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AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 76 AULA 05 Saudações, caro aluno! Este é o último encontro de nosso curso. Como programado, trataremos, desta feita, da lei que procurou mudar a cultura dos administradores públicos no Brasil quanto às finanças públicas: a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ela envolveu um processo inclusive pedagógico sobre a forma de lidar com o dinheiro público, e, acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000), buscou instituir um modelo responsável (como diz seu nome) de gestão. Vamos seguir os tópicos da Lei indicados pelo edital para fazer nosso estudo. Então, vamos lá. Boa aula! GRACIANO ROCHA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR 101/2000) Introdução Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas informações preliminares. A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vários setores da sociedade brasileira, após o final dos governos militares. Entretanto, desde a redemocratização, o Brasil, como federação, enfrentava problemas econômicos graves, dos quais a chamada “inflação galopante” podia ser indicada como o principal. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 2 de 76 Num ambiente de alta inflação, o planejamento de receitas a arrecadar e de despesas a efetuar durante o exercício financeiro é praticamente inútil. Isso porque o índice de preços se altera substancialmente de um período para outro, e as previsões feitas vários meses antes não são fonte confiável para a gestão. Assim, a administração financeira era afetada por diversos vícios e desvios provenientes do ambiente inflacionário. Por isso, apenas depois da estabilização da moeda e do controle da inflação, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propício para um novo (e sério) regramento das finanças públicas. As ideias/necessidades principais que levaram à edição da LRF foram: • controle das contas públicas, de forma a evitar déficits; • necessidade de planejar a ação governamental, aplicando os recursos de forma racional e sustentável; • controle das despesas com pessoal e do montante da dívida pública, para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num contexto de gastos sem desenvolvimento econômico; • transparência da gestão orçamentária e financeira, com disponibilização de demonstrativos e resultados em meios de acesso público. O trecho da LRF que serve como “mapa” da LRF é o § 1º do art. 1º. Os itens constantes desse texto são ampliados nas seções da Lei, com a fixação de suas regras próprias. Vejamos a lei seca: Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 3 de 76 Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho: • pressuposto da gestão fiscal responsável: ação planejada e transparente. A administração dos recursos públicos não pode ser feita “de improviso”. Deve levar em conta as necessidades prioritárias da sociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a sustentabilidade das finanças públicas no tempo; • objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas. Nesse sentido, a gestão responsável envolve o acompanhamento permanente do comportamento das receitas, despesas e dívida pública; • instrumentos da gestão fiscal responsável: ¾ cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O equilíbrio fiscal depende da manutenção de uma diferença mínima entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante da dívida; ¾ limites e condições quanto a renúncia de receita; geração de despesas com pessoal; geração de despesas da seguridade social e outras; dívidas consolidada e mobiliária; operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; concessão de garantia; inscrição de despesas em restos a pagar. As maiores “dificuldades” criadas pela LRF no tocante a esses pontos justificam‐se pelo risco de desequilíbrio das contas públicas em caso de descontrole. Perceba que todos esses itens que sofrem “limites e AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 4 de 76 condições” estão ligados à diminuição de receita ou ao aumento (potencial ou real) de despesa. Como isso cai na prova? 1. (CONSULPLAN/ECONOMISTA/PREF. LONDRINA/2011) A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº. 101, de maio de 2000) visa regulamentar a Constituição Federal, na parte da Tributação e do Orçamento (Título VI), cujo Capítulo II estabelece as normas gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal. Sendo assim, o seu principal objetivo é: A) Emitir relatórios periódicos de gestão fiscal. B) Disponibilizar as contas dos administradores. C) Elaborar planos e orçamentos. D) Divulgar relatórios de execução orçamentária. E) Estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. 2. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que arrecadam. Na questão 1, a maior parte das alternativas aborda tarefas relacionadas à gestão fiscal responsável. O objetivo principal da LRF é o estabelecimento de normas voltadas para esse tema, como indica sua ementa, inclusive. Gabarito: E. A responsabilidade fiscal é a responsabilidade no trato com as finanças públicas. Portanto, para manter as finanças “saudáveis”, é necessário evitar desequilíbrios fiscais. A questão 2 está CERTA. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 5 de 76 Abrangência da LRF Outra disposição inicial da LRF diz respeito a quem está submetido às suas regras e limitações. A Lei utilizou um critério amplo para fixar sua “clientela”. Todos os órgãos de todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas estabelecidas na LRF. Ou seja, está abrangida toda a administração direta dos entes federados e quase toda a administração indireta. Como exceção, apenas as chamadas “empresas estatais independentes” estão fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente, suas próprias regras de governança corporativa, para “sobreviverem” no mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de responsabilidade fiscal). Inicialmente, cabe destacar que ambas as espécies de estatais, as dependentes e as independentes, são consideradas empresas controladas. Isso significa que elas têm a maior parte de seu capital social com direito a voto nas mãos de um ente federado (União, Estado, DF, Município, conforme o caso). Ou seja, o ente federadoé quem detém o poder de decidir, ao final, como a empresa controlada se comportará e desenvolverá suas atividades no mercado ou na prestação de serviços públicos. Muito bem, o que leva à “dependência” ou não de uma empresa estatal é a característica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de manutenção e de investimento. O tipo de recursos que são transferidos pelo ente público às estatais reflete justamente essa característica. Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale dizer, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a transferência de recursos do ente controlador. Suas atividades não envolvem, como regra, a obtenção de lucro. Por essas características, as empresas AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 6 de 76 estatais dependentes normalmente estão abrangidas pelos orçamentos fiscal e da seguridade social. Já as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador, os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja, como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a administração da empresa. Esse “perfil” leva as estatais independentes a serem contempladas no orçamento de investimento. Como isso cai na prova? 