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Fichamento AVRITZER, Leonardo. Teoria democrática e deliberação pública (p. 25-46)

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O autor discorre sobre a teoria democrática e sua relação entre prática democrática e processo deliberativo, afirmando que alguns autores privilegiaram o processo decisório, como Rousseau, que vê a decisão com fator central da deliberação. No entanto, esta visão tem perdido força para uma visão mais argumentativa. (pp. 25-27).
	Weber afirmava que diferenças culturais eram um problema central à democracia, pois estas eram impossíveis de serem resolvidas. Além disso, utiliza a separação entre trabalhadores e meios de produção para uma visão de que a participação popular atrapalharia a complexidade administrativa. Os resultados seriam atrapalhados pela participação. Schumpeter também vê problemas na deliberação, descartando os argumentos deliberativos na democracia. Afirma-se, portanto, que a teoria democrática defendida na primeira metade do século XX defende três pontos: diferenças culturais não podem ser resolvidas, defesa de relação entre participação não-administrativa e preservação da complexidade e, ideia de que as preferências individuais definem o processo eleitoral (pp. 28-31).
	Por outro lado, Rawls defende uma troca de opiniões, pois esta ampliaria as perspectivas. Além disso, tenta separar as razões públicas das razões privadas, sendo a razão pública a razão dos cidadãos. No entanto, o autor afirma que Rawls não percebe que a razão privada auxilia na formação da razão pública. Há ainda outra forma de entender a teoria rawlsiana, onde ele, ao supor que não existem preferências pré-estabelecidas, reconhece que há discordâncias que são razoáveis (pp. 33-35).
	Habermas, por sua vez, demonstra uma preocupação maior com a argumentação, relacionando participação e argumentação pública. No entanto, não defende, como Rousseau, que a opinião dos indivíduos seja reduzida à vontade da maioria, mas sim que haja um processo de debate, havendo a deliberação argumentativa. Cria ainda o "Princípio D", onde afirma que apenas são válidas as normas onde as pessoas que são afetadas por ela possam concordar com a mesma a partir de um discurso racional. Vale ressaltar que no Princípio D, a relação entre minoria e maioria se dá por meio de uma posição no debate que satisfaça a minoria. A concepção habermasiana rejeita o pressuposto de que a vontade da maioria se auto-legitima e que se deve debater em relação a interesses pré-estabelecidos. Ademais, defende que a esfera pública deve se tornar um local de deliberação comunicativa e funda, ainda, o processo de legitimação dos sistemas políticos contemporâneos, mas deixa de dar um formato institucional à democracia deliberativa (pp. 36-41).
	Cohen busca transformar este processo em um local onde haja a deliberação institucional. Tenta transformar o consenso de Rawls em uma maneira de operar instituições políticas. Afirma que o processo de decisão será aceito pela minoria enquanto for legítimo. Ademais, Bohman tenta integrar elementos dialógicos e coma concepção de razão pública, tentando institucionalizar a deliberação pública. O autor consegue transformar a influência dos públicos no sistema político, antes quase fictícia, em algo real (pp. 41-43).
	O autor cita ainda três características centrais para que a argumentação deliberativa ocorra: o Estado ceder parte de seu espaço decisório à participação, a forma como a informação detida por atores sociais é tratada e, a possibilidade de se testar múltiplas experiências (pp. 43-45).
REFERÊNCIA
AVRITZER, Leonardo. Teoria democrática e deliberação pública. Lua Nova, São Paulo, n. 49, 2000, pp. 25-46

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