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Falência e Recuperação Judicial Disposições Comuns

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Estudos Avançados em Direito Empresarial
Bruno Costa
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL
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Disposições comuns aplicáveis à Falência e recuperação judicial.
 
Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
 
* as obrigações a título gratuito;
* as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
 
	A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
 
	Quantia ilíquida: Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida. 
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	Atenção: Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial:
 
	* pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial.
 
	* pelo devedor, imediatamente após a citação.
 
	Execução Fiscal: As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica.
 
	Prevenção: A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor.
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	Verificação, Habilitação de Crédito e Divergência.
 
	A verificação dos créditos é realizada pelo administrador judicial, tendo como base todos os dados contábeis, comerciais e fiscais do devedor, bem como os outros documentos apresentados pelos credores.
 
	O administrador poderá contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
 
	A verificação possui dois momentos: 
 
	1ª Fase: Natureza administrativa
	2ª Fase: Natureza Judicial
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	Após essa verificação, o administrador irá publicar edital contendo a relação dos credores apresentada pelo devedor. 
	Recuperação Judicial:
 	
    	Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
	(...) 
	§ 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá:
   I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento da recuperação judicial;
  	II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito;
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	Falência:	
	Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
	(...) 
	Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que decreta a falência e a relação de credores.
 
	Após publicado o edital contendo a relação dos credores, prevista no §1º, do art. 7º, da Lei nº 11.101, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
 
	As habilitações ou divergências são entregues diretamente ao administrador judicial.
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	O administrador judicial, após ter conhecimento dos documentos e das informações prestadas pelos credores, publicará novo edital com a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo de 15 (quinze) dias.
	É o próprio administrador que irá conferir a legitimidade do crédito, importância e classificação.
 
	Nesse edital, o administrador deverá indicar o local e horário em que os credores poderão ter acesso aos documentos utilizados para elaboração da relação de credores.
 
	O administrador apenas classifica o crédito e lança os valores que entender pertinente diante das informações recebidas. 
	Atenção! O administrador judicial não precisa dar resposta às divergências suscitadas pelos credores.
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 	A fase administrativa da verificação dos créditos não possui contraditório ou debate sobre legitimidade, valor, classificação dos créditos.
 
	A relação é um levantamento preliminar do passivo do devedor que será apresentado ao juiz para publicação mediante edital.
 
	A habilitação serve para incluir, na relação apresentada pelo devedor, algum crédito que nela não tenha sido inserido.
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	Formalidades da habilitação: 
	Art. 9o A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7o, § 1o, desta Lei deverá conter:
   I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo;
   	II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação;
   III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas;
   IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento;
   V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor.
    Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.
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	A divergência tem como finalidade discutir o crédito constante da relação de credores apresentada pelo devedor, em relação ao valor ou classe do crédito.
 
	O contraditório será estabelecido a partir da publicação da relação de credores pelo administrador, já que dessa publicação poderão surgir impugnações. 
 
 
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	Impugnação:
 
	Os credores poderão impugnar o que foi lançado após publicação da relação de credores pelo administrador judicial.
 
	A impugnação possui procedimento próprio e não se confunde com a habilitação ou divergência.
	Trata-se de procedimento judicial, por isso essa é a fase judicial da verificação dos créditos, onde o contraditório é instalado.
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	Atenção à legitimidade para apresentar a impugnação:
	Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
 	Parágrafo único. Autuada em separado, a impugnação será processada nos termos dos arts. 13 a 15 desta Lei.
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	Diferença entre impugnação e divergência:
 
	A divergência é apresentada pelos credores diretamente ao administrador judicial, contestando valores ou classificação dos créditos, no prazo de 15 dias, contados do primeiro edital com a relação de credores e respectivos créditos apresentada pelo devedor.
 
	A impugnação é manifestada em juízo, no prazo de 10 dias, contados da publicação do 2º edital contendo a relação de credores, após análise das habilitações e divergências pelo administrador.
 
