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O PENSAMENTO POLÍTICO DO SÉCULO XIX AS IDEIAS SOCIAIS O século XIX foi o século da supremacia europeia sobre o resto do mundo. Foi também o século no qual a burguesia da Europa consolidou seus valores e seu modo de vida. O individualismo burguês e seus ativos homens de negócios tornaram-se o padrão de respeitabilidade, de civilização – termo cunhado no final do século XIX para distinguir o mundo europeu burguês do mundo colonial e proletário. A ciência e o progresso tornaram-se os valores máximos de uma época que revolucionou o mundo com suas estradas de ferro e telégrafos. Entre 1890 e 1914, a belle époque, o estilo de vida da burguesia francesa, tornou- se o padrão cultural dominante, imitado pelas burguesias de outros lugares do mundo. As ideias e os conhecimentos adquiridos ao longo do século foram responsáveis pela supremacia europeia. Parecia que a hegemonia burguesa e a paz estavam garantidas – uma ilusão que a Primeira Guerra iria desfazer. Por outro lado, no final do século, o marxismo estava às vésperas de deixar de ser apenas uma teoria para se tornar a forma de organização social do imenso império russo. O socialismo se transformou no último baluarte do humanismo renascentista Durante todo o século XIX, os trabalhadores lutaram contra as condições de vida resultantes da Revolução Industrial. No fim do século, havia diferenças de pensamento dentro dos movimentos de trabalhadores: várias correntes ideológicas estavam bem definidas. Os trabalhadores fundaram partidos operários partidos operários partidos operários partidos operários partidos operários que tiveram um papel decisivo na vida dos povos. Estão associadas às transformações sociais e econômicas ocorridas na Europa e ao aparecimento do operariado como classe antagônica à burguesia, num panorama de luta de classes marcado por greves, reformas e revoluções. As doutrinas socialistas são contrárias ao liberalismo e capitalismo e favoráveis ao restabelecimento da soberania do trabalho. O Ludismo Movimento contrário à mecanização do trabalho trazida pela Revolução Industrial. As reclamações contra as máquinas e a sua substituição em relação à mão-de-obra humana, já eram normais. Mas foi em 1811, na Inglaterra, que o movimento operário estourou, ganhando uma dimensão significativa.O nome deriva de Ned Ludd, personagem criado a fim de disseminar o ideal do movimento operário entre os trabalhadores. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas". O cartismo Foi um movimento social inglês que se iniciou na década de 30 do século XIX . Inicialmente fundou-se na luta pela inclusão política da classe operária, representada pela associação Geral dos Operários de Londres. Teve como principal base a carta Carta do Povo, e enviada ao Parlamento Inglês. Naquele documento percebem-se as seguintes exigências: Sufrágio universal masculino(o direito de todos os homens ao voto); Voto secreto através da cédula; Eleição anual; Igualdade entre os direitos eleitorais; Participação de representantes da classe operária no parlamento; E que os parlamentos fossem remunerados. Socialismo Utópico Também chamado de socialismo romântico, surge no início do século XIX e concebe a organização de uma sociedade ideal sem conflitos ou desigualdades. Os pensadores buscam no Iluminismo e nos ideais da Revolução Francesa os fundamentos de sua crítica à sociedade capitalista. O inglês Thomas Morus é o precursor, com o livro Utopia (1516), no qual afirma que a propriedade particular é a fonte de toda injustiça social. Os principais representantes são o inglês Robert Owen, que defende a sociedade autogerida, e os franceses Charles Fourrier, que pretende uma organização em que todos vivam harmonicamente, e Saint- Simon, que idealiza o domínio da ciência sobre uma sociedade sem classes. Robert Owen (1771-1858), rico industrial inglês que se transforma em um dos mais importantes socialistas utópicos. Sua contribuição nasce da própria experiência. Instala em New Lanark (Escócia) uma comunidade inspirada nos ideais utópicos. Monta uma fiação no centro de uma comunidade operária e promove a organização de serviços comunitários de educação, saúde e assistência social. A comunidade passa a se autogerir e todos os integrantes pertencem à mesma classe. No lugar de dinheiro circulam vales correspondentes ao número de horas trabalhadas. Charles Fourrier (1772-1837) nasce em Besançon, França, filho de um comerciante de tecidos. Trabalha como comerciante mas acaba falindo e decide servir o Exército. Afastado da ativa por problemas de saúde, volta a trabalhar com o comércio e começa a escrever sobre questões sociais e econômicas. Em 1822 lança o jornal O Falanstério (depois mudado para A Falange), defendendo sua ideias, influenciadas pelo idealismo de Rousseau. Propõem que a sociedade se organize em