Buscar

5 ABUSO DE AUTORIDADER

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 4898/1965) 
1.AMBITO DE ABRANGÊNCIA: CIVIL, PENAL, ADMINISTRATIVO (ART. 1º) 2.OBJETO JURÍDICO: a) Imediato (principal): proteção dos direitos e garantias individuais e coletivas das pessoas físicas e jurídicas b) Mediato (secundário): normalidade do serviço público. 3. ELEMENTO SUBJETIVO: sempre doloso. Existe abuso de autoridade culposo? Não. 
4. FORMAS DE CONDUTA Ação ou omissão. Exemplos de omissão: Arts. 4º, letras c, d, g e i. 5. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
5.1 NOS CRIMES DO Art. 3º: CRIMES DE ATENTADO, portanto, a lei considera que a mero atentado já será considerado como consumação do delito. 
CONSUMAÇÃO: como são crimes de atentado, basta a simples conduta para caracterizar a consumação. Não exige a ocorrência do resultado naturalístico. São crimes formais (consumação antecipada, delito de resultado cortado). A ocorrência do resultado naturalístico é mero exaurimento. 
5.2 NOS CRIMES DO ART. 4º a)
 TENTATIVA Art. 4º, letras c, d, g, i: Crimes omissivos puros ou próprios, portanto, não admitem tentativa. Demais hipóteses: admitem 
6. AÇÃO PENAL: -ART. 12: “A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso O termo representação aí deve ser entendido como direito de petição da vítima (ler 5º, XXXIV, a, CF). A Ação Penal aqui é Pública Incondicionada. Art. 5º XXXIV CF- são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
 7. CONCURSO DE CRIMES (ocorrência, em tese, de mais de um crime) 
REGRA: NÃO ABSORVE OS CRIMES CONEXOS. (ver jurisprudência enviada) Obs: Tortura e Abuso de Autoridade: Pela doutrina o abuso é crime meio para a tortura, logo absorve. Para o STJ, contudo, é possível concurso material entre tortura e abuso. (ver jurisprudência enviada) 
8. SUJEITOS DO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE 8.1 SUJEITO ATIVO Autoridade: crime próprio, ou seja, exige uma condição especial do sujeito ativo. Conceito de autoridade: Art. 5º (conceito amplo). Exerça função pública, ainda que de forma gratuita ou passageira (jurado, mesário). Obs: múnus público (encargo legal para a proteção de um interesse particular) não é exercício de função pública. Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Particular que não exerce função pública pode cometer abuso de autoridade? Respota: Pode, em razão do Art. 30 do CP. Neste caso, a elementar autoridade é de caráter pessoal e se comunica ao co-autor e partícipe. Art. 30 CP - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime 
8.2 SUJEITO PASSIVO a) Imediato ou direto: pessoa física ou jurídica que sofre a conduta abusiva. b) Mediato ou indireto: a Administração Pública representada pelo autor do abuso autoridade VS autoridade?: possível. 
9. PRESCRIÇÃO Regra do CP. Art. 109 do CP: 3 anos (a pena aqui é de seis meses, logo pelo cálculo do Art. 109 a prescrição se dá em 3 anos).
 10. DOS CRIMES TRAZIDOS NO ART. 3º CONSTITUCIONALIDADE DOS CRIMES DO ARTIGO 3º: Posição que prevalece: pela constitucionalidade. Posição em sentido contrário: De acordo com o Princípio da Taxatividade, que é uma vertente do Princípio da Legalidade, os tipos penais devem ser claros, precisos e completos, ou seja, os tipos penais não devem ser vagos, genéricos, imprecisos. I- qualquer atentado à liberdade de locomoção Direito de ir e vir: CF. Art. 5,XV, CF ART. 5º XV CF- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Detenção momentânea: possível. Prisão para averiguação: sem ordem judicial para investigação. Ilegal. II – qualquer atentado à inviolabilidade de domicílio ART. 5º XI CF: - “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;” O que é domicílio? É qualquer local não aberto ao público onde alguém exerça atividade, profissão ou moradia, ainda que momentânea. Escritórios profissionais vêm sendo considerados domicílio. III- qualquer atentado ao sigilo de correspondência CF, ART. 5, XII,CF: - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Correspondências de advogado: resguardadas pelo sigilo profissional (7, II da Lei 8906/94) e não podem ser violadas nem por ordem judicial, a não ser que o advogado seja investigado. IV – qualquer atentado à liberdade de consciência e de crença, ao livre exercício do culto religioso, à liberdade de associação e ao direito de reunião ART. 5º, VIII, CF: ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Obs: não existe direito absoluto. Portanto, a depender do caso a ação será legítima. V- qualquer atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto ART. 14, CF: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: Obs: se configurar crime eleitoral específico, não caracterizará abuso de autoridade diante do princípio da especialidade. O Art. 3, alínea g é subsidiário. VI- qualquer atentado à incolumidade física do indivíduo ART. 5º, CAPUT DA CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
OBS. IMPORTANTE: O direito a integridade física é consequência do direito à vida e a segurança. 
