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LRF e AFO

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AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
PROF. GRACIANO ROCHA 
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 76 
AULA 05 
Saudações, caro aluno! 
Este é o último encontro de nosso curso. Como programado, trataremos, desta 
feita, da lei que procurou mudar a cultura dos administradores públicos no 
Brasil quanto às finanças públicas: a Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Ela envolveu um processo inclusive pedagógico sobre a forma de lidar com o 
dinheiro público, e, acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei 
10.028/2000), buscou instituir um modelo responsável (como diz seu nome) 
de gestão. 
Vamos seguir os tópicos da Lei indicados pelo edital para fazer nosso estudo. 
Então, vamos lá. Boa aula! 
GRACIANO ROCHA 
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR 101/2000) 
Introdução
Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas 
informações preliminares. 
A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vários setores da 
sociedade brasileira, após o final dos governos militares. Entretanto, desde a 
redemocratização, o Brasil, como federação, enfrentava problemas econômicos 
graves, dos quais a chamada “inflação galopante” podia ser indicada como o 
principal. 
AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
PROF. GRACIANO ROCHA 
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 2 de 76 
Num ambiente de alta inflação, o planejamento de receitas a arrecadar
e de despesas a efetuar durante o exercício financeiro é praticamente
inútil. Isso porque o índice de preços se altera substancialmente de um
período para outro, e as previsões feitas vários meses antes não são
fonte confiável para a gestão. Assim, a administração financeira era
afetada por diversos vícios e desvios provenientes do ambiente
inflacionário.
Por isso, apenas depois da estabilização da moeda e do controle da 
inflação, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propício para 
um novo (e sério) regramento das finanças públicas. As ideias/necessidades 
principais que levaram à edição da LRF foram: 
• controle das contas públicas, de forma a evitar déficits; 
• necessidade de planejar a ação governamental, aplicando os recursos 
de forma racional e sustentável; 
• controle das despesas com pessoal e do montante da dívida pública, 
para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num contexto de 
gastos sem desenvolvimento econômico; 
• transparência da gestão orçamentária e financeira, com 
disponibilização de demonstrativos e resultados em meios de acesso 
público. 
O trecho da LRF que serve como “mapa” da LRF é o § 1º do art. 1º. Os itens 
constantes desse texto são ampliados nas seções da Lei, com a fixação de suas 
regras próprias. Vejamos a lei seca: 
Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e 
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o 
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados 
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a 
renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e 
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por 
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. 
AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
PROF. GRACIANO ROCHA 
Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 3 de 76 
Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho: 
• pressuposto da gestão fiscal responsável: ação planejada e 
transparente. A administração dos recursos públicos não pode ser feita 
“de improviso”. Deve levar em conta as necessidades prioritárias da 
sociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a 
sustentabilidade das finanças públicas no tempo; 
• objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir
desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas. Nesse sentido, a 
gestão responsável envolve o acompanhamento permanente do 
comportamento das receitas, despesas e dívida pública; 
• instrumentos da gestão fiscal responsável: 
¾ cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O 
equilíbrio fiscal depende da manutenção de uma diferença mínima 
entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante 
da dívida; 
¾ limites e condições quanto a 
ƒ renúncia de receita; 
ƒ geração de despesas com pessoal; 
ƒ geração de despesas da seguridade social e outras; 
ƒ dívidas consolidada e mobiliária; 
ƒ operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; 
ƒ concessão de garantia; 
ƒ inscrição de despesas em restos a pagar. 
As maiores “dificuldades” criadas pela LRF no tocante a esses pontos
justificam‐se pelo risco de desequilíbrio das contas públicas em caso de
descontrole. Perceba que todos esses itens que sofrem “limites e
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condições” estão ligados à diminuição de receita ou ao aumento
(potencial ou real) de despesa.
Como isso cai na prova? 
1. (CONSULPLAN/ECONOMISTA/PREF. LONDRINA/2011) A Lei de 
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº. 101, de maio de 2000) 
visa regulamentar a Constituição Federal, na parte da Tributação e do 
Orçamento (Título VI), cujo Capítulo II estabelece as normas gerais de 
finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: 
Federal, Estadual e Municipal. Sendo assim, o seu principal objetivo é: 
A) Emitir relatórios periódicos de gestão fiscal. 
B) Disponibilizar as contas dos administradores. 
C) Elaborar planos e orçamentos. 
D) Divulgar relatórios de execução orçamentária. 
E) Estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a 
responsabilidade na gestão fiscal. 
2. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de 
responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de 
evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que 
arrecadam. 
Na questão 1, a maior parte das alternativas aborda tarefas relacionadas à 
gestão fiscal responsável. O objetivo principal da LRF é o estabelecimento de 
normas voltadas para esse tema, como indica sua ementa, inclusive. Gabarito: 
E. 
A responsabilidade fiscal é a responsabilidade no trato com as finanças 
públicas. Portanto, para manter as finanças “saudáveis”, é necessário evitar 
desequilíbrios fiscais. A questão 2 está CERTA. 
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Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 5 de 76 
Abrangência da LRF
Outra disposição inicial da LRF diz respeito a quem está submetido às suas 
regras e limitações. 
A Lei utilizou um critério amplo para fixar sua “clientela”. Todos os órgãos de 
todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais 
dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas 
estabelecidas na LRF. Ou seja, está abrangida toda a administração direta dos 
entes federados e quase toda a administração indireta. 
Como exceção, apenas as chamadas “empresas estatais independentes” 
estão fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente, 
suas próprias regras de governança corporativa, para “sobreviverem” no 
mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de 
responsabilidade fiscal). 
Inicialmente, cabe destacar que ambas as espécies de estatais, as
dependentes e as independentes, são consideradas empresas
controladas. Isso significa que elas têm a maior parte de seu capital
social com direito a voto nas mãos de um ente federado (União, Estado,
DF, Município, conforme o caso). Ou seja, o ente federadoé quem detém
o poder de decidir, ao final, como a empresa controlada se comportará e
desenvolverá suas atividades no mercado ou na prestação de serviços
públicos.
Muito bem, o que leva à “dependência” ou não de uma empresa estatal é a 
característica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de 
manutenção e de investimento. O tipo de recursos que são transferidos
pelo ente público às estatais reflete justamente essa característica. 
Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas 
despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de 
custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale 
dizer, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a 
transferência de recursos do ente controlador. Suas atividades não envolvem, 
como regra, a obtenção de lucro. Por essas características, as empresas 
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estatais dependentes normalmente estão abrangidas pelos orçamentos 
fiscal e da seguridade social. 
Já as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador, 
os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja, 
como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a 
administração da empresa. Esse “perfil” leva as estatais independentes a 
serem contempladas no orçamento de investimento. 
Como isso cai na prova? 
3. (FCC/AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO/TCE-SP/2010) Considera-se empresa 
controlada a sociedade 
(A) de capital aberto em que a União detenha mais de 20% e menos de 
50% das ações. 
