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3 Iter criminis. Concurso de Pessoas. Erro no Direito Penal. Prescrição.docx

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ITER CRIMINIS
Conceito: é o itinerário do crime, o caminho do crime. São as fases de realização do crime. Há uma fase interna e uma fase externa. A fase interna é a COGITAÇÃO. A fase externa se divide em três: PREPARAÇÃO, EXECUÇÃO e CONSUMAÇÃO. O exaurimento não integra o iter criminis (ele acaba na consumação). 
COGITAÇÃO: 
Também chamada de “claustro psíquico”, pois a vontade criminosa ainda está aprisionada à mente do agente. A cogitação NUNCA é punível. Ainda não há sequer perigo ao bem jurídico.
Ela se divide em 3 momentos distintos: idealização, deliberação (pensar nos prós e contras do crime, método etc.) e resolução.
Atenção: cogitação não implica premeditação.
PREPARAÇÃO: é a fase dos atos preparatórios. Aqui, o agente vai se municiar do que é necessário para a prática do crime. Em regra, a preparação não é punível, pois ainda não há ofensa ao bem jurídico.
Exceção: crimes obstáculo (o legislador incriminou de forma autônoma ato de preparação de outro crime. Ex.: associação criminosa, falsificação de documento etc.)
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Petrechos de falsificação
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
EXECUÇÃO: com a prática de atos de execução, existe PELO MENOS um crime tentado.
Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Ato de execução = Ato idôneo + Ato inequívoco
ATO IDÔNEO: aquele capaz de lesar o bem jurídico. Esta idoneidade tem que ser avaliada no caso concreto.
ATO INEQUÍVOVO: é aquele que se dirige à lesão do bem jurídico. 
TRANSIÇÃO DOS ATOS PREPARATÓRIOS PARA OS EXECUTÓRIOS
Teoria Subjetiva: vontade do agente. Esta teoria não é aceita no Brasil.
Teoria Objetiva: não basta a vontade do agente, para se diferenciar um ato preparatório de um ato executório são necessários outros elementos. Esta teoria se subdivide em outras:
Teoria da Hostilidade ao bem jurídico (Max Ernest Mayer): ato de execução é aquele que ataca o bem jurídico. Enquanto que, ato preparatório é aquele em que o bem jurídico permanece no seu estado de paz. Esta teoria não foi aceita.
Teoria Objetivo-formal ou Lógico-formal (Franz Von Liezt): é aquele em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo. Esta teoria é a teoria dominante no Brasil.
Teoria Objetivo-material: atos de execução são aqueles em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e também, os atos que lhe são imediatamente anteriores, na visão de um “terceiro observador”. Esta teoria adianta os atos de execução.
Teoria Objetivo-individual (Hanz Welzel): ato de execução é aquele em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo e também os que lhe são imediatamente anteriores, de acordo com o plano concreto do autor. STJ vem trabalhando com essa teoria.
Para a doutrina moderna, prevalece teoria objetivo-individual Consideram-se atos executórios aqueles que, de acordo com o plano do agente, ocorrem no período imediatamente anterior ao começo da realização do núcleo. É expressamente prevista no projeto de novo CP.
CONSUMAÇÃO: O crime consumado também é chamado de “crime perfeito” ou de “crime acabado”. É aquele em que o agente realiza todos os elementos do tipo.
Crime consumado
 Art. 14. I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Cuidado: crime consumado não se confunde com crime exaurido (esgotado plenamente)
	Consumação
	Iter Criminis
	Encerra o iter criminis
	Atos posteriores ao encerramento do iter criminis
O art. 14, II CP atua como NORMA DE EXTENSÃO TEMPORAL Amplia a proibição para alcançar fatos humanos realizados de forma incompleta.
“Art. 14 C.P. - Diz-se o crime: Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.”
CRIME MATERIAL: é aquele em que o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, e exige a produção deste último para consumação. (STF: “crimes de resultado”)
Ex.: Homicídio Conduta: matar alguém. 
Resultado: morte (morte encefálica - Lei 9434/97, art. 3º). 
Em todos os demais crimes (tentados, formais, mera conduta) o fato típico só tem 2 elementos Conduta
 Tipicidade
Atenção! O STF chama os crimes formais e os crimes de mera conduta de “Crimes sem resultado”.
CRIME FORMAL ou “De consumação antecipada” ou “De resultado cortado”: É aquele em que o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, mas dispensa este último para consumação.
Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 159); ameaça (art. 147).
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
CRIME DE MERA CONDUTA ou “De simples atividade”: é aquele em que o tipo penal se limita à descrição da conduta, ou seja, não contem resultado naturalístico.
Ex.: Ato obsceno (art. 233).
 Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Os crimes formais e de mera conduta tem um ponto em comum: ambos se consumam com a prática da conduta. Todavia, possuem uma diferença: nos crimes formais, o resultado naturalístico é dispensável para a consumação, mas ele pode ocorrer. Nos crimes de mera conduta, ao contrário, nunca teremos um resultado naturalístico, pois o tipo penal não permite.
“Exaurimento”: é um instituto inerente aos crimes formais. Se o resultado naturalístico ocorrer, estaremos diante do mero exaurimento.
Conclusão: em todo e qualquer crime o fato típico tem CONDUTA e TIPICIDADE; e nos crimes materiais consumados também entram o resultado naturalístico e a relação de causalidade.
QUESTÃO: Qual é a diferença de um crime formal e um crime de mera conduta?
Crimes formais e de mera conduta pertencem ao gênero de crime que independe de resultado naturalístico. São crimes em que o fato típico possui apenas os elementos conduta e tipicidade. São os crimes, chamados pelo STF, de crimes sem resultado. A diferença é que nos crimes formais o resultado naturalístico não é necessário para consumação, mas ele pode ocorrer (e quando ocorre, estamos diante do exaurimento do crime). Enquanto que, nos crimes de mera conduta o resultado naturalístico jamais ocorrerá (até porque o tipo não prevê). 
CRIME PERMANENTE: a consumação se protai no tempo (até que o agente encerre a conduta delituosa.
CRIME HABITUAL: a consumação exige a reiteração da conduta típica. Se o agente pratica 1 ato, o fato é atípico
CRIME CONSUMADO ≠ CRIME EXAURIDO: consumação encerra o iter criminis. No exaurimento, temos atos posteriores ao iter criminis.
EXAURIMENTO: não faz parte do inter crimes. Só se verifica em crimes materiais. É o conjunto de efeitos posteriores à consumação. O exaurimento nada mais é do que a superveniência do resultado naturalístico nos crimes formais. Zaffaroni chama o exaurimento de “consumação material”. O exaurimento não altera a tipicidade do crime. Porém, ele interfere na aplicação/dosimetria da pena base (art. 59, caput).
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
O exaurimento também vai influir na qualificadora (art. 329, §1º/CP).
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção,de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
O exaurimento pode também funcionar como causa de aumento de pena (art. 317, §1º/CP).
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Também pode caracterizar crime autônomo.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:  (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
        § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos
        V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
TENTATIVA
É também chamada de “conatus”, “crime imperfeito”, “crime incompleto” ou “crime inacabado”.
Tentativa 
Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Conceito: é o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstancias alheias à vontade do agente.
Para ocorrer tentativa, exige-se um ato de execução. O legislador vinculou a tentativa à prática de um ato de execução.
QUESTÃO: Crime de tentativa ou tentativa de crime?
R: O correto é tentativa de crime, pois a tentativa não caracteriza crime sui generis, com pena autônoma. É forma incompleta de violação da mesma norma de que o crime consumado representa violação plena. Logo, não há crime de tentativa, mas tentativa de crime.
ELEMENTOS DA TENTATIVA
1 – Início da execução do crime;
2 – Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;
3 – Dolo de consumação (o dolo da tentativa é idêntico ao dolo da consumação).
4 – Resultado possível (diferencia a tentativa do crime impossível)
ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA: na tentativa, ocorre a adequação típica mediata, ou seja, o fato não se encaixa perfeitamente ao tipo penal, para isso é preciso utilizar outra norma penal (Normas de Extensão da Tipicidade). Ex.: artigo 121, caput, c/c artigo 14, II, CP. Vai ser uma norma de extensão temporal, pois permite a aplicação da lei penal em um momento anterior à consumação.
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA: existem algumas teorias para explicar o porquê de se punir a tentativa.
a) Teoria Subjetiva, Voluntarística ou Monista: diz que a pena do crime tentado deve ser igual à pena do crime consumado. É adotada pelo CP em caráter de EXCEÇÃO. 
