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Arigo Científico Adoção de Crianças por Casais Homoafetivos

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FACULDADE PARAÍSO
FABRÍCIO ANTUNES DA COSTA
ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR CASAIS HOMOAFETIVOS
São Gonçalo
2017
FABRÍCIO ANTUNES DA COSTA
Adoção de crianças por casais homoafetivos
Artigo Científico apresentado à Faculdade Paraíso, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Roberto Litrento
São Gonçalo
2017
FOLHA DE APROVAÇÃO
FABRÍCIO ANTUNES DA COSTA
ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR CASAIS HOMOAFETIVOS
 
Artigo Científico apresentado à Faculdade Paraíso, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Roberto Litrento
Aprovado em ____ de _____________ de 2017, pela Comissão Examinadora.
COMISSÕAO ESAMINADORA
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AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço a Deus por ter dado um passo importante na minha vida e ter superado todos os obstáculos durante essa longa caminhada. Agradeço aos meus familiares pelo apoio e incentivo a conclusão dessa árdua tarefa. Aos meus amigos e colegas pela compreensão e apoio nos momentos mais difíceis. Aos dignos mestres, pela solidariedade, colaboração, apoio, incentivo, instrução e determinação.
 A ADOÇÃO DE CRIANÇAS POR CASAIS HOMOAFETIVOS
Fabrício Antunes da Costa – graduando em Direito.
Resumo: O tema relacionado a adoção por homossexuais gera bastante polêmica no Brasil em razão dos dogmas e preconceitos sociais. Desde a decisão do Supremo Tribunal Federal do reconhecimento da união estável entre casais do mesmo sexo, o tema vem sendo motivo de debates. Vivemos em um país onde existe um número enorme de crianças abandonadas, e colocar a sexualidade como um requisito para a adoção é sem sombra de dúvidas uma decisão errônea e injusta. Apesar de não existir uma lei específica que prevê a adoção por casais homossexuais, temos a Constituição que traz meios por meio de seus princípios que dão possibilidade para que a o referido tema venha a ser viabilizada.
Palavras-chave: Direito de Família. Adoção. Família Homoafetiva.
Abstract: The theme related to adoption by homosexuals generates a lot of controversy in Brazil because of the dogmas and social prejudices. Since the decision of the Federal Supreme Court to recognize the stable union between same-sex couples, the issue has been the subject of debate. We live in a country where there are huge numbers of abandoned children, and placing sexuality as a prerequisite for adoption is without a doubt an erroneous and unfair decision. Although there is no specific law that provides for adoption by homosexual couples, we have the Constitution that brings means by means of its principles that give possibility for the said topic to be made feasible.
Keywords: Family Law. Adoption. Homoaffective Family.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 TEMA...........................................................................................................5
2 INTRODUÇÃO.............................................................................................5
3 FAMÍLIA HOMOAFETIVA X ADOÇÃO DE CRIANÇAS..............................6
4 PROTEÇÃO JURÍDICA...............................................................................7
5 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.....................................8
6 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.................................9
7 PRINCÍPIO DA ISONOMIA.........................................................................10
8 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE....................................................................11
9 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR..................................11
10 O ENTENDIMENTO DA JURISPRUDÊNCIA..............................................12
11 DO PROCEDIMENTO PARA A ADOÇÃO...................................................13
12 CONCLUSÃO.............................................................................................14
13 REFÊRENCIAS..........................................................................................15 
1 TEMA
Adoção de crianças por casais homoafetivos. 
2 INTRODUÇÃO
	
O presente trabalho irá versar sobre a adoção de crianças por casais homoafetivos.
Desde que a justiça brasileira passou a equiparar a união homoafetiva com a heterossexual, por meio do reconhecimento da união estável, passamos a encontrar novas formas de famílias. Assim como a família tradicional, de um pai e de uma mãe divorciados, a família homoafetiva também ganhou direitos e amparo na lei. 
	Conseqüentemente veio o preconceito por parte de grande parte da sociedade, por motivos de ordem cultural, religioso e moral. Onde fica evidente o repúdio contra a adoção por pares homoafetivos
No âmbito jurídico, em meio a omissão de nossos legisladores, nossa Constituição Federal traz os princípios que dão amparo aos casais homoafetivos para conseguir adotar crianças abandonadas. 
	O presente artigo também mostrará os dispositivos normativos e sua interpretação em busca da proteção dos direitos do adotante e do adotado. 