(B) que presta serviços de qualquer natureza para a União, os Estados e 
Municípios. 
(C) cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou 
indiretamente, a ente da Federação. 
(D) que mantém convênio com a União, os Estados ou Municípios. 
(E) cujo capital social pertença à União em sua integralidade. 
4. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) As disposições da 
Lei de Responsabilidade Fiscal são aplicáveis ao Ministério Público, Distrito 
Federal e Empresas estatais dependentes. 
Sobre a questão 3, a empresa controlada, seja dependente, seja 
independente, caracteriza-se pela maior parte do capital social com direito a 
voto pertencente ao ente público controlador. Gabarito: C. 
A questão 4 está CERTA. Todos os órgãos/entes citados estão abrangidos pela 
cobertura da LRF. 
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Receita corrente líquida
Outra importante noção trazida nas primeiras linhas da LRF é a “receita 
corrente líquida” (RCL), utilizada como base para vários limites de 
gastos, estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa 
palavra chave, “limites”, juntamente com “condições”?). 
Já devemos ter uma boa noção sobre receitas correntes, mas é bom
relembrar: são as receitas arrecadadas normalmente pelos entes
públicos, geralmente de efeito aumentativo sobre o patrimônio público,
e que se destinam, tipicamente, ao custeio das atividades e serviços a
cargo da Administração Pública.
O termo “líquida”, em “receita corrente líquida”, significa que, para sua 
definição, haverá algum tipo de dedução ou desconto sobre o total bruto
de receitas correntes. 
Cada ente federado terá suas próprias deduções, mas, nos prendendo ao caso 
da União, a RCL é calculada da seguinte forma: 
(=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES 
(–) transferências constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municípios 
(–) contribuições sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador 
(–) contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS) 
(–) contribuição previdenciária dos servidores públicos 
(–) receitas previdenciárias de compensação entre os regimes geral e dos 
servidores públicos 
(–) compensação financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir) 
(–) complementação f inanceira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53) 
Da análise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes 
arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos
aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da 
seguridade social, principalmente. Portanto, essas deduções tratam de 
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parcelas da receita corrente com os quais a União não pode contar, em 
virtude de sua aplicação predefinida. 
Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante de 
recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para realizar 
seus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salário líquido
recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos já efetuados (previdência 
social, vale-transporte etc.). 
A LRF também determina que a RCL seja apurada somando-se as receitas 
arrecadadas no mês de contabilização e nos onze anteriores, excluídas as 
duplicidades. Assim, o cálculo da RCL é mensal. 
Como isso cai na prova? 
5. (FCC/INSPETOR/TCM-CE/2010) O somatório das receitas municipais 
tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de 
serviços, transferências correntes e as próprias de autarquias, fundações e 
empresas dependentes, deduzidas das contribuições dos servidores para 
custeio de seu sistema de previdência e assistência social, receita de 
compensação financeira entre regimes previdenciários e Fundef, constitui, 
segundo a LRF, a 
(A) receita corrente líquida. 
(B) renúncia de receita. 
(C) receita de capital. 
(D) receita efetiva. 
(E) receita não efetiva. 
6. (CESPE/ANALISTA/TCE-TO/2008) A receita corrente líquida será apurada 
pelo somatório, de janeiro a dezembro, das receitas correntes, deduzidas 
as transferências estabelecidas na lei. 
Na questão 5, o enunciado reproduz todos os procedimentos para obtenção do 
valor da receita corrente líquida. Gabarito: A. 
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A questão 6 traz uma incorreção quanto ao prazo. A RCL é calculada 
mensalmente, com um “olhar retrospectivo” para os onze meses anteriores. 
Não se faz o cálculo fixo entre janeiro e dezembro. Questão ERRADA. 
LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias
Na parte dedicada ao planejamento da ação governamental, a LRF traz 
diversas disposições sobre as funções e o conteúdo da Lei de Diretrizes 
Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. 
No que se refere à LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes 
assuntos: 
• equilíbrio entre receitas e despesas; 
• critérios e forma de limitação de empenho; 
• normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados 
dos programas financiados com recursos dos orçamentos; 
• demais condições e exigências para transferências de recursos a 
entidades públicas e privadas. 
Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento 
operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de 
desequilíbrios fiscais; tarefas de avaliação, trazendo normas sobre a 
checagem de custos e resultados dos programas; e tarefas “contratuais”, no 
sentido de estabelecer condições para a transferência de recursos. 
Outra determinação da LRF sobre a LDO foi relativa à criação de anexos a 
esta última lei. Vamos estudá-los agora. 
a) Anexo de Metas Fiscais (AMF). No início da aula, vimos que um dos 
instrumentos da gestão fiscal responsável é o cumprimento de metas de 
resultado entre receitas e despesas. Assim, o estabelecimentodessas 
metas se dá justamente no AMF, o que o torna um documento importantíssimo 
na vida financeira dos entes públicos. 
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Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo 
deixe de apresentá-lo, isso será tomado como um crime fiscal, punível com 
multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos. 
O AMF estabelece metas para o período de 3 exercícios (o de referência da 
LDO e os dois posteriores), a partir da análise empreendida sobre as 
ocorrências dos 3 exercícios anteriores. 
As metas que compõem o AMF são: 
• metas de receita: valores a arrecadar nos próximos exercícios; 
• metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo; 
• metas de resultados nominal e primário: diferença a ser mantida 
entre a arrecadação e os gastos, ora levando em conta receitas e 
despesas financeiras (resultado nominal, que reflete os efeitos do 
endividamento público), ora desconsiderando esses componentes 
financeiros (resultado primário); 
• metas de dívida: valor referente ao montante da dívida pública a ser 
mantido nos próximos exercícios. 
Outros conteúdos do AMF são: 
• avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior. 
Portanto, o AMF é mais que um documento de projeção de metas; é 
também um documento de avaliação dos resultados das metas traçadas 
no exercício passado; 
• demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e 
metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, 
comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e 
evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da 
política econômica nacional. As metas fiscais fixadas pelo Executivo, além 
de serem estabelecidas no AMF, também devem ser explicadas e 
sustentadas com argumentos técnicos, para convencimento do Poder 
Legislativo e dos outros setores sociais; 
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• evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, 
destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação 
de ativos. A ideia aqui é manter controle sobre o que o governo realiza 
com os recursos provenientes da alienação, ou seja, da venda, de bens 
públicos, como imóveis e estoques de produtos agropecuários. 
• avaliação da situação financeira e atuarial: 
o dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores 
públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; 
o dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza 
atuarial; 
• demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e 
da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. 
b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF). Esse Anexo que trata das ocorrências 
possivelmente causadoras de desequilíbrios nos resultados fiscais. 
Os riscos fiscais são classificados como riscos orçamentários (riscos de 
receita e de despesa, relativos à não concretização dos parâmetros planejados) 
e riscos de dívida (riscos de administração da dívida mobiliária e passivos 
contingentes). 
