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PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 1 OAB 2ª FASE PROCESSO PENAL PROF. LETÍCIA PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 2 Sumário CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI.......................................................4 CAPÍTULO II – COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL – Lei n. 7.210/84 ....................... 19 CAPÍTULO III - RECURSOS .......................................................................................................... 34 1) AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................................................. 34 2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................ 46 CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ....................... 49 1) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) .................................................................................... 49 2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ................................................................................... 57 CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL ............................................................................................. 62 CAPÍTULO VI – EXERCÍCIOS........................................................................................................67 CAPÍTULO VII – EXERCITANDO PEÇAS ....................................................................................... 71 PADRÃO DE RESPOSTAS .............................................................................................................. 75 PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 3 PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 4 CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI É o rito procedimento destinado para processar e julgar crimes dolosos contra a vida, previsto nos artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal. A competência constitucional está firmada no artigo 5º, XXXVIII, da Constituição Federal. O rito procedimental para os processos de competência do Júri comporta duas fases: a primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia e se encerra com a decisão de pronúncia (judicium accusationis ou sumário de culpa); já a segunda tem início com o recebimento dos autos pelo juiz presidente do tribunal do júri, e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri (judicium causae). Procedimento da primeira fase – Sumário da Culpa (judicium accusationis) Art.406 ao 421 do CPP 1.1) Recebimento da denúncia – Art. 406 O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder, no prazo de dez dias. A defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são processadas em apartado. Não esqueça: A base legal da Resposta à Acusação no procedimento do Júri é o artigo 406 do CPP e não o artigo 396 do CPP. 1.2) INDISPENSABILIDADE DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 408 Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. 1.3) CONTRADITÓRIO – Art. 409 – Específico do Procedimento do Júri Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. 1 PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 5 1.4) Providências judiciais – Art. 410 Recebida a defesa prévia e, eventualmente, a manifestação do órgão acusatório acerca de preliminares que tenham sido levantadas ou documentos, juntados, deve o magistrado deliberar a respeito do encaminhamento a ser dado o processo. Em seguida, determinará as diligências cabíveis (produção de prova pericial, reconstituição do crime, entre outros). O mais relevante será designar a audiência de instrução e julgamento, uma vez que as partes, quase sempre, arrolam testemunhas. Observe que não há previsão expressa de absolvição sumária antes da audiência de instrução e julgamento, visto que neste procedimento a absolvição sumária está prevista como uma das decisões que encerram a 1ª fase do Júri. Logo, há discussão doutrinária a respeito do cabimento, existindo dois posicionamentos: a) É possível a aplicação da absolvição sumária para evitar a audiência de instrução, aplicando-se analogicamente o artigo 397 do CPP1. b) Não é possível, pois somente se utilizam as regras do procedimento comum ordinário de forma subsidiária. No caso, há previsão expressa de aplicação do instituto para evitar o Plenário. 2 Dessa forma, já se manifestou o STJ3. Inobstante os posicionamentos acima, é importante verificar nos enunciados as informações constantes, pois somente será o caso de pedir em eventual Resposta à Acusação que seja o acusado Absolvido Sumariamente, nos termos do artigo 397 do CPP, aplicando-se subsidiariamente a regra do procedimento comum ordinário (artigo 394, §4º, do CPP), se houver indicação de causa manifesta que permita um juízo de certeza, antes mesmo da audiência de instrução, do contrário, seguiremos as regras expressas para o Procedimento Especial do Júri. 1 Nesse sentindo: Nestor Tavora e Rosmar Alencar sustentam: “Entendemos possível a antecipação da absolvição sumária para momento anterior à audiência de instrução, com esteio no artigo 397 do CPP, aplicado analogicamente com base no artigo 2º do mesmo Código.” in: Curso de Direito Processual Penal. Editora JusPodivm. 2017. P. 1235. 2 Nesse sentido: Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Volume Único. Editora JusPodivm. 2017. P. 100. 3 Vejamos a ementa do julgado: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. NULIDADES. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 1. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA APÓS A APRESENTAÇÃO DE RESPOSTA ESCRITA. INAPLICABILIDADE DA REGRA. 2. CITAÇÃO POR EDITAL. NÃO ESGOTAMENTO DOS MEIOS PARA CITAR O RECORRENTE. TENTATIVAS INFRUTÍFERAS. PROCESSO E PRAZO PRESCRICIONAL SUSPENSOS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 3. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. RISCO DE REITERAÇÃO. NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. FUGA. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 4. RECURSO IMPROVIDO. 1. Caso em que não se aplica a regra do art. 397 do CPP. Nos processos que tramitam pelo rito do Tribunal do Júri, a avaliação acerca da absolvição é regulada pelo art. 415 do Código de Processo Penal. Precedentes. 5. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. (RHC 68.765/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 28/11/2016). PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 6 1.5) Instrução concentrada – Art. 411 O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. Todas as provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentesou protelatórias. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem: 1°) declarações do ofendido, se possível; 2°) declarações de testemunhas; 3°) interrogatório do acusado; 4°) debates; 5°) decisão. As alegações escritas foram substituídas por debates orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; havendo mais de 1 acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual; ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. 