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FACULDADE ARNALDO HORÁRIO FERREIRA – FAAHF
JOYCE RAYANNE VIANA DA SILVA
A TÉCNICA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES E A EFETIVIDADE DAS DECISÕES DO STF
Luís Eduardo Magalhães, 2017
JOYCE RAYANNE VIANA DA SILVA
	
A TÉCNICA DA TRANCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES E A EFETIVIDADE DAS DECISÕES DO STF 
Monografia apresentada ao Curso de Direito, da Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.
Orientador: Yves Correia
Luís Eduardo Magalhães, 2017
JOYCE RAYANNE VIANA DA SILVA
A TÉCNICA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES E A EFETIVIDADE DAS DECISÕES DO STF
Este trabalho foi apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Direito da FAAHF- Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira, obtendo a nota média de 	, atribuída pela Banca Examinadora, constituída pelo Orientador (a) e membros abaixo.
Luís Eduardo Magalhães, 	de 	de 2017.
______________________________________
Profª.Patrícia Torunsky– Coordenadora do Curso
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Yves Correia - Orientador
______________________________
Examinador
_______________________________
Examinador.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho inteiramente à minha mãe Tercia Viana, que é meu exemplo de perseverança, e ao longo desses cinco anos sempre esteve ao meu lado, me incentivando e apoiando. Ela é luz, sabedoria e compreensão em cada paço que dou.
“Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs o alicerce sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não pôde abalar, porque tinha sido bem edificada" (Lucas 6:47-48, Bíblia JFA) 
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por sua infinita misericórdia, pelo cuidado, pela sabedoria, pela oportunidade de realizar esse sonho inicialmente da minha mãe. Deus age de formas que não podemos entender ou imaginar, e nos proporciona a cada dia a oportunidade de servi-lo e de sermos surpreendidos pelo seu amor.
 A minha vó Maria do Carmo Viana pelo inquestionável cuidado, pela determinação, e empenho, para que eu pudesse concluir com louvor essa árdua caminhada, ainda pelas orações de proteção, e gratidão pela minha vida.
A minha tia Narcimara Viana pela torcida, e por se orgulhar da minha vida em todo tempo.
Ao meu primo irmão Mikael Viana a quem devo a honra de dizer que compartilho plenamente essa vitória.
Ao meu irmão Eliedson Viana, amigo fiel e constante de todas as ocasiões de felicidade ou não. 
Agradeço ao meu Pai José Guedes, que lutou por mim até mesmo antes do meu nascimento, és meu nobre referencial de homem íntegro e protetor daqueles que o amam.
 A toda minha família, e amigos que nos momentos mais difíceis, sempre trouxeram palavras de motivação e carinho, tenho certeza que esta conquista não é só minha, mas de todos àqueles que estão próximos e verdadeiramente desejam o melhor para mim.
 Ao meu orientador, Prof. Yves Correia, que apesar de toda a correria e inquietações comuns ao término do curso, me proporcionou um pouco de tranquilidade em meio às tribulações, e como sempre, me atendeu com a gentileza e cortesia que lhe é peculiar. 
Por fim, más não menos importante, agradeço ao meu Prof. e grande amigo Lucas Araújo Pimenta, que me acompanhou no desenvolvimento do tema desse trabalho, entre outras considerações muito especiais que guardarei para sempre na memória.
SILVA, Joyce Rayanne Viana. A Técnica da Transcendência dos motivos Determinantes e a Efetividade das Decisões do STF 2017. 92. f. Trabalho do Curso em Direito – TCC II, Curso de Direito da Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira - FAAHF. Luís Eduardo Magalhães
– BA.
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem como finalidade a realização de um estudo acerca da técnica da transcendência dos motivos determinantes aplicada às decisões do STF em sua totalidade, levando-se em conta sua atuação no controle concentrado abstrato de constitucionalidade, também, no controle difuso incidental de constitucionalidade. Em princípio, a eficácia erga omnes e o efeito vinculante abrangem somente o dispositivo da sentença em sede de controle abstrato, e não abrangem ao controle difuso que goza apenas de efeito entre as partes. Entretanto, toda decisão judicial traz um holding, que é a norma advinda da interpretação do ordenamento jurídico para a resolução do caso concreto. Essa teoria busca cobrir o holding com o efeito vinculante. A adoção da teoria serviria para pacificar questões constitucionalmente relevantes para o País, uma vez que, como o efeito vinculante das decisões do STF não estaria limitado ao dispositivo, o Supremo só teria que se pronunciar uma única vez sobre a constitucionalidade de determinada questão e essa decisão alcançaria também outros diplomas normativos com o mesmo conteúdo. 
Palavras-chave: Efeitos das decisões; controle concentrado; controle difuso; limites objetivos do efeito vinculante; abstrativização do controle difuso; transcendência dos motivos determinantes, efetividade das decisões do STF.
44
SILVA, Joyce Rayanne Viana. The Technique of Transcendence of the Determinants and Effectiveness of Decisions of STF 2017. 92. f. Work of the Course in Law - TCC II, Law Course of Faculty Arnaldo Horácio Ferreira - FAAHF. Luís Eduardo Magalhães - BA.
.
ABSTRACT
The purpose of this study is to carry out a study on the technique of transcendence of the determinants applied to the decisions of the STF in its totality, taking into account its updating without concentrated control, abstract of constitutionality, also, no incidental diffuse control of constitutionality. In principle, the erga omnes efficacy and the binding effect encompassing the device of the sentence in abstract control, not covering the diffuse control that has only effect between the parties. All the legal decision bringing a retention, which is a norm derived from the interpretation of the legal order for the resolution of the concrete case. This theory seeks to cover the insurer with the binding effect. The adoption of the theory would serve to pacify issues that are constitutionally relevant to the country, since, since the binding effect of the decisions of the Supreme Court is not limited to the device, the Supreme Court has only to rule once and once on a constitutionality of a particular issue and this decision also won other normative documents with the same content.
.
 
Keywords: Effects of decisions; concentrated control; diffuse control of constitutionality; objective limits of binding effect; abstraction of diffuse control; transcendence of the determining motives, effectiveness of the STF decisions.
Sumário
1. INTRODUÇÃO	09
2. HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 	12
2.1. BREVE INTROITO 	15
2.2. O QUE É HERMENÊUTICA 	17
2.2.1. Princípios da Interpretação Constitucional	19
2.2.2. Princípio da unidade da constituição .....................................................
2.2.3. Princípio da Concordância Prática..........................................................
2.2.4. Princípio da Força Normativa da Constituição...................................... 
2.2.5. Princípio da Máxima Efetividade.............................................................
2.2.6. Princípio da Justeza, Correção ou Conformidade Funcional...............
2.2.7. Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis e Atos do Poder Público......................................................................................................
2.2.8. Princípio da Interpretação Conforme a Constituição..........................2.2.9. Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade..............................
3. EFEITO DAS DECISÕES NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE	21
4. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS DA PRÁTICA DO ABORTO NO BRASIL 	38
5. O CONFLITO ENTRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À VIDA E À LIBERDADE INDIVIDUAL 	56
5.1. O DIREITO À VIDA DO NASCITURO 	56
5.2 A CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SAN JOSE DA COSTA RICA) E A PROTEÇÃO AO NASCITURO	57
5.3 O DIREITO À LIBERDADE DA MULHER................................................................................................................58
6. ARGUMENTOS EM FAVOR DA DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO	62
6.1. MULHER E SAÚDE, CONTRACEPÇÃO E O PLANEJAMENTO FAMILIAR 	68
6.2. QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA	71
6.3. LEGISLAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E O VOTO DO MINISTRO LUIS ROBERTO BARROSO	74
6.4. PAÍSES QUE LEGALIZARAM O ABORTO	80
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS	86
REFERÊNCIAS	89
INTRODUÇÃO
A título introdutório, cumpre ressaltar a importância prática do instituto jurídico do controle de constitucionalidade. Emergindo do princípio da supremacia da Constituição, ele atua como ferramenta de importância ímpar para se alcançar o ideal jurídico/político proposto pelo Poder Constituinte de 1988, e tem por finalidade primordial a harmonização das normas infraconstitucionais com relação aos preceitos contidos na “Lei Maior”.
No Brasil o controle de constitucionalidade é misto, e se desdobra na forma abstrata, onde o objeto principal é a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, de competência originária do Supremo Tribunal Federal. Ademais, na forma incidental, onde no curso de um processo principal o objetivo não seria a declaração de inconstitucionalidade, porém, seu reconhecimento se aproveita como fundamento, sendo competente o juiz ou tribunal que esteja julgando o processo principal, alcançando por via recursal o Supremo Tribunal Federal.
As decisões prolatadas pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade tem efeitos erga omnes, e força vinculante, ao passo que, as decisões proferidas em controle difuso de constitucionalidade pelo Supremo são dotadas de efeito Inter partes. Excetuando os casos que ganham repercussão geral mediante resolução do Senado Federal.
Em corolário o grande debate jurídico adstrito ao tema trazido ao presente trabalho monográfico, se apresenta através da proposta da adoção da técnica da transcendência dos motivos determinantes no âmago de cada contexto do controle de constitucionalidade, qual seja, os limites conferidos ao efeito vinculante dos julgamentos do STF no plano abstrato do controle de constitucionalidade. Outrossim, a abstrativização do controle difuso de constitucionalidade, a fim de atribuir força vinculante e efeito erga omnes a todas as decisões prolatadas pelo STF.