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 Juízo competente para o recebimento da impugnação:
 
* Se o crédito for apurado no juízo falimentar, ele será competente para apreciação da impugnação. 
 
* Se o crédito tiver sido apurado no juízo trabalhista, ele será competente para o processamento da impugnação, até mesmo por ter melhores condições de examinar os fundamentos da impugnação.
 
Atenção! Como o art. 13 da Lei 11.101/05 estabelece que a impugnação será apresentada por meio de petição, deverão ser observados os requisitos do art. 282, do CPC. 
 
Se forem várias impugnações sobre o mesmo crédito, haverá uma única autuação.
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	Contestação da Impugnação: Após apresentada a impugnação, o titular do crédito impugnado será intimado para contestar no prazo de 5 dias, apresentando documentos e indicando as demais provas que pretende produzir.
 
	Se a impugnação combater a ausência de indicação do crédito na relação, o credor não terá interesse
de contestá-la, sendo o devedor e o comitê de credores desde já intimados para apresentar sua manifestação, no prazo comum de 5 dias.
 
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	Manifestação do administrador judicial. 
	Após prazo de manifestação do devedor e do comitê, o administrador judicial, será intimado, para no prazo de 5 dias, apresentar parecer sobre o pedido.
 
	Nessa hipótese, o administrador deverá expor as razões pelas quais entende procedente ou improcedente a impugnação.
 
	Se tiver sido realizado algum laudo com auxílio de profissional especializado, o administrador é obrigado a apresentá-lo, juntamente com seu parecer. 
 
	Além disso, o administrador judicial deverá apresentar no seu parecer todas as informações e documentação do devedor sobre o crédito objeto da impugnação.
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	Demais procedimentos:
 
	Após o prazo da impugnação, o juiz deverá adotar os seguintes procedimentos:
 
	1- Determinar a inclusão dos créditos listados no 2º Edital que não foram impugnados no QGC – Quadro Geral de Credores.
 
	2 – Julgar as impugnações apresentadas.
 
	3 – Fixar os pontos controvertidos e decidir questões processuais suscitadas, designando audiência se necessário for. (Procedimento semelhante ao despacho saneador). 
 
 
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Reserva de valor:
 
	Durante a tramitação da impugnação, o juiz determinará a reserva de valor do crédito impugnado, como forma de preservar o rateio. (Art. 16, Lei nº 11.101/05)
 
	A doutrina entende que nada impede que a parte requeira essa reserva de valores.
 
	Se a impugnação for apenas parcial, o pagamento do valor incontroverso não poderá ser recusado.
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 	Quando o crédito for trabalhista ou oriundo de demanda por quantia ilíquida, o juiz poderá determinar a reserva da importância que estimar devida.
	>Quando o direito for reconhecido, o crédito será incluído na classe própria.
 
	*Atenção! Trata-se de faculdade do juiz e não obrigação.
 
	O credor que habilitar seu crédito fora do prazo também poderá requerer a reserva de valor. 
	Se houver rateio durante o processamento da habilitação, o valor proporcional correspondente ao credor será reservado, para pagamento após retificação do QGC.
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	Decisão:
 
	Após realizadas as provas pleiteadas pelas partes, o juiz julgará a impugnação.
 
	Se procedente: Juiz determinará a retificação do QGC, com inclusão, exclusão ou modificação do valor ou classificação do crédito impugnado. 
 
	Se improcedente: Não haverá modificação. Os dados do QGC serão os mesmos da relação de credores apresentada pelo administrador judicial (2º edital).
 
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	Recurso Cabível:
 
	Caso o interessado não fique satisfeito com a decisão, poderá interpor agravo.
 
	Efeitos do agravo: Em regra > Somente devolutivo.
 
	Exceção: Para assegurar o exercício de direito de voto em assembléia-geral, o relator, ao receber o agravo, poderá conceder efeito suspensivo à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação no quadro-geral de credores.
 