1.6) Mutatio libelli: Art. 411, §3º Mutatio libelli: Ao final da instrução, pode-se constatar que os fatos narrados na denúncia ou queixa não coincidem com as provas colhidas. Portanto, pode ser necessário adaptar a peça acusatória ao contexto das provas produzidas. Evitando-se qualquer surpresa ao réu, segue-se o disposto no art. 384 do CPP. 1.7) Fase de apreciação da admissibilidade da acusação: O procedimento da 1ª fase, de acordo com o artigo 412 do CPP, terá duração de 90 dias. Finda a instrução do processo relacionado ao Tribunal do Júri, cuidando de crimes dolosos contra a vida e infrações conexas, o magistrado possui quatro opções: a) pronunciar o réu b) impronunciá-lo c) absolvê-lo sumariamente d) desclassificar a infração penal 1.8) Pronúncia – Art. 413 É decisão interlocutória mista não terminativa, que julga admissível a acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 7 Na pronúncia, há um mero juízo de prelibação, pelo qual o juiz admite ou rejeita a acusação, sem penetrar no exame do mérito. No caso de o juiz se convencer da existência do crime e de indícios suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, fundamentando os motivos de seu convencimento. 1.9) Impronúncia – Art. 414 É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto que encerra a primeira fase, deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito. Assim, inexistindo prova da materialidade do fato ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado impronunciar o réu, que significa julgar improcedente a denúncia e não a pretensão punitiva do Estado. 1.10) Absolvição sumária – Art. 415 Absolvição sumária: ocorrerá quando estiver provada a inexistência do fato, provado não ser o réu autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou estiver demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso de inimputáveis, a absolvição sumária só é possível, agora por disposição expressa, se a inimputabilidade for a única tese defensiva. * Recurso de apelação (art. 416) - IMPORTANTE Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 1.11) Desclassificação – Art. 419 Desclassificação: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime não doloso contra a vida e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja, ficando à disposição deste o acusado preso. 1.12) ADITAMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA PARA INCLUSÃO DE CO-RÉUS – Art. 417 Havendo prova, colhida durante a instrução, de que outras pessoas estão envolvidas na infração penal pela qual está o juiz pronunciando o acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao Ministério Público para o necessário aditamento. 1.13) EMENDATIO LIBELLI – Art. 418 O Juiz não está adstrito à classificação feita pelo órgão do Ministério Público e o réu não se defende da definição jurídica do fato, mas, sim, dos fatos imputados. Logo, se, porventura, no momento de pronunciar, verificar o magistrado que não se trata de infanticídio, mas de homicídio, desde que todas as circunstâncias estejam bem descritas na denúncia, pode pronunciar, alterando a classificação, ainda que o réu fique sujeito a pena mais grave. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 8 1.14) INTIMAÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA – Art. 420 O acusado será intimado pessoalmente, esteja preso ou solto. O defensor nomeado (dativo ou defensor público) e o Ministério Público (art. 420, I). Quanto ao defensor constituído, ao querelante (por seu advogado) e ao assistente do Ministério Público (também é o advogado contratado pelo ofendido), pode-se fazer a intimação pela imprensa. No mais, se o acusado estiver solto e não for localizado para a intimação pessoal, far- se-á por edital. 1.15) Preclusão da decisão de pronúncia – Art. 421 Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. Havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público, em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. Procedimento da segunda fase/ Fase da Causa (Judicium Causae) Art. 422 ao 497 do CPP 1.16) Preparação e organização do júri. O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei 11.689/2008. No entanto, de acordo com este artigo, o legislador os substituiu por duas novas peças (inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. 1.17) DESAFORAMENTO – Art. 427 a) Conceito É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios do art. 69 do CPP, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal do Júri, dentro dos requisitos legais previamente estabelecidos. A competência, para tal, é sempre da Instância Superior (Câmara ou Turma do Tribunal de Justiça). b) Interesse da ordem pública PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 9 A ordem pública é a segurança existente na Comarca onde o júri deverá realizar-se. Assim, havendo razoáveis motivos e comprovados de que a ocorrência do julgamento provocará distúrbios, gerando intranquilidade na sociedade local, constituído está o fundamento para desaforar o caso. c) Dúvida sobre a imparcialidade do júri Não há possibilidade de haver um julgamento justo com um corpo de jurados parcial. Tal situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo, levando à comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da sociedade muito antes do julgamento ocorrer. d) Segurança pessoal do réu Em casos anormais e excepcionais, de pequenas cidades, onde o efetivo da polícia é diminuto e não há possibilidade de reforço, por qualquer motivo, é razoável o desaforamento. e) Iniciativa do desaforamento Podem pleitear o desaforamento as partes, agora enumerados pela Lei (Ministério Público, assistente, querelante ou acusado). O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente, por petição sua, afinal no processo penal, há a autodefesa. O Juiz que preside ainstrução pode representar pelo desaforamento, exceto quando houver excesso de prazo. f) Suspensão do julgamento pelo relator O CPP permite que seja determinada a suspensão do julgamento pelo júri até que o Tribunal possa apreciar o pedido de desaforamento. g) Inadmissibilidade do pedido de desaforamento Considerando-se que o pleito de desaforamento somente é admissível entre a decisão de pronúncia, com o trânsito em julgado, e a data de realização da sessão de julgamento em plenário, não há fundamento para ingressar com o pedido enquanto pende recurso contra a referida decisão de pronúncia. Afinal, pode esta ser rejeitada pelo Tribunal e o réu, impronunciado ou absolvido. 1.18) EXCESSO DE SERVIÇO – Art. 428 Na regra atual, somente se poderá pleitear o desaforamento pela demora no julgamento, caso seja ultrapassado o período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, mas fundado em excesso de serviço comprovado. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 10 1.19) Ausência do defensor – Art. 456 Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao magistrado até a abertura da sessão em plenário. Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova data para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o réu apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o fazendo, o magistrado intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa, observando o prazo mínimo de 10 dias. 1.20) Ausência do acusado – Art. 457 O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. 