Estes são os Crimes de Atentado ou de Empreendimento (aqueles em que a tentativa recebe a mesma pena que a consumação).
Ex.: crime de evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:
Pena - reclusão até três anos.
b) Teoria Sintomática: surgiu na Escola Positiva do Direito Penal (Ferri, Lombros e Garofalo). Esta teoria diz que a tentativa revela a periculosidade do agente. A tentativa seria um “sintoma” da periculosidade do agente, logo, deve ser aplicada uma medida de segurança.
c) Teoria Objetiva, Realística ou Dualista: para esta teoria, o dano ao bem jurídico é menor que na consumação. Logo, a pena na tentativa deve ser menor. Esta é a REGRA GERAL adotada pelo CP.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
REGRA: a tentativa é causa obrigatória da diminuição da pena (de 1/3 a 2/3 da pena). O juiz só tem liberdade somente ao “quantum” da diminuição. O que vai orientar o juiz na diminuição da pena na tentativa é a maior ou menor aproximação da consumação. É o transcurso do inter crimes. São irrelevantes as condições pessoais do agente, a gravidade do crime, etc.
HC 95.960 STF
TENTATIVA E DOLO EVENTUAL: predomina no Brasil que o dolo eventual é compatível com a tentativa. Ou seja, é perfeitamente possível a tentativa em um crime praticado com dolo eventual.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
a) Tentativa Branca ou Incruenta: é aquela em que a vítima não é atingida. Não tem derramamento de sangue, por isso se chama branca.
b) Tentativa Vermelha ou Cruenta: a vítima é atingida.
c) Tentativa Perfeita, Acabada ou Crime falho: é aquela em que o agente esgota os atos de execução que tinha a sua disposição.(crime falho é sinônimo de tentativa perfeita)
d) Tentativa Imperfeita, Inacabada ou Propriamente dita: o agente não esgota os atos de execução que tinha a sua disposição.
	Tentativa Inidônea
	Tentativa Ineficaz
	O agente ignora estar se valendo de meio absolutamente ineficaz na produção do resultado.
	Agente conhece meio ineficaz, mas acredita que com ele produzirá o resultado.
Ex: matar alguém com o poder da mente.
ADMISSIBILIDADE E INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA
Crimes Dolosos
REGRA: admissibilidade (basta ser plurissubsistente - aquele em que a conduta é composta de dois ou mais atos).
EXCEÇÃO: crimes unissubsistente NÃO ADMITEM TENTATIVA. A conduta é composta de um único ato suficiente para a consumação. Ex.: crimes contra a honra cometidos verbalmente. Aqui se incluem os crimes omissivos próprios ou puros e os crimes de perigo abstrato.
Atenção: prevalece a admissibilidade da tentativa no dolo eventual.
Crimes Culposos
REGRA: inadimissibilidade (são logicamente incompatíveis com a tentativa).
EXCEÇÃO: culpa imprópria e crimes preterdolosos (é punida a tentativa quando a parte frustrada é dolosa).
Contravenções penais (art. 4º, LCP) – NÃO ADMITE.
Cuidado: a contravenção, de fato, até admitiria a tentativa, mas não interessa para o Direito Penal.
Crimes de atentado ou de empreendimento – a tentativa é punida com a mesma pena da consumação NÃO ADMITE.
Crimes condicionados – NÃO ADMITEM (aqueles em que a punibilidade depende de um resultado previsto em lei).
Crimes subordinados a uma condição objetiva de punibilidade (crimes falimentares) – NÃO ADMITEM TENTATIVA, pois dependem de sentença declaratória de falência (condição objetiva de punibilidade).
Crimes Compostos de condutas extremamente abrangentes – NÃO ADMITEM TENTATIVA, pois neles, qualquer ato já representa a consumação. Ex.: Lei 6766/59, art. 50, I.
Art. 50. Constitui crime contra a Administração Pública.
I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municipíos;
Crimes Obstáculo – NÃO ADMITEM TENTATIVA, pois a própria preparação já representa um crime autônomo.
Crimes Habituais – É POLÊMICO. Crime habitual é aquele cuja consumação depende da reiteração de atos indicativos do estilo de vida do agente.
1ª POSIÇÃO: não admite, pois ou o agente reitera esses atos, e há crime. Ou ele não reitera, e não há crime.
2ª POSIÇÃO: admite. Posição defendida primeiramente por Mirabete. Ex.: uma pessoa que não é médica abre um consultório para realizar atendimentos. Ele só atende um paciente e já é preso pela policia. 
CRIMES PUNIDOS SOMENTE NA FORMA TENTADA: Lei 7170/83 (Lei de Segurança Nacional).
Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.São espécies de tentativa qualificada\ abandonada.
Também chamada de “Execução abandonada”, pois a execução não ocorre pela vontade do agente.
Fórmula de Frank
Tentativa: “quero, mas não posso”
DV e AE: “posso, mas não quero”
Fundamento: direito premial – é o prêmio concedido aos criminosos arrependidos. É um estímulo para o agente desistir da ação.
“Ponte de Ouro”: é a terminologia criada por Franz von Liszt para se referir à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz. É chamada pelos doutrinadores argentinos de “Ponte de Prata”.
Natureza Jurídica: existem 3 posições
1ª POSIÇÃO: causas pessoais de extinção da punibilidade.
Defendida por Nélson Hungria e Zaffaroni. Elas retiram do Estado o direito de punir em relação ao crime mais grave.
2ª POSIÇÃO: causas de exclusão da culpabilidade.
Defendida por Claus Roxin. Não há culpabilidade em relação ao crime desejado pelo agente.
3ª POSIÇÃO: causas de exclusão da tipicidade.
Esta é a posição dominante. Exclui-se a tipicidade do tipo inicialmente desejado, e o agente só responde pelos atos praticados.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: o agente, por manifestação exclusiva do seu querer, interrompe a execução do crime. 
REGRA: a desistência voluntária representa uma conduta negativa, pois o agente tinha mais atos a praticar, mas ele para.
EXCEÇÃO: nos crimes omissivos impróprios, a Desistencia Voluntária será uma conduta positiva.
Cuidado: na Lei de Terrorismo, antes de iniciada a execução, no art. 5º, que pune os atos preparatórios, permite-se a desistência voluntária antecipada.
Lei 13.260/16: Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 CP.
ARREPENDIMENTO EFICAZ: (também chamado de “Resipiscência”). Aqui, o agente já esgotou os meios do crime. Depois de esgotar a execução, ele adota providências para impedir a consumação.
Tanto no AE quanto na tentativa perfeita, o agente esgota a consumação do crime. Mas no primeiro caso, após ter consumado, ele adota medidas para impedir a consumação.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
O arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais, porque só neles é possível evitar o resultado naturalístico. A desistência voluntária é possível em qualquer crime.
REQUISITOS
a) Voluntariedade
Voluntário ≠ Espontâneo
VOLUNTARIEDADE: livre de coação.
ESPONTÂNEO: aquilo que é intimo da reflexão do agente. É a honesta vontade.
b) Eficácia
É preciso impedir a consumação.
Caso o agente desista, se arrependa, mas não impede o resultado e o crime se consumar, o agente apenas irá se beneficiar de uma atenuante genérica (art. 65, III, b).
OBS.: os motivos da DV e do AE são irrelevantes.
COMUNICABILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS: a DA ou o AE se comunica ao partícipe. É possível a comunicabilidade na DA e AE.
“TENTATIVA” QUALIFICADA: É aquele que contem em seu interior um crime menos grave já consumado. A DA e o AE entram aqui também. 
INCOMPATIBILIDADE: crimes culposos
A DA e o AE são incompatíveis com os crimes culposos. Salvo, na culpa imprópria.
OBS: De acordo com Rogério Sanches, culpa imprópria é aquela na qual recai o agente que, por erro, fantasia situação de fato, supondo estar acobertado por causa excludente da ilicitude (caso de descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito e evitável.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços
REQUISITOS
a) crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa
Obs: violência contra a coisa não impede o benefício.
Obs: crimes culposos, mesmo que violentos, admitem o benefício.