	Além de todo o procedimento para que seja concretizada a adoção desses menores.	
Nesse artigo buscarei mostrar a importância da adoção de menores, independentemente do gênero de quem adota. 	
3 FAMÍLIA HOMOAFETIVA X ADOÇÂO DE CRIANÇAS
A família identifica uma pessoa na sociedade. Atualmente o conceito de família veio a ser modificado em razão de uma enorme evolução da sociedade em seu meio cultural. 
A pouco tempo atrás não existia casais divorciados, uma família monoparental e era impossível imaginar um filho adotivo sendo considerado um filho natural, com nome dos adotantes em sua certidão de nascimento. Porém o direito deve acompanhar a evolução da sociedade. Hoje, as famílias são formadas de diversas formas. Os filhos do primeiro casamento convivem com os filhos do segundo casamento, temos famílias paralelas e inúmeros tipos de uniões familiares. Então qualquer teoria contrária se torna uma teoria de segregação, de preconceito.
Atualmente um casal formado por pares homoafetivos já consegue reconhecer a união homoafetiva, tendo os mesmos direitos de um casal heterossexual, como por exemplo a separação judicial de bens. Particularmente acho justo, eis que os direitos devem ser iguais para todos. Imagino o pai de um homossexual que sempre foi contra a orientação sexual de seu filho, chegando até mesmo expulsar descendente de casa. Esse filho acaba conhecendo outra pessoa do mesmo sexo e adquiri bens junto a esse companheiro. Caso ocorra a dissolução da união estável dos companheiros, seja por separação ou até mesmo por óbito, seu companheiro terá o direito de ter sua parte nos bens em que eles construíram garantidos, eis que os bens foram adquiridos na constância da união. 
A adoção por casais homoafetivos ainda sofre resistência preconceituosa por grande parte da sociedade. Isso reflete o conservadorismo implantado em nosso país.
O preconceito se torna um grande problema social. Além de ir contra ao nosso princípio Constitucional da isonomia. 
 Insta ressaltar que não há distinção alguma do casamento ou da união estável de casais heterossexuais para casais homoafetivos. Isso acaba refletindo em outras esferas do Direito, como no Direito das Sucessões ou Filiação.
Diferenciando-se dos casais heterossexuais, os casais homoafetivos têm em sua classificação de quem eles desejam adotar. Eles buscam crianças mais velhas e não há preocupação em relação a cor e sexo.
Por meio dessa forma de adoção, podemos enfrentar um problema que estamos vivendo, que são aquelas crianças que saem da “grande procura”, os menores de até 1 ano de idade, brancos e sem irmãos. E conseguimos dentro dessas famílias o encaixe decrianças que são muitas vezes excluídas por casais ditos normais, que são os casais heterossexuais.
O atual conceito de Direito de Família é o de valorizar o afeto, então não há de serem excluídos certos direitos da sociedade. Ou seja, pode casar, pode reconhecer a união estável, mas não pode ter uma filiação sócio-afetiva.
Um grande absurdo que já escutei por parte de quem é contra a adoção por casais homoafetivos é quando dizem que a criança perde a referência de pai e mãe. Se fosse assim não poderíamos ter a adoção unilateral, por pessoas solteiras ou quando um casal se separa. Isso não passa de uma desculpa. O foco na adoção é o melhor interesse da criança. Aquela criança não quer viver num abrigo, aquela criança quer ter um pai, quer ter uma mãe ou quer ter dois pais ou duas mães que vão ter funções de pai e mãe, sim! O que eles querem ter é uma família, eles querem ter carinho e amor. 
	Assim, o interesse de casais do mesmo sexo pela adoção favorece crianças com mais idade ou adolescentes a garantirem um lar, uma família.
	Outro ponto é que a orientação sexual do adotante não influencia no desenvolvimento do adotado, pois a maioria dos homossexuais são frutos de casais heterossexuais e, se seguissem a argumentação opressora se relacionaria, necessariamente, com pessoas de sexo oposto. Assim, basta o casal homossexual preencher os mesmos requisitos que o heterossexual para formalizar a adoção.
Afinal de contas, não podemos ter distinção entre classe, sexo, credo e ao proibir um casal homoafetivo de fazer uma adoção que vai beneficiar uma criança ou até mesmo um casal de irmãos, prejudica e vai contra o melhor interesse da criança. 