Os passivos contingentes, que são um tipo de risco de dívida, representam 
situações que podem ocasionar novas obrigações para o ente público. 
Normalmente, trata-se de causas judiciais em que o ente pode vir a ser 
condenado a pagar certas quantias questionadas. 
Diante da concretização dos riscos fiscais, pode ser necessário empregar 
recursos para cobrir eventuais gastos. A dotação orçamentária designada para 
essas “emergências” é a nossa já conhecida reserva de contingência, que 
estudamos ao tratar de créditos adicionais. 
A reserva de contingência recebe tratamentos diferentes das leis de matéria 
orçamentária: 
• a LDO deve definir a forma de utilização da reserva, bem como seu 
montante, que é calculado com base na receita corrente líquida (olha 
AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
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a RCL aí de novo – como vimos, ela serve de parâmetro para diversos 
limites e cálculos trazidos na LRF); 
• por sua vez, a LOA prevê a reserva de contingência como uma dotação 
orçamentária, no montante instituído pela LDO, deixando-a 
contabilizada, com recursos atribuídos, e pronta para eventual execução. 
c) Anexo especial federal: para a União, está previsto um terceiro anexo. 
A mensagem presidencial que encaminhar o PLDO ao Congresso deverá conter 
um anexo que trate dos seguintes pontos, referentes ao exercício 
subsequente: 
• objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial; 
• parâmetros e projeções para os principais agregados e variáveis
dessas políticas; 
• metas de inflação. 
Assim, quando saem na mídia notícias sobre as “metas de inflação para o ano 
que vem”, repare que o PLDO deve ter entrado em discussão no Congresso. 
Como isso cai na prova? 
7. (ESAF/APO/MPOG/2008) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuiu 
novas e importantes funções ao orçamento e à Lei de Diretrizes 
Orçamentárias. Nos termos da LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias 
recebeu novas e importantes funções entre as quais não se inclui: 
a) mostrar as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual 
e respectivas receitas, sendo o financiamento da dívida demonstrado de forma 
separada nas leis de créditos adicionais. 
b) estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência 
de arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as 
metas de resultado primário e nominal previstas para o exercício. 
c) quantificar o resultado primário obtido com vistas à redução do 
montante da dívida e despesas com juros. 
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d) dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos 
programas financiados pelo orçamento. 
e) disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e 
privadas. 
8. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) A lei das diretrizes orçamentárias conterá 
Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e 
outros riscos capazes de afetar as contas públicas. 
9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o 
exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo, 
servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para 
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas 
devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que 
se referem e os dois seguintes. 
10. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2006) A lei orçamentária anual apresentará, em 
anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, 
e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente. 
Na questão 7, as despesas relativas à dívida e as respectivas receitas, bem 
como a demonstração em separado do seu financiamento, não fazem parte do 
rol de matérias da LDO. O restante das alternativas aborda pontos que a LRF 
atribuiu a ela. Gabarito: A. 
A questão 8 está CERTA. O ARF é um dos anexos previstos para a LDO, e deve 
conter a avaliação de passivos contingentes e outros riscos. 
A questão 9 reflete bem a intenção da elaboração do AMF, reforçando a 
questão da “ação planejada” que já destacamos. Questão CERTA. 
A questão 10 está ERRADA: o anexo específico referido pelo enunciado 
acompanha a LDO, e não a LOA. 
LRF e Lei Orçamentária Anual
Novamente, vamos destacar alguns dispositivos legais aplicáveis:AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
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Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível 
com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas 
desta Lei Complementar: 
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos 
orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 
1º do art. 4º; 
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6º do art. 165 da 
Constituição, bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e 
ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; 
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, 
definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de 
diretrizes orçamentárias, destinada ao: 
a) (VETADO) 
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais 
imprevistos. 
(...) 
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei 
orçamentária e nas de crédito adicional. 
(...) 
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa 
ou com dotação ilimitada. 
A compatibilidade da LOA com a LDO e o PPA não é novidade; já estudamos 
esse assunto na aula sobre os instrumentos orçamentários. 
Entretanto, há uma “compatibilidade adicional” à qual a LOA deve 
obedecer: trata-se da compatibilidade com o Anexo de Metas Fiscais da 
LDO. Dessa forma, a previsão da receita e a fixação da despesa devem manter 
os resultados fiscais do AMF, e isso deve vir garantido já no próprio texto do 
projeto de LOA. 
AFO PARA ANALISTA E TÉCNICO DO TSE 
PROF. GRACIANO ROCHA 
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Relativamente ao inciso II, o documento ao qual se refere o § 6º do art. 165 
da CF/88 é o demonstrativo das renúncias de receita, também já 
estudado, e que integra o PLOA. Por se tratar de “dinheiro recusado” pelo 
governo, e em nome do princípio da universalidade, o orçamento deve 
espelhar essa arrecadação a menor, para que sejam prestadas as 
informações corretas ao Legislativo. 
O que a LRF acrescenta a essa ordem da Constituição é a necessidade de
compensação das renúncias de receita. E as informações sobre as
medidas compensatórias também constarão da Lei Orçamentária.
Além do que se refere às renúncias de receita, a LOA também será
acompanhada das medidas de compensação às despesas obrigatórias de
caráter continuado. Mas isso também é assunto para daqui a pouco.
Uma preocupação especial com a “rolagem” da dívida pública consta desse art. 
5º da LRF. O refinanciamento da dívida, que já apareceria de qualquer modo 
no orçamento, deve constar de forma separada, em nome da clareza e 
publicidade da informação. É que esse dado representa a continuidade do 
endividamento do ente público, o que limita, entre outras coisas, o 
montante de recursos que não poderão ser aplicados em despesas que 
beneficiem diretamente a sociedade. 
A respeito do § 4º do art. 5º (vedação a crédito com finalidade imprecisa ou 
com dotação ilimitada), essa ordem legal tem por objetivo tornar a LOA um 
instrumento orçamentário tão exato e transparente quanto possível. A 
previsão de despesas sem finalidade precisa ou sem limitação de numerário vai 
contra a necessidade de controle que deve existir sobre a aplicação do 
dinheiro público. 
Como isso cai na prova? 
11. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Um demonstrativo da compatibilidade da 
programação dos orçamentos com as metas fiscais estabelecidas na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve integrar a LOA, na forma de anexo. 
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12. (CONSULPLAN/CONTADOR/COFEN/2011) A Lei de Responsabilidade Fiscal 
traz algumas disposições que devem ser observadas na elaboração do 
projeto de lei orçamentária anual, como: 
I. Estar compatível com o plano plurianual. 
II. Conter demonstrativo da compatibilidade da programação dos 
orçamentos com os objetivos e metas constantes do anexo de metas fiscais da 
LDO. 
III. Conter reserva de contingência, que pode ser calculada, utilizando-se 
percentual sobre a receita corrente líquida, destinada ao atendimento de 
passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. 
IV. Permitir consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa 
ou com dotação ilimitada. 