1.21) IMPRESCINDIBILIDADE DO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA – Art. 461 É fundamental que as partes, entendendo ser indispensável o depoimento de alguma testemunha, arrolem-na na fase de preparação para o plenário, com o caráter de imprescindibilidade. Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma delas não compareça à sessão plenária. O momento para arrolar testemunhas, no procedimento preparatório, é o previsto no art. 422 do CPP, após a intimação determinada pelo juiz. a) Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão Somente ocorre se a testemunha tiver sido arrolada com o caráter de imprescindibilidade e houver sido intimada. b) Infrutífera condução coercitiva É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual não se pode adiar eternamente a realização do julgamento. Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o domicílio, instala-se a sessão. c) Realização do julgamento, independentemente da inquirição de testemunha arrolada Caso a testemunha tenha sido arrolada sem o caráter de imprescindibilidade, não comparecendo, o julgamento realiza-se de qualquer modo, tendo sido ela intimada ou não; PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 11 Caso tenha sido arrolada com o caráter de imprescindibildade, se for intimada e não comparecer, é cabível o adiamento, como regra, para que possa ser conduzida coercitivamente na sessão seguinte. Entretanto, arrolada com o caráter de imprescindibilidade, mas não localizada, tomando ciência a parte de que não foi intimada e não indicando o seu paradeiro, com prazo hábil para nova intimação ser feita, perde a oportunidade de insistir no depoimento. 1.22) PREPARO PARA A COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA – Art. 462 Para a composição do Conselho de Sentença, o juiz presidente deve checar se as partes estão presentes, assim como todas as testemunhas indispensáveis, convenientemente separadas e incomunicáveis. Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação do Conselho 1.23) Abertura dos trabalhos – Art. 463 Comparecendo ao menos 15 jurados, há quorum para a instalação da sessão, que será dada por aberta pelo juiz presidente. O próprio magistrado anuncia o processo a ser julgado (número do processo, nomes do autor e do réu, classificação do crime) e pede ao oficial que faça o pregão (anúncio na porta do plenário para que todos tomem ciência, vez que o julgamento é público). 1.24) Ausência de quórum – Art. 464 Se o quorum de 15 jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve o magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte desimpedida. A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso não se atinja o quorum mínimo (quinze) e não mais o número legal (vinte e cinco). Ou seja, se comparecerem 18 jurados, instala-se a sessão, sem sorteio de suplentes. Se vierem apenas treze, adia-se a sessão e sorteiam-se suplentes até o número máximo (vinte e cinco). 1.25) REUNIÃO PRÉVIA DO JUIZ COM OS JURADOS – Art. 466 a) Reunião prévia do juiz com os jurados Somente pode realizar-se, a fim de que o magistrado forneça algumas instruções a respeito da forma e do julgamento e do procedimento do Tribunal do Júri, se as partes estiverem cientes e, desejando, possam estar presentes. b) Incomunicabilidade dos jurados PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 12 Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem nos intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente deixando transparecer sua opinião. Logicamente, sobre os fatos desvinculados do feito podem os jurados conversar, desde que não seja durante a sessão – e sim nos intervalos -, pois não se quer a mudez dos juízes leigos e sim a preservação da sua íntima convicção. A troca de ideias sobre os fatos relacionados ao processo poderia influenciar o julgamento, fazendo com que o jurado pendesse para um ou outro lado. A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das votações do júri (art. 5º, XXXVIII, “b”), que constitui garantia das liberdades individuais e, por isso, sua violação configura nulidade absoluta (art. 564, III, j, c/c o art. 458, § 1º (atual, 466, § 1º). c) Manifestação da opinião acerca do processo Em razão da incomunicabilidade, deseja-se que o jurado decida livremente, sem qualquer tipo de influência, ainda que seja proveniente de outro jurado. Deve formar o seu convencimento sozinho, através da captação das provas apresentadas, valorando-as segundo o seu entendimento. Portanto, cabe ao juiz presidente impedir a manifestação de opinião do jurado sobre o processo, sob pena de nulidade da sessão de julgamento. d) Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento É atribuição do juiz presidente, razão pela qual não pode ele afastar-se do plenário por muito tempo, o que coloca em risco a validade do julgamento. Se algum jurado desejar esclarecer alguma dúvida, a ausência do magistrado prejudica a formação do seu convencimento, além do que o jurado pode fazer alguma observação inoportuna, gerando nulidade insanável. e) Certidão do oficial de justiça A principal autoridade a controlar a manifestação dos jurados é o juiz presidente.Entretanto, vale-se dos oficiais de justiça presentes para auxiliá-lo. Ex: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não estar presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade. Em suma, ao final do julgamento, cumpre ao oficial lançar certidão de que a incomunicabilidade foi preservada durante todos os momentos processuais. 1.26) Formação do Conselho de sentença – Art. 467 O Conselho de Sentença no Tribunal do Júri é composta por sete jurados, escolhidos aleatoriamente, por sorteio, dentre os que comparecerem (mínimo de quinze e máximo de vinte e cinco). PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 13 1.27) Recusas motivadas e imotivadas – Art. 468 Para a formação do Conselho de Sentença, essas são as duas possibilidades de recusa do jurado, formuladas por qualquer das partes. A recusa motivada baseia-se em circunstâncias legais de impedimento ou suspeição (arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu, nem tampouco o seu inimigo capital. A recusa imotivada – também chamada peremptória - fundamenta-se em sentimentos de ordem pessoal do réu, de seu defensor ou do órgão da acusação. Na constituição do Conselho de Sentença, cada parte pode recusar até três jurados, sem dar qualquer razão para o ato. A nova sistemática, introduzida pela Lei 11689/2008, impõe que, havida a recusa peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do Conselho de Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da acusação. 1.28) Separação do julgamento – Art. 469 Conforme disposto no art. 468, parágrafo único, quando o jurado for recusado imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será excluída daquela sessão, prosseguindo-se o sorteio para a formação do Conselho de Sentença. Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de haver também recusa por parte de outro defensor ou da acusação. Em ilustração, computando-se 25 jurados presentes, com dois co-réus. Imaginemos que o primeiro defensor recuse os três primeiros jurados sorteados. Serão excluídos, com ou sem a recusa do segundo defensor e do promotor. Após, outros três jurados, sorteados na sequência, são recusados por parte do segundo defensor. Serão, também, excluídos, independentemente da manifestação do promotor. Serão afastados. Ao todo, nove jurados sorteados foram rechaçados e os envolvidos (dois defensores e um promotor) já não podem exercer o direito de recusa imotivada (são três para cada parte). Logo, dos 16 jurados restantes, por sorteio, serão escolhidos obrigatoriamente 7 para compor o Conselho de Sentença. Não haverá cisão do julgamento. Caso estivessem presentes apenas 15 jurados, a exclusão de 9, recusados pelas partes presentes, faria com que restassem apenas 6 e ocorreria o denominado estouro da urna. Se tal se desse, haveria então a separação do julgamento. O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como determina o art. 469, § 2º. Com relação à preferência de julgamento em caso de separação, impõe-se que, em caso de separação, seja julgado em primeiro lugar o acusado a quem se atribuiu a autoria do fato, ou, em caso PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 14 de coautoria, aplica-se o critério de preferência do art. 429 (presos em primeiro lugar; dentre os presos, os que estiverem há mais tempo na prisão; em igualdade de condições, os que estiverem há mais tempo pronunciado). 1.29) ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO OU INCOMPATIBILIDADE – Art. 470 Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso da defesa arguir) ou de qualquer funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe levar testemunhas, se for o caso, ou documentos para exibição em plenário. Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido. Rejeitada, realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas – deva constar da ata. Futuramente, caberá ao Tribunal analisar se houve ou não a causa de impedimento ou suspeição. Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado, procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas. 1.30) ESTOURO DA URNA – Art. 471 Outra hipótese de adiamento da sessão para outra data é a impossibilidade de formação do conselho de sentença por insuficiência do número de jurados presentes, com potencial para o sorteio. Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quantum mínimo para a instalação dos trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição, de vários deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal a ponto de inviabilizar o sorteio de sete jurados para compor o Conselho. 1.31) Compromisso e entrega de peças aos jurados (art. 472) Formado o conselho de sentença, os jurados prestarão compromisso e receberão cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. A lei não mais prevê a realização de relatório pelo Juiz, em plenário. 1.32) INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO – Art. 473 Em primeiro lugar, ouve-se o ofendido. O Juiz Presidente dirige-lhes as perguntas que entender necessárias. Em seguida, passa a palavra ao representante do Ministério Público e ao assistente de acusação, se houver, ou ao querelante (se a ação for privada). Na sequência, poderá a defesa reperguntar. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 15 Finda a oitiva da vítima, passa-se à inquirição das testemunhas de acusação. Primeiramente, o juiz faz as perguntas cabíveis. Em seguida, concede a palavra ao Ministério Público e ao assistente, se houver. Depois, à defesa. Após, ouvem-se as testemunhas de defesa. Inicialmente, as perguntas são formuladas pelo juiz. Na sequência, pela defesa. Em seguida, pelo Ministério Público e assistente. 1.33) INTERROGATÓRIO DO ACUSADO – Art. 474 Ao final da colheita das provas em plenário, Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado; os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente; Nos termos do § 3º, não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer algemado. Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre eles a dignidade da pessoa humana. 1.34) DOS DEBATES – Art. 476 a) Correlação entre acusação e pronúncia Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. O assistente falará depois do Ministério Público. b) Manifestação inicial doquerelante Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com desmembramento. Ex: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida e o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo titular da ação é o ofendido. Nesse caso, manifesta-se o querelante (por meio de advogado) e, na sequência, fala o Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei). PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 16 1.35) LIMITE DE TEMPO PARA AS PARTES – Art. 477 A Lei 11.689/2008 alterou o tempo de manifestação reservado às partes. De duas horas para acusação e defesa, como tempo original, passou-se a uma hora e meia. Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma hora. Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo 1.36) Referências proibidas– Art. 478 É vedado às partes: a) fazer referência à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo (trata-se de dispositivo nitidamente direcionado ao Ministério Público, com prejuízo à acusação); b) a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, abrangendo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. 1.37) DO QUESTIONÁRIO E SUA VOTAÇÃO – Art. 482/483 Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final. Nos termos do artigo 483 do CPP, os quesitos serão formulados na seguinte ordem: a) Quesito sobre a materialidade do fato. Se o conselho de sentença responder de forma afirmativa a essa questão, seguirá a votação com a questão seguinte. Se responder negativamente, encerra-se o julgamento com a absolvição do réu. b) Quesito sobre a autoria ou participação O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento do delito. Respondendo o Conselho de Sentença de forma afirmativa, seguirá com a pergunta seguinte. Caso contrário, encerra-se o julgamento com a absolvição do acusado pelo júri. Duas situações podem acontecer aqui: PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 17 PEÇA: RECURSO DE APELAÇÃO Lembrar da Súmula 713 do STF I) Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro que não seja, o quesito seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o acusado?” II) Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso contra a vida, a questão desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que indaga se “o jurado absolve o acusado?”. É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do CPP, ao destacar que uma vez sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme o caso. Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo 483, § 5º, do CPP, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito. III) O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa, que somente será formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados. IV) Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. 1.38) SENTENÇA – Art. 492 A sentença pode ser: a) de condenação, devendo, nesse caso, o juiz fixar a pena. b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso esteja preso c) desclassificação do crime doloso contra a vida para crime não doloso contra a vida, quando o juiz-presidente terá a competência para julgar os fatos de forma mais ou menos ampla, sendo chamada de desclassificação própria. Se, na desclassificação, o Júri indicar o crime que foi cometido, como se dá, por exemplo, na culpa no homicídio culposo, a desclassificação será imprópria. Importante! Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, III, do CPP. PAROU! PEDIU PRA PARAR PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 18 Questões para exercitar o conteúdo Observação: As questões serão trabalhadas em aula Questão 01 Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou devidamente comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a qualificadora pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em Plenário o Ministério Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos vereditos? Justifique a sua resposta. Questão 02 (MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121, § 2º, inc. I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa requereu exame de insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal). Ao final do referido incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa, responda, respectivamente, a seguinte indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da primeira fase do procedimento do júri e qual é o recurso cabível? Justifique Questão 03 Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, qual seria a medida adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente, considerando que o julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 19 Questão 04 Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, apósa prova produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja, uma causa natural, nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal absolveu sumariamente o acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de Carlitos resolve informar o que ouviu uma conversa de seu pai com um irmão, informando que teria sido o responsável pela morte de Carmela, tendo ministrado remédio em sua alimentação, gerando a disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é possível reverter essa decisão de absolvição sumária no júri? Justifique. Questão 05 Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia, inclusive mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus não teriam sido submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa defesa ter requerido o encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado determinou a continuidade. Ao final, os jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na questão, o que poderá ser pleiteado na condição de advogado de defesa? Justifique e indique o recurso e a base legal que respaldam a sua resposta. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 20 CAPÍTULO II – Comentários à Lei de Execução penal – Lei n. 7.210/84 1) Considerações iniciais A partir da leitura do texto constitucional infere-se que toda e qualquer atuação estatal deverá estar pautada pelo respeito às formas procedimentais, de forma a atingir os fins de um devido processo. Assim sendo, tem-se como premissa a exigência de que todas aquelas garantias asseguradas durante o processo de conhecimento sejam estendidas ao processo de execução criminal, considerando a sua autonomia, especialmente, após a Constituição Federal de 1988. De acordo com o artigo 1° da Lei de Execução Penal, o objetivo da lei é efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e internado. Durante a execução, deverão ser observados os direitos que são assegurados aos apenados, bem como os deveres que deverão ser cumpridos (artigo 39 e 41 da Lei n. 7.210/84). A ideia central, que difere das concepções anteriores, principalmente antes da CF/88, conduz à concepção do apenado/preso ser tratado como sujeito de direitos e deveres, não mais como mero objeto da administração, ou seja, fantoche a serviço da ordem e segurança. Desta forma, sustenta-se que a Execução Penal deverá ser pautada pela observância dos ditames constitucionais, a fim de implementar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, dando ênfase ao princípio da dignidade da pessoa humana, que jamais poderá ser desprezado. Por fim, é relevante mencionar que sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares, poderá ser suscitado o chamado Excesso ou Desvio de Execução. Trata-se de um incidente de execução, previsto no artigo 185 da LEP, cuja provocação poderá ser feita pelo Ministério Público, Conselho Penitenciário, pelo próprio sentenciado ou pelos demais órgãos da Execução Penal. Salienta-se ainda que a Lei de Execução Penal deverá observar os ditames constitucionais, uma vez que se trata de legislação anterior à promulgação da Constituição Federal. 2) Finalidade da Lei de Execução Penal Artigo 1° - finalidade da LEP efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal; proporcionar condições para harmônica integração social do condenado/ internado 2 PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 21 Importante lembrar que: Artigo 3° - São ASSEGURADOS TODOS OS DIREITOS NÃO ATINGIDOS pela sentença (sem qualquer distinção) – art. 39 e 41, LEP Artigo 4° - DEVER DO ESTADO - buscar a COOPERAÇÃO da sociedade nas atividades que envolvem a execução penal. 3) Aplicação da Lei de Execução Penal Artigo 2º, § único – aplicação: - Aos condenados como aos presos provisórios. - Aos condenados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar quando recolhidos em estabelecimentos sujeitos à jurisdição ordinária. OBS.: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal da Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena. Nele constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua forma de cumprimento4. OBS.: Súmula 192 do STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. 4) Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVI, CF) – fase executória Artigo 5° - os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade. Artigo 6° - A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação – CTC. 4 Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ para fins de competência, importante verificar a natureza do estabelecimento prisional. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 22 A Comissão elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) AO CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO; A CTC será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social (art. 7°). O condenado à PPL, em regime fechado, será submetido ao exame criminológico para uma adequada classificação. Ainda, poderão ser submetidos o condenado à pena privativa de liberdade, em regime semiaberto (art. 8°). Atenção!!!! Identificação Genética – Art. 9º-A Leitura Complementar: Recurso Extraordinário 973837 (ver notícia sobre o reconhecimento da Repercussão Social no RExt: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797) 5) Detração Penal Artigo 42 do Código Penal - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se que a detração penal deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo 387 do CPP. Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for objeto na sentença, deverá ser observado pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66, III, c, da LEP5. Atenção!! A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do indivíduo com o Estado6. Por exemplo: 5 Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso a detração ou a remição. 