3. (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa controlada a sociedade (A) de capital aberto em que a União detenha mais de 20% e menos de 50% das ações. (B) que presta serviços de qualquer natureza para a União, os Estados e Municípios. (C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação. (D) que mantém convênio com a União, os Estados ou Municípios. (E) cujo capital social pertença à União em sua integralidade. 4. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) As disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal são aplicáveis ao Ministério Público, Distrito Federal e Empresas estatais dependentes. Sobre a questão 3, a empresa controlada, seja dependente, seja independente, caracteriza-se pela maior parte do capital social com direito a voto pertencente ao ente público controlador. Gabarito: C. A questão 4 está CERTA. Todos os órgãos/entes citados estão abrangidos pela cobertura da LRF. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 7 de 76 Receita corrente líquida Outra importante noção trazida nas primeiras linhas da LRF é a “receita corrente líquida” (RCL), utilizada como base para vários limites de gastos, estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa palavra chave, “limites”, juntamente com “condições”?). Já devemos ter uma boa noção sobre receitas correntes, mas é bom relembrar: são as receitas arrecadadas normalmente pelos entes públicos, geralmente de efeito aumentativo sobre o patrimônio público, e que se destinam, tipicamente, ao custeio das atividades e serviços a cargo da Administração Pública. O termo “líquida”, em “receita corrente líquida”, significa que, para sua definição, haverá algum tipo de dedução ou desconto sobre o total bruto de receitas correntes. Cada ente federado terá suas próprias deduções, mas, nos prendendo ao caso da União, a RCL é calculada da seguinte forma: (=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES (–) transferências constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municípios (–) contribuições sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador (–) contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS) (–) contribuição previdenciária dos servidores públicos (–) receitas previdenciárias de compensação entre os regimes geral e dos servidores públicos (–) compensação financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir) (–) complementação f inanceira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53) Da análise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da seguridade social, principalmente. Portanto, essas deduções tratam de AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 8 de 76 parcelas da receita corrente com os quais a União não pode contar, em virtude de sua aplicação predefinida. Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante de recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para realizar seus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salário líquido recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos já efetuados (previdência social, vale-transporte etc.). A LRF também determina que a RCL seja apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês de contabilização e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. Assim, o cálculo da RCL é mensal. Como isso cai na prova? 5. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatório das receitas municipais tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e as próprias de autarquias, fundações e empresas dependentes, deduzidas das contribuições dos servidores para custeio de seu sistema de previdência e assistência social, receita de compensação financeira entre regimes previdenciários e Fundef, constitui, segundo a LRF, a (A) receita corrente líquida. (B) renúncia de receita. (C) receita de capital. (D) receita efetiva. (E) receita não efetiva. 6. (CESPE/ANALISTA/TCE-TO/2008) A receita corrente líquida será apurada pelo somatório, de janeiro a dezembro, das receitas correntes, deduzidas as transferências estabelecidas na lei. Na questão 5, o enunciado reproduz todos os procedimentos para obtenção do valor da receita corrente líquida. Gabarito: A. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 9 de 76 A questão 6 traz uma incorreção quanto ao prazo. A RCL é calculada mensalmente, com um “olhar retrospectivo” para os onze meses anteriores. Não se faz o cálculo fixo entre janeiro e dezembro. Questão ERRADA. LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias Na parte dedicada ao planejamento da ação governamental, a LRF traz diversas disposições sobre as funções e o conteúdo da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. No que se refere à LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes assuntos: • equilíbrio entre receitas e despesas; • critérios e forma de limitação de empenho; • normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; • demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas. Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de desequilíbrios fiscais; tarefas de avaliação, trazendo normas sobre a checagem de custos e resultados dos programas; e tarefas “contratuais”, no sentido de estabelecer condições para a transferência de recursos. Outra determinação da LRF sobre a LDO foi relativa à criação de anexos a esta última lei. Vamos estudá-los agora. a) Anexo de Metas Fiscais (AMF). No início da aula, vimos que um dos instrumentos da gestão fiscal responsável é o cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. Assim, o estabelecimentodessas metas se dá justamente no AMF, o que o torna um documento importantíssimo na vida financeira dos entes públicos. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 10 de 76 Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo deixe de apresentá-lo, isso será tomado como um crime fiscal, punível com multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos. O AMF estabelece metas para o período de 3 exercícios (o de referência da LDO e os dois posteriores), a partir da análise empreendida sobre as ocorrências dos 3 exercícios anteriores. As metas que compõem o AMF são: • metas de receita: valores a arrecadar nos próximos exercícios; • metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo; • metas de resultados nominal e primário: diferença a ser mantida entre a arrecadação e os gastos, ora levando em conta receitas e despesas financeiras (resultado nominal, que reflete os efeitos do endividamento público), ora desconsiderando esses componentes financeiros (resultado primário); • metas de dívida: valor referente ao montante da dívida pública a ser mantido nos próximos exercícios. Outros conteúdos do AMF são: • avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior. Portanto, o AMF é mais que um documento de projeção de metas; é também um documento de avaliação dos resultados das metas traçadas no exercício passado; • demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional. As metas fiscais fixadas pelo Executivo, além de serem estabelecidas no AMF, também devem ser explicadas e sustentadas com argumentos técnicos, para convencimento do Poder Legislativo e dos outros setores