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FICHAMENTO Capitalismo tardio e Sociabilidade moderna

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Capitalismo tardio e sociabilidade moderna 
Panorama Geral 
Entre 1950 a 1979: havia uma sensação de aproximação com o status de uma nação moderna. Faltava pouco!
Entretanto, esse otimismo irá se transformando com a conjuntura sócio-política.
50’s: uma nova civilização nos trópicos – “conquistas materiais do capitalismo” mas com traços característicos ou caricatos do povo brasileiro, entre eles: cordialidade, criatividade e tolerância.
1967 em diante: modernização, acesso iminente ao primeiro mundo
80’s: “década perdida”, a dúvida toma o lugar do otimismo – seria possível sermos uma sociedade efetivamente moderna. 
TEMA DO TEXTO: As transformações econômicas e mutações da sociabilidade, manifestas na dura vida cotidiana e na precária privacidade (560). Demonstrados nos movimentos significativos que se estendem do pós-guerra aos dias atuais. 
1945 – 1964: momento decisivo do processo de industrialização, a urbanização em ritmo acelerado, investimentos de grande porte
1964: Ponto de inflexão – mudança do modelo econômico, social e político de desenvolvimento, que se consolida em 67 e 68. Entretanto, essas mudanças não foram imediatamente percebidas em seus efeitos mais significativos, por isso havia uma impressão de continuidade, apesar do vigente regime autoritário. 
1980: “a década perdida”, uma nova realidade se impõe. 
“Nossa analise da modernidade brasileira parte do otimismo para a desilusão, e jogará simultaneamente e permanentemente com elementos das várias faces do conjunto do período, de forma a dar conta das conexões e da diversidade de ritmos nas várias esferas da realidade em movimento. ” 564
OS NOVOS PADRÕES DE CONSUMO: 1930 a 1980, mais especificamente de 1950 a década de 70 – “tínhamos sido capazes de construir uma economia moderna, incorporando padrões de produção e consumo próprios aos países desenvolvidos. ” 
A partir disso, desenvolve-se uma análise das transformações culturais e de consumo que ocorreram nesse período, esse panorama das mudanças e do mercado produtivo brasileiro vai desde o aço até a goma de mascar das crianças, demonstrando de uma forma profunda os impactos dessa modernização na vida do brasileiro. Percebe-se através dessa análise, que houve mudanças significativas tanto na esfera macro, que seria a economia nacional, as relações internacionais até a vida privada e cotidiana. Um exemplo é o surgimento dos supermercados e dos shoppings centers, do habito de “comer fora”, o jeans, tênis e as havaianas, os homens e a barba sinal de protesto durante os anos 60, e a incorporação de peças masculinas ao vestuário feminino, o relógio de pulso mais acessível – “indispensável para a vida corrida e cronometrada da cidade. 
“Essas variações do consumo apontavam para os movimentos da sociedade,”
“Os avanços produtivos acompanharam-se de mudanças significativas no sistema de comercialização” (566)
UMA SOCIEDADE EM MOVIMENTO
O campo e a cidade. Em 1950, havia uma majoritária porcentagem da população vivendo no campo (41 milhões) e apenas 10 milhões de pessoas habitando as cidades. O campo era visto de uma forma pejorativa, local do atraso, de jecas e caipiras: “A vida na cidade atrai e fixa porque oferece melhores oportunidades e acena um futuro de progresso individual, mas também, porque é considerada uma força superior de existência. A vida no campo, ao contrário, repele e expulsa. ” (574)
Estrutura social do campo – oligarquia de latifundiários, capitalistas porque controlavam as propriedades da terra e tradicionais. Abaixo deles, trabalhadores assalariados (ganhavam pouco, mas estavam integrados ao sistema capitalista), médios proprietários, pequenos arrendatários, posseiros, assalariados temporários, pobres e miseráveis. Ou seja, uma minoria rica, e a esmagadora maioria em condição precária, esse era o ponto em comum entre os campesinos, a condição de extrema pobreza. A partir disso, desenvolve-se uma análise aprofundada de um tipo comum desse cenário, a vida em um minifúndio que poderia ser ou do sertão nordestino, quanto um pequeno sitio caipira no interior de São Paulo, a colônia da fazenda de café ou a casa de um trabalhador da usina, adentra-se nesse ambiente. 