Certas considerações, de ordem prática, sobre a referida extensão do poder do Supremo Tribunal Federal na realização do controle concentrado, também, atribuída ao controle incidental, levaram o incólume ministro Gilmar Mendes e, posteriormente, alguns doutrinadores, a discutirem a respeito da exata extensão dessa exigência constitucional. 
Assim, perante as decisões do Pretório Excelso, inicialmente tratar-se-á do procedimento minucioso da interpretação constitucional, e da observância principiológica a respeito da hermenêutica constitucional, de forma a esclarecer que tais princípios funcionam como verdadeiros norteadores do STF em suas decisões. 
Faz-se mister, estudar o grande acúmulo de processos a serem sentenciadas pelo Supremo. Ainda, um vulto significativo de causas que versam sobre os mesmos fundamentos de decisões anteriores. 
Em consonância, seguindo esse trilhar pode-se asseverar que tal discussão não é meramente acadêmica, podendo gerar grandes alterações práticas no universo jurídico brasileiro. Afirmar ainda, que segundo a técnica os fundamentos orientadores das principais decisões do STF devem ser levados em consideração pelos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, más que, porém, podem causar uma imensa revolução na forma de se tratar as questões já discutidas pelo Supremo. 
Nesse contorno, na travessia para o quarto capítulo depreende-se a partir da implementação da técnica as decisões do STF, que chegaríamos a uma verdadeira valorização das decisões do guardião maior da constituição. A principal consequência seria o cabimento da Reclamação contra decisões de instâncias primárias que deixassem de observar os fundamentos das decisões proferidas pelo STF. O instituto da Reclamação pode ser utilizado por qualquer interessado sempre que prejudicado por uma decisão judicial em confronto com precedente vinculante do STF.
A implementação da teoria seria natural num sistema judiciário hierarquizado como é o brasileiro. Contudo, sua adoção poderia gerar um grande acúmulo de reclamações no STF, uma vez que os particulares teriam uma via de acesso direta ao STF, sem ter que passar pelos diversos “filtros” que são indispensáveis para os recursos extraordinários.[1: NERY JR., Nelson, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (coordenadores). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis e de outros meios de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 141. 9]
Porém, a ordem jurídica no Brasil tem se desenvolvido rumando para ficar cada vez mais próxima à dos países da Commom Law. Alguns institutos estranhos à tradição dos países de Civil Law, como a repercussão geral, o julgamento de recursos repetitivos, demonstram uma tendência de dar maior valor aos precedentes judiciais. A referida tendência se revela com maior força nas ações de controle de constitucionalidade, especialmente, nas ações de controle concentrado abstrato, como a ADC e a ADIn, cujas decisões já são dotadas de efeito vinculante e eficácia erga omnes. 
Entrando no centro do estudo, ao indagar a qualquer jurista sobre a possibilidade de efeito “erga omnes” ao controle difuso, independentemente de resolução do Senado, uns dirão que sim e outros que não. Tentar-se-á trazer em pauta alguns argumentos das duas opiniões.
Contudo, não versa sobre algo impossível a adoção da teoria nos moldes atuais do Direito brasileiro. Além do que, garante a aplicação de diversos princípios constitucionais. 
Antes, porém, é necessária uma análise mais completa da aplicação da técnica e o modo como ela foi recepcionada no sistema jurídico brasileiro, inclusive em um estudo crítico, como se verá ao longo deste trabalho. 
.
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
2.1. BREVE INTRÓITO
Hodiernamente, o Pretório Excelso galga para um sistema de precedentes (stare decisis), como àquele adotado nos países que seguem o sistema da commom law, sem que, contudo, haja uma restrição ao direito de ação ou de petição de todos os jurisdicionados, guiando o Poder Judiciário Brasileiro para um sistema misto, onde se extrai a existência de algumas vinculações aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, entretanto, reserva um espaço de convencimento dos julgadores e sem interferir indevidamente no Poder Executivo, desvirtuando a separação dos poderes.
A posição do Pretório Excelso, especialmente a partir do Poder Judiciário, é a de valorização das suas decisões, quer seja no controle concentrado de constitucionalidade, quer seja no controle difuso de constitucionalidade, constituindo, deste modo, um sistema jurídico mais seguro e de estabilização das instituições públicas.[2: ARGUELLES, Diego Werneck. O Supremo na política: a construção da supremacia judicial no Brasil. Revista de direito administrativo, nº 250. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2009. ]
No centro desse contexto histórico, que prima por maior efetividade processual, a Suprema Corte Constitucional renovou sua face no exercício de Guardião da Constituição dos seus preceitos, deixando de ser um tribunal recursal, assumindo de forma concreta o seu papel de maior e intérprete final daConstituição.[3: BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 211. ]
Deixar de valorizar as decisões prolatadas pelo Supremo Tribunal Federal, preexistindo “decisões de instâncias ordinárias divergentes da interpretação adotada pelo STF revela-se afrontosa à força normativa da Constituição e ao princípio da máxima efetividade da norma constitucional.”[4: STF – Tribunal Pleno – Min. Rel. Gilmar Mendes – RE 328.812 ED / AM – Data do julgamento 6/3/2008 – Dje 078 – Divulg 30/4/2008 Public 2/5/2008.]
Nesta intelectiva, o Ínsigne Ministro Gilmar Mendes, no seu voto no RE 328.812 ED/AM, é cristalino ao verberar não ser admissível que o STF:
aceite diminuir a eficácia de suas decisões com a manutenção de decisões diretamente divergentes à interpretação" formulada pela Corte, pois " se somente por meio do controle difuso de constitucionalidade, portanto, anos após as questões terem sido decididas pelos Tribunais ordinários" é que o STF viria apreciá-las, retirando de fato a efetividade do processo e trazendo insegurança jurídica.[5: STF – Tribunal Pleno – Min. Rel. Gilmar Mendes. op.cit., RE 328.812. ]
Essa valorização das decisões do STF pode ser observada de forma instigante quando em data próximo passada o Excelentíssimo Ministro Marco Aurélio suscitou questão de ordem na ADC 18, sendo acompanhado pelo Ministros Ricardo Lewandoski e Cezar Peluso, quando salientou que um Recurso Extraordinário deveria ser julgado com precedência em relação à referida ADC, argumentando que o cerne dos dois casos eram análogos e o Recurso já se encontrava instruído para julgamento, oportunidade em que se resolveria a questão constitucional, alcançando os mesmos efeitos do julgamento da Ação Constitucional, ou seja, no próprio RE seria declarada a escorreita interpretação do preceito constitucional.[6: STF – Tribunal Pleno – Min. Rel. Menezes Direito – ADC 18 QO / DF – Data do julgamento 4/2/2009 – Dje – 071 – Divulg 16.04.2009 Public 17/4/2009.]
Logo, denota-se que o STF tem adotado um caráter misto-precedencialista, vinculando todos às suas decisões prolatadas em sede de ADI, ADC, ADPF, Repercussão Geral e Súmula Vinculante; e preservando todas as garantias processuais dos jurisdicionados nas demais modalidades de ações, tornando-se uma verdadeira Corte Constitucional, guardiã da CF, desde que sejam seguidos de forma adequada os precedentes da Corte.
Em que pese a relevância do tema trazido à baila, esta é uma mensagem inicial que serve de introdução para uma questão de maior relevo, que é exatamente a utilização da Teoria da transcendência dos motivos determinantes no controle concentrado e difuso de constitucionalidade.
Os fundamentos que circundam os motivos externados das decisões do STF em controle de constitucionalidade, seja ele difuso ou concentrado, que tem respectivamente efeito erga omnes e vinculante, no primeiro caso como regra, e no segundo uma exceção criada pela jurisprudência da Corte ao aplicar analogicamente a modulação dos efeitos da decisão, deve gerar efeitos vinculantes para todos os órgãos do Poder Judiciário e da administração direta e indireta, o que importa na transcendência dos motivos determinantes do julgado. 
Gize-se que decidir de forma contrária a isto retira a eficácia de ações como a ADI, ADC e ADPF, assim como dos institutos da Repercussão Geral e da Súmula Vinculante, transformando o STF, que é uma Corte Constitucional, em um Tribunal Ordinário.
Esse posicionamento é seguido pelo Excelentíssimo Ministro Joaquim Barbosa, na Reclamação 7.048/PI, que já admitiu a possibilidade da transcendência dos motivos determinantes em Reclamação Constitucional, citando, inclusive, precedentes do Excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes:[7: STF – Min. Rel. Joaquim Barbosa – Rcl. 7.048 / PI – Data do julgamento 1/4/2009 – DJ do dia 13/4/2009.]