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	Habilitação e divergência fora do prazo.
 
	A habilitação de crédito e a divergência devem ser apresentados no prazo de 15 dias da publicação do 1º Edital.
 
	Se a for apresentada antes da homologação do QGC (Quadro Geral de Credores) e fora do prazo de 15 dias, será considerada como retardatária e será processada como impugnação. 
	*Esse dispositivo também é aplicável às divergências.
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 	Se a habilitação for apresentada após a homologação do QGC, ela será processada como procedimento pelo rito ordinário estabelecido no CPC.
 
	Nessa habilitação retardatária, a petição deverá conter, necessariamente, dois pedidos:
	*Inclusão do crédito
	*Retificação do Quadro Geral de Credores.
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	Atenção! Consequências da habilitação retardatária:
	O credor não terá direito a voto na assembléia geral de credores realizadas por ocasião da Recuperação Judicial. 
 
	*Exceção: O credor trabalhista terá direito a voto na assembléia após inscrição do seu nome no QGC.
 		
	Se a falência já tiver sido decretada, o credor irá adquirir o direito a voto nas assembléias a partir da inclusão do seu crédito no QGC.
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 2ª Conseqüência da habilitação após decretação da falência:
	*O credor perderá direito ao rateio já realizado antes da sua habilitação.
 
	Os credores retardatários ficam sujeitos ao pagamento de custas judiciais e não terão direito à atualização monetária e juros no período entre o término do prazo e o efetivo pedido de habilitação.
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	Quadro Geral de Credores - Forma de elaboração
 
	Dentro do prazo de 5 dias da sentença que tiver julgado as impugnações, o administrador judicial deverá elaborar o Quadro Geral de Credores, tendo como base o 2º Edital e as decisões proferidas.
	Art. 18. O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere o art. 7o, § 2o, desta Lei e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas.
 
	Se não houver impugnação ao 2º edital, não será necessário que o juiz publique outro edital. Nesse caso, o juiz deve homologar o 2º edital como Quadro Geral de Credores.
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	Art. 14. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7o, § 2o, desta Lei, dispensada a publicação de que trata o art. 18 desta Lei.
 
	Requisitos do Quadro Geral de Credores:
	*Publicação em órgão oficial
	*Assinatura do juiz e do Administrador Judicial
	*Valor e classificação de cada crédito na data do requerimento de recuperação judicial ou da decretação da falência.
	O QGC deverá ser obrigatoriamente juntado aos autos.
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	Atenção! As relações de credores são provisórias. 
	A primeira relação é apresentada pelo devedor, sujeita ao exame do administrador. 
	A segunda é apresentada pelo próprio administrador.
 
	*Ainda que o devedor apresente todos os créditos devidamente classificados, o administrador deverá publicar um novo edital (2º edital).
 
	Motivo: Somente o 2º Edital poderá ser homologado como QGC pelo juiz quando não for apresentada qualquer impugnação.
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	Relativização dos princípios cambiários na falência:
 
	O inciso II do art. 9º estabelece que a habilitação deverá indicar a origem do crédito.
	
	Art. 9o A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7o, § 1o, desta Lei deverá conter:
     (...) 
   II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação.
 
	Trata-se, portanto, de relativização dos princípios da autonomia e abstração se o crédito habilitado for decorrente de um título de crédito. 
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	Lembrete...
	Autonomia: Eventuais vícios não se estendem às demais relações abrangidas no documento.
	Abstração: Desvinculação do ato que gerou o título de crédito.
 
	Com essa determinação, o legislador tentou evitar situações prejudiciais, especialmente a emissão de títulos diversos pelo devedor em benefício próprio ou de terceiros, quando já em situação de insolvência.
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	Ação de revisão do crédito habilitado.
 
	Hipóteses descritas no art. 19 da Lei nº 11.101/05. 
 
	Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores.
	Esse procedimento possui caráter rescisório, tendo em vista que visa desconstituir os efeitos da sentença que julgou a impugnação ou a decisão que homologou o QGC.
 