4 PROTEÇÃO JURÍDICA 
O art. 226 da Constituição Federal coloca a família como base da sociedade, dando a ela a proteção especial do Estado. Não importando se essa família seja formada por heterossexuais ou homoafetivos. Não há limitação quanto a formação da família.
No §3° do referido artigo, o silêncio do legislador não pode ser interpretado como proibição, eis que o princípio da isonomia iguala todos perante a lei.
A Constituição trás também a proteção em seu princípio da dignidade da pessoa humana, determinando que todos são merecedores de igual proteção de sua dignidade em razão de serem seres humanos.
O Supremo Tribunal Federal, por meio de interpretação, riscou as expressões “homem” e “mulher’’ do art. 1723 do Código Civil, por se tratar de um preconceito. Podendo, então, a união homoafetiva ser reconhecida da mesma forma e com os mesmos direitos que a união heterossexual.
5 ESTATUDO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da criança e do adolescente está previsto na Lei 8069/90 e essa é a lei que protege nossas crianças e adolescentes. 
A criança para o estatuto é a pessoa que tem até 12 anos incompletos e o adolescente é quem tem entre 12 e 18 anos. Como regra o estatuto se aplica somente a essas pessoas, no entanto de maneira excepcional, desde que previsto na lei, o ECA pode se aplicar a aquele entre 18 e 21 anos de idade. 
Insta ressaltar que quando se trata de adoção o ECA é tido como regra quando se trata de criança e adolescente e o Código Civil se aplica de maneira sunsidiária. 
A Lei 8069/90, garante em seu art. 19, que toda criança tem direito à convivência familiar, preferencialmente com sua família biológica e na falta desta, tem direito à colocação em família substituta. Percebe-se mais uma vez que na palavra “família” não abrange diferenciação ou requisito quanto sua formação. De acordo com a proteção especial do Estado citada na Constituição Federal, a criança poderá ser colocada em uma família substituta com a intervenção do Estado.
No art. 41 da referida Lei, garante ao adotando a condição de filho do adotado, eis que o referido dispositivo diz: "A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.". 
	Já o art. 43, ECA, traz o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente que é também de extrema importância para o caso em questão: "A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.”. Estabelecendo, portanto, a diretriz a ser seguida nos processos de adoção em conformidade com o princípio do melhor interesse da criança.
	Insta ressaltar que o ECA não coloca nenhuma proibição quanto a orientação sexual do adotante. Na verdade o que é importante para a referida Lei é o bom desenvolvimento desse menor que será adotado. 
6 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
	Até pouco tempo atrás as decisões judiciais eram constituídas por meio de regras, ou seja, os juízes eram instruídos a dar sua decisão baseando-se apenas as leis. Com implantação do neoconstiitucionalismo os princípios e valores passaram a ter força normativa.
	Os princípios servem de diretrizes na constituição da norma, além de potencializar a aplicação dessas normas.
	O princípio da dignidade da pessoa humana é a base da Constituição Federal. Ele deve ser o início e o fim de qualquer processo de interpretação e aplicação do direito, visando unir os princípios da isonomia e da liberdade. Garantindo que nenhuma pessoa possa vir a ser vítima de qualquer tipo de discriminação e preconceito. 
	A dignidade humana possui 4 campos de aplicação prática. O primeiro é a proteção da vida humana onde veda qualquer tipo de procedimento que venha a colocar em risco a vida humana. Se segunda forma de aplicação prática desse princípio se dá no respeito a integridade física e psíquica de qualquer indivíduo, onde deve haver respeito ao corpo, a honra, a imagem, a intimidade, privacidade e a vedação de qualquer tratamento desumano ou degradante. A terceira forma de aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana se dá pelas condições necessárias para o exercício da vida o que implica no direito ao salário mínimo, direito a habitação, a moradia e a vedação a onerosidade excessiva nos contratos. A quarta forma de aplicação desse princípio se dá pelo respeito a convivência social igualitária, onde entra no tema da adoção de crianças por casais homoafetivos, que implica basicamente naqueles que se encontram em condições de maior vulnerabilidade, como as crianças, os idosos, os consumidores e os trabalhadores. 
7 PRINCÍPIO DA ISONOMIA
	
Particularmente considero esse princípio como um dos mais importantes de todo o nosso ordenamento jurídico. Em razão de sua forma de igualar grandes e pequenos, ricos e pobres, homens e mulheres, negros e brancos, religião A e religião B e etc... .
