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Culpabilidade e Imputabilidade no Direito Penal

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CUPABILIDADE – é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente. Significa averiguar se o agente podia e devia agir de modo diferente. As causas que excluem a culpabilidade são chamadas de “dirimentes”.
IMPUTABILIDADE – É a Possibilidade de se imputar determinado crime a uma pessoa. A regra geral é que todo o agente é imputável. Estudo, como fiz na ilicitude, por exclusão, não podendo culpar quem a lei determina.
São 4 causas que excluem a imputabilidade:
Doença mental
Desenvolvimento mental incompleto
Desenvolvimento mental retardado
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.
Doença Mental – perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esses entendimentos. Ex: epilepsia, psicose, neurose, esquizofrenia...
Desenvolvimento mental incompleto – é o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou à sua falta de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional. Ex: menores de 18 anos, silvícolas.
Desenvolvimento mental retardado – é o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade cronológica. A capacidade da pessoa não corresponde às expectativas para aquele momento da vida. Ex: Oligofrênicos, surdo-mudo
Embriaguez: Artigo 28, inciso II – Não exclui a imputabilidade a embriaguez, voluntária ou culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos.
	
	A embriaguez é a perturbação psicológica mais ou menos intensa, provocada pela ingestão do álcool, que leva a total ou parcial incapacidade de entendimento. Ainda, o CP fala em outra substância de efeitos análogos. Nesta, podemos visualizar as substâncias tóxicas e entorpecentes. (drogas)
	Ainda, da mesma forma que o caput do Art, 26, o §1º do inciso II do artigo 28 do CP diz ser isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
	Temos 3 graus de embriaguez: 1) incompleta – quando a afrouxamento dos freios normais, em que o agente tem ainda consciência, mas se torna excitado, desinibido. 2) completa – em que se desvanece qualquer censura ou freio moral, ocorrendo confusão mental e falta de coordenação motora. Não tem consciência nem vontade livre. 3) camatosa – em que o sujeito cai no sono profundo.(fase letárgica)
 	O legislador fala em voluntária e involuntária
voluntária – caso do inciso II, mesmo completa, permite a punição do agente. Alguns autores dividem a embriaguez voluntária. Em sentido estrito e culposa. Em sentido estrito, aquela em que o agente, volitivamente, faz a ingestão de bebidas alcoólicas com a finalidade de se embriagar. (jovens nas boates). Culposa, não bebe querendo embriagar-se, mas deixando de observar o seu dever de cuidado, ingere quantidade suficiente que o coloca em estado de embriaguez. Nestas duas o agente será responsabilizado pelos seus atos, mesmo que, ao tempo da ação ou omissão, seja inteiramente de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
* pode ainda o agente embriagar-se preordenadamente, com a finalidade de praticar uma infração penal, oportunidade em que, se vier a cometê-la, o resultado lhe será imputado a titulo de dolo, sendo ainda agravada sua pena em razão da existência da circunstância do art. 61, II, l, do código penal.
 2) Involuntária – pode ser proveniente de caso fortuito ou força maior.
	Caso Fortuito – costuma-se ser evento atribuído a natureza, de forma natural. Clássico exemplo do visitante do alambique que tropeça e cai em um barril ou o que está ingerindo remédio que potencializa o efeito da bebida.
	Força maior – Sujeito forçado a ingerir bebida. Coação física ou moral irresistível. 
Casos do §1º do inciso II do artigo 28 – Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Isento de pena
Casos do §2º do inciso II do artigo 28 – Não tinha plena capacidade para entender o caráter ilícito do fato. Redução de pena.
Para substâncias de efeitos análogos valem as mesmas regras que estão contidas nos artigos 45 e 46 da lei 11.343.
Emoção e Paixão
 	
 	Emoção é um sentimento súbito, abrupto, repentino, arrebatador e ao mesmo tempo passageiro, esvaindo-se com a mesma rapidez. A paixão, ao contrário, é um sentimento lento e duradouro. A emoção é o gol marcado pelo time. A paixão o amor que se sente pelo clube. (capez)
Conseqüência – nenhuma excluí a imputabilidade. A emoção pode caracterizar causa de diminuição de pena, casos do 121, §1º e 129, §4º do CP.
	