sociais; AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 11 de 76 • evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos. A ideia aqui é manter controle sobre o que o governo realiza com os recursos provenientes da alienação, ou seja, da venda, de bens públicos, como imóveis e estoques de produtos agropecuários. • avaliação da situação financeira e atuarial: o dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; o dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; • demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF). Esse Anexo que trata das ocorrências possivelmente causadoras de desequilíbrios nos resultados fiscais. Os riscos fiscais são classificados como riscos orçamentários (riscos de receita e de despesa, relativos à não concretização dos parâmetros planejados) e riscos de dívida (riscos de administração da dívida mobiliária e passivos contingentes). Os passivos contingentes, que são um tipo de risco de dívida, representam situações que podem ocasionar novas obrigações para o ente público. Normalmente, trata-se de causas judiciais em que o ente pode vir a ser condenado a pagar certas quantias questionadas. Diante da concretização dos riscos fiscais, pode ser necessário empregar recursos para cobrir eventuais gastos. A dotação orçamentária designada para essas “emergências” é a nossa já conhecida reserva de contingência, que estudamos ao tratar de créditos adicionais. A reserva de contingência recebe tratamentos diferentes das leis de matéria orçamentária: • a LDO deve definir a forma de utilização da reserva, bem como seu montante, que é calculado com base na receita corrente líquida (olha AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 12 de 76 a RCL aí de novo – como vimos, ela serve de parâmetro para diversos limites e cálculos trazidos na LRF); • por sua vez, a LOA prevê a reserva de contingência como uma dotação orçamentária, no montante instituído pela LDO, deixando-a contabilizada, com recursos atribuídos, e pronta para eventual execução. c) Anexo especial federal: para a União, está previsto um terceiro anexo. A mensagem presidencial que encaminhar o PLDO ao Congresso deverá conter um anexo que trate dos seguintes pontos, referentes ao exercício subsequente: • objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial; • parâmetros e projeções para os principais agregados e variáveis dessas políticas; • metas de inflação. Assim, quando saem na mídia notícias sobre as “metas de inflação para o ano que vem”, repare que o PLDO deve ter entrado em discussão no Congresso. Como isso cai na prova? 7. (ESAF/APO/MPOG/2008) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuiu novas e importantes funções ao orçamento e à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nos termos da LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias recebeu novas e importantes funções entre as quais não se inclui: a) mostrar as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual e respectivas receitas, sendo o financiamento da dívida demonstrado de forma separada nas leis de créditos adicionais. b) estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as metas de resultado primário e nominal previstas para o exercício. c) quantificar o resultado primário obtido com vistas à redução do montante da dívida e despesas com juros. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 13 de 76 d) dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento. e) disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas. 8. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas. 9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo, servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que se referem e os dois seguintes. 10. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2006) A lei orçamentária anual apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente. Na questão 7, as despesas relativas à dívida e as respectivas receitas, bem como a demonstração em separado do seu financiamento, não fazem parte do rol de matérias da LDO. O restante das alternativas aborda pontos que a LRF atribuiu a ela. Gabarito: A. A questão 8 está CERTA. O ARF é um dos anexos previstos para a LDO, e deve conter a avaliação de passivos contingentes e outros riscos. A questão 9 reflete bem a intenção da elaboração do AMF, reforçando a questão da “ação planejada” que já destacamos. Questão CERTA. A questão 10 está ERRADA: o anexo específico referido pelo enunciado acompanha a LDO, e não a LOA. LRF e Lei Orçamentária Anual Novamente, vamos destacar alguns dispositivos legais aplicáveis:AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 14 de 76 Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º; II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: a) (VETADO) b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. (...) § 2º O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional. (...) § 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. A compatibilidade da LOA com a LDO e o PPA não é novidade; já estudamos esse assunto na aula sobre os instrumentos orçamentários. Entretanto, há uma “compatibilidade adicional” à qual a LOA deve obedecer: trata-se da compatibilidade com o Anexo de Metas Fiscais da LDO. Dessa forma, a previsão da receita e a fixação da despesa devem manter os resultados fiscais do AMF, e isso deve vir garantido já no próprio texto do projeto de LOA. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 15 de 76 Relativamente ao inciso II, o documento ao qual se refere o § 6º do art. 165 da CF/88 é o demonstrativo das renúncias de receita, também já estudado, e que integra o PLOA. Por se tratar de “dinheiro recusado” pelo governo, e em nome do princípio da universalidade, o orçamento deve espelhar essa arrecadação a menor, para que sejam prestadas as informações corretas ao Legislativo. O que a LRF acrescenta a essa ordem da Constituição é a necessidade de compensação das renúncias de receita. E as informações sobre as medidas compensatórias também constarão da Lei Orçamentária. Além do que se refere às renúncias de receita, a LOA também será acompanhada das medidas de compensação às despesas obrigatórias de caráter continuado. Mas isso também é assunto para daqui a pouco. Uma preocupação especial com a “rolagem” da dívida pública consta desse art. 5º da LRF. O refinanciamento da dívida, que já apareceria de qualquer modo no orçamento, deve constar de forma separada, em nome da clareza e publicidade da informação. É que esse dado representa a continuidade do endividamento do ente público, o que limita, entre outras coisas, o montante de recursos que não poderão ser aplicados em despesas que beneficiem diretamente a sociedade. A respeito do § 4º do art. 5º (vedação a crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada), essa ordem legal tem por objetivo tornar a LOA um instrumento orçamentário tão exato e transparente quanto possível. A previsão de despesas sem finalidade precisa ou sem limitação de numerário vai contra a necessidade de controle que deve existir sobre a aplicação do dinheiro público. Como isso cai na prova? 11. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Um demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com as metas fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve integrar a LOA, na forma de anexo. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 16 de 76 12. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) A Lei de Responsabilidade Fiscal traz algumas disposições que devem ser observadas na elaboração do projeto de lei orçamentária anual, como: I. Estar compatível com o plano plurianual. II. Conter demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do anexo de metas fiscais da LDO. III. Conter reserva de contingência, que pode ser calculada, utilizando-se percentual sobre a receita corrente líquida, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. IV. Permitir consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I, II, III B) I, II C) I D) II, III, IV E) I, II, III, IV 13. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O projeto de LOA conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na LDO. 14. (FCC/ANALISTA/MP-RS/2008) O projeto de lei orçamentária anual será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas de investimentos. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 17 de 76 A questão 11 se refere ao demonstrativo requerido pelo art. 5º, inc. I, da LRF. Questão CERTA. Na questão 12, relativamente às regras do art. 5º da LRF aplicáveis à LOA, temos a compatibilidade com o PPA e a determinação da existência de demonstrativo das renúncias de receita. Quanto à reserva de contingência, seu cálculo dá-se obrigatoriamente mediante percentual incidente sobre a receita corrente líquida, e não é permitido consignar crédito com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada. Gabarito: B. A questão 13 é baseada na literalidade da LRF. A reserva de contingência corresponde a uma das dotações da LOA. Questão CERTA. A questão 14 trouxe um problema apenas no finalzinho: a LOA deve ser acompanhada de medidas de compensação a despesas obrigatórias de caráter continuado, e não a despesas com investimentos. Questão ERRADA. Execução orçamentária Os principais trechos da LRF a respeito desse tópico são o art. 8º e o art. 13: Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias (...), o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. Assim, logo após a publicação da LOA, num prazo de até 30 dias, faz-se uma distribuição das despesas que os órgãos poderão executar mensalmente, ao lado da distribuição bimestral da arrecadação prevista. Com isso, a cada período, checa-se se o andamento da arrecadação poderá suportar o calendário da despesa. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 18 de 76 A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDO’s, todos os Poderes e o MP devem estabelecer sua própria programação financeira e seu cronograma de desembolso: Lei 12.017/2009 (LDO 2010), Art. 69. Os Poderes e o Ministério Público da União deverão elaborar epublicar por ato próprio, até 30 (trinta) dias após a publicação da Lei Orçamentária de 2010, cronograma anual de desembolso mensal, por órgão, nos termos do art. 8º da Lei Complementar nº 101, de 2000, com vistas ao cumprimento da meta de resultado primário estabelecida nesta Lei. Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadação da receita, bem como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que é o grande arrecadador entre os Poderes. Já estudamos anteriormente o parágrafo único do art. 8º, mas vamos relembrá-lo: Art. 8º, Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas despesas, por força de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam aplicados, mesmo que a execução só ocorra em exercício posterior. Assim, é premissa para a execução do orçamento a garantia de vinculação entre os recursos arrecadados e suas aplicações predefinidas. Portanto, não existe um “zeramento” relativamente aos recursos vinculados, pelo fato de não terem sido aplicados no âmbito do orçamento em que porventura tenham sido arrecadados. Como isso cai na prova? 15. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 19 de 76 objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. 16. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Após o início do exercício financeiro, os poderes dispõem de 30 dias para o estabelecimento da programação financeira e cronograma de execução mensal de desembolso. A questão 15 faz uma reescritura do parágrafo único do art. 8º da LRF. Questão CERTA. A questão 16 está ERRADA: o prazo de 30 dias para o estabelecimento da programação financeira e do cronograma de desembolso é contado a partir da publicação da LOA, e não do início do exercício. Cumprimento de metas de resultado Sobre o cumprimento de metas, o Manual Técnico de Orçamento traz os seguintes comentários a respeito: Em 1964, a edição da Lei nº 4.320 já evidenciava a preocupação do legislador quanto ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e despesas no orçamento, permitindo que o Poder Executivo se organizasse de forma a prevenir as oscilações que aconteceriam no decorrer do exercício financeiro, invocando a necessidade de estipular cotas trimestrais para a execução da despesa. Em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF trouxe a necessidade de incorporar metas de resultado fiscal, além de ressaltar o descompasso provável entre receitas e despesas, de modo a equilibrar o orçamento em tempo hábil para não prejudicar o desempenho do governo nas três esferas: federal, estadual e municipal. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO completa os dispositivos legais da determinação do controle fiscal e dos recursos disponibilizados, informando, entre outros parâmetros, qual será a base contingenciável, as despesas que não são passíveis de AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 20 de 76 contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos das metas de resultado primário e sua periodicidade. Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no art. 9º e seus parágrafos, como segue: Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. § 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. Vamos comentar essas regras. Como já estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas de resultado primário e nominal para o exercício de referência e para os dois seguintes. Deixando bem repisado, durante o exercício financeiro, faz-se um acompanhamento constante da arrecadação da receita, que servirá como condição para a execução da despesa programada. O Poder Executivo, após a publicação da LOA, deve desdobrar a arrecadação prevista em metas bimestrais. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 21 de 76 Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministério Público, deve estabelecer a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadação, para garantir a sustentabilidade das liberações de gastos. Ocorrendo alguma baixa na arrecadação, a ponto de ameaçar as metas de resultado primário ou nominal, todos os Poderes e o MP devem “frear” o ritmo de execução da despesa. Assim, tanto a emissão de empenhos quanto a transferência de recursos devem ser reduzidas, para que o nível da execução da despesa fique adequado ao cenário de receita diminuída. Isso que o que se chama, comumente, de “contingenciamento de despesas”. Perceba que não é o caso de aguardar a despesa superar a receita. O parâmetro são as metas de resultado. Como as metas de resultado, normalmente, são positivas, isso significa que, para contingenciar despesas, não se espera “faltar dinheiro”, mas, simplesmente, “sobrar menos dinheiro”. Havendo retomada da arrecadação, também se procede à liberação das despesas contingenciadas, proporcionalmente às reduções antes efetivadas. É importante observar também que nem toda despesa pode ser contingenciada. As despesas obrigatórias segundo a CF/88 (pessoal, dívida pública e transferências constitucionais ou legais) não podem ser afetadas por esse artifício de controle. Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO não podem ser contingenciadas. Como já está bem estudado, a LDO indica quais despesas são prioritárias para a Administração no exercício em foco. Um dos efeitos de uma despesa ser considerada prioritária na LDO é justamente ficar a salvo desses cortes. Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas são as relativas a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como o governo aposta todas as fichas no PAC, é natural que os projetos respectivos não sejam prejudicados pelo contingenciamento. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 22 de 76 Muito bem, depois de afastadas as obrigações constitucionais e as ressalvas da LDO, sobra o grupo das “despesas discricionárias”, sobre as quais incidirá o contingenciamento. Como já se destacou, todos os Poderes e o MP devem dar suaparcela de contribuição para a manutenção do equilíbrio fiscal. Portanto, por ato próprio, todos deverão limitar suas despesas diante de um quadro de queda de arrecadação. Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP não procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia descontar a parcela correspondente ao contingenciamento sobre o valor repassado ao Poder “não solidário”. É a previsão do § 3º do art. 9º, reproduzido acima. O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros Poderes, em obediência ao art. 168 da CF/88: Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. Entretanto, essa possibilidade de “desconto em folha” por parte do Executivo foi declarada inconstitucional pelo STF (ADIN 2.238), devido à afronta ao princípio da separação dos Poderes. Assim, o Executivo não pode contingenciar despesas que não sejam as suas próprias, devendo aguardar pela colaboração dos outros. Como isso cai na prova? 17. (CONSULPLAN/ADMINISTRADOR/CODEVASF/2008) Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, os Poderes promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários: AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 23 de 76 A) O cancelamento de despesas. B) O aumento da receita. C) A limitação do empenho. D) A abertura de créditos adicionais. E) A alteração das metas de resultado primário e nominal. 18. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário. 19. (CESPE/ACE/TCU/2007) A recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. 20. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais. Na questão 17, a providência a ser tomada pelos Poderes, entre as alternativas listadas, é a limitação do empenho. Gabarito: C. Quanto à questão 18, já vimos que o Executivo só pode contingenciar despesas de seus órgãos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes. Questão ERRADA. A questão 19 está CERTA. O “retorno” gradual da receita aos patamares esperados transmite sua gradação à recomposição das despesas. A questão 20 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do § 3º do art. 9º da LRF. Questão CERTA. Previsão e arrecadação de receitas AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 24 de 76 Trataremos agora da postura dos entes federados quanto à arrecadação das receitas tributárias. Vejamos o art. 11 da LRF: Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Como visto, a LRF dispõe que, para ser considerado responsável em termos fiscais, cada ente federado deverá empreender esforços para efetivamente arrecadar as receitas tributárias de sua competência. Historicamente, os entes federados menores, principalmente os Municípios, deixaram de instituir seus tributos próprios, vivendo apenas dos repasses da União e dos Estados. A LRF tentou modificar esse costume, criando exigências para que todos os entes obtenham sua arrecadação própria. Essa necessidade de arrecadação própria é ainda mais significativa no que diz respeito aos impostos, que são as fontes preferenciais de obtenção de recursos tributários. Tanto é que a LRF prevê uma punição a quem não instituir, prever e/ou arrecadar os respectivos impostos: o ente federado faltoso não poderá receber recursos de transferências voluntárias (geralmente, convênios) de outros entes. Entretanto, essa punição é “aliviada” posteriormente: Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social. O raciocínio por trás dessa “aliviada” no castigo aos entes federados é que a população não poderia pagar um preço muito alto por causa da ação irresponsável dos governantes locais. Assim, recursos relativos às áreas de saúde, educação e assistência social continuarão sendo transferidos, mesmo para entes que não tenham se esforçado para obter arrecadação própria. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 25 de 76 Sobre a previsão de receita, a LRF traz o seguinte: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. § 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. § 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo. O caput e o § 1º do art. 12 refletem o caráter técnico que deve cercar a previsão de receita. Os parlamentares não podem “inflar” a receita prevista pelo Executivo, abrindo margem para novas despesas, com base em critérios subjetivos – e, por dedução, o Executivo também deve pautar-se em estudos e cálculos plausíveis para realizar a estimativa. Apenas erro ou omissão de natureza técnica ou legal podem justificar uma emenda de receita. Portanto, são fatores a se considerar no momento de prever as receitas: • normas técnicas e legais. Nesse ponto, trata-se principalmente da legislação que rege as receitas e permite sua arrecadação, considerando os fatos geradores, o conjunto de contribuintes alcançados pela cobrança etc. • efeitos das alterações na legislação. No caso de estar sendo discutida e/ou votada alteração na legislação tributária no âmbito do Legislativo, é AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 26 de 76 possível transferir ao orçamento os efeitos potenciais da arrecadaçãoafetada por tais mudanças. Inclusive, registra-se que a União tem fixado despesas condicionadas na LOA, executáveis à medida que as receitas potenciais, advindas de alterações legislativas, sejam aprovadas. • efeitos do crescimento econômico. A previsão de uma crise econômica, ou, pelo contrário, de uma aceleração nas atividades econômicas, pode trazer efeitos importantes sobre os níveis de arrecadação. Esses fatores devem ser cotejados ao se projetar o montante de receita para o orçamento. • efeitos de qualquer outro fator relevante. Aqui, podemos pensar, a título de ilustração, na informatização da logística de arrecadação de certa receita, potencializando a ação do Fisco e diminuindo a evasão, ou num evento excepcional, que aumente o consumo de bens e serviços – como a Copa do Mundo no Brasil. O § 2º do art. 12 da LRF foi declarado inconstitucional, em liminar, no âmbito da já mencionada ADIN 2.238. É que, apesar de reproduzir a regra de ouro, que já estudamos, esse dispositivo não trouxe a exceção constante da CF/88 (art. 167, inc. III), que permite a desobediência à regra de ouro mediante a aprovação, por maioria absoluta dos parlamentares, de créditos suplementares ou especiais. Por fim, o § 3º exige que o Executivo, depois de ter projetado a arrecadação da receita, com base em tudo isso que vimos acima, disponibilize aos outros Poderes e ao MP as informações necessárias, para que estes elaborem suas propostas orçamentárias. Esse repasse de informações deve ocorrer no mínimo 30 dias antes do prazo final para encaminhamento das propostas setoriais à SOF. Como isso cai na prova? 