 estabelece duas classes distintas: documentos e registros. Entende-se por documentos o conjunto de evidências comprobatórias da execução de um determinado processo. Essas evidências sofrem revisões e apresentam aprovação e data da emissão. Seus registros são realizados por meio de fotografia da situação atual — esta, por sua vez, não pode sofrer alteração e/ou revisão. As anotações e os relatos compõem determinado documento e os procedimentos consistem em manuais de operações, manuais de manutenção de máquinas etc. Aqueles procedimentos antes descritos como obrigatórios na versão 2008, não o são na versão 2015, porém, onde a ISO 9001 cita a necessidade 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico de informação documentada em diversos requisitos, pressupõe a necessidade de evidências. Como recomendação, seguem documentos anteriormente obrigatórios e que podem ser de grande valia na elaboração de um SGQ. Manual da qualidade; Controle de documentos; Controle de registros; Auditorias internas; Controle de produtos não conformes; Ações corretivas; Ações preventivas. Controle de informação documentada O controle de documentos é a tratativa dada aos documentos gerados durante os processos. Cada documento deve conter a regra que define e identifica como irá ocorrer seu respectivo armazenamento. Esse controle garante que as informações contidas sejam preservadas. Antes de ser disponibilizados para uso, os documentos devem ser aprovados sempre contendo os dispositivos de garantia que permitam, no momento em que se fizer necessária, a recuperação dos mesmos. As armazenagens dos documentos podem ser em formato físico ou digital. Consideram-se registros da qualidade os formulários devidamente preenchidos que evidenciem a prática de uma atividade. Como exemplo, um material recebido na empresa geralmente é submetido a um processo de inspeção de recebimento que, por meio de algum mecanismo, é comparado caso atenda aos requisitos de qualidade contratados. Essa inspeção é registrada em formulários específicos que assumem a condição de documento. Em um processo produtivo, durante uma operação, é realizada uma atividade de inspeção com o preenchimento de um protocolo, evidenciando que o produto fabricado está dentro da conformidade. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 3: Liderança, Planejamento e Apoio Liderança A ISO 9001:2015 orienta que a direção das empresas que desejem a implementação de um sistema de gestão da qualidade com sucesso deve demonstrar seu comprometimento com o desenvolvimento e a implementação em realizar tudo o que for necessário. Principalmente a formalização de uma política da qualidade, que deve ser comunicada e compreendida por todos os colaboradores, enfatizando que se trata do desejo da direção da empresa. A direção tem como responsabilidade definir um representante que deverá estruturar o sistema e que servirá de interface entre a direção e os demais processos, porém na versão 2015 este representante não precisa ser um “membro da gestão”, e sim ter requisitos funcionais atrelados. A responsabilidade da direção e do representante da qualidade é subdividida nos itens a seguir: • Comprometimento da direção; • Foco no cliente; • Política da qualidade; • Planejamento do sistema de gestão da qualidade; • Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los; • Planejamento de mudanças; • Responsabilidade e autoridade; • Representante da direção; Em relação ao requisito apoio: • Comunicação interna; Em relação à Avaliação de desempenho: • Análise crítica pela direção; • Generalidades — análise crítica pela direção; • Entradas para a análise crítica; • Saídas da análise crítica. 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Requisito: apoio A organização tem a obrigação de prover os recursos necessários para o bom andamento do SGQ, fornecendo os recursos necessários para operação do referido sistema. São considerados recursos: as pessoas envolvidas, os treinamentos, a infraestrutura disponibilizada, os conhecimentos advindos das propriedades intelectuais, entre outros. Tais recursos são utilizados na implementação, manutenção e melhoria do sistema. Recursos humanos: todas as empresas precisam de pessoas competentes na fabricação dos produtos e realização dos serviços. A norma descreve esse grupo de pessoas como recursos humanos que determinam a qualidade alcançada pela organização. A ISO 9001:2015, no requisito, determina que a organização deve determinar e prover as pessoas necessárias para a implementação eficaz do seu sistema de gestão da qualidade e para a operação e controle de seus processos. A capacitação dos colaboradores da empresa é parte importante na ISO 9001:2015. Para tal a organização deve determinar a competência necessária, assegurar que essas pessoas sejam competentes, com base em educação, treinamento ou experiência apropriados; onde aplicável, tomar ações para adquirir a competência necessária e avaliar a eficácia das ações tomadas; reter informação documentada, apropriada como evidência de competência. Infraestrutura Considera-se infraestrutura o conjunto de máquinas, equipamentos, instalações, predial, estruturas, recursos de transporte, tecnologia de informação e de comunicação e outros itens que a organização disponibiliza para a realização das operações e o cumprimento dos requisitos do cliente. Esses recursos podem ser de uso direto — na realização das operações geradoras do produto — ou indireto — com ações de suporte. 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Ambiente de trabalho Entende-se como ambiente de trabalho em uma organização o conjunto de fatores ergonômicos e físicos, como temperatura, umidade, pressão, ruídos, radiações entre muitos outros fatores. A ISO 9001:2015 determina que a organização deve determinar, prover e manter um ambiente necessário para a operação de seus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços. Alguns exemplos são expostos como recomendação nas notas deste requisito: a) social (por exemplo, não discriminatório, calmo, não confrontante); b) psicológico (por exemplo, redutor de estresse, preventivo quanto à exaustão, emocionalmente protetor); c) físico (por exemplo, temperatura, calor, umidade, luz, fluxo de ar, higiene, ruído). Riscos e oportunidades No planejamento do SGQ a organização deve determinar os riscos e oportunidades que precisam ser abordados para: Assegurar que o sistema de gestão da qualidade possa alcançar seus resultados pretendidos; Aumentar efeitos desejáveis; Prevenir, ou reduzir, efeitos indesejáveis; Alcançar melhoria. A organização deve estabelecer ações para análise de riscos, como recomendação. Opções para abordar riscos podem incluir: evitar o risco; assumir o risco para perseguir uma oportunidade; eliminar a fonte de risco; mudar a probabilidade ou as consequências; compartilhar o risco ou decidir, com base em informação, reter o risco. Novas oportunidades conforme a ISO 9001:2015 podem levar à adoção de novas práticas, lançamento de novos produtos, abertura de novos 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico mercados, abordagem de novos clientes, construção de parcerias, uso de novas tecnologias e outras possibilidades desejáveis e viáveis para abordar as necessidades de organização ou de seus clientes. Tema 4: Requisito de Operações, Recursos de Monitoramento e Medição Requisito de operações A ISO 9001:2015, em seu requisito de operações, divide e detalha as fases para realização de produto ou prestação de um serviço em seis grandes áreas: 1. Planejamento; 2. Requisitos para produtos e serviços; 3. Projeto e desenvolvimento de produtos e serviços; 4. Controle de Processos, Produtos e Serviços providos externamente; 5. Produção e provisão de serviço. Quando forem efetuadas exclusões, alegações de conformidade com esta norma não serão aceitáveis, a não ser que não afetem a capacidade ou responsabilidade da organização de fornecer produto que atenda aos requisitos do cliente e requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. Processos relacionados ao cliente Os processos relacionados ao cliente são compostos pelos requisitos por ele especificados, descritos pela organização, incluindo os processos de entrega e pós-venda, requisitos de contrato ou pedido divergentes daqueles previamente expressos, além dos requisitos regulamentares e estatutáriosaplicáveis e necessários. Os requisitos do cliente devem ser confirmados pela organização antes da aceitação, quando o cliente não prover uma declaração documentada de seus requisitos. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Determinação de requisitos relacionados ao produto Consideram-se requisitos declarados o conjunto de especificações que o cliente comunica no ato da compra do bem ou do serviço. Esse conjunto de requisitos é somente uma parte de todos os requisitos que a organização considera ao receber um pedido. Segundo a ISO 9001:2015, as organizações devem analisar todas as condições do produto/serviço para, então, formalizar o acordo comercial que irá reger a relação entre as partes. Além dos requisitos declarados já abordados, há aqueles de pós-vendas, que incluem garantias, revisões, seguros etc. A esse conjunto de requisitos juntam-se os não declarados, que são o conjunto de acessórios necessários ao funcionamento do produto ou à aplicação do serviço. Comunicação com o cliente A comunicação sempre foi um fator vital nas relações humanas, comerciais e organizacionais, sendo capaz de reforçar os laços ou gerar o rompimento de relações. A comunicação é composta pelos seguintes elementos: Emissor — agente gerador da mensagem. Mensagem — conteúdo que deseja enviar a terceiros, com o objetivo de informar sobre algum assunto. Meio — conjunto de condições que permitem a transmissão da mensagem. Receptor — recebe a mensagem. Portanto, as organizações necessitam de um canal de comunicação com o cliente para fornecer a ele a oportunidade de receber informações sobre o produto, tratativa dos contratos e acompanhamento de pedidos, e gerar reclamações e/ou sugestões. A comunicação com o cliente deve incluir: Prover informação relativa a produtos e serviços; Lidar com consultas, contratos ou pedidos, incluindo mudanças; 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Obter retroalimentação do cliente relativa a produtos e serviços, incluindo reclamações do cliente; Lidar ou controlar propriedade do cliente; Estabelecer requisitos específicos para ações de contingência, quando pertinente. A norma ISO 9001:2015 inclui esse requisito para que as organizações estabeleçam processos para se comunicar com os clientes e garantir a tomada de providências eficazes para satisfazê-los. Controle de Processos, Produtos e Serviços providos externamente A organização deve determinar os controles a serem aplicados para os processos, produtos e serviços providos externamente quando: Produtos e serviços de provedores externos forem destinados à incorporação nos produtos e serviços da própria organização; Produtos e serviços forem providos diretamente para o(s) cliente(s) por provedores externos em nome da organização; Um processo, ou parte de um processo, for provido por um provedor externo como um resultado de uma decisão da organização. O processo de aquisição consiste em: Especificação — definição das características do produto. Homologação — escolha de fornecedores devidamente capazes. Qualificação — fase de avaliação da capacidade de fornecimento do bem ou serviço a que se propõe. Inspeção de recebimento — conjunto de atividades que verificam se o produto/serviço entregue atende aos requisitos especificados. Requalificação — reavaliação da capacidade de fornecimento do produto/serviço. Descredenciar — mediante avaliação, descredenciamento do fornecedor. 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Produção e prestação de serviço A ISO 9001:2015 estabelece cinco grupos de atividades produtivas: Controle de produção e provisão de serviço; Identificação e rastreabilidade; Propriedade pertencente a clientes ou provedores externos; Preservação; Atividades pós-entrega; Controle de mudanças. Recursos de monitoramento e medição A ISO 9001:2015, neste item, exige que a organização para gerar evidências indique quais equipamentos de monitoramento e medição são utilizados na comprovação da conformidade dos produtos. Para o controle de equipamento de monitoramento e medição, a organização relaciona os instrumentos utilizados nos processos produtivos, indicando sua calibração e aferição evidenciadas por meio de registros e documentações pertinentes. São atividades pertinentes a este item a calibração e a verificação dos equipamentos em intervalos planejados ou quando se fizer necessário, antes do prazo planejado, utilizando-se de padrões normatizados com a geração dos devidos registros. Todo equipamento ou instrumento deve possuir uma identificação única, evitando que sejam confundidos no momento dos registros e salvaguardados contra ajustes, danos ou deterioração que invalidariam a situação de calibração e resultados de medições subsequentes. Tema 5: Requisitos de Avaliação de Desempenho e Melhoria. Requisito de avaliação de desempenho Este capítulo da ISO 9001:2015 é aplicado ao monitoramento e à medição do sistema de gestão da qualidade e gera dados para análise e por meio de registros de fatos importantes. Seu objetivo é a promoção da melhoria contínua de processos, produtos e serviços, na busca da satisfação do cliente. 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Neste item, a ISO 9001:2015 indica que a organização deve assegurar, visando à correta implementação de seus processos, a aplicação de três etapas para a manutenção do sistema de gestão da qualidade com foco na melhoria contínua e sustentável. São elas: O que precisa ser monitorado e medido; Os métodos para monitoramento, medição, análise e avaliação necessários para assegurar resultados válidos; Quando o monitoramento e a medição devem ser realizados; Quando os resultados de monitoramento e medição devem ser analisados e avaliados. A norma orienta a aplicação de técnicas estatísticas que podem ser incluídas na qualificação dos métodos de análise de dados Análise e avaliação Para a ISO 9001:2015, monitoramento e medição consistem em um processo obrigatório na organização, utilizado para gerar informações de fonte confiável para direcionamento das decisões da direção. Esse item é subdividido em: Conformidade de produtos e serviços; O grau de satisfação de cliente, O desempenho e a eficácia do sistema de gestão da qualidade; Se o planejamento foi implementado eficazmente; A eficácia das ações tornadas para abordar riscos e oportunidades; O desempenho de provedores externos; A necessidade de melhorias no sistema de gestão da qualidade. Análise de dados A análise de dados, segundo orientação da norma, deve determinar qual conjunto de dados será analisado, levando em conta o grau de relevância. 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Estabelecer um procedimento para coleta de dados cuja base seja confiável é algo que pode ser feito utilizando folhas de verificação ou sistemas virtuais. Em seguida, serão realizadas as análises. Analisar os dados consiste em transformar a coleta de dados em informações preciosas para a organização, as quais geralmente são discutidas na reunião da análise crítica, em que, para cada processo, deve haver um indicador que demonstra a eficácia do procedimento. Requisito de melhoria Costuma-se dizer que não se deve mexer em time que está ganhando. No mundo corporativo, no entanto, isso não se aplica, pois nada é tão bom que não possa ser melhorado.Nos processos organizacionais, essa prática é estimulada e o avanço por meio de melhorias é uma ferramenta bastante forte. Dentre os princípios básicos da ISO 9001:2015 está o de melhoria contínua, que é abordado nos seguintes subitens: • Não conformidade e ação corretiva; • Melhoria contínua. Síntese Apreendemos nesta aula diversos conceitos que desmistificam a máxima das normas serem somente bases de burocratização do sistema. Temos que propiciar um sistema de gestão da qualidade robusto, a direção da empresa deve estar em linha com a necessidade de qualidade, temos que propiciar a nossos recursos humanos o ambiente e as ferramentas para que sejam os mais efetivos possíveis. Vimos ainda a necessidade do foco no cliente e que também precisamos ter operações mais efetivas, trabalhando, por exemplo, com os fornecedores. Precisamos medir como nossos trabalhos estão sendo realizados, analisar e agir, corretiva e preventivamente, com foco na melhoria contínua. 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. SHIH LU, L. Interpretação das normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001. Editora Pearson, 2015. RIGONI J. R. Abordagem de processos na nova ISO 9001. Qualiblog. Disponível em: <http://www.qualiblog.com.br/abordagem-de-processos-na- nova-iso-9001/>. Acesso em: 23/06/2016. ABNT ─ Associação brasileira de normas técnicas. NBR ISO 9001: 2015. 