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Análise de contos dos bosques de curitiba de dalton trevisan

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Análise de Contos dos bosques de Curitiba de Dalton Trevisan.
O Contos dos bosques de Curitiba foi publicado em 1965 no livro: O Vampiro de Curitiba. A obra é a reunião de quinze contos que apresentam um fio condutor quanto aos aspectos temáticos, personagem, linguagem e estilo. 
 Escrito durante a Ditadura Militar, Trevisan não hesita em nos mostrar um pedaço do Brasil que simplesmente não seria agradável de se conhecer. A realidade se impõe, e o estilo conciso de Trevisan não abre margens para o leitor tentar encontrar mais do que está ali, às claras. Ambientados em Curitiba, em motéis baratos, pensões, cômodos de classe média-baixa, os quinze contos que nos são apresentados, nos mostra uma Curitiba fria, violenta e cruel com as mulheres – um retrato mais do que exato (ainda que tenebroso) do Brasil da época e, sejamos sinceros, se mantém atual até hoje –
 O livro inteiro é uma grande ironia, a começar pelo título do livro que pode ser tanto o nome da obra, quanto o codinome a se referir ao autor. Trevisan guarda informalmente o codinome de vampiro desde 1965, quando publicou o metafórico O vampiro de Curitiba, criando uma atmosfera de suspense em torno de seu nome que o transforma num enigmático personagem. Desde então, o escritor alimenta a lenda em torno da própria figura envolta pelo mistério da reclusão.
O personagem principal é o Nelsinho, que transita por todos os contos, dando unidade ao livro. Ao longo do livro, Nelsinho percorre uma via crucis, com o objetivo de saciar-se sexualmente com as belas mulheres que encontra nas ruas de Curitiba, vai deixando suas marcas em suas vítimas singelas, repletas de ingenuidade. Enquanto aos olhos do leitor vai se abrindo o quadro de uma cidade decaída, cidade em que se esconde um vampiro no fundo de cada "filho de família", conforme ironiza o protagonista do livro. 
Os homens brasileiros – encarnados em Nelsinho, o “vampiro” curitibano – não são melhores: odeiam e adoram a mulher, assim condenados a persegui-la sem descanso. É um mundo sórdido, sem solidariedade e sem esperança. O herói e sua tara, que na primeira parte revela a sua maldição: é obcecado por fêmeas, servem como elemento aglutinador destas narrativas. Não há descrições detalhadas. Todos os contos nos é apresentado in media res. A linguagem usada nos contos é bastante coloquial e vulgar, nota-se a presença de diminutivos, frases incompletas, mas de fácil compreensão. Há o predomínio do discurso direto nos contos, de modo que todas as narrativas sejam curtas.
As narrativas de Nelsinho nos mostram o típico macho brasileiro. Acostumado a ser obedecido e não questionado, toma o que quer, como quer e quando quer. Com armas, tirania e força se preciso. Costurando amor com estupro e romantizando ataques para redimir uma consciência omissa. Um macho-vampiro que até hoje segue atuando na realidade brasileira. Cinquenta anos depois de lançar uma de suas obras mais famosas, Trevisan segue mais atual do que nunca.
REFERÊNCIAS
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_f0073_dtrevisan_texto009.html

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