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): 
A) I, II, III 
B) I, II 
C) I 
D) II, III, IV 
E) I, II, III, IV 
13. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O projeto de LOA conterá reserva de 
contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na 
receita corrente líquida, serão estabelecidos na LDO. 
14. (FCC/ANALISTA/MP-RS/2008) O projeto de lei orçamentária anual será 
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas 
e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e 
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das 
medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de 
despesas de investimentos. 
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A questão 11 se refere ao demonstrativo requerido pelo art. 5º, inc. I, da LRF. 
Questão CERTA. 
Na questão 12, relativamente às regras do art. 5º da LRF aplicáveis à LOA, 
temos a compatibilidade com o PPA e a determinação da existência de 
demonstrativo das renúncias de receita. Quanto à reserva de contingência, seu 
cálculo dá-se obrigatoriamente mediante percentual incidente sobre a receita 
corrente líquida, e não é permitido consignar crédito com finalidade imprecisa 
ou dotação ilimitada. Gabarito: B. 
A questão 13 é baseada na literalidade da LRF. A reserva de contingência 
corresponde a uma das dotações da LOA. Questão CERTA. 
A questão 14 trouxe um problema apenas no finalzinho: a LOA deve ser 
acompanhada de medidas de compensação a despesas obrigatórias de caráter 
continuado, e não a despesas com investimentos. Questão ERRADA. 
Execução orçamentária 
Os principais trechos da LRF a respeito desse tópico são o art. 8º e o art. 13: 
Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que 
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias (...), o Poder Executivo estabelecerá a 
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. 
Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas, 
pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a 
especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão 
e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da 
dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários 
passíveis de cobrança administrativa. 
Assim, logo após a publicação da LOA, num prazo de até 30 dias, faz-se 
uma distribuição das despesas que os órgãos poderão executar 
mensalmente, ao lado da distribuição bimestral da arrecadação prevista. 
Com isso, a cada período, checa-se se o andamento da arrecadação poderá 
suportar o calendário da despesa. 
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A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDO’s, todos os 
Poderes e o MP devem estabelecer sua própria programação financeira e seu 
cronograma de desembolso: 
Lei 12.017/2009 (LDO 2010), Art. 69. Os Poderes e o Ministério Público da 
União deverão elaborar epublicar por ato próprio, até 30 (trinta) dias após a 
publicação da Lei Orçamentária de 2010, cronograma anual de desembolso 
mensal, por órgão, nos termos do art. 8º da Lei Complementar nº 101, de 2000, 
com vistas ao cumprimento da meta de resultado primário estabelecida nesta 
Lei. 
Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadação da receita, bem 
como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que é o 
grande arrecadador entre os Poderes. 
Já estudamos anteriormente o parágrafo único do art. 8º, mas vamos 
relembrá-lo: 
Art. 8º, Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade 
específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua 
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. 
Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas 
despesas, por força de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam 
aplicados, mesmo que a execução só ocorra em exercício posterior. Assim, 
é premissa para a execução do orçamento a garantia de vinculação entre os 
recursos arrecadados e suas aplicações predefinidas. 
Portanto, não existe um “zeramento” relativamente aos recursos vinculados, 
pelo fato de não terem sido aplicados no âmbito do orçamento em que 
porventura tenham sido arrecadados. 
Como isso cai na prova? 
15. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) Os recursos legalmente vinculados a 
finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao 
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objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que 
ocorrer o ingresso. 
16. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) Após o início do exercício financeiro, os 
poderes dispõem de 30 dias para o estabelecimento da programação 
financeira e cronograma de execução mensal de desembolso. 
A questão 15 faz uma reescritura do parágrafo único do art. 8º da LRF. 
Questão CERTA. 
A questão 16 está ERRADA: o prazo de 30 dias para o estabelecimento da 
programação financeira e do cronograma de desembolso é contado a partir da 
publicação da LOA, e não do início do exercício. 
Cumprimento de metas de resultado
Sobre o cumprimento de metas, o Manual Técnico de Orçamento traz os 
seguintes comentários a respeito: 
Em 1964, a edição da Lei nº 4.320 já evidenciava a preocupação do
legislador quanto ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e
despesas no orçamento, permitindo que o Poder Executivo se
organizasse de forma a prevenir as oscilações que aconteceriam no
decorrer do exercício financeiro, invocando a necessidade de estipular
cotas trimestrais para a execução da despesa. Em 2000, a Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF trouxe a necessidade de incorporar metas
de resultado fiscal, além de ressaltar o descompasso provável entre
receitas e despesas, de modo a equilibrar o orçamento em tempo hábil
para não prejudicar o desempenho do governo nas três esferas: federal,
estadual e municipal. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
completa os dispositivos legais da determinação do controle fiscal e dos
recursos disponibilizados, informando, entre outros parâmetros, qual
será a base contingenciável, as despesas que não são passíveis de
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contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos
das metas de resultado primário e sua periodicidade.
Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no 
art. 9º e seus parágrafos, como segue: 
Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita 
poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou 
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério 
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta 
dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo 
os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. 
§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a 
recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma 
proporcional às reduções efetivadas. 
§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações 
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do 
serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. 
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não 
promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo 
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei 
de diretrizes orçamentárias. 
Vamos comentar essas regras. 
Como já estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas 
de resultado primário e nominal para o exercício de referência e para os dois 
seguintes. 
Deixando bem repisado, durante o exercício financeiro, faz-se um 
acompanhamento constante da arrecadação da receita, que servirá como 
condição para a execução da despesa programada. O Poder Executivo, após a 
publicação da LOA, deve desdobrar a arrecadação prevista em metas 
bimestrais. 
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Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministério Público, deve estabelecer a 
programação financeira e o cronograma de execução mensal de 
desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadação, para garantir a 
sustentabilidade das liberações de gastos. 
Ocorrendo alguma baixa na arrecadação, a ponto de ameaçar as metas de 
resultado primário ou nominal, todos os Poderes e o MP devem “frear” o ritmo 
de execução da despesa. Assim, tanto a emissão de empenhos quanto a 
transferência de recursos devem ser reduzidas, para que o nível da 
execução da despesa fique adequado ao cenário de receita diminuída. Isso que 
o que se chama, comumente, de “contingenciamento de despesas”. 
Perceba que não é o caso de aguardar a despesa superar a receita. O
parâmetro são as metas de resultado. Como as metas de resultado,
normalmente, são positivas, isso significa que, para contingenciar
despesas, não se espera “faltar dinheiro”, mas, simplesmente, “sobrar
menos dinheiro”.
Havendo retomada da arrecadação, também se procede à liberação das 
despesas contingenciadas, proporcionalmente às reduções antes 
efetivadas. 
É importante observar também que nem toda despesa pode ser 
contingenciada. As despesas obrigatórias segundo a CF/88 (pessoal, dívida 
pública e transferências constitucionais ou legais) não podem ser afetadas por 
esse artifício de controle. 
Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO não podem ser 
contingenciadas. Como já está bem estudado, a LDO indica quais despesas são 
prioritárias para a Administração no exercício em foco. Um dos efeitos de uma 
despesa ser considerada prioritária na LDO é justamente ficar a salvo desses 
cortes. 
Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas são as relativas
a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como o
governo aposta todas as fichas no PAC, é natural que os projetos
respectivos não sejam prejudicados pelo contingenciamento.
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Muito bem, depois de afastadas as obrigações constitucionais e as ressalvas da 
LDO, sobra o grupo das “despesas discricionárias”, sobre as quais incidirá o 
contingenciamento. 
Como já se destacou, todos os Poderes e o MP devem dar suaparcela de 
contribuição para a manutenção do equilíbrio fiscal. Portanto, por ato 
próprio, todos deverão limitar suas despesas diante de um quadro de queda 
de arrecadação. 
Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP 
não procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia 
descontar a parcela correspondente ao contingenciamento sobre o valor 
repassado ao Poder “não solidário”. É a previsão do § 3º do art. 9º, 
reproduzido acima. 
O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros 
Poderes, em obediência ao art. 168 da CF/88: 
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, 
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos 
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na 
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. 
Entretanto, essa possibilidade de “desconto em folha” por parte do Executivo 
foi declarada inconstitucional pelo STF (ADIN 2.238), devido à afronta ao 
princípio da separação dos Poderes. Assim, o Executivo não pode
contingenciar despesas que não sejam as suas próprias, devendo aguardar 
pela colaboração dos outros. 
Como isso cai na prova? 
17. (CONSULPLAN/ADMINISTRADOR/CODEVASF/2008) Se verificado, ao final 
de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o 
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal, os Poderes 
promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários: 
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A) O cancelamento de despesas. 
B) O aumento da receita. 
C) A limitação do empenho. 
D) A abertura de créditos adicionais. 
E) A alteração das metas de resultado primário e nominal. 
18. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por 
promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da 
lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da 
receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário. 
19. (CESPE/ACE/TCU/2007) A recomposição das dotações cujos empenhos 
foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. 
20. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas 
destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de 
limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a 
realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de 
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais. 
Na questão 17, a providência a ser tomada pelos Poderes, entre as alternativas 
listadas, é a limitação do empenho. Gabarito: C. 
Quanto à questão 18, já vimos que o Executivo só pode contingenciar 
despesas de seus órgãos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes. 
Questão ERRADA. 
A questão 19 está CERTA. O “retorno” gradual da receita aos patamares 
esperados transmite sua gradação à recomposição das despesas. 
A questão 20 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do § 
3º do art. 9º da LRF. Questão CERTA. 
Previsão e arrecadação de receitas
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Trataremos agora da postura dos entes federados quanto à arrecadação das 
receitas tributárias. Vejamos o art. 11 da LRF: 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a 
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência 
constitucional do ente da Federação. 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o 
ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. 
Como visto, a LRF dispõe que, para ser considerado responsável em termos 
fiscais, cada ente federado deverá empreender esforços para efetivamente 
arrecadar as receitas tributárias de sua competência. 
Historicamente, os entes federados menores, principalmente os Municípios, 
deixaram de instituir seus tributos próprios, vivendo apenas dos repasses 
da União e dos Estados. A LRF tentou modificar esse costume, criando 
exigências para que todos os entes obtenham sua arrecadação própria. 
Essa necessidade de arrecadação própria é ainda mais significativa no que 
diz respeito aos impostos, que são as fontes preferenciais de obtenção de 
recursos tributários. Tanto é que a LRF prevê uma punição a quem não 
instituir, prever e/ou arrecadar os respectivos impostos: o ente federado 
faltoso não poderá receber recursos de transferências voluntárias
(geralmente, convênios) de outros entes. 
Entretanto, essa punição é “aliviada” posteriormente: 
Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências 
voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas 
a ações de educação, saúde e assistência social. 
O raciocínio por trás dessa “aliviada” no castigo aos entes federados é que a 
população não poderia pagar um preço muito alto por causa da ação 
irresponsável dos governantes locais. Assim, recursos relativos às áreas de 
saúde, educação e assistência social continuarão sendo transferidos, 
mesmo para entes que não tenham se esforçado para obter arrecadação 
própria. 
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Sobre a previsão de receita, a LRF traz o seguinte: 
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, 
considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de 
preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão 
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da 
projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de 
cálculo e premissas utilizadas. 
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se 
comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. 
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá 
ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei 
orçamentária. 
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes 
e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para 
encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas 
das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as 
respectivas memórias de cálculo. 
O caput e o § 1º do art. 12 refletem o caráter técnico que deve cercar a 
previsão de receita. Os parlamentares não podem “inflar” a receita prevista 
pelo Executivo, abrindo margem para novas despesas, com base em critérios 
subjetivos – e, por dedução, o Executivo também deve pautar-se em 
estudos e cálculos plausíveis para realizar a estimativa. Apenas erro ou 
omissão de natureza técnica ou legal podem justificar uma emenda de receita. 
Portanto, são fatores a se considerar no momento de prever as receitas: 
• normas técnicas e legais. Nesse ponto, trata-se principalmente da 
legislação que rege as receitas e permite sua arrecadação, considerando 
os fatos geradores, o conjunto de contribuintes alcançados pela cobrança 
etc. 
• efeitos das alterações na legislação. No caso de estar sendo discutida e/ou 
votada alteração na legislação tributária no âmbito do Legislativo, é 
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possível transferir ao orçamento os efeitos potenciais da arrecadaçãoafetada por tais mudanças. Inclusive, registra-se que a União tem fixado 
despesas condicionadas na LOA, executáveis à medida que as receitas 
potenciais, advindas de alterações legislativas, sejam aprovadas. 
• efeitos do crescimento econômico. A previsão de uma crise econômica, 
ou, pelo contrário, de uma aceleração nas atividades econômicas, 
pode trazer efeitos importantes sobre os níveis de arrecadação. Esses 
fatores devem ser cotejados ao se projetar o montante de receita para o 
orçamento. 
• efeitos de qualquer outro fator relevante. Aqui, podemos pensar, a título 
de ilustração, na informatização da logística de arrecadação de certa 
receita, potencializando a ação do Fisco e diminuindo a evasão, ou num 
evento excepcional, que aumente o consumo de bens e serviços – como 
a Copa do Mundo no Brasil. 
O § 2º do art. 12 da LRF foi declarado inconstitucional, em liminar, no 
âmbito da já mencionada ADIN 2.238. É que, apesar de reproduzir a regra de 
ouro, que já estudamos, esse dispositivo não trouxe a exceção constante da 
CF/88 (art. 167, inc. III), que permite a desobediência à regra de ouro 
mediante a aprovação, por maioria absoluta dos parlamentares, de créditos 
suplementares ou especiais. 