3. ed. Quality management systems. 1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 5 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula vamos avaliar as metodologias utilizadas no controle de processos, definindo métricas para meios e medições de processo. Contextualizando Nas avaliações da qualidade temos que buscar o conhecimento das ferramentas para quando tomarmos ações sermos efetivos e preventivos, a estatística é um dos grandes ferramentais preventivos com a aplicação de cartas de controle e estudos sobre sistemas de medição, que nos levam a um patamar de diminuição de variáveis e variabilidade no sistema. Estudaremos as possibilidades de diagnósticos de problemas, como também as necessidades prévias de informações em coletas de dados, que resultam em informações importantes na tomada de decisão na operação. Os gráficos de controle nos auxiliam a observar e agir sobre a variabilidade dos processos e uma linha diferenciada e preventiva que é a da análise de Limites de Controle, em vez de somente avaliar Limites de Especificação. Precisamos compreender também as necessidades metrológicas, para poder avaliar um relatório dimensional de maneira correta. Precisamos ter conhecimento sobre as terminologias, unidade e padrões utilizados. Conhecer os EIMEs (Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio) e algumas de suas características nos auxilia em uma melhor escolha para um sistema de medição, que deve também seguir calibrado e aprovado com frequências que vamos estudar. Por fim precisamos observar o conjunto de processos que regem o sistema de medição, um conjunto de ferramentas utilizadas nas indústrias e chamada de MSA (traduzindo do inglês - Análise do Sistema de Medição). 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 1: Introdução Estatística Aplicada à Qualidade Dentro da qualidade verificamos que é importante delimitar as faixas de aceitação de qualquer processo produtivo, uma vez que sempre, em algum nível, existem variações que devem ser ou não aceitas pelo processo produtivo. Podemos considerar dois momentos em uma avaliação de qualidade. O primeiro deles é aquele que consideramos como avaliação subjetiva, a qual depende dos critérios específicos e individuais do avaliador; o segundo é a avaliação objetiva, que demanda o estabelecimento geral de padrões de aceitação que deverão ser obedecidos. Dessa forma, o processo produtivo deve ser controlado não somente na resolução de problemas e no estabelecimento de causas e efeitos, mas também na manutenção dos padrões a serem seguidos. Para isso, devemos diagnosticar os problemas que se apresentam e até mesmo nos antecipar a eles. Podemos realizar diagnósticos de quatro modos diferentes: Pela intuição, que é subjetiva e, portanto, depende de cada um. Sua principal característica reside no fato de não ser necessária sua comprovação ou confirmação. É o mesmo que pedirmos a uma cartomante que "leia" nossa mão e nos diga o que acontecerá no futuro. Pela experiência, que é algo mais aceitável, uma vez que se traduz pela soma das ocorrências vivenciadas por aquele que se diz experiente, podendo ser explicada e, na maioria das vezes, passível de ser reproduzida. Pela pesquisa experimental, que é realizada em ambiente totalmente controlado e permite que as ocorrências sejam avaliadas na prática. Baseia-se na realidade e em fatos apresentados. Pela análise estatística, que é baseada em dados, como a realização da análise pela identificação e pela obtenção de dados por meio de uma base amostral. Com a obtenção de dados anteriores, é possível projetar o futuro com a utilização de técnicas estatísticas. Podemos, portanto, realizar a previsão de uma ocorrência, como a quebra de uma ferramenta ou a execução de um processo não conforme, antes mesmo que isso aconteça. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Inicialmente, devemos diagnosticar as situações existentes e os problemas e, então, resolvê-los. Para a realização do diagnóstico, é necessário obter dados, o que deve ser realizado dentro dos propósitos e dos parâmetros de qualidade estabelecidos. Existem quatro perguntas fundamentais para uma correta forma na obtenção de dados, conforme a seguir: 1. Há objetivos de qualidade bem definidos? a. Os objetivos podem ser: controle e acompanhamento do processo de produção; análise de não conformidade; inspeção da qualidade. 2. Qual é o propósito da coleta de dados para a qualidade? 3. As medições realizadas são confiáveis, estão supridas por equipamentos e medidas adequadas? 4. A maneira de registrar os dados para a qualidade é a correta? Uma vez estabelecidos os objetivos referentes à primeira pergunta, a definição do propósito da coleta de dados é a consequência lógica. Se queremos identificar uma não conformidade de produtos, o propósito da coleta de dados é localizar a variação além das especificações. Para a realização das medições, devemos calibrar adequadamente os equipamentos de forma que permitam a confiabilidade da medição desse processo. Finalmente, após a realização da estratificação, o processo de medição é registrado em documentos apropriados ─ as folhas de verificação ─ que são de diversos tipos e servem de base para a construção das folhas de frequência e, consequentemente, do histograma, permitindo, juntamente com gráficos de controle, a realização de análises do processo. O modelo representado na figura 1 destina-se ao acompanhamento do processo produtivo, com vistas a avaliar se as peças fabricadas estão dentro do padrão e qual a frequência com que ocorrem as não conformidades. Essas informações servem de base para outras ferramentas, tais como o histograma e a confecção da curva representativa do processo. Sua utilização é bastante simples, uma vez que, a partir do modelo apresentado,já parametrizado 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (ou seja, com o padrão especificado), o apontador somente registra as ocorrências conforme elas se apresentam. Figura 1: Folha de verificação para processo de produção. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Dessa maneira simples, podemos chegar à confecção do histograma deste processo, conforme Figura 2. Figura 2: Histograma de processo Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Tema 2: CEP – Controle Estatístico do Processo Os gráficos de controle foram idealizados por Shewhart com a finalidade de separar as chamadas causas assinaláveis ─ aquelas passíveis de serem identificadas e acompanhadas ─ das causas aleatórias ─ aquelas cuja ocorrência não pode ser prevista. Para tanto, Shewhart idealizou os gráficos de controle, que podem ser de tipos diferentes, em função do controle que queremos executar. Esses tipos são apresentados no quadro a seguir, juntamente com uma descrição dos usos desenvolvidos. 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 1: Tipos de gráficos de controle. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Ou seja, na avaliação da qualidade temos distintos gráficos de controle. Relembrando alguns dos conceitos, é importante revisar como temos a sua representação gráfica como, por exemplo, na Figura 3. Figura 3: Modelo de representação de gráficos de controle. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Como podemos verificar no gráfico, o eixo vertical indica as amostras e o eixo horizontal é reservado à representação dos valores médios (LC), dos limites superiores de controle (LSC) e dos limites inferiores de controle (LIC); esses de controle são determinados pela variabilidade do processo estudado. De forma geral, somente realizamos a aceitação dos valores se estes estiverem entre os limites superiores e inferiores representados no gráfico. Se os pontos estiverem fora dessa faixa, podemos afirmar que o processo está fora de controle e, portanto, devemos revisá-lo. Uma das cartas mais utilizadas no CEP (Controle Estatístico de Processo) é a “X/R”, em que “X” representa as médias e “R” as amplitudes de amostragens em um processo produtivo, tendo assim uma medida de posição ─ média ─ e uma medida de dispersão ─ amplitude ─ podendo realizar uma leitura mais acurada do processo conforme sua variabilidade. Abaixo um exemplo de uma avaliação da carta X/R voltada às médias: Figura 4: Exemplo de carta de médias. Fonte: Seleme e Stadler, 2009. 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Na mesma carta de controle, um exemplo de avaliação voltada à Amplitude, conforme Figura 5. Figura 5: Exemplo de carta de amplitudes Fonte: Seleme e Stadler, 2009. Tema 3: Terminologia, Unidades e Padrões Alguns termos são frequentemente utilizados na avaliação e na análise de sistemas de medição e devem ser compreendidos para que se tenha uma visão homogênea entre os profissionais envolvidos no sistema. De modo geral, as definições desses termos estão baseadas no Vocabulário Internacional de Metrologia, doravante VIM. • Grandeza ─ Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência. • Mensurando ─ Grandeza específica submetida à medição. • Medição ─ "Processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza" (VIM), no qual não são observadas as propriedades qualitativas. A medição pode ser por comparação direta, quando se compara o objeto que está sendo medido com uma escala conveniente, obtendo-se, então, um resultado em valor absoluto e 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico uma unidade coerente (por exemplo, a medição da largura de uma peça utilizando-se um paquímetro). Porém, algumas vezes pode se dar por comparação indireta. Nesse caso, compara-se o objeto que está sendo medido com um padrão de mesma natureza ou propriedade. Com base nesses dados, é possível inferir se as características medidas estão ou não de acordo com o padrão (por exemplo, o controle de peças mecânicas por meio de calibradores PNP (passa não passa). • Resultado de medição ─ Conjunto de valores atribuídos a um mensurando juntamente com toda informação importante disponível. Esse resultado geralmente é expresso por um único valor medido e uma incerteza de medição associada. • Incerteza de medição ─ De acordo com o VIM (2012), “incerteza é o parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando". A incerteza de uma medição é uma evidência da diferença que pode existir entre o verdadeiro valor da grandeza medida e o resultado obtido com a medição. Assim, o resultado de uma medição deve ser acompanhado de sua incerteza. Sem a informação sobre a incerteza, pode-se considerar que o resultado de uma medição não está completo. • Erro ─ Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro do mensurando. Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional. • Dimensão nominal (D) - Dimensão básica da peça, indicada no projeto. Na prática, basta que a dimensão real da peça esteja dentro dos limites dados pelo valor nominal, mais ou menos os afastamentos permitidos por projeto. O afastamento é a diferença entre as dimensões limite e nominal. • Dispositivo de medição — Aparatos (instrumentos físicos envolvendo hardware e software) utilizados para realizar medições, tais como paquímetros e micrômetros, incluindo-se, também, os dispositivos usados nas medições por atributos, por exemplo, o uso de calibrador passa/não passa para classificação de um produto conforme ou não conforme. 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Sistema de medição ─ Conjunto de elementos e recursos que permite a execução das medições e a obtenção dos resultados. Esse conjunto inclui: instrumentos, dispositivos, padrões, métodos, software, pessoal e ambiente. • Procedimento de medição ─ Descrição detalhada de como realizar uma medição de acordo com um ou mais princípios e um dado método, fundamentado em um modelo, e que inclui todos os cálculos para obter um resultado de medição. É geralmente documentado com detalhes suficientes para que um operador possa executar a atividade. • Padrão ─ Valor de referência utilizado como base para comparar os resultados obtidos com o sistema de medição. • Resolução ─ Menor unidade de leitura do dispositivo de medição, que limita o processo de detecção de variação entre os objetos medidos. Uma regra básica é usar uma relação de 10 para 1. Divide-se a tolerância da especificação de projeto do item/produto em dez partes para estabelecer a resolução de medição do equipamento a ser utilizado. Por exemplo: quando o Limite Superior de Especificação (LSE) do diâmetro de um eixo mecânico é 10,05 mm, e o Limite Inferior de Especificação (LIE) é 9,95 mm. Nesse caso, a tolerância de especificação é 10,05 mm -9,95 mm = 0,10 mm. Então, a resolução do dispositivo de medição do diâmetro da peça deveria ser de pelo menos 0,01 mm. • Rastreabilidade ─ Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estão relacionados a referências estabelecidas, geralmente padrõesnacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contínua de comparações. Todas essas referências devem ter suas incertezas estabelecidas e serem confiáveis. • Conformidade ─ Ocorre quando uma característica do produto ou do objeto atende às especificações de projeto. Esse seria o conceito de conformidade, por exemplo, para um produto já manufaturado. 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Unidades e padrões de medida No Quadro 2, encontram-se alguns exemplos de unidades de medidas, básicas e clássicas, adotadas pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) e definidas pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), para as grandezas (também chamadas de abstrações) de uso mais comum. O BIPM, localizado em Paris, tem a responsabilidade de: a) estabelecer os padrões das grandezas fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas e conservar os padrões internacionais; b) efetuar a comparação de padrões nacionais e internacionais; c) assegurar a coordenação das técnicas de medição correspondentes; e d) efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm nas atividades supracitadas (condições de temperatura, umidade, etc.). Quadro 2: Exemplo de medições Sistema Internacional (SI). Fonte: Toledo, 2014. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Padrões Os padrões estão organizados em uma hierarquia de precisão e de exatidão na seguinte sequência (da hierarquia superior para a de uso mais prático): • Padrões internacionais; • Padrões primários ou nacionais; • Padrões secundários ou padrões de referência dos laboratórios de calibração e ensaios; • Padrões de trabalho. A armazenagem adequada e o uso desses padrões de diferentes classes estão associados a uma hierarquia de laboratórios de metrologia, representados na Figura 6. Figura 6: Hierarquização metrológica padrões. Fonte: Toledo, 2014. Tema 4: EIME e Calibração Os instrumentos de medição são equipamentos de precisão adequada, que auxiliam, por exemplo, na fabricação de peças usinadas. Existem diversos tipos de instrumentos de medição, cada qual com sua adequação funcional e precisão, aplicados no ambiente da manufatura industrial. Para medir as peças processadas em tornos mecânicos, são empregados diversos tipos de instrumentos de medição, como paquímetros, micrômetros internos e externos, 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico relógios comparadores, traçadores de altura, calibradores de boca, tipo tampão passa/não passa, etc. Considerando que a maioria desses instrumentos de trabalho é de elevado custo, deve-se prestar especial atenção no seu manejo e na sua conservação. A seguir, alguns exemplos de EIMEs, Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio mais comuns nas operações atuais. Calibradores Os calibradores são instrumentos utilizados em empresas industriais para se inspecionar características de qualidade de produtos a fim de classificá-los em conforme ou não conforme as especificações. Deve-se frisar que, com a inspeção de uma peça por meio de um calibrador, não se mede a característica de qualidade da peça (por exemplo, o seu diâmetro), mas apenas é constatado se a característica está conforme ou não com os limites de especificação da peça. Paquímetro O paquímetro é fabricado nos mais variados modelos e graus de precisão e é utilizado para medir dimensões lineares internas e externas e de profundidade de uma peça, bem como ressaltos. Ele consiste basicamente em uma régua graduada com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. Alguns modelos mais sofisticados possuem relógio, por meio do qual é feita a leitura das frações de medidas. Outros possuem um nônio que tem a mesma função do relógio, isto é, determinar as frações das medidas. E paquímetros de leitura digital comumente têm resolução de 0,01 mm. Micrômetro O micrômetro funciona por meio de um parafuso micrométrico para deslizamento de uma haste e permite a leitura, por exemplo, de uma espessura por meio de um nônio ou de um mecanismo semelhante ao de um relógio analógico. 