CONCURSO DE CRIMES: lesão não absorve o abuso. Concurso Material. VII – qualquer atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional O livre exercício profissional é assegurado pelo Art. 7º da Constituição Federal. Art. 7º CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 12. 
CRIMES PREVISTOS NO ART. 4º DA LEI 4898/1965 Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
 12.1 FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS: ART. 5º, LXI, LXIII e LXIV DA CF ART. 5º LXI CF: - ninguém serápreso senão em fl(agrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; ART. 5º LXIII CF- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de( permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; ART. 5º LXIV CF - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão( ou por seu interrogatório policial; 12.2 DOS CRIME EM ESPÉCIE DO ART. 4º ART. 4º, alínea a : ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder 
OBSERVAÇÃO PARA O CASO DE CRIANÇA: privar criança e adolescente de sua liberdade ilegalmente configura crime do art. 230 do ECA. Princípio da especialidade. Veja que a pena é bem mais alta neste caso. Art. 230 DO ECA: Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos Consumação do crime: crime formal, se consuma com a simples ordem abusiva, ainda que ela não seja cumprida. Tentativa: Possível na forma escrita. ART. 4º, alínea b: “submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei” Só se verificará este crime o vexame ou constrangimento forem ilegais. Se forem legais, evidentemente não haverá crime. Exemplo: uso de algema em hipótese permitida (resistência, evitar fuga ou para garantir integridade física do preso e do agente), não é crime. Sumula Vinculante de nº 11 do STF: 
SUMULA VINCULANTE DE Nº 11 DO STF : “SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. 
Consumação: Crime Material. Consuma-se com a efetiva submissão da vítima ao vexame ou constrangimento; Tentativa: perfeitamente possível. 
CASO ENVOLVENDO CRIANÇA: Aplicação do princípio da especialidade. Art. 232 do ECA. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos ART. 4º, alínea C: “deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa” A comunicação da prisão deve ser imediata (entenda-se isso como o primeiro momento possível avaliando o caso concreto). Ainda, a comunicação deve ser ao juiz competente. Se a autoridade dolosamente comunicar o juiz incompetente para retardar o controle judicial, haverá abuso de autoridade. OBS: A norma não fala em deixar de comunicar ao Promotor, Defensor e Família. Consumação: basta a omissão em comunicar. Tentativa: Incabível. Crime omissivo próprio (ou puro). Ausência de comunicação em caso de apreensão de adolescente: Princípio da especialidade. Aplicar-se-á o art. 231 do ECA. 
OBS IMPORTANTE: Aqui não fala só em comunicar ao juiz, fala deixar de comunicar a juiz ou a família. Portanto, o art. 231 do ECA é mais amplo. Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Lei de abuso de autoridade (art. 4, ‘c’) ECA (art. 231) - deixar de comunicar a prisão ao juiz competente é crime - deixar de comunicar a apreensão ao juiz competente é crime - deixar de comunicar a prisão à família do preso ou pessoa por ele indicada não é - deixar de comunicar a apreensão à família do menor apreendido ou pessoa crime. por ele indicada é crime. Art. 4º, alínea d: deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada Só juiz pode cometê-lo. 
Vale atenção que “juiz” nesta norma deve ser concebida como qualquer julgador, incluindo Desembargadores e Ministros. Situação envolvendo adolescente: Aplicação do Art. 234 do ECA. Princípio da especialidade. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena - detenção de seis meses a dois anos Art. 4º, alínea “e”: levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei Podem praticar este crime tanto o delegado quanto o juiz. Consumação: A consumação se dá no momento em que o preso é levado ou mantido ilegalmente na prisão Tentativa: possível. ART. 4º, alínea “f” e “g”: Alínea f: cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor Alinea g: recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa. No nosso sistema jurídico, não existe cobrança de custas ou despesas carcerárias. 
Portanto, a cobrança será sempre indevida e configurará, no mínimo, abuso de autoridade. Obs: Para alguns doutrinadores (ex. Nucci) Se houver cobrança, pode haver o crime de concussão ou corrupção passiva previstos nos Arts. 316 e 317 do CP. Art. 316 do Código Penal – “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida Art. 317 do Código Penal : “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem” Consumação: basta a simples cobrança. 
O pagamento é exaurimento do crime. Trata-se de crime formal. Tentativa: possível na forma escrita. A letra “g” não tem adequação em nosso sistema, pois inexiste custas e despesas carcerárias, logo, não de se falar em recibo. Art. 4º, alínea h: “o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal O ato lesivo tanto pode ocorrer por abuso ou desvio de poder quanto quando o agente não tem competência legal (atribuição legal para a prática do ato). Consumação: consuma-se com a efetiva lesão à honra ou patrimônio da vítima. Cuida-se de crime material. Tentativa: perfeitamente possível. Art. 4º, alínea i: “prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade” Há de se verificar que a norma em destaque apenas falou em prisão temporária. E se a autoridade prolonga ilegalmente a prisão preventiva? O agente responderá pelo Art. 4º, b da Lei de 4898/65. 