Por fim, o § 3º exige que o Executivo, depois de ter projetado a arrecadação 
da receita, com base em tudo isso que vimos acima, disponibilize aos 
outros Poderes e ao MP as informações necessárias, para que estes 
elaborem suas propostas orçamentárias. Esse repasse de informações deve 
ocorrer no mínimo 30 dias antes do prazo final para encaminhamento das 
propostas setoriais à SOF. 
Como isso cai na prova? 
21. (FCC/ANALISTA/TRT-08/2010) Constituem requisitos essenciais da 
responsabilidade na gestão fiscal a 
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(A) efetiva arrecadação de todas as receitas previstas na Lei Orçamentária 
do ente da Federação. 
(B) efetiva previsão e a realização de todas as despesas autorizadas na 
Lei Orçamentária do ente da Federação. 
(C) efetiva arrecadação de todas as receitas e a efetiva realização de 
todas as despesas previstas na Lei Orçamentária do ente da Federação. 
(D) instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da 
competência constitucional do ente da Federação. 
(E) instituição, a previsão e a efetiva arrecadação das receitas correntes e 
de capital da competência constitucional do ente da Federação. 
22. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de 
responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a 
União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas. 
23. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 
determina que as autorizações de despesas, constantes do projeto de lei 
orçamentária, devem considerar os efeitos das alterações na legislação, 
da variação dos índices de preços, do crescimento econômico e de 
qualquer outro fator relevante. 
Na questão 21, os requisitos relativos à responsabilidade fiscal, quanto à 
receita, são a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação dos tributos 
reservados constitucionalmente aos entes federados. Gabarito: D. 
A questão 22 é mais exigente, e traz um exemplo de falha da União quanto à 
responsabilidade fiscal. Apesar de autorizada pela CF/88 (art. 153, inc. VII), a 
União ainda não instituiu esse imposto. Questão CERTA. 
Há dois problemas na questão 23. Primeiramente, quem traz essas 
determinações é a LRF, e não a LDO. Em segundo lugar, tais exigências 
referem-se às previsões de receita, não às autorizações de despesas. Questão 
ERRADA. 
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Renúncia de receita
De cara, vamos à lei seca: 
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza 
tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva 
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de 
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: 
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na 
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não 
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de 
diretrizes orçamentárias; 
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado 
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de 
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou 
contribuição. 
§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, 
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou 
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos 
ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento 
diferenciado. 
§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata 
o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só 
entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado 
inciso. 
Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente público deixaria de 
arrecadar receita? 
Várias razões podem justificar essa decisão. Por exemplo, um município pode 
conceder descontos sobre o IPTU relativamente às empresas que se 
instalarem em seu território a partir de certa data. Renuncia-se a parte 
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da arrecadação para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econômica local 
(o que vai resultar, futuramente, em maior arrecadação tributária). 
Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de 
determinado setor produtivo, diminuindo a incidência do ICMS sobre os 
gêneros comercializados desse ramo. 
Portanto, tendo em vista que a obtenção de receita é primordial para a 
manutenção do equilíbrio fiscal, renunciar à arrecadação de certas receitas 
deve ser algo bastante justificável. 
Além dos instrumentos já definidos legalmente (anistia, remissão, subsídio, 
crédito presumido e isenção), o § 1º aponta o principal critério para se 
classificar certa medida como renúncia de receita: os efeitos devem ser 
“não gerais”, ou seja, não podem alcançar todos os contribuintes obrigados 
ao pagamento. Portanto, renúncia de receita, para a LRF, consiste num 
tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes. 
Para se conceder ou ampliar incentivos/benefícios tributários, as metas de 
resultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) não podem ser afetadas, ou 
todo o trabalho de equilíbrio das contas seria posto a perder. 
Assim, é necessário fazer um trabalho de planejamento a respeito da renúncia 
de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto dessa operação, em 
termos orçamentários e financeiros, para o exercício de início da vigência e 
para os dois subsequentes. 
Outro ponto importante sobre a renúncia de receita é a necessidade, ou não, 
de compensação dos recursos que deixam de ser arrecadados. 
Por exemplo, se as condições fiscais do ente federado permitem que ele 
simplesmente renuncie a parte da arrecadação, sem maiores problemas
quanto às metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita já abatida da 
renúncia, não sendo necessário instituir quaisquer compensações. 
Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previsão, na LOA, da 
receita já diminuída, a alternativa é a obtenção, a partir de outra fonte, 
dos recursos correspondentespara a compensação. Dispensa-se a 
arrecadação de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou 
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atividade econômica. Perceba que, nesse caso, não se pode simplesmente 
desprezar a previsão da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadação. 
Nesse sentido, são opções de compensação à renúncia de receita: a criação 
ou majoração de novo tributo; a elevação de alíquotas; a ampliação da 
base de cálculo de tributo já existente. 
A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessário instituir medidas de 
compensação, a renúncia de receita só poderá se efetivar depois de tais 
medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, “o seguro morreu de 
velho”! 
Como isso cai na prova? 
24. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) A Lei de Responsabilidade Fiscal disciplina a 
renúncia de receitas. Não se considera renúncia de receita: 
(A) a imunidade. 
(B) a remissão. 
(C) a anistia. 
(D) o crédito presumido. 
(E) a isenção em caráter não geral. 
25. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) Caso haja 
renúncia de receita, deverá haver demonstração de que não afetará as 
metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas ou estar 
acompanhada de medidas de compensação por meio de aumento da 
receita. 
26. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) No caso de concessão ou ampliação de 
incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de 
receita, é facultado o acompanhamento de estimativa do impacto 
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência. 
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Das alternativas da questão 24, a hipótese não relacionada a renúncia de 
receita é a imunidade, que se trata do impedimento constitucional de cobrança 
de tributos relativamente a certas pessoas/entes. Gabarito: A. 
A questão 25 está CERTA. Foram reproduzidas as duas condições para a 
concessão de renúncia de receita. 
A estimativa de impacto orçamentário-financeiro da renúncia de receita é 
obrigatória, constituindo um dos requisitos para a concessão do benefício. A 
questão 26 está ERRADA. 
Geração de despesa
Vamos começar nosso estudo sobre regras e condições para geração de 
despesa pelo art. 16 da LRF: 
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que 
acarrete aumento da despesa será acompanhado de: 
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva 
entrar em vigor e nos dois subsequentes; 
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação 
orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com 
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. 
§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: 
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação 
específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma 
que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, 
previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites 
estabelecidos para o exercício; 
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a 
despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas 
previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. 
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§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das 
premissas e metodologia de cálculo utilizadas. 
§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos 
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. 
§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para: 
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de 
obras; 
II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da 
Constituição. 
Essas regras, mais as do art. 17, como veremos adiante, são absolutamente 
obrigatórias, como indica a redação do art. 15: 
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao 
patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não 
atendam o disposto nos arts. 16 e 17. 
Com a exceção de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO), 
os incisos do art. 16 tratam das condições para que se crie ou amplie uma 
despesa referente a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação 
governamental (normalmente, trata-se de ações orçamentárias do tipo 
projeto). 