Obs: de acordo com a maioria, a violência impropria não impede o benefício➔Violência própria é aquela em que o agente, com emprego de força física, lesiona a vítima. Na violência imprópria o agente reduz o sujeito passivo à incapacidade de resistir, ex: emprego de sonífero (questão acima).
b) reparação do dano ou restituição da coisa ➔ integral. Se for parcial, a vítima deve concordar.
c) até o recebimento da denúncia ou queixa: limite temporal do benefício; após: atenuante.
d) ato voluntário do agente
CONSEQUENCIAS
Uma vez atendidos todos os requisitos previstos em lei, a reparação do dano ou restituição da coisa tem como consequência a redução de 1\3 a 2\3 da pena do agente. (PONTE DE PRATA)
A diminuição se opera na terceira fase da dosimetria e terá como parâmetro a maior ou menor presteza na reparação ou restituição
QUESTÃO: a reparação do dano se comunica ao corréu?
R: 1ª Corrente: sim, circunstancia objetiva comunicável; 2ª Corrente: não, exigindo-se voluntariedade a circunstancia é subjetiva incomunicável.
Situações especiais de reparação do dano ou restituição da coisa
a) peculato culposo (art. 312, §3º, CP).
b) estelionato mediante emissão de cheque sem fundos (art. 171, §2º, VI, CP + Súmula 554 STF).
c) crimes contra a ordem tributária, o pagamento integral do débito tributário
d) crimes de menor potencial ofensivo
PONTE DE DIAMANTE: há doutrina falando da ponte de diamante, que consistiria na colaboração premiada.
CRIME IMPOSSÍVEL
“Não se pune a tentativa quando, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.
Existem várias teorias buscando o melhor tratamento jurídico para esse fenômeno:
a)teoria sintomática: com a sua conduta, demonstra o agente ser perigoso, razão pela qual deve ser punido, ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado. Por ter como fundamento a periculosidade do agente, esta teoria se relaciona diretamente com o direito penal do autor;
b)teoria subjetiva: sendo a conduta subjetivamente perfeita (vontade consciente de praticar o delito), deve o agente sofrer a mesma pena cominada à tentativa, sendo indiferente os dados (objetivos) relativos à impropriedade do objeto ou ineficácia do meio, ainda quando absolutas;
c)teoria objetiva: crime é conduta e resultado. Este configura dano ou perigo de dano ao bem jurídico. A execução deve ser idônea, ou seja, trazer a potencialidade do evento. Caso inidônea, temos configurado o crime impossível. A teoria objetiva subdivide-se:
(c1)teoria objetiva pura: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja relativa, considerando-se, neste caso, que não houve conduta capaz de causar lesão.
(c2)teoria objetiva temperada ou intermediária: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser absolutas para que não haja punição. Sendo relativas, pune-se a tentativa. É a teoria adotada pelo Código Penal.
O crime impossível tem como elementos:
(a) o início da execução,
(b) a não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente,
(c) o dolo de consumação, e
(d) resultado absolutamente impossível de ser alcançado.
Duas são as formas de crime impossível:
1) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio
A inidoneidade absoluta do meio se verifica quando falta potencialidade causal, pois os instrumentos postos a serviço da conduta não são eficazes, em hipótese alguma, para a produção do resultado.
2) Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto
Também se dá o crime impossível quando a pessoa ou a coisa que representa o ponto de incidência da ação delituosa (objeto material) não serve à consumação do delito. A inidoneidade do objeto se verifica tanto em razão das circunstâncias em que se encontra (objeto impróprio) quanto em razão da sua inexistência (objeto inexistente).
ERRO DE TIPO
	ERRO DE TIPO
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	Existe falsa percepção da realidade
	Agente conhece a realidade, equivocando-se sobre a regra de conduta
	O agente não sabe o que faz
	O agente sabe o que faz, mas ignora ser proibido
	Ex: fulanosai de uma festa com guarda-chuva pensando que é seu, mas logo percebe que era de outra pessoa
	Ex: Fulano encontra guarda-chuva perdido na rua e dele se apodera, imaginando que “achado não é roubado”
1 – TERMINOLOGIA		
Erro é a falsa compreensão do agente sobre algo.
Na redação original do CP era chamado de “erro de fato”. Hoje é chamado de “erro sobre elementos do tipo”.
A expressão “erro de tipo” é uma criação da doutrina.
“de tipo”: elementos do tipo penal.
Tipo Legal = Tipo incriminador
A palavra “ERRO” é utilizada no Código Penal em sem sentido amplo, pois engloba erro propriamente dito e ignorância
Erro propriamente dito: é a falsa percepção, falsa compreensão de algo.
Ignorância: é o total desconhecimento de algo.
Erro de tipo significa erro quando aos elementos ou elementares do tipo.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
2 – CONCEITO: erro de tipo é a falsa percepção ou o total desconhecimento de um ou mais elementos do tipo penal
ATENÇÃO: Tal conceito define erro de tipo essencial, que é aquele que recai sobre os elementos principais do tipo penal. Se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente. (art. 20, caput, do Código Penal)
Ex.: João pega livro de Pedro achando que é seu. Furto. Erro sobre “coisa alheia”. É erro de tipo.
Posição Minoritária: Já Damásio de Jesus (apenas) diz que erro de tipo essencial engloba não só o erro sobre elementares do tipo, mas também as circunstâncias.
Elementares: dados básicos do tipo fundamental.
Circunstância: são dados complementares para aumento ou diminuição da pena (Ex.: qualificadoras).
Já o erro de tipo acidental recai sobre dados secundários do tipo. Quando avisado do erro, o agente corrige os caminhos ou sentido da conduta para continuar a agir de forma ilícita.
3 – ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO ESSENCIAL
O critério de diferenciação é a figura do “homem médio” (figura hipotética representativa da normalidade humana, em prudência e inteligência mediana).
a) Erro de tipo ESCUSÁVEL (invencível ou inevitável): o agente errou, mas o “homem médio” em seu lugar, também erraria. Por isso, não há culpa do agente. Ou seja, exclui dolo e culpa.
   § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (...).
b) Erro de tipo INESCUSÁVEL (vencível ou evitável): há culpa do agente. O agente errou, mas o “homem médio”, no seu lugar, não erraria. Exclui o dolo, mas não a culpa, caso o fato seja punível à título de culpa.
§1º (...) Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Conclusão: a diferença do erro de tipo escusável para o inescusável é o homem médio (“standard”)
-Homem Médio: é uma figura hipotética, imaginária. Representativa da normalidade, da generalidade das pessoas. É uma pessoa de inteligência e prudência medianas.
OBS: outra corrente trabalha com as circunstancias do caso concreto. O grau de instrução, idade, profissão, etc, podem interferir na imprevisibilidade.
	ERRO INEVITÁVEL
	ERRO EVITÁVEL
	- Exclui o dolo
- o agente não tem consciência do que faz, logo exclui-se o dolo
	- também exclui o dolo, pois tratando-se de erro essencial, o agente não tem consciencia
	- Exclui a culpa
-Se inevitável, cuida-se de erro imprevisível, logo exclui a culpa.
	-não exclui a culpa, punindo-se o fato como culposo, se previsto em lei
-Sendo evitável, existe previsibilidade.
4 – EFEITOS DO ERRO DE TIPO ESSENCIAL
O erro de tipo SEMPRE EXCLUI O DOLO, seja ele escusável ou inescusável.
Segundo Zaffaroni, “o erro de tipo é a cara negativa do dolo”. 
Significa que o erro de tipo é logicamente incompatível com o dolo.
O erro de tipo escusável também exclui a culpa. Já o erro de tipo inescusável admite a punição do agente por crime culposo, caso seja previsto em lei.
ESCUSÁVEL: sem dolo + sem culpa
INESCUSÁVEL: sem dolo + com culpa
QUESTÃO: É possível que o erro de tipo seja inescusável e, ainda assim, o agente não responda por nenhum crime?
R: Sim. É possível quando o crime não admitir a modalidade culposa. Ex.: no furto do livro não há crime culposo, pois não se admite forma culposa no furto.
QUESTÃO: É possível que o erro de tipo seja escusável e o agente responda por algum crime?
R: Sim. É possível quando se opera a desclassificação para outro crime, mesmo com o erro. Ex.: “A” discute com policial civil a paisana e o xinga. O policial dá voz de prisão por desacato. O erro de que é policial exclui o desacato. Mas xingar configura crime de injúria (subsiste).
5 – OUTRAS ESPECIES DE ERRO DE TIPO ESSENCIAL
a) Erro de tipo ESPONTÂNEO: o agente erra sozinho por conta própria.
b) Erro de tipo PROVOCADO: também chamado de “erro determinado por terceiro” (art. 20, §2º). O agente não erra sozinho. Existe um agente provocador do erro e é esse agente que responde pelo crime doloso ou culposo. Não há concurso de pessoas, pois falta o vínculo subjetivo. Se o agente provocador causa o erro dolosamente, responderá por crime doloso; se causou culposamente, responde por crime culposo – SE PREVISTO EM LEI.