Inicialmente, destaco que esta Suprema Corte tem, cada vez mais, firmado o entendimento de que é possível uma causa de pedir aberta em sede de reclamação porquanto tal instituto é voltado para a proteção da ordem constitucional (Rcl 6200 MC/RN; Rcl 6207 MC/AM e Rcl 6189 MC/MS).[8: STF - Min. JOAQUIM BARBOSA, Rcl 7048 MC, julgado em 01/04/2009, publicado em DJe-067 DIVULG 07/04/2009 PUBLIC 13/04/2009) ]
Sobre o tema, vale registrar o seguinte trecho da decisão monocrática exarada pelo presidente desta Corte nos autos da Reclamação 6200 MC/RN (DJU 6/2/09):
A reclamação constitucional sua própria evolução o demonstra não mais se destina apenas a assegurar a competência e a autoridade de decisões específicas e bem delimitadas do STF, mas também constitui-se como ação voltada à proteção da ordem constitucional como um todo. A tese da eficácia vinculante dos motivos determinantes da decisão no controle abstrato de constitucionalidade, já adotada pelo Tribunal, confirma esse papel renovado da reclamação como ação destinada a resguardar não apenas a autoridade de uma dada decisão, com seus contornos específicos (objeto e parâmetro de controle), mas a própria interpretação da Constituição levada a efeito pela Corte. A ampla legitimação e o rito simples e célere, como características da reclamação, podem consagrá-la, portanto, como mecanismo processual de eficaz proteção da ordem constitucional, tal como interpretada pelo STF. E conforme o entendimento que se vem consolidando nesta Corte, quanto à consideração de uma causa de pedir aberta nas reclamações, nada impede a ampliação da análise do presente pedido, para considerar diretamente os fundamentos dos referidos mandados de injunção, ainda que o parâmetro formal de violação apontado pelo reclamante tenha sido a decisão.[9: , STF- Min. GILMAR MENDES, (Rcl 5470),julgado em 29/02/2008, publicado em DJe-042 DIVULG 07/03/2008 PUBLIC 10/03/2008)]
Na Reclamação Constitucional 2.363/PA, o Excelentíssimo Ministro Gilmar Mendes ressalta que nas hipóteses de controle concentrado de constitucionalidade, o efeito vinculante das decisões não pode ficar limitado à parte dispositiva do julgado:[10: STF – Min. Rel. Gilmar Mendes – Rcl. 2.363 / PA – Data do julgamento 23/10/2003 – DJ do dia 1/4/2005.]
(...) muito embora o ato impugnado não guarde identidade absoluta com o tema central da decisão desta Corte na ADI 1.662, Relator o Min. Maurício Correa, vale ressaltar que o alcance do efeito vinculante das decisões não pode estar limitado à sua parte dispositiva, devendo, também, considerar os chamados "Fundamentos Determinantes" (...).[11: Rcl 2344 MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 28/05/2003, publicado em DJ 03/06/2003 PP-00026 ]
Ademais, o Ministro Celso de Mello, admite a tese da transcendência dos motivos determinantes ao julgar o pedido liminar da Reclamação 4.416/PI, que foi fundamentada nas ADIs 541/PI, 171/MG, 301/AC, 304/MA, 464/GO, 465/GO, 549/DF, 774/RS:
Vê-se, portanto, que os atos judiciais de que ora se reclama parecem haver desrespeitado os fundamentos determinantes da decisão do STF proferida no julgamento das referidas ações diretas, precisamente porque, em tais oportunidades, o Plenário desta Suprema Corte reconheceu a impossibilidade de equiparação dos vencimentos de Defensores Públicos com aqueles percebidos pelos Membros do Ministério Público.
 Na realidade, o caso versado nos presentes autos configura hipótese de violação do conteúdo essencial dos acórdãos proferidos nas aludidas ações diretas de inconstitucionalidade, pois o caráter vinculante, de que se reveste qualquer julgamento desta Corte, em sede fiscalização normativa abstrata, decorre não apenas, do que contém em sua parte dispositiva, mas alcança também, em razão da transcendência de seus efeitos, os próprios fundamentos determinantes das decisões emanadas do STF no âmbito dos processos de controle concentrado de constitucionalidade.[12: Rcl 4416 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 25/09/2006, publicado em DJ 29/09/2006 PP-00078)]
Além disso, a Ministra Cármen Lúcia, na Reclamação 5.389 – AgR/PA,assevera:
 
É certo que, em alguma oportunidades, este Supremo Tribunal tem-se manifestado no sentido de que os fundamentos ou os motivos determinantes adotados em decisões proferidas em processos de controle concentrado de constitucionalidade são dotados de eficácia vinculante, e, portanto, capazes de ensejar o ajuizamento de Reclamação, na hipótese de serem desrespeitados por outros órgãos do Poder Judiciário ou da administração pública" tendo citado os seguinte precedentes: Rcl 2.363, Rel. Min. Gilmar Mendes, Plenário, DJ 1/4/05; Rcl 4.692/MC, Rel. Min. Cezar Peluso, decisão monocrática, DJ 14/11/06; Rcl 4.387/MC, Min. Rel. Celso de Mello, decisão monocrática, DJ 2/10/06; Rcl 4.416/MC, Min. Celso de Mello, decisão monocrática, DJ 29/9/06; Rcl 1.987, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 21/5/04; e Rcl 2.291/MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, DJ 1/4/03.[13: STF – Min. Rel. Cármen Lúcia – Rcl 5.389 / PA / PI – Data do julgamento 20/11/2007 – DJe 165 Divulg 18/12/2007 Public 19/12/2007.]
Nessa intelectiva, diante da nova postura assumida pela Corte Suprema, a teoria da transcendência dos motivos determinantes deve ser adotada como forma de assegurar a autoridade de suas decisões, não permitindo que nenhum órgão do Poder Judiciário e da Administração Público, direta ou indireta, adote um posicionamento que subverta o cerne constitucional.
Percebe-se, a partir do leading case, a relevância da adoção da teoria da transcendência dos motivos determinantes da sentença, ou seja, da ratio decidendi, na resolução de novos impasses, como no caso da “progressão do regime em lei dos crimes hediondos”, que caracterizou essa nova tendência para o Supremo.
Destarte, o ilustre Didier Jr., esposa o seguinte pensar: 
A ratio decidendi são os fundamento jurídicos que sustentam a decisão; a opção hermenêutica adotada na sentença, sem a qual a decisão não teria sido proferida como foi, trata-se da tese jurídica acolhida pelo órgão julgador.[14: 0 OLIVEIRA, Vallisney de Souza. Nulidade da sentença e o princípio da congruência, Saraiva: 2010, p. 226.]
A adoção da teoria ganha argumentos robustos a partir da ideia da força normativa da constituição, de autoria de Konrad Hesse, que traduz-se na aplicação do princípio da supremacia da constituição e a sua aplicação uniforme a todos os destinatários.
Assim Konrad Hesse nos ensinou:
A força normativa da Constituição não reside, tão-somente, na adaptação inteligente a uma dada realidade. A Constituição jurídica logra converter-se, ela mesma, em força ativa, que se assenta na natureza singular do presente (individuelle Beschaffenheit der Gegenwart). Embora a Constituição não possa, por si só, realizar nada, ela pode impor tarefas. A Constituição transforma-se em força ativa se essas tarefas forem efetivamente realizadas, se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela estabelecida, se, a despeito de todos os questionamentos e reservas provenientes dos juízos de conveniência, se puder identificar a vontade de concretizar essa ordem. Concluindo, pode-se afirmar que a Constituição converter-se-á em força ativa se fizerem-se presentes, na consciência dos princípios responsáveis pela ordem constitucional -, não só a vontade de poder (Wille zur Macht), mas também a vontade de Constituição (Wille zur Verfassung).[15: HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Safe: 2009, p. 15-23 ]
Sobre o assunto, a maestria de Rui Barbosa mostrou a atuação do direito americano: 
(…) se o julgamento foi pronunciado pelo mais altos tribunais de recurso, a todos os cidadãos se estende, imperativo e sem apelo, no tocante aos princípios constitucionais o que versa. Nem a legislação “tentará contrariá-lo, porquanto a regra stare decisis exige que todos os tribunais daí em diante o respeitem como res judicata (…).[16: ZAVASCKI, Teori. Teoria Geral do Processo. Editora: Revista dos Tribunais: 1999, p. 29.]
Diante deste novo cenário instalado, antes de mergulharmos no tema objeto central deste trabalho, faz-se necessário esclarecer os princípios de hermenêutica constitucional que servem como balizas de interpretação para a Corte Guardiã da Constituição dar a correta e mais adequada interpretação às normas constitucionais, irradiando aos demais órgãos do Poder Judiciário os fundamentos de adequação da decisão aos comandos constitucionais.
2.2. O QUE É HERMENÊUTICA?
Acolhendo o entendimento de Carlos Maximiliano a Hermenêutica “tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito”. [17: MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p.1.]
Consoante Renata Malta Vilas-Boas podemos afirmar que "hermenêutica jurídica é uma ciência com um objeto específico — a sistematização e o estabelecimento das normas, regras e; ou processos que buscam tornar possível a interpretação e fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas".Sendo o meio de interpretação apontado como ciência que apresenta regras bem estruturadas que proporciona critérios e princípios que direcionam a interpretação, atendendo como instrumento de efetuação do Direito.[18: GUIMARÃES, Arianna Stagni. A importância dos princípios jurídicos no processo de interpretação constitucional. 1a ed. São Paulo: LTr, 2003. P.57]
A hermenêutica jurídica é a “ciência auxiliar do direito que tem por objetivo estabelecer princípios e regras tendentes a tornar possíveis a interpretação e a explicação não só das leis como também do direito como sistema.” [19: MAXIMILIANO, Carlos. op. cit., p. 2.]