Potencial Consciência da Ilicitude
	Com o finalismo de Wezel, o dolo e a culpa passaram a ser analisados dentro do fato típico. O elemento subjetivo, que antes se encontrava na culpabilidade dela foi retirado e transferido para o tipo, mais especificamente para a conduta do agente. Com essa transferência, o dolo deixou de ser normativo, pois, o seu elemento normativo, qual seja, a potencial consciência sobre a ilicitude do fato, dele foi retirado e mantido na culpabilidade.
 	Assim, o erro de tipo, que incide sobre os elementos, circunstâncias da figura típica, é analisado no tipo. O erro de proibição, ao contrário, não é analisado no tipo, mas sim na aferição da culpabilidade do agente.
	Com o erro de proibição procura-se verificar se nas condições em que se encontrava o agente tinha ele condições de compreender que o fato que praticava era ilícito.
	Encontra-se no artigo 21 do Código Penal:
	Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
        Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
	O juízo de reprovação apenas se torna possível quando se constata que o agente teve, no caso específico, a possibilidade concreta de entender o caráter criminoso do fato praticado e assim determinar seu comportamento de acordo com os interesses do sistema jurídico. 
	No estudo da culpabilidade não se exige mais a consciência da ilicitude, mas sim a potencial consciência. Não se trata de uma consciência técnica-jurídica, formal, mas da chamada consciência profana do injusto, constituída do conhecimento da anti-socialidade, da imoralidade ou da lesividade de sua conduta. Segundo os penalistas, esta consciência provém das normas de cultura, dos princípios morais e éticos, enfim, dos conhecimentos adquiridos na vida em sociedade. Binding diz: “são conhecimentos que vem naturalmente com o ar que a gente respira”.
	No erro de proibição, o sujeito, diante de uma dada realidade que se lhe apresenta, interpreta mal o dispositivo legal aplicável à espécie e acaba por achar-se no direito de realizar uma conduta que na verdade, é proibida. Em virtude de equivocada compreensão da norma, supõe permitido aquilo que era proibido, daí o nome erro de proibição. Mas lembrando, não se trata de um juízo técnico jurídico, e, sim, de um juízo profano, um juízo que é emitido de acordo com a opinião dominante no meio social e comunitário.
Erro de proibição:
	Ocorre quando o erro do agente vem a recair sobre o conteúdo proibitivo de uma norma penal. No erro de proibição direto o agente “por erro inevitável, realiza uma conduta proibida, ou por desconhecer a norma proibitiva, ou por conhecê-la mal, ou por não compreender o seu verdadeiro âmbito de incidência”.
 	Exemplos: turista holandês – maconha / nesse exemplo o agente erra sobre o conteúdo proibitivo da norma. Caçador que reside no interior do Brasil e mesmo com a lei 9605/98 continuaa caçar capivaras, desconhecendo o caráter ilícito de sua conduta.
 	O sujeito pensa agir de acordo com o ordenamento global. Então um homem do interior que passou a vida toda lá. A mulher o traiu ele agride a mulher. Não pode alegar que não sabia do crime de lesões. (presunção júris et de jure) não admite prova em contrário. 
	Assim se ele diz “eu não sabia que bater nos outros é crime, pois jamais li o código penal”. Não terá o condão de elidir sua resposta pelo crime praticado.
Pode porém ele entender que dentro daquelas circunstâncias em que cometeu o crime, poderia pensar, por força daquele ambiente onde viveu e das experiências acumuladas que sua conduta tinharespaldo no ordenamento. Ele não tinha consciência do injusto. Seria como dissesse: “eu sei que bater nos outros é crime, mas nessas circunstâncias, por flagar minha mulher com outro, tenho certeza que agi de forma correta, justa.
Então: No erro de tipo eu tenho uma visão distorcida da realidade, não vislumbrando na situação que se lhe apresenta a existência de fatos descritos no tipo. É o caso do que pega a carteira pensando ser a sua, pela semelhança, o caçador que acerta as costas de outro pensando ser um tronco... Nestes casos o equívoco incidiu sobre a realidade e não sobre a interpretação que o agente fazia da norma. No erro de proibição, ao contrário, há uma perfeita noção acerca de tudo que se esta passando. Ele sabe que a carteira pertence a outro, sabe que está atirando nas costas de um homem. Seu equívoco incide sobre o que lhe é permitido fazer diante daquela situação, ou seja, se é licito retirar a carteira de outra pessoa, se é licito atirar nas costas de um homem. Há uma perfeita compreensão da situação de fato e uma errada apreciação sobre a injustiça do que faz. 
Erro e consciência atual da ilicitude
	