Erro determinado por terceiro 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
6 – ERRO DE TIPO ACIDENTAL
É aquele que incide sobre as circunstâncias (posição dominante, com ressalva a Damásio) ou sobre dados irrelevantes do crime.
6.1 – MODALIDADES DE ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Os crimes aberrantes envolvem três modalidades de erro de tipo acidental: causae, ictus e delicti.
O erro de tipo é acidental porque não exclui o crime. O agente responde pelo crime. Não torna o fato atípico.
a) Erro sobre a PESSOA: (error in persona) o agente confunde a pessoa que queria atingir (vítima virtual) com pessoa diversa (vítima real). Esse erro é irrelevante ou acidental porque o agente queria praticar o crime.
Ex.: “A” quer matar “B”. “A” mata “C” pensando que era “B”. “A” responde por homicídio.
O CP, no erro de tipo acidental sobre a pessoa, adota a Teoria da Equivalência, pela qual os bens jurídicos se equivalem.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima (vítima REAL), senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (vítima VIRTUAL)
Palavras-chave: vítima virtual/vítima real confusão
No plano da tipicidade, o erro sobre a pessoa é irrelevante.
Ocorre que o erro sobre a pessoa gera efeitos/reflexos sobre aplicação da pena. Ex.: “A” quer matar o pai. “A” mata “B” pensando que era o pai. Aplica-se a qualificadora de crime contra ascendente na pena.
b) Erro sobre o OBJETO: (erro sobre a coisa) o agente queria praticar o crime contra determinada coisa, mas acabou praticando crime contra coisa diversa. Trata-se de erro sobre o objeto material do crime (pessoa ou coisa que suporta a conduta material)
Ex.: “A” quer furtar um Rolex de R$ 30 mil, mas furta uma réplica de R$ 30,00.
Não há previsão legal.
Advertência! No exemplo, pode-se aplicar o Princípio da Insignificância, diante valor ínfimo do relógio.
Atenção: somente subsistirá se a confusão não interferir na essência do crime. Caso contrário deve ser tratado como erro de tipo essencial.
Atenção: o agente responderá pelo deito, considerando o objeto efetivamente atingido.
	 
c) Erro sobre a QUALIFICADORA: o agente desconhece a presença de uma qualificadora. O erro sobre a qualificadora exclui apenas a qualificadora em si, mas subsiste o crime na modalidade simples/fundamental.
d) Erro sobre o NEXO CAUSAL (aberratio causae): o agente pratica uma conduta e acredita ter alcançado o resultado desejado. Em seguida, ele pratica uma nova conduta com finalidade diversa. Posteriormente, se descobre que foi essa última conduta de levou à consumação do crime. Tem duas condutas.
Ex.: “A” atira em “B” e pensaque o matou. “A” joga o corpo de “B” no rio que morre afogado.
Solução: 
Prova da magistratura/MP: aplica a qualificadora do afogamento
Defensoria: não se aplica qualificadora, porque “A” não queria a qualificadora (afogar).
Não há previsão legal.
A doutrina divide esta espécie de erro em duas modalidades: 
Erro sobre o nexo causal em sentido estrito Ocorre quando o agente, mediante 1 só ato, provoca o resultado visado, porém com outro nexo. Ex.: “A” empurra “B” de um penhasco para que morra afogado (nexo visado). “B”, na queda, bate a cabeça numa rocha e morre em razão de traumatismo craniano (nexo real). 
 Dolo geral / erro sucessivo / “aberratio causae” O agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo. Ex.: “A” dispara (nexo visado) contra “B” (1º ato). Imaginando que “B” está morto, joga seu corpo no mar (2º ato). “B” morre afogado (nexo real). 
Consequência: de acordo com a maioria, o agente responde pelo crime considerando o nexo real. No primeiro exemplo, homicídio com traumatismo sendo seu nexo. E, no segundo, o afogamento.
Atenção: Sanches discorda, pois já que não há previsão legal, deve-se utilizar o nexo mais favorável ao réu.
e) Erro na EXECUÇÃO: (aberratio ictus) é o erro na execução. É a aberração no ataque.
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Fórmula: Pessoa x Pessoa
O crime não se altera, só mudam os envolvidos.
Quanto à aplicação da pena, o erro na execução segue a mesma regra do erro sobre a pessoa. O juiz levará em conta as condições da vítima virtual e não da pessoa efetivamente atingida pelo crime.
Erro sobre a pessoa ≠ Erro na execução
Em ambos há vítima virtual e vítima real.
No erro sobre pessoa há CONFUSÃO. O agente confunde a vítima. A vítima virtual não corre perigo.
No erro na execução não há nenhuma confusão sobre a pessoa da vítima. A vítima virtual corre perigo.
Ex.: “A” quer matar o pai. “A” atira no pai, mas erra, e acerta “C”. Houve erro na execução.
ESPÉCIES DE ERRO NA EXECUÇÃO 
Erro na execução com “unidade simples” ou “resultado único”: o agente atinge somente a pessoa diversa da desejada. Aplica-se a mesma regra do erro sobre a pessoa na dose da pena (art. 20, §3º).Teoria da Equivalência
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime
Erro na execução com “unidade complexa” ou “resultado duplo”: o agente atinge a pessoa desejada e também pessoa diversa. Há 2 crimes. O agente responde pelos dois crimes em concurso formal. Atenção! Só existe erro na execução com resultado duplo quando o segundo crime é culposo.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	ERRO SOBRE A PESSOA
	ERRO NA EXECUÇÃO
	Erro na representação da vítima pretendida
	Representa-se corretamente a vítima pretendida
	A execução do crime é correta – não há falha operacional
	A execução do crime é errada
	A pessoa visada não corre perigo (porque foi confundida com a outra)
	A pessoa visada corre perigo
	ABERRACTIO ICTUS POR ACIDENTE
	ABERRACTIO ICTUS POR ERRO NOS MEIOS DE EXECUÇÃO
	Não há erro no golpe, mas desvio na execução
	Existe erro no golpe
	A vitima visada pode ou não estar no local
	Desvio na execução em razão da inabilidade do agente no uso do instrumento
-a vitima visada está no local
	Ex: X coloca uma bomba no carro de Y para explodí-lo quando acionado. Naquele dia quem ligou o carro foi a esposa de Y
	Ex: X atira para matar Y, mas
Erra o alvo e acaba atingindo a esposa de Y.
f) Erro sobre resultado diverso do pretendido: (aberratio delicti) o agente queria praticar um crime, mas por erro praticou crime diverso.
Resultado diverso do pretendido = Crime diverso do pretendido
Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 (concurso formal) deste Código.
Fórmula: Crime x Crime
	ABERRATIO ICTUS
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código
	ABERRATIO CRIMINIS
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
	O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico, mas de pessoa diversa
	O agente atinge bem jurídico diverso
	O resultado pretendido coincide com o resultado produzido
	o resultado produzido é diverso do pretendido
	PESSOA X PESSOA
	COISA X PESSOA
Ex.: “A” joga pedra na vidraça de “B”, crime de dano. “A” acerta a cabeça de “B”, crime de lesão corporal.
ESPÉCIES
Erro sobre resultado com “unidade simples” ou “resultado único”
Erro sobre resultado com “unidade complexa” ou “resultado duplo”
(mesma sistemática do erro na execução)
Atenção! Erro de tipo ≠ Crime putativo por erro de tipo
São institutos completamente opostos. No erro de tipo, o agente não sabe que está praticando um fato definido como crime quando o faz. No crime putativo por erro de tipo o agente quer praticar o crime, mas não o faz por falta de um elemento do tipo penal.
Crime Putativo: também é chamado de crime imaginário ou de erroneamente suposto, é o crime que não tem existência real, só existe na mente do agente. Ex.: “A” se torna traficante. Adquire droga para vender. Mas sem saber, vende farinha de trigo ao invés de cocaína.
QUESTÃO 10 - ESCRITA: Uma senhora, de 65 anos, cultiva pé de maconha no quintal de sua casa, imaginando ser planta ornamental. Pratica crime? Justifique a resposta.
R: Erro: acreditava que cultivava planta ornamental, quando na verdade, cultivava maconha. Somente haverá erro de tipo acidental sobre o objeto, se a confusão de objetos materiais não interferir na essência do crime, caso contrário deve ser tratado como erro de tipo essencial. Na hipótese, resta claro que o erro de tipo é essencial. Sendo certo que o tráfico só é punível à titulo de dolo, não há crime.