Não devem ser postas como sinônimos a hermenêutica e a interpretação, sendo a interpretação prática dos preceitos da hermenêutica. Em outras palavras a hermenêutica é a ciência que, teoricamente, aduz à interpretação, os métodos e processos que devem ser atentados pelo intérprete.[20: COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 105. ]
Vicente Ráo em sábias palavras nos explica que:
A hermenêutica tem por objeto investigar e coordenar, por meio sistemático, os princípios científicos e leis decorrentes que disciplinam a apuração do conteúdo, do sentido e dos fins das normas jurídicas e a restauração do conceito orgânico do Direito, para efeito de sua aplicação; a interpretação, por meio de regras e processos especiais, procurando realizar, praticamente, estes princípios e estas leis científicas; a aplicação das normas jurídicas consiste na técnica de adaptação dos preceitos, nelas contidos e assim interpretados, às situações de fato que se lhes subordinam.[21: MACHADO Neto, A. L. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. São Paulo: Saraiva,1975, p. 216-217.]
Como explica Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “por meio da interpretação é que o aplicador da norma, ou o destinatário desta, procura o sentido dela no exame do enunciado normativo”. A interpretação, assim, é exercida no caso concreto, admitindo ao indivíduo a atribuição de retirar o lídimo alcance, o conceito da norma jurídica. [22: FERREIRA FILHO, Manoel Goncalves. Curso de Direito Constitucional. Saraiva: 38º edição, 2012, p.100. ]
Para Celso Ribeiro Bastos, “a interpretação tem sempre em vista um caso determinado”. Cabendo extrair que exercitar a interpretação torna-se possível quando se está diante de um caso a fazer jus da decisão.[23: Hermenêutica e interpretação constitucional, São Paulo: Celso Bastos Editor, 1997, p.21.]
 Nesse sentido a hermenêutica é imaterial, isto é, não possui um conflito a ser solucionado. Por outro lado, a interpretação acontece em confronto com o caso concreto a ser constatado pelo judiciário. Para tanto, a conclusão referente a hermenêutica é de que, trata-se da ciência que estuda a interpretação dos dispositivos, atendendo ao caso concreto.
Evidencia o respeitável Uadi Lammêgo Bulos, que a supramencionada ciência busca “sintetizar critérios, métodos regras, princípioscientíficos que possibilitem a descoberta do conteúdo, sentido, alcance e significado das normas jurídicas”.[24: BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014, 9º edição, p.437]
A doutrina sustenta que nenhuma norma dispensa interpretação, tendo em vista que a singela leitura do texto normativo provoca uma forma de interpretação.
Assim sustenta Caio Mário da Silva Pereira:
Toda lei está sujeita a interpretação. Toda norma jurídica tem de ser interpretada, porque o direito objetivo, qualquer que seja sua roupagem exterior, exige que seja entendido para ser aplicado, e neste entendimento vem consignada a sua interpretação. Inexato é, portanto, sustentar que somente os preceitos obscuros, ambíguos ou confusos exigem interpretação, e que a clareza do dispositivo a dispensa, como se repete na velha parêmia in claris cessat interpretatio.[25: PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições Vol. 1 - Introdução. Forense, 24º edição, p. 155 ]
Diante de todo o exposto, mostra-se imprescindível salientar o prestígio, e influência da hermenêutica constitucional, atendando-se aos critérios proporcionados somente quando se contempla seus ensinamentos. A partir da hermenêutica se faz cada vez mais palpável a tarefa de interpretar o que de forma inconteste contribui para a segurança jurídica tão anelada pelo sistema judiciário brasileiro. Ainda, demonstra a referida ciência abranger os casos aparentemente passíveis da imprescindibilidade da fonte de interpretação, tanto quanto, mostra-se presente em todo e qualquer caso por mais simples que demonstre ser, estabelecendo como regra principal que a interpretação é impreterivelmente necessária para toda norma jurídica, onde primeiro vem entendimento e em seguida a devida aplicação. 
2.2.1. Princípios da Interpretação Constitucional
A Constituição da República disciplina diferentes bens e direitos, evidenciando valores que podem colidir, para tanto, torna-se necessário a utilização das técnicas de interpretação constitucional, para dar solução, no caso concreto, ademais, garantir eficácia e aplicabilidade para todas as normas constitucionais. 
A interpretação das normas constitucionais é desenvolvida pela doutrina e pela jurisprudência que afirma a existência de um conjunto de princípios a serem observados a partir de critérios ou premissas distintas, mas que se completam, o que define o caráter unitário da ação de interpretar. [26: COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011, 4º edição, p.137.]
No mesmo sentido é a posição da doutrina, senão vejamos:
 Tais princípios, para a maioria dos autores, são os da unidade da Constituição, da concordância prática, da correção funcional, da eficácia integradora, da força normativa da Constituição, e da máxima efetividade. Afora esses princípios, apontam-se, ainda, embora não estejam ligados exclusivamente á exegese constitucional, o princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, o da interpretação conforme a Constituição, e o da presunção de constitucionalidade das leis, sendo o primeiro um princípio de ponderação, que se reputa aplicável ao direito, em geral, enquanto os dois últimos são utilizados essencialmente no controle de constitucionalidade das leis.[27: MENDES, Gilmar Ferreira. COELHO, Inocêncio Mártires. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 3ª Edição, Ed. Saraiva, p. 110]
Os princípios não possuem condão normativo, ou seja, eles não abalizam respaldo para interpretações obrigatórias, sendo observadas apenas como pontos de vistas interpretativos que se movem como argumentos sem aumento ou diminuição gradativa tampouco limite para solver conflitos de interpretação, mas que, porém, não trazem legitimidade para valorizar nem estabelecer quais devam ser aplicados em dada circunstância hermenêutica.[28: COELHO, Inocêncio Mártires. Interpretação Constitucional. São Paulo: Saraiva, 4º edição, p.155.]
2.2.2. Princípio da Unidade da Constituição 
Esse princípio visa estabelecer preceitos integrados alcançando um sistema unitário de regras e princípios firmados na Constituição Federal. Apontando que as normas constitucionais sejam abarcadas em unidade e harmonia, pretendendo não permitir a visão de um conjunto de normas isoladas.A ordem jurídica é uma só, apesar de para motivos didáticos oferecerem uma divisão dos ramos. [29: SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constituicional. 37º edição, 2013, p. 340 ]
 Observa-se que a Constituição não traz definições de como conquistar a referida harmonia, tendo em vista que a própria Carta magna não hierarquiza os bens e valores protegidos pelas suas disposições. Anota-se a o posicionamento de Karl Larenz de que “não existe uma ordem hierárquica de todos os bens e valores jurídicos em que possamos ler o resultado como uma tabela. ” Dessa forma, simplesmente ocorre um juízo de adequação material entre o que os interpretes da Constituição decidem e aquilo que a própria sociedade em seu respectivo momento histórico considere justo. [30: DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito Processual Constitucional. São Paulo, 2014, 5º ed. p. 156]
Neste mesmo sentido vale ressaltar o que nos ensina Luís Roberto Barroso:
“É precisamente por existir pluralidade de concepções que se torna imprescindível a unidade na interpretação. Afinal, a Constituição não é um conjunto de normas justapostas, mas um sistema normativo fundado em determinadas ideias que configuram um núcleo irredutível, condicionante da inteligência de qualquer de suas partes. O princípio da unidade é uma especificação da interpretação sistemática, e impõe ao intérprete o dever de harmonizar as tensões e contradições entre normas.” [31: BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo.São Paulo: Saraiva, 2011, pp. 293-294]
Para isso, pretende-se pelo princípio da unidade da constituição obstar a ocorrência de conflitos das normas constitucionais, no sentido de conquistar uma constituição interpretada harmonicamente, vista como um todo, de forma que, da extração interpretativa de suas normas, não traga direcionamentos incongruentes. 
2.2.3. Princípio da Concordância Prática 
 
Defende que, quando bens jurídicos fixados por normas constitucionais diversas entram em divergência, é preciso considerar uma interpretação que melhor os harmonize, de forma que a cada um dos direitos lhe serão atribuídas a maior extensão possível, sem que haja imposição de um sobre o outro. 
A partir do ímpeto desse princípio, muito utilizado no embate entre direitos e garantias fundamentais, objetiva-se alcançar uma concepção de simultaneidade entre os referidos direitos, isto é, “um ponto de coexistência”, deste modo, fazendo com que um e outro cedam mutuamente, para que harmoniosamente possam conviver. O princípio em questão, por esse motivo também é conhecido por princípio da cedência recíproca.[32: DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito Processual Constitucional. São Paulo, 2014, 5º ed. p. 161]
2.2.4. Princípio da Força Normativa da Constituição 
Aponta que na atividade de interpretação da Constituição Federal, deve-se anelar pela atualização das normas, considerando a realidade social atual e não somente os aspectos históricos de sua edição para atingir maior fortalecimento dos preceitos constitucionais.