Padrões patriarcais, filhos como mão de obra, mulher como geradora, castigos severos às crianças, analfabetismo, não era necessário saber ler e escrever, apenas a lida na roça interessava: “O trabalho é duro, de sol a sol, do homem, da mulher, dos filhos, os de sete, oito, nove anos já fazendo algum serviço leve”(577). Desnutrição, mal alimentados. “Uma vida, enfim, a desses homens, dessas mulheres, dessas crianças, que diferia pouco, muito pouco da de seus ancestrais longínquos. Vida cheia de incertezas, vida sem grandes esperanças.” (578). 
MODERNIZAÇÃO SELVAGEM DO CAMPO – Milhares arrancados do campo pelo trator, pelos implementos agrícolas sofisticados, pelos adubos e inseticidas, pela penetração do credito, que deve ser honrado sob pena da perca da propriedade ou da posse. ” (580). Uma das consequências desse processo é que a saída para os camponeses era sair do campo, deslocamento permanente da fronteira agrícola, de 1950 à 1980, possível porque o Estado construiu estradas, o que criou alguma infraestrutura econômica e social. Outra alternativa era a cidade mais próxima, que atrai pelo modo de vida, um pouco melhor. 
MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES – ANOS 50/60/70 – 39 milhões de pessoas: A industrialização acelerada e a urbanização criam novas oportunidades.
“No capitalismo, a concorrência entre os homens formalmente livres e iguais é um processo objetivo que determina, que escolhe os que se apropriarão das oportunidades de investimento, mais ou menos lucrativas, e se transformarão em empresários, pequenos, médios ou grandes, integrando a classe proprietária; e os que colherão tal ou qual oportunidade de não-proprietários”.
“O Capitalismo cria a ilusão de que as oportunidades são iguais para todos, a ilusão de que triunfam os melhores, os mais trabalhadores, os mais diligentes, os mais” econômicos”. Mas, com a mercantilização da sociedade, cada um vale o que o mercado diz que vale.(...)No entanto, a situação de partida é sempre desigual, porque o próprio capitalismo, a própria concorrência, entre as empresas e entre os homens, recria permanentemente assimetrias entre os homens e as empresas.” 
ALINHAMENTO TEÓRICO: (PARECE SER) MARXISTA POR ESSE TRECHO!
(582) Desigualdade extraordinária. 3 tipos sociais protagonistas da industrialização acelerada e da urbanização rápida: 
Imigrante estrangeiro (italianos, libaneses, sírios, eslavos, alemães, portugueses, judeus, japoneses, espanhóis): por estarem na cidade de São Paula a mais tempo, tinham uma condição melhor, com famílias sem patriarcais estabelecidas, educação para seus filhos (inclusive universidade), negócios próprios – “o grande vencedor” na disputa pelas posições sociais e oportunidades da industrialização.
Migrante rural: se sente TAMBÉM um vencedor. Pois haviam melhorado de vida, conseguido empregos em condições melhores que os anteriores, haviam saído da condição de extrema pobreza do campo, ocupavam cargos de baixa qualificação ou até media. 
Negro urbano e seus descendentes: condição histórica marginalizada, abandonados pós abolição, condições ruins de habitação (favelas e cortiços), analfabetismo, desnutrição, trabalhos informais, em posições subalternas. 
FORMA: Uma sociedade em movimento – movimento migratório, de um emprego para outro, de uma classe outra – “Movimento de ascensão social, maior ou menor, para quase todos”.
ESTRUTURA SOCIAL E MOBILIDADE 
“O valor da educação – vista como um meio de qualificação, mas igualmente como uma extensão da família e da Igreja no processo de socialização e integração social do indivíduo – aparece na classificação do professor primário, colocado acima do pequeno empresário.