ERRO DE SUBSUNÇÃO
Não tem previsão legal.
Nesse erro, o agente decifra equivocadamente o sentido jurídico de seu comportamento. O erro recai sobre conceitos jurídicos.
Atenção: não se confunde com erro de tipo ou erro de proibição.
a) não se confunde com o erro de tipo, pois não há falsa percepção da realidade.
b) não se confunde com o erro de proibição, pois o agente conhece a ilicitude do seu comportamento.
Consequências: 1- Não exclui dolo ou culpa;
2- não isenta o agente de pena
3- não responde pelo crime, mas pode, alegando ignorância dalei, valer-se de atenuante de pena.
ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Consequencia: responde pelo crime o terceiro.
Em regra, o agente provocado não pratica crime. Salvo se agiu com dolo ou culpa
ERRO DE PROBIÇÃO
Erro de proibição é o erro de direito.
O CP não usa o termo “erro de proibição”, mas sim “erro sobre a ilicitude do fato”.
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Erro de Proibição EVITÁVEL)
 
1 – DIFERENCIAÇÃO
DESCONHECIMENTO DA LEI: é inescusável (art. 21/CP). Também previsto no art. 3º LINDB, há a presunção absoluta de que uma vez publicada a lei, todos a conheceram. Motivo: razões de segurança jurídica. No Direito Penal produz dois efeitos: atenuante genérica (art. 65,II/CP) e autoriza perdão judicial (art. 8º, Lei das Contravenções Penais)
ERRO DE PROIBIÇÃO: o agente conhece a lei (até porque seu desconhecimento é inescusável). Entretanto, ignora o caráter ilícito do fato (o conteúdo da lei). Conhece a lei, só não sabe que sua conduta se enquadra no conteúdo da lei. Ex.: homem humilde mora na roça a vida toda. Ele mata um tatu para comer. Apesar de conhecer a lei, não sabe que essa conduta configura crime ambiental.
	DESCONHECIMENTO DA LEI
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	É inescusável. (art. 21 do CP e art. 3º da LINDB)
	Agente conhece a lei, até porque seu conhecimento é inescusável, mas ignora o caráter ilícito do fato. Conhece a lei, mas desconhece, ignora o conteúdo, o alcance da lei.
	Questão de segurança jurídica
	
	Teoria da ficção jurídica: presunção legal e absoluta de que a publicação da Lei faz com que todos a conheçam
	
	Produz dois efeitos no Direito Penal: (i) atenuante genérica e (ii) Contravenções Penais: autoriza o perdão judicial (art. 8º LCP)
	
2- ESPÉCIES DE ERRO DE PROIBIÇÃO
a) Erro de Proibição Inevitável ou Escusável: o critério de distinção é o perfil subjetivo do agente. Valoração paralela do “juízo do profano”. O agente errou, mas se tivesse se esforçado no caso concreto, ainda assim erraria, conforme suas condições pessoais.
Ex.: homem humilde da roça. Em seu juízo profano, por mais que se esforçasse, ainda erraria.
O erro de proibição INEVITÁVEL isenta de pena, excluí a culpabilidade por eliminar a potencial consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade).
b) Erro de Proibição Evitável ou Inescusável: o agente errou, mas se tivesse se esforçado teria evitado o erro no caso concreto (ver REsp. 870.055/STJ ).
I. A simples manutenção de espaço destinado à prática de prostituição traduz-se em conduta penalmente reprovável, sendo que a possível condescendência dos órgãos públicos e a localização da casa comercial não autoriza, por si só, a aplicação da figura do erro de proibição, com vistas a absolver o réu.
Ex.: “A” abre casa de prostituição, como tantas outras. “A” veria com pouco esforço que é errado, evitaria.
O erro de proibição EVITÁVEL não isente de pena, não exclui a culpabilidade, mas a pena será diminuída de 1/6 a 1/3 (é causa de diminuição da pena).
§1º Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
NATUREZA JURÍDICA
Erro de proibição evitável Excludente da culpabilidade
Erro de proibição evitável Causa de diminuição da pena
3 – OUTRAS ESPÉCIES
a) Erro de Proibição Direto: é o erro de proibição propriamente dito. O agente ignora o caráter ilícito do fato.
b) Erro de Proibição Indireto: é a chamada discriminante putativa por erro de proibição.
c) Erro de Proibição Mandamental: é o erro sobre o dever de agir (art. 13, §2º/CP).
Relevância da omissão 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
4 – DIFERENCIAÇÃO
Erro de proibição ≠ Crime putativo por erro de proibição
Erro de proibição: o agente desconhece o caráter ilícito do fato.
Crime putativo por erro de proibição: também chamado de “delito de alucinação” o agente quer praticar um crime, acredita que pratica um crime, mas não o faz, porque a conduta não configura crime.
Ex.: pai pratica sexo com filha maior e capaz, com consentimento dela. Ele acredita que pratica crime (incesto). Sua conduta não é crime no Brasil. Crime putativo por erro de proibição.
5 – DIFERENCIAÇÃO
ERRO DE TIPO: instituto relacionado ao fato típico, à conduta (dolo e culpa). Agente desconhece a realidade fática que o cerca, não sabe o que faz (erro de fato).
Critério: homem médio.
ERRO DE PROIBIÇÃO: Instituto relacionado à culpabilidade (potencial consciência da ilicitude). O agente conhece a realidade, mas ignora seu aspecto jurídico, seu caráter ilícito.
Critério: perfil subjetivo do agente – valoração paralela da esfera do profano (juízo do profano).
QUESTÃO: Existe alguma situação em que o erro de proibição é tratado como erro de tipo?
Sim, item 6 (a seguir).
	ERRO DE TIPO
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	Era denominado de “erro de fato”
	Era chamado de “erro de direito”
	Realidade fática em que o agente se encontra
	Não se relaciona à realidade, mas ao aspecto jurídico
	Agente não sabe o que faz
	O agente sabe o que faz, conhece a realidade fática.
	Se relaciona com o fato típico, mais especificamente com a conduta, pois sempre exclui o dolo, e, se escusável, também excluirá a culpa.
	Instituto ligado à culpabilidade, excluindo um de seus elementos, qual seja, a potencial consciência da ilicitude.
6 – ERRO DE TIPO QUE RECAI SOBRE A ILICITUDE DO FATO
Alguns tipos penais têm elementos subjetivos que dizem respeito à especial finalidade do agente.
Ex.: Art. 153/CP - crime de Divulgação de Segredo
Divulgação de Segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
A expressão “sem justa causa” é o elemento do tipo.
A princípio o caso sobre a justa causa seria erro de proibição, pois diz respeito à ilicitude do fato. Ocorre que “justa causa” integra o tipo. Daí é tratado como erro de tipo.
O erro de proibição será tratado como erro de tipo quando o erro recair sobre elemento subjetivo do tipo.
CONCURSO DE PESSOAS
PREVISÃO LEGAL
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Circunstâncias incomunicáveis
        Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Casos de impunibilidade
        Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
É um instituto da parte geral, aplicável aos crimesem geral, desde que não exista regra específica em sentido contrário.
DENOMINAÇÃO
Concurso de Pessoas e Concurso de Agentes. ATENÇÃO: nunca falar concurso de delinquentes.
O CP na sua redação original chamava o concurso de pessoas de coautoria. Não se falava em concurso de pessoas como gênero. Não havia previsão da participação.
CONCEITO
É a colaboração entre duas ou mais pessoas para a prática de um crime ou uma contravenção penal.
Reunião de agentes concorrendo de forma relevante par a realização do mesmo evento, agindo todos com identidade de propósitos.
Atenção: o concurso de pessoas demanda adesão de vontades do concorrente até a consumação (depois da consumação, a adesão pode configurar crime autônomo) 
REQUISITOS
1-PURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS: existem 2 ou mais agentes, e cada um deles praticando uma conduta penalmente relevante. Esta conduta pode ser principal ou acessória.
a) principal: autores e coautores
b) acessórias: particípe.
➔ Quanto ao número de pessoas, os crimes se dividem em:
UNISSUBJETIVOS (unilaterais ou de concurso eventual): São aqueles normalmente cometidos por uma única pessoa, mas que admitem o concurso de agentes. Ex.: homicídio
PLURISSUBJETIVOS (plurilaterais ou de concurso necessário): São aqueles em que o tipo penal reclama a pluralidade de agentes para a prática do delito. Ex.: associação criminosa, organização criminosa, bigamia.