 O princípio da isonomia encontra-se em diversos artigos e incisos de nossa Constituição Federal.
Inicialmente darei ênfase ao art. 5 da Constituição Federal que assim dispõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, incluindo estrangeiros que moram no Brasil”. No mesmo artigo em seu inciso I, trata da igualdade entre os sexos, já no inciso VIII do mesmo artigo, trata a igualdade de credo religioso, além do XXXVIII do mesmo artigo que trata da igualdade jurisdicional.O art. 7, XXXII, versa sobre igualdade trabalhista. No art. 14 trata da igualdade política. O art. 150, III, versa sobre a igualdade tributária. E no art. 4, VIII, versa sobre igualdade racial.
Caso ocorra diferenciação de tratamento entre pessoas, configura-se afronta ao princípio da isonomia, pois não pode um certo grupo vir a ser protegido, excluindo outro grupo. Seria uma afronta ao ideal de justiça.
Isto posto, se nas obrigações, heterossexuais e homoafetivos são tratados de maneira igualitária, por que quando se trata de direito garantido, deve haver alguma restrição em relação aos homoafetivos?
	
	
8 PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
	Esse princípio é o norteador de todos os princípios do Direito de Família. Sem esse princípio não é possível entender o novo Direito de Família. O afeto se dá como formador de família. O casal homoafetivo pode sim daramor a uma criança da mesma forma que um casal heterossexual.
	O princípio da afetividade se dá ao gostar de uma pessoa, o apego. A criança precisa desse apego. Atualmente o conceito de família é o afeto por essas razões. 
9 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR
Esse princípio garante a todas as crianças e adolescentes uma vida digna e adequada para o seu desenvolvimento. Ele se preocupa com o bem estar do menor. 
Por meio desse princípio pode-se observar as inúmeras vantagens que o menor vai auferir sendo adotado. O menor não quer viver em um abrigo. Quer ter uma família em que possa dar afeto, carinho, alimentação e educação. 
 	O melhor interesse do menor pode ser definido ao receber educação (art.28, Decreto n° 99.710/90); ter direito à convivência familiar afetivo (art. 9); direito à identidade (art.8); direito à saúde (art.24); ser ouvido em assuntos que lhes digam respeito (art. 12).
	Todos esses artigos supracitados tem amparo também no Estatuto da Criança e do adolescente.
	A criança e o adolescente devem crescer em seio familiar, onde deve haver felicidade e amor. 
	Tanto a sociedade, quanto o Estado, devem dar amparo e proteção para que o menor venha a ter um desenvolvimento saudável.
	 Todos os direitos dos menores devem ser respeitados. E cabe a todos garantir esses direitos.
	
10 O ENTENDIMENTO DA JURISPRUDÊNCIA
	O silêncio do legislador não é motivo para o entendimento da jurisprudência ser negativo quanto a adoção de crianças por casais homoafitivos. Pelo contrário, a omissão do legislador dá o entendimento de que seja para não haver um direito isolado e sim um direito igualitário.
	Então as leis devem ser interpretadas de acordo com a atualização do direito e da sociedadedas, o Superior Tribunal de Justiça proferiu decisão pioneira, dando permissão de adoção por casais homoafetivos:
Com o deferimento da adoção, fica preservado o direito de convívio dos filhos com a requerente no caso de separação ou falecimento de sua companheira. Asseguram-se os direitos relativos a alimentos e sucessão, viabilizando-se, ainda, a inclusão dos adotandos em convênios de saúde da requerente e no ensino básico e superior, por ela ser professora universitária. A adoção, antes de mais nada, representa um ato de amor, desprendimento.
	O Superior Tribunal de Justiça entendeu que deveria formalizar uma situação fática, seguindo o que determina a Constituição e os princípios que protegem os menores.
	A seguir o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acerca da adoção por pares homoafetivos, por meio da jurisprudência: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ADOÇÃO. CASAL FORMADO POR DUAS PESSOAS DE MESMO SEXO. POSSIBILIDADE. Reconhecida como entidade familiar, merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo sexo, com características de duração, publicidade, continuidade e intenção de constituir família, decorrência inafastável é a possibilidade de que seus componentes possam adotar. Os estudos especializados não apontam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus cuidadores. É hora de abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica, adotando-se uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes (art. 227 da Constituição Federal). Caso em que o laudo especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças e as adotantes. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível Nº 70013801592, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 05/04/2006).