O julgamento foi realizado, portanto, a partir de dois critérios de valor: o critério do valor mercantil de cada profissão, que procurou obedecer à hierarquia dos rendimentos, informada aos entrevistados,e o critério de valor social, que considerou a importância de cada profissão para a vida coletiva. Mais ainda: o critério de valor social predomina sobre o critério de valor mercantil, na medida em que a família, a política e o Estado, a vida religiosa ou escolar, são consideradas formas superiores de existência em relações à atividade dos negócios. ” (588 e 589)
Valores mercantis na família, visão utilitária da pratica religiosa ou política. 
Família – centro da vida – empreendimento cooperativo para a ascenção social
Família típica do topo da sociedade urbana: banqueiros, homens ligados ao comercio de exportação e importação, indústria ou comunicações. 
Anos 50 – Kubitscheck – Plano de Metas: implantar setores industriais mais avançados, levar adiante usinas estratégicas. Essa industrialização e urbanização multiplicaram as oportunidades de investimento à disposição do empresariado nacional. 
OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTOS – Só aproveitadas por quem dispunha de capital e acesso ao credito 
1°: sistema bancário (financiar consumo, em especial de bens duráveis), 
2°: industrias tradicionais de bens de consumo, 
3° indústria da construção civil. 
4° demanda derivada da empresa estrangeira ou da empresa pública promove o surgimento de um cordão de pequenas e medias empresas que giram à sua volta (montadoras instaladas no fim dos anos 50: 11). 
5°: Subida da renda urbana cria milhares de possibilidades de negócios, no comercio de alimentos e bebidas, de roupas e calçados, de remédios e de cosméticos, de moveis, de brinquedos, de eletrodomésticos e de veículos, nos transportes, de carga ou de passageiros, nas comunicações. 
FHC: A burguesia brasileira – passividade tradicional, não tinha condições de liderar o desenvolvimento capitalista, progresso significava bons negócios, tirar proveito do Estado e da grande empresa multinacional. 
CLASSE MEDIA: ESTRATEGIA FAMILIAR DE ASCENÇÃO SOCIAL CONFRONTA-SE COM A SITUAÇÃO DE MUDANÇA
Valorização do engenheiro, novo padrão de racionalidade e profissionalismo, escolas de administração e propaganda 
1930: transformações de estado, não sendo apenas uma centralização dos dispositivos organizacionais e institucionais. 
Houve impulsos de burocratização e racionalização, modernização, logica racional-legal. 
”A centralização trouxe elementos novos, que alteraram a qualidade e a natureza do conjunto de instrumentos políticos ou de regulação e controle anteriormente vigentes. ”
Intervencionismo econômico e o aparelho de regulação – foco principal no setor produtivo estatal – empresa industrial pública: siderúrgica, petróleo, geração e destruição de energia elétrica
Sistema financeiro público – agências governamentais de intervenção econômica agigantaram-se e se diferenciaram ex: SUMOC, Ministério do Planejamento, SUDENE.
As maquinas de arrecadação de impostou se sofisticaram. 
Aparelho social do Estado se fortalece na educação, saúde e previdência. 
“Constitui-se, portanto, no setor produtivo estatal, uma alta burocracia de diretores, gerentes, chefes, assessores encarregados da gestão das empresas públicas, industriais ou financeiras” 595
Administração governamental – fortalecimento da figura do técnico 
Essas oportunidades foram aproveitadas pela classe média em busca da ascensão social (expansão da empresa privada ou estatal e ampliação do setor de administração pública) 
Crescia a exigência por qualificação – EDUCAÇÃO SUPERIOR
Mulher e a Universidade – preconceito e machismo – direcionadas para cursos de filosofia, ser professora primário: uma ‘segunda mãe’ do ‘segundo lar’, a escola. 
Escolha da profissão e a valorização no mercado – ideia de vocação – engenheiro, medico, advogado. 
“A industrialização acelerada e a urbanização rápida tendem, portanto, a quebrar a relativa homogeneidade da classe média. ” 
A intensificação da industrialização no governo kubitschek faz com que a camada de trabalhados especializados aumente. Há uma grande diferenciação provada na classe média – Mobilidade social. 