6 HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado não faz jus à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houvea condenação tenha sido praticada posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 23 a) X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido. b) X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito de furto simples, na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma conta corrente. 6) Regimes Prisionais Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou quando for aplicada a pena em um acórdão pelo Tribunal, inclui uma das fases da individualização da pena (artigo 59, III, CP e artigo 110 da LEP). Será determinado conforme as regras contidas no Código Penal (arts. 33, §2° e 59). Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação do regime será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com a nova condenação (art. 111, §2°). Na aplicação da pena privativa de liberdade, o Juiz para fixar o regime prisional deverá se orientar pela tabela contida no artigo 33, §2º, do CP7. Com relação ao regime prisional é importante verificar as seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal: Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03- 2013 PUBLIC 13-03-2013) 7 Art. 33, §2º, do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 24 Já o Superior Tribunal de Justiça traz as seguintes súmulas: Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Súmula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. Importante conhecer o entendimento firmado pelo STF no julgamento do HC 111.840/ES ocasião em que declarou a inconstitucionalidade, em caráter incidental, do artigo 2º, §1º, da Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos. Assim, permitiu no caso em tela que um apenado condenado por tráfico pudesse iniciar o cumprimento da sua reprimenda em regime inicial semiaberto. Assim sendo, a previsão legal de regime inicial fechado para delitos hediondos, foi relativizada, devendo ser observado no caso concreto as mesmas regras previstas no artigo 33, §2º, CP para fixação do regime. 7) Regime Disciplinar Diferenciado – artigo 52 da LEP O Regime Disciplinar Diferenciado é uma sanção administrativa, está arrolado no artigo 53 da LEP. É aplicável aos condenados ou presos provisórios, nacionais ou estrangeiros. As situações que podem ensejar a inclusão do preso no regime disciplinar penitenciário: 1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, praticado por preso provisório ou condenado (art. 52, caput, LEP); 2) quando o preso (provisório ou condenado, nacional ou estrangeiro) apresentar alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52,§1°, LEP); 3) quando recair sob o preso provisório ou condenado suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, §2°, LEP). As características desse regime são: a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada; b) recolhimento em cela individual; c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar o número de crianças; d) banho de sol de duas horas diárias. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 25 Atenção!! A inclusão do preso no RDD, de acordo com o artigo 54 da LEP, dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. A decisão judicial que incluir o preso no RDD será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser fundamentada. 8) Sistema Progressivo – Progressão de Regime A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência do regime mais rigoroso para um menos rigoroso mediante a observância de alguns requisitos. O artigo 112 da LEP dispõe que a progressão: - será determinada pelo juiz, com manifestação da defesa e do MP; - verificado o cumprimento de ao menos um sexto da pena; - verificado o bom comportamento, comprovado pelo diretor do estabelecimento. O artigo 112 da LEP é a regra geral, aplicando-se aos delitos não hediondos ou, excepcionalmente, aos condenados por delitos hediondos praticados antes da alteração legislativa que sofreu o artigo 2º da Lei 8072/90. Importante frisar que é permitida a progressão de regime mesmo antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, conforme consta na súmula 716 do STF. A progressão é por etapa, vejamos a Súmula 491do STJ: "É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional." ATENÇÃO: Progressão de Regime nos casos de Crimes Hediondos e equiparados A progressão de regime para condenados por crimes hediondos é regulada pela lei 11.464/07 que alterou a lei 8.072/90, a qual prevê a possibilidade de progressão de regime para condenados por delitos hediondos desde que haja o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se reincidente. Quanto à aplicação da Lei 11.464/07, importante destacar que somente é aplicada esta lei para aqueles apenados que praticarem crimes a partir da sua vigência. Em relação a este ponto, destaca-se a súmula vinculante n. 26 do STF e a súmula 471 do STJ. O Diretor do estabelecimento atesta o comportamento carcerário através do chamado Atestado de Conduta Carcerária - ACC PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 26 Caso o delito tenha sido praticado antes do dia 29/03/2007, o lapso temporal a ser aplicado deverá ser aquele do artigo 112 da LEP, com base no entendimento firmado no julgamento do HC 82959-7/SP pelo STF. Condenados por delitos não hediondos Condenados por delitos hediondos e equiparados Artigo 112 da LEP Primário ou Reincidente: 1/6 da pena + bom comportamento carcerárioPrimeiro: ver a data da prática do delito Antes de 29/03/07: Primário ou Reincidente: 1/6 da pena + bom comportamento carcerário – artigo 112 da LEP – Súmula 471, STJ A partir do dia 29/03/07: 2/5 – primário ou 3/5 se reincidente. Em todas as situações acrescentar o bom comportamento carcerário. Há forte posicionamento sobre progressão de regime e a exigência de exame criminológico no STF e STJ. Os Tribunais superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112 da LEP tenha excluído a exigência de realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, não caracteriza constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de exame, desde que devidamente fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução Criminal. Neste sentido, temos as seguintes súmulas: a) Súmula Vinculante n. 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. b) Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Falta grave e Progressão de Regime Importante PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 27 Súmula 534, STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. 9) Regressão de Regime (art. 118) A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando: * o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (artigo 50 e 51); Nesses caso, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art. 118, § 2° - audiência de justificativa. Súmula 526, STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. * quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a nova condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111). Observações importantes – posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior Tribunal de Justiça: 1. (STJ - jurisprudência) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC). Precedentes: REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, (recurso repetitivo pendente de publicação); HC 175251/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 13/12/2013. Matéria sumulada em 2015: Súmula 533, STJ - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. 