11 DO PROCEDIMENTO PARA A ADOÇÂO
	Adotar é um verbo transitivo direto que significa entre outras coisas escolher, assumir e aceitar, porém quando se trata de adotar uma pessoa, essa palavra assume um outro contexto.
	No processo de adoção as pessoas interessadas terão que comparecer até o Fórum de sua localidade para requerer a sua habilitação, ou seja, essas pessoas interessadas irão se inscrever para o processo de adoção por meio de um preenchimento de um formulário e apresentação de documentos. Após o preenchimento desse formulário, a pessoa interessada em adotar irá passar por um processo seletivo dentro deste Fórum, havendo um estudo psicossocial, além de um laudo social, onde irão visitar a casa desses interessados. Será feito um estudo de toda a vida pregressa desse adotantes. 
	Após esses laudos, esses adotantes serão aptos a participar de um curso de adoção, passando a fazer parte da “fila” (Cadastro Nacional dos Adotantes) .
	Segundo reportagem do g1.com, existem hoje no Brasil 35 mil pretendentes cadastrados para cadastrar uma criança no Cadastro Nacional de Adoção. Enquanto o número de crianças que estão aptas para serem adotadas não chega a 6,5 mil. O grande problema para a efetivação desse processo é que a maioria desses casais escolhem crianças abaixo dos 1 ano de idade e apenas 6% se encaixam nesse perfil. Outro número que chama a atenção é de que 87,42% tem acima dos 5 anos de idade. Então a cada ano que se passa dentro do abrigo a chance de uma criança ser adotada diminui drasticamente.
	Insta ressaltar que além dessa forma de adoção, existem outras formas de adoção como por exemplo adoção de adulto, adoção de pessoas idosas, adoção internacional e adoção de crianças terminais. 
12 CONCLUSÃO
Com o grande avanço da sociedade, o direito não consegue criar leis que ampare todas as situações que acontecem no meio social. Então é de imensa importância a aplicação de princípios junto as normas para que haja de fato uma justiça que não seja cega.
 O estatuto da criança e do adolescente trata a adoção de maneira geral, e tem como foco o princípio do melhor interesse da criança, estabelecido no mesmo artigo.
O referente estatuto não regulamenta sobre a adoção por homossexuais, haja vista que, no mesmo não existe qualquer restituição quanto ao deferimento da adoção relacionada aos homossexuais.
O afeto é indispensável para que exista uma relação familiar. 
Em respeito aos princípios constitucionais o princípio da dignidade da pessoa humana visa a proteção da criança devido sua vulnerabilidade. Já o princípio da isonomia assegura que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, é possível a adoção por casais homoafetivos. 
Se a Constituição da República Federativa do Brasil assegura a igualdade, não há que se tratar os homossexuais como diferentes.
Por fim, a discriminação em cima da adoção de crianças por casais homoafetivos atrapalha a própria criança que pretende ser acolhida por uma família, independente de orientação sexual. O que importa é o afeto que essas crianças terão por esses adotantes. 
13 REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Revista dos Tribunais, 2009, 5ª edição.
BRANDÃO, Débora Vanessa Caús. Parcerias homossexuais: aspectos jurídicos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
BRITO, Fernanda de Almeida. União afetiva entre homossexuais e seus aspectos jurídicos. São Paulo: LTr, 2000.
CHIARINI JÚNIOR, Enéas Castilho. A Igreja Católica e os homossexuais: a gota d'água. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 112, 24 out. 2003. Acesso em: 25 mar 2012
DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre direito das família. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2004.
 	. União Homossexual: o Preconceito & a Justiça. 3ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
FIGUEIRÊDO, Luis Carlos de Barros. Adoção por homossexuais. 8ª tir. Curitiba: Juruá, 2008.
GIRARDI, Viviane. Famílias contemporâneas, filiação e afeto. A possibilidade jurídica da adoção por homossexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
PEREIRA,	Tânia	da	Silva.	(Coord.)	O	melhor	interesse	da	criança:	um	debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 1999.PERES, Ana Paula Barion. A adoção por homossexuais: fronteiras da família na pós- modernidade. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
 RIOS, Roger Raupp. A homossexualidade no Direito. Porto Alegre: Livraria ] dos Advogados, 2001,

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