“A grande ambição do trabalhados qualificado é fugir da condição proletária, tornar-se trabalhador por conta própria ou pequeno empresário. (...) Para os filhos, pretende-se que sigam carreiras abertas pelo ensino superior ”
Migrante rural e a sua incorporação ao mercado de trabalho– homens: construção civil/mulheres: serviço doméstico. 
Nível “inferior” da escala social – migrante rural e os citadinos pobres (descendentes de escravos) estavam na base do mercado de trabalho, quando se conseguia um trabalho na indústria ou em um serviço organizado era um avanço porque significava acesso aos direitos trabalhistas. Mas as possibilidades de ascensão do trabalhador comum eram limitadas. A minoria conseguia conquistar o objetivo comum de trabalhar por conta própria. Os filhos não poderiam chegar a trilhar o caminho do estudo.
“Olhada a sociedade em seu conjunto, há a família do trabalhador comum, do migrante rural recém-chegado e a dos citadinos pobres, de todos os que se encontram na vase do mercado de trabalho. Há a família do trabalhador especializado. Há a família de classe média, baixa ou alta. Há a família dos empresários, pequenos ou médios. Há a família dos magnatas.” 600
Casa – uma forma de representação do status de classe da família – ela demonstra por si só a qual classe social a família pertence. Casa própria como uma preocupação central para o trabalhador comum, pois representa uma segurança em caso de desemprego. 
(Em sua análise sobre as casas parece flertar com Bourdieu e o seu conceito de capital cultural, olhando para o acesso das crianças à cultura em casa, a partir, do status de seus pais.) 
“São as formas de organização capitalista que determinam a hierarquia do trabalho. Às posições objetivamente superiores e inferiores, corresponde uma estrutura de remuneração, as quais, por sua vez, dão acesso à posse da riqueza e à aquisição de bens e serviços de consumo. ” 604
Responsável pela transformação/revolução permanente dos padrões de consumo e estrutura de necessidades – MAQUINARIA CAPITALISTA E NÃO A SAGACIDADE DO EMPRESARIO INDIVIDUAL 
PROCESSO DE REVOLUÇÃO PERMANENTE – PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO E GENERALIZAÇÃO DO CONSUMO
PROGRESSO – COMO VALOR: “O MIMETISMO (adaptação na qual um organismo possui características que o confundem com um indivíduo de outra espécie.) pelos “inferiores” dos padrões de consumo e estilo de vida dos superiores”
“A carreira desabalada pela ascensão social é, antes de tudo, uma corrida de miseráveis, pobres, remediados e ricos pela “atualização” dos padrões de consumo em permanente transformação”
“Aliás, a vida principal de transmissão do valor do progresso foi sempre, entre nós, a da imitação dos padrões de consumo e estilos de vida reinantes nos países desenvolvidos. (...) Foi essa preocupação ou temor do brasileiro diante do inglês ou do francês, de quem se acha inferior diante de quem se afirmar superior, que desencadeou, já no início do século XIX, a cópia febril dos estilos de consumo e de vida próprios ao capitalismo desenvolvido.”
ANOS 50: American way of life – que começa nas classes mais altas e depois se espalha para as classes mais baixas. Padrões de consumo dos “superiores”
! – “Essa forma de consciência social, que identifica progresso a estilos de consumo e de vida, oculta os pressupostos econômicos, sociais e morais em que se assentam no mundo desenvolvido. Forma reificada de consciência, acrescentamos, peculiar à periferia, onde é possível consumir sem produzir, gozar dos resultados materiais do capitalismo sem liquidar o passado, sentir-se moderno mesmo vivendo numa sociedade atrasada.” 605
TENTATIVA DE MODERNIDADE 
PENETRAÇÃO DOS VALORES CAPITALISTAS
FAMILISMO MODERNO – CASA COMO CENTRO DA EXISTENCIA SOCIAL 
Mas, ao contrário da centralidade do “privatismo patriarcalista” de Gilberto Freyre, o que governa a vida familiar não é mais o passado e a tradição, mas o futuro, a aspiração à ascensão individual – corrida ao consumo. 
TRABALHO (invés do ócio),, entretanto, a desvalorizaçãodo trabalho, herança da escravidão – redefinida na ideia da ocupação e suas características
VALOR DA HIERARQUIA – RIQUEZA E RENDA 
Visão patrimonialista do Estado – estado como realidade externa, instrumento de benesses. 