Você já deve ter percebido que esse prazo de 3 exercícios aparece algumas 
vezes na LRF. Aquela história da “ação planejada” que vimos logo no início da 
aula se reflete, entre outras coisas, na observância dos efeitos de certos 
fenômenos ou atos durante esse período. 
Assim, a geração da despesa deve ser acompanhada da estimativa de 
impacto orçamentário-financeiro no exercício de início e nos dois 
seguintes. 
Perceba também que a despesa criada ou ampliada deve ser compatível com 
o PPA e a LDO, e ter adequação orçamentária e financeira com a LOA. 
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Sem o cumprimento dessas condições, não se pode iniciar a execução da 
despesa nova: nada de empenhar, realizar licitação, contratar bens ou 
serviços ou, até mesmo, desapropriar imóveis urbanos (o que deve ser 
indenizado previamente e em dinheiro). 
Como isso cai na prova? 
27. (FCC/APOFP/SEFAZ-SP/2010) É considerada não autorizada, irregular e 
lesiva ao patrimônio público a geração de despesa não acompanhada de 
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva 
entrar em vigor e nos dois subsequentes. 
28. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) É condição prévia para empenho e 
licitação de serviços criados por ação governamental nova, a declaração 
do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária 
e financeira com todos os tipos de orçamentos. 
29. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) A despesa objeto de dotação específica 
ou que esteja abrangida por crédito genérico é considerada compatível 
com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). 
A questão 27 teve sua redação baseada nos art. 15 e art. 16, inc. I, da LRF. 
Questão CERTA. 
A questão 28 também está CERTA, reproduzindo o teor do art. 16, caput e § 
4º, inc. I, da LRF. 
A questão 29 está ERRADA: a despesa que possua as características 
mencionadas é considerada “adequada com a lei orçamentária anual”. Para 
compatibilidade com a LDO e o PPA, a despesa deve se conformar com as 
diretrizes, objetivos, metas e prioridades destes instrumentos, sem contrariar 
suas disposições. 
Despesas obrigatórias de caráter continuado
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As despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC) têm suas 
características discriminadas no art. 17 da LRF: 
Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente 
derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem 
para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois 
exercícios. 
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão 
ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a 
origem dos recursos para seu custeio. 
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhadode 
comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de 
resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus 
efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento 
permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. 
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o 
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração 
ou criação de tributo ou contribuição. 
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as 
premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de 
compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei 
de diretrizes orçamentárias. 
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da 
implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o 
instrumento que a criar ou aumentar. 
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da 
dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso 
X do art. 37 da Constituição. 
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo 
determinado. 
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Diferentemente das despesas que comentamos há pouco, relativas a criação, 
expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, e que caracterizam 
tipicamente investimentos, as DOCC são despesas correntes, ou seja, de 
manutenção da máquina administrativa e de serviços públicos. 
Por serem despesas correntes, as DOCC não importam enriquecimento do 
Estado (o que é característica das despesas de capital). Portanto, DOCC são 
executadas em favor de atividades e serviços que beneficiam direta ou 
indiretamente a sociedade, mas que não envolvem aumento patrimonial. 
Vale anotar as outras características dessas despesas: elas são obrigatórias, 
em virtude de serem instituídas por atos normativos, e são de longo prazo
(mais que dois exercícios). 
Todas essas características das DOCC trazem alto risco para o equilíbrio 
fiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimônio, que duram bastante 
tempo e cuja execução não pode ser interrompida. 
É por isso que a LRF traz tantas condições para a criação de DOCC. Vamos 
esquematizá-las: 
• estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que a 
despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; 
• demonstração da origem dos recursos para custeio; 
• comprovação de não afetação das metas de resultado fiscais do AMF; 
• compensação por meio de aumento permanente de receita ou redução 
permanente de despesa; 
• início da execução da DOCC apenas depois das medidas de compensação. 
Veja que, diferentemente da renúncia de receita, que pode ser “absorvida” 
pela LOA, a LRF não dá alternativa quanto às DOCC: elas devem ser 
acompanhadas de medidas de compensação, e ponto final. 
Essas medidas de compensação são aquelas que servem também para as 
renúncias de receita, já comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas, 
aqui, também se pode compensar por meio da redução de despesa. De 
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qualquer forma, as medidas de compensação, em nome da “segurança fiscal”, 
devem ser instituídas no mesmo instrumento que criar a DOCC. 
O § 6º estabelece duas exceções à classificação de despesas como DOCC. 
Apesar de apresentarem todas as características aqui estudadas, elas não 
precisarão se submeter a esse rígido regime de aprovação e execução. Trata-
se das despesas relativas ao pagamento da dívida pública e ao reajuste 
geral do funcionalismo. 
O § 7º do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um período curto, 
fugindo à classificação como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada. 
Assim, estaríamos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir 
todas essas regras. 
Para evitar essa situação, a prorrogação de uma despesa “normal” será 
considerada “aumento de despesa”, e, dessa forma, será enquadrada nas 
regras das DOCC. 
Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO 
deverá conter um demonstrativo da estimativa e compensação da 
renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de 
caráter continuado, e a LOA, por seu turno, trará as próprias medidas de 
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias 
de caráter continuado. 
Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a geração de despesa ou a assunção 
de obrigação que não atendam às regras para criação de despesa com 
investimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) serão consideradas “não 
autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público”. 
Como isso cai na prova? 
30. (FCC/ANALISTA/TRT-04/2011) Toda despesa corrente derivada de lei, 
medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente 
a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois 
exercícios é considerada obrigatória de caráter continuado. 
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31. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de 
servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento 
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio. 
32. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) A prorrogação de despesa criada por 
prazo determinado não é considerada como aumento de despesa. 
33. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) As medidas de compensação a 
renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter 
continuado devem acompanhar o projeto de LOA. 
A questão 30 reproduz, basicamente, o conceito legal de DOCC. Questão 
CERTA. 
A questão 31 indica corretamente uma das exceções às exigências das DOCC. 
Apesar de se caracterizar como tal, a revisão geral anual do funcionalismo não 
precisa obedecer às limitações da LRF quanto ao tema. Questão CERTA. 
A questão 32 está ERRADA: o único problema foi a presença da palavra “não” 
em seu texto. 
A questão 33 também reproduz um dispositivo da LRF: trata-se do art. 5º, inc. 
II. Questão CERTA. 
Despesa com pessoal
A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei de 
Responsabilidade Fiscal, pelo volume que assume nos gastos públicos e pelas 
características de risco para o equilíbrio fiscal. 
Para garantir a sustentabilidade das contas públicas, as despesas com pessoal 
devem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas características de 
DOCC. 
Despesas com pessoal são “eternas”, no sentido de não poderem, em 
princípio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda há os casos de prorrogação, ao 
se transformar a remuneração de pessoal ativo em pensões ou 
aposentadorias. 