PLURISSUBJETIVOS de condutas paralelas (ex.: art. 288 CP) 
PLURISSUBJETIVOS de condutas convergentes (ex.: art. 235 CP)
PLURISSUBJETIVOS de condutas contrapostas (ex.: art. 137 CP)
Atenção: a teoria geral do concurso de pessoa só interessa para os crimes monossubjetivos (nos crimes plurissubjetivos o concurso de pessoas é elementar do tipo)
EVENTUALMENTE COLETIVOS (ou acidentalmente coletivos): são aqueles que podem ser praticados por uma única pessoa, mas a pluralidade de agentes faz surgir uma modalidade mais grave do delito. Ex.: furto sozinho – furto simples, furto de mais pessoas – furto qualificado pelo aumento de pessoas.
O concurso de pessoas, da parte geral do CP, dos artigos 29 a 31/CP, só se aplica aos crimes unissubjetivos. E todos os agentes devem ser culpáveis, para que haja o concurso de pessoas. Atenção: Se um dos agentes não for culpável, estará caracterizada autoria mediata, e não concurso de pessoas. Nos plurissubjetivos e nos eventualmente coletivos, basta que um agente seja culpável. Nestes últimos não se aplicam os artigos 29 a 31/CP da parte geral.
2 - RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS: todas as condutas de todos os agentes são relevantes para a produção do resultado.
  Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Não há concurso de pessoas na “participação inóqua”: aquela que em nada contribui para a produção do resultado.
3 – VÍNCULO SUBJETIVO (liame psicológico ou concurso de vontades): é a intenção de colaborar para o crime de terceiro, ainda que este terceiro desconheça a colaboração. Ausente este vínculo subjetivo, não haverá concurso de pessoas, mas sim autoria colateral. O vínculo subjetivo não se confunde com o ajuste prévio, pois o prévio ajuste é o conluio, é a o acordo entre os agentes. Já aqui, os agentes devem apresentar a chamada “vontade homogênea”: todos os agentes devem ter o mesmo elemento subjetivo. 
Ex.: se o crime é doloso, todos devem concorrer dolosamente para o resultado. Se o crime é culposo, todos devem concorrer culposamente.
Conclusão: Não há participação dolosa em crime culposo e nem participação culposa em crime doloso.
4 – UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS OS AGENTES: 
Pluralidade de agentes + unidade de crime.
Esta Teoria Unitária ou Monista foi adotada como regra geral.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade
O Código Penal seguiu à risca o Princípio da Culpabilidade do concurso de pessoas. Então, não é porque todos respondem pelo mesmo crime que receberão a mesma pena.
Porém, há exceções pluralísticas à Teoria Unitária: são os casos em que os agentes buscam o mesmo resultado, mas respondem por crimes diversos. 
Ex.1: artigos 124 e 126/CP.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:  
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Ex.2: artigos 317 e 333.
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
        § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
        § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
  Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
        Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
        Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
OBS: existe doutrina afirmando que a unidade de infração penal não é requisito do concurso de pessoas, mas sua consequência regra.
5 – EXISTÊNCIA DE UM FATO PUNÍVEL: auto explicável. Também chamado de Princípio da Exterioridade.
 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
FORMAS/MODALIDADES DO CONCURSO DE PESSOAS
COAUTORIA: presença de 2 ou mais autores. Sendo a autoria, no Direito Penal, um conceito explicado por diversas teorias. Porém, 2 teorias se destacam:
Teoria restritiva objetivo-formal: restringe o conceito de autor, admitindo também a figura do partícipe. Para esta teoria, autor é quem pratica o núcleo do tipo. E participe, é quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo. Historicamente, esta teoria sempre foi a preferida no Brasil.
Para esta teoria, o autor intelectual é, na verdade, partícipe.
Quem adota esta teoria diz que a autoria deve ser complementada pela autoria mediata: autor mediato ("de trás”) + autor imediato (pessoa sem culpabilidade). Ou seja, o autor mediato se vale de uma pessoa sem culpabilidade para execução do crime.
Teoria do Domínio do Fato: criada na Alemanha no ano de 1939, esta teoria é intimamente relacionada com o Finalismo penal. Esta teoria foi criada para ampliar o conceito de autor. Para ela, autor é quem tem o controle final do fato. Welzel, criador desta teoria, diz que autor é o “senhor do fato”. Autor é quem executa o núcleo do tipo. Mas, ainda, o autor intelectual e o mediato, aqui, também são considerados autores. Autor é toda e qualquer pessoa que tem o controle final do fato.
# Autor: é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais condições.
# Partícipe: será aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação. 
Atenção - Podemos afirmar que tem o controle final do fato: 
a) Aquele que, por sua vontade, executa o núcleo do tipo 
b) Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas 
c) Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que age sem dolo ou culpa para executar o tipo
Esta teoria só se aplica aos crimes dolosos, pois é logicamente incompatível comos crimes culposos. 
Esta teoria admite a figura do partícipe, sendo ele quem concorre de qualquer modo para o crime, sem executá-lo e sem ter o controle final do fato.
Esta teoria ganhou força no STF com o julgamento do Mensalão (Ação Penal 470), pois alguns ministros adotaram esta teoria.
A Lei do Crime Organizado (Lei 12850/13, art. 2º, §3º) adotou algumas idéias desta teoria.
§ 3o - A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
	AUTORES PARA A TEORIA DO DOMÍNIO FINAL DO FATO
	Autor do tipo
	Autor intelectual – (mentor do crime)
	Autor mediato – “senhor do fato”
	Controle final do fato
Autor por determinação: Para Zaffaroni, Fulano é “AUTOR POR DETERMINAÇÃO”. Se, nos termos do art. 29 CP, pune-se quem, de qualquer modo concorre para o crime, não há razão para deixar impune o autor de determinação que, dotado de plena eficácia causal, é levado a efeito por quem atua, por exemplo, sem conduta (sob efeito de hipnose). O agente não é autor do crime, mas responde pela determinação para o crime por exercer, sobre o fato, domínio equiparado à autoria.
Para facilitar: O autor por determinação é um “autor mediato” nos casos em que não se admite autoria mediata.
Autoria de escritório (Zaffaroni): É o caso do agente que emite a ordem para que outro indivíduo, igualmente culpável, pratique o fato criminoso.
Trata-se de espécie particular de autoria mediata, comumente identificada no âmbito de ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, em que certo indivíduo, exercendo funções de comando, determina o cometimento de crimes por agentes que se encontram em posições subalternas.
Os “subalternos” não podem ser considerados meros instrumentos nas mãos de quem exerce funções de comando (não há obediência hierárquica no ramo privado).
Teoria do Domínio da Organização (Claus Roxin)
Essas duas teorias dependem da adoção da Teoria do Domínio do fato. Tanto a autoria de escritório como a Teoria do Domínio da Organização são adotas nas chamadas “Estruturas ilícitas de poder”, que são as organizações criminosas e os grupos terroristas. A autoria de escritório (aquela em que o autor não executa o crime, apenas fica em seu escritório dando ordens) e a Teoria do Domínio da Organização tem dois pontos marcantes: primeiro, a hierarquia, pois toda organização criminosa/grupo terrorista tem uma hierarquia e, segundo, a facilidade na substituição do executor da ordem.
	Explique AUTORIA DE ESCRITÓRIO e a TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO
R:- Autoria de Escritório: caso do agente que emite a ordem para que outro indivíduo, igualmente culpável, pratique o fato criminoso. Para Zaffaroni, essa espécie de autoria está presente nas organizações criminosas.
- Roxin discorda, afirma que essa circunstância dentro de uma organização criminosa faz a nascer a teoria do domínio da organização.
COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO
Coautoria: presença de 2 ou mais autores
a) Parcial/Funcional: os coautores praticam atos de execução diversos que, somados, levam à consumação do crime. Ex.: um segura a vítima e o outro a esfaqueia.
b) Direta/Material: os dois agentes realizam o crime.
Executor de Reserva: é um sujeito que tanto pode ser coautor como também pode ser partícipe. É aquele que presencia a execução do crime.
Participação: é a modalidade de concurso de pessoas em que o agente não realiza o núcleo do tipo, mas concorre de qualquer modo para o crime. Tem natureza acessória.