Valores modernos (valor do trabalho como fim em si mesmo, direito dos cidadões, igualdade real, educação republicana, moral sexual rigorista) x Valores capitalistas (liberdade – escolha independente da tradição, ação racional, individuo, utilitarismo, meritocracia, levaria a uma harmonia social e progresso)
São os valores modernos, incorporado à instituições que põem freios ao funcionamento desregulado e socialmente destrutivo do capitalismo 
Esse panorama marcado por tensões e conflitos não se configura no Brasil – um dos motivos é o caráter do nosso catolicismo, um cristianismo esvaziado de conteúdo ético. 
Religiões africanas: filosofia essencialmente utilitária e pragmática, onde o que conta é o sucesso. BASTIDE 
Caio Prado Jr. – Formação do Brasil Contemporâneo: não há nexos éticos entre os homens, mas só relações de exploração econômica e de dominação política – impera a “vontade de poder” em meio a espontaneidade dos afetos. 
“Movimento de ‘moralização da sociedade’ – matrizes desse movimento: 
“Reforma Católica” – sociedade urbana – ideal religioso e as práticas sociais 
Penetração no cerne das elites do trabalhismo de inspiração positivista, do socialismo, do comunismo e do solidarismo cristão; ideia de caridade 
Valor católico dos direitos da pessoa humana
Moral sexual rigorista, sacralização da família, exaltação do trabalho honesto e repudio a preguiça, estimulo a vida sóbria: VALORES MODERNOS MAS ANTIUTILITARISTAS
O interesse do indivíduo está subordinado aos valores e virtudes que definem o “bom cristão”
Moral individual e familiar 
Permeava as relações matrimoniais – ideal romântico – mais dialogo, menos filhos (métodos contraceptivos – racionalização do comportamento
TRABALHO HONESTO COMO VALOR SOCIAL – FIM EM SI MESMO
Mundo selvagem do capitalismo brasileiro – “a concorrência ilude: na consciência dos indivíduos, a apropriação desigual das oportunidades de vida é percebida como resultado das qualidades pessoais.(...) A concorrência ilude porque as qualidades pessoais não são inatas, adquirem-se na sociedade, através da sociedade, da família, da igreja, da escola, no trabalho etc” 614
Distribuição desigual deste conjunto de atributos constitui, em casa momento, monopólios que são apropriados e estabelecem vantagens competitivas decisivas para classes.
A LUTA PELA IGUALDADE É EXTAMENTE O COMBATE COLETIVO PELA QUEBRA DOS MONOPÓLIOS SOCIAIS 
Ideal comum aos movimentos políticos, no espaço público: construção da nação e civilização brasileira 
NACIONALISMO
Reforma agraria, para quebrar o monopólio da terra, atacar a miséria rural e evitar migrações em massa, escola pública acessível, ampliação dos direitos sociais, controle do poder econômico privado (...)
“O que estava em jogo, isto sim, eram dois estilos de desenvolvimento econômico, dois modelos de sociedade urbana de massas: de um lado, um capitalismo selvagem e plutocrático, de outro, um capitalismo domesticado pelos valores modernos da igualdade social e da participação democrática dos cidadãos, cidadãos conscientes de seus direitos, educados, verdadeiramente autônomos, politicamente ativos.” 618
1964: imposição de uma dessas formas 
O CAPITALISMO DOS VENCEDORES 
“A ‘revolução de 64’ ao banir, pela violência, as forças do igualitarismo e da democracia, produziu, ao longo de seus 21 anos de vigência, uma sociedade deformada e plutocrática, isto é, regida pelos detentores da riqueza.” 
AUTORITATISMO PLUTOCRATICO 
Concorrência desregulada entre os trabalhadores e monopolização das oportunidades de vida pelos situados no cimo da sociedade 
Desigualdade social – lucros gigantes e novos padrões de consumo, em detrimento de salários dos trabalhadores subalternos comprimidos 
Situação ainda precária dos trabalhadores do campo.