A força normativa da Constituição aborda à efetividade plena das normas presentes na Constituição de um Estado. O princípio foi enxergado por Konrad Hesse, ao passo que afirmava que “toda norma Constitucional deve ser revestida de um mínimo de eficácia, sob pena de figurar letra morta em papel”. Ainda, Hesse explica que “a Constituição não configura apenas o ser, mas um dever ser,” ou melhor, a Constituição deve introduzir em seu âmago a realidade jurídica do Estado, ficando ligada a realidade social. [33: NEIVA, Gerivaldo Alves. Os fatores reais do poder e força normativa da Constituição. Articulações entre KonradHesse, Ferdinand Lassalle e Gramsci. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1889, 2 set. 2008. Disponível em:<http://jus.uol.com.br/revista/texto/11664>. Acesso em: 03 out. 2017 ][34: Idem.]
2.2.5. Princípio da Máxima Efetividade 
Este princípio encontra-se adstrito ao supramencionado princípio da força normativa da constituição, preconiza que a interpretação das normas constitucionais se aproxime da maior eficácia e aplicabilidade possível. O Referido princípio é também chamado de princípio da eficiência, muito aproveitado na peripécia dos Direitos e Garantias Fundamentais, especialmente quando em conflito com outras determinações constitucionais. 
Nesta esteira, o doutrinador Luís Roberto Barroso aduz:
O interprete constitucional deve ter compromisso com a efetividade da Constituição: entre interpretações alternativas e plausíveis, deverá prestigiar aquela que permita a atuação da vontade constitucional, evitando, no limite do possível, soluções que refugiem no argumento da não auto aplicabilidade da norma ou na ocorrência de omissão do legislador. [35: BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional, São Paulo: Saraiva, 2011, p. 295]
								
Em suma o princípio da máxima efetividade das normas constitucionais respalda-se em atribuir na interpretação das normas que pertencem a Constituição o condão de maior eficácia, chegando a atingir todas as suas potencialidades.
2.2.6. Princípio da Justeza, Correção ou Conformidade Funcional 
O princípio da Justeza indica que as disposições constitucionais devem ser interpretadas de forma a não modificar a distribuição de competências definida pela Cartar Magna, até mesmo na separação funcional dos Poderes constituídos, são eles Legislativo, Executivo e Judiciário. 
De acordo com o professor Marcelo Novelino “ele atua no sentido de impedir que os órgãos encarregados da interpretação da Constituição, sobretudo o Tribunal Constitucional, cheguem a um resultado contrário ao esquema organizatório-funcional estabelecido por ela.” Ou seja, dispõe o referido princípio que ao intérprete da Constituição, o Supremo Tribunal Federal, é vedado mudar a divisão de competências fixadas pela própria Constituição Federal.[36: NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3ª ed. p. 79. ]
2.2.7. Princípio da Eficácia Integradora 
Entoa este princípio que a interpretação constitucional em sua totalidade deve ambicionar a solvência dos problemas jurídico-constitucionais com fundamento em parâmetros que contribuam para integração social e a unidade política, tendo em vista que, o sistema jurídico só se torna exequível quando se trata de um Estado que predomine a concordância sociopolítica, e a Constituição pretende exatamente prosperar essa harmonia.
Vaticina Inocêncio Mártires Coelho:
Em que pese a indispensabilidade dessa integração para a normalidade constitucional, nem por isso é dado aos intérpretes/aplicadores da Constituição subverter-lhe a letra e o espírito para alcançar, a qualquer custo, esse objetivo, até porque, à partida, a Lei Fundamental se mostra submissa a outros valores, desde logo reputados superiores – como a dignidade humana, a democracia e o pluralismo, por exemplo –, que precedem a sua elaboração, nela se incorporam e, afinal, seguem dirigindo a sua realização.[37: COELHO, Inocêncio Mártires. op. cit., p. 178.]
Por fim, enuncia esse princípio sobre a criação de soluções, preferivelmente atendendo aos critérios de integração político-social, no que tange os conflitos jurídicos constitucionais. 
2.2.8. Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis e Atos do Poder Público
Alude esse princípio que as leis e atos editados pelo Poder Público achem-se julgados constitucionais, e por corolário perfeitamente cumpridos, até que seja declarado sua inconstitucionalidade mediante decisão judicial. Outrossim, o princípio refere-se ao precedente princípio da separação dos poderes, que estabelece que um Poder não turbe a seara de competência de outros Poderes. 
Como ensina Luís Roberto Barroso: 
A presunção de constitucionalidade das leis encerra, naturalmente, uma presunção iuris tantum, que pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário do órgão jurisdicional competente (...). Em sua dimensão prática, o princípio se traduz em duas regras de observância necessária pelo intérprete e aplicador do direito: (a) não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgão competente abster-se da declaração de inconstitucionalidade; (b) havendo alguma interpretação possível que permita afirmar-se a compatibilidade da norma com a Constituição, em meio a outras que carreavam para ela um juízo de invalidade, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em vigor.[38: BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 164 – 165.]
Em resumo, cabe exteriorizar que, por meio do referido princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos do Poder Público, todo ato normativo que decorre do poder Legislativo até determinada prova em contrário presumir-se-á constitucional, sendo assim, uma lei a partir de sua devia promulgação e sanção deverá dispor da presunção relativa de constitucionalidade. 
2.2.9. Princípio da Interpretação Conforme a Constituição
O princípio da interpretação conforme a constituição exprime que a insegurança no que tange à constitucionalidade de uma norma jurídica plurissignificativa é dirimida de modo a colaborar com a sua conservação. [39: MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de Constitucionalidade na Alemanha: a Declaração de Nulidade da Lei Inconstitucional, a Interpretação conforme à Constituição e a Declaração de Constitucionalidade da Lei na jurisprudência da Corte Constitucional Alemã in Revista de Direito Administrativo, nº 193, pp.22-27 ]
Em corolário a esse raciocínio, a interpretação conforme a constituição carrega dois subprincípios. O primeiro, encontra suas raízes mais profundas na doutrina inca, e é utilizado como dogma para a interpretação, cujo o dispositivo legal especialmente será declarado inconstitucional na ocasião em que a invalidade é manifesta e inequívoca. Já o segundo subprincípio, este está fundada nas bases estruturais germânicas, e assume o papel de técnica de decisão, onde uma norma jurídica, quando possa ser interpretada em conformidade com a constituição deve ser declarada inconstitucional de forma que o órgão judicial descarta as possibilidades de interpretação incompatíveis com o ordenamento jurídico constitucional, fazendo a redução do conteúdo normativo, sem comprometer a expressão estrita da norma submetida ao controle de constitucionalidade.[40: COHEN, Willian e VARAT, Jonathan. Constitucional Law. 10º ed. New York, 1997, p.747][41: MORAES, Guilherme Pena de Moraes. Direito Constitucional, Teoria da Constituição. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2014., p.133]
Em resumo, o princípio da interpretação conforme a constituição, é o veículo da hermenêutica constitucional por meio do qual, primando pela permanência das normas, opta-se pela interpretação que está em consonância com o âmago da constituição, excluindo qualquer interpretação que conduza a uma conclusão desviada e contrária aos preceitos da lex mater. Logo, despiciendo que o método hermenêutico-constitucional da interpretação conforme a constituição, só tem vez quando a norma posta possuir sentido plurívoco. 
2.2.10. princípio da razoabilidade e da proporcionalidade
Prescreve que a interpretação da regulamentação constitucional deve ser de forma razoável e proporcional, destarte, o que traz sustentação a adequação dos meios aplicados estarem em pertinência com os fins ambicionados pela norma, carecendo o intérprete de buscar obsequiar aos bens jurídicos por elas amparados a aplicação mais justa e imparcial.
Conforme o festejado magistério de Luís Roberto Barrosoo referido princípio é:
Um valioso instrumento de proteção dos direitos fundamentais e do interesse público, por permitir o controle da discricionariedade dos atos do Poder Público e por funcionar como a medida com que a norma deve ser interpretada no caso concreto para a melhor realização do fim constitucional nela embutido ou decorrente do sistema.[42: BARROSO, Luís Roberto. Op. cit., p 191.]
Razão é a possibilidade de organização hierárquica de todos os conhecimentos, em vista de princípios ou de valores. Decorrente dos princípios da finalidade, da legalidade e do devido processo legal substantivo, a razoabilidade ou proporcionalidade exige do agente público que, ao realizar atos discricionários, utilize prudência, sensatez e bom senso, evitando condutas absurdas, bizarras e incoerentes. Assim, o administrador tem apenas liberdade para escolher entre opções razoáveis. Atos absurdos são absolutamente nulos.[43: MOREIRA, Alexandre Magno Fernandes.]
Luís Roberto Barroso demonstra o princípio da proporcionalidade, que se identifica com a razoabilidade, em três elementos ou subprincípios:[44: Idem., p. 100]
a) adequação: o ato administrativo deve ser efetivamente capaz de atingir os objetivos pretendidos;
b) necessidade: o ato administrativo utilizado deve ser, de todos os meios existentes, o menos restritivo aos direitos individuais;
c) proporcionalidade em sentido estrito: deve haver uma proporção adequada entre os meios utilizados e os fins desejados. Proíbe não só o excesso (exagerada utilização de meios em relação ao objetivo almejado), mas também a insuficiência de proteção (os meios utilizados estão aquém do necessário para alcançar a finalidade do ato).