2. (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2 anos se a falta tiver ocorrido até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 28 REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no REsp 1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 25/11/2013; Atenção!!! Há mais uma hipótese de regressão de regime prevista no artigo 146 – C, § único, LEP, violar os deveres relacionados ao monitoramento eletrônico. OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia do apenado, passando a exigir somente nos casos de regressão definitiva. 10) Prisão Domiciliar (artigo 117) Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se enquadrar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da LEP, quais sejam: • condenado maior de setenta anos; • condenado acometido de doença grave; • condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal; • condenada gestante. Atentar para a Súmula Vinculante n. 56 do STF, vejamos: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Precedente representativo da Súmula: "3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como 'colônia agrícola, industrial' (regime semiaberto) ou 'casa de albergado ou estabelecimento adequado' (regime aberto) (art. 33, § 1º, alíneas "b" e "c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 29 domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 11.5.2016, DJe de 8.8.2016) 11) Remição de pena – hipóteses legais A remição é o computo do período trabalhado ou estudado como tempo de pena cumprida, nos termos do artigo 128 da LEP. É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas possibilidades. Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da LEP. Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto, a LEP omitiu a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os Tribunais superiores entendem que como não há previsão legal e o trabalho é requisito para ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso. Já a remição por estudo, é possível em todos os regimes prisionais, inclusive, na última etapa do cumprimento de pena, ou seja, quando o apenado estiver em livramento condicional. 12) Trabalho prisional: espécies de Trabalho Prisional: serviço interno e serviço externo * Quanto à forma de serviço: a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar internamente e a qualquer momento, desde que existam vagas. b) Serviço externo (art. 36) Em relação ao serviço externo, é importanteobservar que o artigo 37 da LEP atribui ao Diretor do Estabelecimento Prisional a concessão da autorização, todavia, é importante registrar que há forte posicionamento doutrinário e de uso prático no cotidiano forense de que o trabalho prisional no âmbito externo deverá ser autorizado pelo Juiz da VEC (Neste sentido: Sídio Rosa de Mesquita Júnior, Norberto Avena, entre outros)8. 8 EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. REGIME SEMIABERTO. TRABALHO EXTERNO. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL DE PROPRIEDADE DE OUTRO CONDENADO BENEFICIÁRIO DO REGIME ABERTO. POSSIBILIDADE. 1. [...] 2. A controvérsia a ser resolvida é unicamente de direito e enseja o pronunciamento a respeito da possibilidade de o condenado prestar serviços em sociedade empresarial cujo proprietário também fora condenado criminalmente. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 30 13) PERMISSÃO DE SAÍDA (art. 120) E SAÍDA TEMPORÁRIA (art. 122) Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado, semiaberto e provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses: • falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão); • necessidade de tratamento médico. Súmula 520, STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em regime semiaberto. Vale destacar que foi introduzida em 2010 a possibilidade da utilização de monitoramento eletrônico, no artigo 122, parágrafo único, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/10). Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal. Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto, deverão preencher os seguintes requisitos: • comportamento adequado; • cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes; • compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Será concedida por período não superior a 7 dias, podendo ser renovadas por mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas. A Lei n. 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para obtenção das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas, vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da LEP: 3. O paciente pretende prestar serviços em uma empresa de estacionamento de automóveis como lavador, microempresa individual formalmente constituída, cujo proprietário também está cumprindo pena em regime aberto. 4. O fato de o proprietário do estabelecimento, situado na mesma localidade de cumprimento da reprimenda, estar cumprindo pena em regime aberto não pode servir, por si só, de fundamento à negativa do trabalho externo ao apenado que cumpre os requisitos objetivo e subjetivo para a concessão do benefício e se encontra em regime semiaberto. 5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para restabelecer a decisão proferida pelo magistrado de primeiro grau. (HC 333.144/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 24/11/2015, DJe 17/12/2015) PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 31 § 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. § 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.” (NR) Importante !!! Artigo 124, § 2º, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/2010) - Quando se tratar de freqüência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. 14) MONITORAÇÃO ELETRÔNCIA O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com a lei, poderá ser definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário. O instituto está previsto a partir do artigo 146- B, LEP. 15) Livramento condicional Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no artigo 83 do CP em combinação com o artigo 112, §2º, da LEP. + 1/3 Não reincidente em crime doloso + ½ Reincidente em crime doloso PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 32 + 2/3 Condenados por crimes hediondos, tráfico, tortura, terrorismo e tráfico de pessoas se enquadram nesta hipótese. Ressaltando que em caso de reincidência em delitos dessa natureza não será possível a concessão de livramento condicional. Obs.: Súmula 441 do STJ # Revogação obrigatória e facultativa – artigos 86 e 87 do CP. # Efeitos da revogação – artigos: 88 do CP e artigos 141 e 142 da LEP. Aspectos importantes no tocante ao livramento condicional no tocante ao delito de associação ao tráfico: 1. O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo pelo entendimento do STJ, portanto, todavia vejamos a manifestação no âmbito do Superior Tribunal de Justiça: 16) Incidentes da Execução Penal • Conversão da PPL em PRD (art. 180) – PPL não superior a dois anos; condenado em regime aberto; cumprido pelo menos ¼; antecedentes e personalidade indiquem. • Conversão da PRD em PPL (art. 181) – ocorrerá