	Competência:
Juízo falimentar – Exceto em relação aos créditos trabalhistas e créditos oriundos de quantias ilíquidas.
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	Trata-se de ação de rito ordinário, que tramitará em autos apartados.
 
	Se houver rateio durante a tramitação da ação, o pagamento somente será realizado mediante prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado.
 
	Se o credor tiver recebido o valor por má-fé ou dolo e houver exclusão do crédito do QGC, ele deverá restituir em dobro o que recebeu.
 
	Esse artigo visa resguardar os direitos dos credores, já que se ocorrer a exclusão aplicar-se-á o princípio da vedação ao enriquecimento sem causa.
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	Sócio ilimitadamente responsável.
	 
	O sócio que possui sua responsabilidade ilimitada também será declarado falido, sendo necessário que seus credores particulares habilitem seus créditos através dos mesmos procedimentos já estudados.
	Art. 20. As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsável processar-se-ão de acordo com as disposições desta Seção.	
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	O artigo 20 da Lei nº 11.101/05 tem aplicação restrita, tendo em vista a pouca utilização de sociedades com sócios ilimitadamente responsáveis.
 
	A falência das sociedades sem limitação de responsabilidade acarretarão a falência dos seus sócios, sujeitando-os, aos mesmos efeitos jurídicos, nos termos do art. 81, da Lei nº 11.101/05.
	Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.
	Nesse caso, cada sócio proporcionará a formação de massa falida distinta, que terá arrecadação de bens e divisão do ativo entre os credores.
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	Para empresário individual não se fala na aplicação do art. 20 da Lei 11.101/2005.
	Devido à existência de confusão patrimonial, ele responderá com seus bens particulares e aqueles afetados ao exercício da atividade. 
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	ADMINISTRADOR JUDICIAL
 
	O antigo síndico ou comissário (concordata), agora tem o nome de administrador judicial. 
 
	Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada.
 
	Sua nomeação é ato exclusivo do juiz e deverá ser realizada assim que for deferido o pedido de recuperação judicial ou na sentença que decretar a falência.
 
	Se o administrador judicial for pessoa jurídica, deverá haver no termo de compromisso o nome da pessoa física responsável pela condução do trabalho. Sua substituição somente será permitida com autorização judicial.
 
	Pela legislação anterior, o síndico era escolhido entre os maiores credores da massa falida.
 
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	Remuneração:
 
	O juiz fixará a remuneração do administrador judicial mediante a análise de três requisitos:
	*Capacidade de pagamento do devedor. 
	*Grau de complexidade do trabalho. 
 	*Valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
	O valor não pode exceder a 5% do valor devido aos credores ou do valor de venda dos bens na falência. 
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	Reserva de 40%:
	40% (quarenta por cento) do valor devido ao administrador será reservado para pagamento após a realização do ativo e o julgamento de suas contas, além da apresentação do relatório final da falência. 
	A outra parcela de 60% trata-se de crédito extraconcursal nos termos do art. 84 e terá preferência em relação aos outros créditos. 
	O administrador substituído receberá pagamento proporcional ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento de suas obrigações.
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	O administrador que não tiver suas contas aprovadas, não terá remuneração.
 	Art.24 - §5º: A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte.	
	O art. 25 da Lei nº 11.101/05 estabelece que o devedor ou a massa falida será responsável pelo pagamento das despesas.
	Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo.
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	Atribuições do administrador judicial:
 
	As atribuições estão contidas no art. 22 da Lei 11.101/05.
	 
	A administração é exercida pelo administrador judicial, sob a fiscalização do juiz e do comitê de credores.
 
	O rol das atribuições é meramente exemplificativo. 
 
	Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
 
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I – na recuperação judicial e na falência:
enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados;
 
	O administrador deverá comunicar aos credores que constarem nos autos, o local em que se encontra à disposição dos interessados para prestação de informações. 
	Além disso, o administrador deve zelar pelo cumprimento das formalidades estabelecidas para a publicação dos editais, seja na recuperação judicial ou falência.
*
 
	c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;
 
	Ao ser decretada a falência, o devedor deverá entregar, sem demora, todos os livros, papéis e documentos ao administrador judicial.
 
	Em caso de impugnação da habilitação de crédito, na falência ou na recuperação judicial, o administrador também deverá apresentar as informações constantes dos livros do devedor, caso seja intimado pelo juiz.
 
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	d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações;
 
	O administrador judicial é competente para fazer qualquer exigência. Sendo assim, não é necessário que ele realize requerimento ao juiz para que o magistrado intime o devedor ou credores.
	Aquele que se recusar a prestar informações será chamado a comparecer à sede do juízo, após comunicação ao juiz pelo administrador, ocasião em que será interrogado, conforme prevê o § 2º, do art. 22, da Lei nº 11/101/2005.
 	§ 2o Na hipótese da alínea d do inciso I do caput deste artigo, se houver recusa, o juiz, a requerimento do administrador judicial, intimará aquelas pessoas para que compareçam à sede do juízo, sob pena de desobediência, oportunidade em que as interrogará na presença do administrador judicial, tomando seus depoimentos por escrito.
 
*
	e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei;
 
	Trata-se do 2° edital, o qual será publicado em 45 dias do fim do prazo para habilitações de crédito ou divergência.
 
	f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;
 
	Elaboração do QGC – Quadro Geral de Credores em 5 dias da decisão da impugnação. 
 
*
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões;
 
	Convocação da assembléia geral – previsão a partir do art. 35. da LFR.
	
	As atribuições da assembleia também estão divididas entre recuperação judicial e falência.
 
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;
 
	A contratação de auxiliares pelo administrador judicial depende da autorização judicial. Será também o juiz o responsável pela fixação da remuneração desses auxiliares.
 
i) manifestar-se nos casos
previstos nesta Lei;
 
	Entende-se que essa manifestação deverá ocorrer sempre que for necessário, não somente quando a lei previamente especificar.
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II – na recuperação judicial:
fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial;
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação;
	Na recuperação judicial, o administrador judicial possui o dever de fiscalização geral das atividades desenvolvidas pelo devedor. Cumprimento do plano e desenvolvimento das atividades.
	Verificando que qualquer obrigação assumida não foi cumprida pelo devedor, será obrigação do administrador judicial requerer a falência do devedor. 
*
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor;
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;
	Embora tenha o devedor obrigação de apresentar contas mensais pormenorizadas, sob pena de destituição dos seus administradores, o Administrador Judicial deve apresentar relatório mensal das atividades do devedor.
	Ao final, se o devedor cumprir todas as suas obrigações, o juiz decretará o encerramento da recuperação judicial e determinará que o Administrador Judicial apresente relatório completo sobre a execução do plano de recuperação.
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	III – Na Falência:
	a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido;
	Regra semelhante já foi dita antes. Obediência ao princípio da publicidade. 
	b) examinar a escrituração do devedor;
	O Administrador Judicial somente poderá exercer a sua função tendo conhecimento da situação do devedor, de todos os fatos, mediante análise da escrituração do devedor. 
	Poderá ter a ajuda de auxiliares.
*
	c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;
	
	d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa;
	O Administrador Judicial deverá fazer o levantamento das ações que envolvam os interesses da massa falida, assumindo a representação da massa falida.
	Não será necessária a constituição do Adm. Judicial por procuração. A simples nomeação pelo juiz substitui esse documento.
*
	e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei;
	Parte da doutrina chama esse procedimento de primeiro grande relatório.
	O prazo é bastante curto e normalmente não é suficiente para apresentar tantas informações sobre os andamentos processuais.
	f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei;
	