Isso posto, proporcionalidade também é utilizada como uma forma de ponderação entre dois ou mais princípios constitucionais que estejam em conflito, determinando, em cada caso, qual deve prevalecer sobre o outro. É comum utilizá-la, por exemplo, para resolver conflitos entre o interesse público e os direitos individuais.
EFEITO DAS DECISÕES NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O sistema jurídico brasileiro é hierarquizado, estando a Constituição da República Federativa do Brasil em lugar de supremacia. Todos os atos do Poder Público, sejam do Poder Legislativo, ou do Poder Executivo estão sujeitos às disposições constitucionais. [45: SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37º edição. São Paulo: Malheiros 2013, p. 161 ][46: CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Controle de constitucionalidade: teoria e prática. 6ª ed. Bahia: Juspodivm, 2012, p.42]
No entanto, repetidamente, a supremacia da Constituição é ameaçada, devido a difusão de atos normativos infraconstitucionais, que passam a fazer parte do ordenamento jurídico com grande frequência. Em virtude disso, manifestou-se a necessidade de iniciar mecanismos de proteção ao texto constitucional, declarando inconstitucionais as normas que não sejam compatíveis com ele.[47: CUNHA JÚNIOR, Dirley da. op.cit p. 180]
José Afonso da Silva sustenta que “haverá uma incompatibilidade vertical entre o ato normativo eivado de inconstitucionalidade e a Constituição, e nesse caso prevalecerá o texto constitucional sendo inválido o ato normativo que o contrarie ”.[48: SILVA, José Afonso. op.cit. p.48]
A doutrina admite três padrões que se destinam a assegurar a supremacia constitucional: O norte-americano, o austríaco e o francês. O modelo norte-americano, é difuso e adota a teoria da nulidade, isto é, sendo a lei inconstitucional ela é nula. No sistema austríaco, também chamado de sistema europeu, decorrente da doutrina de Kelsen, o controle de constitucionalidade é exercido de forma exclusiva por um Tribunal Constitucional e impera a teoria da anulabilidade da lei inconstitucional. Na França, o controle de constitucionalidade é exercido por um órgão diverso dos demais poderes. [49: MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 28ª ed. São Paulo: Atlas 2012, p. 175][50: OLIVEIRA, Aline Lima de. A limitação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade no Brasil: uma análise da influência dos modelos norte-americano, austríaco e alemão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p.90][51: OLIVEIRA, Aline Lima de. op.cit., p.92][52: ALMEIDA, Vânia Hack de. Controle de Constitucionalidade. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2005, p.155]
Quanto ao momento o Controle de constitucionalidade no Brasil pode ser preventivo ou repressivo. O controle preventivo é substancialmente político, com apenas uma exceção criada pela jurisprudência do STF. Todavia, neste trabalho apenas nos interessa o estudo e analise do controle repressivo que é por sua vez eminentemente jurídico, conforme passamos a explanar.
O sistema misto é adotado pelo controle repressivo de constitucionalidade brasileiro, provindo dos modelos americano e austríaco. O controle difuso, proveniente do direito norte-americano, de outra forma é chamado de “controle pela via indireta, incidental, prejudicial, aberto, do caso concreto, via de exceção ou por defesa”. O controle concentrado deriva do sistema austríaco e também é intitulado abstrato, pela via direta, objetivo, principal, fechado, ou por ação.[53: ALMEIDA, Vânia Hack de.op,cit., p.95][54: ALMEIDA, Vânia Hack de.op.cit., p.96]
O Supremo Tribunal Federal, é o órgão máximo do Poder Judiciário e exerce controle de constitucionalidade, seja pela via difusa, quando julga casos concretos, seja também e principalmente pela via concentrada, sendo o órgão competente para julgar as ações objetivas cujo parâmetro seja a constituição federal.[55: MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p.73.]
3.1 EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 
O controle concentrado assim é denominado por ser direcionado a um único órgão jurisdicional, onde como parâmetro destaca-se a Constituição Federal, sendo o Supremo Tribunal Federal, o guardião dessa Constituição.[56: MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 906.]
A referida modalidade de controle de constitucionalidade em questão discute diretamente a análise da inconstitucionalidade da lei. A partir do entendimento de Zulmar Fachin “não se discute outra questão no processo que não seja a existência de inconstitucionalidade”. Diante disso, não há que se falar em caso concreto a ser debatido, ocorrendo aqui somente a compatibilidade, em sentido abstrato, de lei ou ato normativo frente a Constituição Federal. Consolidando essa afirmação Martinoni salienta: “na ação direta não há caso concreto que tenha como pressuposto a aplicação da norma, motivo pelo qual se diz que o controle de constitucionalidade é feito em tese ou em abstrato”.[57: Fachin, 2008, p. 152. No mesmo sentido: Lenza, 2010, p. 238. Marinoni, p. 906 (apud Sarlet; Marinoni; Mitidiero, 2012][58: Marinoni, 2012, p. 909 (apud Sarlet; Marinoni; Mitidiero, 2012).]
Nesse contexto, para a propositura das ações no controle concentrado de constitucionalidade, é necessário observar um rol taxativo de legitimados, ampliado pela CRFB/88. Assim, apenas as pessoas ou órgãos estabelecidas na constituição dispõe de legitimidade para propor a realização do controle concentrado perante o Supremo.[59: Fachin, 2008, p. 152. No mesmo sentido: Lenza, 2010, p. 238. Marinoni, p. 906 (apud Sarlet; Marinoni; Mitidiero, 2012]
Sobre os legitimados em geral, no ordenamento pátrio temos:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa;
V - o Governador de Estado; 
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político comrepresentação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional[60: CF, art. 103, I a IX]
Contudo, o controle concentrado poderá ser executado por cinco maneiras distintas, que segundo Zulmar Fachin são chamadas de “medidas processuais de defesa da Constituição”. São elas: 1) ADI (ação direta de inconstitucionalidade); 2) ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental); 3) ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão); 4) ADI interventiva e; 5) ADC (ação declaratória de constitucionalidade).[61: Fachin, 2008, op.cit, p. 15][62: Idem, p.16]
Assim positivou a nossa carta magna nos seguintes termos:
“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
(...)
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
(...)
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.”[63: BRASIL, 1988, Constituição Federal - on line]
Correspondendo ao propósito deste trabalho, não se aprofundará no estudo, minucioso, dessas medidas. Limitar-se-á em determinar, de forma sucinta, os efeitos da decisão no controle concentrado e, posteriormente, no difuso, e a partir disso, finalmente abordar a aplicação da Técnica da transcendência dos motivos determinantes resultante de tudo o que foi exposto.
3.1.1 Efeito ex tunc
A decisão no controle concentrado possui efeitos “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante no tocante aos órgãos do Poder Executivo e do Poder Judiciário. 
A esse respeito Gilmar Mendes enfatiza:
As decisões proferidas em ação direta de inconstitucionalidade possuem eficácia ex tunc, erga omnes e efeito vinculante para todo o Poder Judiciário e para todos os orgãos da Administração Pública, direta e indireta – não abrangendo o Poder Legislativo.[64: MENDES, Gilmar Ferreira. O Controle da Constitucionalidade no Brasil. Disponível em: <http:// www.stf.jus.br/repositória/ams/portal/StfInternacional/portalStfAgenda_pt_br_/ anexo/Controle_de_Constitucionalidade_v_Port1.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2012, p. ]
O efeito “ex tunc” ou retroativo aduz que no Brasil predomina, de encontro com a doutrina majoritária, o Princípio da Nulidade Absoluta da Lei ou Ato Normativo Declarado Inconstitucional. Prosseguindo no raciocínio, Pedro Lenza leciona que: “trata-se, nesse sentido, de ato declaratório que reconhece uma situação pretérita, qual seja, o “vício congênito”, de “nascimento” do ato normativo”.[65: Entendimento contrário e sustentado por José Afonso da Silva, p. 53 et seq.][66: 18 Lenza, 2010, p. 196 ]
Como fruto dessa nulidade absoluta, a decisão, na esfera de controle normativo abstrato, detém ainda efeito represtinatório, sendo assim, quando prolatada a inconstitucionalidade de uma norma, a lei por ela revogada volta a ter eficácia. Pois, aquela sequer possui força derrogatória.[67: Lenza, 2010, p. 287 et seq. ]
 A princípio uma inclinação, jurisprudencial, de adaptação dessa teoria, foi legalizada pelo artigo 27 da Lei nº 9.868/99. Aduz o supracitado artigo que o Supremo Tribunal Federal, quando da declaração de inconstitucionalidade, considerando razões de extraordinário interesse social ou de segurança jurídica poderá, mediante 2/3 dos seus membros, decidir que essa declaração somente ocasione efeitos quando transitado em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. A vista disso, para tanto, o Supremo Tribunal Federal poderá conferir efeitos “ex nunc” ou prospectivos a sua decisão.
Por fim, terá vigência no controle concentrado o Princípio da Parcelaridade, que a partir do entendimento de Pedro Lenza, podemos definir: “isso significa que o STF pode julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, expurgando do texto legal apenas uma palavra, uma expressão (...).[68: Lenza, 2010, p. 287.]