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Relógios apalpadores e comparadores São utilizados para diversos fins, como a medição da excentricidade de peças, o alinhamento e a centrarem de peças nas máquinas, o paralelismo entre faces e medições internas e de detalhes de uma peça de difícil acesso. O funcionamento desses relógios consiste basicamente em um mecanismo que transforma o deslocamento radial de uma ponta de contato em movimento axial transmitido a um relógio comparador, no qual é possível obter a leitura da dimensão. Máquina de medir tridimensional A possibilidade de aplicação do sistema de medição tridimensional trouxe um grande avanço na medição linear, além de benefícios como o aumento da exatidão, a economia de tempo e a facilidade de operação, contemplando sistemas de processamento de dados. O tempo de medição pode ser significativamente reduzido em relação ao sistema de medição linear tradicional com a utilização de uma máquina de medir por coordenadas tridimensionais (de modo manual, sem a utilização de computador), podendo ser reduzido ainda mais com a incorporação do computador. Com esse equipamento de medir, por meio de um dispositivo chamado de localizados ou apalpador, é possível identificar o posicionamento (em termos dos eixos X, Y e Z) de um ponto acessível qualquer de uma peça. Esse apalpador relaciona o ponto em que ele está tendo contato com a peça com outro ponto de referência, do sistema de eixos coordenado, permitindo a medição de distâncias na peça, considerando o espaço (eixos X, Y e Z). Calibração A calibração é definida como o conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medir ou sistema de medição, os valores representados por uma medida materializada ou um material de referência e os correspondentes valores de grandezas estabelecidas por padrões. Essa informação pode ser 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico utilizada para estabelecer uma relação a fim de obter um resultado de medição com base em uma indicação. Já o ajuste representa a intervenção ou correção executada no instrumento de medição para restabelecer a sua capacidade de medir, de acordo com o padrão de referência. Frequência de calibração A determinação da frequência com a qual os instrumentos devem ser calibrados é dependente de uma série de fatores e da experiência do responsável pelas calibrações, podem ser destacados os seguintes fatores: • Tipo de instrumento e recomendações do fabricante; • Dados históricos de tendências obtidos com base nos registros de calibrações anteriores e registros de manutenção e utilização; • Aplicação do instrumento (severidade e extensão de uso) e condições ambientais durante a utilização e o impacto de um valor medido incorretamente, sendo aceito como correto em função de o equipamento de medição apresentar uma falha; • Exatidão e precisão requeridas para o equipamento. Tema 5: MSA – Análise de Sistemas de Medição A qualidade de um sistema de medição é determinada por propriedades estatísticas associadas a esse sistema. Outras características desejáveis em um Sistema de Medição são a facilidade de seu uso e o seu custo operacional, ou seja, um adequado sistema de medição também deve ser de operação fácil e ágil e ter baixo custo operacional.Como em um processo genérico de produção (fabricação, montagem etc.), os SMs são afetados por causas aleatórias, também chamadas de causas comuns, inerentes ao processo de medição, e por causas identificáveis ou especiais, que surgem e atuam esporadicamente no sistema de medição. O estado de controle ideal de um processo (de manufatura, de medição etc.) é aquele em que as causas especiais estão sob controle, atuando no 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico processo somente as causas aleatórias, as quais, dada uma determinada situação, não são possíveis de se controlar. Os principais termos e conceitos que se aplicam à análise de um sistema de medição, seja na quantificação da variação do SM, seja na sua interpretação ou no planejamento de melhorias desses sistemas, estes estudos montam o dentro das empresas os conhecidos estudos de MSA (Measurement Systems Analysis – traduzindo Análise do Sistema de Medição). • Tendência (ou erro sistemático) — É a diferença entre a média observada das medições realizadas e o valor de referência. Este pode ser um padrão ou um valor determinado com base nas medidas obtidas por instrumento de maior precisão que aquele que está sendo avaliado. Um termo usado com frequência para designar a tendência é exatidão. Figura 7: Exemplo de estudo de tendência. Fonte: Toledo, 2014. R&R – Reprodutibilidade e Repetitividade Reprodutibilidade — Representa a diferença entre a média das medições realizadas por diferentes operadores/inspetores/avaliadores, utilizando o mesmo dispositivo de medição para a mesma característica de qualidade. A reprodutibilidade representa a diferença entre as médias das medições dos operadores. Quanto menor for a diferença entre os dois valores médios, significa que o sistema de medição utilizado é capaz de reproduzir os mesmos valores quando utilizado por diferentes pessoas com o mesmo grau de qualificação. Repetitividade — É a variação das medições realizadas por um mesmo operador, utilizando o mesmo dispositivo de medição e medindo a mesma característica de qualidade de uma mesma peça. Em princípio, quanto menor o 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico valor da amplitude das medições, melhor é a repetitividade do sistema de medição. Estabilidade — É a variação das medições obtidas com um dispositivo de medição medindo a mesma característica de uma mesma peça ou padrão ao longo do tempo. Uma menor variação entre as medições significa maior estabilidade do dispositivo de medição — uma característica desejada dos instrumentos e dos sistemas de medição. Linearidade — É a diferença nos valores de tendência ao longo do campo de medição do dispositivo utilizado. É possível medir o comportamento da tendência de um paquímetro quando este estiver sendo utilizado para medir dimensões ao longo do campo de medição. O ideal é que o paquímetro apresente a mesma tendência, independente da faixa de valores que ele está medindo, dentro de sua capacidade de medição. Dentro dos estudos de MSA, temos como mais praticado entre clientes e fornecedores a utilização do R&R, que vai resultar no percentual de variação dos sistemas de medição em relação às variações do sistema ou tolerâncias descritas em projeto. Para tal, o MSA recomenda para a aplicação a seguinte tabela de avaliação apresentada no quadro 3 a seguir: 19 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 3: Critérios para aceitação de sistema de medição. Fonte: Toledo, 2014. Síntese Nesta aula apreendemos vários conceitos voltados à avaliação de sistemas com a utilização de técnicas estatísticas voltadas à qualidade, principalmente sobre a necessidade de termos sistemas cada vez mais preventivos e corretivos. Ainda, vimos técnicas de coletas de dados e sua estratificação em histograma; como também a utilização de cartas de controle como meios de avaliação do processo. Também, aprendemos que os meios de controle devem ter um papel fundamental para o processo como um todo, afinal os dados devem ter sua idoneidade comprovada por meio de estudos e ações diretamente nos sistemas de medição. 20 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e metrologia. Editora InterSaberes, 2014. 1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 6 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula, iremos aplicar os conceitos de sistemas integrados e normalização com foco na mudança organizacional. Contextualizando A busca pela diferenciação passa por um mercado que está cada vez mais exigente. Antigamente ter uma certificação de ISO 9001 era um grande diferencial, hoje os clientes querem produtos que venham de empresas sustentáveis, com responsabilidade social e preocupadas com o meio ambiente, seja na organização ou no reflorestamento consciente. No primeiro tema estudaremos o Sistema de Gestão Integrada, unindo as principais normas da série Isso ─ utilizar recursos de maneira inteligente, otimizando-os, é uma maneira de buscar a excelência operacional. Fornecedores são nossos parceiros diretos e precisamos trabalhar para que esta parceria seja duradoura, gerando frutos para a organização e os fornecedores. A empresa atual deve sair do seu papel antigo de cliente para um fomentador de capacidades de seus fornecedores. A responsabilidade social deve ser um dos temas base para as empresas e um dos grandes focos da Qualidade, pois precisamos buscar o tripé de sustentabilidade econômica, ambiental e social. A responsabilidade social pode ser integrada às principais normas da série ISO como forma de agregar valor. O Sistema de Gestão Ambiental é a base para termos uma empresa ambientalmente correta, na qual aprenderemos que temos dois grandes focos de trabalho, por um lado a organização, gerando um sistema perene, e por outro os trabalhos sobre produtos e processos. Os diferenciais atuais passam pela rotulação e selos ambientais que agregam mais do que valor comercial à marca, eles demonstram que a empresa está integrada em um propósito maior. Como exemplo de selos também podemos citar o FSC, que trabalha com o tripé Social, Econômico e Ambiental. 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 1: Estratégia de Implementação de Sistemas Integrados Um sistema integrado de gestão não consiste em juntar sistemas separados, mas integrados, com ligações para que processos semelhantes sejam perfeitamente geridos e executados sem duplicação. Muitas vezes, é mais eficiente combinar os três sistemas partilhando as cláusulas e os procedimentos comuns. Os componentes do SGI, comuns a todos os sistemas, incluem os recursos (pessoas, instalações, equipamento etc.) e certos processos documentados e aplicados em toda a organização. O SGI interliga sistemas de gestão da qualidade (SGQ) — ISO 9001, sistemas de gestão ambiental (SGA) — ISO 14001, e sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho (SGSST) — OHSAS 18001. A integração desses sistemas visa simplificar a implementação dessas normas nas organizações. Não é tão simples assim, mas, atualmente, fortalece-se cada vez mais a proposta de um modelo de gestão integradaou sistema integrado de gestão (SIG). Muitos são os pontos comuns entre os sistemas da qualidade, do meio ambiente e da saúde e segurança. Como exemplo temos a política que trata de qualidade, meio ambiente, saúde e segurança; a organização da documentação envolvendo um único manual geral de gestão; os procedimentos; as instruções e os registros; a capacitação do pessoal e até a definição de responsabilidades. A realização de ação corretiva, ação preventiva, melhorias, auditorias internas e análise crítica também podem ser unificadas. O Quadro 1 compara pontos específicos e comuns aos sistemas de qualidade, ambiental e de saúde e segurança do trabalho. Mesmo que os documentos normativos de referência sejam diferentes, eles são complementares e baseiam-se na atuação da empresa. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 1: Integração de sistemas. Fonte: Gozzi, 2015. O elo entre os três temas está na organização dos processos da empresa. É nos processos que os colaboradores executam as atividades da empresa, representando o meio, fazendo uso de recursos, como materiais, máquinas, métodos e medições, gerando o produto final, subprodutos e também os rejeitos. Benefícios da gestão integrada A gestão integrada apresenta os seguintes benefícios: • Otimização e redução do tempo com atividades de conscientização e treinamento (treinamentos integrados); • Economia de tempo e custos; • Melhoria na gestão de processos; • Maior controle dos riscos de acidentes; • Análises críticas, pela direção, mais eficazes; • Maior comprometimento da direção; • Redução e controle de custos ambientais; • Redução de documentos; • Utilização mais eficaz de recursos internos e infraestrutura; • Melhor comunicação com as partes interessadas; • Redução de custos de manutenção do sistema; 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Simplificação das normas e das exigências dos sistemas de gestão; • Menor tempo total de paralisação das atividades durante a realização das auditorias; • Possibilidade da realização de uma implementação progressiva e modular dos sistemas; • Alinhamento dos objetivos, processos e recursos para diferentes áreas funcionais (segurança e qualidade ambiental); • Redução da burocracia; • Redução do nível de complexidade dos sistemas; • Eliminação de esforços duplicados e de redundâncias; • Sinergia gerada pelos diferentes sistemas implementados de maneira conjunta; • Aumento da eficácia e melhoria da eficiência do sistema; • Redução de custos de desenvolvimento e implementação (menor número de elementos a serem implementados); • Redução dos custos com auditorias internas e de certificação; • Satisfação de clientes, funcionários e acionistas; • Satisfação dos critérios dos investidores e melhoria do acesso ao capital; • Aumento de competitividade; • Controle preventivo do processo. Sem dúvida, a organização e a implementação do sistema integrado de gestão representam um investimento direto na modernização da gestão da empresa, pois propiciam a redução de custos, aumentam a satisfação dos colaboradores e a confiança dos clientes, o que gera resultados para a empresa e para a sociedade. A gestão integrada conduz a empresa à excelência empresarial. 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 2: Avaliação da Qualidade na Logística e Fornecedores Uma das exigências da ISO 9001 é que as empresas avaliem seus fornecedores e prestadores de serviços. As empresas certificadas pela ISO 9001 passaram a fazer exigências a seus fornecedores, geralmente empresas de pequeno e médio porte. O requisito 7.4 (Aquisição) para a versão 2008, e na versão 2015 da norma, passa a ser o requisito 8.4 (Controle de processos, produtos e serviços providos externamente). Este é aplicado a materiais e prestadores de serviços críticos, que afetam diretamente a qualidade do produto, do serviço fornecido ou a capacidade de a empresa cumprir a legislação. A solicitação para compra de material crítico deve ser feita utilizando formulário específico, anexando-se a especificação do material. A especificação deve descrever de modo suficiente o material a ser adquirido. Quando aplicável, a especificação deve definir critérios de aprovação do material e exigências relativas à implantação de sistema de qualidade pelo fornecedor. A área de compras consulta a lista de fornecedores aprovados para aquele material e providencia cotações, disponibilizando cópia da especificação. A organização deve definir o número mínimo de cotações, em função do tipo de material a ser adquirido. Será escolhida a cotação que apresentar a melhor relação custo/prazo. Para o fornecedor selecionado é emitida uma autorização de fornecimento ou ordem de compra, fazendo referência à especificação do material. O setor responsável pelo recebimento faz a inspeção do material. No caso de materiais especiais, será solicitado ao usuário do material que faça a inspeção. Caso o material recebido seja rejeitado pelo usuário ou esteja em desacordo com o pedido, o órgão de inspeção preenche o relatório de não conformidade, toma providências até a solução definitiva do problema e comunica à área financeira que suste o pagamento até que a pendência seja resolvida. 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A extensão e o tipo de avaliação que deve ser feita de um fornecedor é uma decisão da organização compradora. Porém, ela deve ser necessariamente documentada. A avaliação dos fornecedores pode levar em consideração o seguinte: Inspeção de recebimento — é o tipo mais frequente de avaliação. É uma exigência da norma. Se registros evidenciam que o fornecedor tem disponibilizado à empresa, consistentemente, produtos dentro das especificações contratadas, e se esses produtos não são críticos para a qualidade do produto final da sua organização, então, essa evidência pode ser considerada uma forma de avaliação de fornecedor. Auditoria — é uma forma de avaliação mais cara. Normalmente só é utilizada para fornecedores críticos. O comprador faz uma auditoria no sistema da qualidade do fornecedor. Certificação por terceira parte — certificação por terceira parte significa que um organismo, independente das duas partes contratantes (cliente e fornecedor ou fornecedor e fornecedor), vai atestar a capacidade do sistema da qualidade em atingir os requisitos da NBR ISO 9001. Essa certificação, quando obtida, é o método mais adequado de avaliação de fornecedor. Como a avaliação de todos os fornecedores é praticamente irrealizável, a recomendação é concentrar-se naqueles fornecedores cujos produtos são críticos para a qualidade dos resultados finais da organização. Assim, as avaliações de fornecedores devem atingir aqueles que produzem matérias-primas, alguns insumos, equipamentos e instrumentos que são realmente críticos para a qualidade do que é produzido. Incluir também a avaliação de prestadores de serviços críticos, como calibração de instrumentos, por exemplo. A qualificação técnica do fornecedor pode ser feita levando em conta os seguintes pontos: • Preenchimento de questionário de autodiagnóstico do sistema da qualidade. 