Massificação de certas profissões que antes eram de ocupação media. NOVA CAMADA DE TRABALHADORES COMUNS 
Empregos criados pela industrialização acelerada e urbanização rápida: carteira assinada 
“Mesmo com salários baixos, o grosso dos trabalhadores comuns pode se incorporar, ainda que mais ou menos precariamente, aos padrões de consumo moderno, com o auxilio da mulher, empregada doméstica ou operaria, e da filha ou do filho, que labutavam no escritório de empresas ou nos serviços em geral”
“Em resumo: na base da sociedade urbana está o trabalho subalterno, rotineiro, mecânico,”
ALTA ROTATIVIDADE DE EMPREGO 
SEGMENTAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO: 
Para o trabalho subalterno, os salários e benefícios indiretos são decrescentes em relação ao tamanho da empresa e à formalização ou não da relação de emprego;
Para o mesmo tipo de trabalho, os salários e os rendimentos variam segundo o respectivo mercado de consumo. 
Quase todos os trabalhadores subalternos experimentaram ascensão social, isso porque saíram de uma condição de miséria, ou de menos acesso aos direitos trabalhistas, mas também porque para todos os efeitos ele estava em alguma medida incorporando os padrões de consumo e o estilo de vida modernos. 
1980: Parcela dos trabalhadores ainda em situação de pobreza absoluta
“Os baixos salários numa economia em expansão acelerada, que ganhava produtividade, têm uma consequência óbvia: margens de lucro elevadíssimas, da grande, da média e da pequena empresa, onde quer que estejam, na indústria ou nos serviços. Isso significa um grande poder de acumulação de capital e multiplicação da riqueza.”
O TOPO DA SOCIEDADE – 1980: NUCLEO DURO DO PODER ECONOMICO E POLITICO – dirigentes da maquinaria capitalista – em volta do qual gravitavam os outros setores da sociedade
Alta renda daqueles que dirigem a maquinaria capitalistas, dos que estão na cúpula do Estado e de todos os que cuidam os endinheirados (mercado de consumo de luxo, bens ou serviços)
Nova classe média, criada pela expansão extraordinária do emprego público e privado de “qualificação intermediaria” – plenamente integrada aos padrões de consumo moderno de massas (...) – beneficia-se dos serviços mais baratos – exploração dos serviçais pela nova classe média reduz seu custo de vida e torna o dia-a-dia mais confortável que a classe média dos países desenvolvidos. A subida da renda dos serviçais é contraditória com o nível de vida relativamente alto dos mediados. 
Entre a nova classe media e o trabalhador comum está o trabalhador manual de maior qualificação dos serviços. Aproximam seus padrão de vida ao da nova classe média. 
BRAZILIANIZATION – SINONIMO DE CAPITALISMO SELVAGEM – A SOCIEDADE MAIS DESIGUAL DO MUNDO 
CAPITALISMO PLUTOCRATICO, MAS EXTREMAMENTE DINÂMICO 
CONCENTRAÇÃO GIGANTESCA DE RIQUEZA E MOBILIDADE SOCIAL VERTIGINOSA, CONCENTRAÇÃO DE RENDA ASSOMBROSA E AMPLIAÇÃO RAPIDA DOS PADRÕES DE CONSUMO MODERNO, DIFERENCIAÇÃO E MASSIFICAÇÃO
635 (77): CELSO FURTADO: Uma sociedade deformada, fraturada em três mundos: o “primeiro mundo” dos magnatas, dos ricos e privilegiados (...) o segundo mundo” da nova classe média, um simulacro do primeiro, povoado de serviçais mal remunerados (...) finalmente, do “terceiro mundo”, dos pobres e dos miseráveis, esse sim, mantidos a distância das condições de vida digna que prevaleciam para o povo verdadeiro de Primeiro Mundo. A comunicação entre esses três mundos é estabelecida pela concorrência entre os indivíduos, no âmbito do crescimento econômico rápido e da mobilidade social. E muito secundariamente, faz-se pela presença, confortável para uns e perversa para outros, dos pobres clientes dos magnatas, ricos e privilegiados, ou dos pobres serviçais da nova classe média. 
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