Insta ressaltar ainda o apontamento de Walter Claudius quando diz que:
A inconstitucionalidade parcial só será declarada se não houver relação de dependência entre os dispositivos. Caso contrário, a inconstitucionalidade poderá atingir dispositivos que não constam no pedido inicial (inconstitucionalidade por “arrastamento” ou “atração”).
3.1.2 Efeito erga omnes 
Sobre a eficácia contra todos, ou melhor dizendo, eficácia erga omnes, ademais a eficácia vinculante, é sabido que foram concedidas pela Constituição Federal, em relação as decisões do Supremo Tribunal prolatadas em Ação Declaratória de Constitucionalidade, através da Emenda Constitucional nº 3 de 1993.[69: CF, art. 102, § 2º. 25 STF, ADC 01, rel. Min. Moreira Alves, 01.12.1993.]
O efeito vinculante de acordo com entendimento do STF não poderia abranger apenas a ADC, alcançando também aos demais instrumentos do controle concentrado de constitucionalidade, a exemplo da ADI.De forma inconteste, a Lei que regula essa ação constitucional positivou o referido entendimento, por meio da Lei 9.868/99, art. 28, parágrafo único. [70: STF, ADC 01, rel. Min. Moreira Alves, 01.12.1993.][71: JÚNIOR, Humberto Teodoro. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1 – Teoria gera do direito processual civil e processo de conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, pp. 548, 550.][72: Idem. p. 555]
A doutrina muitas vezes se refere aos efeitos pertencentes ao controle abstrato com certa inobservância a técnica. Considerando que as expressões ao serem suscitadas são abordadas em situações jurídicas idênticas, lado a lado sem a devida distinção. Porém, no que tange a devida diferenciação dos referidos efeitos Gilmar Ferreira Mendes, tem objetivado distingui-los em conceitos.[73: MENDES, Gilmar Ferreira. O efeito vinculante das decisões do Supremo Tribunal Federal nos processos de controle abstrato de normas. Revista Jurídica Virtual.Brasília, vol. 1, n. 4, agosto 1999..]
Em decorrência disso, é pacífico o entendimento doutrinário que trata a decisão com eficácia erga omnes como aquela que estabelece a sua impreterível observação pelos particulares, tendo em vista que a decisão não se limita as partes presentes no processo. A decisão com efeito vinculante, por sua vez, precisa ser percebida pelos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública no exercício de sua função pública.
Cumpre ressaltar que a legislação seguiu esse precedente, com fulcro na Lei 9.868/99, art. 28, parágrafo único e na Constituição Federal, art. 102, § 2º.[74: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)]
Para tanto, sobre os referidos institutos, é possível destacar outras diferenças. A priori, no que diz respeito ao estudo da eficácia erga omnes das decisões proferidas pelo Supremo, vale acentuar a possibilidade das decisões judiciais de todos os órgãos do Poder Judiciário serem opostas a todos. Pertencendo a natureza de qualquer sentença a oponibilidade erga omnes. Nesse caso, se todas as decisões prolatadas pelo poder Judiciário são passíveis de se opor a todos, por que falar que os acórdãos do STF em controle concentrado de constitucionalidade são dotados de eficácia erga omnes? Ocorre que, a evento de toda decisão do Poder Judiciário ser oponível a todos encontra escopo em um conceito distinto do conceito de eficácia erga omnes referente as decisões próprias do STF.[75: CRUZ, Alvaro Ricardo de Souza. JurisdiçãoConstitucional democrática, Editora del Rey: 2004, p. 174 ]
A eficácia natural aproveita a todos os atos judiciais alcançando a todos, até mesmo terceiros que não fizeram parte do processo. A análise da presente afirmação, é definida pelo doutrinador Liebman, da seguinte forma, “a eficácia da sentença, nos limites de seu objeto, não sofre nenhuma limitação subjetiva; vale em face de todos (…) todos os terceiros estão sujeitos à eficácia da sentença”.[76: FERNANDES, André Dias. Eficácia das decisões do STF em ADIN e ADC. Efeito vinculante, coisa julgada erga omnes e eficácia erga omnes. Salvador: Jus Podivm, 2009, p. 163.][77: LIEBMAN, Enrico Tulio. Eficácia e autoridade da sentença. 3ª edição brasileira. Trad.: Ada Pellegrini Grinover, Alfredo Buzaid e Benvindo Aires. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p.170. ]
Não obstante, é importante destacar uma limitação concernente a eficácia natural, ocasionada pelo princípio do devido processo legal: que elimina a possibilidade prejudicar terceiros. Ainda sobre a mencionada limitação, o CPC dispõe de instrumentos normativos pertinentes a exemplo do Artigo 487,II que proporciona ao terceiro interessado legitimidade para propositura de ação rescisória.
Diante das considerações, o STF a partir de suas decisões nos processos objetivos, dispõe de eficácia erga omnes. Sob essa perspectiva, significa dizer que os terceiros interessados ou afetados em detrimento do acordão prolatado pelo Supremo, não assistem a possibilidade de rediscussão em juízo.
Contudo, a eficácia erga omnes ultrapassa a extensão da eficácia natural pertinentes a todas as decisões judiciais. 
Em sintonia com tal explanação André Fernandes externa que: 
 A diferença entre a eficácia erga omnes e a eficácia natural da sentença e dos demais atos judiciais proferidos nos processos subjetivos consiste unicamente na possibilidade de afastamento dessa eficácia pela alegação de prejuízo jurídico por terceiros, que não existe nos processos objetivos. [78: FERNANDES, André Dias. Op. cit., p. 168]
 
 Nesta senda, soma-se a isso, o fato de que a eficácia erga omnes é intrínseco aos processos objetivos, aqueles em que não há interesse subjetivo e em que a questão jurídica é diretamente analisada pelo magistrado. 
A eficácia erga omnes dos acórdãos do STF proferidos em controle abstrato de constitucionalidade está em concordância à eficácia natural das decisões judiciais, porém são proferidas em processo objetivo. 
Desse modo que explicita o jurista supracitado: 
 Justamente pela possibilidade de afastamento da eficácia natural da sentença e dos demais atos judiciais proferidos nos processos subjetivos mediante a alegação de prejuízo jurídico por terceiros é que distinguimos entre a eficácia “aparentemente erga omnes” (das sentenças e demais atos judiciais nos processos subjetivos) e a eficácia “realmente erga omnes” (dos acórdãos e demais atos judiciais proferidos nos processos objetivos), incompossível com esse afastamento.[79: Ibid. p. 168.]
Em síntese, podemos extrair que o efeito erga omnes esta destinado a participar positivamente da eficácia das decisões do STF, além de coloca-lo em evidente posição de órgão maior da constituição federal. 
2.1.3. Coisa Julgada erga omnes
Sobre o efeito de coisa julgada erga omnes trata-se de uma qualidade específica dos acórdãos terminativos de mérito do STF, correspondentes aos processos objetivos. A partir dessa qualidade constata-se as características da imutabilidade e da indiscutibilidade.
Cumpre observar, uma distinção relevante a ser salientada, entendendo que a eficácia erga omnes abarca as sentenças, os despachos e também as decisões interlocutórias. Por sua vez, a coisa julgada erga omnes engloba apenas as decisões que sejam acórdãos de mérito de caráter definitivo em processos objetivos de controle concentrado de constitucionalidade, a exemplo da ADI e ADC, não abrangendo as decisões interlocutórias e os despachos. Ainda, concernente a coisa julgada vale ressaltar que o referido instituto nasce quando findos todos os recursos, no tempo em que a sentença transitar em julgado, ao passo que tornar-se-á imutável e indiscutível . [80: GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil, volume 1. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 209. ]
De acordo com a doutrina processualista, a coisa julgada é dividia entre formal, e material. A primeira refere-se a imutabilidade e indiscutibilidade da sentença no mesmo processo. A última, a coisa julgada material versa sobre a imutabilidade e indiscutibilidade da sentença em qualquer processo. [81: JÚNIOR, Humberto Teodoro. Curso de Direito Processual Civil – Teoria gera do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 526. ]
 
Corriqueiramente, quando da indisponibilidade da rediscussão e modificação ocorre, o objeto de coisa julgada alcança apenas aqueles que foram partes no processo, em respeito ao princípio do devido processo legal. Entretanto, quando aprendemos sobre a coisa julgada erga omnes, estamos falando do sentido de qualidade da sentença que ultrapassa a parte subjetiva da lide, finalmente tornando-se imutável e indiscutível também para terceiros que não formaram os polos da relação processual. 
A doutrina ademais, abeira-se as modalidades de eficácia da coisa julgada, onde Luís Roberto Barroso neste sentido alude que:
A primeira é denominada de eficácia preclusiva: a matéria coberta pela autoridade da coisa julgada não poderá ser objeto de novo pronunciamento judicial. Já a segunda modalidade, a eficácia vinculativa, significa que a autoridade da coisa julgada deverá prevalecer na solução de qualquer lide que esteja logicamente subordinada à questão já resolvida.[82: BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 2ª edição, revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007. p.173, 174.]
2.1.4. Efeito Vinculante
Por último, não menos importante, abordar-nos-emos nesse trabalho de pesquisa também o efeito vinculante, que pode ser entendido como o efeito que, quando incide em determinada decisão, produz uma observância obrigatória a outros órgãos judiciais e administrativos, possibilitando que o órgão que proferiu a decisão reforme ou anule qualquer que seja a decisão em desacordo, de maneira a criar uma barreira para que a decisão vinculante não tenha sua autoridade desrespeitada. 