na forma do art. 45 do CP. • Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP) 17) ANISTIA, GRAÇA, INDULTO São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II, do CP. A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornam impuníveis por motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos, e não a pessoas. Pode ocorrer antes da condenação definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem a força de extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada impeça a sua concessão a crimes comuns.” A anistia somente é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional. A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro de sua avaliação discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia. É uma medida de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento de sua reprimenda ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso individual. PROCESSOPENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 33 De acordo com o artigo 5°, inc. XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para delitos considerados hediondos. Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no entanto é concedido de forma coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto concedendo Indulto para todos aqueles que preencherem determinadas condições. No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto n. 6.294/07, o qual consta em anexo para conhecimento. Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto, devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções. Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a concessão de Comutação de Pena, porém esta não se confunde com o Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas sim um abatimento da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2° e 4° do Decreto em anexo – somente para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser objeto de questionamento na prova). PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 34 CAPÍTULO III – Recursos 1) AGRAVO EM EXECUÇÃO 1.1) CABIMENTO/CONTEÚDO – ARTIGO 66 DA LEP É recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso da execução criminal, disciplinada na Lei nº 7.210/84. Não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar qualquer decisão proferida pelo juízo da execução penal, cuja competência é definida no artigo 66 da LEP (Lei nº 7.210/84), como, por exemplo, em relação aos seguintes temas: Decisão que concede ou nega a progressão de regime; Que determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos; Que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade delitiva; Que concede ou denega pedido de livramento condicional; Que indefere o pedido de saídas temporárias; Concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição. 1.2) BASE LEGAL 1.3) IDENTIFICAÇÃO Base legal: art. 197 da Lei 7.210/84 (LEP) PEÇA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PALAVRA MÁGICA: DECISÃO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO PAROU! PEDIU PRA PARAR 3 PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 35 1.4) RITO E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução, definindo, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”. Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência amplamente dominante adotam o entendimento no sentido de que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente no que se refere ao prazo, ao juízo de retratação e ao processamento. Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 STF, segundo a qual “É de cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal. A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a decisão, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação. As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal de Justiça, se da competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência da Justiça Federal). 1.5) PRAZO 1.6) EFEITOS Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP. Se o juiz manter a decisão, determinará a remessa dos autos à instância superior; se reformá-la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz. Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução, em regra, não tem efeito suspensivo. Ou seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra, imediatamente executadas. PRAZO • Interposição: 5 dias • Razões: 2 dias PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 36 Agravo em Execução e Medida de Segurança: artigo 179 da LEP – atribui excepcionalmente o efeito suspensivo nos casos de execução de Medida de Segurança. 1.7) SISTEMA PROGRESSIVO BRASILEIRO Nos termos do artigo 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado. Em outras palavras, adota-se no Brasil o sistema progressivo de cumprimento de pena, no qual o condenado, após cumprir parte da pena e demonstrar merecimento, passará gradativamente de um regime mais severo para outro mais brando. Todavia, para a concessão da progressão de regime exige a lei dois requisitos: um de caráter objetivo, que é o cumprimento de parte da pena anterior, e um de caráter subjetivo, que se refere ao mérito do condenado indicando a oportunidade da transferência. Para se verificar a possibilidade de concessão da progressão de regime e os respectivos requisitos, mostra-se necessário fazer distinção entre crime não hediondo e crime hediondo ou equiparado. I) PROGRESSÃO DE REGIME PARA DELITOS NÃO HEDIONDOS OU EQUIPARADOS A) Requisito objetivo Conforme o artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), em primeiro lugar, para obter a progressão de regime, deve o condenado ter cumprido 1/6 da pena ou do total das penas que lhe foram impostas no regime inicial. De outro lado, se a pena superar 30 anos, é pacífico na jurisprudência que o lapso temporal para a progressão de regime deverá considerar a pena total, não sendo observado, para tal fim, o limite de 30 anos previsto no artigo 75 do CP. Nesse sentido é a Súmula 715 do “A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.” B) Requisito subjetivo Além do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, exige a lei, para a transferência para regime menos rigoroso, que o mérito do condenado indique a progressão. Importante destacar nesta hipótese que a exigência de 1/6 da pena é tanto para os apenados primários, quanto para os reincidentes. Mérito significa aptidão, capacidade, merecimento. Deve o apenado, portanto, demonstrar, ao longo do cumprimento da pena, estas características para merecer a progressão. PROCESSO PENAL Prof. Letícia Sinatora das Neves OAB 2ª Fase 37 A partir da edição da Lei 10.792/2003, que suprimiu o parágrafo único do artigo 112, passou-se a dispensar o exame criminológico, considerando suficiente para a comprovação do requisito subjetivo a elaboração de atestado de boa conduta carcerária pelo diretor do presídio. Logo, a regra para se aferir o requisito subjetivo é no sentido de que basta atestado de boa conduta carcerária expedido pelo Diretor do Presídio, conforme dispõe o artigo 112 da Lei 7210/84. Exceção: Dependendo das circunstâncias do caso concreto o Ministério Público poderá requerer sua realização e o juiz poderá, fundamentadamente, deferir a realização do exame criminológico. É nesse
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