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Atestados de fornecimento de materiais para outras organizações do ramo. • Atestado de fornecimento de materiais para empresas certificadas pela ISO 9001. • Certificaçãode sistema da qualidade pela ISO 9001. • Atestado de cadastramento em organizações do ramo da organização. Quando já for fornecedor, avaliação dos fornecimentos realizados no último ano, quando serão avaliados estes aspectos: Qualidade intrínseca do produto; Prazo de atendimento; Fornecimento de certificados; Assistência técnica pós-venda. Na indústria, é comum que se expliquem, nas especificações de matérias-primas e insumos, por exemplo, somente requisitos de características de produtos, negligenciando-se outras informações relevantes, como tipo de embalagem, condições de fornecimento, informações de manuseio, condições de estocagem, condições de amostragem, rastreabilidade e, finalmente, métodos de análise, controle estatístico de processo, etc. Envolver os principais fornecedores desde o início do processo de desenvolvimento requer políticas estáveis de relacionamento em longo prazo, em que haja confiança e cooperação mútuas. A qualidade assegurada pelo processo começa nas instalações dos fornecedores. Tema 3: ISO 26001 - Responsabilidade Social A ISO desenvolveu uma norma internacional que fornece orientações sobre a responsabilidade social (RS). A orientação-padrão, a designada como ISO 26000, atualmente na sua versão 2010, será voluntária, uma vez que os 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico conceitos que envolvem a responsabilidade social não são uniformes no mundo e dependem das condições dos países. Assim, a norma não inclui exigências e não vai ser destinada à certificação. A ISO escolheu o Sueco Standards Institute (SIS) e a ABNT para liderar o grupo de trabalho sobre responsabilidade social (WG SR), ao qual foi atribuída a tarefa de elaborar uma norma internacional de responsabilidade social. No Brasil, a ABNT tem como requisitos para um sistema de gestão de responsabilidade social a ABNT NBR 16001:2012. Estruturada de forma diferente das normas ISO, a ABNT NBR 16001:2012 tem como objetivo "prover às organizações os elementos de um sistema de gestão da responsabilidade social eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão", de forma a atingir os objetivos. Os requisitos constituem a essência da norma e foram estruturados para permitir a melhoria contínua nas organizações. A norma enfatiza que, para o sucesso do sistema, é essencial o comprometimento de todos os níveis e funções da organização, especialmente a alta administração. Ela se baseia na concepção de desenvolvimento sustentável, traduzida por três preceitos para se configurar a responsabilidade social: Sustentabilidade econômica; Sustentabilidade ambiental; Sustentabilidade social. 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 1: Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética. Disponível em: <http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?codigo=16450&secao=Revista>. No seu item 6 ─ Orientações sobre temas centrais da responsabilidade social ─ está escrito que, para definir o escopo de sua responsabilidade social, identificar questões relevantes e estabelecer suas prioridades, convém que a organização aborde os seguintes temas centrais: governança organizacional; direitos humanos; práticas de trabalho; meio ambiente; práticas leais de operação; questões relativas ao consumidor; envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Os aspectos econômicos, bem como aspectos referentes à saúde e segurança e cadeia de valor, são abordados ao longo dos sete temas centrais, quando apropriado. As diferentes maneiras como os homens e mulheres podem ser afetados por cada um dos sete temas centrais também são levadas em conta. Cada tema central inclui uma série de questões de responsabilidade social, que são descritas nesta seção com suas ações e expectativas relacionadas. Uma vez que a responsabilidade social é dinâmica, refletindo a evolução dos interesses socioambientais e econômicos, outras questões podem aparecer no futuro. Convém que as ações sobre esses temas e questões centrais se baseiem em princípios e práticas de responsabilidade 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico social (ver Seções 4 e 5). Para cada tema central, convém que uma organização identifique e aborde todas as questões que sejam significativas ou relevantes para suas decisões e atividades (ver Seção 5). Ao avaliar a relevância de uma questão, convém levar em consideração objetivos de curto e longo prazos. Entretanto, não há uma ordem pré-determinada em que convém que uma organização aborde os temas e questões centrais; isso dependerá da organização e de sua situação ou contexto particulares. Embora os temas centrais sejam inter-relacionados e complementares, a natureza da governança organizacional é diferente de outros temas centrais (ver 6.2.1.2). Uma governança organizacional eficaz permite que uma organização aja sobre outros temas e questões centrais e implemente os princípios descritos na Seção 4. Em aplicação à norma SA 8000, existe outra norma, delineada pela Social Accountability International (SAI), a qual define como requisitos de responsabilidade social os seguintes temas: trabalho infantil; trabalho forçado; saúde e segurança; liberdade de associação e direito à negociação coletiva; discriminação; práticas disciplinares; horário de trabalho; remuneração; sistemas de gestão. Além disso, essa norma considera também critérios de gestão para sistemas de gestão de responsabilidade social que incluem uma estrutura de gestão similar à da ISO 9001. Dentro dos critérios de qualidade para as organizações, a responsabilidade social é vista pelos clientes, pelos consumidores e pelas organizações como itens que denotam o nível de qualidade atingido pela instituição em seus procedimentos e, consequentemente, na elaboração de bens e serviços. Essa questão agrava-se ainda mais no Brasil, com as recorrentes notícias de trabalho escravo, trabalho realizado por crianças (que deveriam estar na escola) e outras práticas que, apesar de abomináveis, estão presentes nas sociedades. 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A ISO 26000 visa reduzir custos e agregar valor aos demais sistemas de gestão existentes na empresa (ISO 9001, ISO 14001, ISO 27001, OHSAS 18001, etc.). Fica claro e evidente que o conceito de qualidade abordado pela responsabilidade social transcende, mas não isenta as organizações de contribuírem para a sua melhoria. Tema 4: Gestão e Certificação Ambiental para 14.001 A implantação da série das normas ISO 14000, mesmo tendo sua atual revisão para a versão 2015, continua com o mesmo macrodirecionamento na gestão ambiental das organizações. Essa se dá mediante dois enfoques: organização e produto/processo (Figura 2). As normas dessa série têm caráter voluntário e não preveem a imposição de limites próprios para medidas de poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho etc. São concebidas como um sistema orientado para melhorar o desempenho ambiental da organização, por meio do aperfeiçoamento contínuo de seu sistema de gestão. Figura 2: Estrutura ISO 14000. Fonte: Moraes, 2014. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Os setores envolvidos com o meio ambiente variam conforme o tamanho e a estrutura da empresa. Hoje, a responsabilidade pela implantação do SGA e pela certificação da ISO 14001 geralmente é centralizada no setor de qualidade e/ou saúde e segurança. Em vista de tal situação, verifica-seque grande parte das empresas está criando setores específicos voltados para a área ambiental, os quais interagem como os outros setores e, consequentemente, realizam a maioria dos projetos com mais agilidade e eficácia. Todavia, é um equívoco afirmar que a questão ambiental deve ser incumbência apenas do setor responsável por tal aspecto. Afinal, considerando-se toda a trajetória do produto, várias são as áreas envolvidas, as quais devem ter como elo, direta ou indiretamente, as questões ambientais da empresa (Figura 2). Figura 2: Áreas da organização e ligação com sistema ambiental. Fonte: Moraes, 2014. Compras: Especificações e aquisição de matérias-primas que produzam menor quantidade de resíduos e poluentes; qualificação de 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico fornecedores que possuam bom desempenho ambiental, em especial no que se refere ao armazenamento e ao manuseio de matéria-prima. Planejamento: Programação de atividades e investimentos decididos pela direção da empresa. Engenharia: Incorporação da variável ambiental no projeto dos produtos e serviços. Pesquisa e desenvolvimento: Estudo das tendências do mercado em relação às exigências ambientais de novos produtos a serem lançados pela empresa. Concepção de lançamento de produtos com bom desempenho ambiental — marketing ecológico. Produção: Melhoria dos processos produtivos e da confiabilidade destes, com vistas a reduzir acidentes: caracterização de resíduos, atividades de reaproveitamento, reciclagem e recuperação de materiais, transportes, etc. Qualidade: Aprovação de documentos, verificação de processos, controle de qualidade, metrologia, elaboração de estatísticas de emissões, etc. Segurança do trabalho: Preparação de procedimentos e documentos necessários que possam auxiliar nas emergências ambientais, entre outros. Alguns dos benefícios da implantação da ISO 14001 na melhoria do desempenho ambiental abrangem benefícios para o processo, para o produto e para a organização, os quais serão pontuados a seguir: Benefícios para o processo: economia de material; aumento no rendimento do processo; redução de paralisações (falhas no processo); melhor utilização dos subprodutos; conversão dos desperdícios em valor; economia de energia; redução de custos de armazenagem e manuseio de materiais; ambiente de trabalho mais seguro; eliminação ou redução do custo das atividades (resíduos). Benefícios para o produto: produtos com melhor qualidade e mais uniformidade; redução do custo do produto; redução dos custos de embalagem; produtos com uso mais eficiente dos recursos; aumento da 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico segurança dos produtos; redução dos custos líquidos do descarte do produto pelo cliente; maior valor de revenda e de sucata do produto. Benefícios gerais para a organização: aumento da satisfação do cliente; melhoria da imagem da empresa; conquista de novos mercados; redução dos riscos com penalidades legais e acidentes; melhoria da administração da empresa (maior controle dos processos organizacionais); permanência do produto no mercado; mais facilidade na obtenção de financiamentos; demonstração (a clientes, vizinhos e acionistas) da existência de um sistema ambiental bem estruturado, capaz de proporcionar vantagens às empresas. Tema 5: Rotulagem Ambiental e Auditoria Florestal O primeiro programa de rotulagem ambiental (Blue Angel), criado em 1977, foi uma iniciativa do governo alemão em conjunto com outros setores da sociedade, especialmente as associações e as igrejas. Uma das motivações do governo alemão para o programa oficial de rotulagem ambiental foi a percepção de que a diferenciação dos produtos encontrava receptividade no mercado consumidor e, consequentemente, poderia constituir um novo instrumento para induzir as empresas a melhorar seu desempenho ambiental. A partir da criação do Blue Angel, vários países, em diferentes partes do mundo, passaram a adotar programas de rotulagem ambiental: Nordic Swan (Noruega), Environmental Choice/Choix Environmental (Canadá), EcoMark (Japão), Green Seal (Estados Unidos), Nordic Swan (Países Nórdicos) e Ecolabel (Comunidade Europeia) (Figura 3). 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 3: Selos de identificação de rotulagem ambiental Fonte: Moraes, 2014. A primeira iniciativa brasileira para criação de um selo verde ocorreu na década de 1990. Logo após a Eco-92, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) selecionou o projeto conjunto da ABNT e do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). Tal ação objetivava estabelecer uma proposta voluntária de certificação por meio de um projeto-piloto destinado a uma categoria de produtos pré-selecionados — papel, couro e calçados, eletrodomésticos e artigos de higiene, aerossóis livres de clorofluorocarbonetos (CFC), baterias de automóveis, detergentes biodegradáveis, lâmpadas, móveis de madeira e produtos para embalagem. Os rótulos ambientais são selos de comunicação que visam informar ao consumidor algum aspecto ambiental do produto e evidenciam que este atende aos padrões ambientais requeridos para o seu uso. Os produtos são classificados por categorias e o selo é concedido para produtos que causem menor impacto ambiental quando comparados a seus similares no mercado. Isso significa que os produtos com selos ou rótulos 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico ambientais amenizam os danos ao meio ambiente, porém não garantem a ausência de impactos neste. Certificação FSC O sistema de certificação de manejo florestal do FSC, criado em 1994, baseia-se em princípios, critérios e indicadores que medem a performance de campo do manejo florestal aplicado à produção de produtos derivados da floresta. Ele se apoia no tripé ambiental, social e econômico, por serem forças que sustentam em longo prazo a manutenção e a viabilidade de uma floresta manejada com fins produtivos ou de serviços. A Figura 4 ilustra o ciclo norteador do FSC. Figura 4: Tripé da certificação de FSC. Fonte: Moraes, 2014. Os princípios são os objetivos maiores do sistema e cada critério serve de base para a posterior formulação dos indicadores de verificação local, os quais devem demandar, no mínimo, o que é requisitado pelos critérios. Seguem princípios norteadores: Cumprimento das leis; Direito dos trabalhadores e condições de emprego; Direito dos povos indígenas; Relações com a comunidade; Benefícios da floresta; 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Valores e impactos ambientais; Planejamento do manejo; Monitoramento e avaliação; Altos valores de conservação; Implementação de atividades de manejo. Tipos de auditoria A certificação possui três tipos de auditoria: Auditoria de pré-avaliação: Um passo obrigatório somente para grandes unidades de manejo. Auditoria de avaliação: Momento de análise do desempenho da empresa quanto aos requisitos de certificação, podendo ou não ela ser recomendada à organização. Auditoria de monitoramento: Ocorrerá anualmente ao longo do ciclo de certificação (cinco anos). Síntese Aprendemos nesta aula diversos conceitos que mostram que os sistemas atuais devem corroborar não somente com a organização, mas também com sua cadeia de fornecimento, sociedade e ambiente. A responsabilidade de cada empresa na atualidade transcende suas fronteiras e osclientes que, com os avanços do mercado cibernético, podem estar do outro lado do mundo, querendo comprar de empresas com propósitos bem definidos. 19 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências GOZZI, M. P. Gestão da Qualidade em bens e serviços. Editora Pearson, 2015. MORAES, C. S. B.; PUGLIESE, E. (Orgs.). Auditoria e certificação ambiental. Editora InterSaberes, 2014. SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. REVISTA BANAS QUALIDADE. Responsabilidade social, sustentabilidade e ética: ligados para uma atuação empresarial mais responsável. Disponível em: <http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?codigo=16450& secao=Revista>. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Sistemas de Gestão da Qualidade Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Gestão Estratégica da Qualidade Tema Sistemas de Gestão da Qualidade Professor Elton Ivan Schneider Introdução Para Oakland (2007), a implantação de um programa de qualidade na organização requer um “Planejamento Sistemático” das ações. Sem essa ação, a eficácia do programa fica comprometida. Dentro dessa proposta de planejamento sistemático, o autor propõe que se realizem duas atividades distintas, porém igualmente importantes: o Planejamento da Qualidade Pretendida para a Organização e o Planejamento do Sistema de Qualidade. O Planejamento da Qualidade Pretendida tem relação direta com a estratégia organizacional, seus objetivos, metas e políticas. Já o Planejamento do Sistema da Qualidade leva em consideração as características do processo produtivo da organização, seus produtos e serviços para a determinação do melhor sistema de qualidade a ser adotado pela organização. Neste tema de estudos abordaremos esses dois planejamentos. Antes de iniciarmos, assista ao resumo dos temas que serão abordados no vídeo no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização Um bom diagnóstico da situação atual da empresa pode ajudar nas definições que ela precisa realizar para montar um bom programa de qualidade. No vídeo no material on-line, analise o caso de uma empresa e note como isso acontece. O Planejamento da Qualidade Pretendida Assista ao vídeo no material on-line e entenda como é feito o planejamento da qualidade pretendida. O Planejamento da Qualidade Pretendida envolve um conjunto de ideias, valores e princípios que nortearão as atividades de qualidade da empresa. Envolve aspectos do tipo: As outras informações que a empresa ache importante para seu Plano de Qualidade podem ser adicionadas a esses itens. Oakland (2007) recomenda que se realize uma análise preliminar para o Planejamento da Qualidade, como demonstrado a seguir. Figura 01: Análise Preliminar para o Planejamento da Qualidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Fonte: Oakland (2007, p.76) Uma vez que a organização tenha definido os aspectos gerais de seu programa de qualidade, ela pode iniciar a operacionalização do processo. Deve-se lembrar que o investimento em programas de qualidade traz resultados imediatos após a sua implantação, muitas empresas se iludem de que isso manterá o programa em funcionamento em longo prazo. A visão da implantação de programas de qualidade deve estar voltada ao longo prazo, para a mudança de comportamento organização em relação aos problemas e processos organizacionais. O ideal é que uma vez implantado o sistema, ele se realimente continuamente, gerando qualidade e produtividade para a organização, tanto no curto quanto no longo prazo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Para Oakland (2007), um plano para a implantação do sistema de qualidade da organização deve seguir etapas como as relacionadas na seguinte figura. Figura 02: Plano para operacionalização de um sistema da qualidade Fonte: Adaptado de Oakland (2007, p. 77). A Escolha do Sistema de Gestão da Qualidade No vídeo no material on-line, note como foram criados os sistemas de qualidade. As ações em busca de sistemas de normalização das atividades das CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 organizações remontam ao século XVIII, quando foram estabelecidos os padrões para o sistema métrico de medidas. Isso foi imediatamente introduzido na indústria, devido ao sistema de produção em série, em que os produtos fabricados exigiam componentes adequados ao sistema produtivo e principalmente intercambiáveis entre os vários produtos produzidos. Após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 1947, a International Organization for Standardization (ISO - Organização Internacional de Normalização) iniciou suas operações. A palavra ISO foi escolhida para representar a organização em função de seu significado, que tem origem no grego “isos” e significa “igual”. A utilização dos conceitos de gestão na Norma ISO tem trazido uma série de vantagens, entre as quais: Os sistemas de gestão atualmente em uso podem ser diferenciados por seus objetivos globais. A seleção do programa de qualidade a ser implantado em uma organização normalmente depende das características de seu processo produtivo. Por isso, é importante que sejam analisados os seguintes itens: Características da Planta Industrial: o layout industrial, o tipo de processo, a forma de produção, as formas de armazenamento e transporte, o nível de inspeção de matérias-primas e produtos acabados, condições de iluminação e temperatura, entre outros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Características do Processo Produtivo: as características da mão de obra, o nível de automação e de uso da tecnologia, os índices de refugo e de retrabalho, a necessidade de instrumentos de medição, os sistemas para a identificação de falhas, entre outros. Condições Gerais de Funcionamento da Empresa: a idade média dos equipamentos, os programas de manutenção e de conservação, os planos de treinamento e de desenvolvimento da mão de obra, a existência de procedimentos operacionais, os sistemas de informação para programação, o controle, o acompanhamento e a gestão do processo produtivo. Características do Cliente/Mercado: como se dá o relacionamento com o cliente/mercado, qual o posicionamento da organização frente à concorrência, a tecnologia e os produtos substitutos. A implantação de sistemas de gestão da qualidade exige que se façam mudanças no sistema de gestão da organização. A palavra “sistema” aqui é utilizada para expressar a ideia de “todo”, ou seja, a organização com um todo em busca da qualidade: em seus produtos e serviços, em seus processos, das pessoas e de gestão. A evolução dos sistemas de gestão da qualidade deve ser o foco da organização, na qual a implantação desses sistemas deve evoluir, propiciando um diferencial competitivo. Outro conceito inerente a gestão de sistemas envolve a retroalimentação ou feedback, conceito segundo o qual o sistema se realimenta, melhora e evolui. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 É ideal que a organização inicie pela implantação de: A interdependência dos sistemas de gestão da qualidade não impede que as organizações optem por uma sistemática em detrimento de outra. Aconselha-se, porém, que sigam um determinadoroteiro e tracem planos de melhorias para seus sistemas. Objetivos Globais dos Sistemas de Gestão Sistema de Gestão da Qualidade – NBR ISO 9001:2000 - Fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis. - Aumentar a satisfação dos clientes. Sistema de Gestão Ambiental – NBR ISO 14001:2004 - Controlar os impactos de atividades, produtos e serviços sobre o meio CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 ambiente. - Melhorar o desempenho ambiental. Sistema de Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional – OHSAS 18001:2007 - Controlar os riscos à segurança e à saúde ocupacional. - Melhorar continuamente as condições de segurança e de saúde ocupacional. Sistema de Gestão de Responsabilidade Social – SA 8000:2001 - Melhorar condições de trabalho. - Promover o respeito aos direitos dos trabalhadores. Sistema de Gestão de Responsabilidade Social – ABNT NBR 16001:20043 - Controlar os impactos sociais das organizações em suas três dimensões: econômica, ambiental e social. - Promover a cidadania, a transparência e o desenvolvimento sustentável. A implantação de sistemas de gestão leva em consideração princípios comuns: Foco no cliente: Uma organização não existe sem seus clientes, portanto, é tarefa primordial da organização identificar, classificar, segmentar e satisfazer as necessidades de todos os seus clientes. Liderança: O exemplo e a dedicação vêm de cima. Os rumos, os propósitos a visão de futuro da organização devem ser estabelecidos pela liderança da organização O planejamento, o controle, a melhoria da qualidade, estabelecer objetivos e metas, criar e respeitar valores, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 treinar e qualificar pessoas e encorajar a mudança são tarefas da alta direção da empresa. Pessoas: Assegurar que as pessoas sejam treinadas e qualificadas também é função da alta administração do negócio. É muito importante também conscientizá-las sobre o seu papel e de todos no processo; da aceitação da responsabilidade pelos resultados do negócio; do seu envolvimento na solução de problemas e na melhoria dos sistemas implantados; da troca de experiências e da evolução em termos de conhecimentos, habilidades, capacidades e competências individuais que contribuam para o desenvolvimento de novas competências organizacionais. Abordagem de Processo: A organização precisa identificar seus macroprocessos, aqueles que cruzam as barreiras departamentais e que representam valor para o cliente. Isso inclui: planejar os processos definindo sua sequência de execução, seus requisitos, formas de mensuração; implantar esses processos para o controle do desempenho; fazer a análise e a melhoria dos processos para a retroalimentação do sistema. Abordagem Sistêmica de Gestão: A organização é composta por um conjunto de sistemas interdependentes, relacionados entre si, com objetivos comuns e objetivos próprios, mas com uma única meta: manter a empresa em funcionamento gerando resultados. Melhoria Contínua: Sistemas que se realimentam não tem a garantia de sucesso, porém sistemas de gestão com envolvimento de pessoas e centrados na necessidade de seus clientes tendem a se manter. A evolução dos sistemas deve ser a marca registrada de um sistema de gestão da qualidade. Abordagem factual para tomada de decisões: Não se pode gerenciar o que não é possível de ser medido, daí a necessidade de informações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 a respeito dos processos da organização. A tomada de decisão deve ser calcada em fatos e números a respeito dos principais indicadores do sistema de gestão da qualidade. Relacionamento com os Fornecedores: A criação de parcerias com os fornecedores exige da organização uma comunicação clara e transparente, compartilhamento de informações, desenvolvimento conjunto de novos processos, matérias-primas e componentes, além de evolução em seus sistemas de gestão. Responsabilidade Social: Este item exige da empresa a compreensão de que a sociedade é parte interessada na organização e que suas necessidades precisam ser atendidas e superadas. Responsabilidade Ambiental: O meio ambiente é um recurso finito e pertence a sociedade, portanto, cabe a organização a obrigação de prever em seus processos a manutenção do meio ambiente, que é um recursos escasso mas de todos nós. No link a seguir, conheça os fundamentos para o estabelecimento de um Modelo Estratégico de Gestão da Qualidade – MEG – PNQ. http://www.mbc.org.br/mbc/uploads/biblioteca/1300823597.7285A.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Para a gestão de um sistema da qualidade precisamos levar em conta que: No link a seguir, faça a leitura do Manual de Estratégias e Planos do Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ. http://www.ifba.edu.br/professores/antonioclodoaldo/13%20PR%C3%8A MIOS%20DE%20EXCEL%C3%8ANCIA%20EM%20GEST%C3%83O/01%20P NQ/CADERNOS...AVAN%C3%87ADOS/CadernosExcelencia2008_02_estrate gias.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 A figura 03: Modelo de um sistema de gestão da qualidade. Fonte: NBR ISSO 9001:2000 Para Oakland (2007), um plano de qualidade estabelece detalhes para os sistemas, procedimentos, materiais ou serviços comprados, produtos e/ou serviços a serem fabricadas, as necessidades de máquinas e da tecnologia produtiva. Além disso, estabelecem as formas de controle do processo, os níveis de treinamento e desenvolvimento da mão-de-obra, as formas de controle da qualidade, os tipos de ferramentas a serem utilizadas no processo produtivo e as formas de armazenagem e distribuição. Isso significa dizer que a organização deve ouvir a voz do cliente ao estabelecer seus processos produtivos e que um programa de qualidade deve estabelecer a voz do processo: indicar os requisitos a serem atendidos para atingir a qualidade e satisfazer as suas necessidades dos clientes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Revendo a Problematização Muito bem! Acredito que já tenhamos tido tempo suficiente para refletir sobre o caso apresentado no início dos estudos deste tema. Caso queira ver o caso novamente antes de responder, assista novamente ao vídeo da Problematização. Caso contrário, escolha a melhor alternativa: a. Implantar um sistema de qualidade com base nas normas ISO 9000. b. Elaborar um Planejamento para a Qualidade. c. A implantação de um sistema de qualidade com base na norma OHSAS 18001 sobre segurança no trabalho. Síntese Neste tema você viu que o principal requisito para o sucesso de um programa de qualidade é o planejamento sistemático da qualidade organizacional. E que para atingi-lo a empresa deve melhorar seus processos e procurar ouvir e atender as necessidades de seus clientes. Para concluir, acompanhe o vídeo de síntese no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Referências OAKLNAD, J. S. Gerenciamento da Qualidade Total. São Paulo: Editora Nobel, 2007. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 ATIVIDADES 1. A qual sistema de gestão se relacionam as descrições a seguir? “Fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis.” “Aumentar a satisfação dos clientes” a. NBR ISO 9001:2000 b. NBR ISO 14001:2004c. OHSAS 18001:2007 d. SA 8000:2001 2. A qual sistema de gestão se relacionam as descrições a seguir? “Controlar os impactos de atividades, produtos e serviços sobre o meio ambiente”. “Melhorar o desempenho ambiental”. a. NBR ISO 9001:2000 b. NBR ISO 14001:2004 c. OHSAS 18001:2007 d. SA 8000:2001 3. A qual sistema de gestão se relacionam as descrições a seguir? “Controlar os riscos de segurança e saúde ocupacional.” CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 “Melhorar continuamente as condições de segurança e saúde ocupacional.” a. NBR ISO 9001:2000 b. NBR ISO 14001:2004 c. OHSAS 18001:2007 d. SA 8000:2001 4. A qual sistema de gestão se relacionam as descrições a seguir? “ Melhorar as condições de trabalho.” “Promover o respeito aos direitos dos trabalhadores.” a. NBR ISO 9001:2000 b. NBR ISO 14001:2004 c. OHSAS 18001:2007 d. SA 8000:2001 5. A qual sistema de gestão se relacionam as descrições a seguir? “Controlar os impactos sociais das organizações em suas três dimensões econômica, social e ambiental.” “Promover a cidadania, a transparência e o desenvolvimento sustentável.” a. NBR ISO 9001:2000 b. NBR ISO 14001:2004 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 c. OHSAS 18001:2007 d. NBR 160012004 – ISO 26000 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Avaliação em Sistemas de Gestão da Qualidade Projeto Pós-Graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Gestão Estratégica da Qualidade Tema Avaliação em Sistemas de Gestão da Qualidade Professor Elton Ivan Schneider Introdução Quando discutimos a questão da qualidade na atualidade, não discutimos sua importância como diferencial competitivo, mas sim como obrigatoriedade das empresas que querem competir em um mercado cada vez mais globalizado e concorrencial. Paladini (2008) argumenta que não se discute mais o porquê da qualidade, mas o como fazê-lo, ou seja, quais são as estratégias, as ferramentas, os métodos ou os mecanismos de gerenciamento da qualidade que iremos utilizar na empresa que administramos. Outro aspecto discutido envolve o fato de os conceitos de qualidade serem complexos e evoluírem em função do contexto em que vivemos. Eles são relativos e dinâmicos, dessa forma, o que nos resta é avaliar constantemente não só o conceito de qualidade de nossas organizações, como verificar constantemente a satisfação de nossos clientes em relação aos produtos e serviços que são ofertados pela empresa. Se o conceito é dinâmico e mutável, significa dizer que sua avaliação também deve ser dinâmica e adaptável ao contexto. A medição dos resultados organizacionais em relação aos programas de qualidade, e à qualidade em si, é uma forma de manutenção da performance organizacional. A motivação inicial dos programas de qualidade com o tempo se deteriora, a avaliação funciona como um mecanismo de reativação do sistema de qualidade, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 impelindo que a empresa a busque a melhoria contínua. Dessa forma, neste tema de estudos abordaremos os seguintes aspectos: o uso de indicadores na avaliação da qualidade e a classificação dos indicadores de desempenho. (Vídeo disponível no material on-line) Problematização A XYZ fabricante de embalagens plásticas para água mineral, em tamanhos variáveis, encontra-se em um dilema: como proceder com a implantação de um programa de qualidade em seus processo produtivos? Para tanto temos alguma informações: a empresa produz embalagens plásticas em grandes volumes, 3.000 unidades por hora, o que impede o controle de 100% das peças; seu pessoal de fábrica têm como base de formação o ensino médio e, portanto, sabem ler e dominar as especificações de produto, bem como controlá-las; cada cliente tem suas próprias especificações; muitos dos fornecedores da empresa são certificados ISO 9000. Qual o programa de qualidade a ser adotado em seu processo produtivo? Você não precisa responder agora! Realize seus estudos sobre este tema e escolha a melhor alternativa para a sua situação mais adiante. (Vídeo disponível no material on-line) O uso de indicadores na avaliação da qualidade A avaliação de um sistema de qualidade pressupõe medição dos resultados. Resultados medidos facilitam a tomada de decisão na organização e, portanto, sua gestão. Dessa forma, a seleção de um conjunto de indicadores CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 de desempenho em bases mensuráveis, ou seja, quantitativas e numéricas, se faz necessário. Cada organização procura estabelecer um conjunto de indicadores que permitam a comparação do desempenho organizacional e a compreensão das distorções de desempenho, de modo que sejam fáceis de serem levantados e principalmente que sejam precisos, sem ambiguidade ou dúvida em relação forma como foram obtidos. Para Paladini (2008) os indicadores de qualidade e produtividade devem ter as seguintes características: a. Objetividade: devem expressar de forma simples e direta a situação a qual se refere a avaliação. Ex.: % de refugo = número de peças refugadas em relação ao total de peças produzidas. b. Clareza: deve ser perfeitamente compreensível sem o uso de suporte teórico sofisticado. Ex.: peças refugadas = são peças que não podem ser passadas ao próximo processo por apresentarem características que comprometem o desempenho do produto, sejam elas de dimensões, aparência ou funcionalidade. c. Precisão: devem ser entendidos por todos os envolvidos da mesma forma. Ex.: dimensão fora do padrão: para comprimento e largura, em peças com mais de 1.000mm x 1.000 mm, toda e qualquer variação superior a +- 2 mm será considerada como fora do padrão. d. Viabilidade: um indicador não mede intenções, mas fatos e dados efetivamente obtidos, dessa forma, é preciso que a organização estabeleça programas de treinamento das pessoas para a medição dos indicadores, bem como, disponibilize os instrumentos de medição adequados à função. e. Representatividade: um indicar deve expressar exatamente o que acontece, na situação em que são aplicados. Em caso de amostras de processos, é importante que o universo de produtos analisados seja bem definido, que a frequência seja estabelecida e que ações sejam tomadas para cada problema analisado. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 f. Visualização: a melhor forma de visualizar um indicador, normalmente, envolve o uso de imagens e gráficos. Quanto mais fácil for a visualização do indicador, maiores as chances de ele ser efetivamente gerenciado. g. Ajustes: como dito anteriormente, a qualidade é conceito dinâmico e mutante, cabe aos gestores do processo realizar ajustes no sistema de indicadores. O que se aplica a uma organização pode ser suficiente para outra, ou até mesmo, não expressar a realidade do processo. h. Unicidade: um mesmo indicador deve ser medido e gerenciado em diferentes momentos, locais e contextos, sem a necessidade de adaptações em processos com as mesmas características. i. Alcance: um indicador sempre prioriza a gestão de um processo que gera resultado, uma peça refugada indica o efeito indesejado de um processo, então a ênfase da avaliação deve estar na identificação da causa do refugo e na análise do processo que gerou o produto fora do padrão. j. Resultados: os indicadores medem a relação entre as ações tomadas pelos gestores, cada ação gera uma reação positiva ou negativa, dessa forma pode-semedir a evolução da qualidade de um processo ou de um sistema da qualidade com base na evolução dos resultados obtidos ao longo de um determinado período de tempo. Você deve estar se perguntando: quais indicadores de desempenho adotar na organização em que trabalho e/ou gerencio? Uma boa referência em termos de indicadores de desempenho pode ser obtida com Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). O PNQ se baseia em sete critérios de excelência e tem como foco a excelência no desempenho. A seguir, conheça os critérios definidos pelo programa: 1. Liderança CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 1.1. Cultura organizacional e desenvolvimento da gestão. 1.2. Governança. 1.3. Levantamento de interesses e exercício da liderança. 1.4. Análise do desempenho da organização. 2. Estratégias e planos 2.1. Formulação das estratégias. 2.2. Implementação das estratégias. 3. Clientes 3.1. Análise e desenvolvimento de mercado. 3.2. Relacionamento com clientes. 4. Sociedade 4.1. Responsabilidade socioambiental. 4.2. Desenvolvimento social. 5. Informações e Conhecimento 5.1. Informações da organização. 5.2. Conhecimento organizacional. 6. Pessoas 6.1. Sistemas de trabalho. 6.2. Capacitação e desenvolvimento. 6.3. Qualidade de vida. 7. Processos 7.1. Processos da cadeia de valor. 7.2. Processos relativos aos fornecedores. % não conforme nos itens adquiridos. Entregas no prazo. Tempo médio de atendimento. Número de requisições atendidas versus requisições feitas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Número de horas paradas em decorrência da falta de material/ equipamento a ser adquirido. Redução de rejeitos, resíduos ou retrabalhos. Número de ocorrências de conflitos. 7.3. Processos econômico-financeiros. 8. Resultados 8.1. Econômico-financeiros. Receitas. Lucro líquido. Relação entre os recursos planejados (orçados) e executados. Relação entre o executado versus metas físicas. Redução de custos operacionais. Arrecadação de impostos. 8.2. Sociais e ambientais Percentual da receita investido em ações sociais. Índice de rejeitos. Nível de poluição. Número de não conformidades ambientais. Quantidade de sanções ambientais. % de servidores envolvidos em ações sociais. Número de campanhas sociais nas quais participou. Volume de recursos (financeiros, alimentos, roupas e brinquedos) arrecadados. Volume de recursos doados. Indicadores relativos a ações de combate ao desperdício e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 preservação do meio ambiente: quantidade de papel reciclado; quantidade de economia com energia. Quantidade de horas dedicadas em ações sociais. 8.3. Relativos a clientes e mercados. Índice de satisfação. Índice de reclamações. Quantidade de devoluções. Número de visitas dos clientes à organização. Número de dias de colaborador em visitas a clientes. Número de clientes/ úmero de empregados. Retorno das reclamações. 8.4. Relativos às pessoas. Absenteísmo. Rotatividade. Índice de satisfação dos colaboradores. H.H. treinamento. Frequência e gravidade de acidentes no trabalho. Escolaridade. Indenizações. Quantidade de ações trabalhistas. 8.5. Relativos aos processos Tempo médio de desenvolvimento de novos produtos. Entregas no prazo. Índice de retrabalho. Índice de qualidade dos produtos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Redução de custos. Prazo de resposta. Número de serviços prestados. Quantidade de propostas aceitas versus quantidade total de propostas enviadas. Atendimento aos requisitos estabelecidos para o serviço/produto (prazo de atendimento; tempo de realização do serviço). Tempo de execução. Número de não conformidades em processos de apoio. Disponibilidade de equipamentos. Custo da manutenção. Tempo médio de atendimento de serviços internos. Índice de satisfação com os serviços de apoio. Quantidade de micros por colaborador. Número de equipamentos de informática adquiridos (FNQ, 2011, p 46 e 47). Alguns indicadores de desempenho do Prêmio Nacional de qualidade foram detalhados, porém não todos. A utilização dos conceitos do PNQ como referência em termos de sistema de gestão, envolve conhecer, além dos indicadores, os critérios de avaliação utilizados pelo programa, incluindo os processos gerenciais da organização e os resultados organizacionais. I. PROCESSOS GERENCIAIS: Na dimensão de Processos Gerenciais são avaliados os fatores Enfoque, Aplicação, Aprendizado e Integração, definidos conforme descrito abaixo: O Fator Enfoque refere-se ao grau em que os processos gerenciais CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 requeridos são atendidos por práticas de gestão que demonstram: Adequação – atendimento consistente aos requisitos propostos, isto é, realização das funções relativas aos processos gerenciais requeridos, com padrões de trabalho e mecanismo de controle, atendendo a eventuais especificidades requeridas e apresentando eventuais informações e destaques solicitados, de forma adequada ao perfil da organização. Proatividade – existência de características nas práticas de gestão que evidenciem capacidade de se antecipar aos fatos, a fim de prevenir a ocorrências de situações potencialmente indesejáveis e aumentar a confiança e a previsibilidade dos processos gerenciais. O Fator Aplicação refere-se ao grau em que os processos gerenciais apresentados e tendo sido considerados adequados são atendidos por práticas de gestão que demonstram: Abrangência – utilização das práticas de gestão alcançando as principais áreas, processos, produtos ou partes interessadas pertinentes, de acordo com os requisitos do critério ou item, considerando-se o perfil da organização. Continuidade – utilização periódica e ininterrupta, considerando-se a realização de pelo menos um ciclo completo. O Fator Aprendizado refere-se ao grau em que os processos gerenciais apresentados, tendo sido considerados adequados, são atendidos por práticas de gestão que demonstram: Aperfeiçoamento decorrente dos processos de aprendizado. O Fator Integração refere-se ao grau em que os processos gerenciais apresentados, tendo sido considerados adequados, são atendidos por práticas de gestão que demonstram: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Coerência – relação harmônica com as estratégias e objetivos da organização, incluindo valores e princípios. Inter-relacionamento – implementação de modo complementar com outras práticas de gestão da organização, onde apropriado. Cooperação – colaboração entre as áreas da organização na implementação – planejamento, execução, controle ou aperfeiçoamento – das práticas de gestão. I. RESULTADOS ORGANIZACIONAIS - Na dimensão de Resultados Organizacionais são avaliados os fatores Relevância, Tendência e Nível Atual, definidos conforme descrito abaixo: Fator Relevância se refere ao grau em que os resultados apresentados são importantes para a determinação do alcance dos objetivos estratégicos e operacionais da organização. Fator Tendência se refere ao grau em que os resultados relevantes apresentados demonstram evolução favorável ao longo do tempo. Fator Nível Atual se refere ao grau em que os resultados relevantes apresentados demonstram níveis de resultados superiores,no mercado ou setor de atuação, evidenciados por meio de referenciais comparativos pertinentes (FNQ, 2011, p. 50-51). (Vídeo disponível no material on-line) Classificação dos indicadores de desempenho O PNQ nos apresenta uma forma de classificação e hierarquização dos indicadores de desempenho de uma organização. Não podemos negar que existe uma relação de interdependência entre os indicadores e, ao mesmo tempo, uma relação de dependência entre os mesmos, pois a qualidade dos produtos e processos de uma organização depende, por exemplo, da quantidade de horas de treinamento das pessoas (que é um indicador CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 independente) em relação à melhoria da qualidade geral da organização (que sofre influências do anterior). Essas relações normalmente extrapolam os grupos aos quais os indicadores pertencem. Tomando como base os conceitos de visão Zoom In e Zoom Out podemos analisar indicadores de desempenho em duas diferentes perspectivas: Zoom In Zoom Out Ausência de defeitos Satisfação dos clientes Capacidade de produção Entrega no tempo certo Produtividade Funcionalidade do produto Otimização de processos Relacionamento com o cliente Atendimento a especificações Design e adequação ao uso Dentro de uma visão Zoom In os indicadores de desempenho tendem a ser absolutos e mensuráveis, mas em uma visão Zoom Out, como medir uma abstração intangível chamada “satisfação dos clientes”? Segundo Gonçalves (1997, p. 75) “Várias técnicas de medição podem avaliar a qualidade de processos de negócio, produtos e serviços. Medidas da qualidade geralmente enfocam indicadores objetivos ou concretos”. Porém os indicadores da visão Zoom Out normalmente são medidos de forma subjetiva, no sentido de enfocar a percepção e a atitude do cliente, não medem valores absolutos, mas a percepção e a atitude dos clientes em relação a produtos e serviços. Medir subjetivamente a satisfação do cliente envolve critérios científicos de pesquisa, porém os resultados dependem de interpretações e correlações realizadas a partir dos dados coletados. As pesquisas de satisfação dos clientes são utilizadas para estimar a percepção do cliente em relação à qualidade do produto ou serviço que receberam. A medição da atitude dos clientes está se tornando cada vez mais importante no movimento para a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 qualidade total nas organizações brasileiras. Outro critério utilizado para o gerenciamento da qualidade envolve a qualidade do projeto do produto, segundo Paladini (1995, p. 48), “denomina-se qualidade de projeto a análise que se faz do produto, em termos da qualidade, a partir da estruturação de seu projeto.” Tentando sistematizar melhor as possibilidades em termos de indicadores de avaliação de sistemas de qualidade, Rolt (1998) propôs uma série de classificações que envolvem: a. Qualidade de Projeto: Elemento Fator Medida Faixa de mercado Crescimento de vendas por faixa/período %/mês Satisfação do cliente Índice na pesquisa (escala de 0 a 10) superior a 8.0 Valor médio/mês Itens de projeto Características do produto que aumentam vendas/período Unidade/ano b. Qualidade centrada no valor para o cliente Elemento Fator Medida Transportes internos Transporte/linha de produção Número médio Peças retrabalhadas Peças programadas - peças boas Número/mês Atividades de supervisão Custo da supervisão rateado em produtos Valor/produto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 c. Qualidade centrada no produto Elemento Fator Medida Características do produto Cores/modelo Nº/produto Praticidade Adaptação à corrente elétrica/produto Nº/produto Conveniência Facilidades de apoio ou autoinstrução de uso (manuais simplificados) Nº/produto d. Qualidade centrada na organização Elemento Fator Medida Planejamento Atividades improvisadas por período Nº/mês Tendências Análises de tendências do mercado por período Nº/mês Estrutura Níveis hierárquicos por empresa Nº/área e. Qualidade centrada no processo Elemento Fator Medida Peças produzidas Peças/período Nº/mês Taxa de desperdício Material perdido/material necessário por produto %/mês Taxa de defeitos (unid. devolvidas + retrabalhadas)/unidades produzidas %/mês CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 f. Qualidade centrada nos resultados Elemento Fator Medida Produtividade Tempo total de produção/unidades produzidas Hora/número Incentivo educacional Participantes de treinamento/ período Número/ano Treinamento Horas de treinamento por período Hora/pessoa/ano g. Qualidade centrada na responsabilidade pública e cidadania Elemento Fator Medida Sistema de gestão Ambiental Existe (1) Não existe (0) v = 0 ou v = 1 Apoio aos empregados Percentual de funcionários cobertos pela ação da CIPA % Benefícios à Comunidade Não realiza (0) Realiza eventualmente (1) Realiza sistematicamente (2) v = 0, v = 1 ou v = 2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 h. Qualidade centrada no gerenciamento de recursos humanos Elemento Fator Medida Acidentes de trabalho Acidentes registrados /horas trabalhadas Número/mês, considerando-se a evolução dos valores mensais (busca de valores sempre menores) Índice de treinamento Pessoal envolvido em programas de treinamento/pessoal empregado % Rotatividade da mão de obra Funcionários que saíram da empresa/total de funcionários no período %/ano (Vídeo disponível no material on-line) Revendo a problematização Agora que você já estudou esse tema, escolha dentre as alternativas a seguir aquela que resolve melhor o problema: a. Implantar um sistema de qualidade com base nas normas ISO 9000. b. Elaborar um Planejamento para a Qualidade. c. O uso de ferramentas da qualidade irá aumentar a qualidade e a produtividade da empresa. d. A implantação de um sistema de qualidade com base na norma OHSAS 18001 sobre segurança no trabalho. Feedback: a. Quase, talvez seja essa a opção da empresa após uma análise do seu processo produtivo, das suas características funcionais e empresariais. b. Essa é a decisão mais acertada para a empresa, sem uma boa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 análise do processo produtivo, das principais entradas dos sistema, das características do processo e dos objetivos da organização com o programa de qualidade, qualquer programa pode vir a ser uma solução ou um grande fracasso. c. Sim, uso de ferramentas da qualidade aumenta a qualidade e a produtividade da empresa, porém para que a empresa tenha sucesso duradouro, ela precisa de ações que levem a criação de um ciclo contínuo de melhorias da qualidade na organização, não basta apenas introduzir novas ferramentas. d. A segurança é um aspecto importante em qualquer processo produtivo, porém sua implantação tem melhores resultados quando combinada com o programa de qualidade como a ISO 9000 ou PNQ. Síntese Para Paladini (2008), avalia-se a qualidade por uma questão de “inegável relevância”: a própria sobrevivência das organizações. As organizações, cada vez mais complexas, fazem com que os programas e ações em prol da qualidade adquiram essa mesma complexidade, envolvendo indicadoresinternos e externos, quantitativos e qualitativos, dinâmicos e relativos, variando de organização para organização. A avaliação de um sistema da qualidade se presta a, pelo menos, duas situações: a melhoria dos resultados dos processos organizacionais e a comparação de desempenho entre as organizações. Na questão da melhoria dos processos organizacionais, um programa de qualidade tem como primeiro objetivo permitir que os indicadores de desempenho interno sejam melhorados, reduzindo desperdícios, aumentando a produtividade, reduzindo custos, aumentando a qualidade, reduzindo indicadores de assistência técnica e aumentando a satisfação do cliente para com a qualidade do produto e/ou serviços da empresa. Quando o quesito analisado envolve a comparação do desempenho CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 interorganizações, a existência de indicadores de desempenho ordenados e classificados segundo os critérios de um programa de qualidade, como o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), facilita a comparação de desempenho da organização avaliada em relação seus concorrentes e em relação a empresas que se destacam no mercado ou em seu ramo de atuação. A avaliação da qualidade, por ser um processo planejado, ajuda a empresa a direcionar seus esforços em busca de resultados de melhoria efetivos, de decisões mais acertadas e de processos mais otimizados e flexíveis, que permitam a longevidade da organização. (Vídeo disponível no material on-line) Referências FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Critérios, Compromisso com a Excelência – São Paulo, 2011. GONÇALVES, A. P. Com o foco no cliente e no mercado. Controle da Qualidade. Ano VII, n. 63, ago.1997. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade no processo. São Paulo: Atlas, 1995. PALADINI, E. . Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas, 2008. ROLT, M. I. P. de; PALADINI, E. P. O uso de indicadores para a melhoria da qualidade em pequenas empresas. 1998 v, 193f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Atividades 1. A abordagem sistêmica de gestão, consiste em gerenciar o conjunto de processos como um sistema, identificando e compreendendo a rede de processos e suas interações, bem como o seu impacto no desempenho da organização. Com base nessa afirmação verifique se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas. I – Compreender a dependência dos processos do sistema. II – Desenvolver abordagens de dependência entre os processos. III – Reduzir barreiras entre as áreas funcionais. IV – Definir metas integradas para os processos que compõem o sistema. V – Medir, avaliar e melhorar continuamente o sistema. Respostas: a. ( ) V,V,V,V,V b. ( ) F,V,V,V,V c. ( ) F,F,V,V,V d. ( ) V,V,F,F,F CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 2. Tomar decisões com base em dados, informações e análises é o que chamamos de abordagem factual para a tomada de decisão. Com base nesse conceito avalie quais das afirmações abaixo são verdadeiras. I - Estruturas de informações bem definidas são essenciais para a tomada de decisão. II - Precisão e confiabilidade devem ser asseguradas. III - Disseminação e acesso à informação por toda a organização. IV - Tomada de decisão com base em informações e análises. V - Utilização de métodos estatísticos para o tratamento de dados e tomada de decisão. Respostas: a. ( ) V,V,V,V,V b. ( ) F,V,V,V,V c. ( ) F,F,V,V,V d. ( ) V,V,F,F,F CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 3. Organização e fornecedores são interdependentes. Um relacionamento mutuamente benéfico, de parceria, permite integrar a gestão da cadeia produtiva e melhorar as condições de todos para adicionar valor e produzir produtos e serviços que atendam as necessidades dos clientes e das demais partes interessadas. Com base nesse conceito analise se as afirmativas abaixo são verdadeiras. I - Identificar e selecionar fornecedores é o primeiro passo para a integração estratégica da cadeia para a busca da qualidade de fornecimento. II - Estabelecer relacionamentos que se baseiam em resultados de curto prazo. III - Comunicação eletrônica é mais importante que a comunicação pessoal. IV - Estabelecer uma política de troca de informações e desenvolvimento de produtos. V - Inspirar, encorajar e reconhecer melhorias e resultados obtidos pelo fornecedor. Respostas: a. ( ) V,V,F,V,V b. ( ) F,V,V,V,V c. ( ) V,F,F,V,V d. ( ) V,V,F,F,F CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 4. No estudo da qualidade, seus sistemas de gestão e funcionamento precisamos entender de conceitos complementares utilizados para trabalhar em programas de qualidade. Analise o conceito abaixo e identifique a sua denominação: Pode ser definido como “gestão de toda a organização para que essa se sobressaia em todas as dimensões de produtos e serviços que são importantes para o cliente” Respostas: a. Gestão da Qualidade Total b. Acreditação c. Garantia da qualidade d. Certificação CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 5. Os sistemas de gestão da qualidade estão em constante processo de evolução, em cada era do sistema de gestão diferentes focos do sistema de gestão foram desenvolvidos e utilizados pelas organizações. Com base nas características abaixo, identifique a qual era pertencem tais características. Foco = O foco do sistema de gestão era o da verificação e acompanhamento in loco dos problemas de qualidade, o inspetor de qualidade era o responsável pela determinação da qualidade de um processo ou de um componente. Visão = A visão adotada pelos gestores da qualidade é a de que existem problemas que precisam ser resolvidos. Ênfase = A preocupação em termos de qualidade, estava diretamente ligada a uniformidade dos produtos, como dizia Ford, “Todos podem ter um carro Ford modelo T Preto”. Respostas: a. Era da inspeção b. Era do controle Estatístico de Processo c. Era da garantia da qualidade d. Era da Gestão pela Qualidade Total CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema 1 – A Evolução dos Sistemas de Gestão da Qualidade Projeto Pós-graduação Curso Engenharia de Produção Disciplina Gestão Estratégica da Qualidade Tema A Evolução dos Sistemas de Gestão da Qualidade Professor Elton Ivan Schneider Introdução A caminhada para a melhoria da qualidade dos produtos, serviços e processos organizacionais teve início no período pós-guerra, nos projetos de reconstrução da economia Japonesa. Nesse momento, Philip Crosby, Edwards Deming e Joseph Juran, em conjunto com empresas e o povo Japonês, estabeleceram os primeiros passos da moderna gestão da qualidade. Mesmo que essa história já tenha mais de 50 anos, seus conceitos são até hoje aceitos e respeitados por sua simplicidade e facilidade de aplicação. A evolução dos sistemas de tecnologia da informação e comunicação, bem como dos sistemas formais de gerenciamento da qualidade como a ISO 9000, adotam regras e preceitos criados por pensadores da qualidade em seu tempo. Acreditamos que no futuro os sistemas continuarão a evoluir e novas ferramentas e sistemas serão acrescentados a esse arsenal de métodos existentes, mas com certeza eles não serão deixados de lado. Neste tema de estudos abordaremos os seguintes aspectos: a evolução dos sistemas de qualidade;o enfoque estratégico nos sistemas de gestão da qualidade e a sustentabilidade organizacional. Acompanhe o vídeo no material on-line no qual o professor Elton falará um pouco mais sobre os tópicos a serem abordados neste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização Os projetos de gestão da qualidade de uma empresa depende do perfil tanto da organização, quanto do seu público-alvo. No vídeo no mateial on-line, analise uma situação que ilustra isso. A Evolução dos Sistemas de Gestão da Qualidade Ao tratarmos questão de evolução dos sistemas de gestão da qualidade, podemos afirmar que os caminhos que nos trouxeram até aqui, serão muito diferentes dos que trilharemos no futuro. O diferencial competitivo das organizações constitui-se pela pelos seus arsenais de ferramentas usados na busca de inteligência competitiva suficiente para sobrepujar os concorrentes, atendendo o cliente melhor do que os outros. Para isso, a organização irá precisar integrar pessoas, processos, ferramentas e sistemas na busca da melhoria contínua de seus sistemas de gestão e, portanto, da melhoria contínua de seus sistemas de gestão da qualidade. A evolução de um sistema de gestão da qualidade começa com a necessidade de a organização compreender a importância desse. Também é fundamental que a empresa entenda que implantar a qualidade é um processo evolutivo, em que mudam os problemas, mudam as ferramentas a serem utilizadas e mudam também as pessoas. Clique no link a seguir e conheça a evolução dos sistemas de qualidade. http://eprints.rclis.org/10401/1/GomesBAD204.pdf À medida que a própria empresa evolui, um primeiro passo dado rumo à qualidade nos obriga a um novo passo, mais ousado e mais avançado. Quanto mais degraus subimos no processo, novos degraus são acrescentados. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Figura 01: Evolução de um sistema de gestão da qualidade Fonte: Elaborado pelo autor com base em Oakland (2007, p. 421). O processo de melhorias contínuas exige uma adequação às expectativas dos clientes e dos mercados da organização, ou seja, uma visão Zoom Out em que as ações internas da organização devem desenvolver: Olhando para dentro da organização, uma visão Zoom In, o foco deve estar no controle dos processos e do produto, e isso implica em: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Outro aspecto importante a ser considerado é a estratégica da qualidade. As organizações da atualidade são gerenciadas sob o ponto de vista de que andam de mãos dadas: a gestão do negócio, o contexto mercadológico, a participação de mercado e a estratégia para a construção de um novo futuro. Para o enfrentamento desse novo contexto empresarial, cabe aos gestores garantirem a interação entre esses elementos, facilitando o processo e gerando aprendizagem organizacional. A qualidade do ponto de vista estratégico deixou de ser fator diferenciador de mercado para ser fator de obrigação, ou seja, não é mais possível pensar em produtos e serviços sem qualidade. Figura 02: O enfoque estratégico da gestão Fonte: Elaborado pelo autor A gestão do sistema de qualidade é estratégico para o negócio, e exatamente por isso, deve ter recursos apropriados para seu desenvolvimento, implantação, controle, acompanhamento, avaliação e melhoria contínua. A sustentabilidade institucional é mantida pelo enfoque na gestão do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 sistema da qualidade. O negócio precisa ser repensado em termos de: Filosofia de Gestão: seu compromisso com a sociedade, com a verdade, com o meio ambiente, com o desenvolvimento, com a sustentabilidade, entre outros. Questão Emocional: não somos seres desprovidos de emoções, usamos muito das emoções nas decisões que tomamos. Naturalidade, prazer e questões relativas à cultura regional devem ser incorporados aos modelos de gestão. Questão Funcional: precisamos desenvolver o espírito empreendedor, voltado para a qualidade, para a inovação e para a biodiversidade. Enfoque: devemos nos focar na interdisciplinaridade dos sistemas de gestão, alternando conceitos de sistemas, biodiversidade e ecobiodiversidade. Sustentabilidade da Sociedade: todo negócio deve levar em consideração resultados econômicos, sociais e ambientais. Aprendizagem Organizacional: voltada para a estabilidade, a melhoria, a excelência e a inovação dos sistemas de gestão. Melhores Ferramentas: desenvolver a liderança, os sistemas, o conhecimento e as pessoas. Integração: é a palavra-chave para o futuro do gerenciamento de sistemas de gestão da qualidade. A Sustentabilidade Organizacional Pensar o desenvolvimento e o gerenciamento de uma organização sem levar em consideração aspectos econômicos, ambientais e de responsabilidade social significa geri-la de uma forma incompleta e sem sustentação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Note no vídeo no material on-line os passos que devem ser tomados para garantir uma gestão sustentável da organização. Seja qual for o programa de qualidade adotado pela empresa, ou em qual sequência de implantação que ela acontece, deve ficar claro a todos que o que as empresas procuram hoje é a sustentabilidade do negócio em longo prazo. Figura 03: Sustentabilidade Organizacional Fonte: Elaborado pelo autor CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 O sucesso de um programa de qualidade está ligado a pelo menos três princípios básicos (OAKLAND, 2007): Os processos organizacionais garantem o funcionamento de uma organização. A qualidade de uma empresa é medida pela qualidade de seus processos, pois os problemas são identificados neles. Tanto a ISO 9000 quanto o Prêmio Nacional de Qualidade enfatizam a necessidade do foco no cliente e no mercado. Cliente e mercado aparecem de forma distinta por que o cliente pode ser visto sob o ponto de vista interno e externo à organização, já quando falamos de mercado fica claro que a orientação é externa. Para conhecer os indicadores de desempenho para a gestão pela qualidade total, clique no link a seguir. http://www.scielo.br/pdf/gp/v5n3/a10v5n3.pdf As pessoas gerenciam e melhoram os processos organizacionais, por isso, a qualidade de um produto ou serviço tem relação direta com as pessoas da organização. Isto vale para todos, do presidente ao porteiro da empresa, da matriz a suas filiais, quanto mais comprometidos com a qualidade os integrantes da organização estão, maior o resultado real e esperado do sistema. Para Oakland (2007) a empresa necessita estabelecer um modelo de gerenciamento da qualidade, em que as pessoas, com boas ferramentas para melhoria da qualidade e produtividade e sustentadas por um bom sistema da qualidade, realizam melhorias nos processos organizacionais. Dentro deste modelo, o autor enfatiza ainda a importância da comunicação, do respeito à cultura organizacional e do comprometimento das pessoas para com a qualidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Figura 04: Um Modelo de Gerenciamento da Qualidade para o Sucesso Fonte: Elaborado pelo autor com base em Oakland (2007, p.431). Mesmo que a qualidade tenha muitos conceitos, que os programas e sistemas de qualidade sejam vários e distintos e que cada empresa apresente sua cultura e contexto organizacionais diferentes, a busca por um sistema de qualidade integrado é um desafio detodas as organizações. A qualidade é o resultado de um conjunto de ações integradas entre a empresa, seus fornecedores e seus clientes. Cada empresa conhece bem suas potencialidades e limites, ou pelo menos deveria conhecer. As ações empresariais geram impacto ao meio ambiente, resíduos, sobras e refugos, além de riscos à saúde ocupacional de seus funcionários. Cabe, então, a essa organização buscar o melhor equilíbrio possível entre suas ações e o impacto dessas no mercado, na sociedade e no meio ambiente. Se esses os são fatores que devem ser gerenciados, por que não fazer isso de forma integrada? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Revendo a Problematização Muito bem! Acredito que já tenhamos tido tempo suficiente para refletir sobre o caso apresentado no início dos estudos deste tema. Caso queira ver o caso novamente antes de responder, assista ao vídeo de problematização. Caso contrário, Escolha uma das seguintes alternativas. a. Implantar um sistema de qualidade com base nas normas ISO 9000. b. Elaborar um Planejamento para a Qualidade. c. A implantação de um sistema de qualidade com base na norma OHSAS 18001 sobre segurança no trabalho. Síntese A gestão da qualidade, seus conceitos, suas técnicas e seus sistemas são essencialmente dinâmicos. São modificados e adaptados em função do contexto empresarial da atualidade em que vivemos. Portanto, cada empresa deve buscar seu próprio modelo de sistema de gestão da qualidade. Os movimentos da sociedade em busca de maior qualidade de vida, de preservação dos recursos ambientais, da valorização da vida e do respeito à diversidade cultural, irão ser impactantes nos conceitos de qualidade daqui para frente. Esse conceito geralmente sofre influências dos valores que a sociedade aceita e consagra. Se o consumidor quer funcionalidade, as empresas o atendem; se ele quer sustentabilidade, as empresas o atendem; se ele quer segurança, confiabilidade, preço e qualidade tudo de uma única vez, as empresas, seus gestores, seus funcionários e todos nós que estamos envolvidos com o processo, o faremos. Para concluir este encontro, assista ao vídeo de síntese no material on- line CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Referências OAKLAND, J. S. Gerenciamento da Qualidade Total. São Paulo: Editora Nobel, 2007. RIBEIRO NETO, J. B. M.; TAVARES, J. C.; HOFFMAN, S. C. Sistemas de Gestão Integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo: Editora SENAC, 2008. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Atividades 1. A organização, ao desenvolver seus conceitos a respeito da qualidade, precisa tomar decisões em relação às dimensões da qualidade, as quais o seu produto ou serviço serão submetidos. Com base nesse conceito, identifique a dimensão descrita: “Refere-se à vida útil de um produto, ou seja, o uso proporcionado por um produto até que ele possa ser substituído por outro, ou seja, reparado. Ela pode ser vista sob dois pontos de vista: técnico e econômico.” a. Desempenho. b. Confiabilidade. c. Durabilidade. d. Atendimento. 2. No estudo da qualidade, seus sistemas de gestão e funcionamento, precisamos entender dos conceitos complementares utilizados para trabalhar em programas de qualidade. Analise o conceito a seguir e identifique a sua denominação: “Valor inerente de um produto no mercado. Dimensões inclusas: desempenho, características, confiabilidade, durabilidade, operacionalidade, responsabilidade, estética e reputação.” a. Gestão da Qualidade Total. b. Qualidade do Projeto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 c. Garantia da Qualidade. d. Certificação. 3. Além de conceitos da qualidade, temos também muitos pensadores da qualidade nacionais e internacionais. Com base no conceito a seguir, identifique quem é o grande pensador da qualidade responsável por ele. "‘Controle Total da Qualidade’ é um sistema efetivo de integração de esforços para o desenvolvimento, a manutenção e o aprimoramento da qualidade dos vários grupos em uma organização, para capacitar os departamentos responsáveis pela produção de um bem ou serviço a atender plenamente às necessidades dos clientes da maneira mais econômica.” a. Feigenbaun. b. Crosby. c. Falconi. d. Juran. 4. Com base no conceito a seguir identifique quem é o grande pensador da qualidade responsável por ele “A qualidade é o cumprimento dos requisitos, ou seja, qualidade significa entregar exatamente aquilo que os clientes (internos e externos) querem, necessitam e esperam. Para ele o conceito de que "todo trabalho é um processo" e o conceito da prevenção são utilizados para identificar e melhorar as correntes de valor existentes ou que estão em CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 desenvolvimento.” a. Feigenbaun. b. Crosby. c. Falconi. d. Juran. 5. Com base no conceito a seguir identifique quem é o grande pensador da qualidade responsável por ele. “Em 1954, ele introduziu no Japão uma nova era no controle da qualidade, que passou a ter tratamento global, sendo o pioneiro na aplicação dos conceitos da qualidade à estratégia empresarial.” a. Feigenbaun. b. Crosby. c. Falconi. d. Juran. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso MBA em Administração e Qualidade Disciplina Sistemas de Gestão e PNQ Tema Pessoas, Liderança e Sociedade Professora Luciane Munhoz Introdução Neste tema, vamos compreender os três importantes critérios da Excelência na qualidade e que se interligam de forma lógica: Pessoas, Liderança e Sociedade. As pessoas são a representação das partes interessadas no processo de gestão de qualquer organização. A liderança é responsável pelo conjunto de práticas e de ações de todos os níveis da organização e não apenas de um indivíduo. E a sociedade é a base de atuação da organização a qual deve identificar suas necessidades e atendê-las de forma ética e legal. Dessa forma, a partir dos três critérios podemos estudar as interfaces na busca pela excelência. Vamos lá? Antes, acesse seu material virtual e assista ao vídeo da professora Luciane a seguir, ela comentará mais sobre o que vamos estudar neste tema. Problematização Quando estamos no dia a dia das organizações, percebemos a importância das pessoas na transformação dos recursos em produtos e serviços. Um dos grandes desafios da Qualidade é alinhar os recursos humanos através da liderança e da interface com a sociedade. Como devemos agir, quanto aos recursos humanos, nas tomadas de decisão? Como as lideranças são importantes nos momentos de crise? Qual é o papel da sociedade na melhoria da qualidade? Todas essas perguntas são diárias e geram ansiedade dentro das organizações. Como você solucionaria um problema de conflito entre uma organização CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 que defende os direitos do meio ambiente, como o Green Peace, ou mesmo as multas de órgãos regulamentadores como o IBAMA, por exemplo? Qual é o principal critério de excelência envolvido nesta ação? Não responda agora, vamos estudar nosso material e ao final voltaremos a falar sobre isso. Liderança A liderança deve tratar da orientação filosófica da organização e controle externo sobre sua direção. Uma organização somente alcança os seus resultados se as pessoas se engajamjuntamente com as partes interessadas buscando os resultados que são almejados. A maneira mais efetiva de alcançar os resultados é possuir um conjunto de práticas e de ações. As práticas e ações devem ser promovidas por todos os níveis organizacionais: operacional, tático e estratégico. O PNQ (2007) define parte interessada como sendo o indivíduo ou grupo de indivíduos com interesse comum no desempenho da organização e no ambiente em que esta opera. A maioria das organizações apresenta as seguintes partes interessadas: clientes, força de trabalho, acionistas e proprietários, fornecedores e a sociedade. A quantidade e a denominação das partes interessadas podem variar em função do perfil da organização. Podemos definir cliente como sendo o indivíduo ou organização que recebe os produtos ou serviços. A força de trabalho, segundo o PNQ (2007), é composta pelas pessoas da organização que contribuem para a consecução de suas estratégias, seus objetivos e metas. Os acionistas ou proprietários são os donos do negócio. O fornecedor, por definição, é aquele que fornece produtos e serviços para outras organizações, auxiliando, assim, no processo de transformação que agrega valor na comercialização. Finalmente, a sociedade é todo e qualquer indivíduo ou organização que recebe os produtos e serviços que são produzidos. Enfim, as organizações existem para servir a sociedade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Em resumo, o papel da liderança é promover o encontro de todos os envolvidos na organização (partes interessadas) com o objetivo de tornar real os resultados que precisam ser alcançados para que haja sustentabilidade do negócio. Saiba Mais: Você tem o perfil de líder? Clique no link a seguir e veja um vídeo que fala sobre isso e mostra as diferenças de um Líder ou Chefe no local de trabalho. https://www.youtube.com/watch?v=gz5B9bJjSgk Vamos aprender um pouco mais sobre liderança? Então, acesse seu material virtual e acompanhe o vídeo da professora Luciane, ela comentará mais sobre o assunto. Sociedade Este critério do MEG (Modelo de Excelência em Gestão do PNQ) está correlacionado com alguns fundamentos importantes: Responsabilidade Social: trata-se do reconhecimento da comunidade e da sociedade com todos os envolvidos com a organização. Esta responsabilidade social garante a credibilidade perante a sociedade e o reconhecimento público. Daí a importância de cuidar da imagem da organização. Pensamento Sistêmico: este fundamento trata das relações da organização com o ambiente externo. Liderança e Constância de Propósitos: neste fundamento, podemos afirmar que a liderança é importante, pois deve trazer com ela a cultura do desenvolvimento sustentável. Ainda explanando sobre Sociedade, é necessário citar dois itens importantes: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Responsabilidade socioambiental A questão da responsabilidade socioambiental se refere à maneira como a organização pode minimizar os impactos das suas operações na sociedade e no meio ambiente na qual ela atua. Enfim, questões como descarte de resíduos, tratamento de água etc. são levados em conta para evitar danos e prejuízos irreversíveis a todos. Ética e desenvolvimento social Nesta questão, se aborda a importância do comportamento ético dentro da organização, pois isso fortalece o trabalho e os resultados a serem alcançados. Sugere-se que se estabeleçam projetos com o objetivo de alinhar a ética e a responsabilidade social com as necessidades da sociedade. Aqui as políticas corretas (não discriminatórias) da força de trabalho são fundamentais para não ter problemas com a sociedade. Agora, assista ao vídeo da professora Luciane, ela falará mais sobre a sociedade e seus fundamentos. Para isso, acesse o material on-line e aproveite. Pessoas O critério de Pessoas é o mais sensível na organização. Aqui, são citadas todas as partes interessadas conforme o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), pois são estas que estabelecem e viabilizam os processos. Quando citamos pessoas, estamos naturalmente vinculando a valorização delas que é outro fundamento da qualidade. As pessoas valorizadas são capazes de trazer melhores resultados, logo as organizações devem motivar e promover o bem-estar delas e um ambiente que proporcione a participação e o desenvolvimento. É possível alinhar pessoas com outros fundamentos como a Geração de Valor (que pode ser através da força de trabalho), o Pensamento Sistêmico (que é exatamente a participação de todos os envolvidos) e o Aprendizado Organizacional (que é todo o conhecimento compartilhado). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Neste critério há três temas a serem pontuados: Sistemas de trabalho – orienta a forma como as pessoas e suas equipes devem trabalhar levando em conta a cooperação e a comunicação entre elas. Este sistema deve ser baseado no que citamos anteriormente que é a geração de valor e o aprendizado organizacional. Uma organização somente alcança os seus resultados se ela está com o sistema de trabalho alinhado entre as pessoas. Aqui, algo relativamente complexo deve ser feito que é a avaliação de desempenho dos funcionários. Capacitação e desenvolvimento – não existe uma organização com qualidade sem existir a valorização das pessoas e o aprendizado organizacional. Este aprendizado, através de capacitação, é a oportunidade que as pessoas têm de se desenvolverem pessoal e profissionalmente. Este desenvolvimento deve atender aos resultados que a organização pretende alcançar com base nas competências. Qualidade de vida – a qualidade de vida é um fator fundamental para as Pessoas dentro das organizações. É importante ter um bom clima organizacional em que exista a troca de conhecimento. A qualidade de vida também trata da segurança das pessoas no exercício de suas tarefas bem como a ergonomia e a saúde ocupacional. Todos estes fatores contribuem para o bem-estar e satisfação dos funcionários. O bom ambiente de trabalho, em relação às pessoas, diminui o turnover e potencializa os resultados. Pessoas felizes e motivadas produzem mais e com melhor qualidade. Saiba Mais: leia o artigo “A maior vantagem competitiva?” disponível no site a seguir. file:///C:/Users/92004220/Desktop/Gestao%20de%20Pessoas%20A%20Maior %20Vantegem%20Competitiva.pdf Assista também ao vídeo da professora Luciane no seu material virtual em que ela comenta mais sobre o critério Pessoas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Revendo a problematização E aí, você lembra da situação apresentada no início deste tema? Como você solucionaria um problema de conflito entre uma organização que defende os direitos do meio ambiente, como o Green Peace, ou as multas de órgãos regulamentadores como o IBAMA, por exemplo? Qual o principal critério de excelência envolvido nesta ação? a. O Critério dos Clientes. b. Os Critérios Informações e Conhecimento. c. O Critério Liderança Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Síntese Podemos encerrar este tema relembrando que a Liderança é responsável pela viabilização de todas as práticas e ações da organização em todos os níveis e de todos os indivíduos. Além disso, estamos falando das partes interessadas: clientes, força de trabalho, acionistas e proprietários, fornecedores e a sociedade. Ainda precisamos das Pessoas que são a Liderançae as partes interessadas. Em relação a estas pessoas, é necessário valorizá-las, gerar o valor adequado através do pensamento sistêmico e do aprendizado organizacional. Todo esse contexto possui uma interface com a Sociedade. Neste critério, dois itens são contemplados: a responsabilidade socioambiental e a ética e o desenvolvimento social. Enfim, não é possível ter a excelência sem o gerenciamento destes três critérios. Assista agora ao último vídeo em que a professora Luciane faz uma síntese do que estudamos aqui. Acesse seu material on-line e confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Referências Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Guias 2007. Disponível em: <www.fnq.org.br>. MÜLLER, Cláudio J. Planejamento Estratégico, indicadores e processos: uma integração necessária. São Paulo: Atlas, 2014. TAVARES, José da Cunha; NETO, João Batista M. Ribeiro; HOFFMANN, Silvana Carvalho. Sistemas de Gestão Integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e segurança, saúde no trabalho. 4.a Ed. São Paulo: Senac, 2012. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Atividades Paulo é o Diretor Industrial de uma grande organização e precisa tomar algumas decisões quanto às certificações ambientais, que influenciam diretamente na qualidade dos produtos fabricados e na gestão dos resíduos. Paulo gerencia as partes interessadas do processo, isso significa que ele exerce qual critério de excelência? a. Valorização das pessoas e da cultura. b. Inovação e conhecimento sobre clientes e mercados. c. Agilidade e Responsabilidade Social. d. Liderança. A liderança deve ser entendida como um conjunto de práticas e de ações de todos os níveis da organização e não apenas de um único indivíduo. Essa liderança deve ser exercida com todas as partes interessadas. São partes interessadas no processo de Liderança: a. Clientes, força de trabalho, acionistas e proprietários, fornecedores e a sociedade. b. Clientes, força de trabalho, acionistas e proprietários, fornecedores e a sociedade, planejamento estratégico. c. Atuação em rede, pensamento sistêmico e inovação. d. Clientes, Balanced Scorecard, força de trabalho, acionistas e proprietários, fornecedores e a sociedade. A estruturação do critério Pessoas está baseada principalmente no fundamento Valorização das Pessoas, que relaciona o desempenho da organização com a capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho, bem como com um ambiente propício à participação e ao desenvolvimento. Além disso, ainda se baseia em mais três fundamentos, são dois deles: a. Conhecimento sobre clientes e mercado e Inovação. b. Aprendizado organizacional e Valorização das pessoas e da cultura. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 c. Pensamento Sistêmico e Decisões Fundamentadas. d. Geração de Valor e Aprendizado Organizacional. A estruturação do Critério Sociedade está baseada principalmente no fundamento Responsabilidade Social, que pressupõe o reconhecimento da comunidade e da sociedade como partes interessadas da organização. O valor da organização depende de sua credibilidade perante a sociedade e de seu reconhecimento público. Outro fundamento relacionado com o Critério Sociedade, trata da importância do entendimento das relações de interdependência existentes entre a organização e o ambiente externo, qual é este fundamento? a. Agilidade. b. Liderança transformadora. c. Pensamento Sistêmico. d. Conhecimento sobre clientes e mercados. O tema Capacitação e desenvolvimento aplica os fundamentos Valorização das Pessoas e Aprendizado Organizacional, ao reunir requisitos para dirigir os esforços da organização no sentido de assegurar às pessoas oportunidades para aprender e para se desenvolver pessoal e profissionalmente. Os requisitos deixam clara a importância de alinhar os esforços de Capacitação e desenvolvimento, além de atenderem às necessidades operacionais, com as estratégias e as aspirações da força de trabalho. Há várias funções que uma área de Recursos Humanos exerce dentro da organização, principalmente quando esta tem um planejamento estratégico formalizado. Uma das mais importantes é a Capacitação e Desenvolvimento. Correlacione as alternativas abaixo com os fundamentos que regem o Critério Pessoas: 1 – Treinamento 2 – Meritocracia CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 a. 1 – Conhecimento sobre clientes e mercados; 2 – Orientação por processos. b. 1 – Aprendizado Organizacional; 2 – Valorização das Pessoas. c. 1 – Responsabilidade Social; 2 – Atuação em Rede. d. 1 – Valorização das Pessoas; 2 – Aprendizado Organizacional. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line.