Os acórdãos do Supremo em controle abstrato de constitucionalidade dispõem de efeito vinculante, inserido pelo legislador constitucional e infraconstitucional, através da redação dos dispositivos legais outrora mencionados, art. 28, parágrafo único da Lei 9.868/1999, e art. 102, § 2º da CRFB/88. A partir disso não restando dúvidas sobre a diferença do efeito vinculante em relação ao efeito erga omnes, ademais, coisa julgada erga omnes. 
Inicialmente, vale lembrar que o efeito vinculante e coisa julgada erga omnes são institutos diferentes e principalmente que são independentes. Frente a isso, será plenamente possível uma decisão com efeito vinculante que produz coisa julgada erga omnes, ainda, quando o contrário acontecer, isto é, uma decisão sem efeito vinculante, porém, dotada de coisa julgada erga omnes também será também possível.
Trazendo para realidade, e não mais tratando-se apenas de teorias ainda não consumadas sobre o caso citado por último podemos destacar como exemplo qualquer que seja a decisão proferida em controle de constitucionalidade antes do advento da EC 3/93, que deu início ao efeito vinculante no ordenamento jurídico brasileiro.
Neste ínterim, pode-se retirar mais uma divergência acentuada entre efeito vinculante e coisa julgada erga omnes: Enquanto aquela é uma consequência natural do caráter objetivo do processo, essa é uma faculdade legislativa, sendo capaz ou não de existir, mesmo que em processos objetivos. Outrossim, há uma diferençaimportante quanto a finalidade dos institutos, tendo em vista que o efeito vinculante resulta na obrigatoriedade de seguimento dos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública a aplicação dos precedentes do STF sempre que frente a casos análogos. No que lhe concerne, a coisa julgada erga omnes tem como finalidade evitar a rediscussão ou modificação de questão analisada pelo Supremo, uma vez que já foi anteriormente. 
Além do mais, o STF é abarcado pela coisa julgada erga omnes, ao passo que o efeito vinculante retira do seu campo de aplicação o STF. Isso pois, o Supremo poderá optar por decisão diferente perante os casos análogos, entretanto, não poderia desdizer-se, ou melhor, retirar o que já se decidiu depois de transitado em julgado o acordão. 
Enfim, existe ainda uma diferença consoante à técnica processual para o implemento destes institutos. Em se tratando de coisa julgada, quando suscitada ou reconhecida de ofício, extinguirá aquele processo o juiz sem resolução de mérito na forma do CPC, art. 267, V. Na circunstância de efeito vinculante, o juiz deve decidir a questão em compatibilidade com o que decidiu o STF, não podendo evadir-se do dever de julgar. 
No aclaramento de Barbosa Moreira: 
 Haverá ofensa à coisa julgada quer na hipótese de o novo pronunciamento ser conforme ao primeiro, quer na de ser desconforme: o vínculo não significa que o juiz esteja obrigado a rejulgar a matéria em igual sentido, mas sim que ele está impedido de rejulgá-la. (…) Essa impossibilidade (de emitir novo pronunciamento sobre a matéria já decidida) às vezes só prevalece no mesmo processo em que se proferiu a decisão (coisa julgada formal), e noutros casos em qualquer processo (coisa julgada material). [83: MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código dePprocesso Civil, v. 5. 11ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 128 ]
 
 Vale trazer à tona os conceitos doutrinários elaborados por André Dias Fernandes:
O efeito vinculante consiste na obrigação dos órgãos do Poder Judiciário, à exceção do STF, e da Administração Pública direta e indireta (federal, estadual e municipal) de decidir, em situações análogas, em conformidade com a decisão do STF na ADIn ou na ADC. Já a coisa julgada erga omnes consiste na imutabilidade e indiscutibilidade, por quem quer que seja, da decisão final de mérito do STF em ADIn ou ADC, impedindo que se decida de novo a mesma questão constitucional que já foi decidida pelo STF”.[84: FERNANDES, André Dias. Op. cit., p. 171 ]
Com suporte nesse conceito alusivo ao efeito vinculante, que se destina a conferir que as decisões serão conforme os precedentes do STF, compreendemos que este fato está intimamente ligado à possibilidade da Reclamação. No caso de a obrigação não ser respeitada, o apontado instrumento (Reclamação), assegura a reforma de qualquer decisão, em desarmonia com a decisão vinculante. 
Deveras, seria suficiente a existência de um instituto parecido com a Reclamação que diligenciasse o problema ao Tribunal que prolatou a decisão com efeito vinculante asseverando a plena efetividade do efeito vinculante. 
Demonstradas as predominantes distinções entre efeito vinculante, eficácia erga omnes e coisa julgada erga omnes, direciona-se para os efeitos da decisão no controle difuso, seguindo para o âmago do tema referente à teoria da transcendência dos motivos determinantes, que consiste em saber qual é o alcance do efeito vinculante, mais precisamente, se a fundamentação da decisão é ou não coberta pelo efeito vinculante.
2.2 EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE
No controle incidental ora analisado a inconstitucionalidade pode ser deliberada por qualquer juiz ou tribunal do País, quando no curso de um processo por um deles for apreciado. [85: ALEXANDRINO, Marcelo, PAULO, Vicente. Direito Constitucional. Revista atualizada: 2014, p. 350 ]
Depreende-se que a decisão do controle subjetivo pode ser expressa por um magistrado de primeiro grau, por um tribunal de segundo grau, ou por um tribunal superior, ademais, o Supremo Tribunal Federal, no curso de um caso concreto a ele sujeitado .[86: MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de Constitucionalidade. 2016, p.166]
Isso posto, o que se pretende na via incidental é o distanciamento da aplicação da lei ao caso concreto, sendo que independente do órgão da decisão os efeitos da decisão serão os mesmos, entre as partes.
2.2.1 Efeito ex tunc, ex nunc
Trata-se de um ponto muito importante, e, que, mais uma vez entra em descompasso com relação ao controle concentrado, quando diz respeito aos efeitos da sentença. A decisão na seara do controle difuso dispõe de efeitos “inter partes” e “ex tunc”. O Supremo Tribunal Federal, entretanto, trouxe também a possibilidade, de atribuição do efeito “ex nunc no controle difuso, em congruência determina o artigo 27 da Lei nº 9.868/99.
É muito importante ressaltar, sobre isso, que o Supremo Tribunal Federal, em caráter excepcional, ao julgar um recurso extraordinário, poderá conferir eficácia “ex nunc” ou mesmo “pro futuro” à decisão proferida no controle difuso, somente quando em relação a questões de segurança jurídica e interesse social. [87: Dantas, p. 197.]
2.2.2 Efeito inter partes
A decisão proferida pela via difusa de constitucionalidade é declaratória e tem eficácia subjetiva, ou melhor dizendo, efeito inter partes, assim compreende a doutrina majoritária. [88: ZAVASCKI, Teori Albino. Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p.178]
Obtempera Francisco Cabral que:
No controle de constitucionalidade difuso (aberto, concreto, incidental, via de defesa ou exceção) a decisão de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo não será o objeto principal do litigio posto em juízo, mas versará sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito.[89: CABRAL, Francisco. Controle de Constitucionalidade. Schoba editora: 2011, p.21]
Em igual linha de raciocínio, continua dizendo o honroso constitucionalista José Afonso da Silva, que nessa via destaca:
O que é outorgado ao interessado é obter a declaração de inconstitucionalidade somente para o efeito de isenta-lo, no caso concreto do cumprimento de lei ou ato normativo produzidos em desacordo com a carta constitucional. Todavia, os atos normativos questionados permanecem válidos no que se refere à sua força obrigatória com relação a terceiros. [90: SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade Das Normas Constitucionais. Malheiros: 2012, p.100]
Dessa forma, ocorre aqui uma via de interesses somente para as partes, onde não há o que se falar em declaração da inconstitucionalidade da lei. Existindo apenas uma desobrigação referente a uma lei quem encontra-se em desarmonia com as Constituição, considerando, que essa lei permanecerá produzindo seus efeitos, até que busquem judicialmente, diga-se de passagem, novamente, para que deixe de ser atribuída ao caso concreto de interesse vigente.
Nesse sentido, relata Dantas:
A análise da constitucionalidade do dispositivo, (...), não é o objeto principal da ação, sendo apreciada apenas em caráter incidental. Muito embora o juiz do feito possa, ou, mais que isso, deva realizar de ofício tal controle, é mais comum que as partes em litígio invoquem tal inconstitucionalidade. [91: DANTAS, 2013, op cit., p. 196 ]
 
Este também é o posicionamento de Alexandre de Moraes:
Na via exceção, a pronúncia do Judiciário, sobre a inconstitucionalidade, não é feita enquanto manifestação sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento o mérito. Nesta via, o que é outorgado ao interessado é obter a declaração de inconstitucionalidade somente para o efeito de isentá-lo, no caso concreto, do cumprimento da lei ou ato, produzidos em desacordo com a Lei maior. Entretanto, este ato ou lei permanecem válidos no que se refere à sua força obrigatória com relação a terceiros.(MORAES, 2011, p. 740)
Desta feita, a decisão,

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