	A falência funciona como uma execução coletiva, onde o objetivo é a arrecadação de todos os bens para pagamento dos credores.
*
	g) avaliar os bens arrecadados;
	h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa;
	i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores;
	Em regra, a avaliação é ato que compete ao administrador, entretanto, ele poderá contratar auxiliares mediante autorização judicial, caso não tenha técnica para realizar a avaliação.
	j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei;
	Essas providências deverão ser realizadas no menor prazo possível para se evitar prejuízo aos credores.
*
	l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação;
	m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
	n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores;
	o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;
*
	p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º (décimo) dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa;
	
	O Adm. Judicial deve aplicar toda sua diligência habitual para lidar com os interesses da massa. 
	*Apresentação de conta mensal contendo as receitas e despesas com a administração.
	q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade;
	
	r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo.
	Se o Administrador Judicial deixar de exercer a função deverá prestar contas e entregar ao seu substituto todos os documentos e bens da massa em seu poder. 
*
	Acordo sobre obrigações e direitos da massa falida:
 
	O Adm. Judicial somente está autorizado a transigir se houver autorização judicial, após oitiva do devedor e do comitê de credores. 
	Descumprimento dos prazos pelo Adm. Judicial: 
	Intimação pessoal para cumprimento em 5 dias, sob pena de desobediência.
	Se mesmo assim não cumprir a obrigação, será destituído.
*
	Comitê de credores:
 
	Não havia na lei anterior previsão para constituição do comitê de credores.
	Previsão: art. 26 a 30 – Lei 11.101/05.
 
	Constituição por deliberação de qualquer das classes de credores:
 
	Composição:
 
	I – 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) suplentes;
	II – 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
	III – 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.
	IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. 
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	O comitê funcionará normalmente com número inferior ao que foi estabelecido em lei se não houver indicação de representante pelas classes.
 
	Os próprios membros do comitê irão indicar quem irá presidi-lo.
 
	As atribuições do comitê estão previstas no art. 27 da 11.101/05
 
	I – na recuperação judicial e na falência: 
	a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
	b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
	c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores;
	d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
	e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;
	f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
*
II – na recuperação judicial:
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação;
b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial
	As decisões são tomadas por maioria e devem ser registradas em livro de atas.
	Não sendo possível a deliberação por maioria, o impasse será resolvido pelo administrador judicial, ou, não podendo, pelo juiz.
	
	Se não for constituído comitê de credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições. 
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	Remuneração dos membros do comitê:     
	Não será paga pelo devedor ou pela massa falida, exceto nas despesas realizadas para a realização de ato previsto na própria lei, se devidamente comprovadas
e com a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo à disponibilidade de caixa.
	Impedimento do administrador judicial e membros do Comitê de Credores:
	*Não poderá ser Administrador Judicial ou membro do Comitê, aquele, que nos últimos 5 anos tiver sido destituído da função em outros processos, deixado de prestar contas ou se suas contas tiverem sido desaprovadas.
*
	*Relação de parentesco ou afinidade até o 3º grau com o devedor, administradores, controladores ou representantes legais.
	*Relação de amizade, dependência ou inimizade. 
	Art. 30 – Pedido de substituição: Devedor, credor ou MP
	§ 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei.
	§ 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do § 2o deste artigo.
 
*
	 Destituição de administrador ou membro do comitê.
	Somente ocorrerá de ofício ou por requerimento fundamentado de qualquer interessado, desde que haja desobediência aos preceitos da lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou ato lesivo às atividades do devedor ou terceiros.
 
	No próprio ato de destituição deverá conter a nomeação do substituto ou do suplente.
*
	Responsabilidade do administrador ou membro do comitê.
	Todos responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente consignar sua expressa discordância em ata, para eximir-se das responsabilidades.
 
	Investidura – Administrador judicial e membro do comitê
 
	No prazo de 48 horas após a nomeação deverá ser assinado um termo de compromisso.
 
	Se o termo não for assinado outro administrador será nomeado.
 
	Atenção! A nomeação não vincula o administrador judicial.

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