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PERÍCIA CONTÁBIL12 UNIMES VIRTUAL Aula: 01 Temática: Conceito de Perícia Etimologicamente, o termo perícia advém do latim peritia e significa “conhecimento adquirido pela experiência”1 . Sob esse aspecto, D’Áurea menciona que “perícia é o conheci- mento e experiência das coisas”2 . Essa definição considera a etimologia da palavra sem, no entanto, ser precisa. Alguns autores, como Ornelas, Lopes de Sá, Magalhães, Alberto e et alli, em suas recentes obras sobre perícia contábil, conceituam a perícia consi- derando sua aplicação prática, ou seja, enfocam o conceito de perícia sob o aspecto de sua utilidade como instrumento. Para Ornelas, a perícia contábil “serve como meio de prova de determina- dos fatos contábeis ou de questões contábeis controvertidas” � . Escreve Lopes de Sá que “perícia é a verificação de fatos ligados ao patrimô- nio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta” � . Magalhães et alli, conceituam perícia como “trabalho de notória especia- lização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato”� . Alberto define que a perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos. Perícia é um modo definido e delimitado, é um instrumento, que, por sua vez, é especial porque se concretiza por uma peça ou um relatório com caracterís- ticas formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o laudo pericial). Essa peça contém, porém, o resultado materializado, fundamentado científica ou tecnicamente, dos procedimentos utilizados para constatação, prova ou demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto sobre o qual recaiu . 1 MACHADO, José Pedro. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Vol. II. Lisboa: Confluência, 1976, p.1722 2 D’ÁUREA, Francisco. Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica. 3ª ed. São Paulo: Com- panhia Editora Nacional,1962, p. 151. � ORNELAS, Martinho Maurício Gomes. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 1994, p. 29. � LOPES DE SÁ, Antonio. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 1994, p.15. � MAGALHÃES, A. D. F. et alli. Perícia Contábil: uma Abordagem Teórica, Ética, Legal Processual e Operacional. São Paulo: Atlas, 1995, p. 14. PERÍCIA CONTÁBIL 1� UNIMES VIRTUAL Em que pesem as considerações dos autores citados, abstraindo o signi- ficado etimológico no que tange ao aspecto do conhecimento e ligando- o aos objetivos primários da Contabilidade, a perícia, em sentido amplo, pode ser entendida como conhecimento que trata dos fatos econômico- patrimoniais em problemas legais. Sob esse ângulo, a perícia contábil si- tua-se na interligação do Direito e da Contabilidade. No âmbito do Direito, a perícia é conhecida como perícia judicial e, nas considerações de Rodrigues: a perícia judicial é uma medida de instrução neces- sitando de investigações complexas, confiadas pelo juiz, em virtude de seu poder soberano de apreciação, a um especialista a fim de que ele informe sobre as questões puramente técnicas excedentes de sua competência e seus conhecimentos. Não deve ser confundida com a perícia extrajudicial, seja ela a perí- cia amigável, resultante de acordo das partes inter- essadas, seja a perícia oficiosa, esta fora e anterior ao litígio ou ainda nascida do litígio e em curso de processo, independente da decisão do juiz, na qual as partes pretendem colher elementos para melhor conhecimento da questão . Além do enfoque abordado, existe o entendimento que considera a perí- cia como testemunho de profissionais especializados. Esse entendimento, além de não ser dominante, não encontra respaldo no CPC – Código de Processo Civil. Sobre esse aspecto, Prunes menciona: De um lado, a prova pericial pode se assemelhar com a prova testemunhal, mas não há dúvidas que dela diverge em muitos momentos a qualidade. A testemunhal, basicamente, participa acidentalmente da prova, ao passo que o perito é designado, espe- cificamente, para produzir a prova. Também a prova pericial tem pontos de contato com o intérprete ou tradutor, eis que estes dão ao juiz, pela versão em texto ou linguagem, de depoimentos produzidos em idioma que o juiz desconhece. Da mesma sorte ex- istem ligações com a vistoria: embora essa seja pro- cedida pelo juiz, para conhecer diretamente os fatos, afastando-se das paredes do tribunal para contatar diretamente com coisas ou pessoas, não só pode se valer do assessoramento de peritos como também o juiz buscar verdades que não foram apresentadas di- retamente aos autos . PERÍCIA CONTÁBIL1� UNIMES VIRTUAL Em outubro de 1999, por intermédio da resolução 858/99, de 21 de outu- bro de 1999, o próprio CFC publica, por meio de seu endereço eletrônico, a reformulação das NBC T 13 – da Perícia Contábil – e NBC P 2 – Normas Profissionais do Perito –, em que reconsidera o conceito formulado ante- riormente e propõe: NBC T 13 – Da Perícia Contábil 13.1 – Conceituação e Objetivos 13.1.1 – A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por missão trazer à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, em con- formidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente. A característica predominante na perícia é sua requisição formal. Essa decorre de um conflito de interesses com relação a um direito pleiteado. Pode ser um ato oficial quando determinada ou requisitada por autoridade (juízes, promotores e delegados) é denominada perícia judicial; em contra- posição, pode-se falar em perícia privada ou perícia extrajudicial quando os serviços contratados são oferecidos a entidades privadas e/ou às par- tes envolvidas no litígio. A perícia judicial torna-se necessária em decorrência das muitas disciplinas envolvidas em certos processos judiciais em que o juiz, a quem não compete a obrigatoriedade do domínio pleno de todas as áreas do saber, recorre aos especialistas das áreas técnicas ou científicas envolvidas no processo. A perícia, como uma dessas áreas especializadas, ao lado de ramos como a Medicina, a Enge- nharia e outros, fora da alçada educacional e cultural do Direito, constitui- se em instrumento (ferramenta) utilizado pela Justiça para alcançar os seus objetivos, eliminando ou esclarecendo as eventuais pendências.
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