	O erro faz com que o agente não saiba que pratica um ato ilícito. Por essa razão, exclui do sujeito a consciência da ilicitude de sua ação ou omissão. 
 	Surge o problema. Bastaria em qualquer situação o agente alegar que não sabia que determinada ação era injusta, para se ver livre de seus atos. Sim, porque sendo subjetivo, dificilmente seria contestado que interpretou mal a norma e supôs permitida a sua conduta. O cônjuge traído, sempre falaria que entende...
	A fim de se evitarem abusos, o legislador erigiu como requisito da culpabilidade não o conhecimento do caráter injusto do fato, mas a possibilidade de que o agente tenha esse conhecimento no momento da conduta. TRATA-SE DA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.
	O que importa é saber se o sujeito, ao praticar o crime, tinha a possibilidade de saber que fazia algo errado ou injusto, de acordo com o meio social que o cerca, as tradições e costumes locais, sua formação cultural, seu nível intelectual, resistência emocional....(vários fatores)
 	Exclusão da Potencial Consciência da Ilicitude
O erro de proibição sempre exclui a atual consciência da ilicitude. No entanto somente aquele que não poderia ter sido evitado elimina a potencial consciência.
Temos:
Erro escusável ou inevitável – o agente não tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do fato concreto. Assim, inexiste a potencial consciência da ilicitude ficando excluída a culpabilidade. O agente fica isento de pena.
Erro inescusável ou evitável – embora o agente desconhecesse que o fato era ilícito, tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, que contrariava o ordenamento jurídico. Se ele tinha a potencial consciência da ilicitude, a culpabilidade não será excluída. Apenas em razão dessa inconsciência atual de ilicitude, terá direito a uma redução de pena, de 1/6 a 1/3.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
	Temos como conceito de exigibilidade de conduta diversa a possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou da omissão, agir de acordo com o direito, considerando-se a sua particular condição de pessoa humana.
	Trata-se de elemento componente da culpabilidade. Se funda no princípio de que só devem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. Se verificado que no caso concreto era inexigível conduta diversa por parte do agente, fica excluída a culpabilidade, por conseqüência, fica isento de pena.[
	Exclui a exigibilidade de conduta diversa: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica, ambas previstas no artigo 22 do código penal.
Coação moral Irresistível:
Coação é o emprego de força física ou de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. Temos a coação física e a coação moral. Coação física é o emprego de força física. Coação moral é o emprego de grave ameaça. 
Irresistível é aquela em que o coato não tem condição de resistir. Resistível aquela em que tem condição de resistir.
Conseqüências da coação:
Na coação física fica excluída a conduta.
Na coação moral irresistível, mesmo sendo grave a ameaça, ainda subsiste um resquício de vontade que mantém o fato como típico. No entanto o agente não será considerado culpado. Exemplo do assaltante: quando ele saca a arma e diz a bolsa, por favor. Ou é a vida ou é a bolsa. Não está excluindo totalmente a vontade, embora esteja pressionando de modo a inviabilizar qualquer resistência. Assim, na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o agente não é considerado culpado, em face da exclusão da exigibilidade de conduta diversa. 
Na coação moral resistível embora o fato seja considerado típico, ilícito e culpável, poderá ao agente ser aplicada a circunstância atenuante prevista no artigo 65, III, c, primeira parte, do Código Penal.
Obediência Hierárquica
 	É a obediência a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, tornando viciada a vontade do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa.
Requisitos: 
um superior;
um subordinado;
uma relação de direito público entre eles, já que o poder hierárquico é inerente à Administração Pública. Excluída entre patrão e empregado;
Ilegalidade da ordem, visto que a ordem legal exclui a ilicitude pelo estrito cumprimento do dever legal;
Aparente legalidade da ordem
 Ordem de superior hierárquico: é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado.
Ordem legal – se a ordem é legal, o subordinado estará no estrito cumprimento do dever legal. Não pratica o crime – excludente de ilicitude.
Ordem ilegal – se a ordem é manifestamente ilegal, o subordinado deve responder pelo crime praticado, pois não tinha como desconhecer sua ilegalidade. Se aparentemente legal, ele não podia perceber sua ilegalidade, logo, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica isento de pena.

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