21. (FCC/ANALISTA/TRT-08/2010) Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 27 de 76 (A) efetiva arrecadação de todas as receitas previstas na Lei Orçamentária do ente da Federação. (B) efetiva previsão e a realização de todas as despesas autorizadas na Lei Orçamentária do ente da Federação. (C) efetiva arrecadação de todas as receitas e a efetiva realização de todas as despesas previstas na Lei Orçamentária do ente da Federação. (D) instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. (E) instituição, a previsão e a efetiva arrecadação das receitas correntes e de capital da competência constitucional do ente da Federação. 22. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas. 23. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) determina que as autorizações de despesas, constantes do projeto de lei orçamentária, devem considerar os efeitos das alterações na legislação, da variação dos índices de preços, do crescimento econômico e de qualquer outro fator relevante. Na questão 21, os requisitos relativos à responsabilidade fiscal, quanto à receita, são a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação dos tributos reservados constitucionalmente aos entes federados. Gabarito: D. A questão 22 é mais exigente, e traz um exemplo de falha da União quanto à responsabilidade fiscal. Apesar de autorizada pela CF/88 (art. 153, inc. VII), a União ainda não instituiu esse imposto. Questão CERTA. Há dois problemas na questão 23. Primeiramente, quem traz essas determinações é a LRF, e não a LDO. Em segundo lugar, tais exigências referem-se às previsões de receita, não às autorizações de despesas. Questão ERRADA. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 28 de 76 Renúncia de receita De cara, vamos à lei seca: Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. § 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente público deixaria de arrecadar receita? Várias razões podem justificar essa decisão. Por exemplo, um município pode conceder descontos sobre o IPTU relativamente às empresas que se instalarem em seu território a partir de certa data. Renuncia-se a parte AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 29 de 76 da arrecadação para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econômica local (o que vai resultar, futuramente, em maior arrecadação tributária). Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de determinado setor produtivo, diminuindo a incidência do ICMS sobre os gêneros comercializados desse ramo. Portanto, tendo em vista que a obtenção de receita é primordial para a manutenção do equilíbrio fiscal, renunciar à arrecadação de certas receitas deve ser algo bastante justificável. Além dos instrumentos já definidos legalmente (anistia, remissão, subsídio, crédito presumido e isenção), o § 1º aponta o principal critério para se classificar certa medida como renúncia de receita: os efeitos devem ser “não gerais”, ou seja, não podem alcançar todos os contribuintes obrigados ao pagamento. Portanto, renúncia de receita, para a LRF, consiste num tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes. Para se conceder ou ampliar incentivos/benefícios tributários, as metas de resultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) não podem ser afetadas, ou todo o trabalho de equilíbrio das contas seria posto a perder. Assim, é necessário fazer um trabalho de planejamento a respeito da renúncia de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto dessa operação, em termos orçamentários e financeiros, para o exercício de início da vigência e para os dois subsequentes. Outro ponto importante sobre a renúncia de receita é a necessidade, ou não, de compensação dos recursos que deixam de ser arrecadados. Por exemplo, se as condições fiscais do ente federado permitem que ele simplesmente renuncie a parte da arrecadação, sem maiores problemas quanto às metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita já abatida da renúncia, não sendo necessário instituir quaisquer compensações. Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previsão, na LOA, da receita já diminuída, a alternativa é a obtenção, a partir de outra fonte, dos recursos correspondentespara a compensação. Dispensa-se a arrecadação de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 30 de 76 atividade econômica. Perceba que, nesse caso, não se pode simplesmente desprezar a previsão da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadação. Nesse sentido, são opções de compensação à renúncia de receita: a criação ou majoração de novo tributo; a elevação de alíquotas; a ampliação da base de cálculo de tributo já existente. A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessário instituir medidas de compensação, a renúncia de receita só poderá se efetivar depois de tais medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, “o seguro morreu de velho”! Como isso cai na prova? 24. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) A Lei de Responsabilidade Fiscal disciplina a renúncia de receitas. Não se considera renúncia de receita: (A) a imunidade. (B) a remissão. (C) a anistia. (D) o crédito presumido. (E) a isenção em caráter não geral. 25. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) Caso haja renúncia de receita, deverá haver demonstração de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas ou estar acompanhada de medidas de compensação por meio de aumento da receita. 26. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) No caso de concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, é facultado o acompanhamento de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 31 de 76 Das alternativas da questão 24, a hipótese não relacionada a renúncia de receita é a imunidade, que se trata do impedimento constitucional de cobrança de tributos relativamente a certas pessoas/entes. Gabarito: A. A questão 25 está CERTA. Foram reproduzidas as duas condições para a concessão de renúncia de receita. A estimativa de impacto orçamentário-financeiro da renúncia de receita é obrigatória, constituindo um dos requisitos para a concessão do benefício. A questão 26 está ERRADA. Geração de despesa Vamos começar nosso estudo sobre regras e condições para geração de despesa pelo art. 16 da LRF: Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 32 de 76 § 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4º As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição. Essas regras, mais as do art. 17, como veremos adiante, são absolutamente obrigatórias, como indica a redação do art. 15: Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. Com a exceção de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO), os incisos do art. 16 tratam das condições para que se crie ou amplie uma despesa referente a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental (normalmente, trata-se de ações orçamentárias do tipo projeto). Você já deve ter percebido que esse prazo de 3 exercícios aparece algumas vezes na LRF. Aquela história da “ação planejada” que vimos logo no início da aula se reflete, entre outras coisas, na observância dos efeitos de certos fenômenos ou atos durante esse período. Assim, a geração da despesa deve ser acompanhada da estimativa de impacto orçamentário-financeiro no exercício de início e nos dois seguintes. Perceba também que a despesa criada ou ampliada deve ser compatível com o PPA e a LDO, e ter adequação orçamentária e financeira com a LOA. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 33 de 76 Sem o cumprimento dessas condições, não se pode iniciar a execução da despesa nova: nada de empenhar, realizar licitação, contratar bens ou serviços ou, até mesmo, desapropriar imóveis urbanos (o que deve ser indenizado previamente e em dinheiro). Como isso cai na prova? 27. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) É considerada não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio público a geração de despesa não acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes. 28. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) É condição prévia para empenho e licitação de serviços criados por ação governamental nova, a declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com todos os tipos de orçamentos. 29. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) A despesa objeto de dotação específica ou que esteja abrangida por crédito genérico é considerada compatível com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A questão 27 teve sua redação baseada nos art. 15 e art. 16, inc. I, da LRF. Questão CERTA. A questão 28 também está CERTA, reproduzindo o teor do art. 16, caput e § 4º, inc. I, da LRF. A questão 29 está ERRADA: a despesa que possua as características mencionadas é considerada “adequada com a lei orçamentária anual”. Para compatibilidade com a LDO e o PPA, a despesa deve se conformar com as diretrizes, objetivos, metas e prioridades destes instrumentos, sem contrariar suas disposições. Despesas obrigatórias de caráter continuado AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 34 de 76 As despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC) têm suas características discriminadas no art. 17 da LRF: Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhadode comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. § 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 35 de 76 Diferentemente das despesas que comentamos há pouco, relativas a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, e que caracterizam tipicamente investimentos, as DOCC são despesas correntes, ou seja, de manutenção da máquina administrativa e de serviços públicos. Por serem despesas correntes, as DOCC não importam enriquecimento do Estado (o que é característica das despesas de capital). Portanto, DOCC são executadas em favor de atividades e serviços que beneficiam direta ou indiretamente a sociedade, mas que não envolvem aumento patrimonial. Vale anotar as outras características dessas despesas: elas são obrigatórias, em virtude de serem instituídas por atos normativos, e são de longo prazo (mais que dois exercícios). Todas essas características das DOCC trazem alto risco para o equilíbrio fiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimônio, que duram bastante tempo e cuja execução não pode ser interrompida. É por isso que a LRF traz tantas condições para a criação de DOCC. Vamos esquematizá-las: • estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que a despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; • demonstração da origem dos recursos para custeio; • comprovação de não afetação das metas de resultado fiscais do AMF; • compensação por meio de aumento permanente de receita ou redução permanente de despesa; • início da execução da DOCC apenas depois das medidas de compensação. Veja que, diferentemente da renúncia de receita, que pode ser “absorvida” pela LOA, a LRF não dá alternativa quanto às DOCC: elas devem ser acompanhadas de medidas de compensação, e ponto final. Essas medidas de compensação são aquelas que servem também para as renúncias de receita, já comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas, aqui, também se pode compensar por meio da redução de despesa. De AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 36 de 76 qualquer forma, as medidas de compensação, em nome da “segurança fiscal”, devem ser instituídas no mesmo instrumento que criar a DOCC. O § 6º estabelece duas exceções à classificação de despesas como DOCC. Apesar de apresentarem todas as características aqui estudadas, elas não precisarão se submeter a esse rígido regime de aprovação e execução. Trata- se das despesas relativas ao pagamento da dívida pública e ao reajuste geral do funcionalismo. O § 7º do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um período curto, fugindo à classificação como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada. Assim, estaríamos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir todas essas regras. Para evitar essa situação, a prorrogação de uma despesa “normal” será considerada “aumento de despesa”, e, dessa forma, será enquadrada nas regras das DOCC. Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO deverá conter um demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado, e a LOA, por seu turno, trará as próprias medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado. Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a geração de despesa ou a assunção de obrigação que não atendam às regras para criação de despesa com investimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) serão consideradas “não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público”. Como isso cai na prova? 30. (FCC/ANALISTA/TRT-04/2011) Toda despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios é considerada obrigatória de caráter continuado. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 37 de 76 31. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio. 32. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) A prorrogação de despesa criada por prazo determinado não é considerada como aumento de despesa. 33. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) As medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado devem acompanhar o projeto de LOA. A questão 30 reproduz, basicamente, o conceito legal de DOCC. Questão CERTA. A questão 31 indica corretamente uma das exceções às exigências das DOCC. Apesar de se caracterizar como tal, a revisão geral anual do funcionalismo não precisa obedecer às limitações da LRF quanto ao tema. Questão CERTA. A questão 32 está ERRADA: o único problema foi a presença da palavra “não” em seu texto. A questão 33 também reproduz um dispositivo da LRF: trata-se do art. 5º, inc. II. Questão CERTA. Despesa com pessoal A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei de Responsabilidade Fiscal, pelo volume que assume nos gastos públicos e pelas características de risco para o equilíbrio fiscal. Para garantir a sustentabilidade das contas públicas, as despesas com pessoal devem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas características de DOCC. Despesas com pessoal são “eternas”, no sentido de não poderem, em princípio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda há os casos de prorrogação, ao se transformar a remuneração de pessoal ativo em pensões ou aposentadorias. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 38 de 76 Em virtude dessas observações, faz parte da responsabilidade na gestão fiscal manter sob controle as despesas com pessoal. Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado abrange os seguintes itens: (...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociaise contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. Além dessas, são contabilizadas como “outras despesas de pessoal” aquelas referentes à terceirização de mão de obra que venha a substituir servidores e empregados públicos. A terceirização de mão de obra que não sirva a tal fim continuará sendo classificada como “outras despesas correntes”. Para a contabilização da despesa com pessoal, são apuradas as despesas executadas no mês de referência e nos onze anteriores. Esse período de apuração é o mesmo da receita corrente líquida, que, como já dito, é a base de comparação para diversos cálculos e limites da LRF. A LRF instituiu os limites máximos da despesa total com pessoal, calculados também sobre a RCL. Tais limites são de 50% da RCL para a União e de 60% da RCL para Estados, DF e Municípios. Para realizar o cálculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em relação à RCL, são feitas algumas deduções, das quais podemos destacar as seguintes: • indenização por demissão de servidores ou empregados; • incentivos à demissão voluntária; • decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração da despesa total com pessoal (11 meses anteriores); AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 39 de 76 • despesas com inativos não suportadas diretamente pelo orçamento do ente público. Os limites de 50% ou 60% são, por fim, “rateados” entre os Poderes e órgãos dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo (maior empregador, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio: % sobre receita corrente líquida UNIÃO (máximo de 50% da RCL) Executivo Legis lativo (incluindo o TCU) Judiciário MPU 40,9% 2,5% 6% 0,6% ESTADOS/DF (máximo de 60% da RCL) Executivo Legislativo (incluindo o TCE) Judiciário MPE 49% (48,6% se houver TCM) 3% (3,4% se houver TCM) 6% 2% MUNICÍPIOS (máximo de 60% da RCL) Executivo Legislativo (incluindo TC do M, quando houver) 54% 6% Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Tribunal de Contas do Município (TC do M). A CF/88 permite (art. 31, § 1º) que os estados instituam um tribunal de contas especializado para exercer atividades de controle externo sobre os municípios do estado. Esse é o Tribunal de Contas dos Municípios, um órgão estadual. Atualmente, quatro estados têm TCM em sua estrutura orgânica: Pará, Ceará, Bahia e Goiás. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 40 de 76 Não havendo esse órgão especializado, o controle dos municípios será exercido pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, em auxílio às Câmaras de Vereadores. Quando aos Tribunais de Contas do Município (órgãos municipais), só existem dois: o do município de São Paulo e o do Rio de Janeiro. E não podem existir outros: a CF/88 proibiu a criação de novos tribunais desse tipo (art. 31, § 4º). Como isso cai na prova? 34. (CESPE/ACE/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com pessoal engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. 35. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) A Lei de Responsabilidade Fiscal define limites máximos para as despesas com pessoal que cada ente da federação poderá realizar. Na verificação do atendimento dos limites definidos, serão computadas as despesas (A) de indenização por demissão de servidores ou empregados. (B) relativas a incentivos à demissão voluntária. (C) decorrentes de decisão judicial de competência de período anterior ao da apuração. (D) com inativos custeadas com recursos provenientes da arrecadação de contribuições dos segurados. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 41 de 76 (E) com contratos de terceirização de mão de obra que se referem à substituição de servidores públicos. 36. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) Os percentuais de gastos com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida nos municípios serão de 54% para o executivo e 6% para o legislativo. O comprido texto da questão 34 limitou-se a copiar o teor do art. 18 da LRF. Questão CERTA. Na questão 35, a despesa incluída no total das despesas com pessoal, conforme a LRF, é a referente a contratos de terceirização que envolvam substituição de servidores. Gabarito: E. A questão 36 está CERTA. Foram reproduzidos corretamente os percentuais dos limites relativos à despesa total com pessoal do Executivo e do Legislativo municipais. Controle da despesa total com pessoal A LRF determina que seja considerado nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda às seguintes exigências: • condições dos arts. 16 e 17 (geração de despesa e DOCC); • disposição do art. 37, inc. XIII, da CF/88 (proibição de vinculação ou equiparação de espécies remuneratórias para efeito de remuneração de pessoal); • disposição do art. 169, § 1º, da CF/88 (autorização da LDO e previsão na LOA para aumento da despesa com pessoal); • obediência ao limite legal das despesas com pessoal inativo; • proibição de aumento da despesa com pessoal nos últimos 180 dias do mandato do chefe de Poder. AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 42 de 76 Além disso, os Poderes e órgãos dos entes federados não devem esperar que a despesa com pessoal ultrapasse o limite máximo para tomarem algumas providência. A LRF também instituiu procedimentos de cautela, no tocante a esse assunto. Essa cautela se refletiu no estabelecimento de sublimites a serem observados, da seguinte forma: • limite de alerta: 90% do limite máximo. Ultrapassado esse ponto, os Tribunais de Contas devem alertar ao órgão ou Poder respectivo a respeito do fato; • limite prudencial: 95% do limite máximo da despesa total com pessoal. Ultrapassado esse limite, o órgão ou Poder deve iniciar procedimentos de controle da despesa com pessoal: fica proibido conceder vantagem, aumento, reajuste (salvo por determinação legal, judicial ou contratual), criar cargos, empregos ou funções, admitir pessoal, contratar hora extra etc. • limite máximo da despesa total com pessoal: 50% ou 60% da RCL, conforme o caso. Ultrapassado o limite máximo, o percentual excedente deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo menos, um terço no primeiro quadrimestre. E, para essa eliminação do excesso, podem-se adotar as medidas sequenciais indicadas no art. 169, §§ 3º e 4º, da CF/88, a saber: redução das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; exoneração de servidores não estáveis; e, por fim, se necessário, exoneração de servidores estáveis. Se a eliminação do excesso da despesa com pessoal não for alcançada no prazo legal, o ente federado fica proibido de receber transferências voluntárias, contratar operações de crédito (exceto para refinanciamento da dívida mobiliária e para redução das despesas
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