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entre 4 paredes

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Referência:
SARTRE, Jean – Paul. Entre quatro paredes, traduções de Alcione Araújo e Pedro Hussak. 5º ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
“O homem conviverá diuturnamente consigo mesmo, com um eu interior falado ao sofrimento, definido como um fantasma de sofrimento”. (SARTRE, 2009, p.11).
A ausência de janelas determina a perda do contato com o externo, a necessidade de viver em função não mais do mundo, mas de suas paisagens mentais; a escova de dentes faz parte dos instrumentos de higiene que nos tornam suportáveis a nossos companheiros. (SARTRE, 2009, p.12).
“Ela é o todo exterior, dependente da própria imagem, que a livra do naufrágio em sua interioridade”. (SARTRE, 2009, p.15).
Tirando o criado, cuja participação é secundária, o inferno é composto pelo numero três. Simbolicamente, o dois é o número par por excelência, nele pode haver comunhão, conjugação. O um: número da solidão, da paz alcançada pela renúncia e pelo sofrimento. O três representa as arestas que ferem, mas que também promovem a mudança. (SARTRE, 2009, p.15).
“As janelas de comunicação com o outro mundo criam outras janelas, que deixam ver a paisagem interior de cada personagem, igualando-os pela condição de assassinos, cada um à sua maneira”. (SARTRE, 2009, p.19).
Das duas pálpebras. A gente abria e fechava; isso se chamava piscar. Um pequeno clarão negro, um pano que cai e se levanta, e aí está a interrupção. O olho fica úmido, o mundo desaparece. Você nem imagina o alívio. (SARTRE, 2009, p.34).
Sozinho, Garcin vai ate a estátua de bronze e passa a mão sobre ela. Senta-se. Levanta-se. Vai até a campainha e aperta. Ela não toca. Tenta mais duas ou três vezes, mas não adianta. Vai então até a porta e tenta abri-la, mas ela resiste. Chama. (SARTRE, 2009, p.39).
“Sinta-se em sua casa, senhora. (Silêncio de Inês.) Se quiser me perguntar algum coisa... (Inês ficava calada. O criado, decepcionado:) Geralmente, os clientes gostam de fazer perguntas...” (SARTRE, 2009, p.40).
“Não! Não precisava levantar a cabeça. Sei o que você está escondendo com as mãos, sei que não tem mais rosto. (Garcin retira as mãos.) Ahn! (Pausa. Com surpresa:) Ei, eu não te conheço”. .(SARTRE, 2009, p.45).
Você é quem vai me fazer mal. Mas o que isso importa? Já que temos que sofrer, ao menos que seja por você. Senta aqui. Chega mais perto. Mais um pouco. Olha dentro dos meus olhos: você consegue se ver? (SARTRE, 2009, p. 68).
Eu não sei. Você me intimida. Minha imagem nos espelhos ficava aprisionada. Eu a conhecia tão bem... Eu vou sorrir; mas meu sorriso vai pro fundo os seus olhos, e sabe Deus o que vai virar. (SARTRE, 2009, p. 71).
“Eu vou te dizer depois. Mas eu sou má: isso quer dizer que eu preciso do sofrimento dos outros pra existir. Uma tocha. Uma fogueira nos corações. Quando estou completamente sozinha, eu me apago. Durante seis meses, eu ardi no coração dela, acabei queimando tudo. Ela se levantou uma noite e abriu o gás sem que eu me desse conta, depois se deitou ao meu lado. Foi isso.” (SATRE, 2009, p.82)
“Tira as mãos de mim. Detesto que me toquem. Guarda sua pena pra você. Vamos, Garcin! Há também muitas armadilhas pra você nesse quarto.” (SARTRE, 2009, p.94)
“Façam o que quiserem, vocês são mais fortes. Mas não esqueçam que eu estou aqui, de olho em vocês. Não vou tirar meus olhos de você, Garcin; vão ter que se beijar comigo olhando. Como eu odeio vocês dois! Podem se amar à vontade; estamos no inferno, e minha hora há de chegar.” (SARTRE, 2009, p.104)
A estátua de bronze... (Ele a acaricia.) Pois bem, este é o momento. A estátua de bronze está aí, eu a completo e compreendo que estou no inferno. Eu garanto que tudo estava previsto. Eles previram que eu ia ficar na frente destas lareira, passando a mão nesta estátua, com todos estes olhares sobre mim. (SARTRE, 2009, p. 125).
O livro entre quatro paredes relata um drama em que os personagens vivenciam o desejo e o medo do nu, sendo que não é só o nu físico em que a trama se refere e sim, também o nu racional que esse é o mais pragmático. Porém, essa trama se passa em uma sala fechada, essa sala é titulada como o inferno, onde ficarão para sempre presos ali, condenados a viver uma vida sem interrupção alguma, tendo apenas a companhia um dos outros.
Essa trama tem apenas quatro personagens que são três principais e um secundário, o qual esse secundário é o criado, é ele quem conduz os principais até a sala. Sendo Garcin um literário, que foi na trama um tremendo covarde, a Inês uma funcionária dos correios, uma mulher bastante impetuosa e lésbica e Estelle é uma complexada e na trama é uma burguesinha muito fútil, que apenas se preocupava com a sua própria imagem e que acaba assassinando o seu próprio bebê que por sinal teve com seu amante. Um dos sentidos da trama é que eles passem a ser carrasco um do outro para que assim comece a desmascara-los, fazendo isso passa a ser descoberto o que está por trás dos rostos, ou seja, “desnuda-los”, mostrando o lado bom e o lado ruim que cada ser humano possui.
Assim, essa trama relata realmente o que se passa na vida das pessoas perante a sociedade em todo o mundo, só que de uma forma singular por motivo de se passar apenas em uma sala, resumindo entre três pessoas, ficando porém, fácil de enxergar as circunstâncias vividas entre eles, as quais são reflexo de um todo em geral. 
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