comunidades chamadas falanstérios, espécie de edifícios-cidades onde as pessoas trabalham apenas no que querem. Fourrier defende assim o fim da dicotomia entre trabalho e prazer. Nos falanstérios os bens são distribuídos conforme a necessidade. A educação deve se adaptar às inclinações de cada criança e não existem restrições morais à prática de sexo. Saint-Simon (1760-1825) é como fica conhecido o pensador francês Claude Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon, um dos principais socialistas utópicos. Nasce em Paris e entra para o Exército com 17 anos. Luta na guerra de Independência dos Estados Unidos e, de volta à França, abandona seu título de nobreza e adere à Revolução Francesa. Retoma os estudos aos 40 anos, depois de ter sido preso durante o Período de Terror. Cursa medicina e a Escola Politécnica. Começa a se projetar como teórico do socialismo em 1802, com o livro Cartas de um habitante de Genebra a seus contemporâneos, no qual defende uma nova religião baseada na ciência e dedicada ao culto de Newton. Suas ideias são retomadas pelo tecnocratas no século XX. Socialismo Científico Teoria política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels entre 1848 e 1867. Essa corrente deriva da dialética (resultado da luta de forças opostas) hegeliana e é influenciada pelo socialismo utópico e pela economia inglesa. A partir do materialismo histórico, prevê o triunfo final dos trabalhadores sobre a burguesia. Marx chama de comunismo essa sociedade e de socialismo o processo de transição do capitalismo ao comunismo. Materialismo histórico – Segundo Marx, o homem e suas atividades são reflexos das condições materiais que o cercam. Estas são determinadas pela História, que é resultado do confronto de classes sociais antagônicas que lutam pela hegemonia. A luta de classes é o motor da história e só desaparece com a instalação de uma sociedade comunista, sem divisão de classes ou exploração do trabalho, e baseada na solidariedade. O Estado é o instrumento pelo qual a classe dominante exerce essa hegemonia sobre as demais. Karl Heinrich Marx (1818-1883), filósofo, economista e militante revolucionário alemão de origem judaica. Estuda filosofia nas universidades de Berlim e Iena. Em 1842 assume em Colônia a chefia da redação do Rheinische Zeitung. Seus artigos pró-democracia irritam as autoridades e o levam a exilar-se em Parisdois anos depois. Ali conhece Friedrich Engels, com quem manteria colaboração até o fim da vida. Em 1848 o início de revoluções na França e na Alemanha coincide com a publicação do Manifesto comunista, em que Marx e Engels afirmam que a solidariedade internacional dos trabalhadores em busca de sua emancipação supera o poder dos Estados nacionais. Junto com Engels prega uma revolução internacional que derrube a burguesia e implante o comunismo, nova sociedade sem classes. Publica em 1867 o primeiro volume de sua obra mais importante, O capital. Os volumes seguintes dessa obra, para a qual reuniu vasta documentação, seriam publicados somente depois de sua morte. Para Marx, o capitalismo é a última forma de organização social baseada na exploração do homem pelo homem. Marx é sustentado por Engels durante a maior parte de sua vida e morre no exílio em Londres. Friedrich Engels (1820-1895), filho de um rico industrial de Barmen (Alemanha), é o principal colaborador de Karl Marx na elaboração das teorias do materialismo histórico. Na juventude, fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família. Quando estudante, adere a ideias de esquerda, o que o leva a aproximar-se de Marx. Assume por alguns anos a direção de uma das fábricas do pai em Manchester e suas observações nesse período formam a base de uma de suas obras principais, A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra, publicada em 1845. Muitos de seus trabalhos posteriores são produzidos em colaboração com Marx, o que lhe valeria a fama injusta de ser apenas um ajudante. Escreve sozinho, porém, algumas das obras mais importantes para o desenvolvimento do que viria a ser chamado de marxismo, como Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia alemã, A evolução do socialismo de utopia a ciência e A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Anarquismo Movimento que surge no século XIX, propondo uma organização da sociedade onde não haja nenhuma forma de autoridade imposta. Para os anarquistas, uma revolução não deve levar à criação de um novo Estado porque este seria sempre uma nova forma de poder coercitivo. O anarquismo tem duas correntes importantes. Uma, pacífica, que tem como principal representante o francês Pierre-Joseph Proudhon. Para ele qualquer mudança social deve ser feita com base na fraternidade e na cooperação entre os homens. A outra corrente afirma que a modificação da sociedade só pode ser feita depois de destruída toda a estrutura social existente. Para isso é válida a utilização da violência e do terrorismo. O russo Mikhail Bakunin, considerado um dos principais teóricos e militantes do anarquismo, chega a participar de atentados, influenciado por Serguei Netchaiev, um dos defensores dessa corrente. Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), principal teórico do movimento anarquista, nasce em Besançon, França. Como sua família não tem condições de mantê-lo na escola, torna-se autodidata. Aos 18 começa a trabalhar como tipógrafo. Em 1840 publica O que é a propriedade?, onde defende a ideia de que toda propriedade é uma forma de roubo. Sua crítica à sociedade passa a sensibilizar um grande número de trabalhadores e em 1848 ele é eleito para a Assembléia Nacional. Participa pouco das atividades parlamentares mas suas ideias, divulgadas também em seu trabalho como jornalista, contribuem para a transformação do anarquismo em movimento de massas. Para ele a sociedade deve organizar sua produção e consumo em pequenas associações baseadas no auxílio mútuo entre as pessoas. Seus livros mais importantes são Sobre o princípio federativo, de 1863, e Sobre a capacidade política das classes trabalhadoras, de 1865. Morre de cólera em Paris. Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814-1876), anarquista russo, nasce em Premukhino, filho de um grande latifundiário. Em 1840 começa a estudar na Universidade de Berlim e no ano seguinte começa a se dedicar a atividades políticas. Entre 1843 e 1848 viaja por toda a Europa. Participa de movimentos revolucionários na Alemanha e acaba condenado à morte. Foge para a Rússia, onde é preso e deportado para a Sibéria, de onde foge para o Japão. Volta para a Europa e se envolve em movimentos revolucionários na Polônia e na Itália. Adere à Primeira Internacional. Em 1868 funda a Aliança Internacional Democrática Social, entidade de destaque na introdução do anarquismo na Espanha. A partir de 1869 promove atentados junto com o russo Netchaiev. A intensa militância não impede que Bakunin deixe uma obra teórica. Propõe a revolução universal baseada no campesinato e defende o uso de violência. Entre seus livros mais importantes estão Deus e o Estado, de 1871, Federalismo, socialismo e antiteologismo, de 1872, e O Estado e a anarquia (1873). Morre em Berna, Suíça. A LEGISLAÇÃO SOCIAL O Sindicalismo cresceu com as ideias sociais e o movimento de associação de trabalhadores assalariados para a proteção dos seus interesses ganhou força. Ao mesmo tempo em que se desenvolvia a concepção de segundo a qual os trabalhadores agrupados em sindicatos devem ter um papel ativo na condução da sociedade. Os protestos dos trabalhadores modificaram a legislação social vigente em muitos países da Europa. Em 1819, a Inglaterra promulgou as primeiras leis protegendo os menores. Apenas os maiores de 9 anos podiam trabalhar. A jornada de trabalho dos menores não podia ser superior a doze horas. Em 1873, apenas os maiores de 13 anos podiam trabalhar na França. Em 1892, foi regulamentado o trabalho de mulheres e crianças. A jornada de trabalho de até onze horas foi adotada em 1900. A legislação francesa também previa seguros contra acidentes e direitos sociais. A adoção dessas garantias amenizou os protestos sociais. AS IDÉIAS SOCIAIS E O CATOLICISMO A Igreja Católica preocupada com o avanço das Doutrinas Sociais – a maioria delas de base materialista – não ficou alheia às transformações; O socialismo cristão se desenvolve e defende simultaneamente ideais cristãos e socialistas. Os millitantes deste movimento advogam que o socialismo e o cristianismo estão ambos interligados e são compatíveis um com o outro. Este movimento tinha a intenção de harmonizar (trabalhador e patrão) em uma sociedade mais justa. Teve o seu início em meados do Século XIX, nas obras de vários doutrinários cristãos. Estes escritores propunham um socialismo novo, baseado nos ideais do cristianismo, oposto à luta de classes e ao ateísmo, mas preocupado com as reivindicações das classes pobres e trabalhadoras, propondo um governo mais justo e uma sociedade mais equilibrada. Este novo socialismo, afastado do materialismo marxista, defende as organizações sindicais, as lutas dos trabalhadores em prol de melhores condições de trabalho e de vida e a justiça social. O socialismo cristão ganhou muita força após a encíclica "Rerum Novarum" do Papa Leão XIII. O catolicismo social recusa a luta de classes, promove a colaboração entre patrões e trabalhadores e prega a aplicação da doutrina católica e a intervenção do Estado para corrigir os males criados pela industrialização, criando uma maior justiça social e uma distribuição mais equitativa da riqueza produzida e pretendia assim constituir uma resposta cristã para a questão social alternativa à corrente dominante.
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