Espécies de PARTICIPAÇÃO
Moral: pode se dar por INDUZIMENTO ou INSTIGAÇÃO. Esta participação se limita a ideias, conselhos. Induzimento é fazer surgir na mente de alguém a vontade criminosa. Instigação é reforçar a vontade criminosa que já existe. Atenção: Ambos devem ser direcionados a uma pessoa determinada, e também a um fato determinado. Não há participação no induzimento e na instigação de natureza genérica.
O sofrimento do jovem Werther – Goethe: Werther era um sujeito apaixonado por uma mulher que só o traia. Werther, ao final do livro se mata. O livro traz a ideia de que todo amor não correspondido só pode ser superado com a morte, com o suicídio. Na Europa, ocorreu uma onda de suicídios motivados pelo livro. Goethe foi processado. Decidiu—se que não há participação no induzimento ou instigação de natureza genérica.
Material: é o auxílio. Também chamado de cumplicidade. Auxiliar é concorrer materialmente para o crime, sem executá-lo. Em regra, o auxilio ocorre durante os atos preparatórios ou executórios. Não se admite o auxilio posterior à consumação, SALVO se ajustado previamente.
Auxilio posterior à consumação COM ajuste prévio: ambos respondem pelo crime, um como autor e outro como participe.
Auxilio posterior à consumação SEM ajuste prévio: um responde pelo crime e o outro pelo crime de favorecimento pessoal (art. 348/CP).
Participação de menor importância: também chamada de “participação mínima”, é a participação de reduzida eficácia causal (ou seja, ela concorre para o resultado, porém, em grau menor). É uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA (art. 29, § 1º).
Art. 29. §1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexta a um terço.
Participação de menor importância ≠ Participação inócua
Na de menor importância o agente concorre para o resultado, existe concurso de pessoas. Na inócua, não há concurso de pessoas, o agente em nada contribui para o resultado.
STF HC 72.893: a participação de menor importância não se aplica à coautoria. Primeiro, porque o CP só fala em participação e não à coautoria. E, segundo, porque a coautoria nunca é de menor importância. Ela sempre é relevante.
QUESTÃO: é possível a participação por omissão?
R: Será possível quando o agente tinha o dever de agir e não o fez.
Participação negativa (conivência): omissão de quem não tem o dever de agir para evitar o resultado. Não há participação, logo não há concurso de pessoas. 
PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29, § 2º, CP) “§ 2º - Se algum dos concorrentes (coautor e partícipe) quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.”
PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS
O art. 29, caput, seguiu a risco o Princípio da Culpabilidade. Então, a unidade de crime não necessariamente conduzirá à unidade de pena.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Conclusão: não necessariamente o autor terá pena maior do que a do participe.
Executor de Reserva: é um sujeito que tanto pode ser coautor como também pode ser partícipe, a depender do caso concreto. É aquele que presencia a execução do crime.
Elementares: são os dados que integram a modalidade básica do crime.
 Ex.: no homicídio, “matar” é o núcleo, o verbo, e “alguém” é o elementar.
Circunstâncias: são os dados que se agregam ao tipo fundamental para aumentar ou diminuir a pena. Fazem surgir o tipo derivado. Podem ser Pessoais/subjetivas (dizem respeito ao agente) ou Reais/objetivas (dizem respeito ao fato). 
 Ex.: as qualificadoras – uso de fogo, de tortura - e os privilégios.
Condições: são fatores que existem independentemente da prática do crime. Também se dividem em pessoais/subjetivas e reais/objetivas. As condições pessoais dizem respeito ao agente. 
Ex.: reincidência, menoridade relativa. Já as condições reais ou objetivas, dizem respeito ao fato. 
Ex.: noite.
REGRAS DO ARTIGO 30: 
1 – As elementares SEMPRE se comunicam no concurso de pessoas, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes.
2 – As circunstâncias pessoais NUNCA se comunicam.
3 – As circunstâncias reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes.
4 – As circunstâncias pessoais ou subjetivas NUNCA se comunicam.
5 - As condições reais ou objetivas se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes. Ex.: A contrata B parainvadir uma casa á noite. A agravante noite se comunica a A.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS: comunicabilidade é quando algo que diz respeito a A, também se aplica a B.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
TEORIAS DA ACESSORIEDADE
O que o autor deve fazer para se punir o partícipe e a partir de que momento pode se punir o participe. As teorias 1 e 4 são consideradas absurdas.
1 – MÍNIMA: diz que para se punir o partícipe, basta que o autor pratique um fato típico. Esta teoria não é muito defendida.
Ex.: A contrata B para matar sua sogra após uma semana. Porém, no mesmo dia, a sogra tenta matar B, e, em legitima defesa, B a mata. Para esta teoria, B não seria punido por estar em legitima defesa, porém, A, como partícipe, seria punido.
2 – LIMITADA: para se punir o partícipe, o autor deve praticar um fato típico e ilícito. Esta teoria se confunde com a autoria mediata, onde não há concurso de pessoas.
3- MÁXIMA ou EXTREMA: para se punir o participe é preciso que autor pratique um fato típico e ilícito e que ele também seja culpável. TEORIA ATUALMENTE ADOTADA NA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA.
4 – HIPERACESSORIEDADE: pra se punir o partícipe é preciso que o autor pratique um fato típico, ilícito, que ele seja culpável e que ele tenha sido efetivamente punido. Esta teoria é equivocada por exigir que o autor seja punido. Ex.: A contrata B para matar C. B mata C, porém, logo em seguida, se arrepende e comete suicídio. Para esta teoria, em que pese A tenha atingido seu objetivo, uma vez que B não foi punido, A também não será.
PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO: É possível a participação por omissão quando o agente tinha o dever de agir para evitar o resultado.
PARTICIPAÇÃO NEGATIVA, CONCURSO ABSOLUTAMENTE NEGATIVO ou CRIME SILENTE: É a omissão de quem NÃO tem o dever de agir para evitar o resultado. Não é participação e não há concurso de pessoas.
PARTICIPAÇÃO EM CADEIA ou PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO: uma pessoa induz, instiga ou auxilia outra, para que esta, induza, instigue ou auxilie um 3º a praticar o crime.
PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA: quando alguém é induzido, auxiliado ou instigado, por duas ou mais pessoas, a cometer um crime.
AUTORIA COLATERAL ou COAUTORIA IMPRÓPRIA ou AUTORIA PARELHA: duas ou mais pessoas praticam atos de execução do mesmo crime, cada uma desconhecendo a vontade da outra. NÃO HÁ CONCURSO DE PESSOAS, pois falta um de seus requisitos, o vínculo subjetivo. Na autoria colateral é possível identificar quem produziu o resultado. Cada um responde pelo crime que efetivamente praticou.
AUTORIA INCERTA: pressupõe uma autoria colateral, porém nela não se descobre quem produziu o resultado. Neste caso, ambos respondem pelo crime.
Art. 29 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Ex.: A e B combinaram de furtar C. Porém, a vítima C aparece. A, então, foge e responde por tentativa de furto qualificada. B, fica, furta e mata a vítima, responde por latrocínio.
Se o crime mais grave era previsível para o B, então ele responde pelo crime menos grave, aumentada a pena até a metade.
PRESCRIÇÃO
INTRODUÇÃO: o Estado é o titular exclusivo do direito de punir. O Estado detém o monopólio do direito de punir. Este direito é genérico e abstrato, ele paira indistintamente sobre todas as pessoas. Porém, esse direito só se concretiza com a prática do crime. O direito de punir tem limites materiais (Ex.: Princípio da Reserva Legal, da Insignificância, da Materialidade), formais (Ex.: Princípio do Contraditório, da Ampla Defesa, do Devido Processo Legal) e temporais (Ex.: prescrição). A PRESCRIÇÃO É UM LIMITE TEMPORAL AO DIREITO DE PUNIR.
Conceito: prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória em face da inércia do Estado durante determinado prazo legalmente previsto.
PRETENSÃO PUNITIVA: é o interesse do Estado em aplicar a pena a quem violou a lei penal. Sempre ocorre antes do trânsito em julgado da condenação.
PRETENSÃO EXECUTÓRIA: é o interesse do Estado em fazer com que uma pena já aplicada, seja efetivamente cumprida. Ela somente se manifesta após o trânsito em julgado da condenação.
FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO
1 – Segurança jurídica;
2 – Inadequação/impertinência da pena aplicada muito tempo após a prática do crime: a pena aplicada muito tempo depois é uma mera vingança do Estado contra o agente, perdendo sua finalidade prática;
3 – Combate à ineficiência do Estado.
NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO: É uma causa de extinção da PUNIBILIDADE (art. 107, IV/CP). Ela não apaga o crime, não o exclui. O crime permanece intacto. O Estado somente perde o direito de punir. O CRIME NÃO PRESCREVE, O QUE PRESCREVE É A PENA.
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IV - pela prescrição, decadência; ou perempção;
CONTAGEM DO PRAZO: A contagem é penal, calculada nos moldes do artigo 10/CP. Ou seja, inclui o dia do começo e exclui o dia do final.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA: por ser matéria de ordem pública a prescrição pode e deve ser reconhecida em qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de ofício pelo juiz (STF HC 110.221 – Inf. 731).
MATÉRIA PRELIMINAR: a prescrição é considerada matéria preliminar porque ela antecede e impede a análise do mérito (STJ Rcl. 4515 – Inf. 470).
IMPRESCRITIBILIDADE PENAL: no Código Criminal do Império, de 1830, em seu artigo 65, era previsto que as penas jamais prescreviam. A regra geral era, portanto, a da imprescritibilidade penal. Atualmente no Brasil, porém, a regra geral é a prescrição. As penas, em geral, prescrevem. Inclusive, nos crimes hediondos. Existem, no entanto, duas EXCEÇÕES:
1ª Exceção RACISMO (art. 5º, XLII/CF).
2ª Exceção Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado de Direito (art. 5º, XLIV/CF).
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
CUIDADO: a tortura de acordo com a CRFB88 prescreve. Aparece como crime imprescritível em tratados internacionais ratificados pelo Brasil (Ex: Estatuto de Roma). Em razão disso, a doutrina começa a discutir se, em razão desses tratados, a tortura deve ou não ser imprescritível. Não há decisões nos Tribunais Superiores reconhendo a imprescritibilidade da tortura na seara penal
QUESTÃO: O legislador pode criar novas hipóteses de imprescritibilidade penal?
R: Existem 2 posições sobre o assunto. 
1ª POSIÇÃO: não podem ser criados novos casos de imprescritibilidade penal, uma vez que as duas únicas exceções encontram-se no artigo 5º da CF, e por terem status de cláusula pétrea. A prescrição, portanto é um direito fundamental do ser humano, direito de ser processado e julgado dentro de prazos previamente estabelecidos em lei.
 2ª POSIÇÃO: sim, pois a CF não esgota as hipóteses de imprescritibilidade penal, ela se limitaria a indicar casos de imprescritibilidade penal, sem esgotá-los. Posição adotada pelo STF (RE 460.971): essa posição se deu em relação ao art. 366 do CPP, que versa sobre a citação por edital do acusado e a suspensão do processo.
Pelo Decreto 4388/2002, o Tribunal Penal Internacional passou a fazer parte do Direito brasileiro. Em seu artigo 29, ele dispõe que os crimes de competência do TPI não prescrevem. Porém a competência do TPI é especializada (é só para os crimes nela indicados) e subsidiária (só age se a justiça brasileira se omitir).
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
	PRESCRIÇÃO
	DECADÊNCIA
	Causa extintiva da punibilidade
	Causa extintiva da punibilidadeAlcança a pena de qualquer crime, salvo as hipóteses expressamente previstas na CRFB
	Somente ocorre nos crimes de ação privada e de ação pública condicionada à representação
	Pode ocorrer a qualquer tempo
	Antes da Ação Penal
	Atinge diretamente o direito de punir
	Atinge diretamente o direito de ação e indiretamente o direito de punir.
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO
1. Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP)
1.1. Prescrição da Pretensão Punitiva propriamente dita (prescrição da ação)
Não há transito em julgado da condenação para ambas as partes do processo penal.
a) efeitos da prescrição : impede o exercício da ação penal. Se proposta a ação penal, a denúncia ou a queixa deverão ser rejeitadas
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:  (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
        II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou  (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
b) competência para reconhece-la: Juiz de conhecimento deve rejeitar a denúncia, caso oferecida. E, no curso da ação penal, deverá declarar a extinção da punibilidade.
#E se a ação penal já está em trâmite?
R: A prescrição impede a sua continuidade, o juiz deve declarar a extinção da punibilidade, de ofício ou mediante a provocação de qualquer das partes.
# E se existe sentença condenatória, e esta não transitou em julgado?
R: A PPP irá apagar todos os seus efeitos penais e extrapenais.
c) Cálculo: leva em consideração a pena máxima em abstrato
#Por que o calculo é feito com a pena máxima em abstrato?
R: Pois o Estado perde o seu direito de punir, logo é necessário que se dê todos os meios para que ele exerça esse poder, e, em tese, a pena pode chegar ao máximo em abstrato.
 Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
        I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
        II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
        III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
        IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
        V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
        VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
        Prescrição das penas restritivas de direito
        Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
DICA: tem 6 incisos, se começar do I e ir para o VI fica mais difícil de decorar.
	PENA MÁXIMA EM ABSTRATO
	PRAZO PRESCRICIONAL
	Inferior a 1 ano
	3 anos
	De 1 até 2 anos
	4 anos
	+2 até 4 anos
	8 anos
	+4 até 8 anos
	12 anos
	+8 até 12 anos
	16 anos
	+12 anos
	20 anos
OBS: CP adotou um critério lógico-objetivo: quanto maior a pena, maior o tempo do Estado para punir.
# E a pena de morte?
R: Prescreve em 30 anos. Previsão no CPM.
 Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º dêste artigo, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
        I - em trinta anos, se a pena é de morte;
# Por que o legislador aumentou o menor prazo de 2 anos para 3 anos?
R: Para dificultar a impunidade pela prescrição nas contravenções penais e nos crimes de menor gravidade.
# Prazo de 3 anos é o menor prazo prescricional previsto no CP?
R: É o menor prazo prescricional para pena privativa de liberdade. O próprio CP, no art. 114, I, admite o prazo de 2 anos para a pena de multa, quando esta for a única aplicada. 
➔ Em 2 anos também ocorre a prescrição das penas do art. 28 da Lei de Drogas (porte para consumo pessoal)
➔Art. 125, VI, do Código Penal Militar: subsiste a pena privativa de liberdade em 2 anos, quando a pena privativa de liberdade é inferior a um ano.
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
 I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
d) redução do prazo prescricional: é reduzido pela metade quando o agente se encontrar em quaisquer das hipóteses previstas no art. 115 do CP: o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta)
 Atenção: aplicável a todas as espécies de prescrição.
		(i) Réu maior de 70 anos ao tempo da sentença ou do acórdão (senilidade) Atenção: o que vale é a primeira sentença condenatória.
# E a questão do Estatuto do Idoso (60 anos ou mais)?
R: STF, HC 89.969: redução pela idade é só para o maior de 70 anos, o Estatuto do idoso nada alterou o CP.	Estatuto do Idoso protege o idoso quando este é vítima.	
OBS: a idade do agente é analisada na data da sentença ou do acórdão, pouco importando a data do fato.
		(ii) réu menor de 21 anos (menoridade relativa)
ATENÇÃO: para a menoridade relativa o que vale é a data do crime.
OBS: deve ser comprovada por documento hábil. STJ, 84: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta)
e) termo inicial: regra geral, data da consumação do crime (Teoria do Resultado).
OBS: em caso de dúvida em relação à consumação, deve ser considerada a data mais favorável ao réu.
Exceções: 
(i) tentativa: começa a correr a partir do último ato de execução;
(ii) crimes permanentes: começa a fluir a partir da data que cessar a permanência. Crimes permanentes são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo por vontade do agente.
(iii) bigamia \ falsificação ou alteração do assento de registro civil: começa a correr a partir da data que o fato se tornar conhecido por quem tenha legitimidade para deflagrar a persecução penal.
(iv) crimes sexuais contra menores de 18 anos: contida no art. 111, V, do CP. Acrescentada pela Lei 12.650 de 2012 (Lei Joana Maranhão). Começa a ocorrer a partir da data que a vítima completa 18 anos, salvo se a esse tempo a ação penal já foi proposta.
➔ Rol taxativo de exceções
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
	INFORMATIVO 786, STF: CRIMES TRIBUTÁRIOS
Aplicação da SV 24-STF a fatos anteriores à sua edição
Importante!!! A SV 24-STF diz que o crime tributário material só se consuma com o lançamento definitivo do tributo. Em outras palavras, não existe crime antes da constituição definitiva do crédito tributário. Logo, indiretamente, a SV afirma que o prazo prescricional só começa a ser contado no dia da constituição definitiva do crédito tributário já que é nessa data que o delito se consuma (art. 111, I, do CP). Perceba, portanto, que sob o ponto de vista

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