13. COMPETÊNCIA >ABUSO PRATICADO POR SERVIDOR FEDERAL, NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO: competência da União. (109,IV, CF) >ABUSO PRATICADO POR SERVIDOR FEDERAL, FORA DA FUNÇÃO MAS EM RAZÃO DELA: competência da Justiça Estadual (STJ, HC 102.049/ES) >ABUSO PRATICADO CONTRA SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES SUMULA 147 DO STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. 
ABUSO PRATICADO POR MILITAR, AINDA QUE CONTRA MILITAR:( Juizado Especial Federal ou Estadual, a depender do caso. Não vai para Justiça Militar. SUMULA 172 do STJ: “ Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.” 
ABUSO EM CONEXÃO COM CRIME MILITAR: separação de processos( STF ( STJ, HC 92.912 e STJ HC 81.752- ver jurisprudência enviada) EX: lesão corporal dentro de quartel (crime militar) e abuso de autoridade (não é crime militar)
PROJETO DE LEI280/2016
 O Plenário do Senado aprovou, na noite da última terça-feira (22), a urgência para a Lei de Abuso de Autoridade, com expectativa de votação no dia 6 de dezembro. De autoria de Renan Calheiros (PMDB-AL), o polêmico projeto que define os crimes e dá providências aos abusos divide opiniões.
Enquanto associações de juízes, membros do Ministério Público e da força-tarefa da Operação Lava Jato são contrários ao projeto, outros deputados, advogados, juristas e constitucionalistas são favoráveis.
Mas com o apoio dos grandes meios de comunicação, procuradores da Lava Jato com a benção do juiz Sérgio Moro iniciaram campanha contra o Projeto de Lei 280, divulgando que as medidas podem travar os avanços das investigações.
O resultado pode ser verificado em enquete do próprio site do Senado com a população: enquanto 660 concordam com a Lei, outros 30.270 discordam, até o momento em que a reportagem foi publicada.
Mas, afinal, o que é a Lei de Abuso de Autoridade? Ela pode realmente travar os avanços da Lava Jato e outras grandes investigações? Com o objetivo de informar corretamente sobre o projeto, o GGN trouxe algumas perguntas e respostas:
Qual é o tipo de ação e a quem é destinada?
Prevê uma ação penal pública por crimes de abuso de autoridade contra agentes da Administração Pública, como servidores públicos, membros do Poder Legislativo, membros do Poder Judiciário e membros do Ministério Público.
Quem pode mover a ação?
A pessoa que se sentir alvo de abuso de autoridade, por meio de representação por advogados, ou por uma requisição do Ministério da Justiça.
Quais são as penas gerais previstas?
A autoridade será obrigada a pagar indenização pelos prejuízos cometidos, sendo o juiz da causa responsável por definir o valor mínimo para a reparação dos danos. Além disso, para casos de reincidência, ou seja, da ocorrência mais de uma vez do abuso de autoridade, a pena prevê a perda do cargo, mandato ou função pública, devendo apenas ser justificada na sentença.
Também são previstas as penas de prestação de serviços à comunidade, a suspensão do exercício do cargo, função ou mandato pelo prazo de 1 a 6 meses, e a proibição de exercer cargos policiais ou militares no município onde ocorreu o abuso, pelo tempo de 1 a 3 anos.
A Lei de Abuso de Autoridade interfere nas ações disciplinares de outros órgãos?
Não. A responsabilização por essa lei obedece o processo comum, do Código Penal, e não isenta os condenados de outras penas de natureza civil e administrativa, dependendo do caso específico. Da mesma forma, não paraliza o andamento de ações de reparação e processos administrativos disciplinares que já estiverem em andamento.  Também estabelece que, quando for movida a ação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ou autoridades judiciais e administrativas competentes deverão ser notificadas para também apurar as práticas.
Quais são os crimes?
Ao contrário do que divulgaram alguns jornais, os crimes não são abrangentes ou pouco específicos. Ao todo, são detalhados na Lei  Lei de Abuso de Autoridade 30 crimes. As penas previstas para cada um deles também são variadas.
Entre alguns crimes de abuso, estão os atos de capturar, prender ou deter sem seguir o Código Penal; constranger os presos com violências ou ameaças; invadir casas de suspeitos sem autorização judicial; fazer interceptações telefônicas sem autorização do juiz ou fora do que estabelecido no mandato judicial; obter provas por meios ilícitos; esconder as investigações da defesa do investigado; ofender a intimidade e vida privada em inquérito policial; entre outros.

Continue navegando