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Em virtude dessas observações, faz parte da responsabilidade na gestão fiscal 
manter sob controle as despesas com pessoal. 
Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado 
abrange os seguintes itens: 
(...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos 
eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, 
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, 
fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, 
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de 
qualquer natureza, bem como encargos sociaise contribuições recolhidas pelo 
ente às entidades de previdência. 
Além dessas, são contabilizadas como “outras despesas de pessoal” aquelas 
referentes à terceirização de mão de obra que venha a substituir 
servidores e empregados públicos. A terceirização de mão de obra que não 
sirva a tal fim continuará sendo classificada como “outras despesas correntes”. 
Para a contabilização da despesa com pessoal, são apuradas as despesas 
executadas no mês de referência e nos onze anteriores. Esse período de 
apuração é o mesmo da receita corrente líquida, que, como já dito, é a base 
de comparação para diversos cálculos e limites da LRF. 
A LRF instituiu os limites máximos da despesa total com pessoal, calculados 
também sobre a RCL. Tais limites são de 50% da RCL para a União e de 
60% da RCL para Estados, DF e Municípios. 
Para realizar o cálculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em 
relação à RCL, são feitas algumas deduções, das quais podemos destacar 
as seguintes: 
• indenização por demissão de servidores ou empregados; 
• incentivos à demissão voluntária; 
• decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior 
ao da apuração da despesa total com pessoal (11 meses anteriores); 
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• despesas com inativos não suportadas diretamente pelo orçamento do 
ente público. 
Os limites de 50% ou 60% são, por fim, “rateados” entre os Poderes e órgãos 
dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo (maior 
empregador, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio: 
% sobre receita corrente líquida
UNIÃO (máximo de 50% da RCL)
Executivo Legis lativo (incluindo o TCU) Judiciário MPU 
40,9% 2,5% 6% 0,6% 
ESTADOS/DF (máximo de 60% da RCL)
Executivo Legislativo (incluindo o TCE) Judiciário MPE 
49% 
(48,6% se houver TCM) 
3%
(3,4% se houver TCM) 
6% 2% 
MUNICÍPIOS (máximo de 60% da RCL)
Executivo 
Legislativo (incluindo TC do M, quando 
houver) 
54% 6% 
Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Tribunal de Contas do
Município (TC do M).
A CF/88 permite (art. 31, § 1º) que os estados instituam um tribunal de
contas especializado para exercer atividades de controle externo sobre
os municípios do estado. Esse é o Tribunal de Contas dos Municípios, um
órgão estadual.
Atualmente, quatro estados têm TCM em sua estrutura orgânica: Pará,
Ceará, Bahia e Goiás.
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Não havendo esse órgão especializado, o controle dos municípios será
exercido pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, em auxílio às
Câmaras de Vereadores.
Quando aos Tribunais de Contas do Município (órgãos municipais), só
existem dois: o do município de São Paulo e o do Rio de Janeiro. E não
podem existir outros: a CF/88 proibiu a criação de novos tribunais desse
tipo (art. 31, § 4º).
Como isso cai na prova? 
34. (CESPE/ACE/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com pessoal 
engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os 
inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções 
ou empregos, civis, militares e de membros de poder, com quaisquer 
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e 
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, 
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de 
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas 
pelo ente às entidades de previdência. 
35. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) A Lei de Responsabilidade Fiscal define 
limites máximos para as despesas com pessoal que cada ente da 
federação poderá realizar. Na verificação do atendimento dos limites 
definidos, serão computadas as despesas 
(A) de indenização por demissão de servidores ou empregados. 
(B) relativas a incentivos à demissão voluntária. 
(C) decorrentes de decisão judicial de competência de período anterior ao 
da apuração. 
(D) com inativos custeadas com recursos provenientes da arrecadação de 
contribuições dos segurados. 
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(E) com contratos de terceirização de mão de obra que se referem à 
substituição de servidores públicos. 
36. (CONSULPLAN/CONTADOR/PREF. ITABAIANA-SE/2010) Os percentuais de 
gastos com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida nos municípios 
serão de 54% para o executivo e 6% para o legislativo. 
O comprido texto da questão 34 limitou-se a copiar o teor do art. 18 da LRF. 
Questão CERTA. 
Na questão 35, a despesa incluída no total das despesas com pessoal, 
conforme a LRF, é a referente a contratos de terceirização que envolvam 
substituição de servidores. Gabarito: E. 
A questão 36 está CERTA. Foram reproduzidos corretamente os percentuais 
dos limites relativos à despesa total com pessoal do Executivo e do Legislativo 
municipais. 
Controle da despesa total com pessoal
A LRF determina que seja considerado nulo de pleno direito o ato que 
provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda às seguintes 
exigências: 
• condições dos arts. 16 e 17 (geração de despesa e DOCC); 
• disposição do art. 37, inc. XIII, da CF/88 (proibição de vinculação ou 
equiparação de espécies remuneratórias para efeito de remuneração 
de pessoal); 
• disposição do art. 169, § 1º, da CF/88 (autorização da LDO e previsão 
na LOA para aumento da despesa com pessoal); 
• obediência ao limite legal das despesas com pessoal inativo; 
• proibição de aumento da despesa com pessoal nos últimos 180 dias do 
mandato do chefe de Poder. 
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Além disso, os Poderes e órgãos dos entes federados não devem esperar que a 
despesa com pessoal ultrapasse o limite máximo para tomarem algumas 
providência. A LRF também instituiu procedimentos de cautela, no tocante a 
esse assunto. 
Essa cautela se refletiu no estabelecimento de sublimites a serem 
observados, da seguinte forma: 
• limite de alerta: 90% do limite máximo. Ultrapassado esse ponto, os 
Tribunais de Contas devem alertar ao órgão ou Poder respectivo a 
respeito do fato; 
• limite prudencial: 95% do limite máximo da despesa total com 
pessoal. Ultrapassado esse limite, o órgão ou Poder deve iniciar 
procedimentos de controle da despesa com pessoal: fica proibido 
conceder vantagem, aumento, reajuste (salvo por determinação legal, 
judicial ou contratual), criar cargos, empregos ou funções, admitir 
pessoal, contratar hora extra etc. 
• limite máximo da despesa total com pessoal: 50% ou 60% da RCL, 
conforme o caso. Ultrapassado o limite máximo, o percentual excedente 
deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo 
menos, um terço no primeiro quadrimestre. E, para essa eliminação do 
excesso, podem-se adotar as medidas sequenciais indicadas no art. 169, 
§§ 3º e 4º, da CF/88, a saber: redução das despesas com cargos em 
comissão e funções de confiança; exoneração de servidores não 
estáveis; e, por fim, se necessário, exoneração de servidores 
estáveis. 
Se a eliminação do excesso da despesa com pessoal não for alcançada no 
prazo legal, o ente federado fica proibido de receber transferências 
voluntárias, contratar operações de crédito (exceto para refinanciamento 
da dívida mobiliária e para redução das despesas

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